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O ser humano e suas caractetisticas Fazemos parte de uma espécie constituida de 27 bihdes de individuos, ‘segundo a publicaro World Population Prospects 2019, da Organizacao das NagBes Unidos (ONU}. égrafos hist6ricos estimam que, no ano 1 da Era Crist, a populag3o mundial era de cerca de 170 milhdes de pessoas, Até 2019, nossa espécie se multiplicou mais de 45 vezes, um crescimento que se acelerou a partir de $800, com 0s avancos de indmeras conquistas, especialmente do conheci mento cientific. Por suas imensas realizacdes, os seres humanos sao singulares entre os mamiferos. Pertencemos a espécie Homo sopiens, expressao latina que S® refere 20 “género humano que detém saber, conhecimento”.Cientistas apon- tam tr€s caracteristicas que nos distinguem de outros animais: + Posigao ereta permanente: Contrariando a regra da posigao horizontal, tipica dos quadrGpedes, os humanos so verticais, Em outras palavras, 80 bipedes, loconavendo-se com os membros inferiores. ‘¢ Liberagio das ios: Andando em pé, os humanos liberaram as mos, {membros superiores) para explorar ambiente e realizar tarefas do seu interesse. Assim, a mo foi adquirndo preciso motora e 0 dedo polegar, em posi¢0 oposta aos demais dedos, tornou-se valioso para tarefas que exigem precis3o, como segurar uma agulha ou um bist «Desenvolvimento do cérebro: Entre todos os animais, os humanos $40 0S {que tém 0 cérebro mais complexo, apresentando trés vezes mais células do que o cérebro do primata mais desenvolvido. Segundo a neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel (1972-), nosso cérebro possui cerca de 86 billhdes de neurdnios. Outros pesquisadores relativizam esse nime- 10, apontando que séo necessérias mais pesquisas entre diferentes po- pulaese faivas etaias para sua confirmagao. De qualquer modo, serve para tragarmos uma compara¢o em sentido; HeRCUNDOWE, amplo com 0 cérebro de outros animais. Océre- pre Avenue bro do goila, par exemplo tem aproximadarnen- ctrebro etry temetade dos neurénios do cérebrohumano, } uferfuitoca So Pan Companhia das Letras, 201, Cena dome A guera do {fogo, de 1981, uma obra ‘pica, ambientada no periodo paeoltico, qu exlora2 relagde do ser humano como sobrenatual eo conbecimento, Demégrte pesqusador que ‘se dadica 308 ests fentmenospoplaconaes Aguerra do fogo. Direco: Jean-Jacques Annaud.Franga/ Canad, 1981, 101 min Ha mithares de anos, ois grupos humanos relacionam-se de ‘mado diferente com co fogo:enquanto um ocultua como algo sobrenatural, outro consegue dominar sua técnica, Evolugéo humana — USP Talks. Disponivel em: wwww.youtube, com/watch?v=qpnw2 3]0T4RAfeature=youtu. be, Acesso em: 24 mar. 2020. Debate sobre a evolugaa da especie humana entre os professores Walter Neves e Nelo Bizzo, amos da Universidade de S30 Paulo (USP), 2 Essas caracteristicas formam um sistema in- terligando corpo e mente. Essa interligacao contr- buiu para o desenvolvimento de um atributo funda- ‘mental da nossa espécie: a consciéncia reflexiva, que nos toma capazes de saber que sabemos. Por intermédio da linguagem, que provavelmente se deservolveu no Paleolitice Médio, adquirimos a aptido de comunicar saberes sobre coisas con- cretas e imaginadas, bem como de refetr sobre 0 passado e o presente e projetar 0 futuro. ‘Somente os seres humanos detém saber? E Claro que nao. Constatamos isso observando 0 seen Oy astantees ase comportamento de diversos animais, como chim- _esstafle Stee cer coe ce ane Panzés, ledes e passaros. Em miltiplos aspectos impulses soctrera. Ds neurnioscomunam se por meio de do seu comportamento, esses animais demons. *mpee,queVanemitem mpulsoserwsos ee as clas ‘tram organizarao em grupo; efcientes ages conjuntas de caga e coeta; si: nais de comunica¢ao indicando perigo, etc. Isso, de forma bem geral, traduz tum saber, ainda que seja uma inclinaga0 inate, ndo proveniente de um com- portamento adquiride, Adiferenca humana, decorrente da consciéncia reflexiva, 6 que acuru- amos conhecimentos e os transmitimos de gera¢ao em geracao por meio ‘de uma linguagem sofisticada, 0 desenvolvimento dessa linguagem ocorreu, provavelmente, entre 20 mil e 80 mil anos antes do presente. Trata-se de um processo gradual que pode ser chamado de revolugao cognitiva ‘Alinguagem humana existe e, portant faz parte da realidade. Sua singula- ridade consiste em servirde instrumento para expressio de outras realidades, ‘materiais ou imaterias, Isso significa que, além de se referr a coisas concre- 1a, tangiveis, a linguagem se refere a coisas abstratas, intangives. Para o historiador israelense Yuval Harari (1976-), essas criagdes cole- tivas promavem uma liga social, uma espécie de “cola” entre as pessoas. 