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PML us y DE ee DAS CRIANCAS am pata seven 5 educadotes ¢ pais g EDIGAO PACTOR — Edigdes de Ciéncias Socials, Forenses ¢ da Educagao ‘Aw Praia da Vitéria, 14 A 1000-247 LISBOA, Te +251 213.511 448, pactor@pactor pt wwnw.pactor.pt DISTRIBUIGAO Lidl ~Edigbes Técnicas, La B.D. Estefania, 183, PUG Dio, ~ 1049-087 LISBOA Tok: +951 219.511 448 lidel@ielpt wwew cel pt LIVRARIA, Av, Praia da Vitéria, 14 A~ 1000-247 LISBOA Tol: +951 213.511 448 » Fax: +351 218 173 259 Ivraraglidel pt Copyright © 2020, PACTOR - EcligGes de Ciéncias Sociais, Forenses e da Educacao ® Marca registada da FCA — Editora de Informatica, Lda. ISBN ecigao improssa: 978-989-693-104.9 1." edigae impressa: junho de 2020 Paginagao: Carlos Mendes Impressao ¢ acabamento: Tipografia Lousanense, Lda. ~ Lousd Depésito Legal n Capa: José Manuol Rois llustragao: Concabida pela Autora do lio, Vera Ramos, ‘Todos os nossos livios passam por um rigoroso conttolo de qualidade, no ontanto, aconsolhamos ‘a consulta periddlica do nosso site (aww.pactor.p!) para fazer o download de eventuais corregées. Nao nos responsabiizamos por desatualzagdes das hiperigagdes presentes nesta obra, que foram verificadas & data de publeagao da mesma. (Os nomes comerciais referenciados neste ivvo tém patente registada Besonados todos os dots. Esta publeapie no pode sor reprocuzia, nem tansmiiéa, no todo ou fem parte, por qualquer processo elerenco, mecdnico, otoconia, agtalzaeso, gravaeao, sistema ce |amazonaronlo © dopanibizacao ce informacdo, sia Web, segue ou outos, som préia autorzagSo ‘serada Esra exceto 0 permtido pel CDADC, om ters de cea prvada pela AGECOP ~Aes0ci9¢80 ‘ara a Geetio da Copia Pvada,atraves co napamento da reapetve axa, Indice AAutora Introdugao @ A Psicologia e o Comportamento Humano Introdugao © ambiente e a sua influéncia no comportamento. Psicélogo vs. psiquiatra @ O Desenvolvimento da Crianga O desenvolvimento infantil Estddios do raciocinio moral de Kohlberg Estdgios do desenvolvimento psicossocial de Erickson Estagios do desenvolvimento cognitivo de Piaget Fases do desenvolvimento de Gallahue A importancia de brincar ... Adolescéncia Fase inicial da adolescéncia (dos 10 aos 14 anos). Fase final da adolescéncia (dos 15 aos 19 anos) A adolescéncia e o consumo de substancias psicoativas @ A Socializagao da Crianga e a Importancia dos Agentes de Socializagao A socializagao. Os agentes de socializagao Familia Os grupos sociais Aescola O grupo de pares ‘As dimensdes comportamentais dos agentes educativos. 1" 14 16 7 20 21 22 25 29 2 31 31 32 33 33 34 v (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS Como deverao atuar os professores As Perturbagées do Comportamento Comportamentos disruptivos. Comportamento normal vs. comportamento patolégico. De que forma a familia influencia 0 nosso comportamento? Perturbagao de Hiperatividade com Défice de Atengao (PHDA) Caracterfsticas e subtipos .... Estratégias para professores. Estratégias para pais Exemplo de caso Tratamento psicolégico. Perturbagao de Oposicao Caracteristicas Estratégias para os pais Exemplo de caso... Tratamento psicolégico. Perturoagao de Conduta Caracteristicas Exemplo de caso Tratamento psicolégico. A educagao inclusiva As Birras O que sao as birras Ento, 0 que desencadeia a birra? Como proceder perante a birra? Dicas para ajudar os pais e as criangas Caso de birra em contexto real. Os Estilos Parentais As praticas educativas dos pais Caracteristicas da comunicagéo agressiva Caracteristicas da comunicagao assertiva Caracteristicas da comunicagao passiva Caracteristicas da comunicagao manipulativa, Tipos de estilos parentais, 35 39 39 40 at 42 43 a7 50 5 51 53 54 55 57 58 59 60 62 62 63 65 65 66 66 69 70 73 73 74 75 75 76 7 INDICE Estilo autoritario Estilo permissivo Subestilo indulgente Subestilo negligente Estilo participativo . Comunicagao assertiva: a atitude mais correta! A Indisciplina no Contexto Escolar A indisciplina na sala de aula. . . A origem dos comportamentos de indisciplina na sala de aula... O papel do professor O papel da familia As estratégias dos encarregados de educagao As estratégias da escola A Importancia das Regras e as Técnicas Comportamentais Os limites da educacao, . O que os pais nao deverdo fazer: atitudes que reforgam os problemas de comportamento. O que os pais deverdo fazer: alitudes que reduzem os problemas de comportamento Estratégias e técnicas comportamentais Treino das competéncias sociais ¢ resolugao dos problemas/conflitos Treino da assertividade. Treino do autocontrolo/autorregulagao Relaxamento Punigao Reforgo. Modelagao (imitacao) Contratos comportamentais Sistema de oréditos Parentalidade Positiva A construcao de relagées positivas Formacao aos pais: a educacdo positiva Dicas para os pais 7 79 80 80 81 82 85 85 87 88 90 a 92 95 95 96 98 102 102 103 104 104 105 106 106 107 107 109 109 110 112 (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS Sinais ndo verbais de aprovagao Sinais verbais de aprovacdo. Consideragées Finais Bibliogratia indice Remissivo vi 112 112 115 117 121 A Autora Desde tenra idade sempre gostou de ajudar os outros, Uma eterna apaixo- nada pelo comportamento humano e pelas emogées, tern uma vasta experién- cia profissional no mundo da Psicologia Possui o grau de Mestre em Psicologia Clinica e da Saude, é Membro Efe- tivo da Ordem dos