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WDeptenctle... Ga inieligenela tetd & por y Bric Hobshawen, New Statesman “Extremamenie apradével... Una grande evi. Bieta @ soeloiogia Hestoring. Dohild Mcrae, No Society “Una nariaitva compler, segura, marwihrsa- nverite fecuda, das uutiyrs greges ts monarquias ab- solutiss modurnus... estimilance, “Osurprecndotite aleance das eoncepoaes ea habi- Tidade angattetini com ie i seen fase dusts dee wna experiencia intelectual a Reith Phonias, Now York Review of Books “Una fascinante tnmortved au entendimento da moderna sociedade capttclisia..A amipltsade da integpresaean de Anderson fiipresiiong. E ima” Shirase ane ofercee exploacdo convince para 0 rte. desigual cla jewtalivmn europe, Her Leste tours Qoldente, no Baltico e 10 bediterrd 1 Roduay Hition Atcas de Interesse: Histbria, Poltioa AO FBUDALISMO Perry Anders: »; 2b PASSAGENS ? | DA ANTIGUIDADE @3| AO FEUDALISMO © NSDA ANTICUIDAD, PERRY ANDERSON: a eae Tt PASSAGENS Armee = Sanaa DA Jacques le Goff Curae i ‘As Conte Vi pels Abe Fite Paeo J ANTIGUIDADE AO FEUDALISMO ‘Amin Maa 0 Bgito Antigo. fi ‘A Historia © 0 Cocsto na Ciro Famarion Cardoso Literatura Medieval J Katharina Holeemaye Rosenfeld 0 Feudalismo © Hilo Franco Je. 1 ~ Alldade Media Tratuco Nascimento do oidente © Impéco Bizanino Beatriz Sos Hilicio Franco Je. Hildtio Franco Jt. q Ostntcecnis as dade Média. Mando Antigo Jacques Goff Beonomic¢socedade k 34 iets Maia BB. Horenrano it Teagan Gein Ant cee | Jean-Pierre Vernant e Pierre Vidal- ‘Sonia Regina de Mendonca Naquet Mitoogin Grogs Peete Gra If editora brasiliense Copyright © by Perry Anderson, 1974 Titwo original em inglés: Passages from Antiquity o Feudalism, Copyright © by da traducio brasileira: Eiitora Brasiiense S.A. Nonhuma parte desta publicaio pode ser ‘gravada, armazenada em sistemas eletronicos, fotocopiada, raroducida por meios mecdnicos ou outros quaisquer sem autorizacdo prévia do editor. ISBN, 85-11-13007-5, Primeira edicto, 1987 38 edicdo, 1991 Copydesk: José Romero Antoniali Revisio: Leila Nunes de Siqueira e Mario R. Quaiato Moraes comPRa D DATA Rua da Consolacao, 2697 01416 S20 Paulo SP Fone (O11) 280-1222 - Fax 881-9980 Telex: (11) 33271 DBLM BR IMPRESSO NO BRASIL Indice Preficio .....40+++ Primeira parte 1. Antiguidade Classica Omodio de produgdoescravo AGrécia Omundo helénico . Roma .... 2. ATransigao Ocenério germanico ... 103 Asinvasbes.... Em busca de uma sintese . Segunda parte 1. Europa Ocidental, Omodo de produgao feudal 4.4.24 +4++ 143 ‘Tipologia das formagies sociais ......+4++++++ 150 Oextremonorte . : 168 A dinamica feudal . 17 191 Acrisegeral .. INDICE 2. Europa Oriental AlestedoElba . Oatrasomémade ......... ‘Opadrio do desenvolvimento... ActisenoLeste .. Aosul do Dantbio Indice onomastico . . Indice de autores . Prefacio Algumas palavras necessétias para explicar o escopo e a intenglo deste ensaio. Ele esta concebido como prélogo a um estudo mais am- plo: Linhagens do Estado Absolutista. Os dcis livros sto diretamente articulados entre si, e propdem um tinico argumento. A relagio entre ambos — Antiguidade e feudalismo por um lado, ¢ por outro, 0 abso- utismo — ndo esta aparente a primeira vista, na habitual perspectiva dda maioria de suas abordagens. Geralmente, a Hist6ria antiga & sepa- rada da Historia medieval por um cisma profissional, que muito poucos trabalhos contemporfineos tentam cobrir: o golfo entre os dois esté, € claro, institucionalmente entrincheirado pelo ensino e pela pesquisa. A distfincia convencional entre a Hist6ria medieval e 0 