Aula 25 02 2022

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25/02/2022

Empreendedorismo

Aula Teórico-Prática 1

Docente: Carmen Freitas


Data: 25 de fevereiro de 2022
1º Ciclo: Línguas e Relações Empresariais
2º Ciclo: Bioquímica Aplicada

Sumário
1. Empreendedorismo
1.1. Evolução do conceito
1.2. A sua definição
1.3. A relação com a inovação
1.4. Vários tipos de empreendedorismo:
1.4.1. Intra-empreendedorismo
1.4.2. Empreendedorismo Social
1.5. Como área de investigação
1.6. Em Portugal

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1.1. Evolução do conceito

Empreendedorismo: Evolução
Schumpeter
(1934) Leibenstein Drucker Shane and
(1968) (1985) Venkataraman
Cantillon (2000)
(1755) Knight
(1921) Kirzner
(1973) Gartner
(1985)

1760 1920 1950 1960 1970 1980 1990 2000

Casson
(1982)

Prehistoric Economic Multi-


basis basis disciplinary
basis

Figura 1 – Principais contribuições para o desenvolvimento conceptual de empreendedorismo.


Fonte: Adaptado de Murphy, Liao and Welsch (2006, p. 16).

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Empreendedorismo: Evolução
Prehistoric basis: representa um período em que a propriedade e o status foram consideradas uma
condição necessária para a atividade empreendedora.

Economic basis: está dividida em três movimentos diferentes:


Clássico – durante o qual a inovação e coordenação surgiram como fatores da atividade
empreendedora, tendo formalmente estabelecido o conceito de valor e distribuição.
Neoclássico – durante o qual a atividade empreendedora começou a ser percebida como um
instrumento de mudança que reorganiza os recursos.
Processo de mercado da Escola Austríaca – que explicou o empreendedorismo como resultado de
um conjunto de fatores ao nível individual, introduzindo a ideia de estado de alerta para as
oportunidades empreendedoras.
Multidisciplinary basis: conjuga os fatores humanos e os ambientais para explicar a atividade
empreendedora.

Empreendedorismo: Evolução
Sarkar (2014) apresenta uma evolução conceptual do termo empreendedorismo: página 59 à 61

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1.2. A sua definição

Empreendedorismo: definição
Autor Definição
John Stuart Mill (1848) Base da empresa privada.
A ‘creative destructive’ event that destroys existing economic structures in
Schumpeter (1942) order to create new ones, this innovative process being the driving force that
produces change in capitalist society.
Low and MacMillan (1988) The creation of a new enterprise.
Gartner (1989) Criação de novas organizações.
Stevenson et al. (1994) Prossecução de uma oportunidade sem olhar para quem controla os recursos.
“Any attempt at new business or new venture creation, such as self-
Reynolds et al. employment, a new business organization, or the expansion of an existing
(1999) business, by an individual, a team of individuals, or an established business.” –
Global Entrepreneurship Monitor (GEM) definition. Video

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Empreendedorismo: definição
Autor Definição
“Entrepreneurship is an activity that involves the discovery, evaluation and
Shane and
exploitation of opportunities to introduce new goods and services, ways of
Venkataraman
organizing, markets, processes, and raw materials through organizing efforts that
(2000)
previously had not existed”.
“The founding of new business, which is defined as the forming of a business
Shane (2003)
venture or not-for-profit organizations that previously was not in existence”.
É o processo de criação e/ou expansão de negócios que são inovadores ou que
Sarkar (2014)
nascem a partir de oportunidades identificadas.

1.3. A relação com a inovação

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O que é Inovação?
De acordo com Sarkar (2014) a inovação implica dois elementos fundamentais: criatividade e ideias Novas.

“Um processo de transformar uma oportunidade em novas ideias, colocando-as em prática” (Tidd et al.,
1997).

“A primeira aplicação com sucesso de um produto ou processo” (Cumming, 1998).

“Companies achieve competitive advantage through acts of innovation. They approach innovation in its
broadest sense, including both new technologies & new ways of doings things” (Michael Porter).

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O que é Inovação?
Schumpeter: “Historic and irreversible change in the way we do things …”(Schumpeter, 1947).

Para o Schumpeter (1934) a inovação pode ser:


1) A introdução de um produto novo ou melhorado;
2) A introdução de um novo método de produção;
3) A conquista de um nova fonte de matéria-prima;
4) A exploração de um novo mercado;
5) Uma nova forma de organizar os negócios.

