Guerranosceus 018

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COMBATES AEREOS A nova fase da Batalha da Gra-Bretanha forgou a criag¢ao de equipamentos eletrénicos para combate noturno. ‘Ao desviar seus bombardeiros para as ci dades britanicas, os alemies permitiram ‘que o Comando de Cacas da RAF escapas- se de uma situagdo desesperadora, O resul- tado foi o cancelamento da invasio & Gra. Bretanha. Goering, diante das sérias per- das da Luftwaffe nos bombardeios diur- nos, ordenou entdo que as incursdes fos- sem feitas apenas & noite. No verdo de 1940, a Gra-Bretanha estava despreparada para operagdes noturnas, tanto ofensivas como defensivas. O sofisticado sistema de interceptagao aérea da RAF, bascado no radar e no ré- dio, ficava anulado pela escuridao. Do la- do alemao, embora as tripulagdes também fossem treinadas para operar principalmen- te durante o dia, tal deficiéncia acabava compensada pelos elevados padrdes de voo Por instrumentos ¢ pelo equipamento de auxilio & navegagao. Gracas a sua rede de radio montada em tempo de paz, os ale- mies ja dispunham de considerdvel malha de apoio aos vos noturnos. Essa rede foi ampliada durante a campanha na Europa. ‘Os campos de pouso para qualquer tem- po na Alemanha consistiam em duas ou és pistas de concreto, com alojamentos, instalagdes ¢ uma estagao ferroviaria pré- xima, Em geral, as pistas tinham 35 m de largura e 1.400 m de extenso, padrao uti- lizado para adaptar e reconstruir aeropor- tos na Noruega, Holanda, Bélgica e Fran- ‘68, no inicio da ocupacdo. A navepaedo era rientada por uma rede de radiofardis na faixa de 200 a $00 kHz, enquanto as co- ‘municagdes regionais ocorriam na faixa de 300 a 600 kHz, com o auxilio de um servi- 0 adicional de emergéncia, Para orientar as aproximagdes e aterra- 3s, havia o equipamento Lorenz EBL1 EBL2 (uma forma de determinagdo de distancia pelo radio), enquanto o sistema ZZ permitia que um controlador em terra ‘guiasse pelo rédio, até a pista, um bombar- deiro em meio ac mau tempo. Para pou- sos noturnas e sob nevoeiro, o piloto se ut lizava do sistema Lorenz, visual, que con- sistia em luzes de aproximagao cruzando- se a 90°. Cada aeroporto era identificado por um farol rotativo com lampejos em c6- digo. Desde 1937, 0 aperfeigoamento mais importante do servigo de sinalizagao da Luftwaffe foi na orientagdo por radio aos bombardeios em vo cego, iniciativa sequer sonhada pela RAF. Desenvolveram-se trés desses sistemas: 0 Knickebein (literalmen- te, perna dobrada), o X-Gerdt (disposi vo X) e 0 ¥-Gerdi. Em margo de 1940, os britanicos obti- veram, de um Heinkel He 111P-1 abatido, Esquadrithas de Do 172 decolam ao anoitecer. Obsoletos e vulnerdveis, sofreram perdas enormes na luta. 141 COMBATES AEREOS A calma do navegador de um He 111 nao condiz com 0 mortal perigo que ronda sua frégil proa transparente. as primeiras indicagdes de um equipamen- to alemdo de radiofarol para orientar a na- vegacao ¢ o bombardeio em vGo cego. AS evidéncias eram escassas, mas permitiram descobrir que um Knickebein estava insta- lado em Cleve, na Alemanha. Juntando novos fragmentos de informagao, tornou- se claro que o sistema era uma forma de Lorenz de longo alcance, com um feixe de VHF (very high frequency, altissima fre- giiéncia) para orientagao direcional e ou- to feixe para localizacao lateral (sobre 0 alvo). De posse desses dados, a central da RAF encarregada da intercepta¢ao notur- ra realizou uma reunio de emergéncia, em 16 de junho de 1940, ¢ decidiu desenvol- ver com urgéncia um sistema para anular tal equipamento, além de buscar novas in- formacoes. Formou-se as pressas uma unidade espe- cializada em contramedidas, a 80." Esqua- drilha (sinalizagdo), com a tarefa de inter- ferir nos feixes do Knickebein com poten- tes transmissores de VHF operando na fai- xa de 30a 35 MHz, Porém, assim que a unidade iniciou seu trabalho, tornou-se cla- ro para os britdnicos que os alemaes em- pregavam outras formas para orientar seus bombardeios em meio & escuridao. © Xo Y-Gerat requeriam 0 uso de vides e tripulagdes especializados, O X funcionava entre 65 ¢ 75 MHz e emprega- va quatro feixes de radio, sendo um para orientagdo direcional e trés para orienta- cdo lateral e estimativa da velocidade em felago ao solo, A unidade especial equi- pada com esse sistema era o KGr 100 (Kampferuppe, grupo de bombardeiros, somando entre 36 e cingiienta aeronaves), baseado em Vannes-Meucon, na Bretanha, desde julho de 1940, e mais tarde em Char- tres. Esse grupo deveria ser o primeiro no mundo especializado em bombardeios sob vé0 cego, capaz de operar em qualquer condigdo climaitica. A 80.* Esquadritha da RAF tentava anular o X-Gerat com pertur- adores operando também em VHF. ‘As contramedidas eletr6nicas da 80.* Es- quadrilha tiveram sucesso apenas modera- do, mas foram importantes no sentido de 142 Fim da guerra para o Fiat CR.42 Falco. A aterragem desastrosa livrou-o de algo bem mais trdgico. levar a Luftwaffe a acreditar um pouco me- nos em seu equipamento de bombardea- mento noturno. De qualquer forma, 0 Knickebein e 0 X-Gerat constituiram um auxilio titil nas incursBes noturnas que se aproximavam. Em dezembro de 1940, 0 cequipamento alemao mais preciso era 0 Y- Gerait (operando entre 42,1 ¢ 47,9 MHz), também constituido por um feixe de ot tagdo direcional, mas baseado num siste- ma de sinalizagdo diferente para determi- nar a distancia e a localizacao do alvo. O Y-Gerat estava restrito ao KG 26 (Kamp/- -geschwader, unidade de bombardeiros com 120 a duzentas aeronaves), baseado em Poix, ¢ a0 KGr 606. - Blitz noturna: primeira fase A primeira e mais violenta fase da ofensi- vvanoturna visava Londres, na tentaiva de forcar a rendigdo do governo britanico, e comesou na noite de 7 para 8 de setembro 4e 1940, prosseguindo até 14 de novembro. ‘A primeira onda, de quarenta ou mais bombardeiros