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ne MATEMATICA UNIVERSITARIA n226/27 — junho/dezembro 1999 — pp. 49-66 Os Aproximantes de Padé Maria Cecilia K. Aguilera-Navarro Valdir C. Aguilera-Navarro : Ricardo C. Ferreira e Neuza Teramon 1 Introdugao Ha uma classe de aproximantes que tém notéveis propriedades analiticas : e numéricas, e, apesar disso, so pouco conhecidos. Em 1892, o mate- | matico francés Henri Padé (pronuncia-se padé) publicou uma tese na : revista parisiense Ann. Sci. Ecole Normale Supérieure [1], onde dis- cute representagées aproximadas de uma, fungao por fungées racionais. Hoje, esse trabalho se reveste da maior importancia em varias dreas de pesquisa, tedrica e aplicada. Citamos, como exemplo, o desenvolvi- mento de métodos computacionais para representar funcées por meio de algoritmos que convirjam rapidamente. As representagdes de Padé sio hoje conhecidas como aprovimantes de Padé, e essa matéria constitui 0 objeto central deste trabalho. Como mais uma motivagao ao estudo que vamos desenvolver, citamos © interesse que a modelagem de problemas sempre despertou em quase todas as dreas da Ciéncia, Essas modelagens, via de regra, conduzem a equagées matematicas que n&o sao fdceis de se manipular. Conseqiien- temente, determinar uma solug&o para tais equagées torna-se uma tare- fa ardua, muitas vezes impossivel de ser realizada. Procura-se, entio, utilizar outras ferramentas matematicas para tratar o problema e que produzam uma boa aproximacao para a solugdo procurada. Uma dessas ferramentas — por exemplo, teoria de pertubagées — nos leva a uma série de poténcias. Através de truncamentos sucessivos 50 dessa série, obtemos uma familia de fungdes polinomiais que so féccis de serem manipuladas uma vez que-as operagées envolvidas se resumem, a produtos ¢ somas. A essas fungdes polinomiais chamaremos de apro- zimantes de Taylor, emmbora nem sempre — como no exemplo citado — tenham origem no truncamento de uma série de Taylor. Por outro lado, o estudo de uma série de Taylor pode apresentar algumas dificuldades inerentes a tais séries, Muitas vezes a convergéncia da série 6 extremamente lenta, ou entéo, o seu raio de convergéncia ndo engloba regides de interesse particular do problema que est sendo estudado. Nao é raro, na Fisica, encontrar expansées de Taylor que convergem apenas em regides sem interesse ou mesmo sem sentido fisico. Nesses casos, a série de Taylor nfo tem serventia alguma. Entre outras vantagens, o método de Padé permite-nos partir de uma série de poténcias (por exemplo, aquela obtida de uma modelagem de um problema) e obter muito mais informagées do que a propria série pode nos fornecer diretamente. Podemos afirmar que o.método de Padé (seus aproximantes) 6, em muitos sentidos, superior ao método cléssico baseado nos desenvolvimentos de Taylor. Sendo uma fungao racional, os aproximantes de Padé so mais ricos analiticamente do que as fungées polinomiais resultantes de truncamentos sucessivos das séries de ‘Taylor. ‘Além de tudo isso, como veremos, os aproximantes de Taylor sfio casos particulares dos aproximantes de Padé. Para finalizar nossa pequena apologia, a pratica vem demonstrando que os aproximantes de Padé no somente convergem mais rapidamente do que a série de Taylor como, também, se estendem a regides mnito além da definida pelo