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Q Valerio de Oliveira Mazzuoli Obras do Autor Allescgtofdelriaem grantee pido de devedo fduciante uravisio cxticat uz dos itetos ‘manos, Campinas: Ags Js, 1999. Coletonea de ireto internacional (Colegto RT Mini Codigos), Organizador 6. e4, rev, ample tual. Sao Paulo: RE, 2010, (Comentarios & Consencio Americana sobre Ditetos Humans ~ Paco de San jost da Costa Ric (Com Luis Fdvio Gomes). 2. ed. rev, aru. ampl. Colegio “Cencias Criminals vol # ‘Sto Paalo: RI, 2008, Comentarios & reforma criminal de 2009 « 4 Convengdo de Viena sobre o Dire dos Tatados (com, Luis Fitvio Gomes e Rogtrio Sanches Cunks)-Sao Palo: RI, 2009. Dincito a liberdadereligesa:desafo eperspecvas para oséculo 4, Coordenapso (om Aldi ‘Guedes Soriano). Belo Hortzome: Forum, 2009, Direto internacional dos direitos haranos; estados era homenagem Professors Flava lovesan. ‘Coordenacto (com Maria de Fatima Ribeiro), Curiib: jurul, 2004, insite internacional piblico: pare gera. 4. ed.rev, tual ampl. Sio Polo: RT, 2008. ireto interacial tratadosedieetos huanos fundzmentas a ardem jurdic brasileira. Rio de Janeiro: AméricaJuridica, 2001, Dineitosumanase cidadaniaa le do novo diet imernacional. Campinas Minell,2002, Dirctoshuonanos relies internacionls. Campines: Aga Jz, 2000. Dietos nanos, Consus eos ratadosintemacionals estado anal ico dasituacioeaplicacion so watado nz ordem juridica brasileira. Sao Paulo: Juaves de Olivet, 2002 Natures jeridicaeefcdcia des acodos standby com o FMI. Sao Pil: KT. 2005. [Novas perpeciva do drei ambienal braslevo:visbesinterisiplicares. Organizacto (com Carlos Teodoro Jose Hugueney igaray). Culabé: Cathedral, Nowosuertentesdodirdtodo com inernacional. Coordanagte (com fte}ane lovss) Barcert ‘Manole, 2003. im Novos tudo dedivetortemacional contempordneo vos. el, Ongenizaco (com Helena Ara ‘Barrozo e Marcia Teshima). Londrina: EDUEL, 2008. (0 Brasil eos acodosecondmicas intemacionals perspectives uridiens¢ econdamicas bus dos ‘acordes com Pol. Coordenaga (com Roberto Lui Siva) So Palo RT, 2003, (© conaot Jursdciona da convenconaidade das es. Colegio “Dato e Citnizs Ais", vo. 4. ‘Sto Paulo: RY, 2009, ris civil por divida eo Pact de San Jos da Costa Ric: eepecilenfoque para os contrats de slienaclofducidia em garam Rode Janet: Foren, 2002, ‘Trataosimternaconas: com comentariosa Comvenga de Venade 1969,2.ed.rev, ampleatial ‘So Paulo: Juarez de Olivera, 2004. ‘Tratadesirtemacionais de diretosaoanosediretoincerna, S40 Fal: Sarvs, 2000, ‘banal Penal Iernacional eo dete brasicr, 2. ed re. eatual. Colegdo “Dizi ¢ Ciencias ‘Afins", ol. 3. Sao Peal: RT, 2008. Curso pve Direrto INTERNACIONAL PUBLICO 4 edicao revista, atualizada e ampliada Hor - Gusitn Wdir (eeinbes ) nasra/02 cansinaD 1B ay jAVe Dado anacont sg utbortoccn "Clan woe de ite bee ™ N®PAGIN. Tack sod Ola DAT. {ng dr dene acre pbs tnd nn nase Ae cea aD Bs is Eh fv Sera i biog ENGticomamns 1. Doan hla corm couse Tes pra log sitandieo. Dic ieacio py 341 EDITORA | REVISTA DOS TRIBUNAIS RQfiqntiesttotmerinas: @ Carituto I O Estapo No Direrto INTERNACIONAL PUBLICO ‘SECA I - FormACAO £ EXTINCAO DO ESTADO 1 Introducio. A organizagio da sociedade internacional - como jase estadou —pressupoe a existéncia de pessoas intzrnacionais as quais as juridicas se destinam. (Oaparecimento de tais pessoas no cenario internacional élento e gradual, levando is vezes séculos até surgir um ente dotadode personalidade jurtdica internacional, com ceapacidade para exercer direitos e contrair obrigecbes. Na formagio da sociedade intemacional o primetro elemento a tomar assento nna condigio de sujeito de Direito Interacional foi o Estado,’ sendo que at€ o inicio do século XX ele era tido como o tinieo sujcito absolute do direito das gentes, con- cepeio que fot ficando de ado desde a eclosio da Primeira Guerra Mundial, quando comegama surgir no cenario internacionalas chamadas Orgenizagées Internacionais {ntergovernamentats e também quandc 0s propriosindividuos comecam aparticipar diretamente de alguns dominios internacionais, até entdo reservados exclusivamente aosEstados. De qualquer sorte, os Estadosainda sio os sujeitosclissicos (origindrios) do ordenamento juridico internacional, da mesma forma que as pessoas fisicas $80 (0 sujeitos primdrios das ordens juridicas internas. Todavia, como adverte Cassese, enquanto “dentro das comunidades esiatais as pessoas fisicas sio normalmente nu- ‘meroses, na sociedade internacional os Estados sio relativamente poucos e entre eles profundamente diferentes”* ( Estado é uma insttuicao criada pelos homens com a finalidade de organizar as diversas atividades bumanas dentiode um dado terrt6rio. Daf a importancia da observacio de Brierly de que todos os Estados que hoje existem sio teritoriais, quer dizer, fazem valer a sua autoridade sobre as pessoas € as coisas situadas dentro das =; respectivas fronteiras.? Aenttidade politica conhecida como Estado aparece com seuscontornos moder- nos, semelhantes aos atuais, entre os sézulos XV e XVL Isso ndo significa, entretanto, ‘que antes desse periodo nao existiam sociedades politicarnente organizadas, com acentuado grau de desenvolvimento ¢ sutonomia, de que eram exemplos as cidades on, 2002, 93. 