inicio da Hist6- ria moderna ¢ (paradoxal ou nafuralmente?) muito menor: ainda as- sim, tem sido suficiente para excluir qualquer exame do feudalismo do absolutismo dentro — como deveria — de um mesmo enfoque. O argumento destes estudos interligados 6 0 de que, em muitos e impor- tantes aspectos, este € 0 modo pelo qual as sucessivas formas que so a sua preocupagio deveriam ser consideradas. Este ensaio explora 0 ‘mundo social e politico da Antiguidade clissics, a natureza de sua tran- sigfio ao mundo medieval e as resultantes estrutura ¢ evolugo do feu- balhadores livres, de um século para outro: cada formagiio social eon- creta é sempreuma combinagio especifica de diferentes modos de pro- dugio, ¢ as de Antiguidade nfo eram uma excegdo.' Mas o modo de Produgdo dominante na Grécia clissica, que governava a articulagao’ complexa de cada economia local e que deixou sua impressio em toda a civilizagio da cidade-Estado, foi o da escravidio. Isto também seria vyerdadeiro para Roma, da mesma forma, O Mundo Antigo nunca foi continua ou udiquamente marcado pela predominncia do trabalho escravo, Mas suas grandes épocas cléssieas, quando floresceu a civili- zacho da Antiguidade — a Grécia, nos séculos Ve IV a.C., e Roma, do século IT a.C. ao século II d.C. —, foram aquelas em que a escravidio era maciga © gencralizada, entre outros sistemas de trabalho. O solsti- cio da cultura urbana cléssica também sempre testemunhou o zénite da escravidao; ¢ 0 dectinio de uma, na Grécia helénica ou na Roma crista, era da mesma forma invariavelmente mareado pelo apagar-se da outra. A proporgao global da populagdo escrava no bergo original do modo de produgio escravo, a Grécia pés-arcaica, no pode ser caleu- Jada com exatiito, pela auséncia de quaisquer estatts As estimativas mais conceituadas variam enormemente, mas uma ava- liagdo recente ¢ de que a proporgao entre escravos e cidadaos livres na Atenas de Péricles estaya em torno de 3:2;70 numero relativo de es- ig rac fc “cus REN ce Fee ne a eee oe a ae ae eer rs ane eee a Sea ee ne gee ere ee eee ra eee ee ae eae Fs ep pee epee rd ee ere ine a wine ee Pt eco eacaeeaiere tpnge a ree relent micas mae nh a AC Ga Cast er pis arenes Eee eae ore eee ein See ee mec eee ee Sects ee eee saree ela ee a aaa ae tearm pce ea nieces oo ee PASSAGENS DA ANTIGUIDADE AO FEUDALISMO B cravos em Quios, Egina ov Corinto foi em varias ocasibes provavel- mente maior; a populagio hilbta sempre ulrapassou bastante a dos cidadios em Esparta. No século IV a.C., Aristteles podia observar ‘com naturalidade que “os Estados tendem a conter escravos em grande nimero”, enquanto Xenofonte elaborou um plano para restaurar as fortunas de Atenas, pelo qual “o Estado possuria escravos pablicos até ue houvesse trés para cada cidadao ateniense”.4 Na Gréva cssica, os eseravos foram, assim, empregados pela prineira ver na ganufature, na indistria ¢ na agriculture, além da escaia doméstica Ao mesmo tempo, enquanto o uso da escravidio se tornava generalizado, sua natureza, de maneira correspondente, se tornava absoluta: ela j4 nto era mais uma forma de servidio relativa entre muitas, no decorrer de uma continuidade gradual, e sim uma condigdo polarizada da perda completa da liberdade, justaposta a uma nova liberdade sem impedi- rmentos:Pois foi exatamente a formagao de uma subpopulagao escrava nitidamente delimitada o que, inversamente, elevou a cidadania greg a alturas até entio desconhecidas de lberdade juridica eonsciente. A eseravidao ¢ a liberdade helénicas eram indivsiveis: uma era a condi ‘io estrutural da outra, num