raio de convergéncia da série de Taylor. O mais fantdstico, porém, 6 que os aproximantes de Padé tém como base apenas 08 coeficientes da série de ‘Taylor da fungiio que queremos representar. Fm outras palavras, esses aproximantes so capazes de obter muito mais informaées dos coeficientes de Taylor do que a prépria série! Uma das razbes para esse notével desempenho dos aproximantes de Padé, como veremos, 6 que eles consideram formas nnultilineares dos coeficientes de Taylor. S | 5k 1.1 Um exemplo didatico Consideremos a expansio [2] aati gry? — 2548 4, 368 Sle) = 1 ~ 50+ ge? — a + a (1a) Seu raio de convergéncia é 1/2 (V. abaixo}. No entanto, hd uma familia infinita de aproximantes de Padé associados a (1.1) que convergem em toda a reta real positive. Mais ainda, uma classe de membros dessa familia de aproximantes produz uma sucessAo de fungées que convergem para \/1/2 quando x — 00. Podemos encontrar o raio de convergéncia da série (1.1) por inspeco, pois, ela é a série de Maclaurin da fungao [V+e 019} fe) Vyas Vemos que a fung&o (1.2) esta certamente definida para todo x > Oe tem o valor \/1/2 no infinito, Esse limite, impossivel de ser obtido a partir da série (1.1), 6 “adivinhado” pelos aproximantes de Padé, numa. demonstrag&o bastante clara de que esses aproximantes sio capazes de extrair mais informagdes dos coeficientes da série do que a propria série. Voltaremos a considerar a série (1.1) e a fungao (1.2) na proxima seco. Isto posto a guisa de aperitivo, passemos ao propésito principal deste trabalho que é discutir as idéias bésicas envolvidas na teoria dos apro- ximantes de Padé. Na Segdo 2, definimos e mostramos como construir aproximantes de Padé. Estes podem ser colocados numa tabela como mostrado na Segéo 3. O problema da existéncia e unicidade é abordado na Secéo 4. Uma aplicacdo 6 dada na Seciio 5. 2 Definigdo dos aproximantes de Padé Consideremos uma expansio do tipo N Fle) = > fas (2.1) n=0 onde N nio 6 necessariamente finito. Tais expansées surgem quando desenvolvemos uma fungao em série de Taylor, por exemplo. Outra | 52 situagio em que surgem expansées como (2.1) é encontrada em célculos perturbativos, comuns, por exemplo, no tratamento de equagoes difer- enciais, Nesse tipo de cAlculo, os coeficientes fn so encontrados indi- vidualmente através de processos, geralmente bastante elaborados. Em geral, os coeficientes fy, so chamados pegas de informagdo. Ha o maior interesse em se extrair desses coeficientes informagées que descrevam f(z) com confianga. Os aproximantes de Padé associados com a expansio (2.1) séo fun- gOes racionais, ou seja, quocientes de dois polindmios, que representam a expansiio. Esses aproximantes sio caracterizades por dois inteiros po- sitivos L e M, graus do numerador e denominador, respectivamente, da fungao racional, e so representados pela notagio [L/M] /(z). Freqtien- temente, em beneficio da notagio, o indice f(x) 6 omitido quando o contexto é bem definido, eliminando qualquer possibilidade de confusao. Explicitamente, o aproximante de Padé [L/M] é definido por _ Pilz) [L/M] = O(a)’ L,M>0 (2.2) com Pra) = po + pit + pae* +--+ pn” (2.3) e Qule) = 90 + 2 + a0? + + ae Sem perda de generalidade, podemos tomar qo = 1, de modo que o polinémio Qar(x) se expressa como Qyla) sl tae tae? +s + gee (2.4) Os coeficientes p; e qj, das expressies (2.3) ¢ (2.4), respectivamente, so determinados a partir das pegas de informagées fn contidas na ex- pansao (2.1) através da condi¢éo Pra) LeM41 f(a) — SE = O(n MT 2.5 © Gu) ) es) Esta condigdo nos garante que f(z) e 0 aproximante de Padé Pr,(x1)/Qaa(2) diferem apenas por termos da ordem de ht Mth ‘A condigéo (2.5) nos proporciona um sistema de equagées lineares algébricas para os coeficientes pj € gj em termos dos coeficientes fn, como i i 53 veremos tnais adiante. Se o sistema assim obtido admitir solugdo tmica, o aproximante de Padé existe e 6 inico, como ser4 provado na Secdo 4, Por enquanto, porém, vamos mostrar como se constréi o sistema de equagdes para os coeficientes p; e g;e apresentar alguns exemplos ilustrativos. A partir da condic&o (2.5), podemos escrever Pr (x) = f(x) Qu (a) + O(a 41) (2.6) ou, de forma mais explicita, Pot pet pet? +. + pra” = (fot fiw + faz? ++--)(1+ qt t qo? +--+ qua!) + OMA) Desenvolvendo o membro direito desta expressfio, até termos da or- dem de x’ inclusive, e comparando termos de mesma poténcia de z encontramos seguinte sistema de L + M +1 equagées algébricas po = fo po= fit fon po = fot hint for ph = fit fr-imt--+ fog (2.7) 9 = frat fom +--+ fo-meiam 0 = frsot fran +--+ fr-m+29m O = form t furm-ig +++ + Seam Jn=0 se n<0, © q=0 se j>M O sistema (2.7) de L + M +1 equagées, em principio, determina os coeficientes dos polinémios Py (zz) e Q4;(x) em termos dos coeficientes fn da expansio original (2.1). Evidentemente, deve haver pelo menos L+M +1 pecas de informagées disponiveis, isto 6, na expansdo basica (2.1), devemos ter L+M+1 co. Na coluna [2/2], temos os valores fornecidos pelo padé [2/2] dado em (2.12). Vemos, nessa coluna, que este padé foi capaz de ir muito mais longe, sem explodir, do que a série de Taylor (1.1) que lhe serviu de base. Ainda mais, no limite z > oo, [2/2] 3 29/41 = 0, 707317 que é uma aproximagdo bastante razodvel do valor exato /0,5 ~ 0, 707107. Note- mos, finalmente, que para fornecer esse valor no infinito, o padé [2/2] utilizou apenas os primeiros cinco termos da expansio (1.1) da fungdo (1.2) em série de Taylor. Esses coeficientes contém, portanto, muito mais informag6es do que a expansao basica consegue extrair. Enquanto esta toma os coeficientes linearmente, os padés consideram combinacdes mais ricas (multilineares), como seré ilustrado no exemplo da Seco 5. As figuras 1 e 2 mostram o comportamento da série (1.1), do padé (2.12) e da fungio exata (1.2). A série diverge para z > 0,5 ¢ nao é 56 mostrada na figura 2. Em ambas as figuras, vemos que.o grdfico do padé praticamente coincide com o gréfico da fungio exata, mesmo para valores grandes de s. 1,10 1,05 1,00 0,95 0,90 0,85 02 04 06 08 x 1,0 Figura 1. Cinco primeiros termos da expansdo de Taylor (1.1) curva que diverge, padé (2.12), fumgiio exata (1.2). Os graficos destas titimas fungbes coincidem, na escala da figura. 