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Carnes e Pescado
Carnes e Pescado
Revisão Capa
Erick Guilhon NT Editora
Mariana Carvalho
Ilustração
Editoração Eletrônica Daniel Motta
Maycon Sadala
Eduardo Rodrigues
NT Editora, uma empresa do Grupo NT
SCS Quadra 2 – Bl. C – 4º andar – Ed. Cedro II
CEP 70.302-914 – Brasília – DF
Fone: (61) 3421-9200
sac@grupont.com.br
www.nteditora.com.br e www.grupont.com.br
ISBN 978-85-8416-126-3
1. Carne. 2. Tratamento.
I. Título
ÍCONES
Prezado(a) aluno(a),
Ao longo dos seus estudos, você encontrará alguns ícones na coluna lateral do material
didático. A presença desses ícones o ajudará a compreender melhor o conteúdo abor-
dado e também como fazer os exercícios propostos. Conheça os ícones logo abaixo:
Saiba mais
Este ícone apontará para informações complementares sobre o assunto que
você está estudando. Serão curiosidades, temas afins ou exemplos do cotidi-
ano que o ajudarão a fixar o conteúdo estudado.
Importante
O conteúdo indicado com este ícone tem bastante importância para seus es-
tudos. Leia com atenção e, tendo dúvida, pergunte ao seu tutor.
Dicas
Este ícone apresenta dicas de estudo.
Exercícios
Toda vez que você vir o ícone de exercícios, responda às questões propostas.
Exercícios
Ao final das lições, você deverá responder aos exercícios no seu livro.
Bons estudos!
Sumário
4 NT Editora
GLOSSÁRIO �����������������������������������������������������������������������������������������������������114
BIBLIOGRAFIA ������������������������������������������������������������������������������������������������116
Caro(a) aluno(a),
Neste curso você terá a oportunidade de estudar aspectos relacionados à obtenção e ao pro-
cessamento de carnes, área de grande importância na agropecuária Brasileira diante do seu volume
de produção e exportações.
A agropecuária tem o objetivo de produzir alimentos de origem animal e vegetal. Ela assume
um papel importante diante do crescimento populacional, da necessidade de aumento da oferta de
alimentos, da intensificação da produção e da oferta de alimentos com qualidade. A cadeia produtiva
inicia-se no campo, com aspectos relacionados à produção animal, e finaliza com a obtenção de ali-
mentos de origem animal para o homem.
Bom aprendizado!
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Objetivos
Ao finalizar esta lição, você deverá ser capaz de:
• Qualidade sensorial – o termo “sensorial” faz relação aos nossos sentidos: paladar, tato,
olfato, visão, audição.
10 NT Editora SUMÁRIO
As unidades de distribuição disponibilizam a carne e seus derivados para a venda,
obedecendo aos padrões de higiene tanto no acondicionamento quanto na comercialização dos
produtos, para que a qualidade dos produtos seja preservada. Esse cumprimento das normas no
varejo deve ser fiscalizado pela Vigilância Sanitária do município.
O consumidor tem se mostrado cada vez mais exigente em relação à escolha dos alimentos para
consumo, diante da grande oferta de produtos no mercado. De um modo geral, quanto maior o nível
de escolaridade e maior a renda da população, maior será a sua exigência na compra de alimentos.
Em populações de baixa renda, o consumo de alimentos de origem animal, entre eles a carne, está
diretamente relacionado ao aumento na renda.
Os consumidores desejam alimentos:
• seguros à sua saúde;
• baratos: o preço ainda é um fator limitante para a compra no Brasil;
• pouco calóricos: preocupação que está cada vez mais em evidência diante dos problemas de
saúde relacionados com a obesidade e o sobrepeso;
• com baixo conteúdo de sódio: frente à relação do consumo do sódio com a hipertensão e
doenças correlacionadas.
Saiba mais
Existem alguns sites informativos em que você pode acompanhar as novidades no mercado de
produção e industrialização de carnes, como o www.beefpoint.com.br e o www.carnetec.com.
Exercitando o conhecimento
Em relação à cadeia produtiva de carnes, responda: em qual das etapas da cadeia, ou unidade de
produção, está a responsabilidade pela produção de carne com qualidade?
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a) Setor produtivo.