2. Antonio Cassese. Dito nteraztonle, ht P57 ) 3. J-L Brierly Deco meernaciona cl, p 123. sificar suasatividades de intereambio reciproco (principaimentede mexcadorias), aclusive com outros patses.* Apartirdo final do século XVIU, o Estadomedernoea Nacéomodernafundem-se & para formar o chamado Fstado-nartio, quetem mestrado sua superioridadeem relagzo = santo as cidades-Estado (ou 2s suas federagbes) quanto 20s herdeiros modernos dos > fosens impéros (sendo que o timo eles, Ching, em passado por um processo de profunda transformagio). AoDireito Internacional o Estado interesse namedidaem que tle passa. integear 'sociedade imernacional, que € regida por aquele ramo da ciéncia jurifca, Portan- 6, ais princtplos que veremos a seguir jé devem ter sido estudados pelo leitor no grama de Teoria Geral do Estado, no qual o assunto encontra o seu fundemento _Cientifico mais apropriado, de forma que nés nos imitaremos aexpé-los tio-somente = tra relagio aquilo que afeta ao Dizeito Internacional Publico, sem nos prendermos = teorias sobre a formagio do Estado e spa evelugdo histérica. 2. Concritoe elementos constitutivos do Eatade. Na tradicao aleua, Escado € ntermo juridico ques refere, ao mesmo tempo, aStaatsgewait (um tamo do Poder = Executive que garante soberania interna eexterna), a Staatsgebie: am ierritorio com tes claramente definidos), ¢ & Staaisvolk (0 confunto total dos cidaclios que o spders,coordenades baixo a sua jurisdigZo). Do ponto de vistasociologico, como -ssclarece Habermas, “pode-se ainda acrescentar que 0 niicleo institucional desse Estado moderno ¢ formado por ura aparato administrativo legalmente constitutdo e ltamente diferenciado, que monopoliza os melos legitimos de violenciae obedece a Peculiar divisio de trabalho com uma sociedade de mercado, emancipada para () desemperho de funcdes econdmicas" > _ O-conceito de Estado em Direito Internacional Puilico néo é 0 mesmo que lhe Acibui a Teoria Geral do Estado, sendo mais estrito e com particularidades diversas, Fin ambas as disciplinas, porém, se tem a certeza de que os critérios da qualidade de do devem ser enunciados pelo Direito. Se assim nao fosse, um Estado poderia tender no saldar eventual divida para com outro pelo simples fato arbitrario de ge No reconhecer o outro como um Estado.* Pode-se definiro Estado (do ltim status» estar firme), emsuaconcepeso uriica ioderna, como.um ente juridico, dotado de personalidade internacional, formadode iima reunigo (comunidade) de individuos estabelecidos de maneira permanenteem Gin terrltorio determinado, sob a autoridade de um governo independente e com a 4. Cl. Gilda Maciel Correa Meyer Russomano. Dreitonternacional piblico ct, p. 191, 5. Jirgen Habermas. © Estado-nacio europen frente aos desafios da globalizacio, in Novos Eseudos,n* 43, S20 Paulo, now/1995, pp. 87-88. 6. Cl lan Brownlie. Principio de dretto internacional plc, ct, p. 83. 392, ‘CURSO DE DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO. Seelam finalidade precipua de zelar pelo bem comum daqueles que o habitam. Assim, pode- sedizer que os Estados nascem a partir do momento sin que ele reine os elementos essenciais a sua constiuuicdo, Trata-se de uma questao de fato, ot, como disse © Prof, Erich, de “um fato histérico, que nao depende de condigdes juridicas”.? De acordo com a definigio de Estado que acabemos de colocar ficam postos em evidencia 0s quatro elementos constitutivos do Estado: pavo,territorio, governoe Sinalidade.* Alem destes elementos pode-se também incluira capacidade para manter ‘elagbescom osdemais Estados, conformese depreende doart. 