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O que é Inovação?
“A inovação é a exploração com sucesso de uma nova ideia. Inclui as atividades científicas,

tecnológicas, organizacionais, financeiras e empresariais necessárias para a introdução comercial

de um novo (ou melhorado) produto ou serviço (Dodgson, Gann and Salter, 2008).

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The real challenge in innovation is not invention – coming up

with good ideas – but in making them work technically and

commercially

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Invenção … mas não inovação


1. Óculos para ler deitado

Fonte: http://www.hypeness.com.br/2014/02/30-invencoes-bizarras-do-passado-que-nao-deram-certo/

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Invenção … mas não inovação


2. Proteção para cigarro em dias de chuva

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Invenção … mas não inovação


4. Instrumento para fumar cigarros em sequência, para fumadores compulsivos

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Invenção … mas não inovação


3. Pistola com máquina fotográfica

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Maiores inovações da última década


(Sarkar 2014)

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Fonte: Sarkar, 2014: 170

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Empreendedorismo vs Inovação
NÃO HÁ EMPREENDEDORISMO SEM INOVAÇÃO

O conceito económico de inovação foi introduzido por Schumpeter (1934), tendo hoje em dia o
mesmo significado de empreendedorismo.

Outros defensores desta ideia:


Peter Drucker (1993): “Inovação é a ferramenta específica dos empreendedores, os meios pelos quais
exploram as alterações como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente”.

Freeman e Soete (1997): “A primeira aplicação comercial, ou produção, ou um novo produto, sendo que é a
contribuição crucial do empreendedor para ligar as novas ideias ao mercado”.

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Empreendedorismo vs Inovação
EMPREENDEDORISMO NÃO IMPLICA INOVAÇÃO

Kirzner (1973) considera que a inovação poderá ter menos importância para a descoberta de
uma oportunidade empreendedora.

Aldrich e Martinez (2001) enfatizam que nem todos os empreendedores podem ser classificados
como inovadores, sendo que a maioria dos novos empreendedores criam pequenas organizações
que trazem pouco ou nenhum incremento de conhecimento, visto as suas competências e rotinas
serem semelhantes às das organizações existentes.

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Empreendedorismo vs Inovação
EMPREENDEDORISMO NÃO IMPLICA INOVAÇÃO
O GEM publicou um estudo que analisou as expectativas de crescimento e inovação dos empreendedores. Para
medir a capacidade de inovação, perguntaram aos novos empreendedores como avaliavam a novidade do seu
produto ou serviço. A Figura demonstra que mais de metade dos inquiridos, em ambos os grupos de países,
considerou que o seu produto não trouxe inovação para o cliente.

Source: Harding and Bosma, 2007: 16.

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Percentagem de adultos que iniciaram ou estão a gerir um novo negócio com produtos ou serviços que são novos na
sua área, país ou no mundo

Fonte: GEM 2022, p. 52.

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1.4. Vários tipos de empreendedorismo:

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Vários tipos de empreendedorismo


Vários tipos de empreendedorismo (Bruin e Dupuis, 2003):
Empreendedorismo por necessidade;
Empreendedorismo ético;
Empreendedorismo de capital;
Empreendedorismo eletrónico;
Empreendedorismo familiar;
Empreendedorismo comunitário;
Empreendedorismo municipal;
Empreendedorismo estatal;
Empreendedorismo local;
Empreendedorismo na terceira idade;
Empreendedorismo em jovens.

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Intra-empreendedorismo
Vários termos têm sido utilizados para descrever o fenómeno de intra-empreendedorismo:
• Intrapreneuring;

• Corporate entrepreneurship;

• Corporate venturing;

• Internal corporate entrepreneurship

Intra-empreendedorismo – Processo de geração de empreendedorismo em empresas existentes.


(Sarkar, 2014).

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Empreendedorismo vs Intra-empreendedorismo:
Semelhanças
◦ Ambos envolvem o reconhecimento, a avaliação e a exploração de uma oportunidade;
◦ Ambos requerem um objetivo de levar à criação de novos produtos, serviços, processos ou
negócios;
◦ Ambos dependem de um indivíduo empreendedor, que forma uma equipa que o ajudará a
implementar esse conceito;
◦ Ambos requerem que o empreendedor esteja apto a articular visão com capacidades de
gestão, paixão com pragmatismo e proatividade com paciência;
◦ Em ambos os casos, o empreendedor ou intra-empreendedor encontrará resistências e
obstáculos e necessitará ser perseverante, necessitando ainda da capacidade de encontrar as
soluções inovadoras para o problema;
◦ Ambos requerem do empreendedor estratégias criativas para identificar e buscar recursos;
◦ Ambos requerem do empreendedor ou intra-empreendedor a definição de estratégias de
recuperação de capital investido.
(Sarkar, 2014: 39)

