Definições Da Sexualidade Humana - Herowitz - Lopes Junior - Vito

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2 Saulo Vito Ciasca Andrea Hercowitz ‘Ademir Lopes Junior 5 ser hurano que strange cope, 56°, 35 paps eexressoes de ge rovofentagio sox ertiomo, razr, timid e reprodigo. + Prdticas servis se referem a como cada um se relaciona se 1ulmeto, 0 ato do ransar, proc ter pres + HERERO & ua estrtura social que impo um padito de gbneo bind, cigaro e heterossena + Gfiezoe a cimensdo sociale hstérca da construgto e do ‘entendimento des sigifcados do masculno!mascuinidade (bomen) @ do erninotemiiidade (mulher. ~ BRE soa como a psson dar ‘presse, em um deterinado momento conterto, em relagdo 08 paioes sociais de ginero 1» PxBURESERE WYETH se referem as expectativas sociais de comportamentos alitudes, funedes,ocupacto de exparos, responsablidades © podores atribuldos & feminlidade & rmasculiidade, . a compreensto que cada sujito cons: {u6 sobre ei om relago as dofrigbes socais de gBnero. » Weide Wawra como a pessoa ee identiica em relago a ‘pologias seuss histcicaesociimente constudas, que incluem aspectos da rentagdo sexual, experitncias © comportamentos, relacionamentos afetvo-senvas expresso de género, INTRODUGAO, s iltimos 30 anos presenciaram uma evolugéo notavel em relagdo is terminologias, conceitose descrigbes relacionadas & sexualidade humana e ao género, As preferéncias,significados e sos em relago aos termos variam quanto cultura, ente dife- fetes geragbes e até mesmo de pessoa para pessoa, A linguagem a ctiagio de conceitassdo produtos histéricos e sociais da hu- ‘manidade e também representam valores e perspectivas de uma época. Assim, muitos desses conceit etermos tém sido bastan- Definigoes da sexualidade humana te problematizados, inclusive pelo movims com refexdes importantes sobre a melor es re, cedescrigio de seus signifcados. Compreenierqulg ct cada uma dessas terminologias contrib para ue tenha um olhar mais apurado sobrea sexing LGBTQIA € evite equivocos na sua abordagem, ‘SEXUALIDADE Sexualidade € um aspecto central vid doe any que abrange corpo, exo idenidades,popiseapesiaey. nero, orentagio sexual, erotismo, preter ntnidadet pny io. Evivenciadaeexpressa por pensamentos ats dn, crengas,atitudes, valores, comportaments, rcs line rmentos e rlagbes de poder. influenciada pl interagi ds tores biolégicos, psicolégics,socias econdmicos, pltina turaislegas,historicos, relgiosose esprit’. A sxule abarca significados,ideias,deseos, sensagies emopes are riéncias, condutas, proibigbes, modelos efantasis te soa figurados de modos diversos em diferentes contexts sist periodos histéricos. Trata-s, portanto, de um cneeiodii- €o que pode se modifica ¢ esti sujeito a diversas uss itt «€ contraditériasinterpretagies, debates e disputes pli ‘A Organizagao Mundial da Sade (OMS) define «i+ sexual como: “um estado de bem-estar fio, emesis. BF tal e social em relagio a sexualidade; ‘no é meramenies sit cia de doenca, disfuncio ou debildade. Le ara que sae sal A, ‘¢ mantida, os direitos sexuais de todas as peSO*' itados, protegidos e atendidos". ‘ Se dees ciel Priticassexuais se referem 20a ; criar, ter prazer.O ato sexual tem diferentes $8 be pender das culturas e através das épocas. se seaet “padro” envolve, nessa ordem, um homem = ll Digitalizada com CamScanner se beijam, “ddo uns amassos’ estimulam manualmente o cor- Po € os genitais, fazer ou nio sexo orale finalmente, o inter, ‘curso pénis-vagina. Bande pazss Devesecomprende oto seal comoums a de comunicagio, em que cada pessoa, parceria ou gru posinta-s livre para escolher suas propris formas de dar ere- «eber prazer, com uma gama de possbilidades