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i \ : Lay ois ae en ae ee nl ay — ELS Ho KSTUDOS DE DIREITO PENAL Traducao rvados a A RENC Het DVAR LTDA hor aay Centra RF Mea 2208 = Bans (21) 25912035 Ly 6x0. 8506 - Bare 21) 2589-1962 Fave: (11) 3108.0359 (81) 2223-1170 Taslos 08 arab EDR ar My) 3580-186 Rp Tels CD a Py Moses! ay sp Te S34 4088 | Bax tal Pris Tel: (RD) 8223-4988 + Ba D1) 264-1 MGS 2531-1338 Bax: (24) 2531-1473 RO (RD: Tels C 3 CUNT A ed): Tel: (21) 2287-4080 - Fax: (21) 2287-4 TIVNRARIN LINRARIAIPAN ovar@editorarenovar.com.b ditorarenovar.com.Dr ren -com.br wow edi SAC: 0800-221863 ditora Renovar Ltda. © 2006 by Liviana Ed nal: Consetho Ea Presidente Amalio Lopes Sussehind — Carlos Alberto Menezes Direito Cno Tacito da Rosa Jr Celso de Albuquerque Mello (in memoriam) jo Pereira Lira do Lobo Torres de Paulo Barretto Revisdo Tipogréfica: M* Cristina Lopes Capa: PH Design Editoracdo Eletrénica: TopTextos Edigdes Gréficas Ltda. Ne 1118 CIP-Brasil. Catalogagio-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. 7 Roxin, Claus 26% E: oy 126 Estudos de direito penal / Claus Roxin; tradugio de Lufs Greco— Rio de Janeiro: Renovar, 2006. 232 ps 20 cm ISBN 85-7147-528-8 1. Direito penal, 1. Titulo, CDD 346.810922 Proibida a reprodugao (Lei 9.610/98) Imnpresso no Brasil Printed in Brazil A CULPABILIDADE E SUA EXCLUSAO NO DIREITO PENAL! 1. O principio da culpabilidade como espinha dorsal da imputagio objetiva e subjetiva Nenhuma categoria do direito penal € tao controvertida quanto a culpabilidade, e nenhuma € tao indispensdvel. Ela é controvertida, por uma série de mal-entendidos; indis- pensdvel, por constituir 0 critério central de toda imputa- cdo. Esta imputagado de um acontecimento exterior a um homem determinado — e, no futuro, talvez também a pes- soas jurfdicas? — é 0 objeto tnico da dogmitica juridico- penal. E por isso que nao pode existir direito penal sem princfpio da culpabilidade; € possivel conferir a este outra denominagao, mas nao se pode eliminé-lo. Adiante-se uma palavra a respeito dos mal-entendidos que desde hd tempo sobrecarregam o conceito de culpabi- lidade no direito penal. Se alguém comete um crime — p. 1 (N.T) Este estudo (Schuld und Schuldausschluf im Strafrecht) foi originalmente publicado em Festschrift fiir Mangakis, Bemmann/ Spinellis (eds.), Athen — Komotini, 1999, p. 237 e€ ss. 2. Referéncias sobre a discussio a respeito de medidas penais contra Corporagées, Roxin, AT, vol. I, 3* edicdo, 1997, § 8°, nm. 59-62 133 -a um roubo, ou mata uma pessoa _ temos y contecimento Cuja relevancia transcende ao direito Penal. aconte apresenta dimensdes sociais, éticas, religiosas, Por a a politicas e metafisicas, as quais tentamos en- eb o conceito de culpabilidade. Para conferirem 4 vn disciplina uma aura superior, tentaram os penalistas comumente, apoiar-se em ciéncias Como a teologia, a filo. sofia ou a sociologia, transportando a nogao de culpabilida. de ali existente para o campo do direito penal; ou buscaram orientagio nas ciéncias da natureza, que desconhecem qualquer culpabilidade, e tentando outorgar ao direito pe. nal o ideal de exatidio, sem conceito de culpabilidade, elas inerente. Todas essas abordagens s4o caminhos erra- dos. Ao direito penal nado importam os conceitos de culpa- bilidade de outras disciplinas, muito menos da metafisica, O juiz penal nao exerce a magistratura como representante da divindade, ndo se podendo permitir jufzos éticos com mais cardter vinculante do que possuem as concepgées mo- rais do cidadio normal, juridicamente leigo. As questées de culpabilidade, tais como sao tratadas na grande literatura’, podem consistir em um objeto legitimo da filosofia do di- reito; esta, porém, é um setor da filosofia, nao da ciéncia juridica. ex. prat A dogmatica juridico-penal — e com isto retorno a mi- nha afirmativa acima feita — interessa-se, unicamente, por determinar sob que Pressupostos e em que medida alguém pode ser Tesponsabilizado por um comportamento social- mente lesivo, de maneira que se apliquem as sangées desse oat na ito. Na determinagio dessa responsabilidade, ee Pio da culpabilidade nao desempenha um papel € mas de qualquer maneira muito destacado. Ele n40 3 Nolivro Vy, selecio deat erechen und Strafe, 1995, apresenta Sehmidhaser “™portantes segundo uma perspectiva jurfdico-pe™ 134 Smeg «ym elemento ¢ entral daquela © Legoria d dé . . s0ria do de we Chamada, cle modo exclasivo e inexaton dee ME jalade”, ¢ 80D 8 qual agrupamos matérias como gi. Pabi- jdade”, a imputabi- etc. Ele g » plano do injusto, oe tarel x sagdes decorrentes de mero ac aot A climinagao do ac aso € a Superagio do direito penal de resultado sao, historicamente, aS maiores conquistas do reincipio da culpabilidade, Somente apds se haver dee minado que a causagado do resultado nao é fruto do ac , mas decorreu, de modo