Otimalidade

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Gramaticalidade = otimalidade

O quadro (tableaux) para avaliação dos candidatos tem a


seguinte configuração:

A primeira linha contém as restrições ordenadas da esquerda para


a direita, conforme a hierarquia da língua analisada;
A primeira coluna apresenta os candidatos a serem avaliados e as
demais o resultado da avaliação;
 marca o candidato ótimo;
* assinalada cada violação de restrição;
! indica uma violação fatal; e
O sombreamento indica que já ocorreu uma violação fatal antes e,
portanto, a avaliação naquele ponto não é mais relevante.
Premissas da OT:
• Universalidade: as restrições propostas não podem valer para uma
só língua e se referir a aspectos inerentes apenas a um grupo de
línguas. Precisam ser universalmente válidas.
• Violabilidade: todas as restrições são violáveis e é impossível infirmá-
las com argumentos empíricos. Mas é possível provar empiricamente
que ela é incorreta se não for conseqüência do efeito de outra,
dominante.
• Hierarquização: a hierarquia exprime dominação e não derivação
porque não faz referência a estágios intermediários.
• Inclusividade: todos os candidatos são avaliados e , portanto, é
preciso gerar e delimitar seu número mediante por condições gerais
de boa-formação.
• Paralelismo: todos os candidatos são avaliados em paralelo levando
em conta toda a hierarquização de restrições. Não há derivacionismo.
Aspectos inovadores:
• Restrições de fidelidade e estruturais: predizem a identidade input-output,
embora a representação final possa ser diferente do input na medida em que
as restrições de fidelidade são também violáveis, se dominadas por restrições
estruturais correspondentes a valores não-marcados em uma língua.

• Input como estrutura-alvo: o objetivo da representação final é sua


identidade com a estrutura subjacente.

• Formalização e emergência de valores não marcados: a interação entre


restrições de FIDELIDADE e ESTRUTURAIS permite prever os valores não-
marcados. Se prevalecer uma restrição estrutural o valor não-marcado
corresponderá àquele imposto na definição desta restrição; se fidelidade
dominar, o valor não-marcado será o que respeita o input. Assim, numa
hierarquização do tipo Estrutural-A >> Fidelidade >> Estrutural-B, os efeitos
da restrição estrutural-B não são visíveis porque esta dominada por
fidelidade. Porém, se não houver conflito entre estas duas últimas restrições,
o efeito da restrição estrutural-B passa a ser visível.
Controvérsias:
• Uma teoria ou um modelo analítico compatível com outras teorias?
• Definição de restrições orientadas para o output (poder explicativo fraco),
motivadas por outros modelos (problemas para definições de restrição que não
admitem violabilidade) ou deduzidas pelo desenho do modelo (problemas com a
maximização de restrições internas à teoria).
• Como validar a proposta? Usar a tipologia e comparação interlingüística, incluir o
maior número possível de candidatos a input.
• Há o risco de predizer um número não existente de línguas? Duas hierarquizações
só irão gerar gramáticas diferentes se estiverem em conflito, ou seja, crucialmente
hierarquizadas.
• O que é o input? Em fonologia é claro: uma representação fonológica subjacente.
• Como lidar com a opcionalidade? Considerar o contexto discursivo ou explicá-la
por diferentes hierarquizações: A >> B ou A >> B. Isto, porém, pode tornar gratuita
a violabilidade.
• Gramaticalidade absoluta: não há estrutura lingüística que expresse o input – ele
corresponde a um candidato nulo. Não fica claro, no entanto, como esse candidato
seria produzido pelo Gerador.
• Restrições no mesmo nível ocasionam perda da modularidade? Evita-se o
problema definindo as restrições de tal forma que não haja conflito entre
restrições de natureza diferente, salvo se o seu escopo for escopo
semelhante, o que caracterizaria situações de interface entre os módulos da
gramática.
• É possível expressar a marginalidade de construções? A OT não expressa
graus de aceitabilidade porque se baseia em uma hierarquização de
restrições e não num somatório das mesmas.
• Como a OT lida com a aquisição? Mediante um Algoritmo de Demoção de
Restrições (Tesar, 1995,1997) que funciona iterativamente sempre que a
criança gera resultados diferente da forma- alvo até que esta última seja
satisfeita.
• A OT é conexionista? Apenas parcialmente, embora tenha relações com a
psicologia cognitiva. Os modelos conexionistas tratam as violações como
não violáveis e, além disso, permitem expressar uma hierarquia (graus) de
aceitabilidade. No tocante à aquisição, conexionistas recorrem à indução
por treino de dados, algo que a OT descarta. A OT combina vantagens dos
modelos simbólicos (instrumentos de análise e representação das
estruturas lingüísticas) com as vantagens do conexionismo (instrumentos
para formalizar a interação entre as restrições).
OT E FONOLOGIA
Tipologia de padrões de estruturação silábica:
A sílaba ideal, não marcada tipologicamente, respeita as restrições 2 e 3 e, portanto
deve ser o formato inicial no processo de aquisição da estrutura silábica.
No modelo de Princípios e Parâmetros (PP), tínhamos:
1. Parâmetro do ATAQUE MÍNIMO: o ataque pode ser obrigatoriamente
preenchido, (valor positivo) ou pode ser opcional (valor negativo).
2. Parâmetro da RIMA RAMIFICADA: as codas podem estar presentes (valor
positivo = rima ramificada) ou serem proibidas (valor negativo = rima não-
ramificada).

A diferença entre o modelo PP e OT é que o primeiro não


contempla a fidelidade à estrutura subjacente e não faz
predições sobre a possibilidade de ataques e codas em línguas
nas quais estes elementos são opcionais. A OT mediante
restrições de FIDELIDADE input-output garante que ataque e
coda opcionais não são previstos aonde não existem.
FIDELIDADE POSICIONAL:
Exemplo de aplicação da OT a dados do Guarani (Beckman, 1997 apud Costa, 2001)
Esta hierarquia para a posição átona prova a relevância da restrição de fidelidade
posicional. Não favorece o candidato fiel em detrimento da restrição estrutural.

O candidato ótimo selecionado não é aquele fiel ao input, exatamente porque uma
restrição estrutural proíbe vogais nasais no output.

O candidato ótimo é o primeiro deles, aquele que obedece a restrição que veta a
nasalização da sílaba tônica e preserva sua oralidade. Viola apenas a fidelidade
input-output.

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