Psicdlogos Portugueses (OPP), Especialista em Psicologia Clinica e da Saude e Especialista em Psicologia da Educagao, reconhecida pelo Colégio de Especialidades da OPP Também é formadora certificada, com varios cursos de formagao na rea da Psicologia, e autora de diversos artigos publica- dos em revistas de Psicologia em formato digital e fisico. Por diversas vezes, & convidada por jornais para dar o seu parecer relativamente a algumas tematicas relacionadas com situagées espectiicas da atualidade. Ao longo da sua experiéncia profissional, tem-se dedicado ao acompanha- mento psicoldgico de criangas, adolescentes, adultos e idosos. Defende que a autonomia ¢ independéncia da crianga s6 serdo atingidas se houver disciplina, autoridade e afeto no ambiente familiar para que, mais tarde, a crianga se tone num adolescente e, posteriormente, num adulto mais responsdvel, organizado e bem-sucedido. id Introdugao A perturbagéo do comportamento 6 caracterizada pela ocorréncia de um padrao de comportamento persistente e repetitivo, no qual sao violados direitos basicos de terceiros ou importantes regras e normas sociais proprias para a idade do sujeito (APA, 2002) Os problemas de comportamento constituem um dilema que se tem vindo a desenvolver e a preocupar cada vez mais a sociedade atual. S40 muitas as vezes em que os pais se questionam a si mesmos onde falharam na educagéo dos seus filhos, Quando educamos uma crianga, geralmente, fazemo-lo através do modelo adotado pelos nossos pais, isto é, recorremos aos valores transmitidas pelos nossos pais, a0 longo da nossa educagdo, e também aos valores morais & sociais que a sociedade nos foi transmitindo, ao longo do nosso crescimento ‘A maioria dos pais procura controlar 0 comportamento dos filhos através de castigos e recompensas, embora os pais mais pessimistas desconsiderem que esses fatores possam facilitar a modificagéo dos comportamentos inadequa- dos Assistimos, muitas vezes, aos professores a reclamarem sobre os seus pro- blemas em gerir 0 comportamento dos alunos em contexto da sala de aula e sobre os obstaculos as criangas para terem limites respeitarem as ordens, © que acarreta inimeros prejuizos no processo de aprendizagem. Por outro lado, verificamos diariamente, nos meios de comunicagao social, relatos sobre atos de delinquéncia juvenil, que so associados de imediato & auséncia de limites a0 comportamento de criangas e adolescentes, que deveriam ser esta- belecidos desde cedo pelos agentes de socializagao. Os estilos educativos adotados pelos pais interferem diretamente no com- portamento das criangas, sendo a disciplina e a autoridade dois aspetos que xt (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS devem estar sempre presentes no processo educative, embora muitos pais tenham dificuldade em dizer NAO’, o que da énfase ao estilo parental per- missivo, Os pais nao precisam de recorrer a agressées fisicas para educar a crianga, pois essa atitude sé ird reforgar ainda mais os problemas de comporta- mento. Impor limites com atitudes positivas, seguras, consistentes e, ao mesmo tempo, transmitir afeto e empatia, facilitaré o processo de aprendizagem de regras e normas socials & crianca, de uma forma mais positiva e saudavel Os limites ajudam as criangas no controlo dos seus impulsos e é importante que as criangas compreendam que sao importantes nas nossas vidas e que, se Ihes dedicamos tempo para o afeto e Ihes damos atengao, também necessitamos de estabelecer regras. A isso chamamos amor. Esta obra tem como objetivo orientar os professores, educadores, pais psicdlogos no processo educativo das criangas, permitindo-lhes distinguir 0 comportamento normal do patolégico, conhecer as caracteristicas de cada perturbagao do comportamento, identificando as suas sintomatologias e im- plementar as estratégias de intervengao mais adequadas as necessidades de cada crianga, para que estas cresgam num ambiente harmonioso, equilibrado @, ao mesmo tempo, com os limites presentes na sua vida, Sd assim seréo criangas saudaveis e felizes! xi epactor A Psicologia eo Comportamento Humano Introdugao Apsicologia é a ciéncia responsdvel por estudar e analisar 0 comportamento humano e os processos mentais, tendo como objetivo desenvolver estratégias & técnicas que propiciem o desenvolvimento pessoal e social do individuo, possi- bilitando que ele se possa autoconhecer e interagir com o ambiente ou com os demais membros da sociedade de uma forma saudével. Falando agora um pouco do nosso cérebro, este esta dividido em duas par- tes, através de uma fissura longitudinal no que designamos por hemisférios: 0 hemisfério esquerdo e o hemistério direito. O hemistério esquerdo diz-se domi- nante, visto ser 0 responsavel pelo pensamento légico e pelas competéncias de comunicagao. Possui entao duas Areas importantes: a area da motricidade: da fala (4rea de Broca) e a area responsdvel pela compreensao verbal (area de Wemicke). Este hemisiério est relacionado com a organizagao, trata uma coisa de cada vez, lida com tudo 0 que é racional, com a nogao de tempo, fo- cando-se no pormenor e na persisténcia. O hemisfério direito é 0 que lida com a confusao ¢ a desordem, é 0 lado mais flexivel e consegue mudar facilmente de plano quando procura resolver determinado problema. Esta relacionado com tudo aquilo que é ndo verbal, 6 0 lado imaginativo, lida com imagens e