1,00 0,95 0,90 0,85 0,80 0,75 20 40 60 80 100 x Figura 2. A funcfo (1.2) ¢ o padé (2.12). Mesmo para valores bastante grandes de x, os gréficos dessas fun¢des coincidem, na escala da figura 3 Tabela de Padé Os aproximantes de Padé podem ser organizados na forma de uma ma- triz, chamada tabela de Padé, com a soguinte estrutura 57 0/0] [0/1] {0/2} {0/3} {2/0} [1/2] [2/2} [2/3] (2/0) (2/1) (2/2} (2/3) - (1) Conforme jd foi observado antes, a primeira coluna dessa tabela represen- ta as somas parciais da série basica. Na busca de convergéncia, podemos percorrer varios caminhos através dessa tabela. Esses caminhos sdo sugeridos por propriedades analiticas conhecidas ou esperadas da funeSo representada. Por exemplo, o comportamento assintético da expansio (1.1) nos levou a considerar os padés situados na diagonal da tabela. N&o vamos nos estender nessa discusso. Mencionamos, apenas, que muitas propriedades interessantes dos padés podem ser extraidas de tais tabelas. O leitor interessado pode consultar a referéncia [2]. 4 Existéncia e unicidade Vamos considerar, agora, alguns aspectos mais formais da teoria dos aproximantes de Padé. Comecemos com a questo da existéncia e uni- cidade. Precisaremos, apenas, de conceitos basicos de Algebra Linear. O problema da convergéncia, um pouco mais complicado, exige conhe- cimentos sobre as séries de Stieltjes ¢ néio serd abordado neste pequeno trabalho. O leitor interessado pode recorrer as referéncias [2,3]. 4.1 Existéncia A existéncia do aproximante de Padé {L/M] para uma série de poténcias Fi)= faa” (4) n=O depende da existéncia de solugio do sistema (2.7), mais especificamente das M ultimas equagdes, que escreveremos na forma Fig te + fo-me.om = ~fh41 fis t+ fo-mede = ~ fae (4.2) fism—ig +++ fram = —fi+m 58 ou, em forma matricial, . AX =B (4.3) onde A é a matriz dos coeficientes, X é a matriz coluna das incdgnitas q, € B 6a matriz coluna dos termos independentes. O sistema (4.2) terd solug&o unica se as M equacées forem linear- mente independentes. Neste caso, 0 aproximante de Padé [L/M] seré infinitas solugdes quando o posto 7, da matriz dos coeficientes e da matriz ampliada do sistema definido em (4.3), for menor do que M. Neste caso, podemos escother M —r incégnitas ¢ as outras 7 incégnitas qj, assim como os coeficientes py, 1 = 0, 1,2, .... L, serdio dados em funcSo daquelas. Este fato pode levar-nos a pensar que teremos infinitos padés uma vez que podemos atribuir quaisquer valores is M — r varidveis livres. Exarminemos, porém, 0 seguinte exempio, que nos abre caminho para interessantes conjecturas, convite certo para posterior pesquisa (como indicaremos logo abaixo). Consideremos « série geométrica f(a) sitet tartatee 5 [alc (4.4) e procuremos determinar o padé pot pit + poe? 2/2) = ————_—— P| L+ qe + qr? associado. Da definigdo (2.6) segue a relagio (4.5) pot pin + pre? = (LtataPr tat pate. Lt get qee”) + Oz") de onde obtemos potpie-tpaa? = 1+(L-+qi)et(1+q,-aa)0? (141+ g2)09 (+a ta) Seguindo 0 procedimento discutido neste trabalho, isto é, comparan- do termos de mesma poténcia de x nos dois membros desta igualdade, obtemos as seguintes equagées: a: po=l a malta x? p=ltat+e (4.6) 2 O=ltnte a O=lt+n +a en : i i L E i 59 Das duas tiltimas equagées resulta que n a Desta forma, qi, assim como p; € pz, dependem da quantidade qo, isto é; m= 0 Substituindo estes valores em (4.5) obtemos gor 2) + qa? (2/2) = (4.7) 1+(-1 Entretanto, o denominador da fragdo acima pode ser reescrito como 1+ (-1—qa)a + qa? = (1 — 2)(1 — gaz) de maneira que (4.7) toma a forma final 1 l-a« (2/2) = (4.8) Neste exemplo, verificamos que quando o sistema. (2.7) possui infini- tas solugdes, os polinémios do numerador ¢ denominador do padé nao sfio primos entre si, as varidveis livres slo canceladas e 0 padé se