objetivamente imputavel, a potencial consciéncia da ilicitude le, Hide ino pl sm grande cf t de excluir acaso, > L do com- portamento do autor, é que se formularé a outra pergunta também a ser respondida com ajuda do Principio da culpabilidade — quanto a se a constituigdo interior do agente permite uma imputagao subjetiva, se ele é “culpa- yel”, no sentido corrente da palavra®. O principio da culpa- bilidade é, portanto, a espinha dorsal tanto da imputagao objetiva, como subjetiva. Il. O aspecto externo do principio da culpabilidade: a exclusio do acaso Neste estudo, desejo ocupar-me, especialmente, da imputacio subjetiva, a qual hoje se associa ao conceito de culpabilidade, quase que exclusivamente. Ainda assim, gostaria de adiantar algumas observagées a respeito deste aparente paradoxo que é a relevancia do princfpio da culpa- bilidade jé para 0 injusto. A exclusao do acaso, que caracte- rizei como 0 aspecto externo do principio da culpabilidade, € efetivada, segundo a opinido atualmente dominante atra- 4 Roxin, AT, vol. I, 3° edigdo, 1997, § 7°, nm. 57. 5 Roxin, AT, vol. I, 3° edigdo, 1997, § 19, nm. 1. 135 a > da teoria da imputagao objetiva, Cy ados na permitido criado pelo ATSOS c 5 imput . au jo MP Maren, ede um Frisco MAO ar 0 " Fi autor! resultado € atribuido ao acaso, ing 3 + Sentan. fo Far oe responsabililade Por 88a provocicig lusio, que parece quase Obvia, © na verd, Esta cone eum deseny olvimento que somente cg da cham ves da y medida que represe ade g resultado di en " mera anos ocorreu na dogmiatica penal. Ainda em i is nha época de estudante, na década de 50, tratava-se 0 probe ma do acaso quase que unicamente nos delitos culposos sendy ele resolvido atraves de conceitos como a “previs he sen outa “evitabilidade”’, com que ainda hoje ner paramos na teoria do crime culposo. Eles se mostram oe tudo, pouco adequados para excluir 0 acaso. Afinal, quase tudo que € possivel € previsivel; e uma vez que fatos de acaso sempre voltam a realizar-se, eles também sio previsi- veis. Evitaveis, eles igualmente 0 sdo, bastando que se dei- xe de praticar a agao que 0s possibilita. Somente quando se formular a pergunta quanto a se © resultado decorre de um risco ndo permitido criado pelo autor € que se terd 0 pro- blema do acaso sob controle, apreendendo-se de modo dogmaticamente correto 0 aspecto externo do principio da culpabilidade’. ‘A circunstancia de que o princfpio da culpabilidade nos forneca a metade de seus frutos — permita-se-me esta quantificagao, de caréter eminentemente retérico — ji no mos 30 47 e ss. tambem uena monogratid 2002; & Roxin, AT, vol. 1, 3° edigio, 1997, § 11, nm. 44, de minha pena, foi publicada em portugués uma peq sobre a imputacao objetiva (Funcionalismo e imputagio objetiv® trad. Lufs Greco). 7 Jescheck/Weigend, AT, 8 Maurach/Géssel, AT, vol. 2, 7° edicae, 9 Roxin, AT, vol. 1, 3° edicao, 1997, § 24, nm: 13: * edicio, 1996, § 55 113. 1989, 43/17 € 5 136 1 iNjuslo nao pode desorientar-nos. Afinal, o ilfc ito lo encontra-se entre os pressupostos da culpa eo, isto & Entre OS fatos que fundamentam 0 juizo de sabilidade; ¢& aquilo que exclui 0 ilfcito exclui, obvia- inod 1 toe culpabilidade. ade mencionar, ademais, que a teoria da impu- a de mancira alguma se esgota em sua fungao conto ast externo do principio da culpabilidade. Muito alem disso, ela abrange, numa estruturagao sisternatica, ou- tros prineipios de imputagado objetiva, entre os quais, além pio da culpabilidade, desejo mencionar os princi- tonomia da vitima e da atribuigdo a um ambito de rest jade de terceiros. Se alguém entrega a outrem heroina, vindo este a falecer, ou se alguém infecta seu par- ceiro com Aids, tendo-o esclarecido previamente a respei- to da doenga, nada disso se trata de frutos do acaso. Mas tais acontecimentos nao sao imputados, uma vez que a au- tonomia da vitima a isto se opée!”. E se a vitima, levada a um hospital por motivo de lesdes corporais, morre em de- corréncia de um corte erréneo realizado por um cirurgiéo inepto, ou de uma troca de medicamentos, isto nao precisa ser fruto do acaso. Mas a imputagao ao primeiro causador ficard restringida pelo A4mbito auténomo de responsabilida- de do médico!!, Ambos os principios, que deveriam ser complementados por outros, 86 podem ser aqui menciona- dos exemplificativamente, sendo bastante controvertidos em seus detalhes. Eles podem ilustrar como a teoria da imputagdo objetiva vai bem além do aspecto externo do dade, constituindo um cosmo de di- taco obietiy pecto do princt jos da aul r : ponsabilid. principio da culpabi nm, 944, 108; € controver- considerado uma hetero- 10 Roxin, AT, vol. 1, 3% edigio, 1997, § 11, Udo, mas o caso da Aids em verdade deve ser cologio em perigo consentida. 4 Roxin, AY, vol. 1, 34 edigao, 1997, § 11, nm. 115. 137

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