maior (ver Ca. pitulo 34 ~“Abordagem da satide sexual de pessoas LGBTQIAY"), (pessoa que tem atrasio pelo género “oposto”ecisgénero (pessoa que se identifica com o género de- signado a0 nascimento) na defnicio do que seria permitido ¢ autorizado ao ser humano, Nessa norma, quem nasce com penis €designado do sexo/género masculino, deve se identifcar como hhomem, seguir os pais e maneiras de se vestirede se eompor- tar conforme o esperado para homens em uma determinada so- ciedade, eter atragio sexual por mulheres. A mesma ligia se impea quem nasce com vulva (ser do sexo/género femini deverise comportar como mulher e ter atrasio por homens). CONSTRUTOS DA SEXUALIDADE E DO GENERO. Sexo biolégico TamEsteineag einen . palavra sexo € utilizada para se referir a0 sexo biol6gico, embora possa também ser utiliza- da para priticas sexuais. Na espécie humana, utilizam-se como ‘Parimetros os cromossofibs, a composiga hormonal, a genie Sine » agacmmneneelnoanenils io de pes soas como sendo do sexo masculino (XY; testosterona; pense testicuos; dstribuiéo de pelos egorduratpics) ou feminino (XX; vagina, titero e ovarios; estrégeno e progesterona; presen- sade mamas, distibuigdo de pelos e gordura ipcos) ow inter- sexo (estadosbiolgicosatpicos relacionados a diferengas no desenvolvimento do sex). 14, portant, varios sexosTeromiossimico genital gona dalpfenotipico’e cerebral! Na sociedade, quando se fala sobre gio, geralmente esta se referindo ao sexo eit (re- conhecimento da genitlia no ultrassom ou a0 nascimento). Entretanto, considerar que um pénis é do “sexo masculino” e tama vulva édo “sexo feminino também podera ser compreen- dido como maneira de designar o género a partir do genital. Nao hi como se descobrir o sexo de alguém sem examinar @ ‘genitalia, cariétipo ou caracteristicas corporais. Dessa forma, no se deve presumir sexo da pessoa por parecer se uma pes soa feminina ou masculina (ver Capitulo 4 ~ “Determinagao ¢ diferenciagéo biolégica do sexo e suas diversidades") Intersexo & um termo usado para uma variedade de con- digbes em que uma pessoa nasce com uma anatomia sexual / 2 DEFINIGDES OA SEXUALIOADE HUMANA Ou reprodutiva que ni se enquara nas definigBestpicas ebi- nirias de sexo masculino ou feminino. Ess variagéo pode en- volver atipia genital, combinagbes de fatresgenéticos, hormo- tas eaparénca e varagSes cromossbmicas sexuais diferentes, ‘de XX para mulher e XY para homem (ver Capitulo 31 =“Pes- s0as intersex) um termo mas recentemente utilizado pelos 'mo¥imentos sociais para pessoas cujas caracteristicas corpo- nai (cromossomos, gbnadas e genitlia) se enquadram nascon- vengdes de sexo “masculine” ou "feminino’, Género apropriados para homens e mulheres. Génerointerage com, ‘mas se diferencia das categorias do sexo biol6gico'. E um con- celtoutlizado para pensar sobre a constrigioe Conroe dos) roéuma a divisio do trabalho, a distribuicao da riqueza e da proprieda- de, sistema politico, a educagao, a satide, entre outras. A pré- pra linguagem, a forma como se pensae vivencia 0 mundo. ‘simesmo estdo profundamente marcadas por distingdes entre ‘ género masculino e feminino, que também orientam o modo ‘como as pessoas agem e interagem, que expectativas criam, como percebem a relagio entre sie o outro. © género também organiza a relacio entre homens ¢ entre rulheres eestrutura inclusive divisdes de poder entre as mascu- linidades hegeménicas (homens, cs, heterossexuais,vris) e as ‘oprimidas (homens trans, gays, bissexuais, eeminados). Inter- secciona-se com outrasestruturas scias como raga e clase, pro duzindo diferengas na experiéncia de vivers por exemplo, mu- Theres brancas enegras que tém vivéncias diversas