Download as pdf
Download as pdf
You are on page 1of 32
SOCIOLINGUISTICA OS NIVEIS DE FALA Um Estudo Sociolingiiistico do Didlogo na Literatura Brasileira bee Dino Preti SBD-FFLCH-USP wi —_<$—<— LA SOCIOLINGUISTICA EO FENOMENO DA DIVERSIDADE NA LINGUA DE UM GRUPO SOCIAL DIALETOS SOCIAIS E NIVEIS DE FALA OU REGISTROS O carater social de uma lingua ja parece ter sido fartamente demons- trado. Entendida como um sistema de signos convencionais' que faculta aos membros de uma comunidade a possibilidade de comunicagio, actedi- ta-se, hoje, que seu papel seja cada vez mais importante nas relagdes humanas, razéo pela qual seu estudo ja envolve modernos processos cientificos de pesquisa, interligados as mais novas ciéncias e técnicas, como, por exemplo, a propria cibernética. Entre sociedade e lingua, de fato, nao ha uma relagao de mera causa- lidade. Desde que nascemos, um mundo de signos lingiiisticos nos cerca, € suas intimeras possibilidades comunicativas comegam a tornar-se reais a partir do momento em que, pela imitagéo e associagio, comegamos a formular nossas mensagens. E toda a nossa vida em sociedade supde um problema de intercémbio e comunicagao que se realiza fundamentalmente pela lingua, o meio mais comum de que dispomos para tal. 1. Naose vao disemlir aqui as especu afirmativa, ans, diversos € imprevistos, cercam a vida dg imagens, a ordem (Henri comnponslo mensagens de toda ordem (Henri Lefebyre em moderno, compc sagens cae! e homem Me que tnidigaras de mensagens caem sobre pessoas majy diria poeticamente d gindas"), transinitidas pelos mais diferentes Sons, gestos, conti © cinema, a imprensa, o ridio, 0 telefone, ¢ ganda, 0s desenhos, a mlisica e tantos outros, apel preponderante, seja em sua formg ‘ou menos interessadas & canais, como a televisao, telégrafo, os cartazes de propa t ssempenha um a lingua desempenha ante, seja ems uu codigo substitutivo escrito. E, através dela, 9 nos cerca é permanentemente atualizado. im todos, oral, seja através de se to com o mundo que : mu Nas grandes civilizagées, a lingua é 0 suporte de uma dinamica social snp inembros da comuni- cont que compreende nao s6 as relagdes diarias entre os sbros dco dade como também uma atividade intelectual que vai desde o fluxo infor- mativo dos meios de comunicagao de massa até a vida cultural, cientifica ou literaria | : | ; A lingua funciona como um elemento de interagao entre 0 individuo e a sociedade em que ele atua. E através dela que a realidade se transforma em signs, pela associagio de significantes sonoros a significados arbitré- rios, com os quais se processa a comunicagio lingiiistica®. Entendida como manifestagao da vida em sociedade, o estudo da lingua pode ligar-se a sociologia, abrindo-se, a partir dai, campos novos de pesquisa, em especial o da sociolingiiistica Os estudos desta disciplina tiveram grande desenvolvimento nas déca- das de 50 e 60, nos Estados Unidos, e o interesse despertado pelas pesquisas deve-se, possivelmente, a grande divulgagio dos estudos de comunicagio, A necessidade de maior aproximagio com outros povos, ou de conhecimen, 2. “E, com efeito, nm lingtit © pela lingua que individuo © socie ade se determina mutuamente, 0 homem seutit sempre ~ © os poetas reqiientemente canta ~ © poster criador da Tinguagem, que Jnstanra una realidade imagiiir hima as cous: increntes, faz ver o que ainda nio existe, tr1Z aH 16s 0 ja desaparecido. Por isto latitas mitologias, aa ascer alum 0 ter que explicar qite cous do nada, citam come principio lavea, Nav ii, certamente, fora dos tempos pole ; " iador do mundo esta esséneia imaterial © poder mais alto, ¢ todos os poderes lem deste. A soci também o inividuo. O desper fing do homem, sem excegio ule nio & possivel a + pela