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Cara leitora, caro leitor, Vocé tem alguma cicatriz? Ja imaginou que uma cicatriz pode deixar outras marcas nas pessoas, além daquelas visiveis na pele? Pois é, a histéria que Silvinha vai nos contar tem tudo a ver com esse tema Depois de saber que vai ficar com uma cicatriz no queixo para o resto da vida, Silvinha descobre que podem existir experiéncias surpreendentes por tras dessas marcas. Ouvindo os relatos de seus familiares — € até de seu médico! — sobre as cicatrizes que ganharam ao longo da vida, ela vai conhecendo melhor a histéria de sua familia e acaba refletindo sobre sua prépria origem e identidade. Susto, dor, medo, curiosidade, se sentir cuidado e acolhido... Esses sao alguns dos sentimentos € das sensagdes que se misturam neste conto € que sdo muito conhecidos das criangas. Afinal, quem nunca caiu e se machucou? Entao, a0 ler este livro, procure ficar atento tanto ao texto escrito como as imagens, para perceber como esses sentimentos sdo expressos pela Silvinha — assim vocé vai poder se inspirar e pensar sobre a sua histéria e a das pessoas com quem convive. Boa leitura! Para o monstro que gosta de magica (e de atravessar paredes).. Cepyight deta 2018 an Brenan (Copy de stragse® 20186 on Zibeman Grae stualizeda segundo 0 Acordo Ortogréfico da Lingua Portuguese de 1990, ‘que entrouem vigor no Brasil em 2008. Gere Nano Fr ara vars Pina Morera Pet Dsesinemaona sonieg abioo) “gies ep a ‘ect an Seaman saa sa MONE aja oman, ae Rie un Bane Pla 702 —<. 7 453-092 Si Palo — “eetone (1) 3107-3581 12. » Silvinha foi pegar 0 travesseiro que havia caido no chao. De repente: — Al! Al! MAMAE! PAPAI! Os pais vieram rapido e viram a menina no chdo com 0 queixo sangrando. 0 pai a pegou no colo € levou-a até a cozinha, La estancou 0 sangramento com uma toalha e pressionou 0 machucado com gelo. Depois que o sangue parou de sair, os pais perceberam que teriam de ir ao pronto-socorro — o corte era profundo e ela teria de levar alguns pontos no local. Silvinha estava mais calma, mas, quando ouviu a palavra “hospital”, logo comecou a perguntar 0 que ia fazer la. A mae respondeu que o queixo dela estava aberto e teria que ser fechado. — Meu queixo vai cair? . : — Nao, querida. Vocé vai apenas fechar o corte que fez — disse o pai. — Eu vou ficar feia para sempre! — gritou Silvinha. A mae abracou a filha € mostrou uma cicatriz que tinha na testa. — Quase todo mundo tem uma cicatriz no corpo. Na hora em que machucamos _«l parece o fim do mundo. Depois ‘ percebemos que cada marca conta uma histéria. — E como aconteceu isso, mae? — disse a menina, passando o dedo na cicatriz da mae. — No carro eu te conto. — Os trés entraram no carro e foram em, diego ao hospital. quando era crianga, adorava ser girada pelos bracos. Um dia, um primo dela a girou com tanta forga que ela saiu voando bateu a cabega num armario. Foram quatro pontos na testa. 16 No hospital, Silvinha foi atendida por um médico alto e gordo, que tinha uma cicatriz na bochecha. A menina nao conseguia tirar os olhos daquela marca. Quando ele comecou a pegar seus instrumentos, Silvinha desatou a chorar: — Nao quero costurar nada! Quero ir embora! 0 pai entdo se aproximou € mostrou a ela o dedo mindinho da mao direita dele. — Estd vendo essa cicatriz? Silvinha parou de chorar. — Eu a fiz quando tinha sua idade. Foi quando cai de um balanco — continuou o pai. — Doeu muito, pai? — perguntou Silvinha. — Na hora doeu, mas nunca deixei de subir num balango por causa disso. O médico queria comecar a costurar 0 queixo de Silvinha, mas ela olhou novamente para a bochecha dele e disparou: oe — E como vocé fez essa cicatriz? - ¢ 0 médico deu um sorriso e contou que, quando era crianca, F " adorava subir nas arvores do sitio do avd. Certa vez, ele tentou ail ¥} - pegar uma macé, se desequilibrou € caiu de uma drvore bem alta. ela NES — Esta cicatriz € especial, gosto muito dela — disse 0 médico. — Gosta? Como assim? — perguntou Silvinha. 