do que é set rmulher na sociedade (ver Capitulo 8 ~“Valnerabilidades,nter- de comportamentos, atitudes, fangdes, ocupagéo de espacos, responsablidades e poderesatrbuidos & feminilidade e mas- ‘aulinidade. A divisio social do trabalho tem relegado as mulhe- res 0 papel do cuidado com a prole ea casa. O espago privado é considerado responsabilidade feminina, enquanto o piblico é destinado aos homens. Sensibilidade e expressio de afetos si0 consideradas caracteristcas femininas, enquanto forca ¢racio- nalidade sio consideradas masculina,e valoradas de forma de- sigual na sociedade. Dos homens se espera trabalhar, prover re- cursos, ser dominant, forte, esoltvo eno demonstrar emoyses. O live exercico da sexualidade, numa sociedade machista, én: centivado aos homens, enquantoéjulgado e probido&s mulhe- res. A subordinagao da mulher ao homem foi socialmente cons- Digitalizada com CamScanner “ 10 LGBTOUAr: PRATICAS OE CUIDADO TRANSDISCIPLINAR sai trode «poten pode vt monde OF a? i ee ae cal (nto biniria) a aad pele socedade feat profi. da snide) realizado a partir da visualizago do sexo no ul- trav ov ascimenta A partido reconhecimento da presen- pepe nr eee ca conor XY dae «quea pessoa € masclin:E um menino!” A parti do reconhe- ce dpe de ru nko ees cromosonas desig seque pesoa erinins:"E uma menina!” Ilr at dase port det de cars ina (ue compresnde como padrioo binfmio macho/homem/mas- calinoefemea/mulherfeminina), 0 género designado ser bi- nrio(menino/menina). A presenga de enitlia atipica ou de ferengas no desenvolvimento do sexo é um desafio para Aesgnacio do gnero,imposivel na liga binria hegeménicd. O term expressio de giner é «forma como a pessoa dese. ase epresarem um determinado moment e context em re Tago ao padres sociais de ginro, £ como “a apresentagdo do nero de cada pessoa se manifesta pela aparénci sia inci, do roup, estilo de abeloacessérios,cosmeticos- mancirsmos, fla, padres comportamentas,nomes referencias pessoas expresio de gnero pode se alteradaa qualquer momen | ‘to,se. pessoa assim o desejar. Refere-se ao que é mostrado, dito” cx ft parainear aos utes (ou ppt inde seu gran ‘que sto personagens estereo- tipadas que podem expressar um género feminino, masculino, andr6gino, nao bindrioe até atravessar os modelos antropomér. ficos para uma ilimitada possibilidade de: uta ‘Alguns termos sto utilizados em manuais de cassificagio iagnéstica da saide e se relacionam com a transgeneridad. ‘ Inclui todas aspes- {mulheres ¢ homens transexuas, pestoasio Bini) travestis) permite aceso is modlficagBescorporais que sto ofe- recidas pelo SUS (Sistema Unico de Saide). O termo éeriticado pelos movimentos sociais, pois a pessoa trans de fato, no pos- su uma incongruéncia com o propo gnero, mas uma ni iden- tifcagio com o género que Ihe foi designado ao nascimento. termo, na versio mais recente, foi retirado da segao de transtor- ‘os mena lstado em uma seyio denominada "Condes r- Tacionadas & sauide sexual’: Ja o terme 1 ‘A expressio é comumente confundida com a transgeneridade, ‘mas no deve ser entendida como sinénim, visto que pessoas trans podem ter disforia ou nfo. Hé também uma critica em re lagdo a esse termo, pois poderia ser considerado patologizador rnomeat um sofrimento especific. Por exemplo,ndo se nomeia o softimento decorrente da baixa estatura de “disfria de estatu- za De qualquer forma, devido ao uso frequent do termo como sintoma de desconforto em relacio ao corpo ¢ 2 realidade trans pela propria pessoas trans, optou-se por ineluir uma discussie ‘mais aprofundada a respeito no Cepitulo 50 - “Disforia de géne- oem criangas, adolescentes ¢ adultos’ Orientagao afetivo-sexual Segundo a OMS, a orientago