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REVISTA -INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAPHICO ; bs DO Rio GRANDE DO SUL | ¥ TRIMESTRE AARO I € - PORTO ALEGRE — 1921 * ER ° ’ , * . Filiaes: Santa Maria, Cruz Alta, Uruguayana e Pelotas - Bareelfos, Bertaso & Cia, — Livraria do Globo — Porto Alegre -. A historia | e.0 Instituto Historica Uma, sociedade que n4o cultiva a sua propria historia tem consciencia de si—mesma:—H’ como uma creanca ie vive apenas as evidencias tangiveis da hora presente, sem meditar 0 passado e sem pensar no que ha de vir. Os prophetas e os magos nao teriam illuminado o fu- turo dos povos, si nao houvessem recorrido 4 experiencia dos seculos amontoada na historia. Consultar o passado é preparar o futuro. Um paradoxo? Para os menos ayisados em sociologia, talvez. Nao assim para os que apartam os milagres dos phenomenos sociaes, como os execltiem dos physicos. Para estes, para os que tém © espirito affeito 4 observacao positiva dos factos que se succedem no tempo, é clara, 6 translucida a verdade de que s6 se péde agir com utilidade no presente, quando pela obseryacéo do passado se conhecem as probabilidades do futuro. Dest’arte, como ensina Augusto Comte, a ordem chronologica das épocas nao 6 a mesma ordem philoso- phica. Em logar de: — o passado, o presente e o futuro, deve se dizer: — o passado, o futuro e o presente, pois o presente nada mais é do que um ponto entre o que passou e o que passara. Essas meditagées, podemos resumil-as muito synthe- ticamente dizendo que o passado esté prenhe do futuro, Si assim nao fosse, si o futuro nao fosse uma decorrencia ne- cessaria do passado, toda a ordem social seria uma impro- visacéo formidavel, sem nexo de continuidade. Mas, ter por certa semelhante proposi¢éo equivaleria por estabelecer 0 chdos em todas as conquistas do espirito humano. Do mesmo modo por que em sociologia conceberiamos o ama- nha sem a preparacéo necessaria do hontem, admittiriamos — na physica celeste a possibilidade da descoberta da lei da gravitacdo sem a sciencia da geometria, e 0 estabelecimento, na mathematica, das leis de movimento sem conhecimento das de extensao, e destas sem as de numero. E chegaria- > ‘ 7, ae ad 4 4 REVISTA DO INSTITUTO sTISTORTCO E ss - = Sadan mos, assim, aos mais mon: surdos em todos os ra- mos do conhecimento. . Quando, pela penna de Diderot, d’Alembert exclama, em sonho, que “sé ha um grande individuo, que é 0 todo” e que todo ser é “a somma d’um certo numero de tenden- cias”, elle nos patenteia, numa admiravel synthese esthe- tica, a coordenacao organica de todas as actividades sociaes, em convergencia para um fim de utilidade commum. A systematisacio dessas tendencias sociaes 6 a historia. E como essas tendencias obedecem a relacdes constantes — sempre as mesmas, nas mesmas condigGes — segue-se que a historia, na sua concepeao scientifica, nao é o simples relato empyrico do predominio de certos factores oceasio- naes, mas uma sciencia positiva baseada em leis tao immu- taveis como as do numero, embora, pela sua collocacio na hierarchia scientifica, essas leis sejam fatalmente menos geraes e mais complexas do que as das sciencias que lhe so inferiores. Esta menor generalidade e maior complexidade das leis sociologicas em relacéo 4s da mathematica, da astronomia, da physica, da chimica, da biologia, nao permittiu, até hoje, a sua systematisacdo rigorosa. Essa systematisacdo nem seria possivel mesmo, antes de realisada a das sciencias que a precedem na escala dos conhecimentos. E outra sindo a falta dessa systematisacao, devida 4 ascendencia da per- sistente direceao critica da sociedade sobré a direccao or- ganica, néo é a causa da anarchia generalisada em que se debate o mundo, desde 0 momento em que a capacidade industrial, por um lado, e a scientifica, por outro, empre- henderam a lucta contra os poderes temporal e espiritual. S6 depois dessa systematisacio 6 que a historia sera, de facto, a sciencia sagrada, na maravilhosa previsao de Comte. Desde ent&o, a politica baseard sobre a historia todas as suas iniciativas. E mesmo. a poesia procuraré nella os quadros destinados 4 preparacio do futuro pela idealisagao do passado. Mas, como a historia é rigorosamente uma sciencia de observacéo em que se resumem todas as outras, a sua sys- tematisagaéo nao sera possivel sem um estudo constante dos factos que nella se concatenam, de