tor- na timico. Notemos que o padé (4.8) é justamente a soma dos infinitos termos da série geométrica (4.4). Qualquer outro padé reproduziré esse mesmo resultado. A conclus&o a que se chegou da discussio do pardgrafo precedente nos leva & seguinte questiio. Uma vez que a série original converge a uma expresséo bem definida — no caso da série (4.4), 1/(1~ 2) quando x <1—e os padés “descobriram” isso — isto é, nao adianta procurar padés “superiores” ao padé [0/1] — nao seria o caso de se usar os padés para “somar séries’? Deixamos a cargo do leitor meditar sobre este tema. | 60 4.2 Unicidade Enunciemos, agora, 0 seguinte Teorema (unicidade) Se ezistir, o aprozimante de Padé [L/M] a uma série formal € tinico. Prova: Suponhamos que existam dois aproximantes de Padé Xz(2)/ Ysa) e Un()/Vu(t), associados a uma mesma série de poténcias (2) = Dero fae” Temos, entao, que X1(0)/Yoe(2) — Ur(2)/Va(e) = O(0"* >) (4.9) pois ambos aproximam a mesma série [ver (2.5)]. Multiplicando a equa- go (4.9) por Yre(2)Vir(z) obtemos Xz1(a)Van(a) — Un(e)¥ur(2) = (2?) (4.10) O membro esquerdo de (4.10) 6 um polindmio de grau L + M, e, por- tanto, identicamente nulo, Como Yu(2) e Vu(z) néo podem ser nulos, devemos ter X1/¥u = ULV (4.21) ou seja, os dois supostamente diferentes aproximantes de Padé coinci- dem.O 5 Aplicagao Como uma aplicagio interessante dos aproximantes de Padé, vamos apresentar um método para. determinar os zeros de uma série infinita 4). Usualmente, para a determinagio dos zeros de uma série infinita, trunca-se sucessivamente a série obtendo-se uma familia de polinémios. Espera-se que as raizes de tais polinémios formem uma sucess&o conver- gente. Se a convergéncia n&o for conseguida, toma-se um polindmio de grau maior acrescentando mais um termo da série. Seja f(z) = 1+ ayz +a927 +--+ (5.4) a série ém cujos zeros estamos interessados : i ; f O aproximante de Padé [L/M] associado é Pom +pimz +--+ +pimz" L+M+1 T, = Se Ss 5.2 [£/M] ltameh ~ tammel F(z) + Oz ) (5.2) Nesta segio, a nova notago para os coeficientes p's e q's é devida ao fate de que vamos fixar Le variar M. Na verdade, 0 leitor atento j4 deve ter percebido que os coeficientes p's e q’s dependem de L e de M. Essa dependéncia nao é, geralmente, explicitada para economia de notagao. Examinando (5.2), vemos que podemos obter aproximagées para os zeros de f(z) por meio das rafzes do polindmio do numerador. Esper- amos que & medida que aumentamos os graus dos polinémios do nu- merador e do denominador, ou seja, da soma L + M, vamos melhorar a nossa aproximagaéo. Para definir uma sistemtica de trabalho, fixamos o grau LE do polinémio do numerador — o que equivale a. fixar o ntimero de raizes de f(z) —e variamos 0 valor de M. Desta forma, & medida que M cresce, mais e mais coeficientes da série (5.1) irdo contribuir para a de- terminacao dos coeficientes q’s. Estes, por sua vez, transferirio cada vez mais informagées da série para os coeficientes p's e, conseqiientemente, para as raizes procuradas. Obviamente, néo podemos, com este método, encontrar todos os zeros da série original, pois, isso implicaria num tratamento exato do pro- blema. Entretanto, podemos encontrar aproximagées cada vez melhores para um mimero finito de zeros. Fixando L = 1, podemos construir um algoritmo recursivo para obter um zero de f(z) com a precisdo desejada. De (5.2), temos que {U/ME) = (1 + paarz) / (2+ ona + gom2? bo bavare) (5.3) donde vemos, imediatamente, que o zero do numerador é dado por an 1 = 5.4 * Pim (64) bastando, portanto, determinar pj. Chamaremos este resultado de aprovimagao de ordem M. Da expresso (5.2), obtemos a relagéo L+pimz = (Lt az tae? ++) (1 tame + +anaz) +0 (24?) 