alemies, foi registrada pe- los radares britanicos ao norte do Cap @’Antifer, pouco depois das 20 horas, a 4.500 m. A essa primeira leva seguiram-se otras duas forgas semelhantes. Alguns mi- nutos depois, as bombas comegaram a cair na regido de Battersea, Paddington e Ham- mersmith, Os eanhdes antiagreos da def sa das cidades s6 comegaram a disparar as 21 horas, quando os avies germanicos ja se retiravam, Mais tarde, prolongando-se pela madrugada, inimeros bombardeiros continuaram a castigar Londres, despejan- do 333 t de bombas explosivas e mais de 13 mil bombas incendidrias. Porém, menos de 10% atingiram 0 alvo, num raio de 16 km da area central, Devido as dificuldades de orientagao noturna, os cagas da RAF nido chegaram a estabelecer contato visual com os bombardeiros da Luftwaffe. Na primeira fase da ofensiva, registra- ram-se 57 reides principais sobre Londres, mas is80 pouco abalou 0 moral dos habi- tantes da capital inglesa. Apesar dos imen- sos danos provocados, os ataques da Luft- wale ndo chegaram a constituir uma ver- dadeira catistrofe. Durante © més de se tembro, a Luftwaffe realizou diariamente, ‘em média, duzentas missdes noturnas, com as defesas brtdnicas informando 38 bom- bardeiros abatidos. No transcorrer de ou- tubro, Londres foi atacada todas as noi- tes, exceto em sete, com uma média de 190 miss0es diarias. Nesse periodo, os ingleses afirmaram haver derrubado’ 31. avides alemies Em setembro de 1940, o Comando de CCacas, sob a diresao do marechal-do-ar Sir Hugh Dowding, tina oito esquadrilhas pecializadas em operagdes noturnas, além da FIU (Fighter Interception Unit, Unida- de de Interceptagdo de Cavas). Os Bristol Blenheim Mk IF e Mk IVP equipavam as esquadrilhas 23.7, 25.*,29.*, 219.*, 600.* © 604.*, enquanto os Beaufighter Mk I en- travam em servigo em umas poucas unida- des experimentalmente. Em 11 de setem- bro, quatro dessas esquadrilhas, com a 141-* ea 263.* (Boulton Paul Defiant), se encontravam no setor do 11.° Grupo (Ca- ¢as) €em Middle Wallop, para adefesa no- tuna de Londres. A 307.* Esquadrifha (olonese) estava usando 0 Defiant bre- ve entraria em servigo. As unidades equi- padas com o Blenheim Mk IF foram de- signadas para Northolt, Hornchurch, Cat- terick, Martlesham, Warmwell e Middle Wallop, além de varias esquadrilhas de Hurricane, agora no trabalho de intereep- tagio nota, ‘A cadeia de radares se achava instalada de frente para o mar, voltada para a costa da Franca e dos Paises Baixos, mas o pro- blema de Dowding consistia em intercep tar os bombardeiros alemdes sobre o solo britdnico. A solugdo estava no desenvolvi- mento de uma rede de radares baseada em terra — tanto para direcionar a artilharia antiaérea como para orientar com preciso Bombardeiros Do 17Z sobre Londres. O retiingulo na ponta das asas marca, talvez, 0 posicionamento do grupo. Ansioso para tirar proveito do “sucesso” dos aliados alemdes, 0 lider italiano Benito Mussolini lancou ‘sua obsoleta aviacio contra a Gra-Bretanha. A partir de setembro de 1940, oitenta bombardeiros Fiat Bombardeiro Fiat BR.20M > Cicogna da 4.* Esquadritha do 11.° Grupo. Essa unidade estava baseada na cidade belga de Melsbroek. Monoplano Fiat G.SObis Freccia do 20.° Grupo de Caca. Subordinado ao 56.* Stormo, operava a partir de Ursel, na Bélgica seus cagas em meio a escuriddo —e de um radar instalado a bordo dos avides. A ta- refa de testar 0s dispositivos de intercep- tagdo noturna cabia 4 FIU, que contava ‘com quatro Blenheim Mk IF e radar AI Mk III, com alcance de 250 m a3 km. Na noi- tede 22 para 23 de julho, essa unidade ob- teve sua primeira vitéria com o auxilio do radar Al, Esse equipamento, porém, ndo se mostrava confidvel ¢ a unidade traba- Thava também com 0 novo AI Mk IV (com alcance entre 600 m e6 km). O equipamen- to de radar para avides vinha sendo insta- lado nos novos Beaufighter, mas o ritmo cestava demasiadamente lento, Na verdade, nenhum dos métodos de in- terceptacdo noturna do Comando de Ca- ‘gas se mostrava realmente eficaz em setem- bro de 1940. Isso era inquietante ¢ levou Beaverbrook, ministro da Producdo Aero- nautica, a sugerir que o marechal-do-ar da BR.20, cingiienta cacas biplanos Fiat CR.42 e 48 cacas monoplanos Fiat G.50 se reuniram na Bélgica, sob 0 comando da Luftflotte I. Sem equipamento nem treinamento, a Forca Aérea italiana s6 lancou um RAF Sir John Salmond passasse a atuat ‘como conselheiro num comité para ques- ‘Bes de produgio de cagas noturnos. Na primeira reuniao desse grupo, estabelece- ram-se as seguintes diretrizes: prioridade na producao do radar de artilharia GL (gun laying, direcionador de armas) Mk I, bem ‘como do GL Mk Il edo SLC (seareh-light control, holofote controlado pelo radar); melhor visibilidade de combate para as ae- ronaves Blenheim e Beaufighter; maior ra- pidez na instalacao dos radares AI Mk IV nos Beautighter e incremento das experién- cias com o radar “‘olhando para baixo”. Ouso desse dispositivo constituiria a solu- 0 dos problemas do Comando de Cagas: ® sistema ficaria conhecido pela sigla GCI (ground-controlled interception, intercep- taco controlada do solo). (O desenvolvimento do GCI havia come- ado em 1935, ea primeira estagdo entrou COMBATES AEREOS ‘grande reide, no dia 11 de novembro: doze BR.20 escoltados por mais doze CR.42 decolaram rumo a Inglaterra. Seis bombardeiros e trés cacas ndo sobreviveram ao combate com trinta Hurricane britanicos. 4 Obsoleto biplano Fiat CR, 42 Falco da 95.* Esquadritha de Caga, pertencente a0 18.° Grupo. Em fins de 1940, estava estacionado em Maldegen, na Bélgica ‘em funcionamento em outubro de 1940. 