O músculo liso está presente em alguns órgãos, como o útero e o trato gastrointestinal, e sua
Abdução: movimentação é involuntária, ou seja, não depende da vontade do animal, sendo controlada pelo
movimentar sistema nervoso autônomo.
um membro
no sentido do O músculo estriado cardíaco tem características do músculo estriado esquelético na sua
plano médio
estrutura, mas, assim como o músculo liso, sua movimentação é involuntária. Além disso, possui
do corpo, apro-
ximando-o do uma característica pecualiar que é a autoestimulação, ou seja, a capacidade de gerar seus próprios
corpo. estímulos. O músculo estriado cardíaco está presente somente no coração, o miocárdio.
Adução: mo-
vimentar um O músculo estriado esquelético é o mais abundante entre os três tipos de tecido muscular dos
membro no animais e é o responsável por sua movimentação (abdução, adução, extensão e flexão de membros) e
sentido oposto pela capacidade de o animal permanecer em estação, de pé. Após o abate dos animais, é o músculo
do plano mé-
dio do corpo, estriado esquelético que, por meio de transformações bioquímicas, dará origem à carne. Esse tipo de
distanciando-o músculo representa cerca de 50% do peso de uma carcaça.
do corpo.
A figura 2 representa a estrutura de organização do músculo estriado esquelético e o tecido
Extensão:
movimento conjuntivo, tecido que mantém a organização e a nutrição do músculo e se conflui para formar o
que distancia tendão, responsável pela ligação do músculo ao osso.
o membro da
articulação.
Flexão de
membros:
movimento
que aproxima
o membro da
articulação.
Tecido con-
juntivo: tecido
responsável
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O tecido conjuntivo tem as seguintes funções: manter a organização do tecido e distribuir
a vascularização e a inervação no músculo, auxiliando, assim, na sua nutrição e na transmissão de
impulsos nervosos. Músculos que suportam uma carga maior de peso, ou têm maior atividade, também
têm uma maior quantidade de tecido conjuntivo, como acontece, por exemplo, nos músculos de
dianteiro de bovinos. Esses músculos sustentam cerca de 60% do peso desses animais. Isso também
acontece com os músculos das bochechas dos bovinos, que são muito ativos. O principal componente
presente no tecido conjuntivo é o colágeno.
Agora veremos a função dos principais componentes da fibra muscular de interesse para o
estudo da transformação do músculo em carne.
Retículo sarcoplasmático: organela sarcoplasmática com a função de armazenar ións de
cálcio. O cálcio armazenado é liberado para desencadear a contração muscular no animal vivo. Na
transformação do músculo em carne, o cálcio tem a função de ativação de enzimas sarcoplasmáticas,
que garantem o amaciamento da carne, principalmente de bovinos (esse assunto será visto no
próximo tópico).
Miofibrilas: são organelas tubulares que acompanham toda a extensão da fibra muscular (com
dimensão variado conforme o tamanho do músculo), formadas por proteínas estruturais e contráteis
(actina e miosina). As miofibrilas são responsáveis por apenas duas funções no tecido muscular: a
As fibras musculares, em um mesmo animal ou numa mesma espécie, podem se apresentar sob
três tipos, com nomenclaturas relacionadas à sua cor: as fibras brancas, vermelhas e intermediárias.
Quanto mais vermelha, maior o teor de mioglobina (proteína que carrega moléculas de oxigênio).
Quanto à funcionalidade das fibras, as vermelhas têm contração lenta e tônica, e as brancas,
rápida e fásica, ou seja, as fibras vermelhas se contraem lentamente, porém suportam longos períodos
de atividade, por outro lado, as fibras brancas contraem-se rapidamente, mas por curtos períodos de
tempo.
Exercitando o conhecimento
Discorra a respeito da estrutura do tecido muscular estriado esquelético.
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Comentário: o tecido muscular esquelético é formado por fibras musculares, que pos-
suem proteínas contráteis, actina e miosina, de contração voluntária, formando as mio-
fibrilas. Sua estrutura é mantida pelo tecido conjuntivo, o qual também é responsá-
vel por conduzir irrigação sanguínea e a transmissão de impulsos nervosos ao músculo.
A ligação dos músculos ao osso permite o equilíbrio estático e dinâmico do corpo do animal.
Em relação ao metabolismo, podem ser diferenciadas em fibras brancas, vermelhas e interme-
diárias.
Nutrientes são substâncias capazes de auxiliar no metabolismo celular e podem ser divididos
em classes: proteínas, lipídeos (gorduras), carboidratos, minerais e vitaminas. A carne é um alimento
rico em nutrientes. A composição química média de carnes magras das espécies bovina, suína e de
frangos é: 75% de água, 20 a 22% de proteínas, 1 a 3% de gordura, 1% de minerais e menos de 1% de
carboidratos. Carnes com maior teor de gordura têm menor teor de água.