sorte a se irem estabelecendo em leis todos os phenomenos que se ligam entre si por circumstancias invariaveis de semelhanga, coexistencia ou successio. O estudo da historia tem, pois, uma dupla e conyer- gente finalidade: — Visto por um prisma restricto, di 4s ™* - - —— CEOGRAPHICO DO RIO GRANDE DO SUL 5 a sociedades que o prati ‘ibilidade sempre renovada de melhor preparar 0 conhecimento do passado, ao passo que, de um ponto de vista mais amplo e geral, concorre para a fixacéo systematica das leis que régem o gradual desenvolvimento da humanidade, tanto moral co- mo material . ae Mas, 0 estudo do elemento “populagéo” nao é possivel sem o estudo correspondente do “territorio”, ou, melhor, do “meio physico”. Quem quizer estudar a historia de um povo, nfo o podera fazer de modo positivo sem se preoccu- par correlatamente com a sua geographia. Admittir este principio nao importa em adherir ao crédo do mecanicismo historico que pretende interpretar todos os phenomenos so- iaes A simples luz de causas externas. O proprio Buckle, cujo nome é tantas vezes invocado para a defeza desse cri- terio, confessa que “o ayanco da civilisagago européa é ca- racterisado por uma influencia decrescente das leis physicas e por uma influencia crescente das leis psychologicas”, pa- ra concluir, mais adeante, que “a medida da civilisagéo é o triumpho do espirito sobre os agentes externos” e que “das duas classes de leis que régem o progresso da huma- nidade, a classe psychologica é mais importante do que a physica“. * Associar fundamentalmente o estudo da populac’o ao do meio physico significa, na analyse do complexo agre- gado social, determinar e fixar, centro de um criterio niti- damente sociologico, os elementos mais simples e os que se devem considerar irreductiveis. . Logicamente, esta ope- rac&o equivale, em biologia, ao da prévia determinacao dos elementos anatomicos, antes de emprehender o estudo, por exemplo, da sua composi¢ao chimica. H precisamente por- que em sociologia a populac&o e o meio-physico sdo os ele- mentos mais simples é que o seu estudo deve preceder a quaesquer outros e ser feito em commum, *, ate E’ deste duplo mister que vem cuidar no Rio Grande do Sul o Instituto Historico e Geographico. Esta casa de estudos e trabalhos collectivos — e talvez nem fosse preciso assignalar esse facto — nado surge com o intuito de codificar, em definitiva, os nossos elementos de historia e geographia, ou mais exactamente, de elaborar a historia e a geographia officiaes do nosso Estado. Os seus fins sio mais modestos, e por isto, serfio tambem, natural- ; 6 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E mente, muito mais proficuos. Vivendo precipuamente pela sua “Revista”, o Instituto Historico valeré por um perma- nente estimulo intellectual para a elaboracgéo de traba- thos sobre a historia e a geographia do Rio Grande. Hsta publicacio que 6ra aparece sera néo sé um repositorio de trabalhos originaes no genero, mas ainda, e talvez sobre- tudo, um esforco continuado e methodico na divulgacao de elementos historicos que jazem desconhecidos nos archivos publicos e particulares. Si mais nfo fizesse a “Revista do Instituto Historico”, 86 esse servigo ja bastaria para Ihe sagrar a benemerencia no nosso meio intellectual, Quem péde imaginar, com effeito, o que vae de dados e informa- ces preciosissimas pelas pouco frequentadas estantes e ga- yetas dos nossos archivos? E qual a actividade pessoal iso- Jada que seria capaz de tomar a si, expontaneamente e sem » nenhum intuito de recompensa, a cépia e a publicagdo de todas essas informacées que sao, de facto, imprescindiveis a qualquer estudo consciencioso da nossa historia e de nossa geographia? Visa tambem a “Revista do Instituto Historico” a reedicéo, em séries ou em volumes especiaes, de obras es- criptas sobre 0 Rio rGande do Sul e que, hoje, pela sua gran- de raridade, nem a todos é dado possuir ou siquer consultar, e cuja publicacio, sempre que fér opportuno, sera acom- panhada de notas e commentarios explicativos do texto ori- ginal. Além disto, como ja ficou dito, a “Revista” sera o vehiculo para a publicacéo de todos os trabalhos historicos e geographicos elaborados pelos socios do Instituto. Toda a nossa historia de luctas heroicas sustentadas em pr6l das fronteiras moraes e politicas da nacionalidade, todo o nosso anceio pela conquista da liberdade publica, toda