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1- COMPREENDER O QUADRO CLÍNICO E FATORES DE RISCO DA ESQUIZOFRENIA.

Esquizofrenia é um distúrbio psiquiátrico grave, crônico e com manifestações psicóticas que afetam em geral o comportamento
social e a percepção de realidade do indivíduo.

Devido à desorganização psíquica, quem sofre desse transtorno pode apresentar reações emocionais desconexas e alteração de
comportamento. Inclui-se também o surgimento de crenças fantasiosas e falsas percepções, estando a primeira relacionada ao
sintoma de delírio e a última ao de alucinação.

FASES DA ESQUIZOFRENIA:

1. PRÉ-MORBIDA: baixa sociabilidade, priorização de atividades solitárias, ansiedade social, alterações cognitivas (déficits de
memória verbal, atenção e função executiva). Essas alterações podem ser observadas desde a infância e podem progredir.
2. PRODRÔMICA: período variável de tempo (meses) que antecede a eclosão da psicose; o indivíduo pode apresentar um
estado de apreensão e perplexidade, com a sensação de que ‘’algo está para acontecer’’. Mudança de comportamento ->
afastamento social, atitudes peculiares e excêntricas, pode ocorrer sintomas psicóticos breves e transitórios.
3. PROGRESSÃO: após o primeiro episódio de psicose, pode culminar em deterioração.
4. ESTABILIZAÇÃO: sujeito a recaídas. Os sintomas negativos podem ser detectados desde o início; já os sintomas positivos
ocorrem durante o período de exacerbação.

FATORES DE RISCO:
 Trauma na infância;
 Desnutrição;
 Uso prolongado de maconha;
 Deficiência de vitamina D;
 Condição de migrante;
 Pais mais velhos;
 Fome pré-natal;
 Retrovírus;
 Uso crônico de anfetaminas;
 Complicações obstétricas;
 Pobreza;
 Outros transtornos psicossociais.
 Parente próximo com esquizofrenia. De fato, parentes de primeiro grau de uma pessoa esquizofrênica apresentam uma
prevalência 10 vezes maior da doença, em comparação à população em geral.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: são heterogêneas e podem variar na sua apresentação a partir de variáveis sociais e ambientais
do paciente.

 Preferência por reclusão social e amorosa associada a comportamentos excêntricos


 Não é esperado que funções como memória ou capacidade cognitiva sejam afetados, exceto os déficits decorrentes das
manifestações do surto psicótico. O curso natural da doença envolve períodos de remissão e recaída dos sintomas,
geralmente acompanhados de uma deterioração geral do paciente a cada novo surto.
 Pode se observar um quadro de ansiedade e depressão prodrômico ao reaparecimento dos sintomas. A maioria dos
pacientes apresenta história de isolamento e dificuldade de manter relacionamentos ou vínculos de longo prazo, inclusive
trabalhistas e, já em uma observação inicial, algum traço de comportamento sinalizador da esquizofrenia, como
estereotipias, tiques ou maneirismos. Tais padrões acabam exacerbados durante atividade alucinatória, que geralmente é
auditiva e cinestésica, com percepção de falência de órgãos internos, e onde concentram-se os períodos de agitação ou
violência. Os delírios podem permanecer por mais tempo, com pensamentos autorreferentes de grandiosidade ou voltados
para discursos religiosos. O afeto costuma ser embotado e a linguagem pode ser afetada tanto para mutismo quanto para
mussitação ou monólogos recheados de neologismos.
SINTOMAS POSITIVOS:
Delírios – (crença fantasiosa) são ideias ou pensamentos que não correspondem à realidade, mas que a pessoa tem convicção
absoluta. Por exemplo, ela acredita que está sendo vigiada, ou perseguida, ou observada por câmeras escondidas; acredita que
os vizinhos ou as pessoas que passam na rua querem lhe fazer mal.

 Delírios persecutórios: pacientes acreditam que estão sendo atormentados, seguidos, enganados ou espionados.
 Delírios de referência: pacientes acreditam que passagens de livros, jornais, letras de música ou outras evidências
ambientais são direcionadas a eles.
 Delírios de retirada ou inserção de pensamento: pacientes acreditam que outras pessoas conseguem ler sua mente e que
seus pensamentos são transmitidos para outras pessoas ou que forças externas estão impondo pensamentos e impulsos a
eles.
 Delírios na esquizofrenia tendem a ser bizarros—i. e., claramente implausíveis e não derivados de experiências comuns de
vida (p. ex., acreditar que alguém removeu os órgãos internos sem deixar cicatriz).