sexual se refered atragto(de- {gj (ou nio) sca, romantica ou emocional por ouras pestoas. ode ser subdivida em atragao sexual afetiva ou romantica. A atragio sexual se relaciona 20 dese, &excitagdo e a0 interesse em priticassexuals com uma outra pessoa. Ja. aragioafetiva se refere 20 interesse em mantervinculoe troca deafetos. E con- siderada muitas vezes semelhante &atragio romintica, embora ppossam existir diferengas. A ideia de romanticidade/romantico 2 DEFINIGOES OA SEXUALIOADE HUMANA «std correlacionadaa sentimentos como amor epaio, que fo- Fam construges soca a partir do século XVIII (ver Capitulo 6 ~ "Desoto da rena leis cterostexua urna pessoa qu ene aracio por um géne- ee Se Porque gneros ni si neessarament binris) Homossetais ‘entem atragio por pessoas do mesmo gneo.issentas so pes- sos que sentem atrago por mas de um ginero,Panseuais 50 pessoas que sentem atracdo por pests independentemente do ‘nero, Assexuais so pessoas que estio em um espectro de sen- tirem pouca ou nenhuma atragio/desejo sexual por pessoas. ape- sar de poderem terrespostaaestimuls sexuais. A concepyio da atragio sexual como capacidade tem sid ericads, pois pessoas ascerusispoderiam ser consideradas pessoas com defini, pos no teriam atragocapacidade por outraspessoxs. ‘Aatrasio sexual deve ser diferenciada de comportamento ‘edentdae sexual. O comportamento se refere is priticasse- sais eo relacionamento em si. Uma pessoa pode sentir atra- hhomossexual, transgtnero e intersexo até sua. espatoogeain com reflexbes a respeito dos bastidores que constant boragéo dos manuais diagnésticos atuais, HISTORIA DA SEXUALIDADE E DA CIENCIA Pensarahistria da sexvalidade é pensar ahistra dc, cia seu desenvolvimento, a histéria da medicinaéenchy danesse processo, Essa perspectiva permite refletir sobre stan, Poralidade ea suposta “neutralidade” dos termos cients Para nomear e categorizar a sexual de cientifica & uma ilusio, que desereve, idade humana. Netra J que cabe a0 cientsta ecohero ddeondee o porqué o faz. Nio existe eruncrei- {Hu um anjo iluminista que trouxe a Ciéncia. Eta se deu pt meio de um longo processo de rupturas com visbes de mundo ristico-religiosas, sistemas morais,sociais ¢ muitasfoguees (em alusio as inquisigdes religiosas), até ser pautads pelo todo naturalista e positivista. Foi nesse contexto que nacert ‘medicina como discurso cientifico “revolucionirio’ em dett mento das feitigarias, curas misticas e outras abordagens Ne Se mesmo periodo do século XIX, o portador do discursocen tifico-médico foi também idealizado como o homem oct branco, cs e heterossexual! ‘SEXO, RELIGIAO E © PENSAMENTO CIENTIFICO 3 “Sem pecado, nada de sexualidade, E sem sexvalidade 58 Hisérigr® Brn todas sculura humana ext algun sobrea sexualidade e o género. Em uma perspectiva = tiva histérica, o sexo est presente, embora de forma etd ¢m todas as manifestages cultura, jam es sei micas ou rligisas. A forma como.o bi tagdes de homoerotismo é diferente de como os xamé dad as oexpicam. Ao perceber esa complexidae ed Digitalizada com CamScanner | | 8 ASPECTOS HISTORICOS DA SEXUALIOADE HUMANA E DESAFIOS PARA A DESPATOLOGIZAGRO de como outras sociedades compreendem o homoerotismo,a antropologia ea histria no século XX passaram a questioner aideia de superioridade da cultura ocidental (com seus aspec- tos relgiosos crstios,heteronormativos, monogimicos epa- triarcas)diante de outras civlizacbes ea concepsio vigente de “desvios sexuais” como algo anormal ou primitivo.