a nossa secular vibracao patriotica em face dos ini migos da Patria, assim como a -admiravel evolugao paci- fica das nossas instituicdes privadas e politicas, tudo isto esté a exigir o apparecimento de intelligencias capazes de, pela evocacio do passado, melhor preparar o futuro do nosso idolatrado Rio Grande. Assim, si 6 permittido repetir aqui um expressivo logar —commum, diremos que a fundacao do Instituto Historico e Geographico do Rio Grande do Sul veiu preencher uma sensibilissima lacuna no nosso meio intellectual. E con- tando, como conta, com o precioso apoio moral do patrioti- co e esclarecido Governo do Estado, subsistem as mais fundadas esperancas de que levard a completo exito os ele- vados fins que o animam. GEOGRAPHICO DO RIO GRANDE DO SUL 7 Melhor do que seria possivel neste rapido artigo, de- dicado mais 4 exposicao fundamental dos nossos designios communs, j4 0 presidente do Instituto, 0 dr. Florencio de Abreu, e 0 seu orador official, o 1.° tenente Souza Docca, explanaram nos discursos proferidos na sessio inaugural € que sio publicados neste mesmo numero, as causas im- mediatas que determinaram a sua fundacaio e o muito que se deve esperar de sua promissora actividade, para a elem cada vez maior do Rio Grande do Sul. Lindolfo Collor. SHR 8 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E A conquista das Missies @ os cachosirenses Coméga agora, com os primeiros albéres do noyo seculo para a vida aventurosa dos cachoeirenses, educados nessa es- cdla de heroismo que foi a existencia de seus antepassados, outro ciclo nao menos admiravel pelo valor, pela bravura, com que souberam manter as velhas tradigdes raianas, illustrando ainda mais, por actos inegualaveis, o nome desses fronteiros in- venciveis, dos quaes tinham de ser emeritos continuadores. Em 1801 rebéa por toda a parte a noticia do estado de giterra existente entre Portugal e Hespanha. Apresentava-se, magnificamente, occasiio opportuna para vingar os velhos ag- gtavos que tantas vezes haviam determinado o renovamento da lucta secular em que nos empenhéramos com 0 castelhano, illegitimamente fixado dentro do territorio patrio. Pelo espirito encendido de ardor marcial dos riogranden- ses, que nao se conformavam com tal estado de cousas, passou, célere, aideia de arrancar a zona missioneira 4 posse dos hespanhées. “Nao ha palavras com que se explique o alvorogo de todos os habitantes daquella capitania, na esperanca de im- porem, comas armas na m4o, uma demarcacao de limites mais ventajosa”, informa Gabriel Ribeiro de Almeida. (1). O tenente-general Sebastidio Xavier da Veiga Cabral da Camara, Governador da Capitania do Rio Grande, logo que te- ve conhecimento dessa noticia, providenciou no sentido de apa- relhar 0 exercito para entrar immediatamente em campanha, appellando para o patriotismo dos riograndenses. Indo ao en- contro das aspiragdes nacionaes, dentro em breve, de todos os lados surgiram elementos de toda ordem e, “o espirito de pa- triotismo” de que se achavam os continentinos animados, “fez com que, em poucos dias, se vestisse a tropa, pois os que nao podiam dar dinheiro davam pannos, bois, cavallos, carros, es cravos, offerecendo tudo em beneficio da tropa e do Estado, isto continuaram a praticar em toda guerra.” (2) Organisado o exercito, Veiga Cabral dividiu-o em dot corpos sob 0 commando, respectivamente, do coronel Manu Marques de Souza e tenente coronel Patricio José Corréa da Camara. O primeiro marchou para a fronteira do Rio Grande € o segundo foi estacionar em Rio Pardo. (1) Memoria sobre a tomada dos sete povos de Missdes. Gabriel Ribeiro de Almeida, Hemeterio Veloso. Asx Missées Orientaes. 87. Porto Alegre, 1910. (2) Gabriel Ribeiro. Mem. cit. i GEOGRAPHICO DO RIO GRANDE DO SUL : 9 Antes mesmo do inicio das hostilidades varias pessdas, se entaram ao Governador com o intuito de, 4 sua custa, or- isarem partidas para combater os inimigos. Entre: essas sa- lienta-se 0 tazendeiro Manuel dos Santos Pedroso que, com 40 homens, investiu contra a guarda hespanhola de Sao Martinho, tomando-a depois de ligeira escaramuca em que poz cm fuga os contrarios. "— Appatece agora, aqui, a figura lendaria de José Borges do Canto. Como todos que a elle se tem referido nada mais sabiamos a seu respeito senao que féra um soldado de dragées, desertor, que, com um grupo resumido de valentes, tomdra os sete povos de Missées. ‘Aprofundando