1°da Convenglo Pana. mericana sobre Direitos e Deveres dos Estados, celebrada em Montevidéu, em 1933 (e promlgads no Brasil pelo Decreto n° 1.570, de 13 deabrilde 1937), seguadoo qual: “OEstado como pessoa de Direito Internacional deve reunir osseguintes requisitos:1 ~Populacio permanente; I~ Territorio determinado; Iil—-Governo; 1V -Capacidade deentrar em relacbes com os demais Estados”. Como se v8, nfo se incluiu nesta def- nicéo a finatidade, que é requisite atvalmmente indispensdvel a sua constituicéo. ‘Assim, podemos desmembrar 0 conceito de Estedo nos seguintes elementos: 4) Comunidade de individuos. Sem que existam pessoas humanas dentro de deter ‘minada porsao de era, regidas por um governo independente, ndo ha quese falar em Estado. Nao existe Estado juridicamente estabelecido sem a necesséria e mprescin- divelassoclacao de individuos em seu territério, ainda que seja pequeno o mimero de [pessoas que dele facam parte, Daisernecesséria aexistencla desse elemento humanodo conceito de Estado: civitasperfecta.Alids, ainda que em cixcunstincias excepcionais {alte algum dos outros elementos do Estado conhecidos (tal como a falta do goveno nos perfodos de anarquia, ou do proprio tervtério quando dele nao se tem total dis- ponibilidade), esse elemento humano ¢ 0 unico que permanece imune a quaisquet {atos que possar vir a ocorrer dentro do Estado. Dai falar-se que a comunidade de individuos que 0 compoe é a verdadeita responsével pela sua continuidade (principio dla continaidade do Estado) enquanto pessoa juridica de direito extern, Neste caso, ‘emyirtude da falta de continuidade, o Estado deiva de ser uma order juridica valida eeficaz, o que ¢ bem raro de ocorser por ébvio. Dentro do Estado existe 0 povo (formado pelo conjunto dos seus nacionais, na- tos e naturalizatios, sujeitos portanto @ soberania do Estado) easua populagan (que é cexpressto demogréfica, aritmméticaouquanuitativa, formada do povo mais osestrangei- 105 ¢ apatridas radicadios no territ6rio nacional, no havendo qualquer relagio eta, politica oujuridica enue eles). Nao importa, ademais, se mais ourmenosnumerosogu Iazis ou menos homogéneo € 0 Estado. Impozta que a comunidade de individuos que © integia habite permanentemente a sua porsao de terra chamada de teritrio, com 7, R Brich, Lanaissance et la reconnatssance des Etats, ts Recei des Cours, vol. 13 (2926-11), pie. 8. V. Alexandre Groppali, Doutrina do Estado, od. Tad, Paulo Edimur de Souza Queiroz, So Paulo Saraiva, 1962, pp. 109-146 CAPETUL.O N.~ ESTADO NO DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO 303 0 definitivo, independentemente da eventual unido por lagos comuns ~ como Zidigdes, costumes, habitos, lingua, origem etc. A.nogio de sero Estado o conjunto de individuos unidos por lagas conmuns (que refutamos) ctiou ochamado principio das nacionakidades—queinfluencion grancle- nte os anos quese seguiram a Primeira Guerra Mundial-,segundioo qual toda massa sna com caracteristicas semelhantes de raga, diveito & criacao de um Estado préprio, em ares. Foi com base nesse principio que os nazistas justficaram a anexacao da parte da Tchecoslovaquia a Aleman, a fim de, aparentemente, desenvolver: #ipandir as suas atividades, mas que na realidade no passou de artifico flso para ‘expansio territorial desmedida. Por isso é que se entende que « comanidade de ‘duos que integra o Estado deve ser auferida em relagto & habitual permanéncia uterrtirio, endo em relacdo a outras caractertsticas suas nao aloangéveis por ela. 'seja afasta-se a concepcao sociol6gica danacionalidade, para aplicar a sua acepcao idico politica. Aqui € necessério distinguit a Nacao do Estado, Pasquale Mancini, na aula fiavgural da cadeira de Direito Internacional ‘proferida na Real Universidade de ino. no dia 2 de janeizo de 1851, intitulada Lanazionalita come fondamenso del 0 delle gett, defendeu 0 ja referido principio das nacionalidades (cuja origera onta a Revolucdo Francesa) afirmando que a Nacio ¢ “uma sociedade narural homens com unidade de territério, de origem, de costumes e de lingua, confi- los numa vida em comum ¢ numa consciéacta social"? Em cutras palavras, ¢Nacdo € uma comunidade que tem por base uma mesma densidade cultural ato Da Nacio, assim, decorem os requisitos de origem, lingua, eligiao, costu- tradicdes ideologias, ligados por uma consciéncia nacional, que liga espiricu- ente a unido, Em sua genese, tratava-se de urna comunidade moldada por uma gem, uma cultura, uma histéria e uma ideologia comuns, e que era constituida 0, PastnaleStsilno Mancini, Dito internacional Dirt ttemazionale:pelecin. Ted © Co Mioranza. Yat: Eattora Unis, 2003, pp. 62-63 Depois de Manait ~ que defende © rinipio das nactonalidades comoo prépro “fundamento do diteto das gentes"~ pode-se Aestacar 0 posicionamento (mais reserado) do jurists slemio Von Bulmering (era 1874), = segundo o qual tal printpio mio pode jamais ulirepassar as fronteiras da polite, devendo G2 eno sereolocad fora do univers juritico, O principio foisceitoem Franga peo lanperadot Bi» Nipoleko I, que pretendew nee fundar sua polidea cxierna *Peroebe-se a diferencicio que faz Clovis Beilqua: “Quando se em mats particularmiente emia o povs disibuido em clases socio agrupameato denomina-se nado, Quando "se considera esse agrapamento pelos funciontes, qe oexeToem, tense o Estado” Direta bln mzmaconal a syhese dos princi econo de Br, Tomo et, p37) 304 ‘CURSO DE DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO século XIX, tendo servido para menosprezar sdemaisnacdes para discriminarou cexcluir minorias nacionais, ticas ou religiosas, especialmente os judeus. No Estado, ‘por sua vez, tais elementos encontram-se superados por uma vinculacio politica independente, estabelecida de forma permanente, num territ6rio determinado e soba autoridade de um governo capaz de manter relacdes com outra coletividade ‘da mesma natureza, sem que se fale em fatores psicolégicos de ligacio entre osin- dividuos que o compoen. O Estado €, assim, um orgio controlador (que converge nele proprio todas as fanges em sentido técnico furfdico) criado pela Nagi para gerire administrar os interesses da massa humana queacompoe. Apesar de dificil determinagto precisaddo momento histrico em quea comunidade nacional prove-se de drghos para o exercicio do poder e converte-se em Estado, ¢ incontestavel que este é a personificagio daquela. Tal personificacdo, entretanto, néo coincide com ‘a Nacio homogenea, vez que varias nacdes (como € 0 caso da Suica, € como foia Itélia, antes da unificagao, e também o antigo império austro-hingaro) podem dar suporte firme aum unico Estado." b) Tervitorio fixo ¢ determinado, Trata-se do elemento material do conceito de Estado, que se consubstancta na fracdo delimitada do planexa em que este se assenta ‘com sua populacfo e seus demais elementos. O territdrio €a base fisica ou 0 Ambito espacial do Estado, onde eleseimmpde para exercer, com exclusvidade, asia soberania Portanto, ¢ imprescindivel para a existencia do Estado a existencia de uma porgio de terra (territério) delimitada por faixas de fronteiras estendidas as linhas (retas ou ‘curvas) formadoras dos limites, onde viva o Seu povo e onde este desenvolvaas suss atividades. & sobre este terrtério que o Estedo ird exetcer a sua soberani, em duplo aspecto: com imperium (exercendo jurisdicdo sobre a grande massa daqueles que nele se encontram) ¢ com dominium (regendo-o, segundo sua propria e exclusiva vontade). Soba tica do Direito Internacional, o direito que o Estado tem sobre oseu terrt6rio exclu que outros entes al exercam qualquer tipo de poder (jus esludenit alios) ¢, de outro lado, lhe atribui amplissimo direito de uso, gozo e disposicao (jus utendt, fruendi atque abutendi) desse espaco fisico onde exerce 0 seu poder soberano, Frise-se, contudo, que o conceito de teritdrio nao € absolutamente geogrdficd. Cai da-se, aqui, do seu conceito juridico, que compreende: a) osolo ocupado pela massa demografica de individuos que compoem o Estado, com seus limites reconhectdos, 1) o subsolo eas regides separadas do solo; c) estrios, lagos ¢ mares interiores; d) os _golfos, as baias e os portos;) faixa de mar territorial ea plataforma submarina (para 11. V, por todos, Lourival Vilmova, Caxsalidade¢ relaptono dircito, eA. rex, anual. ¢ apy Sto Paulo: RT, 2000, pp. 248-281. Como destaca Vilanova: “Sea como for, a nag, por ‘mesma, nao €sujlto-de-direito. Comegaa ser quando num poato do tempo hist6rico, ws. ‘ndividuo, ou umaminoria, se converte em poder de cominacio, Verifica se apolitizagio do. poder (otros poderessfoapolitios oupré-poltices)comapoio em fatoresextrapoliico” (Op. at, pp. 260-281). (CAPITULO I~ ESTADO NO DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO 395 Exados que tim Ito também grasa Santos Dumont spao afro ‘205010, “Aqui também néo importa qudo malor ou menor € 0 territdrio do Estado, ¢ spouco se este terrtsrio ira expandi-se ou diminuir com passar do tempo. O eito Internacional rata de maneiraigualitaria sejam aqueles Estados com grande 0 de terrtério (de que sto exemplos o Brasil, a China, a Rissa, o Canadd e 05 2s Unidos) Sejam aqueles outros comierritériobastante exiguo, Destes ikimos yexemplos os micro-Estados de Ménaco (ao sul da Franca, com apenss 2,5 km’), (nosPirineus), Liechtenstein (encravadona Suica,com 160kn),San Marino wvado em terrtério italiano, com 61 ken), Monaco (com 1,52 kee’), Nauru (a epibica do rmundo, situada no Pacifico Sul, com apenas 21 km?) ¢o Vaticano oda cidade de Roma, na lia, com 0.44 km"), emanada influindo essa caracte- tice espectfica para a caracterizagio juridica dos Estados como sujeitos de Direito jernacional Pablico, A qualidade de membro das Nacbes Unidas também nao esté onada pelo tamanho geogrdfico do Estado em causa. Varios micro-Estados ‘exemplo disso, como Luxemburgo, slandia, [fas Maldivas, Butéo, Cabo Verde, 1» Granada e Sao Tome e Principe. Quando se diz que o Estado compreende um terrt6rio determinado nao se esté indo dizer que devam ser os seus limites territoriaisperfeitamentedemarcados."" ue seexige €um minimo de estabilidade territorial e sua delimitacio. Nada impede, Baqe tange & qualificicio