sistema difgico sem precedente ou equi Valente nas hierarquias sociais dos impérios do Oriente Proximo, que também ignoravam tanto @ nogio de livre-idadania quanto a de pro- priedade seril? Bsta profunda mudanea jurkica foi em sio correlato Social e ideolégico do “milagre” econdmico forjado pelo advento da modo de-produgao escrava, A civilizagao da Antiguidade clissica representou, como ja vi- mos, @ supremacia andmala da cidade sobre 9 campo numa economia ‘esmagadoramente rural: uma antitese do mundo feudal primitivo que Ihe sucedeu. A condigo para a possibilidade desta grandiosidade me- tropolitana na auséncia de uma inddstria municipal era a existéncia do trabalho escravo no campo: somente ela poderia liberar uma classe de proprietarios de terra tao radicalmente de suas raizes rurais de maneira 4.1, com base nas imporagtes e milho da cidade: Athenian Demvoracy, Oxerd, 1957, pp. 76-79. Foley, por auto lado, argumentou aue «proper: (poder estarem tomo de 30s 4:1 em poriodes de peo, tanto no séeulo V como TV: "Was Grosk Ciiization Basod on Slave Labour?” Horie, VIM, 189, pp. 58:59. 8 fualscompreensiel, apesardeincorpleta, monogralia moderna sobre a escravio anti Ii Ihe Slave Syxtoms oy Ureok and Kaman Antguty oe WL. Westermann, Fea, 1955; p, 9, chega a algo aprosimado deste mesmo néme'o ecto por Andrewss¢ Finley ‘het 0a il eseravos no isi da Guerra do Pelcpone=. (8) Avsttles, Potia, VI, iy 4: Xenofonte, Melos e Métodos, 17. (0) Westermann, The Slave S)soms of Greek and Roman Antigaiy, pp. 2-3 ey, "otween Slavery and Freedom", pp. 236239. u PERRY ANDERSON a poder ser trasmutads om uma cidadania essncialmente urban que ainda assim continuava tirando suas riquezas do solo, Aistteles ex: pressou a resul-ante ideologia social da Grécia classica tardia com esta despreocupadaobservagto: “Aquees que cultivam a terra devem ideal mente sereseravos, nem todos reerutados de uins6 povo, nem ardentes no temperament (de modo qu seam laboriosos no trabalho e imunes A rebeliao), ou, n&o tio idealmente, servos barbaros de semelhante ca- rater" "Era tipico do modo de produgo escravo plenamente desenvol- ‘ido no éampo romano que at fungtes de administragio fossem dele gadas a escraves spersorese feitores, que punham as armas esera ‘as pera trabatharnas teres J-O estado escrvo, a0 contri da her dade feudal, permitia uma disjungao permanente entre a residéncia e 0 rendimento;oproduto exeedente que proporcionava as fortunas da las sepossuidora pod ser extrafdo sem a sua presenga na err A conexto {que uniao produtor rural imediatoe oapropriador urbano de sua produ- Gionioeraumnlago habitual, endoere modiada pla localizagao da p6- pra terra (com ocorreu mals tarde na serviddo adscrtva). Ao cons Flo, era caracteristicamente 0 ato comercial e universal da compra de tmereadoriasrelizada nas cidades, onde o comércio escravotinba seus proprios mercados, O trabalho eseravo da Antiguidade castes, or tanto, incorporava dois aributos contraditrios em cuja wnidade esté0 segredo da paradoxal precocidade urbana do mundo greco-romano. Por um lado, aescravidao repreventava a mais radical degradagao rural imaginivel go trabalho — a conversto de sees humanos em mos inries de produgio, por sua prvagao de fodo direito soca e sua Tegel assimllagdo As bestas de carga: na teria romana, o escravo da agr- Cultura era designado como rendo um instrumenturm Yale, Um sau ima do gado, que constituis um instrumentum semt vocale, « dois ima do implemento, que era um instrument mutann. Por out Indo, a escrvidio era simeltaneamente a mais dréstica comeriliza 