nossas pesquizas podemos fazer um pouco de luz sobre esse admiravel continuador das glorias dos nossos antepassados, tio mal estudado ainda, a ponto de um dos mais modernos historiadores patrios ter duvidas quanto ao seu pro- prio nome. (3) Antes, vejamos quem era José Borges do Canto. Quando, em 1777, 0 brigadeiro José Casimiro Roncalli autorisou fossem os campos que se estendiam ao sul do Jacu- hy, entre Pequery, Capané e Trapud, occupados por individuos que se quizessem dedicar 4 criagdo de gado, entre outros apre- sentou-se dquelle commandante Francisco Borges do Canto que tomou pdsse de uma sesmaria, junto ao Capané. Esse campo em que construiu casa de moradia, curraes, lavouras e mais bemfeitorias, tinha duas leguas de cumprimento por uma de largura e foi-lhe concedido por despacho do Governador José Marcellino de Figuereido, de 3 de Abril de 1780. Nelle conta- va Francisco do Canto, em 1784, para mais de 650 animaes. Vendendo, mais tarde, essa propriedade a Francisco de Oliveira Porto, retirou-se Canto para Rio Pardo, em cuja povoagao ti- nha casa, ahi residindo em 1801. Franscisco Borges do Canto era natural da Ilha de Sia Miguel, filho legitimo de José Caetano Pereira, ilhéo e de} tia Eugenia de Figuereido, nascida em Lisbda. Foi casado primeiras nupcias com Eugenia Francisca de Souza, mnasci! na Colonia do Sacramento, Enviuvando, em 1801, casou Fran- isco do Canto, um anno depois, com Feliciana Rosa de Jesus, e cujo matrimonio houve uma filha que recebeu o nome de ‘Alexandrina. Do seu primeiro consorcio teve os seguintes filhos: Rosaura Francisca que foi casada com Manoel José de Azevedo e por morte deste, em segundas nupcias com Placido Rodri- (3) Rocha Pombo, Historin do Brasil, Vol. VI. 564 n. 1. * REY! beadd INSTITUTO HISTORICO E_ e a, jouto; capitéo José Borges do Canto, nascido em 177 ardo José do Canto, soldado de Dragées, nascido Francisca Margarida, casada com José Maria da Sil eixoto; Joaquina Francisca, casada com Joaquim José “Fer- xeira Guimaraes; Esmeria, casada com José Luiz da Silva; ‘Frencisco Borges do Canto, nascido em 1782, mais tarde fa- zendeiro em Sao Borja, (5); Joao Borges do Canto, nascido em 1785; Manoel Borges do Canto, nascido em 1786; Vicente Borges. do Canto, nascido em 1789; Maria Francisca, casada com Albino Francisco de Bem; Manoel, nascido em 1794 ¢ Anna. Muito novo ainda, José Borges do Canto sentou praca na primeira companhia do Regimento de Dragdes do Rio Pardo, de que era commandaute o tenente coronel Patricio José Cor- réa da Camara. Genio aventureiro e fadado para as lucta§, creado entre os fragores armigeros das campanhas continuas que abalavam aquellas regides, 0 mogo dragao sentia-se enervado na vida dos quarteis para onde féra servir, sonhando. talvez, com a epopéa dos valentes que num largo ciclo de embates violentos, haviam tragado com o sangue generoso as raias da terra natal, Outro scenario era-Ihe mais grato. E preferiu desertar. Viveu muitos annos «naquella vasta campanha, povoada de uma nacio de gentios Charruas e Minuanos, canto e refugio dos damente, certo do exito da aventura, conferido esse posto” homem que destacdra para a grande empreza. +f Para executar o plano preestabelecido, convocou José do Canto os velhos conhecidos que estanciavam pelas fazendas, le- vantando um pequeno contingente de 14 homens (10). Em Sao Martinho, depois de se lhe ter aggregado o tenente Antonio de Almeida, que ali servia sob as ordens do cachoeirense al- feres André Ferreira de Andrade. Gabriel Ribeiro se lhe of fereceu para participar da arrojada empreza, levando comsigo um_ pequeno contingente de seis homens. Em seguida se as- socia a esses bravos Antonio dos Santos com oito companhei- ros. Eram ao todo 40 homens. No dia 3 de Agosto de 1801 a pequena forga marcha de S. Martinho rumando Missées, (11), para iniciar a campanha gloriosa que daria 4 Patria uma das mais bellas regides de seu territorio. A primeira etapa foi longa e penosa, Dez leguas de per- curso, sob o rigor de um frio intenso, e 4 calada da noite, de inopino, cahiram esses valentes sobre a guarda de Sao Pedro, commandada por um official hespanhol que tinha 4s suas or- dens trinta indios, Desbaratados os inimigos, 0 posto foi to- mado pela forga de Canto. Sobre ser o mais intelligente e preparado de todos, Ga- briel Ribeiro alliava a essas qualidades a vantagem de couhe- cer perfeitamente a lingua guarany. Borges