A água é o componente mais abundante nas carnes e de extrema importância para dar
suculência durante o consumo. A alta concentração de água na carne também limita sua durabilidade:
os alimentos com maiores concentrações de água têm uma durabilidade menor, pois são propícios à
multiplicação de microrganismos deteriorantes.
Quanto mais velho o animal, menor a concentração de água em sua carne. Por outro lado,
a quantidade de gordura dos animais mais velhos tende a ser maior que a dos animais jovens. A
alimentação dos animais é fator importante na promoção do acúmulo de gordura corporal e deve
ser observada. Alimentos com maior concentração energética leva a um maior acúmulo de gordura.
O conteúdo de proteínas da carne, fonte de aminoácidos essenciais, faz desse alimento uma
fonte nobre de proteínas. Além de fornecer aminoácidos essenciais, não sintetizados pelo nosso
organismo, a proteína da carne tem alto valor biológico.
• Aminoácidos – são moléculas orgânicas que se unem por meio de ligações peptídicas para
formar as proteínas. Há vinte tipos de aminoácidos.
• Valor biológico – é uma escala de graduação usada para avaliar a utilização de um nutriente
pelo organismo. Quanto maior o valor biológico, maior a utilização do nutriente pelo organismo.
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Até os anos 90, a carcaça suína era composta em maior proporção de gordura do que carne
(suínos tipo banha), mas o melhoramento genético de linhagens suínas permitiu o desenvolvimento
de carcaças com maior concentração de carne (suínos tipo carne). Hoje a banha suína não representa
o mesmo papel de antes, pois a conservação de carnes não é mais realizada com o uso da banha e, nas
preparações culinárias, foi substituída pelo óleo vegetal.
A quantidade de gordura varia muito de um corte cárneo para outro. Por exemplo, quando
comparamos a coxa com o peito de frangos, o peito tem uma quantidade menor de gorduras. Ao
fazer o mesmo com o pernil e o lombo suínos, percebe-se que o último tem menor teor de gordura.
Já nas carcaças bovinas, entre o filé-mignon e a picanha, o primeiro é o corte mais magro. Animais
mais velhos, bem alimentados, ou aqueles alimentados em confinamento, recebendo ração com alto
conteúdo energético, têm maior acúmulo de gordura corporal.
A gordura de animais ruminantes tem uma maior concentração de ácidos graxos saturados
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Entre os ácidos graxos insaturados, podemos destacar a família dos que contêm ômega 3, os
quais têm o seu consumo ligado à prevenção de doenças cardiovasculares e melhora do sistema
imunológico. O consumo de ácidos graxos saturados deve ser moderado, diante dos riscos à saúde,
como o aumento do LDL, conhecido como mau colesterol.
A carne é também fonte de minerais, em maior quantidade o ferro (alto valor biológico) e o
zinco, além de outros minerais como cobre, selênio, fósforo, potássio e magnésio. Por outro lado, não
é uma boa fonte de carboidratos, pois a reserva de carboidratos do músculo, chamado de glicogênio
muscular, será consumida nos primeiros momentos após o abate até a instalação do rigor mortis. O
glicogênio muscular é um polissacarídeo formado por unidades de α-D-glicose unidas mediante
ligações glicosídeas α -1,6 e α -1,4.
Exercitando o conhecimento
Quais nutrientes ingerimos ao comer carne?
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Comentário: a carne é fonte de proteínas com alto valor biológico, as quais contêm: aminoáci-
dos essenciais ao homem; gorduras, presentes em maior quantidade na forma de triglicerídeos;
vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K); minerais, especialmente ferro e zinco.
Saiba mais
Gostaria de conhecer detalhadamente a composição química da carne de diferentes espécies?
Então acesse o site: http://www.unicamp.br/nepa/taco/
O rigor mortis é uma contração muscular irreversível que ocorre após a morte do animal, Endóge-
quando as reservas energéticas para contração e relaxamento muscular esgotam-se. nas: que se
originam
Assim que o animal morre, a irrigação sanguínea, que fornece nutrientes e oxigênio para o do próprio
músculo, é interrompida. O músculo, na tentativa de manter a sua atividade, lança mão do uso de suas corpo; per-
tencentes ao
reservas de energia, sendo a principal delas o glicogênio muscular. A produção de energia por meio
organismo.
do uso do glicogênio muscular se dá de forma anaeróbia, ou seja, sem a presença do oxigênio.