62 que nos permite determinar piyy, a saber, Pim =a + aM (5.5) Assim, para determinar p; precisamos conhecer apenas gis, Ou seja, nao necessitamos achar todos os coeficientes q’s, embora, de acordo com © sistema (2.7), todos eles estejam influindo implicitamente no valor de aqim @, portanto, de pim- ‘Vamos obter as trés primeiras aproximagées 2), 2% e 2 para um zero da série (5.1). A estrutura dessas aproximagées nos mostrard, o caminho para encontrar o algoritmo que nos permitiré obter um zero com preciso arbitréria. Na aproximacio de ordem 1, isto é, M=1, e de (5.5) temos 1 = po atm =~ (5.6) ata = 0 onde climinamos o segundo indice dos coeficientes p's e q's para simpli- ficar a notagao. Resolvendo o sistema (5.6) obtemos q, = —a9/a1 ¢, usando (5.4) mbt 4 4, (6.7) math g—2 wap ay Para M = 2 temos a aproximagio de ordem 2 ¢ as equages corres- pondentes ata = PL agtant+e = 0 (5.8) ag tao taig = 0 Resolvendo o sistema (5.8) temos a3 — A122 == 5 n= Ie (59) Usando (5.4) e (5.5), obtemos 2 (2) 4 a2 — ay See oe 5. *0 @3— 43 a? — 2a, a2 + a3 (5.10) a+ ay — a2 | vont i | 63, ‘Analogamente, na aproximacdo de terceira ordem obtemos a? — 2a, a2 +43 5.11 a, — 2034, — af + 3apa2 — af (1) @= Observando as expressées para 26), 2) e 2°) dadas em (5.7), (5.10) e (5.11), respectivamente, notamos que o denominador de zg coincide com o numerador de 2"), i = 0,1,2. Em outras palavras, o denom- inador da aproximagio de dada ordem coincide com o numerador da aproximagéo de ordem imediatamente superior. A partir desta consta- tagdo, vamos inferir uma expresséio para 2" que nos da a aproximagéo de ordem n. Antes, porém, abramos parénteses para chamar a atengio do leitor para as equagées (5.7), (5.10) ¢ (5.11). Blas ilustram o fato mencionado em secdes anteriores de que os padés envolvem combinagdes multilineares dos coeficientes da expansio basica. Fechemos parénteses. Definamos as quantidades An == Yo amAnam 2 = 1,2,3,...5 (5.12) m=) onde Ap = —1 € am sdo os coeficientes da série (5.1). Em termos dessas quantidades temos : ' | 2 = An ,n=1,2,... (5.13) Os resultados (5.7), (5.10) e (5.11) seguem de (5.13) ¢ (5.12). ‘Assim, para obter a aproximago de ordem n, necessitamos de (n+1) coeficientes da série original e a relacao de recorréncia (5.12). As equa- ces (5.12) ¢ (5.13) definem o algoritmo que estévamos procurando. (28, 28), 28)... 8} teremos infor magdes sobre a convergéncia do método, se 6 répida ou Jenta. Se a precisdo desejada nao for alcangada, basta calcular Ang — uma vez que An41 j4 serd conhecida — ¢ efetuar 0 céleulo Angi/Ans2- : Um procedimento recursivo alternativo pode ser usado, Da relagao (5.13) temos Examinando a seqiiéncia a _ An wd fea donde An = os) (6.14) 7 0 64 Substituindo (5.14) em (5.13) temos f= Ani 1 An-2 L © Ket BD Fee OLD (18) Continuando com esta sistemética, chegamos ao resultado Avi a 1 A= Zz os a s =e (5.16) . wd . da" onde A; = a1 @ An+1 sd0 dadas pela relagio (5.12). Notemos que o algoritmo definido por (5.16) nos fornece o zero em termos do produto dos zeros obtidos nas aproximagées anteriores. Em qualquer dos dois procedimentos apresentados, se a precisio pré- estabelecida nao tiver sido alcangada, calculamos Anis, que depende apenas dos coeficientes da série, e usamos (5.13) ou (5.15). Notemos a grande vantagem de n&o ser necessdrio encontrar as raizes do polinémio de grau maior. O método tampouco requer “chutar” um valor inicial para z9. 