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Empreendedorismo vs Intra-empreendedorismo:
Diferenças
Empreendedorismo: Intra-empreendedorismo:
◦ Criação de riqueza; ◦ Desenvolver a situação da empresa;
◦ Procura de financiamento; ◦ Procura de potencial interno;
◦ Criação de estratégias e culturas organizacionais; ◦ Deve trabalhar dentro de uma outra cultura existente e
◦ Risco controlado; a oportunidade deve estar coerente com a estratégia da
◦ O retorno é para o empreendedor e os acionistas. organização;
◦ Flexibilidade de funcionamento, mas precisa duma
cultura empresarial conclusiva;
◦ A sua promoção depende da visão estratégica do gestor
de topo;
◦ Depende do líder do projeto ou empreendedor para ter
liderança na realização da ideia.

(Sarkar, 2014: 39)

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Intra-empreendedores
Empreendedores que operam com sucesso numa organização estabelecida ou em parceira com
outros empreendedores que possuem os atributos e capacidades que eles não têm (Sarkar,
2014).

“A person within a large corporation who takes direct responsibility for turning an idea into a
profitable finished product through assertive risk taking and innovation” (American Heritage
Dictionary).

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Intra-empreendedores
Spencer Silver e Arthur Fry:

Durante a década de 70 criaram o post-it


na empresa 3M (Minnesota Mining and
Manufacturing Company).

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Intra-empreendedores
Ken Kutaragi:

No início dos anos 90 concebeu o projeto


que deu origem à PlayStation na empresa
Sony.

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Intra-empreendedores
Steve jobs:

Desenvolveu vários projetos na empresa


Apple: Macintosh, iPod, iPad, iPhone,…

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Empreendedorismo Social
Empreendedorismo Social – “Atividade inovadora de criação de valor social que pode ocorrer
dentro ou entre os setores sem fins lucrativos, empresariais ou governamentais” (Austin et al.,
2006: 2).

Empreendedores Sociais – “são indivíduos que têm soluções de inovação para problemas
sociais, … são as forças transformadoras que tentam solucionar problemas que os governantes e
os burocratas não resolvem” (Sarkar, 2014: 44).

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Empreendedorismo Social

Dr Muhammad Yunus:

Criou o Grameen Bank, um banco que fornece financiamento


(microcrédito) aos pobres.

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Empreendedorismo Social

Bill Drayton:

Fundador da Ashoka, uma organização internacional sem fins


lucrativos que tem como missão financiar e apoiar
empreendedores sociais em todo o mundo.

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Empreendedorismo Social

Fairtrade Foundation:

Organização que tem como missão ajudar os


produtores dos países em desenvolvimento a alcançar
melhores condições de negociação e promover a
sustentabilidade.

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Empreendedorismo Social
Case Study:

BioLite

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1.5. Como área de investigação

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Área de Investigação
De acordo com Shane (2003) existem duas abordagens distintas na investigação do fenómeno do
empreendedorismo:
◦ Abordagem individual – com enfoque no empreendedor.

◦ Abordagem ambiental – com enfoque nas condições ambientais externas à empresa.

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Abordagem individual
A abordagem individual pressupõe que o empreendedor é o fator fundamental no processo
empreendedor e explica o fenómeno do empreendedorismo identificando uma comunidade de
“indivíduos empreendedores”.

De acordo com Shane (2003: 61) “a literatura de empreendedorismo tem mostrado que as
pessoas que se envolvem em atividades empreendedoras não são determinadas
aleatoriamente”; portanto, os empreendedores vão possuir certas características que os
distinguem de outros indivíduos.

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Abordagem ambiental
A abordagem ambiental considera que as forças externas têm um impacto fundamental no
surgimento, desenvolvimento e resultados da atividade empreendedora. Esta abordagem
concentra-se exclusivamente em forças externas, explicando o empreendedorismo através da
análise do ambiente no qual o empreendedor surge e da identificação de situações em que a
formação de novas empresa é mais provável de ocorrer (Shane, 2003).

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Área de Investigação

A abordagem individual e ambiental não devem ser vistas como antagónicas, mas como
complementares, pois juntas permitem uma melhor compreensão da complexidade do
fenómeno do empreendedorismo.