Lingua; ¢ pela lingua ar da consciéneia na erin plz poco coincide sempre como aprendizadlo da 4 pouco como individuo na sociedade, Fonte deste poder mist Mas, quale, pois, wal &, pois oso qu ext, futisey ‘ide na lingua? Por que 0 individuo e a sociedade igual necessidad fimdamentados Porque ling Fepresentaa fo afacullade de siinbutisar a condigio humans, mplanente, a Faculdade de comprendera eee 10" como represenitante do real; pot i Ht cous © algo." (Eile Ber Veintinno Lditores, 1971, p, 27, “signo’ e de ica represemtar o weal por un Gio" entre tanto, de estabelecer uma relagao de ‘iste, Problemas de Li siglo igiiistica General, Me to melhor da propria comunidade (num didlogo em que os estudos multi- dialetais ¢ multilingiies teriam especial significagao), e 4 divulgagao, cada vez maior, dos estudos de sociologia e lingiiistica. Alie-se a esta ultima circunstincia 0 conhecimento mais aprofundado das obras de Sapir, Bloomfield e Boas, considerados precursores das teorias sociologicas da linguagem nos Estados Unidos". Alem disso, nessas décadas, 0 estudo da lingua dos indios americanos ganhou novos estimulos, em fungao do crescente processo de aculturagao e evangelizagao dessas sociedades primitivas. Nesse sentido, a pesquisa lingiiistica de Benjamin L. Whorf desempenhou papel importante. Partindo da estrutura do contetido, estudou o processo de andlise da realidade na lingua hopi, tribo americana, focalizando a expressao do fendmeno tempo e espa¢o, imtimamente relacionado com fatores etnclogicos dessa civiliza- ao. Era, de certa forma, uma volta as teorias de Humboldt, segundo as quais a lingua organizaria a visio do mundo, peculiar a cada povo’. Modernamente, estudiosos como William Bright, Dell Hymes, Wil- liam Labov, J. Gumperz, Roger Shuy, J. Fishman, B. Bernstein, Paul L Garvin, J. B. Marcellesi, J. Sumpf, M. A. K. Halliday, John L. Fischer, C. A. Ferguson, Paul L. Garvin, entre outros’, tm conduzido a sociolingiiis~ tica aos mais diversos caminhos, no estudo do que os especialistas ameri- canos costumam chamar de dialeto social, ou seja, “habitual subvariedade da fala de uma dada comunidade, restrita por operagdes de forgas sociais a representantes de um grupo étnico, religioso, econdmico ou educacional especifico’™®. dive rgéncias (0 primeiro 3. A obra de Leonard Bloomfield e a de Edward Sapir, nio obstane considera o fendmeno lingitistico plenamente integrado no mecanistio da comunicagio social, através ido eneara a finguagem como “un de un condicionamento de estinulos ¢ reagdes, enquanto 0 see Jade", ressaltando suas ligagdes coma culty 1), Sao una nascida com Meillet € Vendlryes, em rice Leroy, As Grandes Correntes onseqiicnci simbolo poderoso de soli ws da chia deste, Le Langage, publicada ucla escola socioldgica francesa dia difusio das ide’ 1 1920. (CI lee, The Massachusetts Institute Lee Whort, Language, Thought and Reality, Ca an of Technology, 1956. 5. Destaca-se William 1 cupregados. Veja-se, por exemplo, 0 inquérito que rea dla estratiticagao social ilo variagdes Fonoligicas ¢ dados exteal ile, como Seu starus, sta rend, Se escolaridade e sua profissio, Ver The Social Stratification of English in New York City, Louulres, Oxford University Press, 1976. 