simbolos e € 0 responsdvel por se ser sentimental, floséfico, religioso, por se pensar no hoje, no aqui e no agora. (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS Os dois hemisférios cooperam um com o autro e, se um dos hemistérios nao funcionar, o outro tem muita dificuldade em apoiar-se. E importante que os pais tenham a nog&o de como funcionam os hemis- férios cerebrais, por exemplo, as maes que sao muito organizadas, significa que esto a utilizar 0 lado esquerdo do cérebro. Mas € essencial que haja um equilibrio! Necessitamos de colocar em pratica os dois lados do oérebro, logo, seré pertinente que se consiga ajudar as criangas a usar cada um dos hemis- férios, para que tenham uma maior facilidade de adaptagao a novas situagdes ou mudangas de vida O comportamento esté sempre presente no nosso quotidiano e quando nos comportamos, alteramos os objetos ¢ influenciamos as pessoas, assim como também somos intluenciados pelos comportamentos dos outros. Considera- mos 0 comportamento como todas as nossas agées, alitudes, verbalizagées, emogées, sentimentos, pensamentos e crengas, isto 6, todas as atividades que executamos através da interagao com o meio, Grande parte das investigagées em psicologia sao realizadas através do método da observagao, sendo a ob- servagdo sistematica, delimitada pelas condigdes do que se pretende observar, a mais utilizada. Em alguns casos, a observagao ¢ ocasional, isto , nao segue um plano preestabelecido. Existerm comportamentos observaveis ¢ nao obser- vaveis publicamente, Os comportamentos observaveis sao aqueles que podem ser diretamente visualizados pelas pessoas que esto ao redor de quem pratica determinada agao ou comportamento, por exemplo, saltar, chorar, correr, sao comportamentos facilmente observaveis pelos outros. Relativamente aos comportamentos néo observaveis, estes apenas sao diretamente percebidos pela propria pessoa que esta a realizar a agdo e os outros s6 saberdo da agdo se a pessoa falar sobre o que esté a fazer ou se, of amente, a pessoa demonstrar sinais vis‘veis do seu comportamento. Por exemplo, se a pessoa estiver ansiosa ou preocupada com alguma situagao. as outras pessoas 86 saberdo disso se 0 sujeito conversar sobre 0 assunto. Muitas vezes, estamos magoados, desiludidos e tristes e néo 0 demonstramos embora possamos ir dando dicas acerca do nosso sentimento. Considerando que os sentimentos so comportamentos nao observaveis, sera importante que os pais estejam constantemente atentos aos comporta- mentos dos seus filhos, pois as emogdes nem sempre sao expressadas da mesma forma. E como é que pode fazer isso? E importante estar atento aos epactor O Desenvolvimento da Criancga O desenvolvimento infantil O processo de desenvolvimento infantil passa pelas mudangas do corpo, do pensamento ¢ do préprio comportamento. Ao longo desta mudanga, podernos observar varias condutas disruplivas, entre elas, a mentira, A mentira é uma atitude que é adquirida através da aprendizagem social e, por vezes, utiliza-se a mentira de forma a proteger alguém e nao no sentido prejudicial, no entanto, nao é uma atitude vista de forma positiva, causando preocupagao aos pais das criangas. Aqui, o mais relevante é o ambiente familiar que deve ser harmonioso, transmitindo seguranca e afeto, incentivando assim a crianga a dizer a verdade, sem provocagées nem ameacas. Assim, a relagao entre pais ¢ filhos sera mais saudavel e a crianga nao tenderd a voltar a mentir. As divergéncias culturais transmitem regras e normas sociais importantes para o desenvolvimento da crianga e a forma como séo conduzidas representa outro fator que intervém no comportamento da crianga. ‘escola é um elemento muito importante para o desenvolvimento da crianga, uma vez que é um lugar propicio ao seu desenvolvimento moral, paralelamente ao desenvolvimento cognitive, emocional, motor e social. A escola possibilita a interagdo com diferentes valores e perspetivas e a educagdo pré-escolar consti- tui um contexto favoravel para que a crianga va aprendendo a tomar consciéncia de si e do outro (Orientagées Curriculares, 1997) O desenvolvimento moral é um proceso de construgao que acorre no inte- rior do individuo e também através da interiorizagao de valores e regras sociais exteriores ao individuo. (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS A autonomia e a heteronomia da crianga expressam a passagem de uma moral apoiada no respeito unilateral das normas impostas pelos adultos a uma moral de autonomia e cooperacdo. Esta distingao por fases pretende esclarecer que é possivel encontrar elementos da autonomia moral numa crianga predami- nantemente heterénoma e vice-versa. Esta moralidade, sendo vista como uma fase onde predomina o dever exterior e a obediéncia aos adultos, de modo a evitar 0 castigo, acontece durante os 8 aos 9 anos e caracteriza-se pelo cons- trangimento, pela obediéncia e pelo respeito unilateral da crianga para com o adulto, sendo também marcada pelo egocentrismo, uma diferenciacao entre 0 “eu” eo meio social (Piaget, 1973) A esséncia da moralidade reside mais no sentido de justiga do que, propria- mente, no respeito pelas normas sociais. A moralidade tem mais a ver com con- sideragées de igualdade, de equidade, de contrato social e de reciprocidade nas relagées humanas e menos com o cumprimento ou violagéo de normas sociais ou regras. Estddios do