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Empreendedorismo e as suas vertentes

Fonte: Sarkar, 2014: 58.

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1.6. Em Portugal

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Empreendedorismo em Portugal
Em Portugal existem várias organizações/programas que trabalham na promoção do empreendedorismo:

◦ Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) – Agência para a Competitividade e
Inovação: Tem por missão promover a competitividade e o crescimento empresarial, visando o reforço da inovação,
do empreendedorismo e do investimento empresarial, nas empresas que exerçam a sua atividade nas áreas sob
tutela do Ministério da Economia, com exceção do setor do turismo, designadamente das empresas de pequena e
média dimensão. www.iapmei.pt/

◦ Empreendedorismo – Turismo de Portugal: http://business.turismodeportugal.pt

◦ StartUp Portugal – O programa StartUP Portugal, lançado em 2016, apresentou uma estratégia nacional para o
empreendedorismo, com o objetivo de reforçar o ecossistema e a capacidade de financiamento das empresas
tecnológicas, e fomentar a competitividade da economia, pela atração de investimento estrangeiro na área
tecnológica, renovação do tecido económico e criação de mais emprego qualificado. http://startupportugal.com/

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Empreendedorismo na RAM
StartUp Madeira: Tem como objetivo apoiar a implementação de projetos empresariais,
servindo como mecanismo de estímulo ao empreendedorismo, à inovação e à proteção do
conhecimento. Pretende auxiliar as empresas na fase inicial de arranque e na agregação de
valor, contribuindo para a dinamização do tecido empresarial da Região Autónoma da Madeira.
http://startupmadeira.eu/

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References
Aldrich, H. and Matinez, M. (2001). Many are called, but few are chosen: An evolutionary perspective for the study of
entrepreneurship. Entrepreneurship Theory and Practice, 25(4), 41-56.
Austin, J. , Stevenson, H. and Wei-Skillern J. (2006). Social and Commercial Entrepreneurship: Same, Different, or Both?.
Entrepreneurship Theory and Practice, 30 (1), 1-22.
Bruin, A. and Dupuis, A. (2003). Entrepreneurship: New perspectives in a global Age. Hampshire: Ashgate Publishing, Ltd.
Drucker, P. (1997). Innovation and Entrepreneurship: practice and principles, 2nd rev. edn, Butterworth-Heinemann,
Oxford.
Freeman, C. and Soete, L. (1997). The economics of industry innovation, 3rd Ed. London: Pinter.
Gartner (1989). Who is an entrepreneur? Is the wrong question. Entrepreneurship Theory and Practice, 13(4), 47-68.
Harding, R. and Bosma, N. (2007). Global Entrepreneurship Monitor: 2006 Executive Report. Global Entrepreneurship
Monitor at http://www.gemconsortium.org/report, in 09/11/2015.
Kirzner, I. (1973). Competition and Entrepreneurship, University of Chicago Press, Chicago.
Low, M. and MacMillan, I. (1988). Entrepreneurship: past research and future challenges. Journal of Management, 14(2),
139-161.

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References
Mill, J. B. (1848). Principles of Political Economy with some of their Applications to Social Philosophy, ed. William James
Ashley (London: Longmans, Green and Co., 1909, 7th ed.).
Murphy, P., Liao, J. and Welsch, H. (2006). A conceptual history of entrepreneurial thought. Journal of Management
History, 12(1), 12-35.
Reynolds, P., M. Hayand and S.M. Camp (1999). Global Entrepreneurship Monitor, 1999 Executive Report, Paul D.
Reynolds, Michael Hay and Kauffman Center for Entrepreneurial Leadership at the Ewing Marion Kauffman Foundation.
Sarkar, S. (2014). Empreendedorismo e Inovação, 3ª ed., Lisboa: Escolar Editora.
Schumpeter, J. (1934). The Theory of Economic Development, Harvard University Press, Cambridge.
Schumpeter, J. (1942). Capitalism, Socialism and Democracy, London: Allen & Unwin.
Shane, S. (2003). A General Theory of Entrepreneurship, Edward Elgar Publishing Limited, Cheltenham.
Shane, S. and Venkataraman, S. (2000). The promise of entrepreneurship as a field of research. Academy of
Management Review, vol. 25, no. 1, pp. 217-226.
Stevenson, H., Roberts, M. and Grousbeck, H. (1994). New Business Ventures and the entrepreneur, 4th Burr Ridge, IL:
Irwin.

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