6. Cf Raven MeDavid Jr., “Dialect Differences and Social Dillerences em Urban Society", em William Bright, Sociolinguistics, Nova York-Patis, Mouton-The Hague, 1966, p. 73. ¢ pela originalidade dos métodos de las pesquisa {zou num dos baitros de Nova York, aproposito pilisticos do pov, pela importin yetaagem nos aceitar a idéia de que a sociolingiiisticg riagdes lingilisticas e as variagées sociolg. Em principio, poderiat entre as va estudaria as relagdes entre as Vé ire as variago IS Varingoes ‘ao da lingwagem de um falante as rolagoes: sta deve tentar mostrar Se a ¥ 10 positive, como Comoa sociolin socioligieas, 0 sociolin) 7 por quic fator?, 1 outro esti determinuda ¢, em ¢ Estas relagdes, além de vagas, envolvem os miltiplos contatos que a lingiistica tem com a sociologia ea etnologia, a ponto de se entender a linaua ea sociedade como uma mesma unidade dentro do processo vital’, Ja Bloomfield reconhecia que ‘a divisio do trabalho e, com ela, todo 0 mecanismo da sociedade humana, é devida a linguagem’”, © que teria levado Wilbur Marshall Urban a afirmar que pensarque somos eapazes de hem express niente vivid nao teu sentido, Poder as seu sentido imo pode eapta for. Tal expresso ou comunicagao & partedo proprio proceso ou intuir dirctamente a vida, Tinguaigem, vital [...] Num sentido ben objetivo, os limites da minha linguagem sao os limites do meu O alargamento do enfoque das relagdes sociedade/lingua, considera- das profundamente interdependentes, conduz ao estudo das estruturas do Pensamento de certas comunidades e a forma como estas atticulam lingitis- ticamente sua realidade, em consonincia com sua cultura e sistema de vida (assim, por exemplo, a rel jagdo entre o sentimento de posse em certas comunidades ¢ a sintaxe dos possessivos; a ocon éncia maior de verbos de movimento nia vida dos povos némades; a presenga de certas expressoes de \ratamento, de fundo afetivo, ligadas a tradicional ~ e nem sempre verda- deira ~ contesia francesa etc.), campo especifico de outra nova disciplina, 7. Frangoise 6: lt, “Recherches récen sripaie * les variaions sociales de la langue", Langue francaise, 8. "Enquate ato, ing wane 3 pgm ot mo env to cial, qué de Imanifestigoes, suas etistalizagos me rl Asso © 9 inn aa ZS © 8 be, la exprine senpea eags S chilis, O oe 'pericuci dos homens, © que chat Como de existincia se conlicionm pede que se possa deduzie an dos te a A este respeito, quem iz i Pats Proaes Unicast Ht Sociologi ds lamger eon Georges 9. Leonaed Bloonatietd eee de i ince, 1963, p, 2 i +1963, p, 276), catia nee Allen & Unwir, 1950, p24, Hd Mexico, Fondo de Cultura Boon Language, Londres, Lenguaje yp 10. Wilbuetarsha Un “a, 1952, p. 13. DINO PRET. v v i Su cl ti hy a etnolingilistica, definida por Pottier como ‘*o estudo da mensagem lingtiistica em ligagao com o conjunto de circunstincias da comunica- $0"""', compreendendo diversas abordagens, entre as quais a das relagdes lingua/cultura, lingua/pensamento/realidade. Nao devemos, porém, cometer o erro de condicionar diretamente a lingua aos fatores culturais ou raciais, embora se reconhega que pode haver uma ligagao entre eles, em especial no que se refere ao vocabulario de uma lingua. O que se observa, em geral, nos estudiosos da etnolingiiistica, é a preferéncia pela pesquisa em linguas de pequenas comunidades ou naque- las mais afastadas dos focos de civilizagao e, portanto, mais fechadas (as linguas orais africanas, as linguas dos esquimés, as linguas polinésias melanésias etc.), cujas estruturas documentam melhor uma visio original do mundo. A verdade é que a pesquisa nas linguas das comunidades mais civilizadas levaria a conclu es contraditorias: de um lado a existéncia evidente de certas influéncias, em particular do fator cultural, mas de outro aimpossibilidade - conforme reconhece Sapir - de estabelecer um rigoroso € necessario condicionamento'. Dificil seria estabelecer uma diretriz tinica, fixa, na abordagem dos problemas que envolvem a relagao lingua/sociedade, seja a luz da sociolin- giiistica, seja a luz da etnolingiiistica. Estudando a delimitagao do campo de pesquisa sociolingiiistico, J. Sumpf afirma que ‘a sociolingitistica surge, numa primeira abordagem, como uma via ‘outra’, ‘contra’, ‘a mais’, ‘para