raciocinio moral de Kohlberg Kohlberg defende que o desenvolvimento moral pode ser subdividido por estadios, sendo que, na sua concegao, estes estddios esto organizados em trés niveis (Tabela 2.1), nomeadamente, nivel pré-convencional, nivel convencio- nal e nivel pds-convencional (Kohlberg, 1984) O nivel pré-convencional é considerado 0 nivel mais inferior da morali- dade, em que o valor moral se estabelece acerca das consequéncias dos atos, Num estadio de desenvolvimento moral, orienta-se pela relacdo de obediéncia/ [castigo, no outro estadio predomina uma orientagao egoista que inclui a reci- procidade. No nivel convencional, o valor moral correspande ao cumprimento de agées e papéis sociais considerados corretos, no sentido de corresponder as expectativas dos outros. O primeiro estédio ¢ caracterizado pela aprovagao e por ajudar a agradar aos outros e, no segundo estadio, prevalece o dever de si proprio e as expectativas dos outros, O nivel pés-convencional corresponde aos direitos e deveres compartidos, cujos estédios sao: dever de contrato e agao moral epactor A Socializagao da Criangaea Importancia dos Agentes de Socializagao Asocializagao A socializagao um processo de aprendizagem e crescimento em que a crianga, ainda indefesa, vai interiorizando normas e valores sociais com 0 intuito de se integrar na sociedade. A socializagao € a forma como os pais e outros cuidadores (e.g.: professores, avés, etc) transmitem a crianga valores como a aceitagao dos outros, 0 respeito, a cultura, o incentivo a verdade, a amizade, a igualdade, a humildade, etc. ‘Ao longo deste proceso, a crianga vai estabelecendo relagées sociais, tor- nando-se num ser cultural. Através da interagao com os outros individuos do grupo a que pertence, o ser humane é capaz de adaptar 0 seu comportamento s regras e aos valores implicitos no respetivo contexto social. Assim, 4 medida que a crianga se vai envolvendo na sociedade, vai desenvolvendo habitos & competéncias que iréo torné-la responsdvel, sendo capaz de se autorregular’ e, ao mesmo tempo, permitir a descoberta de si prépria, O ser humano trans- forma-se num ser social apés um longo e gradual proceso, articulado com 0 préprio desenvolvimento biolégice e intelectual. Os juizos e os comportamentos + Gapacidade de controlar o seu préprio comportamento, de acordo com as exigéncias arias 29 (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS que tém lugar no seio da familia nao devem criar diferengas significativas, nem demarcar-se excessivamente, em relagdo aos pardmetros socials vigentes. Por isso, 6 posstvel afirmar que o comportamento do ser humano tern pouco de instintivo, uma vez que resulta de um processo de aprendizagem. Este processo resulta da interagao, da modelagem (aorendizagem por observaco e imitagao) e da comunicacao com os outros na sociedade, transmitide de geracao para geragao. No processo de modelagem, a crianga observa e imita aquilo que vé, ade- quando o seu comportamento a transigéncia do adulto, no entanto, quando a crianga imita, por exemplo, um personagem dos desenhos animados agressivo, em que o personagem agride o pai, por exemplo, os pais nao deverao permitir esse comportamento, devendo antes ajudar a crianga a perceber a gravidade dos seus prdprios atos e a considerar os sentimentos dos outros, evitando que volte a magoé-los. Bemns tentou identificar as finalidades do processo de socializacao, de forma mais espectiica, através de cinco niveis (Berns, 1997) @ Autoconceito — Vai-se desenvolvendo, A medida que as attitudes e ex- pectativas das pessoas que interagem com a crianga vao sendo incor- poradas na sua personalidade, permitindo que ela controle o seu proprio comportamento, de forma adequada @ Autodisciplina - Capacidade que a crianga tem para controlar as suas emogées e 0 seu comportamento. ® Ambigao ou motivagao - Ao longo da socializagdo, vao sendo defini- das metas que a crianga deve procurar atingir para se tornar adulta, pois, a socializacdo é um processo que decorre da infancia a idade adulta. Papéis sociais — Cada individuo desempenha um papel na sociedade, podendo desempennar simultaneamente diferentes papéis sociais, em diferentes situagdes, por exemplo, ser mae, itm, colega de trabalho amiga, presidente da associagao de pais, etc. © Competéncias desenvolvimentais — A socializagao tem também por fi- nalidade desenvolver as competéncias sociais, emocionais, e cognitivas da crianga para que ela consiga viver com sucesso em sociedade. 30 epactor As Perturbag6es do Comportamento Comportamentos disruptivos Os comportamentos disruptivos que os sujeitos com perturbagao do com- portamento apresentam integram-se em quatro grupos principais, designa- damente, o comportamento agressivo, que ameacga ou causa sofrimento a pessoas ou a animais; 0 comportamento nao agressivo, que causa prejuizo ou destruigéo de propriedade; a falsificagdo ou 0 roubo; e a violagao grave das nor- mas. Estes comportamentos disruptivos poderao conduzir 4 suspensao ou, até mesmo, a expulsdo das criangas ¢ dos adolescentes da escola, a problemas de adaptagao ao trabalho, a conflitos legais, ¢, no campo pessoal, a contrair doengas sexualmente transmiss(veis, & gravidez nao desejada e a danos fisicos por acidentes ou lutas (APA, 2002). Esta perturbacdo esta associada a com- portamentos de risco, como, por exemplo, 0 inicio precoce da atividade