20 urbana conceive de trabalho: a total redugBo da individvalidade do trabalhador a um objeto padroaizado de compra e venda, nos mer- cados metropaitanos de coméreio de mercadorias. A. destinagio ds (40) Police, VI x9. (LD A props wiqdidade do taba eseravo a auge do Principado e da Reps- blca romance tink esis paredanal de promoncr sins crtagorine de manaune# ‘gtesresponsivesprofsonals ou administrativas, que por sua vee Tacitars a Hiber- lagio ea subseqienteintgragto dos ios ds homens livres capasitados & lase das ciadios. Exe proceso no ena tanto um paiativo humanitano da eerardo classic, ‘mas outro dice de abstengio radical da clase gorernante romana de qualquer forma de ‘rabalbo produtiva. mermo do spo executvo. PASSAGENS DA ANTIGUIDADE AO FEUDALISM 2B maior parte dos escravos na Antiguidade clssca era o trabalho agrério (isto nio aconteeia sempre assim em todos os lugares; mas era este 0 ca30, no conjunto): sua reuniao, aleeagao e despacho eram normal- mente efetuados a partir dos mereados das cidades, onde muitos dees, claro, eram emtpregados também. Assim, a escravidio era o_vinculo «qe unia cidade e campo, para o desmedido beneficio da polis. Ela tanto mantinha a aprieulturacativa que permitia o dramatco distan- ciamento de uma classe dominante urbana de suas origens rorais, quanto promovia ocomérciointerurbano que era 0 complemento desta Agricultura no Mediterringo. Os escravos, entre outras vantagens, fram um bem eminentemente mével numn mundo onde os transtornos do transporte condicionavam a estrutura de toda a economia.” Eles podiam ser deslocados sem dificuldade de uma regito para outra; po- diam ser treinados em muitas diferentes espeialzagSes: em épocas de abundancia de estoque,além disso, eles seriam para manter os eustos baixos onde trabalhadores contratados ou artifice estivessem traba- nando, por consttuirem uma fonte altemativa de trabalho. A riqueza 0 conforto da classe urbana propretiria da Antiguidade cassica — tacima de tudo, a de Atenas ¢ Roma em seu apoged — repousavam sobre o amplo excedente que rena a difusa presenga desse sistema de trabalho, que nfo deixava nenhur outro intact. O prego a pagar por esse esquema brutal e Iueratvo era, con- tudo, alto. As rlagbes excravagistas de produgto determinavam alguns limites insuperdveis para as antgas fogas de produgto na época cds- sica, Acimarde tudo, els tenderam a paralisar a produtividade na agri- cultura e na indistria. Houve, naturalmente, alguns methoramentos ‘téenicos na economia da Antiguidade clissica, Nenhum modo de pro- dhugto esta totalmente despravido de progreso material em sua fase ‘ascendente, e 0 modo de produgio eseravo em seus primérdios regis- {rou alguns avangos importantes no aparethamento econsmico desen- Yolvido no areabougo de sua nova divisto social do trabalho. Entre eles podem contarse a disseminagao de mais leratvas cultueas de vino e fueite, a introdugio de moinhos rotativs para cereas e a melhoria na {aldade do pio. Foram eriadas as prensas de parafuso, o vidro so- + praulo se desenvolveu ¢ 0s sistemas de produgdo de calor refinaram-se; a vombinago de culturas, o conhecimento betinico e a drenagem do ‘campo provavelmente também progrediram.® Nao houve, portanto, (12) Weber, Agrarerhilniie im Atertwm, 99.55. (1) Verespectalmente F. Kishle, Slavenarbir nd Tachnischor Fortschr Im imichon Reich, Wiesbaden, 1569, pp. 12404: 1. A. Martz, Grabs and Flowrin % PERRY ANDERSON uma parada téenica no mundo cléssico. Ao mesmo tempo, no ocor- eu um enxame de invengdes que impulsionasse a economia antiga para forgas de produgo qualitativamente novas. Nada é mais impres- sionante, em qualquer comparacio retrospectiva, do que a estagnagao ‘técnica global da Antiguidade."