0 aparelho atuava por meio de uma antena ‘giratéria e permitia ao controlador loca~ lizar e acompanhar numa tela os avides, tanto amigos quanto inimigos, num raio de 72 km. Segunda fase: guerra a indistria Em outubro de 1940, 0s Kampfaruppen dos Fliegerkorps 1, IT, IV e V, estaciona- ddos na Franga e nos Paises Baixos, com- punham uma forga média de 1.333 bom- bardeiros, de um efetivo de 1.687. No in cio de novembro, novas ordens foram emt idas pelo Reichsmarschall Hermann Goe- ing para as Lufifloten Ile Ill: Londres continuava como alvo principal dos bom- bardeios diurnos e noturnos; as zonas in- dlustrias de Coventry, Birmingham e Liver- ppool deveriam ser atacadas com pequenas forcas, & noite; 0 IX Fliegerkorps langaria 43 COMBATES AEREOS Pilotos poloneses que escaparam para a Gra-Bretanha, fugindo da ocupacdo nnazista no continente. A RAF teve sorte em contar com tais homens. ‘minas no rio Tamisa e nos canais de nave- aco de Bristol, Mersey e Manchester; a fabrica de motores aeronduticos Rolls- Royce, em Hillington (Glasgow), deveria ser destruida. As demais instrugdes determina- vam: ataques contra os interceptadores da RAF (levados a efeito por misses de caca livre), os comboios na Mancha e os estalei- 10s no Tamisa; destrui¢ao da indiistria ae- rondutica britnica por tripulacdes especiais das Luftflotten II e III; ataques as bases de ccagas € preparacdo de ofensivas contra Co- ventry, Birmingham ¢ Wolverhampton, com utilizacdo do X-Gerat. 0 objetivo principal dessas novas dire trizes era a obtengdo da vitéria pela des- truigdo do parque industrial briténico, al- cangada por meio de bombardeios estraté- gicos. Porém, tal como ocorrera nas eta- pas anteriores da Batalha da Gra-Bretanha, a tarefa acabaria se revelando muito aci ‘ma da capacidade da Luftwaffe. Mas os ataques tiveram inicio com incomum vio- lencia, apoiados no Knickebein, no X- Gerat © no KGr 100. A ofensiva realizada na noite de 14 para 15 de novembro de 1940 empregou 449 avides, que langaram 420 t de bombas explosivas ¢ um grande niimero de incendidrias. Em Coventry, a destruiedo resultou particularmente assus- tadora e, se 0s ataques tivessem prossegul- do nas noites seguintes, a cidade com cer- teza teria deixado de existir. Os avides do Tripulagdes dos Boulton Paul Deftant partindo em nova missao. Esse avido ‘atuou em muitas operacdes noturnas, no final jé com radar. Comando de Cacas decolaram em 123 mis- sBes, mas ndo obtiveram sucesso, apesar da noite clara. Foi a primeira vez que a Luft- waffe, operando com X-Gerit, alcangou tum elevado grau de eficiéncia, Mais de setecentos bombardeiros ataca- ram Birmingham de 19 para 20 de novem- bro. Pelo restante do més e em dezembro seguiram-se reides alemdes contra Londres, Bristol, Plymouth, Liverpool, Southamp: ton e Sheffield. De 29 para 30 de dezem- bro houve trinta grandes incéndios em Londres, inclusive o que destruiu 0 Guildhall Defesas ampliadas Para a Gré-Bretanha, as operagdes notur- nas continuavam sendo bastante problemé- ticas: apenas trés bombardeiros alemaes haviam sido abatidos pelos cacas da RAF até fins de 1940 e nenhum deles com o ra- dar a bordo dos avides. O Comando de Ca- 4s, porém, nao ficou de bragos cruzados & margem da luta: executou uma série de ‘operagées, incluindo ataques de retaliagio contra cidades alemas, ¢ realizou experién- cias com novos equipamentos. A obstinacdo britanica em conservar seu ritmo de vida sustentou 0 moral da ‘populacdo londrina, constituindo importante fator de sobrevivéncia. © mau tempo reduziu o ritmo das ope- ragdes alemas em janeiro e inicio de feve- reiro de 1941. As contramedidas para neu- tralizar o Knickebein e 0 X-Gerat comega- ram a surtir efeito, diminuindo a impor tancia do KGr 100. O principal papel, de navegacdo e localizagdo de alvos, recaia, entdo, no III/KG 26, equipado com o Y- Gerit, que em marco teve sua forca am- pliada para 44 He 111H-3. Mas também es- se equipamento ja estava sofrendo eficaz interferéncia por parte do 60.° Grupo. Do lado operacional, uma nova fase comeca- ria na noite de 19 de fevereiro de 1941, quando a Luftwaffe se concentrou no blo- ueio maritimo da Inglaterra, atacando 0 trdfego de cargueiros, os portos e minan- do rotas, além de dar prosseguimento aos reides contra Londres e outros centros in- dustriais. Fase final: a guerra aos portos De 19 de fevereiro a 12 de maio de 1941, houve 61 reides da Luftwaffe, cada um com cingiienta ou mais avides. A maioria dos ataques foi contra portos no sudoeste coeste da Inglaterra. Os cacas da RAF co- ‘megavam a fazer uma oposigao mais efi- cientee seu maior trunfo era o aumento do niimero de estages GCI (onze funcionan- do em abril de 1941). Em marco, seis ¢s- quadrithas receberam o radar ATMk IV e, durante esse més, os cacas noturnos brita- nicos realizaram 1.005 misses e somaram 48 inimigos derrubados. O Comando de CCacas, em maio de 1941, contava com mais esquadrihas de Beaufighter equipadas com ‘novo radar, além de varias outras de De- fiant e Hurricane “‘olho de gato””. Contan- do com efetivo maior e melhor equipamen- to, 0s resultados logo comecaram a surgir. Em maio, os caras noturnos da RAF rea- lizaram cerca de 3.230 surtidas, obtendo 96 vitorias, Por essa época, a maioria dos aparelhos da Luftwaffe comesava a ser retitada das ‘operagdes contra a Gra-Bretanha. Para dar uma demonstracio do poderio, as unida- des remanescentes fizeram um iiltimo gran- de esforgo na noite de 10 para 11 de maio de 1941, quando 550 bombardeiros causa- ram enorme devastagdo em Londres, des- pejando 708 t de explosivos e 86.700 bom- boas incendiarias. No final de maio, toda a Luftflotte I havia sido retirada, assim co- mo 0 IV e 0 V Fliegerkorps da Luftflotte IML, restando apenas as unidades do IX Fliegerkorps. A énfase emprestada ao ata- ue contra os navios por avides e subma- rinos indicava a nova orientagdo adotada por Hitler e pelo Alto Comando da Wehr- ‘macht: 0s britanicos definhariam em con- seqiéncia da inevitavel escassez de alimen- tose de suprimentos em geral, e sua rendi- go deveria ocorrer naturalmente apés a conclusio da bem-sucedida campanha ale- ma contra a Unio