com registo a seu favor, celebrou com Bernardo um contrato, nos
termos do qual, o primeiro ficaria com usufruto pelo prazo de 10 anos. No contrato, datado de 2 de fevereiro de 2017, ficou convencionado que Bernardo poderia construir uma casa de habitação no prédio, que não tinha qualquer construção, e afetá-la ao turismo local. Bernardo nunca fez nada no prédio, por falta de dinheiro, e vendeu o seu direito a Carlos logo três meses depois. Este ultimo procedeu a construção de um edifício de três andares em dois anos e iniciou imediatamente uma exploração hoteleira, tendo recebido a classificação de 3 estrelas para o seu hotel. Bernardo morreu em 5 de outubro de 2019 e Abel reclamou de imediato a entrega do prédio. a) Analise a possibilidade legal de constituição do usufruto assinalado na hipótese; b) Esclareça qual a eficácia da morte de Bernardo no usufruto constituído; c) O que pode fazer Abel se Carlos se recusar a entregar o prédio? d) Tem Carlos algum direito sobre Abel? e) Suponha agora que quem morre e Carlos e não Bernardo e que o primeiro tem como herdeira única a sua mulher. Quid juris? *** Adelina e Bernardo divorciaram-se tendo no acordo judicial homologado por sentença ficado convencionado que a primeira permaneceria proprietária do prédio X, bem comum do casal, enquanto Bernardo ficaria titular de um direito de habitação sobre o mesmo. A transação não foi registada, estando no Registo Predial inscrição a favor de Adelina, por compra a Xavier. Bernardo, para alem de residir no prédio X, aí procedia ao cultivo de batatas, uvas, cerejas e pêssegos, apesar de não precisar para viver, dados os generosos rendimentos de trabalho que auferia. Vendia sempre toda a sua produção, com lucros anuais superiores a € 100.000,00. Em 18 de Agosto de 2018, Adelina vendeu a propriedade plena do prédio X a Carlos, seu advogado do divorcio, que conhecia bem a transação por si negociada para a sua cliente. O contrato foi registado com data do dia seguinte na Conservatória do Registo Predial. A partir dessa data Carlos reclamou de Bernardo a entrega do prédio livre e devoluto, o que o ultimo sempre recusou fazer. Para alem do pedido de entrega, Carlos exige ainda de Bernardo o pagamento de € 200.000,00 a titulo de fruição, invocando o direito de propriedade sobre os frutos produzidos pelo prédio. Quid iuris? *** O Clube Futebol de Benfica constituiu a favor da empresa petrolífera Angolax um direito de superfície para construção e manutenção de um posto de abastecimento de combustível. O contrato entre as partes, celebrado em 5 de março de 2009, previa a duração do direito pelo prazo de 20 anos e um preço de 1.000.000,00 de euros a pagar no prazo de um ano, o que aconteceu. A fim de financiar a construção do posto de abastecimento de combustível a Angolax contraiu um empréstimo no valor de 500.000,00 euros, dando de garantia ao Banco Fénix, o banco mutuante, a hipoteca do direito de superfície. A superficiária construiu o posto de abastecimento de combustível na totalidade e ao fim de um ano já estava em pleno funcionamento. Durante o ano de 2018 a oscilação do preço do petróleo arruinou o negócio da Angolax, que decidiu renunciar ao direito de superfície, apesar de continuar devedora de parte do empréstimo ao Banco Fénix. Quid iuris? *** António é proprietário do prédio X, que, desde janeiro de 1980, recebe agua de uma ribeira nascida no prédio superior Y, propriedade de Bento, agua essa enriquecida com aguas pluviais caídas em ambos os prédios. Em 2 de agosto de 2019, Bento bloqueou a ribeira, fazendo cessar na íntegra. o fluxo de agua para o prédio X e impedindo com isso a atividade de rega e de consumo domestico neste prédio. António reclama a existência de uma servidão de escoamento, adquirida por usucapião, e aponta a violação desse direito por Bento. Bento, por sua vez, alega que a agua e sua propriedade e que tem direito ao seu gozo e disposição, incluindo o consumo integral, vedando o acesso a ela por parte de António. Quid iuris?