“Desvi" € “normalidade” foram os grandes marcadores do discurso mé- Aico no final do século XIX que trazem em si virios aspectos moras do que seria considerado “normal”, ‘Na cultura ocidental, a eligi catdica ¢ um exemplo de ‘como se exere esse papel sobre o controle do corpo e se pro- uz um saber sobre a sexualidade. O Concilio de Trento, em 1563, estabeleceu as primeiras normas sobre ocelbato dos pa- dres eo papel da mulher junto ao sexo. Esta passou a ser me- ramente para procriagio, sendo o prazer e o deseo repreendi- dos, No entanto, ess ideal dogmatico da Ireja foi desafiado em alguns momentos pela realidade hstrica: no Brasil colb- nia, havia um lberalismo sexual evidente, produzido pelo con- tato com os povos indigenaseaficanos que vviam com os cor- pos & mostra‘, sendo as confissbes na inquisicio brasileira bustane eloquentes nesse tema, incluindo varios relatos deho- roerotismo pelos jesuitasehistoriadores’ ‘0 Tluminismo, ao longo da formagio dos Estados euro- pus, exerceu grande influéncia nas constituigBes dos paises ntais no século XIX, assim a medicina passou a ser uma entidade ofcal que detinha o poder de categorizaraspectos do comportamento humano em detrimento da Ire. Esse poder atribuido as cigncias médicas, apesar da sua aparente“neutralidade cientfca, nunca deixou de ser atraves- sada pelo contexto social, politico e cultural. Historicamente, 0 grande exemplo desse processo foi o surgimento do racismo Cientifico no qual intimeras teorias eugenistas no século XX “justfcaram as atrocidades da Segunda Guerra Mundial, como as cmaras de gis para deus, ciganos, negros ¢ todos 08 “des- viantessexuas”e “degenerados” No Brasil essa teorias“cien- tificas estiveram presents nas faculdades de medicina,no ideal de embranquecimento da populagéo mestica ¢ no processo “ci- vilizatsrio” imposto& populacio indigens’. PERSPECTINAS CIENTIFICAS DA ‘SEXUALIDADE “Michel Foucault (1988) demonstrou como os discursos histricos extio associados ao controle do corpo, desde a An- tiguidade Greco-romana, na Igreja durante a Idade Média, até a politica nacionalsta de formacio dos Estados europeus , portanto,na construcio da medicina enquanto ciéncia autono- ma. O autor associa a sexualidade a produsbes de poder (que determinam interdigdes aos subordinados), de saber (que legi- timam um conhecimento que benefica o lado de quem detém ‘ poder e consideram errado ou ignorante quem néo 0 possui) ediscursiva (com seus siléncios convenientes, como austncia de educagio sexual e de gnero nas escolas). Foucault com- preende nas suas anéliseshistricas que “o sexo deve ser visto ‘como problema econdmico e politico da populacio, sendo ne- cessrio analisarataxa de natalidade,aidade do casamento, 08 nascimentoslegitimos eilegtimos, a precocidade ea frequen- a das relagdes sexuas,a mancira de torn-las fecundas ou es- téreis, 0 efeto do celibato ou das interdicbes, a incidéncia das priticascontraceptiva (..):Estabeleceu-se assim, a partir do século XVIII, a“policia do sexo, formada sobretudo pela co- ‘munidade médica”. Desa forma, autor taz uma critica con- tundente a suposta neutralidade médica e da ciénci As teorias contempordneas baseadas no acimulo de evi- déncias da antropologia biolégica,ensinam que 0 corpo €re- stultado de uma constante interacio entre natureza/cultura e cst, sempre fie estaré marcada por processs culturas de lon- {2 duraciot. Isso parece evidente, mas nfo &0 que acontece ‘quando, por exemplo oaspecto funcional do anus éapresen- tado apenas como parte do sistema excretor no curriculo mé- dico, como se nao existisse a possibilidade de funcio prazero- sae sexual (sensago por sua ver catalisada na psiqué humana por fatores culturas). Qualquer parte do corpo é dotada de ero- tismo, sendo este permeado de contextos simbélicos e cultu- _ezndriostransamosyem sumayemrumamblente?. A psicanil- see Freud foram