melhor’ que a via ja bem trilhada da lingiiistica descritiva’’, retomando necessariamente uma série de oposigées, tais como as de lingua/fala, uniformidade/diversidade, simplici- dade/complexidade, fungao/uso, fala/ato de fala, cédigo/fala, fungaojestru- tura, contexto/mensagem, linguagem/situagao, linguagem/homem ou antropologia’’. Para William Bright, um dos mais importantes especialistas norte- ia problemas que vao além das americanos, a sociolingitistica abordai simples relagdes entre lingua/sociedade, objeto da sociologia da linguagem, porque sua finalidade seria a comparagao da estrutura lingiiistica com a estrutura social. Introduzindo um volume, editado com os trabalhos de um simpésio de sociolingiistas, na University of California, Los Angeles (UCLA), em 1963, afirma que *‘a tarefa do sociolingiiista é mostrar a u «I Pottier, “Le Domaine de FEthnolingnistique’’, Langages, Paris, (18):3, jun. 1970. 12. CE. Edward Sapir, A Linguagem, Rio de 13. Joseph Sumpf, “Linguistique et sociologie’, Langages, Pa neiro, Acadé aemvertiorina 15 lingiiistica & da estrutura social e, talvez Jem uma diregao ouem outra’’, Para gf? a precisamente materia de que trata a Sociolin, cura limitar, identificando suas dimensoes, 5. ampo Pt interesse, existentes no campo"’. Estas dine, ins de i onclicionadas "205 Vatios fatores defini, ingitistica se encontra correlagig. ada estrutura amento causal riagiio sistema lacion: lingitistic: val mesmo, um rel sta diversidade alstien”, evo 6 ” i aS seja, "as diversa de inter soosde Bright s° encontariam sere iversida mos quais a q case oe Em pi pio, sio tes: adinvensiio do emissor,a do receptor ea gy Em principio, ting). hack sinuagdo ow contexto (set identidad A primeira, envolvendo a iden n tt classe’, onde as difere exemplificada pelo autor com os “‘dialetos 2 > erengas dle fala se correlacionam com a estratificagao socials a seems due compreende a identidace social do recepror ou oUVIn, sera ‘relevant onde quer que vocabutirios especiais de respeito sejan tsndes em se falando com superiores’’; e a terceira “engloba todos os elementos rele- vantes possiveis no contexto de comunicagao, com excegao da identidade “4 Je social do emissor ou falante. é dos individuos envolvidos* ne Essas trés dimensées bisicas da doutrina de Bright'* estao representa- das na formula de Dell Hymes, expostas no artigo ** Toward Ethnographies of Communication””, onde o etnolingiiista americano, retomando o esque- ma de comunicagio de Jakobson'®, propde como método para as pesquisas etnolingiiisticas que se descreva “quem diz, o que, a quem, onde e como™”, formula, na verdade, bem antiga Se as dimensées de Bright e a formula de Hymes nao sao os tnicos caminhos para o equacionamento de todos os problemas sociolingiiist- cos", pelo menos servem para a abordagem de um dos principais deles, ou seja, o da diversidade/uniformidade de uma mesma lingua, condicionada por fatores extralingilisticos. E um processo de estratificagao da lingua, cuja “Introduction: The Dimensions of Socioli weue, 1966, pp. U1 ais quatro dinensdes: (sinerdnicos ou diaerénicos) tage pelas pessous eo que f objetivo especitien da“ *, em Sociolingwisties, Nova quarta, que consta pe a quinta, que abordaria os contraste Sacreditam sobre o comportantente ingiistico delas ede out iguisties™*; 4 iG ‘aplicagia dosestx a dos processos de pire o so da XU, que trataria da extensiio da diversidade ling Klos sociolingitisticos. nalario, a forma dain ea sctima, que se reterivia 16. A saber: oremetente, o desti ocomtexto, 17. CLM. P. Ferry, + 18, “igen, 6 cédizo, 0 a mensaigen'e £0, al, ote ‘Sapir et Pethnotin, Entre outros, bilingitismo, my euistique’’, Langages, Pa ju aly » Langages, Paris, (18):16, jun. 