Alucinações - são percepções irreais dos órgãos dos sentidos, não perceptíveis por mais ninguém. As alucinações podem ser
auditivas, visuais, olfatórias, gustativas ou táteis, mas auditivas são as mais frequentes. A pessoa pode ouvir vozes que dão
ordens de como agir ou que falam sobre ela. Mais raramente, podem ocorrer outras formas de alucinações, como visuais, táteis
ou olfativas. Ocorre devido a alteração na sensopercepção

Alterações do pensamento - as ideias podem se tornar confusas, desorganizadas ou desconexas, tornando o discurso da pessoa
difícil de entender.

SINTOMAS NEGATIVOS:
Esses sintomas dizem respeito à ausência de determinados comportamentos esperados, mais notadamente na expressão do
afeto e da vontade. O prejuízo na vontade é apontado, em especial, como o principal preditor de prejuízo funcional nas pessoas
com esquizofrenia. Cinco domínios para os sintomas negativos:

1. Alogia (ausência de ideias ou de pensamentos por lesão dos centros nervosos- pobreza de fala e de iniciativa de fala)
2. Alteração do afeto (afeto embotado: face do paciente parece imóvel com contato visual precário e falta de expressividade).
3. Associalidade (falta de interesse em relacionamentos)
4. Avoliação (perda/diminuição de iniciativa e motivação)
5. Anedonia (dificuldade ou incapacidade de uma pessoa em sentir prazer ou se motivar a realizar atividades que antes eram
prazerosas).

Alterações da afetividade - a pessoa perde a capacidade de expressar suas emoções e de reagir emocionalmente às situações,
ficando indiferente e sem expressão afetiva. Outras vezes, apresenta reações afetivas que são inadequadas em relação ao
contexto em que se encontra.

Alguns de outros sintomas que podem ser observados:

 Dificuldade de concentração;
 Alterações da motricidade;
 Desconfiança excessiva;
 Indiferença. 

SINTOMAS COGNITIVOS
Alterações na atenção, na velocidade de processamento, nas funções executivas e na aprendizagem.

SINTOMAS DE DESORGANIZAÇÃO
Manifestam-se no pensamento, sendo observados principalmente no discurso e no comportamento. O elemento central é a
falta do encadeamento lógico esperado para a conclusão de um raciocínio ou ação. A desorganização pode chegar aos
fenômenos da desagregação de pensamento, neologismos e salada de palavras, em que o discurso perde quase que
inteiramente o nexo.
SINTOMAS DE HUMOR/ ANSIEDADE
Muitas manifestações da doença se associam a alterações esperadas no conteúdo emocional. Um exemplo simples seria maior
ansiedade ou tristeza provocadas pelo fato de o paciente se sentir perseguido, vítima de um complô.

Os pacientes podem evoluir com sintomas depressivos na fase pós-psicótica, quando entram em contato com a crise e suas
consequências. Nesses casos, há a descrição do quadro conhecido como depressão pós-psicótica, mais comum em jovens e em
pacientes com maior nível educacional.

SUBTIPOS DA ESQUIZOFRENIA: Alguns especialistas classificam a esquizofrenia em subtipos com déficits e sem déficits, com
base na presença e na gravidade dos sintomas negativos, tais como afeto embotado, perda da motivação e redução do sentido
de propósito.

Os pacientes do subtipo com déficit têm sintomas negativos proeminentes, os quais não são explicados por outros fatores (p.
ex., depressão, ansiedade, ambiente sem estimulação, efeitos adversos de fármacos). Aqueles com subtipo sem déficit podem
ter delírios, alucinações e distúrbios do pensamento, mas são indivíduos relativamente sem sintomas negativos.

2- ENTENDER OS TIPOS DE ALUCINAÇÕES NA ESQUIZOFRENIA E SUAS APRESENTAÇÕES.

AUDITIVAS
A forma mais encontrada é a alucinação audioverbal, na qual o paciente escuta vozes sem qualquer estímulo real. Quase sempre
tem conteúdo depreciativo ou persecutório. Em alguns casos existem as "vozes de comando", as quais ordenam os pacientes a
realizar atos, outras vezes surgem as vozes que comentam as atividades corriqueiras do paciente. Esse tipo de alucinação não é
exclusivo da esquizofrenia, mas é bastante frequente nas psicoses esquizofrênicas. Ocorrem tanto em pacientes depressivos
(conteúdo depreciativo) como em paciente em mania (conteúdo de grandeza). Existe ainda uma classificação da sonorização do
pensamento:

 Sonorização do próprio pensamento do tipo alucinatório: O paciente reconhece claramente estar ouvindo os próprios
pensamentos.
 Sonorização do próprio pensamento como vivência alucinatório-delirante: O paciente ouve pensamentos que foram
“introduzidos em sua cabeça por alguém estranho”.