sexual, © consumo de alcool, de tabaco e de substncias ilicitas, Os fatores como a negligéncia parental, o abandono, as praticas educativas demasiadamente rigi- das, a violéncia sexual ou fisica, o historial tabagico materno durante a gravidez, a associacdo a grupos de pares delinquentes, a vivéncia em bairros violentos ou em instituiges acolhedoras e 0 temperamento dificil da crianga, poderéo predispor a crianga ao desenvolvimento da perturbagao do comportamento, tomando-se delinquente, uma vez que foi crescendo num ambiente desestru- turado. A agressividade é um facto com o qual nos deparamos diariamente, na rua, na escola, nos transportes puiblicos, no trabalho, na comunicacao social e, até mesmo, nos jogos de computador, que traduzem muitas vezes essa realidade, contendo armas e incentivando violéncia fisica. Geralmente, os sentimentos 39 (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS agressivos que as criangas apresentam, entre os 2 ¢ os 3 anos, sao uma cha- mada de atengao para o que esto a sentir, pelo simples facto de que, nessa idade, as criangas tém dificuldade em expressar verbalmente os seus sentimen- tos e as suas emogées, pois nao sabem expressar por palavras o que desejam. Aconselha-se que os adultos estejam atentos a estes sinais, quer no contexto escolar quer no contexte familiar, para que aprendam a lidar com esta situagao. tentando sempre encaminhar a agressividade da(s) crianga(s) para algo mais construtivo. Comportamento normal vs. comportamento patolégico Entao, 0 que distingue um comportamento normativo de um compartamento patolégico? Durante desenvolvimento das criangas e adolescentes, podem ser ob- servados varios compartamentos distuptivos, como mentir ou faltar as aulas. Contudo, para diferenciar um comportamento normativo de um comportamento patolégico, importa verificar se esse comportamento ocorre esporadicamente & de modo isolado ou se constitui um padrao, representando um desvio a norma de comportamentos esperados para individuos da mesma idade e género numa determinada cultura Na perturbagao do comportamento esta presente a propensdo, de uma crianga ou de um adolescente, para exibir comportamentos perturbadores e in- comodativos, podendo mesmo haver o seu envalvimento em atividades ilegais @ em gangues, na pratica de atos imprudentes e arriscados, em criminalidade e. até mesmo, em tentativas de suicidio, Quando tém este tipo de comportamen- tos, as oriangas e os adolescentes nao aparentam sofrimento psicolégico ou constrangimento pelos seus atos e nao estéo minimamente preocupados por poderem magoar os sentimentos das pessoas ou por as desrespeitarem, uma Vez que so seres que possuem pouca empatia, um desinteresse pelos senti- mentos ¢ pelo conforto dos outros. As criangas e os adolescents com estes comportamentos disruptivos, tendem a ter caracteristicas como a insensibili- dade, uma baixa autoestima, a agressividade, um comportamento insultuoso, 40 As Birras O que sao as birras Vamos agora passar ao tema das birras. Afinal, o que s4o as birras? E ine- vitével que as criangas tentem, algumas vezes, ultrapassar os limites que Ihes foram previamente estabelecidos. No entanto, muitas criangas, ao serem con- frontadas com exigéncias, regras e limites, reagem com o que designamos por birras, mostrando agressividade ou choro. As birras fazem parte do crescimento da crianga e de uma tentativa de construir a sua identidade pessoal. Sao rea- Ges rispidas e inoportunas que as criangas costumam exteriorizar depois de uma contrariedade e frustragao. Estas manifestagdes apresentam-se de forma diferente, conforme a idade: uma crianga pequena pode chorat, atirarse ao chao, gritar, berrar, etc., enquanto uma crianga mais velha pode atirar coisas para o chéo, bater com a porta, empurrar, etc. As birras sao um fenémeno natu- ral num determinado estadio evolutivo da crianga (com cerca de 2/3 anos) e vao desaparecendo, & medida que a crianga cresce (por volta dos 5/6 anos), a nao ser que a crianga tenha aprendido a servir-se das birras para conseguir alcangar os seus objetivos e isto apenas acontecera se os pais, ao longo do tempo, tive- rem cedido as chantagens dos filhos, revelando-se inconsistentes. As birras surgem sobretudo na faixa etéria préxima dos 2 anos e poderao prolongar-se até aos § anos. Nestas idades, ao longo do desenvolvimento da crianga, seu cérebro desenvolve-se a um ritmo impressionante, Ficamos, mul- tas vezes, deslumbrados com a aquisicao cognitiva das criangas nestas idades, com 0 modo como elas se expressam e aplicam as palavras corretamente de forma inesperada, Porém, por que razo as criangas nao fazem todas as mesmas birras? 