* Basta contrastar 0 registro de seus oito séculos de existéncia — da asvensio de Atenas 4 queda de Roma — com a extensio equivalenie do modo de produgdo feudal que the sucedeu, para perceber a diferenga entre uma economia relativa- ‘mente estiticae uma dinamica. Mais dramético ainda, naturalmente, era 0 contraste dentro do proprio mundo elissico entre sua vitalidade cultural e superestrutural e seu embotamento infra-estrutural: a tecno- logia manual da Antiguidade era exigua ¢ primitiva no apenas pelos padrées externos de uma Histéria posterior, mas sobretudo pela me- dida de sew proprio firmamento intelectual — o qual, em muitos as- pectos criticos, sempre permaneceu bem mais alto que o da Idade Mé- dia ainda por chegar. Hé pouca davida de quo a estrutura da economia escrava é que foi fundamentalmente responsavel por essa extraordind- ria desproporgio, Aristételes, para as eras posteriores o maior e mais epresentativo pensador da Antiguidade, concisamente resumiu o prin- cipio social da época em seu aforismo: “O melhor Estado nao faré de um trabalhader manual um cidadio, pois a massa de trabalhadores ‘manuais é hoje eserava ou estrangeira”.'* Um tal Estado representava ‘a norma ideal do modo de produeto eseravo, nunca realizado em al- ‘guma formagao social concreta do Mundo Antigo. Mas sua légica es- ‘eve sempre intrinsecamente presente na natureza das economias clés- Uma ver tornando-se 0 trabalho manual profundamente asso- ciado & perda da liberdade, no havia uma légica social livre para a imaginacio. Os efeitos sufocantes da escravidio sobre a téeniea no ‘eram uma simples fungao da baixa média da produtividade do trabalho escravo em si, 9u mesmo go volume de seu uso: afetavam sutilmente todas as formas de trabalho. Marx tentou expressar o tipo de ago que exerciam mums famosa, sendo eritica, {6rmula te6rica: “Em todas as ‘Gasca! Antiquity Oxford, 1988; K. D. White, Roman Farming, Londres, 1970, pp. 125-124, 447-172, 188-191, 360-261, 452. (4) © problema eral €colocado enersicamante. comm somjoe, er Finley “Technical Imovation and Beonomie Prog inthe Ancient World”, Economic Histon Review, XVII, n? 1, 1885, pp. 29-4. Para ¢ especfico arquivo histrico do Impero Romano, verF, W. Walbank, The Avful Revolution, Liverpool, 1969, pp. M41, 4647, Wet (05) Politic, Iv, 2 PASSAGENS DA ANTIGUIDADE AO FEUDALISMO 2 formas de sociedade existe uma delrminada produgo suas relagtes, due atibuem a todas as outasprodutese sas relagbs eu aleanee¢ sua influéncia. E uma iluminagio ger ada na qual todas as outras cores esito mergulhadas-e que modifica suas tonalidades eoniica E um éter especifico que define a gravidade especifica de tudo que se encontra dentro dele".!* Os escravos da agricultura notoriamente ti- ham pouco incentive para executar suas trefas econdmicas compe. tente ¢ conscienciosamente uma ver relaxada a vigilancia; seu emprego otimizado era em vinhedos ou ova compacts. Por outro lador mat, tosarlfces alguns plantadores entre os ecravos cram na maioria das veees notavlmente habilidosos, dentro dos mites das ténicas que prevaleiam. O retraimentoestatural da esravida0 na tecnologia, us sim, nfo assentava tanto numa causalidade intra-econémica direta, embora isto fesse importante em si, quanto naideologia socal medias aque envolva a totalidade do trabalno manual no mundo lision con taminando 0 trabatho contatado e mesmo o Independent com oes, tigma do