1970. ithe Setilizagao do individu pel MCA e organizagio social de mn, corre! Lingua, controle social & case lingua ladles lingitist Go cute oficial, dlescuvolvin ‘uma conunidade, varied Substitutivos escrito nento de cédigy 16 Dnenn estrut @€ léxico funcionariam como elementos representativos da varia: Sao social. Segundo a posigio do falante e do ouvinte no comunidade, segundo o tipo de relagio que os une, a mensagem de escotha, embora essa divetsidade possa softer contritia, repressi 0 didlogo ocorre, presentaria variagdes gio de uma forga * constituida pela Horna da mesina comunidade em que Varias sao as tentativas de class ficagio desses fatores extralingiiisti- Cos, que influem na maneira de falar, e elas envolvem distingdes geografi- cas, historicas, econdmicas, politicas, sociolégicas, estéticas. Muitas estio diretamente ligadas a0 fendmeno da comunicagao e colocam problemas de relacionamento no trinémio falante-ouvinte-simagéo. Para Gadet, o que se procura na fala de um individuo sao os indices de sua classificagao social. “Se um trago difere de um individuo para outro, © sociolingiiista procurara responder a trés perguntas: Esta diferena é ocasional ou reaparece sistematicamente? E generalizada numa certa situa- $40 ou no interior de um grupo social? Pode-se dar-Ihe uma significagao social?” Para solucionar estas questdes devem-se relacionar os tragos lingtlisticos, “*para ver em que medida as variagdes notadas nos dois dominios s4o concomitantes”™ As variagSes extralingtiisticas que podem manifestar-se no dilogo sio de trés espécies, segundo a sociolingiiistica francesa: |. Geogrdficas: envolvem as variagées regionais € & preciso separi-las com cuidado, para que as diferengas lingilisticas por elas determinadas nao sejam confundidas com aquelas ocorridas por influéncia sociolégica, numa mesma comunidade. 2. Sociolégicas: compreendem as variagdes provenientes da idade, sexo, profissao, nivel de estudos, classe social, localizagao dentro da mesma regiao, raga, as quais podem determinar tragos originais na linguagem individual 3. Contextais: constam de tudo aquilo que pode determinar diferengas na linguagem do locutor por influéncias alheias a ele, como, por exemplo, 0 assunto, o tipo de ouvinte, o lugar em que o didlego ocorte e as relagdes que unem os interlocutores. Embora reconhega que a classificagao social dos individuos através da vezes, ouvindo falar alguem, esfor- linguagem é precéiria (na maioria di 19. Franyoise Gadet, op. ct SOCIOLINGHISTICA 17 xistente, estabelecigg fi le linguagem ¢ salta a at timento ja ) nun comp! panei por coloci-fo nu 6" podemos dizer ¢ wn me nes Pte neste sent 11)", Charles Bally re io arenes 0 de win tipo especial de egy sihistico 1 § ene tennis ¢ tic jassific xtraling » de el principic : Po como farts a o reenderia os est . 7 jssure, o meio compreends stados, istoé istentes no individuo, OU Seja,a classe soeia} a preexisle Hore! ee ical Jtura, a educagao que recebeu, as tradigoes 4 ue se ce, sun cultura, 2 lenelornee pertence, sua ¢ s, os principios morais; e as formas habituais de ins religiosns, oS es, € outras formas da aa Para o diseipulo de as condigdes de queele ae isto ¢, ficios e prot lig 7 de e pensamento, isto é, os oftc I ss esc Loma ame sr exemplo, 0s jogos, os esportes, : ia como, por e: 5 05 j atividade, como, P tisticas e, até mesmo, a simples ociosidade que, freqiien. literirias e artisticas e, a gio de individuos. E completa: nente, propiciam a aproximagao de individuos i temente, acterist node u Be ogrifica oy 1 ncio, Como que 7 a nenhuny 1K por nicio nao implica Portanto, 0 que entendemos po os individuos submietidos reseu lopognifica; mio p " fo uma sox Hat espe PORAGAO; Se Jue seja freqiient formanlo una