0 mundo ficcional (abstrato) e 0 mundo nao fiecional (concreto) sao realida- des diferentes, mas um influencia o outro. Uma ideia pode levar& construgao de um objeto concreto, eas coisas concretas podem levar & concepcao de uma ideia. Conversa | Conceitos § a sesees 4. Oquevocd js aa aprenden convo ‘Das varias divis®es em periodos mais remotos de nossas origens, hé uma convengao Son bese cuts idades? Quen entre alguns historiadores para se eerircome Faleltca 2 primero periado historia Suva dos huranes aicoralmente, Paeoltico pode ser dvidido em tts grandes momentos 2. Agua histra ficcional ja influenciu Paleolitco Inferior inicia-se com o aparecimento dos primeiras hominideos ¢ sua vida? Qual? lestende-se até aproximadamente 200 mil anos antes do presente (AP); Pais Meena 20 iP a a 1 DA Casper ee abs topde actin dX iD SES ANG ae Linguagens e narrativas MEDIA Uma pessoa pode, por meio da consciéncia reflexiva e da linguagem, acu- ular saberes do seu grupo. Gragas & comunicacao entre os membros de ‘uma sociedade, os conhecimentos de cada pessoa foram se integrando 30 |. Essa comuni patrimdnio coletivo, tornando-se disponiveis ao grupo soci fenvol- cago teve como principais marcos a manifestagao dos gestos, 0 des vimento da fala e, bem posteriormente, a invengao da escrita, ‘Alinguagem verbal contribuiu de forma decisiva para que os saberes @ @5 préticas de uma pessoa se integrassem a uma consciéncia coletiva. De fato, hd uma interacao reciproca entre essas duas dimensdes da consciéncia, 2 individual e a coletiva, Foi desse modo que sucessivas geragdes humanas nao precisaram reinventar todas as solucdes ja desenvolvidas anteriormen- te pelos seus antepassados, Cada nova geraco péde assimilar e adaptar os ‘conhecimentos das geracdes anteriores, ficando com tempo disponivel para realizar novas conquistas que respondessem aos problemas ¢ desafios do ‘seu momento hist6rico. A linguagem é o grande instrumento dessa interagao social. todo ins- tante, utilizamos diferentes linguagens para desenvolver narrativas sobre os ‘outros, o mundo e nés mesmos. we ‘4. Com qual tipo de linguagem vacé mais interage no seu dia a dia: musical, audiovisual, televisva, jamalistca, de podcasts, cinematografica? 2. Comente com os colegas quais S80 0s prncipais meios {redes sociais, mail, bate-papos, brincadeiras jogos, etc.) que voce utiliza para se relacionar com os outros. 3. Como voce se relaciona consigo mesmo? 44, Voce consegue descrever as principais caracteristcas de sua personalidade? Janela da alma. Diregdo: Jodo Jardine ‘Walter Carvalho. Brash 2001, 73 min, Noventa pessoas con problemas de visio discutem 0 mado ‘como elas veem asi mesmnas, 35 0035 pessoas e omunio® ‘seu redor. Mitologias O termo mitologia tem muitos significados Aqui, vamos utlizé-o para se referir a narra tivas pertencentes 8 tradig3o cultural de um povo que, de forma simbdlica, expressa situa- ges sobre as origens, aventuras e facanhas de seres sobrenaturais (deuses, herbis, etc Essas narrativas foram fundamentais para atri buir sentido & vida humana, 0s mitos foram uma das primeiras interpreta: 8e elaboradas sabre o mundo ea sociedade. Em ‘tempos remotos,diante de forgas desconhecidas ¢, 8s vezes, ameagadoras, nossos ancestrais re- corteram & divinizaga0 da natureza, Assim, reldm- pages, tempestades, enchentes e os mais diver 508 fenémenos naturais foram vistos como foreas obras de deuses As principals personagens miticas no so seres humanos, e sim deuses e hersis, Para in- tervir nos designios divinos, as pessoas busca Norcso de Caravogi 15711610), 15871589 Cleo sabre el, ram relacionar-se com os deuses, criando ritos Joris. de Caio (roo ze sombrae pn lugares sagrados. confer uma smoafera de tospecr30 2 personogem mitea ‘Aseguir, lia un exemplo de mito grego. No inicio de tudo, 0 que primeiro existiu foi Abismo: os gregos dizem Khdos. 