Soviética. A Batalha da Gra-Bretanha estava encerrada. COMBATES AEREOS Cerco maritimo a Gra-Bretanha Aameaga da frota alema de submarinos, que parecia insignificante em 1939, tornou-se alarmante em 1940. Durante a Primeira Guerra Mundial evi denciou-se a vulnerabilidade do Reino Uni do aos bloqueios por submarinos, que re- sultaram na perda de navios mercante: em sérios problemas de abastecimento pa- ra a populacdo. Na Alemanha nazista, 0 maior defensor da guerra total contra 0 co- mércio britdnico wtilizando esse tipo de blo- queio era o almirante Kar! Doenitz, anti- 80 ¢ lendério comandante de submarino, Em 1938, ele foi nomeado para dirigir a forga germénica de submersiveis — Be- fehlshaber der U-boote (BdU) — baseada ‘em Kiel, Quando comerou a Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1939, a ameag latente das forgas navais alemas contra 0 Reino Unido ainda ndo chegava a assus- tar. Mesmo com os estaleiros trabalh a plena capacidade, a Kriegsmarine (Ma- rinha alema) estava em desvantazem peran teseus futuros oponentes. O tinico meio de tentar um equilibrio seria pela produgao em massa de submarinos. No inicio da guer- ra, apenas 46 dos 56 submarinos de nitz estavam prontos para entrar em agai a maioria formada pelos Type IIA, dé t, equipados para treinamento ¢ patrulha- mento costeiro. Os Type VIC, de 769 te préprios para a navegacao oceanica, soma. vam apenas 22. Compunham as forcas de superficie dois cruzadores de batalha de 32.0001 (Scharnhorst e Gneisenau), trésen- couragados de bolso (Deutschland, Scheer e Graf Spee), oito cruzadores ¢ 22 contra- torpedeiros da classe Z. Eram navios mo- dernos, velozes e bem-armados. Essa for- a, porém, resultava mintiscula quando comparada ao poderio da Marinha brit nica, que na deflagra¢ao da guerra conta- va doze encouracados, trés cruzadores de batalha, sete porta-avides (outros trés se- 31 de dezembro de rlam entregues até Em 1941, os gigantescos Fw 200 Condor da Luftwaffe causaram enormes perdas & frota mereante britanica. No inicio da guerra, 0 Blackburn Skua IT éra 0 tinico bombardeiro de ‘mergulho dos britdnicos. 1940), 64 cruzadores e 184 contratorpedei- ros. Era compreensivel, portanto, que 0 Almirantado achasse que tudo estava sob controle. Em fins de 1939, 0 Comando Costeiro da RAF dispunha de dezesseis esquadri- Thas, com 265 avides, muitos dos quais ul- trapassados. Apenas uma esquadrilha es- tava equipada com os Lockheed Hudson Mk I de médio alcance, nove tinham os Avro Anson Mk I (velocidade maxima de 286 km/h e raio operacional de 420 km) e havia uma esquadritha de bombardeiros- torpedeiros que utilizava os obsoletos bi- planos Vickers Vildebeest Mk IV, Esta tima era a tinica capaz de operagées anti- navio, com seus novos torpedos Mk XII de 457 mm adaptados para langamento aéreo. Outras cinco esquadrithas dispunham de hidroavides Short Sunderland Mk I, Bris- tot Pegasus XXII, Supermarine Stranraer ¢ Saro London Mk I. Na época, 0 Sunder- land se constituia no tinico avio de patru- tha de longo alcance no Comando Costei- ro capaz de permanecer 12 horas no ar, a 203 km/h, transportando 907 kg de bom- bas ou cargas de profundidade, ‘Apés as primeiras semanas de luta, no- vas tarefas foram delegadas a0 Comando Costeiro, incluindo misses de reconheci- mento e de escolta de cacas para os com- boios da costa leste, protecdo aos barcos pesqueiros e caca-minas, além de patrulhas ofensivas. Qs lobos atacam Em setembro de 1939, os submarinos ale- mies afundaram 26 navios nas costas bri tAnicas, em ataques audaciosos, que pros- seguiram nos dois meses Seguintes, em es cala menor. O U-39 acertou varios trope- dos no porta-avides Ark Royal; mas, de- vido a um defeito nos detonadores ¢ para sorte dos britanicos, nao explodiram. U-29 torpedeou 0 porta-avides Cowra: geous, que afundou com $18 homens, ¢ 0 U-47 pds a pique 0 Royal Sovereign. Os co- mandantes dos submarinos alemaes com- 146 petiam entre si pelo escore de maior tone- lagem de embarcayes britanicas manda- das ao fundo. ‘A busca e destruigdo desses submarinos se tornaria 0 compromisso mais dificil do Comando Costeiro da RAF, com raros su- cessos. Em $ de setembro de 1939, um An- son Mk I surpreendeu um deles junto & cos- ta oeste da Escécia ¢ atacou-o com duas bombas de 45 kg, cujo tinico dano consis- tiu em perfurar’ os tanques do préprio vido com os estilhagos. O primeiro sub- marino afundado com a participagio do Comando Costeiro foi o U-55, em 30 de janeiro de 1940, atacado pelos navios Fo- wey eWhitshed e por um Sunderland. An- tes disso, um Blenheim Mk IV do Coman- do de Bombardeiros da RAF havia destrui- do o U-31, em Schillig Roads. As foreas britinicas Em julho de 1940, o Comando Costeiro ja tinha & sua disposigo 490 avides, incluin- do quatro bombardeiros-torpedeitos Bris- tol Beaufort Mk I. Também a FAA (Fleet Air Arm, aviagdo naval), com suas foreas relativamente pequenas, teve pape! impor- tante nos primeiros meses de guerra. Em setembro de 1939, a FAA possuia 232 avides, a maioria de segunda linha, sendo seu mais novo modelo o Skua Mk Il (36 aparelhos). O principal avio de ataque era o extraordinario biplano Fairey Swordfish MK I, um bombardeiro de reconhecimen- to e torpedeiro (havia 140 em servigo). De resto, a FAA dispunha de avides de reco- 4 Os Arado 196 substituiram ‘os He 60 como aparelhos embarcados de reconhecimento. Em 1939, ‘operavam no Admiral Graf ‘Spee, Scharnhorst, Liitzow e Gneisenau. Lae eee cece Um Dornier Do 18D-1 afunda depois de entrar em combate com wm Hudson briténico. Eram comuns os encontros de vides inimigos nas missdes de patrulha sobre o mar do Norte. nnhecimento operados a partir da costa ou de porta-avides, tais como 0 Supermarine Walrus ¢ 0 Fairey Seafox. Desde o inicio das hostilidades a FAA passou a lancar patrulhas anti-submarino a partir do Ark Royal, do Hermes e do Courageous nas regides noroeste e sudoes- te. Os porta-avides Furious, Glorious e Ea- gle estavam estacionados no Atlantico, a0 largo de Aden (Oriente Médio) e na Ma- laisia, e 0 Albatross se encontrava perto de Freetown (em Serra Leoa). Encerrada a Embora vulnerdvel, 0 He 115 operava como torpedeiro, lancador de minas e vido de reconhecimento. O aparelho da foto, recebeu esquis de aco nos ‘flutuadores para misses no gelo. ‘Sem baia interna de bombas ¢ cam armamento leve, 0 Avro Anson Mk I ‘mostrou-se inadequado como aparelho de ataque a submarinos. Junho de 1940: 0 eruzador Gneisenau dispara contra o porta-avides Glorious. O navio britinico afundow durante a uiltima retirada da Noruega, com enorme perda de vidas. ‘campanlia na Noruega, o Ark Royal ata- cou o Scharnhorst, mas oito dos Skua lan- sados foram derrubados, vitimando os co- mandantes da 800.