soviedade, unter ¢ unente neeessiria; lange de se justapor sob a fornia de agrupa, penictramreeiprocaniente, Como S influcneias, freqiicntemente cHIEHIE O caso, est condigao nie & absolut hchtos de pessoas, os mivios Sobre pOCH-SE UNS AOS OUILEOS C. as iialhas cmaranbadas de redes diferentes, os fies te S. podein reencontrar-se num mesmo individuo, quese torna, desta mancira, uma contraditor resullante Marcel Cohen, um dos precutsores, na Franga, dos estudos que envol enias relagoes lingua/sociedsde, referindo-se a diversidade lingiiistica dos habitantes de uma comunidade que, segundo ele, “se distribuem geralmen- fe em grupos mais ou menos homogéneos e mais OU Menos separados com nitide eee flo sedeve acondigses socinis de omer reli Tegss de origem, de Profissio, de nivel de vida, de 2 fa les que, comumente, Aparecem reunidos, HA Gleason, lgualmente, Tessallt: Natiasoes de linguay, “0 contexto soe: SUa origey ‘ando a importincia do estudo das Se alguns fatores Aue agiriam sobre elas: (0 enunciado especitieg “ Beogrifica @ Sua idade, Cad, Conjunto itil de Beheralidades?23 eM, refere. » 4 posi¢ao social do locutor, 4 un destes aspectos proporciona 20. Chattes tly, 2 "MY, Tite te soy nts Histiguy Msaise, Cervelo, Librainie ¢ 22. Matcel Cohen, yy Aimar te 28H A, Gleason hint S800 IE ta , areas Gitbenbian, 974. 4 ee Dorin te de pan LOSER IT . Mul de Joa Pinguclo, Lisboa, C: 8 boy Bernard Pottier, também, a propésito das causas do bilingiiismo em A, aponta as diferengas lingiiisticas, oriundas de fatores semelhantes: atividades profissionais, situagao geogr algumas regides da Fran fica, classes Sociais, idade e sexo™, O lingitista portugués J. G. Herculano de Carva vidualidade do saber lingiiistico, lingua, dividido e Iho, tratando da indi- apresenta um quadro das variedades de 1m dois grandes grupos: |. variedades sincrénicas (‘*cronologicamente simult ‘’ineas, observaveis hum mesmo plano temporal’ *), que compreenderiam as variagdes causadas Por fatores geogrdficos (dialetos, ou falares proprios de influéncia regional ~ cidade, vila ou aldeia); socioculturais (familia, classe, padrao cultural, atividades habituais); e estilisticos (“tais variagdes observadas de momento Para momento na atividade lingitistica de um tinico sujeito devem interpre- far-se como o resultado da acequagiio que o mesmo realiza das formas que constituem o inventari o da sua técnica de falar as finalidades especificas, isto é, 4 satisfa do das necessidades cognitivas e manifestativas proprias de cada um de seus atos verbais, das necessidades que momentaneamente os condicionam ou determinam. Tal adequagao traduz-se na escolha das esquemas combinatorios a usar e na atribuigaéo de um valor especifico somado e sobreposto ao valor constante das mesmas formas ou entidades"*); formas e 2. variedades diacrénicas (compreendem aquelas ‘‘dispostas em varios planos de uma s6 tradigao histériea"’)*5 A freqiiéncia com que certos fatores se repetem nas classificagdes dos estudiosos poderia levar-nos a conclusa 10 de que o trabalho de levantamento das influéncias que pesam sobre as variagées de linguagem, dentro de uma determinada comunidade, seria relativamente facil e preciso. A verdade, porém, é outra: Mesmo no interior de um grupo para alguns homogéneo, pode-se dizer que nao ha dois Sujeilos que se exprimem exatamente da mesma mancira; 6 manifesto ao nivel do Léxico, & igualmente notivel no plano da F eaberto/e fei onologia. Assim, encontram-se pessoas que fazenia oposigao ado cin final, parisienses da mesma idade ¢ da mesma categoria social”®, Berman Pottier, “La Situation linguistique en f sem AndréMartinet, (org.), Le Langage, Paris, Gallimard, 1968, po 14s. 25. J.G. Herculano de Carvalho, Teoria da Lingnagem, Coimbra, Atlantida, 1967, vol. 1, pp. 291-316. 