65 (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS Nés sabemos que as criangas ndo sdo todas iguais, tém personalidades tes, tal como nés, adultos, Ha criancas que tsm um temperamento com que é mais facil lidar, que so naturalmente mais obedientes, mais calmas ou animadas e hd aquelas criangas com temperamento mais dificil, que so mais reativas, mais impulsivas ¢ mais respondonas, Estas diferengas fazem parte do ser humano, so caracteristicas de personalidade, ja nascem conosco. E 0 que sucede, por exemplo, com o facto de nao termos todos a mesma cor de olhos, a mesma cor de cabelo, a mesma altura e o mesmo peso, Por terem temperamentos diferentes, algumas criangas também irdo fazer birras de dife- rente intensidade em relagao a outras criangas. difere Entdo, o que desencadeia a birra? Geralmente, a crianga inicia uma birra quando quer conseguir algo, quando procura atengao, est cansada, tem fore ou, até, quando se sente desconfor- tavel ou frustrada. Esta frustragao faz parte de um processo de aprendizagem e descoberta da crianga, sobre si propria, sobre os outros e sobre o mundo que esta ao seu redor, A crianga necesita de regras claras em relag&o ao que pode ou nao fazer, ao que é e nao 6 normal fazer. A crianga faz birra porque, nessa fase de desenvolvimento, ainda nao possui os mecanismos para lidar com a frustragao. Como proceder perante a birra? Muitas vezes, nos momentos de birra, os pais reagem de forma impulsiva fazendo exatamente 0 oposto do que deveriam fazer e fazem-no na tentativa de aliviar as suas préprias frustragdes, 0 que acaba por ser pouco saudavel, visto essas atitudes influenciarem negativamente a relagao de confianca e seguranca entre pais e filhos. Assistimos a pais que deixam a crianga gritar e chorar e ou- tros que acabam por ceder as suas exigéncias com o intuito de que a crianga se cale, Este Ultimo tipo de reagao, por parte dos pais, tem consequéncias 66 epactor Os Estilos Parentais As praticas educativas dos pais O desenvolvimento emocional, afetivo e social de uma crianga é fortemente dependente da educagao parental, mas outras variéveis tém influéncia, como ja abordémos anteriormente (e.g.: 0 meio escolar, os amigos, a sociedade, etc.) Desta forma, as praticas educativas adotadas pelos pais determinam a forma como as criangas se comportam e influenciam significativamente a formagao da sua personalidade e o estabelecimento de futuros padrées relacionais enquanto adultos. A disciplina é considerada um meio de socializagao que inclui a apren- dizagem de comportamentos, que iréo ajudar a crianga a crescer em harmonia. E comum os pais recorrerem & educagao que receberam da sua familia, durante a infancia, definindo assim o seu estilo parental. Muitas vezes, os confltos no seio das familias surge devido ao estilo de comunicagao que utiliza. Podemos classificar a linguagem como assertiva, agressiva, passiva ou ma- nipulativa. Vamos agora descrever cada uma delas: © Comunicagao agressiva — Este tipo de linguagem pode fazer falhar a comunicagao, impedindo que os problemas possam ser discutidos até ao fim @ se encontre uma solugao ou se tomem decisdes em conjunto. ‘A pessoa tem uma grande conviogao nas suas ideias, desvalorizando 0 seu interlocutor! e padendo mesmo ser agressiva ao fazé-lo; 1) Aquele que fala 04 participa numa conversa, num didlogo onde hd interagdc realizada através da lingua gem. B (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS © Comunicagéo assertiva - E a forma mais correta de se expressar, onde se revela um bom control das emogées e se é capaz de exprimir as opi- nides e os sentimentos sem magoar os outros e, ao mesmo tempo, se & capaz de ouvir e considerar os argumentos dos outros: @ Comunicagéo passiva - A pessoa evita dar as suas opiniées e pode deixar-se dominar pelas opinides das outras pessoas: uulativa - A pessoa tenta argumentar e fazer valor © seu ponto de vista, mas nao 0 faz de forma direta e nem sempre apre- senta as verdadeiras razées. Caracteristicas da comunicagado agressiva 1% Neste tipo de comunicagao, a pessoa’ ® Domina os outros; @ Valoriza-se a custa dos outros; @ Ignora e desvaloriza 0 que os outros fazem ou dizer; a Quando hierarquicamente superior, revela-se autoritaria, fria, intolerante e, quando hierarquicamente inferior, é contestataria e hostil; Fala alto; Interrompe com frequéncia; Faz barulho para evitar que os membros do grupo se pronunciem; Comunica de forma descontrolada; Olha de revés 0 seu interlocutor; Usa a ironia e o sorriso sarcastico; oeeaoae.n Manifesta, através da mimica, o seu desprezo pelos outros. epactor A Indisciplina no Contexto Escolar Aindisciplina na sala de aula A indisciplina na sala de aula é um problema que tem vindo a assumir novas dimensdes nas escolas portuguesas, comprometendo o processo de apren- dizagem dos alunos, fator este que contribui para 0 insucesso escolar e, a0 mesmo tempo, fomenta grandes niveis de instabilidade emocional nos docen- tes, levando-os a sentimentos de impoténcia, de ansiedade, frustragao e exaus- tao. Lidar com um aluno indisciplinado torna-se um grande desatio para toda a comunidade escolar, quer para professores, quer para os assistentes operacio- nais ou para a diregao da escola e os pais. Note-se que, muitas vezes, as alteragdes comportamentais dos alunos na escola sao resultado da inexisténcia de envolvimento dos pais no proceso pe- dagégico dos seus filhos, Estas condutas perturbadoras poderdo incluir a agressao fisica, a violagao de regras, a desobediéncia, a intimidacao da crianga a outros colegas profes- sores, 0s atos impulsivos, as provocagées, os gritos, as discussées, etc “A indisciplina é um fenémeno intrinseco a sociedade e ao seu sistema de ensino e, dada a sua inevitabilidade, tdo antigo como a propria escola.” (Aires, 2010, p. 13) (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS Gerir os confltos no contexto de sala da aula néo é tarefa facil. Os profes- sores tém de cumprir os contetidos programaticos e, muitas vezes, acabam por nao conseguir concretizar o objetivo planeado para aquele dia, devido as