* ¢ da 803.* Esquadri- Tha. Com a perda do Glorious, em junho de 1940, 0 Ark Royal tornou-se o tinico porta-avides disponivel na Home Fleet (frota circunscrita as dguas territoriais), j& que 0s demais se achavam transportando avides ou estacionados no mar Mediterra- neo € no oceano Indico. Operagées da Luftwaffe Antes da guerra, a Luftwaffe néo dispu- tha de foreas especializadas antinavio sob seu comando. Em abril de 1939, foi criada ‘uma fora especial de bombardeiros velo- zes para enfrentar a Marinha briténica em alto-mar e atacar seus portos. Essa unida- de, que recebeu o nome de 10.* Fliegerdi- vision, a principio contava apenas com bombardeiros Heinkel He 111P-2 e come- ou atacando navios mercantes e barcos pesqueiros. No dia 29 de setembro, um Dornier enviado para reconhecimento na regido do Great Fisher Bank localizou a forca principal da Home Fleet, com os en- couragados Nelson e Rodney capitaneados pelo porta-avides Ark Royal. Pouco antes das 13 horas, nove He 111 fizeram a inter- ceptagdo, auxiliados por outros Junkers Ju 88A-1, e lancaram bombas contra 0 Ark Royal. As mensagens deste foram mal in- terpretadas pelos alemdes, que anunciaram seu afundamento. Nos meses seguintes, a constatacao de que o Ark Royal continua- va flutuando tornou-se motivo de profun- do constrangimento para a Luftwaffe. No dia 16 de outubro, alguns Ju 88A-I causa- ram danos no Edinburg ¢ no Southamp- ton, antes de serem interceptados pelos Spitfire e Hurricane brit€nicos. Dois dos Saro Lerwick Mk I. Apenas a 209.* Esquadrilha estava equipada com esse hidroavido de patrulha, um dos malsucedidos modelos da Forga Aérea briténica, Ju foram abatidos. No dia seguinte, o Tron Duke também ficou bastante danificado. A Alemanha iniciou o langamento de mi- nas — muitas magnéticas — nos portos do leste da Inglaterra em setembro de 1939, © que elevou o niimero de embarcagdes da frota mereante afundadas. Apenas em no- veribro foram a pique treze navios. Mas as perdas alemas também resultaram ele- vadas, em parte devido a perigosa nature- za do trabalho. Como contramedida, os britdnicos introduziram as DWI (directio- nal wireless installation, instalag&o direcio- nal sem fio) Wellington Mk IA, para loca- lizago de minas magnéticas. Por essa épo- a, © KG 40 (Kampfgeschwader, unidade de ataque somando de 120 a duzentos apa- relhos) operava os Focke-Wulf Fw 200C- © C-1 Condor para vigiar e atacar a frota inimiga. Gigantescos quadrimotores orig nalmente projetados para o transporte de passageiros, 0s Condor tiveram de ser adaptados para o desempenho de fungdes militares Cresce a luta no mar A queda da Franga e a ocupacdo dos por- tos de Biscaia tornaram possivel a evolu- co da estratégia da Alemanha. Seus sub- marinos Type VIIC oceanicos jé no pre- cisavam empreender longas viagens até as zonas de patrulhamento, pois podiam usar as bases francesas de Lorient, Saint-Nazai- re, Brest, La Pallice e Bordéus. Uma dire- triz de Hitler, com data de 17 de agosto de 1940, propondo uma guerra irrestrita con- tra 0 Reino Unido, deu mais impeto as for- 68 alemds, eo niimero de navios mercan- tes afundados alcancou proporgdes ala mantes. Em junho de 1940, 0 comando germanico baseado em Lorient jé havia Posto a pique 58 navios, atingindo o recor- Em 1940, os avides Bristol Beaufort ‘Mk I representavam uma nova geragio de aeronaves de médio porte, para fungdes de ataque e torpedeamento, no ‘Comando Costeiro da RAF. de de 284,000 t afundadas. Em setembro, ‘esse mimero chegou & casa das 295.000 t; em outubro, mais 63 embarcacdes foram torpedéadas, elevando a tonelagem perdi- da para 352.000. ‘Sem avides de longo alcance para escol- tar os comboios, 0 Comando Costeiro da RAF nada podia fazer. Para as tripulagdes dos submarinos alemaes, eram die Gliick- liche Zeit (os tempos felizes): as téticas eram minimas, com resultados altamente positivos, trazendo fama a varios oficias. Até 8 de margo de 1941, apenas 34 subma- rinos haviam sido atingidos; e, destes, s6 quatro afundados pelos avides da RAF ou da FAA, Luta pelas rotas maritimas Isolada, a Gra-Bretanha dependia inteira- mente dos combotos que, assediados pelos submarinos, chezavam mutilados da Amé- rica trazendo petrdleo, alimentos, matérias- primas, equipamento bélico ¢ homens. Es- sa fase ficou conhecida como Batalha do Alantico. Era necessria uma ago imedia- ta para eliminar os submarinos alemaes, responséveis pelo afundamento, em 1940, de 2.186.150 t, e cujos efetivos continua- vam a crescer com rapidez. Tomaram-se entdo as primeiras medidas para uma rea- gio adequada. Em fevereiro de 1941, toda a responsabilidade da guerra aos submari- no passou a ser do novo comandante-em- chefe das Western Approaches (Defesas do Oeste), almirante Sir Percy Noble. Criaram-se centros de treinamento dedica- dos unicamente uta ant-submarino, com énfase no uso de novas armas ¢ téticas, bem como na introdugdo de aparelhagem de busea e localizacdo. O principal detec- tor, o sonar, recebeu aperfeicoamentos e, fem julho, entrava em servigo um equipa. 