juridica dos Estados como entes soberanos, que algumas as fronteiras ndo estejam ainda perfeitamente estabelecidas, como ocorreu como sl até o comeco doséculo XX ¢ com virios outros paises ibero-americanos, antigas nias da coroa espanhola.! Lembre-se que a Albania foi reconhecida por varios tados nao obstante suas fronteiras nao estarem estabelecidas, Lembre-se ainda fe 0 Estado de Israel nasceu, em 1948, quando suas fronteiras ainda nao estavamn nnente definidas,o que no foi empecilho para a crtacao e posterior existencia Hebreu, Poranto, falar em terrtdrio determinado nao significa outra coisa que existem limitessuficientementeestabelecidos, em elacaoaos quaisse pode -que € conhecida adelimitagao territorial (eo campo de aplicagto ratione loci do tha juridico) de determinado Estado." {Clovis Bevilaqua. Direitopublico internacional asynthesedosprincipios ea contribulcto do Brasil, Tomo, cit,p 277 {Ci lan Browale Prisctpios de diet tntemacona piblico, cit. 97 (CE Maveel Sibert. rit de doit international pubic: le droit dela paix, vo. I. Pars: Dalloz, S85 1951, v.99. Mase clo qu denno desss pero coke de tera deve vera pemmaneria de cero grupo de pessoas, nio se podendo formar um Estado com povos némades, como 540, pot exemplo, os Tuaregues do Sara, V. Hldebrando Accoly: Tato de dito incemacional bc, vol ety. 396 (CURSO DE DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO ‘CAPITULO II - ESTADO NO DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO 397 ‘Nao ¢ incomumn, em doutrina, mencionaras embaixadas (assim também os na- vios e aeronaves militares) como extensao do teritdrio dos seus respectivos Estadcs, Tals afirmacoes, que normalmente aparecem em certa douttina, est4o inteiramente ‘equivocadas, O Direito Internacional hé tempos abandonow a ficgdo da extratertito- Tilidade, por desnecesséria e contestada pelos juristas mais proeminentes. O caso talvez mais antigo relativamente ao tema tenha sido o decidido em 13 de outubro de 1065 pela Corte de Cassacto da Franca, num caso em quem cidadio russo (chamado \Nikkitschenkoff) tentara assassinar um secretario da Embaixada da Rassia em Paris, tendo sido preso (dentro da Embaixada ea pedido desta) pelesautoridades francesas. Assolicitagao de extradicao do individo feita pelo governo russo a0 governo francés foi recusads pela Corte, por entender quea cmbaixada nio eraextensio do territério ‘Tusso em Paris, tendo processo seguido normalmente oseu cursoem Paris, findando com acondenacio do critinoso de acordo com as leis lacais. Na sentence respectiva = comenta Accioly ~ 0 tribunal parisiense entendeu que a regra da irmunidade de Jurisdicto somente cobria diplomatas estrangeiros, e nto um estrangeizo sem esse ‘cardter, 0 qual esidiana Franca e, portanto, sujetavs-se &s leis francesas; eacrescen- {ou 0 mesmo tribunal que o lugar do crime nao poderia ser considerado como fora dos limites do territério francés." Portanto, oque as embaixadas tém (assim comoos navios eas aeronaves castrenses) ¢ uma inviolabitidade garantida tanto pelo costume como pornormasconvencionais, A sededa embaixada ouda misstoestésujeitaasleis regulamentos locais (do Estado acteditado), regendo-se por esa fei os atos efatos, ali ocoridos.* A inviolabilidade das embaixadas impede que auroridades do Estado acreditado nela ingressem sem prévia autorizacto (xg., uma liberagio de ingresso cexpedida pelo embaixador). Ademais, o Estado estrengeiro ~do qual a embaixadaé apenas uma sede tem inmunidade a jurisdicdo local, bemcomo os membros pessoal da missdo; tal ndo ocorre com 0 imével da embaixada, que € territério do pais local Dafo equivoco de dizerse que este imével (que serve como sede da embaixada e da ‘missto diplomdtica)¢ territ6rio estrangeiro por extensto. Trata-se de imdvel situado «mm territ6rio do proprio pats onde se localiza (ug., a embaixade da Iulia em Brast lia situa-se em terrtério brasileiro). Assim, por exemplo, se um navio militar fosse realmente terrivorio do Estado a que sta bandeira representa, as leis sanitérias ¢ o$ regulamentos portuatios nao poderiam jamais ser-the aplicados, coisa que jamais s. pretenden até hoje.” ©) Governo autonome eindependente, Trata-se, agora, do elemento politic do.con- ceito de Estado, representado pela sua capacidade de cleger a forma de governo que’ pretende adotar, sem ingeréncia oua intromissao de terceitos Estados (ou quaisqiier ~ 17, Hildebrando Accioly Taado de diet tntenaconalpibico, vol. T,ct. pp. AG6ABT.» 18, V.Haroldo Valladio. Direto internacional privado, 4 ed, Rio de Janeiro; Freitas Bast, 1974 270. teas prasentidades exteriores) nos seus respectivosassuntosinternos. Da mesmaform, a libertiade de conducio de suas politicas interna eexterna sem que haje quer tipo de subordinagdo jutidica vis-a-vis de um poder externo. Eindiferente2 de goveno quealiseadote, desde que ordem politicado Estado estejaregular~ -constituda, podendo ele impor asuaautoridadea sociedade. Portanto,falarem no independente” significa, numa acepeao moderna de sua caracteristica pri- dil, falarno exercico de um poder jutisdicional do Estadosobreasua populacioe 9g mites de seu terrtorio lato sensu. Tal exercicio de poder deve ser, ademiais, fetivo reto) ¢legitimo (on seja, aceito pela sociedade intemacional como tim governo gqicnto chegouao pode: em violaco dos princfpios bésicos do Direitolnternacional), sites sem os quais ndo se pode falar em verdadeira independéncia. 