interrupgées constantes provocadas pelos comportamentos perturbadores que os alunos criam na sala de aula, Nestas circunstancias, os docentes veem-se obrigados a intervir, acabando por desenvolver, muitas vezes, um desgaste fi- sico e psicolégico Todos nés temos personalidades diferentes e, por isso, adotamos diferen- tes formas de agir perante determinada situacao. Por exemplo, enquanto para alguns professores, determinado comportamento poderd ser considerado ina- dequado e desrespeitoso, para outros, poderd ser apenas uma manifestagao de revolta, por alguma situagao isolada ou propria da fase da adolescéncia. Nesse sentido, os docentes parecem adotar atitudes divergentes perante os comportamentos que considera indisciplinados, 0 que poderd dificultar aos alunos a percegao de quais s4o os comportamentos realmente considerados desajustados e perturbadores. Vejamos 0 seguinte exemplo: Exemplo 7.1 ] ‘Numa turma, um professor de uma dlsciplina pune 0 seguinte comportamento: co aluno levantou-se sem autorizagao para pegar na caneta que caiu ao chao. Outro professor de outra disciplina, em que o aluno teve o mesmo comporta- mento, ndo pune essa agéo. Estas posturas divergentes por parte dos professores fazem com que 0 aluno fique contuso, néo percebend se realmente aquele com- portamento foi ou nao incorreto. Tora-se necessario agir de forma cautelosa em relagdo ao que se consi- dera comportamentos indisciplinados, uma vez que se abrem precedentes na atribuigéo de rétulos aos alunos, de que séo indisciplinados, contribuindo assim, para a criagao de estigmas sociais. epactor A |mportancia das Regras e as Técnicas Comportamentais Os limites da educacado ‘A educago é, sem sombra de duvidas, a base para 0 sucesso futuro das nossas criangas. Os limites so cruciais para a educagao! As exigéncias da so- ciedade atual obrigam os pais a trabalhar cada vez mais para garantir 0 bem-es- tar dos seus filhos, mas esta esta auséncia provoca muitas vezes o sentimento de culpa em que muitos pais tentam compensar os seus filhos através da per- missdo, cedendo-lhes tudo o que querem. Como resultado disso, ha a perda de autoridade dos pais e a falta de limites dos filhos. Os limites so fundamentals na vida de uma crianga, pois eles funcionam como uma rede de seguranca e protegao. Uma crianga que nao ter uma disciplina regular em casa, além de provocar 0 dessossego e nervosismo nos pais, também terd dificuldades em cumprir regras noutros contextos, como, por exemplo, no contexto escolar. Dizer “NAO” é uma forma de educagao fundamental, pois permite que as criangas aprendam a combater as suas insegurangas e a tolerar as suas frustra- Ges, compreendendo, de forma saudavel, que nem sempre se pode ter aquilo que se deseja, Sabemos que nao é de todo facil dizer “ndo" a uma crianga, mas 6 imprescindivel, ao longo do proceso educative. No momento em que esta a colocar limites, é essencial construir um didlogo, explicando 0 motivo pelo qual esté a dizer “nao”, pois é importante que a crianga entenda que hd uma razéo légica para essa negagao. Mantenha as regras e nao ceda, independentemente (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS das reagdes da crianga. Lembre-se, s6 desta forma ¢ que a crianga ira criar limites e lidar com a frustragao de forma saudavel. Ao aprender a lidar com a frustragao desde cedo, aprende a ultrapassar as dificuldades de forma eficaz, sera capaz de resolver problemas de forma auténoma, com maior capacidade de resiliéncia’, tornando-se posteriormente num adulto bem-sucedido. ‘Sempre que os pais quiserem dar uma ordem aos seus filhos, deverdo po- sicionar-se perto da crianga, com voz firme, sem deixarem de ser afetuosos, usando 0 verbo na forma imperativa (e.g.: ‘Anda para a mesa! A comida esté servida!"), Sera importante manter o contacto ocular e, se houver resisténcia, socorrer-se de uma discreta pressao fisica (segurar-Ine no brago, por exemplo) Evite retardar ou desistir de uma ordem quando esta ja foi enunciada. O conhe- cimento de certas estratégias comportamentais poderd ajudar muitos pais a corrigirem habitos que, de uma maneira ou de outra, acabam por contribuir para © aumento do stress familiar. Varios referir alguns itens que devern ser evitados porque acabam por estimular ainda mais a desobediéncia O que os pais nao deverao fazer: atitudes que reforgam os problemas de comportamento © Ceder a birra - Os pais nao devem ceder & birra e, muitas vezes, caer nesse erro por vergonha do comportamento do filho, pensando que ao cederem ele vai parar com aquele comportamento embaragoso. Se a birra acontecer em casa, deixe a orianga chorar num lugar seguro até se acalmar. Quando perceber que a crianga esta mais calma, poderd perguntar-ine se a birra ja terminou e continuar a atividade que estava a fazer, sem sermées. Quando a situacéo o exigir, ou seja, quando a birra apresentar contornos de agressao, poder aplicar uma punigao. Caso a birra ocorra num local publico, a crianga devera ser retirada do centro do paleo, pois a assisténcia das outras pessoas ¢ tudo aquilo de que a birra precisa para ficar mais forte, Recorrer a ameagas e tentar assustar a crianga nao ajuda e contribui para aumentar a tensao; Capacidade qué 0 individuo tem de lidar com os problemas, superar obsticulos, adaplando-se positvamente as acversidades do dia a dia, 96 epactor Parentalidade Positiva Aconstrugdo