147 COMBATES AEREOS Os Heinkel He 59 da Lufowaffe foram bastante empenhados em resgates na primeira fase da Batatha da Gra-Bretanha, sobre a Mancha, durante 0 verdo de 1941. Mesmo nao sendo da mesma categoria que os cacas de primeira linha, 0 Fairey Fulmar era muito apreciado por sua resistencia no desempenho de missdes de reconhecimento. ‘mento de longo aleance para interceptar as transmissdes dos submarinos. Em marco de 1941, 0 radar Type 271 de 10 cm, ja aperfeicoado, foi instalado no Orchis, com bons resultados. Porém, apesar desses no. vos dispositivos, havia a necessidade urgen- te de maior nimero de navios de escolta, tripulados por homens treinados em com bates contra os assaltantes submersos. Em 7 de marco de 1941, o U-47 desapa- receu com todos os seus homens, afunda: do pelo Wolverine. Dez.dias depois, o Wal- ker eo Vanoe deram fim a0 U-100 e a0 U-99, num duro golpe contra os alemaes. Mas ainda persistia a ameaga dos encou- racados e dos avides bascados na costa, Ainda em marco, o primeiro-ministro briténico Winston Churchill exigiu que se fizessem todos 0s esforcos para acabar com (8 submarinos alemaes e com 0s avides Fw 200C-1 Condor. No dia 9, o Comando de Bombardeiros da RAF recebeu ordens pa- ra destruir as bases e estaleiros de subma- rinos, além das indiistriasligadas a sua fa- bricaedo. Na noite de 30 de margo, 0 Co- mando iniciou uma ofensiva contra os eru- zadores de batalha Scharnhorst e Gneise- ‘nqu, ancorados em Brest para reequipagem apés uma bem-sucedida incursdo no Atlan. tico norte, que resultou no afundamento dde 22 navios (115.600 t). Durante o ataque, que teve a colabora¢do do Comando Cos- teiro, um Bristol Beaufort Mk I da 22." Es- quadritha conseguiu acertar um torpedo no costado do Gneisenau. ‘Caca a0 Bismarck © mis de maio registrou 0 afundamento do Bismarck, formidével encouracado ¢ or- gulho da Kriegsmarine. No dia 18, 0 Bis- ‘marck parti de Gdynia (cidade polonesa 4s Em meadios de 1941, 0 servigo alemao de reconhecimento proximo ainda estava a cargo dos biplanos Heinkel He 60D-1, jd totalmente superados e em final de carreira no mar Baltico) juntamente com 0 cruza: dor pesado Prinz Eugen, numa tentativa do ‘comando alemao de concentrar suas em- barcagdes de superficie sobre os comboios aliados. Navegando através do estreito da Dinamarca, os dois navios chegaram a Kors Fjord, nas proximidades de Bergen, na Noruega, onde ancoraram para se rea bastecer, na noite de 21 para 22. ‘Um Martin Maryland da 771.* Esqua- drilha da FAA avistou e confirmou a par- tida dos dois poderosos vasos de guerra pa- rao Atldntico norte. A Home Fleet deixou centao as aguas britanicas, a fim de inter cepti-los, levando 0 Victorious, o Hood e o King George V. Na rapida batalha que se seguiu (a noroeste da Islandia), na ma- nha do dia 24, 0 Hood foi a pique, ao re- ceber o impacto direto de uma descarga do Bismarck. O porta-avides Victorious lan- ‘901 todos 0s seus nove Swordfish, que lo- sraram atingi-lo com um torpedo, mas sem danificar a incrivel blindagem. Na manha do dia 26, um hidroaviao Catalina da 209." Esquadritha tornou a localizar a belonave a oeste da Gra-Bretanha, O Ark Royal, na- vegando de Gibraltar para juntar-se a ca- «cada, despachou seus trinta Swordfish cor tra 0 Bismarck. Um tinico torpedo atingiu 05 lemes do grande encouracado, que no conseguiu mais manter um curso regular rumo a costa francesa. Aleaneado pela fro- ta britanica e impossibilitado de manobr efencleu-se tenazmente enquanto pode. A 10 horas e 40 minutos do dia 27 de maio, © Bismarck desapareceu da superficie le- vando quase toda sua tripulagao. Em 1.° de junho 0 Prinz Eugen, esca- pando da batalha por uma rota mais ao sul, juntou-se aos navios alemaes que estavam, em Brest. Pelo resto do ano, a Marinha bri- tinica despendeu a maior parte de sta enet- sia no combate a ameaca representada pe- Ja concentracdo dessas unidades da Kriegs marine. Fairey Fulmar decola do Victorious. Operado por oito esquadrithas em 1941, desempenhou importante papel na luta contra o Bismarck. AERONAVES FAMOSAS IAI K fir Copiado do Mirage francés, o caga israelense tornou-se um dos melhores produtos da moderna engenharia aerondutica. A produgdo de avides de caga em territério israelense é fruto de ‘uma desesperada necessidade de manter a superioridade aérea, em termos qualitativos, sobre os Estados arabes vizinhos, cujas forgas aéreas, somadas, possuem aparelhos em muito maior nii- mero. Decorre também da preméncia em contornar os embargos no fornecimento de armas, situagdo mortalmente perigosa que se apresentou nos momentos mais graves da breve e conturbada histOria de Israel. Tal empenho, carregado de episédios de espio- nagem bélico-industrial e de admiravel iniciativa tecnolégica, re- sultou no desenvolvimento do TAT Kfir, um dos melhores eagas leves de multiemprego da aviacao militar internacional. ‘A Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, levou o Estado is- raelense a uma inevitavel ¢ importante mudanga de conduta. Ao desfechar um fulminante ataque preventivo contra o Egito ¢ a Siria, destruindo no solo a avia¢o que os inimigos vinham acu- mulando para uma esperada invasio de seu territ6rio, Israel deu uma demonstrago do poderio alcancado na década de 60, bem como da competéncia de seus planejadores militares. Mas os paises amigos — Estados Unidos e nacdes européias — desaprovaram a surpreendente agdo e protestaram. Como resultado, alguns des- ses paises passaram da desaprovacdo aos atos e retiveram ou res- tringiram 0 fornecimento de armas compradas por Israel, Isso forgou o Estado judeu a considerar as possibilidades de comegar a produzir seu proprio equipamento ou de obté-lo por meios in- diretos. Entre as nagdes que tomaram medidas imediatas contra os is raelenses estava a Franca. O governo francés permitiu a entreza de pecas de reposicio