do Canto, com desprendimento digno de nota, investe esse companheiro do commando da expedigio, combinando-se consultassem mutua- mente sobre as difficuldades que surgissem de momento. Depvis de surprehenderem e tomarem alguns reductos fortificados, Santo Ignacio e S, Jodo Mirim, este ultimo com- mandado por d. José Manoel de las Canas, que nesta accao perdeu 14 homens dos 100 castelhanos e 300 indios que guar- neciam a praca, conseguiram Canto ¢ Gabriel que estes indios se Ihes juntassem e com esse reforco se dirigiram para S. Mi- guel, a velha capital das Missées, a que puzeram sitio em 8 de Agosto. “Cinco dias depois que tinha principiado o sitio. capitu- lou 0 tenente governador (12), sahindo elle ¢ a guarnicgéo da (13 de Agosto). Faz suppor que Patricio j4 houvesse agent. ‘al (10) Hemeterio Velloso, Mis. Orien, $10. diz serem dos treze com- panheiros de Canto, Joao do Cabo Farias, mais tarde capitéo, José Gomes Centurifo, José Joaquim Barbosa, Antonio Lopes Pacheco, José Joaquim Domingues, Adriano Santiago, José da. Silva Avila, Francisco Fernandes, Joagutm Ferreira Machado,’ Januario Barbosa e Manuel Go- mes Leite de Siqueira + ’ (1) Barao do Rio Branco. Ephemerides Brasileiras. 376. (2) D. Francisco Rodrigues. . = ' GEOGRAPHICO DO RIO GRANDE DO SUL is praca com as honras de guerra, levando a artilharia,. arma-, mento e equipagens; mas o cabo portuguez se empenhava, principalmente, em apoderar-se da povoagao e dos armazens, nos quaes achou ainda cento e sessenta espingardas, nove pis- tolas, um parque de dez pecas de calibre um e tres, cento e noventa langas, etc, Optima acquisi¢’o nessa circumstancia. Isto se passava em 13 de Agosto de 1801.2 (13) Ao formalisar os artigos da capitulagio, diz Ayres de Cazal, ficou perplexo 0 commandante, quando Canto, pergun- tado pela graduago de sua patente, Ihe respondeo que era 0 menor soldado da tropa portugueza.> (14) Depois da tomada de S. Miguel, Canto, como j4 o fizera anteriormente, deu- parte dos acontecimentos ao capitao Fran- cisco Barreto Pereira Pinto e ao tenente coronel Patricio, pe- dindo reforgos. que eram necessarios ao proseguimento da aceao. (15) Attendendo-promptamente 4 solicitagio o commandante Corréa da Camara determinou em 21 de agosto que seguisse para Missées, com valiosos soccorros o sargento-mér de Dragdes « José de Castro Moraes,(16) e 0 capitio José Anchicta Furtado de Mendonca, commandante da Cavallaria Auxiliat, (milicianos) de Cachoeira, Commandando um esquadrao de oitenta homéns, marchou com o mesmo destino o valente Francisco Carvalho da Silva que, com setts irm&os Felippe Carvalho e Luiz Car- valho todos filhos da heroica terra cachoeirense, seriam depois expoentes maximos da bravura tradicional, que fora sempre o mais bello apanagio dos velhos fronteiros audazes, cuijas espadas ensanguentadas haviam fragado, no seculo que se escdara as raias extremas da Patria, Antes mesmo da chegada dessas forcas mandadas pelo tenente-coronel Patricio, Canto e Almeida, com admiravel acti- vidade, tinham accrescentado 4 j4 valiosa folha de servicos a conquista de outros povos. O illustre sorocabano com vinte homens tomdra posse dos povos de S. Lourengo, S. Joao, S. Luiz Gonzaga e S. Angelo, nos quaes arrecadou grande cépia de armamento e munigdes, 3) J.P. Gay. Rep. Jes. ett, 275, (4) Ayres de’ Cazal. Corographia Rrazilies. Vol. I, 143. 45) Diz Hemeterio V. da Silveira, Miss, Oxlen. n, 3. 94, que “foi baldado esse appello, pols 0 chere portugues nao sé capacitava de que esses aventureiros voltassem com vida dessa empreza.” Destréem essa assercio documentos existentes. no Archive Publico, pelos quaes se ve que Patricio, oito dias depois da tomada de 8. Miguel, mandou forcas de Cachoeira para Missoes, 8) O sargento-mor José de Castro Moraes, depois primeiro com- mandante militar da Provincia de Missdes, era um dos mais abastados fazendetros de Cachoeira, tendo fazendarde eriagio entre os Canapés, a desde 1780. Sf ° iw % REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E estandartes dos cabildos, trophéos estes que mais tarde, pessoal- mente, entregou ao Governador da Capitania, Com a partida de 40 homens que commandava, entrara nessa occasiao, em Missdes, 0 capitao Manoel dos Santos Pedroso. Sabendo este que Canto havia aceitado a capitulagao do com- mandante hespanhol de S. Miguel, que sahira da praga com as honras de guerra, pdz-se com a sua