aviltamento.” O trabalho eseravo em geral nao era menos” produto do que o ize, embora, na verdade, em eertos campor iso bcorrese; mus estabeleceu o ritmo de ambos, de forma que nethuna sande divergénca jamais se desenvolveu entre os dois mum expago coo nbmico que exclulaa aplicago da cultura A Wenlea para nvengoes © divéreo-enre.o trabatho material ¢ a eslera da iderdade ere tao rigoroso que os greg nto tnham uma paltta em sia lingua nem mesmo para expressar o conceito de trabalho, tanto como fungao so- cial, quanto como conduta pessoal. O trabalho na agricultura ¢ o tra- ball artesanal eran supostas “adaplagbs" i naturera, ens trae forméQses dela cram formas de servigo. Tanibém Plain implica, iments excula os arestos da poli para ele, “o trabalho permances thei @qualauer valor humano e em certos aspects parece meine a Intese do que sea essencial ao homem"." A teenien, como uma ins (16) Grundrisse der Krk der Poitachen Okonome, Bertin, 1983, p.27. (17) Finley nota que paasragregu pera, normalmeate oposta a poutas como ‘Pobrera” para “rigueza, na verdade tnha o mals anplo sigutiade peorative de “sevidio” ov “compaisio ao trabalho penowo”,e podiatbarcar mesmo or petspetoe ‘peavencspropretrios, exo trabalno eala sob a' mest sombra cultura. M1, Fran, The Ancient Feonomy, Londres, 1973.41. (J.P, Vernaat. Moe Ponske ches las Groce Pare, 1965, p. 192, 197-199, Os dois ensaios de Vernant, “Prométi eta Fonction Technique e "Travail e dns la Grice Ancienne”, proporcionan wma andfee sail das dfeengny alee ‘lei 6 pross, eds reagbes do culvador, do artifice edo que empresara Snheire tm eros, Alexandre Koyrétentou uma ver argumentar ques estagnagao tenon a HunGogrogn nko era devi &presenga da esrevidio ai & desalovizyto do traba 2% PERRY ANDERSON ‘rumentalizagto progressiva e premeditada do mundo natural pelo ho- ‘mem, era incompattvel com a assimilago em grande escala do homem ‘a0 mundo natural como seus “instrumentos falantes”. A produtividade cra fixada pea rotina permanente do instrumentum vocalis, que des- valorizava todo 0 trabalho pela exclusio de qualquer preocupacio com estcatagemas para poupé-lo. A via tipica para a expansao na Antigui- dade, para qualquer estado, era assim sempre um eaminho “Lateral” 4 conquista geogrdfica — e niio o avango econsmico. A eiyilizagio clissiea foi, pr conseguinte, de cardter intrinsecamente colonial; a ci= dade-Estado celular invariavelmente ge reproduzia, nas fases de ascen- fo, pelo povoamento e pela guerra.!O saque, o tributo e os escravos ‘ram os objetos centrais do engrandecim« nto meios como fina- lidades para a expansio colonial.|O poder militar estava mais intima ‘mente ligado ao erescimento econéihico do que talvez em qualquer ou- {to modo de producdo, antes ou depois, porque a principal fonte do trabalho escravo eram normalmente prisioneiros de guerra, enquanto 0 aumento das :ropas urbanas livres para a guerra dependia da manu- tengio da produgdo doméstica por escravos; os campos de batalha for- neciam a mic-de-obra para os eampos de cereais ¢ vice-versa — os ‘tabalhadores eapturados permitiam a criagBo de exércitos de cida- dos. T8s grandes ciclo da expansdo imperial podem ser tragados na Antiguidade clissica, cujas sucessivas feigdes variadas estruturaram todo o padirio do mundo greco-romano: 0 ateniense, 0 macedénice eo romano, Cada um representow uma determinada solugio para os pro- Dlemas politicos e orgsnizacionais das conquistas de ultramar, que era integrada e ultapassada pela proxima, sem que as bases subjacentes dde uma civlizagdo urbana comum fossem