3: O governo do Estado pode entio ser definido como aquele capaz de decidir de definitive dentro do teritorio estatal, ndo admitindo 2 ingerencia de nenhuma va gutoridade exterior, bem como participar da arena internacional ede conduzir politica extema. Assim, tem-se que o governio do Estado tem dupla funcao:a) in- pamente ele administrao pats; eb) por outro lado, internacionalmente, éele quem icipa das relagdes internacionats do Estado, conduzindo a sua politica externa aia afrmacio de Briely de que ao Dieito Internacional “nao interessam todas as uitulgoes a que na linguagem corrente se chama Estados, mas apenasaquelas cujo verno tem poderes para dirigiras suasrelacOes exteriores® ” Contudo, nem sempre mentos citados acima se fazem presentes quando da formagao de ura Estado. tins Estados, como a Polonia, em 1919, e o Burundi e Ruanda, ja foram admitidos membros das NagSes Unidas, na 17* Reunito da Ascerableis-Geral, sem que vessem seus governos totalmente organizados.* O coneeito de governo autonome e independente ind a ideia de Estado sobe- a. que € aquele que, em ultima andlise, nao reconhece nenhum poder superior Biz de ordenar o exerciclo de suas competencias internas, cedendo apenas a essa lidade para se por ao lado de seus hom6logos na realizagio do ideal comm . a ordem internacional, ena medida necesséria para que tal ordem se Senvolva ese tome a gestora dos interesses comuns das varias nacoes existentes no 1a, A tdeia de geréncia independente dos asstmntos internos (vg., dos meios de o Politica, das definigdes das suas competencias etc.) ¢ corolario do principio hompetene (“competencia da competéncia”) desenvolvido pelo jurista Jellinek 20 final do século XIX. Para além de ser apenas uma ideia doutrind- rania (que, entretanto, ndo st confundé com 0 governo propriamente dito) itre-se atmalmente dentro do quadro dos textos de Delco Internacional Puiblico dentre os quais merece destaque o disposto no art. 2°, 81°, da Carta das ‘Unidas, segundo o qual a organizagao “é baseada no principio da igualdade 1: Brlecly. Dirt internacional, cit, p. 124 CE Tan Brownlie. Princpios de diveio internacional pablic, ct, p. 65. 398 (CURSO DE DIREITO INTERNACIONAL POBLICO CAPITULO I~ ESTADO NO DIREITO INTERNACIONAL. PLBLICO 399 soberana de todos os sets membros”.® Perceba-se que a Carta da ONU faz referencia Asoberania comigualdade (igualdade soberana...),aquelatualmente encontra limites, ‘naspropriasregrasinternacionais gerenciadoras das atividades dos Estados, n4omais ~ se podendo falar em soberania como poder ilimitadoe ilimitavel do Estado, ‘Contudo, a existencia do Estado como entesoberano, depende, em grande parte, desua organizacdopolitica Dato motivo pelo qual deveexistir,emsentido lato, governo epoder polttico auténomo, sendoesta autononiac elementobasilarde coordenagao de todaaassociacio de pessoascomponentes do Estado, Ouseja, énecessériaa existEncia ‘de um poder politico organizado, com competencias. finalidades bem estabelecidas, que possa gerit os interesses nacionais por meio de Srgios competentes, 0S quais também devem ser responsdveis pela autonomia interna e pela independéncia inter. nacional do Estado. Tal independéncia ¢ representads, na Convengéo de Monteviden “2 de 1933, como a capacidade de manter telagSes internacionais com outros Estados. Mas saberios que isso ¢ pouco, O Estado deveser também independente quantoasia politica intema, podendo conduzi-lasem a interferéncia de outras soberaniss. Esta autocapacidade de que deve ser dotado o Estado, permitindo-o atuat com liberdade quer interna quer internacionalmente, se exprime nas virias formas desua © -atuagao politica e deve estar coordenada com os interesses dos seus individuos ¢ os do proprio Estado, quando atua, por exemplo, ao lado de outros entes soberanos no «5 cenétio internacional. Mas frise-se que o conceito de “independencia*, que estd& base do de “autoce- ppacidade”,,ndo conota propriamente coesdo estatal, nem tampouco quesseja desejavel que um Estado constituido sob esse titulo jamais veaba a desintegrarse, « fim de transformar-se