e equipamentos de apoio, mas vetou a re- essa dos novos avides e barcos de patrulha j4 encomendados. Depois do ataque israelense ao aeroporto de Beirute, em dezem- bro de 1968, 0 embargo francés se estendeu com rigor a todas, as categorias de suprimento militar, situag4o que perdurou até ‘meados de 1973, quando Egito e Siria uniram suas forgas e ata- caram Israel em duas frentes, no Sinai e em Golan. Na guerra de 1967, 0 micleo da Forca Aérea israclense (a Heyl Ha’Avir) era formado por trés esquadrillias de Dassault Mirage TICS, num total de 72 aparelhos fornecidos diretamente pela Franga, Rumores davam conta de que mais vinteteriam sido en- tregues pouco antes da guerra, informagao jamais confirmada, Sabe-se com certeza, porém, que havia uma encomenda de cin- iienta Mirage 51, com contrato assinado, parte do pagamento ji efetuada e prestagdes saldadas & medida que os avides iam sendo fabricados. Em conseqiiéncia do embargo, esses avides ficaram inicialmente armazenados, quando se tornou claro que nao ha- via possbilidade de solucionar o impasse a curto prazo, eles fo- ram entregues & Armée de I’Air (a Forga Aérea francesa) sob dlesignagio Mirage SF (formaram duas esquadrilhas: EC 111/13 “Auvergne” € EC III/3 ““Ardennes”. As forgas francesas rece- bberam, assim, um inesperado reforco, a0 passo que os israclen- ses se viram de repente com um niimero de aparelhos de combate ‘muito aquém do que estipulavam as avaliagdes de seu servigo de inteligéncia. E, o que era pior, sem nenhuma perspectiva imedia- ta de compensar tal perda. ‘Apés a entrada em servigo dos McDonnell Douglas F-4E Phan tom, no més de setembro de 1969, a Heyl Ha’ Avir passou a con- tar com trés tipos de avido de combate, todos eficientes em sua respectiva aplicago: 0 Phantom, 0 Skyhawk ¢ 0 Mirage. O MeDonnell Douglas A-4 Skyhawk, um verdadeiro “‘caminhao de bombas”, de emprego econémico, era utlizado para apoio cer- rado. Ao F-4E Phantom, um aparelho caro e de custo operacio- nal também elevado, por seu desempenho e equipamento eletrO- nico, competiam as missBes de ataque de longo alcance em terri- trio arabe, bem como a defesa sob qualquer tempo das cidades, israclenses. O Mirage IIICI situava-se entre os dois em matéria de prego e, sendo pequeno, veloz e de grande maneabilidade, era 6 iinico que podia cumprir o papel de caca para supremacia aé- rea em boas condigdes atmosféricas. Comportava-se melhor que © Mikoyan-Gurevich MiG-21 empregado pelas forcas aéreas ira ’bes nos combates a curta distncia e, nas maos dos bem-treinados pilotos da Fora Aérea israelense, podia garantir 0 elevado indi- ce deinimigos abatidos que a pequena forca de Israel necessitava para sobreviver. © aparetho 712, um dos primeiros Kfir, ainda era equipado com 0 radar Cyrano, francés. A maioria dos avides de série presenta 0 nariz mais alongado e fino que 0 Mirage 5, com um pequeno radar Elta. Primeiro Kfir-TC2, treinador biplace. E bastante evidente o rebaixamento do nariz, proporcionando uma visao aceitdvel 0s dois tripulantes na decolagem e aterragem. Os canard fixos aumentam a sustentacao. = 4 AERONAVES FAMOSAS Precisa-se: avido para dogfight ‘Com os cagas de fabricagio francesa reduzidos pela guerra e pe- Jo embargo — ¢ continuando a diminuir em conseqiiéncia de per- das normais ocasionadas pelo treinamento em tempo de paz —, 2 prioridade israclense se voltou para a busca de um apareiho igual. O novo avido deveria ser como 0 Mirage e, se possivel, ter melhor desempenho nos dogfight, para que pudesse enfrentar as ‘geragSes mais avancadas de MiG. Além disso, também precis ria estar capacitado para desempenhar missdes de ataque ao so- Jo, a fim de auxiliar ou mesmo substituir no futuro 0 A-4,jé/em processo de envelhecimento, A solucao para o problema estava em produzir 0 Mirage em Israel, adaptando-o as necessidades locais. Todavia a tarefa de copiar um avido intero, sua turbina e equipamento operacional (a exemplo do que fizeram os soviéticos com 0 Tupolev Tu-4, co- ppiado do bombardeiro americano Boeing B-29), constitui um pro- ‘cesso trabalhoso, que demanda quase tanto tempo quanto para projetar e fabricar um novo aparelho. Mas Israel precisava de resultados rapidos , nesse sentido, contava com muitos simpati- zantes no estrangeiro em condigSes de agilizar 0 processo. ‘Nunca se conseguiu descobrir a maneira exata como foi im- plantada a producao do Mirage em Israel. Naturalmente nao sur- giu, da noite para o dia, um grande parque industrial capaz de fabricar todos os itens necessdrios, desde os avidnicos até os sis- temas hidrdulicos, passando pelos componenteselericos,instru- mentos, rodas, pneus, freios ete. Ou o equipamento original fran- cfs chegou por intermédio de terceiros (até mesmo direto da Fran- ga, como pegas de reposigao para avides que nao existiam) ou material procedente de diversos paises, provavelmente dos Esta- dos Unidos, o substituiu. E fato conhecido que a IAI (Israel Aircraft Industries) conse- guiu um conjunto completo de plantas do Mirage e que elas po- dem ter vindo da Franca, Suica, Australia ou — hipétese bem mais plausivel — da prépria org: isdio Dassault, apesar de o embargo de material para Israel ainda estar vigorando. Também se sabe que o servigo de inteligencia israelense obteve na Suiga um conjunto quase completo de plantas da turbina SNECMA Atar, por intermédio de um empregado da Sulzer (empresa fa- bricante do equipamento sob licenga). Esse funciondrio, Alfred Frauenknecht, foi depois condenado a 4 anos e 6 meses de prisao por faciltar oreforgo militar de Israel contra os érabes;e,ironi- ‘camente, as plantas da Atar serviram apenas para fabricar pecas de reposigdo dos impulsores originais franceses. ( Mirage fabricado pela LAI recebeu o nome de Nesher, pre- sumivelmente com modificagdes para adequar-se as necessidades: locais € aos equipamentos ja disponiveis em