gente de alcatéa e, surpre- hendendo o ex-governador da Provincia de MissGes, desbaratou- The a gente que levava, aprisionando-o. Os valores conduzidos elo commandante hespanhol foram distribuidos pelos soldados de Pedroso. (17) Em seguida, marchou este para S. Miguel, onde jd estavam os reforgos capitancados pelo sargento-mér José de Castro Moraes, e Canto aquartelado com seus homens. Echoou mal entre aquelles valentes a insolita acgdo de Pedroso, O capitao Manoel Carneiro da Hontoura e o tenente Francisco Carvalho conseguiram, entreanto, fossem deyolyidos ao ex-governador os objectos que Ihe haviain sido tirados pelos soldados do cabo de guerra miliciano. Com a chegada a S. Miguel do sargento-mdr Castro Mo- raes que assumiu o commando das forgas ali estacionadas e a direcgao do governo militar, comecaram, ‘dentro em breve, pe- quenos dissidios entre os conquistadores e esse commandante, Almeida formtila amargas queixas contra Moraes que quizéra empanar o brilho da empreza e escurecer 0 valor dos _servigos prestados por Canto e seus companheiros. O sargento-mér slembrando-se de ser Canto soldado de seu regimento, quiz puxal-o para o esquadrao e tiral-o do commando daquella con- quista», informa Gabriel Ribeiro. Em vista dessa attitude in- justificavel do commandante, Canto quiz reagir 4 mao armada, Gabriel, mais previdente, obstou o golpe, seguindo para Porto Alegre onde foi inteirar o Governador da Capitania dos servigos relevantes prestados pelo ex-soldado desertor. Levava tambem uma carta do ex-governador castelhano, preso por Pedroso, na qual aquelle se queixava amargamente do modo porque se conduzira o chefe miliciano, nao respeitando as condigoes da capitulag&o aceitas por Canto. Sciente do que se passava, Veiga Cabral, nomeou a José Borges do Canto capitio de milicias,a Gabriel Ribeiro de Almeida tenente da mesma companhia, determinando que fosse escolhido alferes 0 que, entre os companheiros de Canto, tivesse maior somma-de servicos de guerra, Foi eleito para esse posto Francisco Gomes de Mattos. Gt) Retirando-se os capituladores, diz Ayres do Caza}, Chor. Bra | | gxpetittentatio o Infordunfo de cab naw maou. de outa yartian, cere ihante, que os aprisfonou com tudo o gue se. Ines concedera; por mals que) commandante protestasse pelo cuimprinente da capieniagao?, ‘Fae : wha & GEOGRAPHICO DO RIO GRANDE ,DO| SUL 15 Pedroso foi recolhido preso a Porto Alegre pelo procedi- mento que tivéra para com d. Francisco Rodriguez, sendo, mais tarde solto e nomeado capitao de milicias. A conquista tinha sido relativamente facil. O heroismo dos aventureiros de Canto suppriraa deficiencia do numero resumido de valentes que haviam integrado ao territorio brasi- leiro a vasta Provincia de Missdes. Entre os poucos officiaes espanhées que reagiram, nao se conformando com o facto consumado, tem notavel destaque o valente Rubio Dulce, tenente das forcas castelhanas, que deu ensejo a podermos hoje registrar feitos heroicos da nossa gente. Em fins de agosto de 1801 0 tenente Francisco Carvalho da Silva, que fazia parte das forcas de Cachoeira, com nove companheiros, desalojou os inimigos do Passo da Cruz, em que tinham uma guarni¢ao de 150 pracas, commandadas pelo tenente Rubio Dulce. Completamente batidos, debandaram os hespa- nhdes, deixando como presa dos nossos 414 cavallos mansos, Francisco Carvalho teve um soldado ferido. WVoltando, mais tarde, esforcado tenente castelhano, com dois saveiros, cada um com oitenta pragas, para atacar o passo de S. Borja, encontrou ainda pela frente o bravo Francisco Carvalho que, com 30 com- pamtheiros, Ihe oppdz tenaz resistencia. Sabendo, ainda, 0 intrepido cachoeirense que Rubio Dulce forgéra o passo de Butuhy, foi encontral-o, em retirada no passo de Itacuhim e atacou-o, de madrugada, derrotando-o. Rubio Dulce teve de lamentar a morte de sete de seus soldados e onze feridos. Dos nossos ficaram um morto e outro levemente ferido, (18) Coube ao tenente Felippe Carvalho da Silva a honra de ter iniciado o ultimo combate que deu fim 4 conquista das Misses. Em 23 de novembro de 1801 (19), com 30 pragas des- baratou uma partida de Rubio Dulce que perdeu sete homens. Os brasileiros tiveram um homem morto e varios feridos. Acudindo 0 capitéo José Borges do Canto, tenente Gabriel Ribeiro de Almeida e outros officiaes, elevaram a pequena forga a 110 homens e esperaram o embate de Rubio, que reconstituira