BRENER, Paula. A Crise Do Processo Penal

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0 ouce _ PODER aM A ONDE Nau A esis Eyes 1.7 PUN Os LIBERDADE,CERCEADA Ppa Se asia si gLOle gree Vox a A CRISE DO PROCESSO (OBrasi vive hoje am momento de inegs- velinstabldace demoerdtca. 0 povo se ean- forms em uma efervesente mast, a0 trans formar em fra os sentimentos de medo © inseguranga,criados pelo propalado discurso miciteo de uma sittagao de suposta cala- rmidade eprofunda inseguranga 0 judicirio ceneabegaconstantesvolagies& Contigo banalizado. O rseo as garantias e dret fandamentais salvaguardados por esses plomas lgais tomar essence) a discussio em torn da crise do processo penal, apre- sentada a sezui. fl perosber qua histria da sociede- de finciona deforma pendula, dase vndas paraosdreitnshummanos,avangas eretrooes- ss na demoeracs. Ha pouco tempo a doa ‘rina’ jf afimava convietamente a superacio do paradigma de um ditito processal penal cqueserve ao drcto penal subjtve defendi- Go como o ditto do estado de punir.O que acertadamente se defende € idea de que 0 Estado possui o poder de pani, o qual él- rtado pela Constituiréo eo Processo Penal Emm breve expago de tempo, no entanto, 0 pendllo fer sua volta eo pavose dispeato- car suas gerantias por uma sensi de segn- rang, apelando ao Direto Penal edamando por um Judo Leviat, ‘A sensagio de insegaranga se torno Iatente nos iltimos anes, em que descarada- mente a iia se eforcou pela dirlgagéo de ‘um crescimento enorme da vioéncia ee nalidade e propalou com todas as forgas sua ieotogiado met. Asoredade do espetélo ‘nose resamin& seara do crime, masa cri «go miiética de um caos econdmicoinsané- vel eesvendente durante o final do governa Dilma até 0 perodo recente é um empreen- dimento que causou ineghvel resultado: um ‘temor social desproporeonel ao momento econdmio do pais. O apelo a seara penal todavia, advém de cerrénea concepgio do processo penal en- quanto instruments de paifengio social e seguranga publica. Conforme Rubens Cass- ra, tata-se de um mito oriundo do diseurso repressor uiitério que atibai um erréneo Paula Rocha Gouvéa Brener cariter instrumental ao processo penal. 0 real fundasmento de existéneis do processo petal ¢ abalizr o Bstad, protegendo o in- Aividuo,Suasregras nfo opera pela imp nidade, mas pels gaentis fundamentzis. aque deve sear sempre justifcagio 0 poder ‘uitiva do Estado. Mas, em prol de maior seguranca eestabilidade econdimia, 0 povo aplande medidas polcnsejuicais que vio- Jam o justo proceso legal ea Constiuigo. ‘Em defesa dos (eb)usos do fuiciriooque sedefende & ques diretes do réu,enquanto direitos individuais, eo sobrepostos ea ua sopesamento de diteitos para os prinipios de trunsparéncia eo dieit do povo de cabec ‘oque diem e frem sens governantes, direl- tos esses plies, No entanto, 6 pressor forgaraposigio de Aur Lopes Jr. 20 afemar: 0 direitos do réu néo si direitos indbvidu- ais, Sdo na verdade grants consttucionais abareadas pelos direitos fndamentais, que inegavelmente pertencer ao pli De forma alguma o que se quer agai & desmerecet a importinsia da diverida- de de opinides e das manifestagies soci Deve sim 0 pove brasileiro se poitiare v- ver em umn Bstado Democrtio & sim viver uma. politica mareantemente antagonist, Como defende Chantal Monte, importante ‘expoente da vertente da Democracia Radice, 6 tm equivoco ecreditar que na demoerecia Jd sempre concordéncia sobre as deisiesto- rmadas.f esse um paradigma homogeneiza dor que busea paifca minoriase manter as Dierarquias construidas, No hi que se negar o modelo adversarial da pola, a ideia de Demoeracia Deiberativa em que se chega @ tum consenso cemufa 2 verdade: hi sempre oembate ea cada tomada de decsio aleume parte teve que coder our ‘No entanto, viver uma democracia plena € ter seus direitos fandamentaisas- segurads,€ tera seguranga de discordar € rmestao de estar posicionado no polo mino- ritrioantagéni, Aié mesmo porque 2 de- -mooraca nfo € um governo da matoris, mas ‘uma forma de governo do povo eparao povo aque escuta a vox da maior, mas assegura ¢ protege as garantias de todos, "Tendo por ho- PENAL riaonte essa compreensio, podemas ineir na discusso a ideia deli do mais fraco, de fencida por Ferrajol®,Confomne o autor, no mabito do Direto Penal a vitima 6 quem re ‘che a tutsla do Estado, ua atengio eprote- (fo. Bm se tratando dodireto PROCESSUAL penal, o vulnerivel&0 rea! indefensvel a ideia de uma paridade de armas se posiio- ‘arms os indviduns sob julgamento da ado ‘posto da balanga em relao ao poder eta- tal, conformado em um Leviat para atender 20s clamoressoiis. Em espeil se uise coloca enquanto parte no proseso,velando aside forma part ‘A.guehra de siglo de interoxptagies tele- fénicas foi apenas uma das irvegulardades da Opera Lava-Jato por parte do judi rio, Para comecar,treshos dvalgades para a nig foram gravados aps