O músculo necessita de energia para realizar a contração muscular (ligação da actina com
a miosina, formando a actomiosina) e para realizar o relaxamento muscular (desintegração da
actomiosina). Portanto, quando a reserva de energia ou glicogênio muscular acabam, o músculo
não poderá realizar a contração nem o relaxamento muscular, e instala-se uma contração muscular
irreversível, fenômeno denominado rigor mortis. O tempo de instalação do rigor mortis varia entre as
A sigla DFD deriva das palavras em inglês: dark, firm, dry, em tradução livre, escura, dura, seca,
que faz relação à aparência dessa carne.
Quando acontece o problema de qualidade de carne DFD? Quando animais que sofreram
estresse crônico por longos períodos são submetidos ao abate, sem tempo para recuperar sua reserva
muscular de glicogênio, consumido durante o período de estresse.
Por que a carne fica escura? Como os animais são abatidos sem a sua reserva de glicogênio,
o pH da carne não diminui, ou seja, a carne não acidifica. Com pH neutro, mantém as suas proteínas
íntegras, inclusive as mioglobinas, responsáveis pela cor da carne, e as proteínas responsáveis por
reter a água dentro do músculo, o que explica também o seu aspecto seco. A firmeza ou a dureza da
carne se deve ao fato da manutenção da estrutura do músculo.
Essa carne é prejudicial à saúde do consumidor? Não, mas pode causar repulsa, devido ao seu
aspecto.
Qual o problema da carne com pH neutro? Sua durabilidade será menor, e sua cor escura pode
prejudicar o desenvolvimento de derivados cárneos. Esse tipo de problema de qualidade de carne é
mais comum nas espécies bovina e suína.
A sigla PSE deriva das palavras em inglês: pale, soft, exudative ou então pálida, macia, exsudativa,
também fazendo relação à aparência da carne.
Essa carne é prejudicial à saúde do consumidor? Não, mas pode causar repulsa, devido ao seu
aspecto. Esse problema é mais frequente em frangos e suínos.
Qual o problema da carne PSE? A desnaturação das proteínas da carne com a consequente
perda da capacidade de retenção da água prejudica a elaboração de derivados cárneos com essa
carne, visto que a capacidade de retenção de água é importante na suculência e na aceitação dos
derivados cárneos.
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estruturais, presentes na linha Z da miofibrila. Essa degradação leva a uma maior fragilidade do tecido
muscular.
As principais enzimas são chamadas catepsinas e calpaínas. Estudos demonstram que são
menos ativas em animais de origem Zebuína, quando comparados com animais de origem Europeia
– fato que, aliado à maior presença de gordura de marmoreio nos animais de origem Europeia deixa
essa carne mais macia.
A maturação é importante no amaciamento da carne bovina, pois esse tipo de carne pode A vácuo: sem a
apresentar-se duro após a instalação do rigor mortis. A maturação acontece com a carne estocada sob presença de ar.
refrigeração (7 oC), embalada a vácuo, e o período de maturação de 14 dias é o mais utilizado devido à
sua eficiência no amaciamento da carne.
Exercitando o conhecimento
Responda (V) para as alternativas verdadeiras ou (F) para as alternativas falsas em
relação ao bem-estar animal no período de pré-abate.
Comentário: Se você respondeu (V), (V) e (F), você acertou! A carne PSE leva a uma
maior exsudação de líquidos, e a DFD uma maior retenção de líquidos, sendo ambas
rejeitadas pelos consumidores devido a sua aparência.
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Resumindo
Estudamos nesta lição quais são as etapas presentes na cadeia produtiva da carne e o papel
importante de cada uma delas na obtenção de matéria, carne in natura ou derivados com qualidade.
Também vimos a respeito da composição química, da estrutura do músculo e quais as transformações
acontecem após o abate dos animais que nos permitem diferenciar carne e músculo.
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Questão 6 - Assinale a alternativa que não corresponde a uma característica da carne
DFD.
a) Confere uma aparência escura e seca na carne.
b) Há uma grande desnaturação proteica no músculo.
c) Acontece com maior frequência em bovinos e suínos.
d) Aumenta a capacidade de retenção de água da carne.
c) Atividade de catepsinas.
d) Degradação de proteínas estruturais das miofibrilas.
Questão 10 - A criação de bovinos de corte no Brasil acontece, na maioria das vezes, por
meio do sistema:
a) intensivo de produção.
b) extensivo de produção.
c) de granjas automatizadas.
d) de confinamento.