alguma vez transgredidas. Ta en a og eee ee eee a arene Segoe eee ae an mers eee Se ee se a al Soe en Se i eepeaeean eee ee W A Grécia (© surgimento das cidades-Estado helénicas na regito egéia é an- terior a verdadeira época cléssica e apenas seus esbogos podem ser vis Jumbrados em fontes nfo-escritas disponives. Depois do colapso da civlizago micénica por volta de 1200 a.C., a Grécia experimentou uma prolongada Idade das Trevas na qual desapareceu a escrita © a vida econdmica e politica regrediu a um estigio doméstico rudimentar: ‘© mundo rurale primitiv retratado nos 6picos homéricos. Foi na época soguinte da Gréeia areaica, de 800 2 500 8.C., que o modelo urbano da ivilizaglo clissica lentamente se eristaizou. Algum tempo antes do lvento dos registros histricos, monarquias locais foram. derrubadas Dobarstocracias riba cidades foram fundadas ou desenvolvidas sob 9 dominio destas nobrezas, A lei aristocratica na Grécia arcaica coin- div com 0 reaparecimento do comércio a longa distincia (principal- ‘monte com a Sitia eo Oriente), os prenéneios da cunhagem (inventada ‘i Lidia no século VIN) e a eriagao da eseritaalfabética (devivada da ‘orita fenicia). A urbanizagio prosseguia com estabilidade, derra- mandosse além-mar pelo Mediterraneo ¢ Eusino, até que ao final do 1oriodo de colonizagio em meados do século V1 ja havia umas 1500 ci- ‘hos grogas nas terras helénieas e fora delas — nenhuma virtualmente ‘mais de-40 quilometros para dentro da linba da costa, Estas cidades ‘ni essencialmente-pontos de concentragio de agriculiores e propre {irlos de terras: na cidade pequena tipica desta época, os cultivadores Vivian dentro das murathas da cidade. safan: para trabalhar no campo Ils, retornando a noite — emboza o terrt6rio das cidades 0 PERRY ANDERSON sempre incluisse um perfmetro agrésio com toda @ populagio rural ali instalada. A organizasto social destas cidades ainda refletia muito do ppassado tribal de onde haviam emergido: sua estrutura interna era art culada por unidades hereditérias euja nomenclatura de parentesco te presentava uma traduso urbana das divises rurais tradicionais. Por- tanto, os habitantes da cidade eram normalmente organizados — pela jordem descencente de tamanho e incluso — em tribos, fratrias e cls, sendo os “elAs" exclusivamente grupos aristocréticos e as “fra: ‘wias” talvezoriginalmente sua freguesia popular.' Pouco se sabe sobre 435 consttuigdes politcas formals das cidades gregas na era arcaicay jd que elas ndo sobreviveram a prépria época cldssiea — ao eontririo de Roma em semelhante estigio de desenvolvimento —, mas & evidente ue eram baseadas na lei privlepiada de uma nobreza hereditiia sobre © esto da populagdo urbana, ctipicamente exercida através do governo eum conselho aristocritico exclusivo sobre a cidade, A ruptura desta ordem geral ocorreu no ditimo século da era arcaica, com 0 advento dos tiranos (c. 680-510 a,C.), Estes autocratas -Tomperam a dominagio das aristocravias ancestrais sobre as cidadest les representayam proprietérios de terra mais novos e riqueza mais ecente, acumulada durante o crescimento econdmico da época prece. dente, ¢ estendiam seu poder a uma regito muito maior gragas a concessbes 4 massa sem privilégios dos habitantes das cidades. As tira: nas do século VI realmente constituiam a transigfo erucal para a polis cléssica. Foi durante seu periodo geral de predomindncia que as fun agves militares e econdmicas da Grévia cléssica foram langadas. Os tiranos foram 0 produto de um processo dualista dentro das cidades helénicas do Gitimo periodo arcaico. A