0 que é Caos? £ um vazio escuro onde nao se distingue nada. Es paco de queda, vertigem e confusao, sem fim, sem fundo [.] Portanto, na rigem ha apenas esse Caos, abismo cego, noturno, ilimitado, Depois apareceu a Terra. Os gregos dizem Gaia, Gaia. Foi no préprio seio do Caos que surgiu a Terra. [..] Na Terra tudo é desenhado, tudo é visivel e sélido.€ possivel definir Gaia como o lugar onde os deuses, os homens € (8 bichos podem andar com seguranca. Ela ¢ 0 chio do mundo. (..] Gaia é a mae universal. Florestas, montanhas, grutas subterréneas, on- das do mar, vasto céu, é sempre de Gaia, a Mée-Terra, que eles nascer.|.] \VERNANT Jan Pierre © Universo deuses, shores ‘io Paulo. Companhia das Letras, 200 p 17-20, BB interpretar Aan Segundo ext do historia e arrogance Jean re Veant 18142007) Pog etic Son tual atibuid a essa See ee mos entender po Gala, a Mae-Terra? Comente, [cee ie outros mites de origem do mundo eda hurnanidade para apresentar peeing Fee es A cidade e 0 logos: a origem da Filosofia Na hist6ria ocidental, foi na Grécia antiga que se desenvolveu uma forma de discurso racional ‘conhecida como logos. Segundo historiadores, © desenvolvimento do logos esteve associado & racionalizago da vida social nas cidades-Estado gregas, as pélis. As pélis gregas, que se consti- tulram entre os séculos Vill aC. e VI aC. foram uma invengae social dos povas helenos. Apesar de terem desenvolvido 0 logos, 05 gregos Con” tinuavam crendo nos poderes sobrenaturais d& Ness ees do mind rego ate Ven Sem soem Atenas, na Gréca, ipl era uma homens eriadas formas de governos, normas juTdica, MO" oe epesentavaa sabedaria ea azde ddos de condurir a produglo econdmica, etc. Tudo Fotografa de 2019 igo exigia uma racionalidade coletiva. A Filosof frato desea raionalidade e do logos da polis gregs, deservalveu'S® Cons” tando orgumentos para inestiga anatureza das coisas, as relages Mir smanas e 0s rumas da coisa piblica. ame ‘,palavt filosofla deriva de dos termos gregos: filo, que significa "amor, Mas essa sabedoria que 0 filésofo “ama” sofia, que significa “sabedora” nado & qualquer tipo de saber. Quem esclareceu isso foi 0 fildsofo Platso (427 a.C-347 aC.) a0 distinguir um saber que decorre de urna simples opt niao [doxo, em grego) do saber que resulta de um argumento racionalmen te fundamentado, Assim, Plato Separou o “amar &s opiniGes" (filodoxia} do amor ao saber racional reflexivo (Filosofia) ‘Além disso, o fildsofo caracteriza-se por estar em permanente procura de saber, isto 6, incornoda-se com algo que desconhece e esforga-se para ‘conhece-4o, Porém, nao se contenta com esse conhecimento como se fosse ‘uma verdade completa e absoluta, imposta a todos. Por isso, est sempre langando novas perguntas em um movimento continue que vai da ignordncia a0 saber e do saber & ignoréncia, como indicou 0 flésofo francés Maurice Merleau-Ponty (19084961). Para designar esse saber sistemético, intensamente procurado, que é préprio do discurso racional, do logos, os gregos costumavam usar o termo epistéme (“conhecimento’, “saber") e os latinos usavam o termo scientia (do latim, “ciéncia’, “saber’, “conhecimento"). Na Grécia antiga, afilosofia designava a totalidade do saber racional. Pos teriormente, desse tronco original foram surgindo outros ramos que, a0 lon- {g0 da histéra, constitulram campos especializados da ciéncia ou disciplinas Cientificas. Perceba que muitos campos da ciéncia utiliza em seu nome o ssufixolagia, por exemplo, Biologia, Ecologia, Antropologia, Sociologia, Odonto- logia, Geologia, etc. Nog6es sobre cultura {palavra cultura é usada em diversos contextos, como “tal pessoa tem muita cultura’, ou Seja, uma pessoa com cultura erudita; ‘o agriculto intro niu novas técnicas na cultura da soja’, em referéncia