5.1 Exemplos Aplicando o método para alguns casos especificos e pedindo uma precisio de sete algarismos significativos, obtém-se os resultados mostrados na Tabela 2, onde jo @ jr séio as fungdes esféricas de Bessel, M a fungio hipergeométrica confluente e Ai a fungdo de Airy (5) fC) Aa cos(z) T5r07e TB Foz) 3.141593 | 12 jilz) 4.493409 | 14 AM{—0.1;1; 2) | 3.387796 | 16 Ai(z) —2.338107 | 25 Tabela 2. Raizes de f(z) usando o algoritimo descrito nesta seco. A tiltima coluna indica a ordem da raiz, isto 6, 0 némero de recorréncias necessirias para se obter a preciso indicada, que é de sete algarismos. serene Nee SE | I ' : 5 I : : i 65 Outra aplicacdo notdvel dos padés consiste no célculo aproximado (com o grat de preciso desejada) de ntimeros irracionais ou transcen- dentais [6]. 6 Conclusao Com este modesto trabalho, esperamos ter pelo menos excitado a cu- riosidade do leitor. Apenas tocamos na superficie de um tema que é bastante vasto e rico. Os padés associados com expansdes em torno de um ponto — que sao os que discutimos — sao chamados, também, padés de um ponto. Podemos construir padés associados a expansdes em toro de dois (ou mais) pontos. Sao os padés de dois pontos, que nos permitem estudar, por exemplo, continuagées analiticas. Muitas vezes (especialmente em Fisica) conhecemos uma funciio apenas pela sua re- presentago em torno da origem e da sua expansao assintotica. Os padés de dois pontos sio étimas ferramentas para “ligar” essas expansdes. O dificil problema da convergéncia dos padés se constitui num incen- tivo excelente para o estudo das séries de Stieltjes. Para os interessados, citamos as referéncias [2, 3. Referéncias [1] 1. Henri Padé, Sur la représentation approchée d’une fonction par des fractions rationelles, Ann. Sci. Ecole Norm. Sup. Suppl. 9 (1892) 1-93. [2] 2. G. A. Baker, Jr., Essentials of Padé Approximants (Academic Press, New York: 1975). [3] 3. M. C. K. Aguilera-Navarro, V. C. Aguilera-Navarro, R. C. Fer- reira e N. Teramon, Aproximantes de Padé, Departamento de Matemiética, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR: 1997. [4] 4. V. C. Aguilera-Navarro e M. ©. K. Aguilera-Navarro, On the ze- roes of infinite series, Journal of Computational Physics 53 (1984) 193-196. 66 [5] 5. M. Abramowita e I. Stegun, Handbook of Mathematical Functions (Dover, New York: 1965). [6] 6. M. C. K. Aguilera-Navarro, V. C. Aguilera-Navarro, R. C. Fer- reira e N. Teramon, Representations of the number 7. Submetido para publicagdo no American Mathematical Monthly, 1998. Maria Cecilia K. Aguilera-Navarro e Valdir C, Aguilera-Navarro Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO 85015-270 Guarapuava, PR Valdir C. Aguilera-Navarro Instituto de Fisica Téorica - UNESP UNESP 01405-900 Sao Paulo, SP Ricardo C, Ferreira ¢ Neuza Teramon Departamento de Matemética - CCE / UEL 86051-990 Londrina, PR

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