MUSICAIS: Descrita como a audição de tons musicais e melodias sem o correspondente estímulo externo. Fenômeno
relativamente raro. Pode ser contínuo ou intermitente, geralmente acompanhado de consciência clara e crítica pelos pacientes.
Comumente associadas a déficits auditivos, doenças neurológicas e transtornos psiquiátricos, principalmente depressivos,
ocorrendo mais em idosos.

VISUAIS
Visões nítidas que o paciente experimenta sem a presença de estímulos visuais. Podem ser:

 Simples: Fotopsias, nas quais o indivíduo vê cores, bolas, pontos brilhantes, escotomas, etc...
 Complexa: O indivíduo vê figuras, imagens de pessoas, partes de corpo, entidades (demônios e anjos), etc...

Existem também as alucinações liliputianas, nas quais o indivíduo vê inúmeros personagens diminutos entre as pessoas e
objetos ao seu redor, e as cenográficas, nas quais os pacientes veem uma cena completa (paciente viu seu quarto pegando
fogo).

As Fotopsias são frequentemente relatadas em pacientes com epilepsia. As cenográficas e liliputianas são raras, podendo ser
observadas em diversas psicoses e em paciente com epilepsia. As alucinações visuais, apesar de poderem acontecer em
qualquer psicose, são mais frequentes no delirium e nas psicoses desencadeadas por drogas (ex.: LSD).

TÁTEIS
O paciente sente espetadas, coques, insetos ou pequenos animais correndo sobre sua pele. Esse tipo de alucinação é frequente
no delirium tremens e nas psicoses tóxicas, principalmente nas produzidas pela cocaína. As com pequenos animais, via de regra,
acontecem associadas ao delírio de infestação (síndrome de Ekbom). Também são frequentes em pacientes esquizofrênicos, os
quais sentem forças externas tocando, cutucando ou penetrando seus órgãos genitais.

OLFATIVAS E GUSTATIVAS
São relativamente raras.

 OLFATIVAS:
Manifestam-se, em geral, como o "sentir" o cheiro de coisas podres (p.ex. cadáveres, fezes, pano queimado e etc). Lembranças
ou sensações olfativas sempre vêm acompanhadas de grande impacto emocional. Ocorrem na esquizofrenia e em crises
epilépticas ("crises uncinadas").
 ALUCINAÇÕES GUSTATIVAS: Os pacientes sentem na boca o sabor ácido, de sangue, de urina e etc, sem qualquer estímulo
gustativo presente. Ocorrem, muitas vezes, em conjunção com as alucinações olfativas.

CENESTÉSICAS E CINESTÉSICAS:
 CENESTÉSICAS: Alguns pacientes apresentam sensações incomuns e claramente anormais em diferentes partes do corpo,
como sentir o cérebro encolhendo, o fígado se despedaçando ou sentir uma víbora dentro do abdome.
 CINESTÉSICAS: São vivenciadas pelo paciente como sensações alteradas de movimentos do corpo, como sentir o corpo
afundando, as pernas encolhendo ou um braço se elevando.

FUNCIONAIS:
Essas alucinações se enquadram no grupo das alucinações funcionais, as quais ocorrem na ausência do objeto, diferenciando-se
assim de ilusão, mas desencadeada por um estímulo real (ex: pacientes que começam a ouvir vozes quando abrem o chuveiro).
Essas alucinações são divididas em:
 Alucinações combinadas (sinestésicas): experiências alucinatórias nas quais ocorrem alucinações de várias modalidades
sensoriais (auditivas, visuais, táteis e etc). Ocorrem com maior frequência em síndromes com alteração do nível de consciência,
mas podem ocorrer também na esquizofrenia, nas formas graves de histeria e nas psicoses em geral.
 Alucinações extracampinas: aquelas experimentadas fora do campo de sensopercepção usual, como quando um indivíduo vê
uma imagem "nas suas costas" ou "atrás de uma parede". É um fenômeno raro, associado usualmente às psicoses.
 Alucinações autoscópicas: É geralmente uma alucinação visual, podendo ter componentes táteis e cenestésicos, na qual o
indivíduo vê o próprio corpo como se estivesse fora dele, contemplando-o. A sensação de haver um “eu” fora dele e um “eu”
dentro dele é denominada de Doppel gaenger ou fenômeno duplo. Ocorre em pacientes com lesões cerebrais, no delirium, na
esquizofrenia, em indivíduos intoxicados por alucinógenos e em indivíduos normais.
 Alucinações Hipnagógicas e Hipnopômpicas: são alucinações auditivas, visuais ou táteis, relacionadas à transição sono-vigília.
As alucinações hipnopômpicas ocorrem quando o indivíduo está acordando e as hipnagógicas surgem no momento em que se
está adormecendo. Essas alucinações não indicam, necessariamente, distúrbios, podendo ocorrer em indivíduos normais.
Ocorrem caracteristicamente na Síndrome da Narcolepsia.