em outros com essa mesma caracteristica cada um deles, Tambéma nig significa que os poderes que detém determinado Estadossto flimitadesenaoencontram qualquer ordem de impediments. Assim, a autocapacidade (e, consequentemente, a independencia) significa apenas que os Estados sto lives para se auto-conduzirem,. tantointernacomo internacionalmente, sem interferéncias de outros Estados emiscus negocios propries. : (Os Estados dotados de governo autonomo e independente, e detentores deat tocapacidade, tem o que se chama de soberanda (ou capacidade internacional) Plena posstindo o poderde celebrar tratados comasdemaispoténciasestrangeiras (ustrac: (aur), o de pantcipar das relagbes intemacionais,enviando erecebendo acreditados diplomaticos (jus Iegationis) eo de deflagrar aguerra, quando esta stiver autorizads pelo Direito Internacional (jus bei). Frise-se que nao se retira dos micro-Estados 22, Sobre oassunto veer Arbuct-Vignali, Elatibuto del soberania en eorigeny désaito lo de derecho internacional cso ycontemporineoy en el actual sistema adecuado a tecnologia uuclear, in Revista dela Facultad de Derecho,» 5, Montevideo, jloicemb: 199, pp. 21-36; « ands, do mesmo autor, Lasaberanis hacia el siglo XXI-desaparicd " © reconhecimento do Estado possui uma dupla caracteristica: a) primeiro, demonstra a existéncia do Estado como sujeito de direito internacional, eb) segun- do, constata que possui as condicdes necessérias para participar das relagoes inter znacionais ¢ que @ sua existéncia mio contrasta cova os interesses dos Estados que 0 reconhecem, : ‘Sao duas as principais doutrinas que, ainda hoje, buscam explicar a natureza = Juridica do reconhecimento dos Estados: a teoria constitutive ea declaratoria, go. Yejt-te, a propésito, a critica de lan Brownlie, nesies ‘termos: “Como questo de principio, ional. Tal teoriando passowineslumeas criticas da dcutrina, dentres quis le que eventual nzo-reconhec'mento nao poderia confirmar aassertva "de queum ei ‘auchille Antokoletz, Delbez, George celle, Brierly, Marcel Sibert, er, Cassese ¢, entre nés, Bevildqua e Accioly),o recouhecimento do Estado decorte simples admissdo pelos demats atores (estatais) da sociedade internacional de que tcl em causa tem personalidade juridica propria. Nos termos dessa concepeto, onhecimento nao confere ao Estado personalidade juridica internacional, mas declara que ee faz jus a esta qualificacao juridica quando retine os requisitos Fano existe cm functo deste, que naca mais € do que. constatasao de um fate), pelo contrério, o seu reconhecimento € que se da em virtude de sua anterior 30. Tiata-se do primeio tratado internacional celebrado na histxi diplomatica bras Registreseacurosidade deer sido ele “redigidoem um caderno comum de papel ago” (oto Hennes Pereirade Areto. A procssualistica dos ats internaionas, et. p #9). 31. V. Hildebrando Accioly.Tratado de drt internacional pblico,vol Lcit_p. 165-166. = »P-136. ‘Gi Lore Ontz Able. Derecho internacional pblic, cit, . 80; Ian Brownlie, Princtpos de ats ineracional able, cp. 101;< Gerpndetituo Mello Boson, Docs hee ered ilo Bad om deo ds gs, 3d, Belo Horizonte: Del Bey 260 6 Set he = es Mare! Sen, Fated ditinemainalpblce rt delapts vol Los poe ‘Prssplcaciomoderadadeambasssteoriasencontada cin? eter james Namibo Magee Manual de erecho intereaclonlpblice, Max Sorensen (Edtor| i. pp 282085 33. Cl Lass ivan de Amorim Araio, Curso de dito internacional pico, itp. 130-140. 3 34 Vitdebrando Accoly.Tratado de diet intemacionalpblico, vlc. 139, nolan”? 406 (CURSO DE DIRETTO INTERNACIONAL POBLICO (CAPITULO Tl ESTADO NO DIREITO INTERNACIONAL FUBLICO 407 mento por parte dos demais componentes dz sociedade internacional, ainda que se. saiba que. perconalidade internacional nio ¢ sendo um construfdo da convivenciz coletiva, O reconhecimento € apenas um antincio (ow um sinal) positivo, por parte dos demais Estados, no sentido de poderem ser iniciadas relacoes diplométicas ami- gaveis com ele, Eventual ndo-reconhecimento do novel Estado por parte de outros Estados jd existentes, significaapenas que estes dltimos nao desejam manterrelacoes diplomitices com aquele, ¢ nfo que a exisiéncia desse novel Estado seja duvidosa® ‘Segundo a tese que esposamos, 0 Estado, mesmo antes de ser reconhecido temo di reito dedefendera sua integridadeeindependéncia, de promoverasuaconservagioe rosperidadee, porconseguinte, de se organizar comomelhorentender-,delegislar +2 sobre os seus interesses, de administrar os seus servicos ededeterminarajurisdilo = ‘ea competéncia dos seus tribunais. A teotis dec do reconhecimento parece justificarse plenamente, na. * edits aoe 7c Se esspesto de que tal reconbecimento ¢ retroative, produ- indo efeitos que alcancamo Estado desde oseu