Israel. Relatorios fa- Jam de um primeiro vBo desse avido em setembro de 1969, mas parece pouco provavel que os israelenses tenham obtido as plan- tas, 0s gabaritos de montagem, organizado todo o ferramental, € construfdo o primeiro aparelho em apenas dois anos. Mais rea lista seria a hipdtese de que um Mirage fabricado na Franga te- nha sido modificado para o Nesher e que esse aparelho tenha fei- to um vo experimental naquela data. Isso se ajusta mais as in- formagées de que as entregas do caga comeraram em 1972 ¢ que perto de quarenta se encontravam em servigo por acasito da Guer- rado Yom Kippur, em outubro de 1973. Os Mirage franceses con- tinuaram em uso na Forga Aérea israclense durante os anos 70, ‘mas 0s Nesher, segundo se acredita, foram aposentados em 1974, provavelmente convertidos ao padrao Kfir. Verses do IAI Kfir Nomenclatura do IAI Kfir escuatne AERONAVES FAMOSAS Opedes de carga bélica do Kfir-C2. Além dos dois canhées DEFA e das fitas com 125 projéteis de 30 mm, diversas bombas de queda livre, varios foguetes, municiadores e ejetores multiplos de cartucho completam 0 conjunto. Primeiro Kfir-C2 apresentado nna base aérea de Hatzerim, no Neguev, em 1976. Traz dois misseis ar-ar Rafael | Shafrir Mk 2 de curto aleance, um tanque de 1.300 litros sob a fuselagem e mais dois de 500 litros cada nas casas. Os tringulos em laranja e preto foram usados para distinguislo dos Mirage ‘arabes, 144 Israel Aircraft Industries Kfir Caracteristicas IAL Kfir-C2 Tipo Caga monoplace polivalente. Propulsio Uma turbina General Electric J79-GE-17 com pés-queimador, 8.020 kg de empuxo estitico, fabricada pela Bet-Shemesh Desempenho Velocidades: em vo nivelado a grande altitude, 2.655 km/h ou Mach 2,5; a0 nivel do mar, 1.390 km/h ou Mach 1,136; atinge 15.250 m de altura Mach 2 em 4 minutos ¢ 30 segundos; teto de servico, 18.000 m; raio de a¢do em patrulha de combate (aito- baixo-alto), 685 km com 40 minutos na area de luta; 6680 km em missdes de ataque ao solo com seis bombas de 227 kg (alto-baixo-alto). Pesos Normal de combate (com dois misseis ar-ar Shafrir e 0% de combustivel interno), 9.370 kg; ximo de decolagem, 14.570 kg. Dimensdes Envergadura, 8,22 m; comprimento, 15,55 m; altura, 4,55 m; drea alar, 34,8 m?, Armamento Dois canhdes DEFA de 30 mm cor projéteis ¢ até 4.000 kg de cargas externas em oito suportes de fixagao. 80 AERONAVES FAMOSAS _+\__ Ze —-“a = O 'passaro abre as asas Pelo final da década de 60, Israel precisava prevenir-se contra os cagas MiG mais avangados, em especial os modelos 23 ¢ 27, que (05 frabes logo estariam operando, e principalmente por causa da pressdo exercida pelo embargo francés a entrega dos avides ne- essérios para a superioridade aérea. O General Dynamics F-16 Fighting Falcon, que eventualmente poderia resolver o proble- ma, s6 vou em 1974 e, mesmo assim, apenas para demonstra- do de tecnologia. Do ponto de vista israelense, pela boa manobrabilidade ¢ con- fortavel cockpit, 0 Mirage representava uma base sélida para de- senvolvimento, embora precisasse de mais empuxo ¢ maior ca- pacidade de carga. Além disso, poderia prescindir do radar Cyra- no, considerado muito sofisticado para as condigdes de opera- ‘¢€0 no Oriente Médio, onde a visibilidade é quase sempre étima ‘20s cagas podem ser dirigidos pelos radares de terra até o conta- to visual com 0 alvo. ‘0 primeiro problema foi resolvido com o fornecimento da tur- bina General Electric J79, a mesma que equipa os McDonnell Douglas Phantom F-4E. Com pos-queimador e empuxo de 8.119 kg, esse propulsor fornecia 35% a mais de poténcia sobre os 6,000 kg do SNECMA Atar 09 do Mirage original. Como a turbina 379 mais curta e tem um didmetro maior que o da Atar, a fusela- ‘gem traseira do avido teve de sofrer algumas alteragdes, com um. conseqiiente prejuizo da capacidade interna de combustivel. To- madas de ar adicionais foram acrescentadas, com a finalidade de se obter uma melhor refrigeragdo na area do pés-queimador. Muitas outras alteragdes foram processadas: cockpit totalmente novo; mudangas na parte eletrOnica, incluindo algum equipamen- 146 Embora ostente a ‘camuflagem de atague da Forca Aérea israelense, 0 712 estd equipado com o radar Cyrano, para missées de caca de superioridade aérea. to de fabricacdo israelense; trem de pouso mais resistente, 0 que possibilitou a elevacaio do peso na decolagem; e previsdo de maior carga bélica, incremento presente num novo suporte subalar i terno, proximo & raiz da asa. O desenvolvimento do projeto des- se Mirage com a turbina J79, depois chamado Kfir (leéozinho, em hebraico), comegou em 1969. Um aparelho francés modelo IIBJ modificado para receber a J79 voou pela primeira vez. no dia 19 de outubro de 1970. O primeiro Kfir de fabricagao verda- deiramente israelense ficou pronto em meados de 1973. Mas um Mirage IIICJ, monoplace, adaptado para o padrio Ktir, deco- lou em setembro de 1971 Esse primeiro Kfir (niio houve Kfir-C1) exibiu-se no aeroporto Ben Gurion em 14 de abril de 1975, quando se apresentaram dois exemplares a imprensa. De acordo com as informagées divulga- das, as entregas comegaram no mesmo més, mas apenas quaren- ta acronaves deixaram as linhas de producao (para compor duas, esquadrilhas), pois o modelo foi posteriormente recolhido e mo- dificado para 0 Kfir-C2 A ‘As asas em delta simples do Mirage e do primeiro Kfir tinham varias caracteristicas excelentes, como, por exemplo, arrasto ‘muito baixo (em conseqiléncia do acentuado enflechamento e da ‘mudanga gradativa na sepao transversal) e étimo volume para ar- trabatho de remuniciamento exige pessoal bem-treinado. ‘As cargas de ataque ao solo mostram que a cor azul também ‘foi usada nos aparethos polivalentes. No cockpit, 0 assento ‘ejetdvel Martin-Baker zero-zero e outros componentes britinicos completam os sistemas de bordo.

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