sua partida. «A’s dez horas da manha, diz Souza Docca, (20) foi 0 com- bate iniciado pelos nossos que,em numero de 40, 4s ordens do tenente Gabriel Ribeiro de Almeida atavaram o flanco esquerdo do inimigo que foi ao mesmo tempo atacado pela frente, por fracgdes de forca rio-grandense, as ordens dos alferes Joao Machado e André Ferreira e pelo flanco direito por trinta Grande do Sul. (19) V. S. Leopoldo. Ann. eit: (20) Conquista das Missdes. Ultimo combate. Almanach 1914., : _ (18) Visconde de S. Leopoldo. Ammaes da Prov. de 8. Pedro do a 4 E o =. - 16 : TA DO" INSTITUTO HISTORICO FE cavallarianos ao mando dos alferes Felippe Carvalho, (21) Manoel Carvalho e Joao Antonio da Silveira». Fugindo 4 impetuosidadé'do ataque deixaram os caste- Thanos no campo da lucta 60 mortos, 73 prisioneiros, 200 armas de fogo, espadas e grande cépia de municao. Os rio-grandenses tiveram tres mortos e guatro feridos. E assim terminou, como sempre tendo alto destaque o nome cachoeirense. a conquista de Missdes, Apdéds essa guerra, que tanto illustrara as armas rio-grati- denses, resolven Gabriel Ribeiro de Almeida, em pesséa, dar della noticia fidedigna ao Principe Regente. E com esse intuito partiu para Portugal. (22) José Borges do Canto, a quem f6ra,como vimos,dado bem como’a seus companheiros o vasto rincio do Camaquam, em uma das excursdes que seguidamente fazia ds costas do Quarahy, povoadas pelos charruas, pereceu 4s maos desses indios, em plena mocidade. (23) Tardiamente lembrou-se o Principe Regente de galardéar os servicos relevantes do denodado patriota. Por decreto de 18 de feyereiro de 1809 determinou fosse adjudicada 4 pessda do pae do glorioso soldado metade do soldo do posto de capitio de dragées a que seria promovido José Borges do Canto, se nao houvesse fallecido. (24) Era, tarde, porém: o velho Francisco (21) Folippe Carvalho erd tenente de Cavallaria Auxiliar, chegando, mals tarde, ap posto de sargento-m6r, Francisco Carvalho, nascido em Vi67, morreu em 1810, como capitéo’ de milicia. Kram filhos do) te- nente Manuel Carvalho da Silva, um dos primeiros povoadores de Cachgeira. (2) “Entre as minhas reminiscencias de infancia avulta a historia lendaria desses foitos que era contada a nés, creangas, por velhas tias av6s, netas de Gabriel Ribeiro de Almeida, A viagem’do Yalente paulista 4 Lisboa ficou na famila, cercada de um nimbo de lenda. Gabriel, depois de ter dado & Patria o riquissimo territorio de Missdes, foi 4 corte lusitana levando unicamente no bolso ito doblas de cure, Morreu, como, capitao de milicias, em S. Miguel, pobremente. (23) Em Agosto de'1801, quando Se procedeu ‘ao’ inventario por fallecimento de sua progenitora, José Borges do Canto que partira em principlos do mesmo mez para a conquista de Missdes, tinha 23 annos. Hm 1809 j& havia fallecido, em estado de solteiro.' Deve ter sido morto pelos “charrdas cm 1808, na cdade de 35 annos, pois em Fevereiro de 1809 resolve o Principe Regente conceder-Ine fonras posthumas, na pessoa de seu pae, eujo nome nem o proprio decreto real menciona. (4) “Tivemos oecasiio de yer, no Archive Publice, esse documento inedito exhumado pelo estudioso chefe de Seccio de Historia, dr. Eduardo Duarte. Mandando executar 0 decreto do 18 de Fevereiro baixou o Go- verno da Capitanla o seguinte acto: “Que o Princepe Regente Nosso Se- nhor, em attenclo 4 Memoria dos servicos que Ihe havia feito o falle= cido ‘José Borges do Canto, capitio do milicias desta Capitania: Houve por bem verificando em seu pae a remuneracao dos ditos servigos: Fa- zer-lhe mereé, na conformidade do decreto da copia_inclusa, assignada por Antonio Mariano de Azevedo, Contador Geral da Segunda’ Repartigio do mesmo Real Brario; da metade do soldo do posto de capitao de dragoes @ que teria sido promovido 0 dito seo filho se nao fallecesse, ete.” Porto ‘Alegre, 10 de Maio de 1809, Axehive Pablieo. No anno seguinte, Vicente Borges do Canto, um dos irm&ts mais mogos do capitio Canto, requereu | Ihe fosse dado o' posto e soldo do irm&o fallecido, informando, d. Diogo de Souza para a corte, em resposta de consulta do Princepe Regents, que © peticionario nfo era merecedoy dessa regalia. (28 de Abril de 1910). “Corr, de D. Diogo. Arch. Publ. s feces DO SUL 17 GEOGRAPHI Borges do Canto morrera em principios de 1809, em Rio Pardo, nao tendo gosado das vantagens de ter sido pae do maior herde desses tempos lendarios do