20 Jas agora vamos costurar esse queixo — disse o médico, que havia gostado de contar a histéria da sua cicatriz. Silvinha, j4 mais tranquila, olhou para os pais e disse: —Vocés seguram a minha mao? 0 pai e a mae se aproximaram e seguraram bem forte as maos da filha. Na hora em que o médico anestesiou © machucado, Silvinha chorou um pouco, mas depois a dor sumiu, € 0 médico péde fazer seu trabalho. Ela ganhou cinco pontos no queixo, um a mais do que a mae. Um enfermeiro fez um curativo no queixo da menina, € antes de ir embora 0 médico se abaixou e falou pertinho do ouvido dela: — Obrigado por ter me perguntado sobre a minha cicatriz. Assim que eu chegar em casa, vou procurar as fotos do sitio do meu avd, Quando voce crescer, sua cicatriz também vai contar uma historia. No dia sequinte, Silvinha pediu & mae que ligasse para um monte de gente da familia. Ela falou com os avés, tios, primos e primas, e para todos fazia a mesma pergunta: —Vocé tem alguma cicatriz? : EY. onsequencia de um simples jogo de queimada. A menina ficou jonada que a iy ‘também tivesse jogado queimada. Os ram varias historias sobre suas cicatrizes. os Silvinha, entdo, passou a mao no curativo do seu q Soare o autor Sou pai de duas lindas e sapecas meninas, Lis e Iris, que so fontes inesgotaveis de inspiragao. Elas nasceram em Sao Paulo, eu nasci em Israel, meus pais na Argentina e meus avés na Russia e na Poldnia — que confusao! Mas ainda tem mais: minha linda esposa, Tali, também nasceu em Israel e seus pais nasceram na Bulgaria. Acho que € por isso que gosto de contar histérias de todas as par- tes do mundo. Além de contar histérias, fiz mestrado ¢ doutorado na usr € me dedico a falar e a escrever sobre a importancia da lite- ratura na vida das pessoas. Publiquei mais de trinta livros (alguns premiados), entre eles Telefone sem fio e Meu filho pato, que orga nizei. Para saber mais sobre mim, visite meu site: www.ilan.com.br. SOBRE A ILUSTRADORA Nasci em Tel Aviv e vim para Sao Paulo, com meus pais, aos seis anos de idade. Aqui me alfabeti Jos, tomei alguns tom- bos, como todo mundo. Mais tarde, me formei em artes plasticas na fap, trabalhei numa livraria, ilustrei revistas ¢ livros infantis. Atualmente, tenho mais de vinte livros publicados, entre eles Zoo zureta, do Fabricio Corsaletti, e Até as princesas soltam pum, também em parceria com o llan Brenman, que escreveu esta histé- ria sobre a Silvinha. Desenhar é meu jeito de contar histérias, mas pode ser também pintar, cortar, colar, costurar. Ha alguns anos, andando de bicicleta no parque, tomei um tom- bo, cai de cara no chao. Doeu bastante, depois sarou. Levei muito tempo para tomar coragem e voltar a subir na magrela. Essa cica- triz também faz parte das histérias que eu conto. E ela esta aqui, neste livro. Cara leitora, caro leitor, Depois da leitura, certamente vocé também ficou com vontade de investigar entre seus familiares e amigos as muitas histérias que se escondem por tras das cicatrizes, ndo € mesmo? Como vocé pode ter notado, 0 conto narra a primeira experiéncia de uma menina com um machucado que vai Ihe render uma cicatriz para o resto da vida. Essa experiéncia permite que ela se perceba € questione sobre si € sobre os outros. Apesar de ser uma histéria ficcional, isto & uma historia inventada, ela foi construida com base em acontecimentos comuns na vida de qualquer crianca. Em sua biografia, 0 autor diz que tem duas filhas e que elas sao fontes inesgotaveis de inspiracdo. Pode ser que Silvinha tenha sido inspirada em uma delas — por vezes os autores se baseiam em pessoas da vida real para criar um personagem. Por narrar um acontecimento tao préximo das criancas, A cicatriz é um conto que pode ser lido por estudantes do 12 ao 32 ano do Ensino Fundamental. Outra caracteristica deste livro é que o trabalho da ilustradora € tao importante e inventivo quanto o de quem escreve a histéria, pois ambos esto juntos comunicando ideias. No caso do escritor Ilan Brenman e da ilustradora lonit Zilberman, essa parceria acontece desde 2007 ¢ se deu também em outras obras. E 0 curioso & que os dois nasceram em Israel, so descendentes de russos € poloneses e vieram para o Brasil aos seis anos de idade! E eles nem tinham ideia dessas coincidéncias até comegarem a trabalhar juntos. Segundo lonit, é um desafio ilustrar as cenas cotidianas que Ilan descreve, pois as imagens devem dialogar com © que 0 texto diz — observe, por exemplo, a expresso de Silvinha quando imagina que seu queixo vai cair (p. 8). Volte ao livro e aprecie essa relagao, percebendo outras passagens em que hd essa conversa entre as imagens € as palavras escritas. st la comport em ATs Sans Se imprest i ie ein SA, inom sb oon oem ot ppc a de ‘Sm ope uns Eos tao e012 Lembre-se, na biblioteca da sue Bo tra

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