pioneiros em propor quea sexualidade.s. seus gnats vac dea” ‘A Teoria Queer, ficialmente queer theory (em inglés), sur- ‘gina década de 1980 a patir de estudos gays Iésbicosefemi- nistas ese refee a produces teéricas ede ativismo destinadas ‘contestare desconstruir normas sociossexuais (cis heterose- sual e patrareal) Afrma que a orenitacio sexual ea identida~ de sexual ou de género dos individuos si atos performsticos construidos socialmente e que, portant, ndo exstriam papéis sexuais inatos ou biologicamente determinados. Asidentidade, 0 que éautorizado ou nio para cada uma dela, seiam formas socialmente variveis de performar um papel sexual. Segundo Butler, “no se pode fazer referéncia a um corpo que no tenha sido desde sempre interpretado mediante significados cultu- rais"®, Do ponto de vista sociocultural politico a Teoria Queer tem contribuido para questionar padres estanques de identi! dades, contribuindo para a aquisigio de direitos redugao de desigualdade, Entretanto a ideia de que aiden lent mento da identidade de gé- nero"). De qualquer forma, a Teoria Queer analisa 0s processos sociis a partir do estranhamento do olhar, questionando a ideia de identidades normais ou “desviantes” ede desejos como legt- timos ou ilegitimos!. ‘A sexualdade est intrinsecamenterelacionada com a prin- cipais questdes que atravessam a atualidade, como as étnico- Digitalizada com CamScanner o spige vostene PPATIOAS ” 50,08 isc, teri. 3 Bra “ac os nd neocapiaisi 35 rai vim cere br idade expic a necessidade fe inch nessa tobe a sex se vdoonton proceso soit part cede ginero, como 0 facimo ¢ 9 toe ilosofo pe- Conadade 6am consi nr lars sano Anibal Quan nn i ona part de estrtaras diversos sistemas de opressio aaa aoe deginera cna er. Fa uma cra ale anes mo dos discursos que na realidade seriam “ur aed hecer que toma o Ocidente, « branquitude, 0 masculino Semsealiideoomo a medida do humano™. A matriz.co- [lonial de poder produziria uma geopolitica que garante 0 con- trole da economia, da autoridade, da natureza e dos recursos saturais, do genero, da sexualidadee da subjetividade a partir do fandamento patriarcal cristo e racial do conhecimento. ‘Decolonialidade é um conjunto de estudos, conceitos € catego- ras interpretativas para se criticar a ideia de universalidade € ‘modernidade, que seriam ideias garantidoras da matriz colo- nial de poder e estariam sustentadas no ideal civilizatério eu- ‘Focéntrico hetero, patriarcal monogamico, A teoria Queer of Color é uma metodologia que analisa ainterdependéncia entre 10s processos de colonizagioeexploragio dos povos com or3- «smo estrutual o sexismo ¢ heterossexismo, alim de recupe- "aro qucer nio como apenas ohomossexual, mas se referindo ' processos de construcio de comportementos ede grupos nor- ‘mativos ¢ nio normativos"’. A Queer of Colorampls a abordagem da Teoria Quer, comn- preendo que esta, 2 se consttuir a partir de quadiros tedricos norte americanos eeuropeus, também podetia ser um tipo de ‘colonialism epistemolégico e de discursodisante para analisar ‘8 realdades dos ples africans elatino-amercanos. Aprove ori’) fim de incorporar a questo indigena, a esravidao os confit tic rai de ase evidenciando em sexs proce, Soa formas colonizadas de ser, sabere poder que constinuiram ‘controlaram as subjetvidades até o presente!” O PAPEL DA MEDICINA Nos DI: ‘SOBRE SEXUALIDADE oe por parte de umm individuo ox grupo, de siderados “normais” pare Geterminads toca oy jt on sno sugi os diagaistion rbtion apart dae Peychopathia Sexualis,excrito por Kral Boing i‘ perverses foram clausficades includ tema oot mo, masoquismo eftichiseaa, usados a6 je Quay i portamento anormal disfunciomal ou etranby