Rio Grande do Sul. Morreu pobre, tendo, talvez, nos seus ultimos momentos, a visio dessa terra opulenta que seu filho integrara 4 grande Patria, a qual tambem déra, na medida de seus esforeos, 0 tributo de uma vida de trabalho incessante, Em novas campanhas, pela defesa da integridade territorial da Patria, acompanharemos esses frontciros denodados na epopéa gloriosa em que consistiu a sua vida heroica. (1) Aurelio Porto. -Invas&o Paraguaya na fronteira brasileira do Uruguay (1) Pelo Conego Joao Pedro Gay PREFACIO Para no ser yictima dos ferozes invasores, que no dia 10 de Junho de 1865 accommeteram a fronteira brazileira do Uruguay pelo passo de S. Borja, tive naguelle dia que retirar-me 20 interior do municipio de S. Borja, onde me conservei até principios do mez de Setembro, seguindo entio para 0 nosso exercito em operagdes nesta provincia, em frente da villa de Uruguayana. Ahi presenciei, no faustoso dia 18 de Setembro, o grande feito que purificou esta fronteira das pisadas vergonhosas do: inimigo. Em minha emigracao,e no exercito, tomei notas do que vi,.e das informagdes exactas que estava recebendo sobre cs acontecimentos do theatro da guerra nesta fronteira. Em meu regresso a esta villa de S..Borja, puz minhas notas a limpo, esmerando-me em natrar os factos com a maior exactidao. Assim formei este opusculo historico, que os Brazileiros aman- tes do seu paiz lerao com interesse. KE’ nesta esperanca que tenho o prazer de o offerecer ‘ao publico, pedindo-lhe que nfo repare em sua imperfeicao. S. Borja, 1 de Novembro de 1865, O Conego-vigario, Jodo Pedro Gay, a (25) Bxcerpto do capitulo Evopéa dos frontetros. Cachoeira, (Livro! do Centenario, em elaboragio). ) * rit¢ — 1s REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E CAPITULO I INTRODUCGAO O general Francisco Solano Lopez, presidente da Repu- blica do Paraguay, vendo em_meiados de 1864 travar-se a luta entre o Imperio do Brazil e o governo da Republica Oriental do Uruguay, estremeceu em sua cadeira de ferro, temendo que o Brazil, com quem nao tinha contas justas, Ih’'a espedagasse, derribando seu governo despotico logo que elle houvesse derrotado os ddancos de Montevidéo, e em seu furor resolveu elle declarar a guerra ao Brazil. (2) Ja as forgas brazileitas se achavam na fronteira da pro- vincia do Rio Grande do Sul, prestes a invadir a Republica Oriental, para exigir as reparagdes que o governo d/anco The recusdra;j4 varios vasos da esquadra brazileira com d¥nesmo Proposito sulcavam as aguas do Rio da Prata, qu@iAdo o despota do Paraguay, estabelecendo-se o arbitro do Rio da Prata, sob o pretexto de conservar o equilibtio em aquelle paiz,e de se oppOr 4 sua conquista pelo Imperio, deu sua nota de 30 de Agosto de 1864, pela qual reprovava a con- ducta do Brazil, declarando que, se as forcas brazileiras invadissem a Republica Oriental do Uruguay, 0 governo do Imperio seria responsavel das.consequencias ulteriozes, ficando. ao governo do Paraguay 0 jlireito de obrar como bem lhe parecesse. (3) HE sem mais preliminares o presidente Lopez apoderou-se a 12 de Novembro do vapor brazileiro Marquez — de Olinda, pertencente 4’ companhia de navegacao de Monte- vidéo 4 provincia brazileira de Matto Grosso, em occasiao que o dito vapor navegava o rio Paraguay, em frente de Assumpgio, (4) capital do Paraguay. Esse vaso se dirigia a Cuyaba, levando a seu bordo o coronel Frederico Carneiro de Campos, nomeado presidente _e commandante das armas: da provincia de Matto Grosso, (5) e uma porcdio de dinheiro (0) para pagamento das tropas'e para obras publicas, O marechal Lopez saqueou tudo o que se achava no Marguez de Olinda, que armou para servir em sua esquadra, (7), e langou num calabougo, como prisioneiro de guerra, o presidente de -Matto Grosso, tambem deputado 4 assembléa geral. do Brazile (8) Este acto de selvagem pirataria foi a nota diplomatica pela qual o despota do Paraguay declareu guerra ao Imperio do Brazil. (1) Este trabalho foi escripto em fins de 1865 ¢ publicado em , 1867, N4o sé pela natureza do assumpto, como por ter sido pequena a edicao, logo cxgotou-se. E' muito raro hoje e por isso pouco co- ahecido até pelos estudiosos de nossa historia, os quaes em sua “9 ~ GFOGRAPHICO DO RIO GRANDE DO SUL. 19 dera occasionar precipitagao por sua parte para tomar uma defensiva vantajosa e assim ganhar posicao

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