de relagées positivas Podemos designar como parentalidade positiva um conjunto de comporta- mentos ou competéncias parentais com o intuito do melhor interesse da crianga que garanta a satisfacdo das suas principais necessidades e a sua capacitacao, sem violéncia, proporcionando-lhe 0 reconhecimento e a orientagao necessa- rios para possibilitar 0 seu desenvolvimento saudavel Os pais devem estar cientes de que as atitudes positivas proporcionam am- bientes e comportamentos positivos e saudéveis, os quais sao importantes na interagdo com os seus filhos. Entéo, como se constréi uma relagao positiva? Para que se cutive uma rela- Go positiva entre os pais e os filhos deve haver: © Respeito muituo — Respeite o seu filho. Assim como gosta que o seu filho 0 respeite, respeite-o também, de igual para igual. As exigéncias devem localizar-se ao mesmo nivel; © Tempo para a diversao ~ Gaste parte do seu tempo a envolverse em atividades com o seu filho, 0 que & fundamental. Poderd participar nas atividades da crianga, nos jogos, etc. © Transmissao de amor - Forneca ao seu filho o amor que ele merece, através de um sorriso, toque no rosto, um abrago e diga que o ama, Com esta alitude, ird transmitir seguranga ao seu filho e uniao entre a famntlia; © Encorajamento - Dé incentivos constantes a comportamentos adequa- dos, elevando a concretizagao deste comportamento no futuro, assim 109 (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS como promova a autoconfianga no seu filho. O encorajamento aumenta 08 sentimentos de confianga e autoestima da crianga. Seguer-se algumas atitudes de encorajamento: @ Valorize € aceite 0 seu filho como ele é e nao apenas como ele poderia ser; Aponte os aspetos positives do seu comportamento; Acredite na crianga para que ela também aumente a sua autoconfianga; Seja positivo e otimista: Centre-se nos pontos fortes; eaoeaa Reconhega os esforgos e as melhorias, tal como os resultados obtidos. Formagao aos pais: a educacao positiva A educagao positiva consiste numa relacao de respeito mituo entre pais ¢ fi- thos, sendo uma educago que estabelece seguranga, firmeza, mas, ao mesmo tempo, a empatia, a harmonia eo afeto. Com esta atitude educacional, a crianga sera saudavel, responsdvel, auténoma, capaz de resolver os seus conflitos por si prépria e feliz! A educacdo positiva possibilita que a crianga desenvalva uma inteligéncia emocional e uma autoestima equilibradas e permitira ainda que a crianga entenda a importancia das regras ¢ dos limites e que os integre na sua vida. E de extrema importancia que os pais tenham a capacidade de controlar a sua raiva e esta é uma das competéncias que os pais devem desenvolver por si mesmos, torando-se mais assertivos na forma de lidar com os seus filhos. Para que consiga obter esse controlo, devera estar atento as suas emocdes e tensdes, sabendo assim quando ter de manter o equilibrio (autocontrolo) Por exemplo, se verificar que a discussao ja se esta a desenvolver demasiada- mente, afaste-se um pouco, va ouvir um pouco de musica ou mesmo dar um passeio até acalmar. Lembre-se que, controlar o seu estado de raiva e zanga 6 um dever dos adultos e que esse seu autocontrolo ira servir de modelo de no Considerag6es Finais Sabemos que 0 desenvolvimento moral se inicia através da interagéo da crianga com a sociedade que é, de uma forma geral, restringida a familia. No entanto, nao podemos esquecer 0 contexto escolar, que é um meio com grande relevancia onde a crianga estabelece novas interagées, novas amizades e novas aprendizagens. ‘Ao mesmo tempo que se desenvolve 0 mundo social da crianga, 0 conjunto de ordens e limites a que deve obedecer também se vai desenvolvendo. E ver- dade que as primeiras regras sao transmitidas de forma direta pelos pais, mas 6 igualmente verdade que, mais tarde, as condutas das criangas sao também influenciadas pelas regras da sociedade Diversos estudos relacionam a perturbagéo do comportamento com o de- senvolvimento e a manutengao de comportamentos socialmente desajusta- dos, em termos de dificuldades de integragao social, legais e de criminalidade, Assim, toma-se essencial a clarificagdo das varidveis antecipadoras da pertur- bagao, para o desenvolvimento de estratégias de prevengao eficazes e para a sensibilizagao de pais e professores, com vista ao diagnéstico precoce e res- petivo encaminhamento da crianga e da familia para programas de intervengao que possam evitar ou minimizar as consequéncias nocivas desta perturbagao nas suas vidas Sera de salientar a importancia de uma educacao otimista e positiva em que 088 pais deverdo sempre procurar dar o melhor de si aos seus filhos, respeitando as suas individualidades © promovendo atividades para que as criangas pos- sam desenvolver competéncias sociais ¢ emocionais, que sao essenciais ao seu crescimento saudavel. 5 (COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANCAS Toda a comunidade educativa (pais/encarregados de educacdo, alunos, pessoal docente e nao docente) tem uma grande responsabilidade na salva- guarda efetiva do direito & educagao. Ser professor, ser pai e ser mae nao sao tarefas fceis! Ha que implementar as técnicas e estratégias comportamentais com persisténcia e paciéncia para que as criangas tenham um autocontrolo, para que se incutam os limites de uma forma positiva, ne

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