saspensio da or- dem jucicial para interceptago,requstone- 3 cessiio para que sejalfta a prove. Ademas, compete a0 Supremo Tribunal Federal anal- sur arvevinciaeoteordeinterceptagiesque eavolvam a Presdéncie da Repablia,ouza exigtncia legal bisicadesespeltad. Fortin, foi ainda desrespeitada a intimidade dos n+ vestigedos, garentia assegoradana Consttit io de 1088 e que somente pode ser excet- = ada em reagio& antoridade competent no decorrer da investigacéo, de forma algama deyendo ser “vazada” para a midi, se abuso do poder judicio foi ain agravado pla midia que repeoatia a0 més immo os duds e insflon as massas ignaras Apesar de todas as eritias, hi autores que ‘reitam mfdia wm importante papel para ieito processual penal. Delmas Marty are dita que €essencialoespetdenlo em toro d 4 Dirito Pent, como forma de tarar cone: das as probigGese de reafirmar a fora 8 ‘ondenamento, Howve um enfraqueciments do processo enquanto expeticao, edbends a midia exe papel de divalgar as proiiges a efetvidade da Lei, No entanto, a préprit autora crtea a forma com os veluls i: Atcosencaramaosjlgamentos atualmente espetaclarizando-s deform parcial, exe cendo o pape! de acusagc,enquanto na dade deveriam apresentaros fats deiarss ovo aanlte dos seus signiicas. ‘eis doque parca, a mia hojeesté ane and em uma via contréia a0 que a jurists frances defendia.O que se esta difuadinda eis de um sistema legl fio, um or- denamento inoperantee faco, masque pode ser salvo por grandes hetbis do jueéi. Ore, nfo devera sero juicrio 0 ent im- arial e ego que somente devia apis a consti ds fats pela acusacin defass? Interessante a explicagio de Richard ollie sobre o desenvolvimento do Judieié- +o, Para o autor em uma forma menos com- plexa de Bstado ajustica se realzava iter- partes, sendoojuizum funciona piblicoa «qed as partes pagavam uma taxa para ape has mediar esse modelo o autor denomina "dito", inicagdo da paride de partes, ‘Nessa fe da histéra oizcostumavainclo- sive exerceto papel inquisitorial assumindo local de ume des partes conform os inte- ress les do Fstado O juz era ao mesmo ‘tempo a acasego e aquee que deiiria os fatos. A medida que o Estado e o Direto se temavam mais compleros, o judeicio se transfommava assumindo ume modaidde enominada “triédica". Nesse novo model 0 juizsetormava una terotira parte no jl gimeato, 0 ente impareial qe exeatane a constracio tia das duas partes em enfen- ‘amento para entio tomar uma dec Paraee-nos entao que o Braslretor- a para a fase “istica, na qual o ju inte- ge obanen da aensagio elance-se contra os aeasados, A divlgagio da midia dese fené- meno transforma em heroica essa atuagio do ‘ae insere na sociedade a certeza quanto 40 cometimenta do crime pelo aes, sem ‘nem mesmo ser necesséria a prova do crime on do seu cometimento peo ru, Diantedes- se cendtio de certeza, a damora pera a efe- ‘waco da pista eparentaimpanied, 380 sendo nada alm da justo proceso legal. © aos chega a tl ponio que se apela a qual- quer solugo deste que vena com rapide: ditadare, impeachment, condenasio...NEo ‘mportam os crimes, no importa os ftos, 10 importaan as vtinas, ‘Opovo quer justia, mas nem mesmo refete sobre o que sera o just, convicts de stare certs, refutm acpi divergente, Agressvidade dis masss chegon ao ponto eimpossbltar o antagonism democritioo Ae Moule, ecntrariaro senso comm €cor- rer tite de ataquesvolentos,considerados nada mais do que jostos, Sobre esse fendme- 19 muito adequedo & o pasiconamento de Toto Vianna no texto Lnjastiga com as Prd- ras Most bos intongies nem sempre trzera ons resultados. Foram necessérios séeulos de cviizagto paruseperveber (que no é razodvel sair por a que: mando pessoas simplesmente par te- rernsido aeusadas debriaavia pelo into, O Divito Oedertal eonsagran princpios como legalidade, contradi- trio ecimpla defesando para “defen- der bandidos’, como muits insistem em dizer, mas para defender acusados a firia ds bem-intencionads. Frente a esse centri o que se percabo & que a justiga no esté mas vendada, mas exgue'se de olhos bem abertos, personifica- 0 do pan6pten, vilena a estabidade de ‘mocrtica oom su espa e segura balanca if desequbrada "esse send: TAVARES, Jute. Tera dine just pena 3. Ed, Belo Horizonte: De Rey, 2009 LOPHS Je; Au Fandzmetas da prs panel: ‘nods en Si Ptlr Sas, 201 LOPES J, uy Funaments do presen pe- | ak introdago evi, So Pal: Sav, 203 *esRRAJOL Lui, Dabo y gaa —La leydenicoo Maine oS DELMAS MARTY, Mei Por um dzeto co- snr, So Paulo: Marts Ponts, 2004, pp.2-2, SHELL, Riad The aw, ie PERG, Bue (ep) Te Cantige sty of seh ine Eira Cabri rivers Yrs. Noa Yor, 2006, pp 365-386 VIANNA, Tilo. Insti com os gripes mins. 0 Bsn de 8 Paul, e sup, Dapentvel hp all etdan com tetas gl n- Justiercur-as-propriaraaas 688657>, eee fru: 29 de mags de 20%, oa Rese Ci ia nt ceo eta oe eee one es Teens

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