26, Frédéric Frangois, "La Description linguistique™, em André Martinet (org.), op. cits, p. 172. 19 lad. AGag Ue sg fig que a fala do individo, consideradg iggy en diz que? ama. °*S sespersen J sempre a mesina. “Seu fom Na conyers do prupo oe ras muda segundo a camada social em palavea pm a seyo se acrescente que linguagem toma diferaie sora no momento. AIO aga: hai um estilo ps Maa declaragag ge ontra ada . tema ; ‘aa negativa y segundo o - jal, outro para a negativa ou repy, aaa a declaragio oficia Primen, Por isso» entro ante de . a r escolha de ne ,com eles! en coloride amor, outro para da” Devemos observar, ¢| 1 fungio das teorias aqui expostas, que ha, apes nessa tentativa de identificagao entre individ relatividade a ; de tudo, uma rel ossivel dizer-se com preciso que un inclvig n = to Nem sempre é Pt a i : De ierminada regio, cultura, posiglio social, raga, idade, sexo ey, le det cae escolheria estruturas e formas que pudessemos de anremio prever. Com também nem sempre é possivel estabelecer padroes de inguagem indivi. dual, de acordo com uma variedade muito grande de simagdo™, que pudessem servir de ponto de referéneia para uma classificagao mais perfeitg luo, dos niveis de fala : a Mas tal ponto de vista nao invalida a pesquisa sociolingiiistica no campo da diversidade. Ela pode ser realizada com &xito, desde que se conlhegam, com bastante precisiio, seus reais objetivos e, principalmente, suas exatas delimitagdes”. 27. OwtoJesporsen, Humanidad, Nacién, Individuo, p.18L 24. Since: ponlemes enter como tal tok chos Aires, Revista de Oecidente Argentina, 1947, as influénias provenientes da ca qe © to de fala ocorre or exemmplo, o ambiente io e das eireunst 0 tem fisico em que se d is comligdbes ‘vena qe deterniti o moron enor Ww de intimidade entre os Fal lantes, o estado emocion) © Frases que precedent fla rhil ave pode concorter para melhor onnpecisio verbal, isto 8, as patave slo 0 falate ag, A propanito de si taco © eomtesto, consultar, yx 1 Comerto, Warcclona,Faiione msullar, principale aieanienrnened + iciones Girijalte, 1970, 1 General, Malti, Gredos, 169. ¢4 Hee ees BOT; hates ye ngiisica 1960 ‘ ioe *erexplorade no, ‘de Orléans, fim de fazer o. Tevantamento de um corps, bd "lt Objective didkitico-pedagogivo ¢ explor 10, COMO UMN todo homopeneo & fixo, de Vee aN nileniadores ¢ rely ‘vexperiéneiaa, 1 PEs . As diferengas entre gerigoes 2. As diferengas ¢ ae 3. As diferengas entre os meies (Cr McteH Hance ta *S¢ Produzitto dislago, © comportamento vert! lt Hipp, nee ee ‘Me a Lingua foi cmpregada . 20 ‘ Sticque sur Le Frangais parle a Orléans DINO PIE a Esta relativa imprecisao na do problema. Bally, tanci: 'S Pesquisas tem afastado muitos lingitistas por exemplo, embora chame a dessas pesquisas, reconhece que, * Vels, © método a seguir para estuda: suficientemente estabelecido alguém a utilizé-lo"™, Damesma forma, Gle: atengao para a impor- ‘apesar de alguns trabalhos noté- tT as falas individuais nao esta para que se possa seriamente aconselhar ‘son pensa que “um estudo cientifico especifico nao se tem mostrado geralmente Pproveitoso, excetoem telagao aos defeitos da fala (peculiaridades individuais de tipo social desvantajoso). Fora disto ha um residuo de var iagao que parece inteiramente for tuito (sem correlagao com nenhum fator conhecido)'™! Mas, por outro | interesse popular pel: de trabalho entre os lado, © mesmo Gleason reconhece que um crescente AS variagoes lingiiisticas deveria incentivar esse tipo especialistas: Provavelmente nenhum outro aspecto da lingtiistica apreseiite uma atragao popular tio grande na América, Hale Hentar que o priblico nao esteja ben informado cm ger aspectos. O que & necessiirio & una atitud dialetos, niveis de fal sobre a maioria desse: jc mais intcligente e apree la caracteristicas da fala individual, tiva dos Annosso ver, esse interesse at ingiuatu: lalmente nao apenas os estudiosos do assunto, mas até mesmo o Povo, os estudantes de todos os niveis, principalmente em fungao da grande prolifera ¢ao de massa", E através de uma grande div ‘Ao dos meios de comunica- ersidade de tipos trigicos, sentimentais e comicos, divulgados por esses veiculos, de figuras regionais ou urbanas (quase sempre muito falsas), que compsem a massa de personagens, incluida na programagao de auditorio ou nas novelas ultra-romanticas, nos filmes ou nas revistas em quadrinhos, que radio televisio, cinem imprensa mostram variagdes de lingua de toda ord ae lem, identificagdes (quase sempre muito faceis) entre tipos sociais e Signos lingitisticos, entre com- portamentos individuais e estruturais especificas para representi-los. Le Francais dans le monde, Paris, (85):17, dez, 1971.) 30. Charles Bally, Traité de siylistique francaise, p. 19. 31. HLA. Gleason Jr, op. eit p. 415. 32, Mem, p. 429. 33. Os meios de comunicagao de massa sio os que, eo sedirigema luna grande aunlie les Wright, Comunicagdo de Massa, trad. de a heterogéna © anni Mary Akier, Rio de Janeiro, Bloch, 1968, pp. 13-17.) SOCIOLINGUISTICA 21 escemtar outro de igual impor, : Nea acre Ny ftor poderiamos ac : > problema d, ‘A esse flor Ps “er 1 propaganda, Sabemos qu ° p Ma da Varig social: > iteligentemente aproya, nndicionamento Soc! smunidade tem sido intelige ne aproy, tad con’ ca de una €¢ lade pa aio lingiiistica de plexos de publicidade que, pa US Obje : complexos lornos © los mod pelo c seam una 40 eo tivos, buse 5 de ling Png a {o tem colaborado até para uma nova compre, isto tem cola 1 comunidade padroes io mais eficiente do ptiblico consyy, gem uma forma de identificag doy aproxims My procurando -ouvinle consumidor eeraee sblema erro na lingua, aceit i hs diados, o que gero Antes repy re rear raed iremos acentuanco outros aspectos dy le fer Ge. 7 - + inlacncindesses fatores sociais sobre a lingua, s O desenvolvimento dos estucdos do fendmeno variagdo lingitistica tem remetido os pesquisadores a outros problemas. Por exemplo, ° de saber até que Ponto o.conhecimenta linglistico, expresso pelo incividuo no dilogo, revelg. tia de fato 0 seu nivel de linguagem, Como salienta Herculano de Carvalho, © ialividio io sabe apenas Fala ‘mas sabe também como outros falam, Pe ta das fom i © esqtiemnas fingiisticos de: q ‘missorna mnuiplied OF OUULFOS tennios, « habitualmente se serve ao funcionar come Hed alos de Fala que ciariamente reatiza, ele conheee outras formas © «los por outros, conto locttores nesses alos de fale ‘semis que ae liza asc: Sao qu ele, con receptor, os reeouheee ee conto, pla Fin conunidakesa que cle, poress us teins de 8 Viirias pequenas de que & co-autor, individuos ‘te modo, ouvindo-os, aprende ‘lizar un grande miinero de formas qucos He Sto ieiramente idénticas sta, Des Acoubecere idemiticar, sen top ecessidaude de re atualnctte produzenn' Referindo-se ! 40 problema, thecimey MOS lingiiisticns utili, denominande idi Provenientes ¢ Hockett cham, 2adlos pelo indivi olet0 receptive og conhecine Mi linguagem dos emnissore: a idioleto produtivo os co- uo a0 se expressar na fala, los passivos do individuo, 'S que ouve"®, H. Ne 58 Sensis es Brasil, dove-se i prcpagaua, evi por ‘kemdtecona Nigeraute,considerado ee esta veradeira teapot co “ie, Pretexiando putisno verasiculo, tic? Kase | “an "Peseta consonsnia com seus bites ta ae oko-Moko", asta esratura muito semelat 8 G.I "AN tora dos ives de fata, deena ". Chante, ana Nova Yor, he Mcmillan Company, 1968 2 INO PE

You might also like