3- DIFERENCIAR A BIPOLARIDADE DE ALTERAÇÕES ‘’NORMAIS’’ DE HUMOR E SEUS QUADROS CLÍNICOS.

O Transtorno Bipolar (TB) caracteriza-se por oscilações de humor entre a depressão e a hipomania (eufórico, pensamentos
acelerados). A patologia, além de afetar psicologicamente e estruturalmente o indivíduo doente, possui a habilidade de
perturbar toda a sociedade em que esse está inserido. Caracteriza-se pela presença de episódios depressivos e maníacos, que,
na maioria das vezes, podem iniciar antes dos 25 anos de idade.

QUADRO CLÍNICO:
 TB tipo I: A pessoa apresenta um ou mais episódios maníacos, nos quais o humor está elevado, expansivo ou até mesmo
irritável, os quais se alternam com episódios de depressão maior. As alterações do humor são comuns, acompanhadas de
transferência da raiva. Os episódios maníacos podem interferir no desempenho profissional ou escolar, em consequência da
distração e da alternância entre as ideias. Os episódios têm início súbito e duram desde poucos dias até alguns meses. Os
sintomas depressivos são mais graves e menos responsivos às terapias convencionais, do que os sintomas maníacos.
 TB tipo II: A pessoa apresenta um episódio de depressão maior e no mínimo um episódio hipomaníaco ou maníaco menos
grave. Os sintomas hipomaníacos persistem por 4 dias ou mais.
 Ciclotimia: Os sintomas de hipomania e a depressão não psicótica persistem por 2 anos ou mais (ou pelo menos 1 ano em
crianças e adolescentes). Esse transtorno é exclusivo – ou seja, a pessoa com ciclotimia não atende aos critérios
determinantes de um episódio de depressão maior ou maníaco.
 Ciclagem rápida: Caracteriza a condição da pessoa que apresenta quatro ou mais episódios maníacos, com duração mínima
de 2 semanas, em 1 ano. A remissão (parcial ou completa) é substituída por manifestações clínicas do tipo oposto. Os
sintomas depressivos são pronunciados.

ALTERAÇÕES NORMAIS DO HUMOR:


Alterações de humor são comuns em todas as pessoas, sendo muitas vezes motivadas por fatores externos, como situações
boas, neutras ou ruins do dia a dia. No caso do transtorno bipolar, a flutuação do humor ocorre de repente, indo de um extremo
ao outro, sem necessariamente ter influência dos eventos ocorridos na rotina.

Costumam acontecer de forma pontual, ou seja, não é muito frequente e, normalmente, é desencadeado por algum
acontecimento ruim no seu dia. Além disso, a genética tem influência de 50% e a forma como nós nos comportamos diante de
um problema representa 40% das causas.

QUADRO CLÍNICO:

 Aumento ou perda do apetite;


 Baixa autoestima;
 Desânimo;
 Tristeza;
 Pensamentos negativos;
 Problemas para dormir;
 Uso de tranquilizantes ou mesmo drogas ilícitas;
 Isolamento social.

4- CITAR OS IMPACTOS SOCIAIS DA PESSOA COM BIPOLARIDADE.

Na maioria das vezes, o transtorno bipolar promove um impacto negativo no funcionamento psicossocial, familiar, profissional e
na saúde física dos portadores, acarretando prejuízos na qualidade de vida, tais como:

 Problemas nos relacionamentos emocionais e interpessoais;


 Separações;
 Problemas de saúde (comorbidade com doenças clínicas e outros transtornos mentais como abuso de álcool e drogas);
 Problemas no trabalho (queda de produtividade, faltas, perdas salariais, perda de emprego);
 Acidentes com veículos automotores;
 Disfunções cognitivas; etc.

Segundo a OMS, uma mulher que começa a apresentar sintomas do transtorno bipolar aos 25 anos pode perder até 9 anos de
expectativa de vida devido a comorbidade com outras doenças médicas (principalmente doenças cardiovasculares), 14 anos de
produtividade, e 12 anos de um bom estado de saúde geral. Na literatura científica, há muitas descrições de que portadores de
transtorno bipolar – especialmente se não adequadamente tratados – apresentam piores índices de funcionamento global e de
qualidade de vida em comparação a indivíduos da população geral (que não apresentam diagnóstico de algum transtorno
psiquiátrico), a portadores de outros transtornos mentais (como depressão unipolar e ansiedade), e de doenças médicas (como
asma, gastrite, obesidade). Em especial, a presença de sintomas depressivos no transtorno bipolar, tanto nas fases depressivas
como o que chamamos de “sintomas depressivos residuais” (aqueles que permanecem em menor número e mesmo em menor
intensidade, mas que interferem com o dia a dia do indivíduo), está associada a um comprometimento maior nas avaliações das
diferentes dimensões da qualidade de vida.

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