ao cultvo agricola,“ piloge deservolveu uma cultura de células em seu laboratério", no sentido de um agrupamento de células. Esses significados podem ser encontrados fem uma répida consulta a um diciondo, No entanto, para as Ciéncias Humanas e Seciais Aplicadas, a palavra cultu- ra éutlizada para se refer a0 conjunto de caracterstcas espectficas de d ferentes grupos sociais, sendo um critério para distinguir um grupo de outro. De modo geval, cultura refere-se aos modos de sere de viver de um grupo que sto transmitidos de uma geragao para outa. 0 conjunto de caracerist- fas que compdem a cultura de um povo envolve os costumes, as normas ¢ ss crengas que caracterizam as condutas individuais, assim como as produ aes artistic e mateias, destinadas a manter a sobrevivéncia desse gr a transmitir suas caractersticas para as gerages futuras. Além desses fatores, 0s conhecimentos e as praticas de um grupo em determinado tert tério, 20 longo da histéria,caracterizam a cultura desse grupo, Considerando a diversidade dos grupos humanos, alguns estudiosos da ntrpologia eda Arqueologia caracterizam a cultura de acordo com a marifes tagaode determinados comportamentos,oriundos de trades caracterizadas por saberese prdticas espectias. Com base nessa abordagem, oarqueslogo don Childe (18921957), emseulvroA evolugdo cultural do ho- mem (publicado originalmente em 1936), destaca as grandes transformagBes culturais ocorridas em diversos agrupamentos humanos. As principais delas foram o surgimento do sedentarismo apoiado na agricutura e domesticacao de animais na Revolugao Neoltca (de 10000 aC. a 8000 aC.),0 surgimento das cidades na Revoluo Urbana (a partirde cerca de 4000 a.) eas transfor. rmagbes produtvas e sociais da Revolugdo Industrial (a partir do século XVI) ‘De acordo com Childe, essas mudangas inauguraram praticas sociais e econdmicas que contribulram para 0 desenvolvimento das técnicas e da tec- rologiaepara.ocrescimento populacional da espécie humana. Esses fatores foram fundamentais para que os seres humanos mudassem as formas de manter sua sobrevivencia, Nesse sentido, foram alteradas tanto as formas de trabalho quanto as formas de organizagao das sociedades, assim como as normas e as crengas que orientavam o comportamento des individuos. Essas mudangas, a0 longo do tempo, também tém o potencial de influenciar ‘emodificar a cultura de diferentes povos. Gardon Childe utlizou marcos hist6ricos que alteraram a forma como os se- ‘es humanas idavam com seus meios de sobrevivéncia, ou seja, como os grupos sacs ldavam com as produgdes materiais necessérias para o dia a da, como a construgdo de moradias,o cultive de alimentos, as relapbes comercaise os recur ‘0s tecnolgicosdisponiveis nesses petiodos. rata de uma andlisefundamen- tadanas transformagdes materiais pelas quais os seres hurnanos passaram. Jsowopotage orca ue ‘stud shamaniode de ‘manera abrangent, desde os aspects as (ou olopcos) 260s aspects cultura, ue incluem reas, costumes, rusia inguagem, las de prertesco ete Jequeloga citnca que estoda ‘scostumes eae cuturas os povos antgos por mea etossi anefatose otros materisrestamtes esses ove 4 CHLOE, Gordon A evolueao culture dome Rede § aneeo Gusnabora, 1981 ® ys, como O estadunidense como um conjunto -omo planos, Fegras, De forma complementar, alguns antropélogo: Cliford Geertz (1926-2006), compreendem a cultura de comportamentos que orientam & ‘conduta humana, Ct instrugoes. Segundo Geertz, a distingdo entre os grupos humanos o¢orre tani pelas 10s simbdlicos que guiam as praticas sociais que adotam como pelos aspect ondutas individuais. Cada povo tem um conjunto de elementos simbGlicos que, combinados & forma de organizagao social & produgo material, orientam a video sonedade Ness sentido, todo individu tera ura ida pautade Pela combinagdo das vontades particulars e das prtias simblicas da cultura da ‘anascida em Moscou (Russia) sociedad em que vive. Por exemplo, uma rian e criada por uma familia de Re {Pernambuco} poderiacresceralheia culty ra russa tanto quanto uma crianga pernambucana,@ que ‘ela cresceria imersa ma cultura brasileira 