nascimento, 0 que supdeaconclusio de que o Estado ja existe como tal antes de ser reconhecido, Portanto, nao obstante a importéncia integradora do reconhecimento de Estado, que faz com que o mesmo ‘ngressepermanentemente na confraria dosdemaissujeitosdasociedadetnternacional, a existéncia politica do Estado é independente de seu reconhecimento pot parte dos ‘outros Estados. Essa tese anti-colonialista¢ - segundo pensamos ndés—em todos os. parte, da Resolucio ja citada sobre o reconhecimento de novos Estados e de novos ‘governos, adotada em Bruxelas de 1936, onde ficou expresso que: *O reconhecimen: totem um efeito declaratério®. A ese taribémm foi posteriormente alcada a categoria de norma intemacional positva pela Carta da Organizagao dos Estados Americanos (OEA) de 1948, Segundo oart. 13 da Carta da OEA.a “existéncia politica do Estado independente do seu reconhecimento pelos otros Estados", complementando que mes ‘mo antes de ser reconhecido, “o Estado tem odireito de defender a sua integridade ‘independéncia, de promovera sua conservasdo ¢ prosperidade,e, por conseguinte, de seonganizar como melhor emender, de legislarsobre os seus nteresses, deadmintitrar ‘osseus servigos ede determinar a jurisdicto e @ competéncia dos seus tribunais” Na = ‘sua parte final omesmo dispositivo estabelece que o “exercicio desses direitos naotem outros limites sendo 0 do exercicio dos direitos de outres Estados, conforme o diteto internacional”. Nos termos do art. 14 da Carta da OEA, 0 “‘reconhecimento signifi ‘queo Estado que.o outorgaaceita apersonalidade donovo Estado com todos os direitos edeveres que, para ume outro, determina o direito internacional” ‘Uma divergéncia tedrica que secolocaem relacdo 20 tema diz espeitoa possivel existéncia de um direito ao reconhecimento por parte do novo Estado ou, ainda, existéncia de um dever de reconhecer para os Estados ja integrantes da sociedade- 38. CLJ.L Brierly. Direo internacional, cc... 137 iternacional. A verdade € que se ndo hd um dever juridico de reconhecimento, este sex tratado com-uma questao mais politica do que juridica. A Rissia, por exem- spo, nfo foi reconhecida pela Bélgica, Argentina e Suiga, apesar de pertencer Liga 5 Nagbesde 19242 1934. Por outto iado, sendo existe o dever juridico de reconhe- is como aquelas em que o Estado é oriundo do uso da forea (ug., da violencia eda = conquista), segundo o reconhecido pelos principios do Tratado de Rentincia &Guerra acto Briand-Kellog) de 1928. Segundo boa parte da doutrina, o econhecimento donove Estado por parte dos 3s sujeltos da cena internacional é ato voluntarioe unilateral, destituido de forca te que obrigue a um reconhecimentoforcado, cabendoa sociedade internacional Estados resolver o momento que melhor ne aprouver ua melhor oportunidade Jevar a efeito esse reconhecimento, Trata-se de ato livre dos Estados, por meio eles decidem (politicamente) determinar se aquele ente que se pretende onhecer preenche ou ndo as condigbes necessérias para o seu reconbecimento cional. De outro lado, outra parte da doutrina também tem entendido que, a rir do momentoemque o Estado existe eesti aptopara relacionar-se comosdemais 0 do seio da sociedade internacional, ese ele jd apresenta garantias de estabi- , 05 oUtrOs Estados no devem recusar-se ao seu reconhecimento na condicso =novo membro dessa mesma sociedade.”* Se o Estado se mostra suficientemente lidado e demonstraagir de boa fe, oreconhecimentodeve er zutomético,ainda info goze internamente de uma total tranquilidade institucional, mesmo porque -Fstado normalmente esté numa fase de organizacdo de sua estrutura definitiva, nando praticamente impossivel visualizar-se um quadro intemo jé totalmente ado. Como exemplifics lan Brownlie, peucos defenderiem “o ponto de vista do.oqual os vizinhos arabes de sraelse podem daraohuxode o trata comouma centidade”. E continua: “Nesse contexto da conduta dos Estados, existe um dever éeitaredeaplicar certasregras fundamentais do Direite Internacional: pelo menos Ea certos fins, existe um dever juridico de ‘reconhecer, mas nao existe um dever plo, segundo alguns autores, o reconhecimento da Crodcia por parte de alguns bros da Comunidade Europeia, Austria e Suica (ocorrido em 15 de janeizo de SEL, Hildebrando Accioly. Tratado de direto internacional piblic, vol I, cit, p. 158: ¢ Gilda ‘Naciel Correa Meyer Russomano, Dirzto internacional public, cit, p. 201, Nesse sentido ‘ambém slid de Cievis Beviliqua, para quem (cian Fire) a recusa injustfcada “€ _pontraria a direito internacional” (Dizeto police internacional: asynthese dos principics ea do Brasil, Tomo I,ct..p. 48). Jan Brownie. Princpis de dveito internacional pblico, cit, pp. 104-105.

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