eng oo douma doenes mentale porta, Perigo parag nan ce para asestruturas de poder no mundo ocidenea M0 Na busca de etiloias pare ees doen frm tas explicagbes como “extravagincia’ “onanisengt =P bes eaté"fraudes contra a prociacis’ Fi debosss do desenvolvimento sexual a infact aa tzand todos 0s desis posse candies uae segiicos tatamentos méicos pare Oeste pt Ieee por fim uma enlaces a penis infase nos gos genitas. Nasia uma série de idence, “dewvantt'sonexibicionsas de Lasigu, os feiss ao net, 0s 20dfilos ¢ zooerastas de Kraft-Ebing ox runlistas de Robdeler. 0s mizoscopdlos, aecomasin ge bidfilos, dentre outros. Havelock Elis fot coautor do primero lirro mito wing ahomostexualidade, denorminado Invero Seraal (1856 te obra. as relacbese priticas homossenuais foram Cesta ms comportementas e houve a tentativa de nio caractens is como doenca atividade criminosa ou imoral. Elis comsdeg, va0 fenémeno de pessoas que se identiicerem comn snd db outro ginero como inversdo seno-estética. Outro milena ‘ilo, Magnus Hirschfeld fot quem fandou a primeira cepa vaqdo mundial de direitos LGBT, em 1897, Era um gandeee tudioso do fenémeno da transgeneridade e a exeendia. a como s homosseaualidade, como uma condicio de “enaiosi=- termediirios’ de um espectro entre o“homem pure" ¢2"== Iher pura. Considerava 2 diversidade sexual ede ginerocamo arte da natureza. Um dos seus colegas mais jovens fi Hazy Benjamin, que se tornou um importante defensor da cose == em meados do século XX. John Money (1950) cunhow os termos ginero, ideale de ginero, papel de ginero e orientaczo semval eextendia = ‘dade de género como flexive, podendo ser mudadasegsad & ctlacdo da crianca como menino ou menina, posigio qa ft uramente criticada posteriormente’. Kinsey fez uma poss Sum restr que descrevia a variabilidade as sexu humanas. A pesquisa se preocupou em evita ule de ordem moral, religiosa ou cultural. Seu trabalho deen twula perspectivas naturalizadas sobre comportamesto #7 ‘¢demonstrou isso estatisticamente o que foi um marco 289° a Na década de 1960, a pilula anticoncepsional. 25 G2 onda do movimento feministae 0 movimento de maioét 1968 permitiram uma nova revolucdo senual, com maioré=S hg Digitalizada com CamScanner {9 ASPECTOS HISTORICOS DA SEXUALIDADE HUMANA E DESAFIOS PARA A DESPATOLOGIZAGAO tadas,indiferentemente da classe sociale sexual, poiticas pi- blicas globais foram formuladas para o combate a epider Esse exforgo evidenciu as contradig&es socials em diverss pa- ses além de expor atitudes governamentais discriminatorias. ‘Acpidemia também trouxe dtona estigmas relacionados & po- pulagio de gays, travestis e transexuals, novasrelagées com os ainfincia eadolescncia, mas com repercussbes por toda a vida. Comoevitilos \gnoraraeristncia de | Amplar o conhocimento em saide tangas e adolescentes | LGBTOIA+, capactando-se para 0 LGBTOIA+ desvalorzar | acolimento dessa populagto e de suas derandas. suas famias. Eres comuns Reps manifestagbes| do dversdace sexual e de ginero om orangas © sdlescentes, Ter conhecimento de que dversida- de sexual ede ginoro eis © que ‘a repressdo nao muda crientagio senile identidade de gtnero, sendo apenas geradores de sofimento em erangas e adoles- centes LGBTOIAL, No abordarsituagbes | Ofereceraividades em sala de aula ¢e bulbingreaconadas | que abordem temas sobre Acreidade sonal e de. | dversdade sowal ede géner, Seronaescola. | adaptadas para cada idade, a fim de | proven esse tipo do viléncia Na | detecedo de situagbes de bullying, | ela dover ser abordadas ‘erplicitamente pos professorea, sem expor a cianga ovo adolescen- to quofoivmado, Os profesionia

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