0 contraio também podria ocorer. Esse aspecto mos: tra. poder que a cultura tem sobre a vida individual. § sao Pauio GEERT, Cg 4 ince 0 de UC Tg Caverna das Maos,em Santa ru, Cru, Argentina E83 pinta rupestre fo crid por diferentes grupos hur manos nos primelres tempos da acupagao da Ame pao da América do Sut entre 13000 9 500 anos ats Fotografia de 2017, Natureza e cultura ‘De modo geral, entendemos por natureza tudo 0 que existe no mundo ‘sem a interferéncia dos seres humanos. Entre os seres humanos, 2 natu: reza diz mais respeito a0s fatores hereditarios, que sao transmitidos biolo~ gicamente dos ascendentes para os descendentes, assim como @ idade € A constituigao fisica, Ene 05 animais, a estruturabiolgica orienta suas apbes possibiltando variedades mais estreitas de comportamentos. J no ser humano a sua es: ‘rutura natural, nat, induz respostas bem gerais, variavets ¢imprevisives Nesse caso, os elementos naturais e genéticos associam-se aos padres culturais, adquiridos desde 0 nascimento e desenvolvidos ao longo da vida. No entanto, ainda submetido as questdes genéticas e culturais, de acordo ‘com o fildsofo italiano Pico della Mirandola { 1463-1494), 0 ser humiano tem ‘a liberdade de construir a si mesmo, como juiz e artesao de sua vida, mode- lando-se na obra que ele propria escolheu ser (Os seres humanos so criaturas da natureza e a utilizam para a satisfa- ¢80 de suas necessidades, assim como os demais seres vivos. Por isso, filo- ‘soficamente, dificiimente sera possivel estabelecer limites entre natureza € cultura, Entretanto, os seres humanos so criadores da cultura do mundo em que vivern.E, diferenterente dos demais seres vivos, as formas que desen- ‘volvem para se relacionarem com a natureza sao bastante diversificadas, variando no apenas no tempo e no espago, mas também entre os grupos shumanos, povos e sociedades em uma mesma épacae regiao, comoum con- tinente ou zona climatica AVOCA Pes Dace oo tomen Sn Esser afte indians da etna nue Dam Sakigak mostra come const um igh ~ ipo de casa usada pelos ves natives dos. repbes eticas Sakigak se decica a constutdo de us para rans is geragbes mas jovens os ensinamentos téencos telsionados 9 eiicagao dessas habtagdes 10 peculares. Para consruirum bom gl, ¢mportante evar em consdeas8o © ‘ipa de neve 2s usado, de que forma essa neve ser cortads que ela tem de formar os locos de geo wea para ess tip de ‘edicag, ede que maneia esses blocs de glo dover ser unos para que acasandodesabe Além desses cudads, um qtex ‘conatruido deve pert enrada de ute martero vento gelado dota de ora Kangqsuysag, Nunsak, Quebec, Canad, 2077 Aconstrugdo do conceito de cultura urante muito tempo e até mesmo nos dias atuais, encontramos pes: eas que acteditam que todos 0s grupos sociais deveriam seguir uma for: vrsinear (1a Unica) de evolugao cultural. Se houvesse essa linha Unica te desenvolvimento, seria possivel hierarquizar as culturas em inferiores t cuperires, alrasadas e avangadas. Essa era a linha de pensamento ado fada pelos antropdlogos evolucionistas do século XIX, como o estaduniden te Lewis Henry Morgan (1818-1681) e os britinicos Edward Burnett Tylor (18321917) ¢ James Frazer (1854-1941). Para elaborar a teora evoluco nista, de cunho linear, eles se basearam nas ideias de evolugao do britani {co Charles Darwin (1809-1882), bastante adequadas a estudos biolégicos, mas no culturais {Esses antropélogos acreditavam que as sociedades deveriam ser classifi ais de acordo com sua forma de organizagao e de produedo matensal e ti ham a sociedade europeia como um exemplo do estigio maximo do que seria via sociedade civilizada ~ tratava-se de uma visdo eurecéntrica, De acordo tom essa idea, 0s demais grupos sociais estariam destinados a se desenvol- vere a alcancar o madelo europeu, desconsiderando as particularidades de cada grupo cultural No entanto, essa visao linear de evolugao foi abandonada apés 0 desen- volvimento do trabalho de varios antropélogos, principalmente o de Franz Boas {1858-1949}. Segundo Boas, em seu livre Antropologia cultural, cada

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