chegada de um sistema mone~ trio ea disseminago de uma economia financeira foram acompanha 40s por umn rapido aumento na populagao e no comércio da Grécia, A ‘onda de colonizagdo além-mar dos séeulos VIII ao Viera a mais Gbvia expressfo deste desenvolvimento; entretanto, a maior produtividade hhelénica das culturas do vinho e das oliveiras, mais intensiva que a cul. {ure contempordnea dos cereais, tena talvez proporcionado & Grécia tums relativa van‘agem nos intercAmbios comerciais a zona do Medi terrineo.? As opertunidades econémicas proporeionadas por este eres: iment criaram_im estrato de proprietérios agrérios recentemente en. quecidos, saidos de fora das classes da nobreza tradicional e em eer~ (D A. Andrews, Greok Scie Londres, 1967, pp, 7682. (2) Ver angumentagto em Wiliam MeNeil, Phe Rise ofthe West, Chicago, 1963, pp. 201,273 PASSAGENS DA ANTIGUIDADE AO FEUDALISM 3 tos casos provavelmente tirando beneficios ée empresas comerciais auxiliares. A nova riqueza deste grupo nfo era acompanhada pot ne- ‘nhum poder equivalente na cidade. Ao mesmo tempo, o aumento da Populasao e a expansto equebra da economia arcaica provocaram ten- Bes sociais agudas entre a classe mais pobre na terra, sempre mais ropensa a ser degradada ou sujeita aos nobres proprietitios e agora ‘exposta a novas pressbes ¢ incertezas.% A pressfo combinada do descon- tentamento rural da base e das fortunas recentes da cépula forgaram a ruptura do estreito ane! de dominio aistocritio mas cidades. A con- seqiiéneia caracteristica das sublevagées polticas resultantes nas cida- des foi o surgimento de tiranos transitérios no final do séeulo VII e no século VL. Os préprios tiranos eram em geral rovos-ricos competitivos e considerivel fortuna, cujo poder pessoal simbolizava 0 acesso do ‘grupo social onde eram recrutados as honraseposigio na cidade. Sua vitéria, no entanto, s6 era possivel geralmente por causa da utilizagao ‘que faziam dos ressentimentos radicais dos pebres, e seu mais dura- ddouro empreendimento foram as reformas econémicas, no interesse das classes populares, que tinham de admitir ou tolerar para garantirem © poder. Os tiranos, em conflito com a nobreza tradicional, na reali dade bloquearam 0 monopélio da propriedade agréria, que era a prin- cipal tendéncia de seu poder irrestrito e que esiava ameagando causat lum crescente perigo social na Gréeia areaica. Com a dnica excego da Dianicie fechada da Tessilia, as pequenas propriedades camponesas fstayam preservadas ¢ consolidadas por toda a Grécia nesta época. As ormas diferentes em que ocorreu este processo tiveram que ser recons- Aiiuidas com base em seus efeitos posteriores, dada a falta ‘de provas documntais do perfodo pré-cldssico, A primeira grande revolta contra i dominincia da aristocracia que levou 2 uma bem-sucedida tirania, ‘ipolacda pelas classes mais baixas, aconteceu em Corinto em meados do sieulo VIL, onde a familia Baguiada foi despojada de seu tradicional Jiolor sobre. cidade, um dos primeiros contros de coméreio a florescer Jt Gioia, Mas foram as reformas de Sélon que proporcionarem 0 Inulselaxo.¢ melhor exemplo conhecido daquilo que era possivelmente ‘Algo como um padrao geral em seu tempo. Sélon, ele proprio nao sendo {ui irano,estava investido com o poder supreme paca mediar as amar- Hi lis sociais entre os ricos e os pobres que irromperam na Atica na W. 0: Forrt, The Emergence of Gree Demo, Londres 1960 $5, Be cc co ctacet canis cs Taisen re ie, 195, p. BOS ue nit on peas cae ds ‘einnin nations. ' |

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