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Amado & Isabel Freire iniversidade de Coimbra ~ Universidade de Lisboa estratégia ampla e pela escotha de diversas técnicas de recolha e andlise de dados que lhe dardo concretizacao ~ privilegiam-se, neste sentido, rocessos flexiveis de recolha de dados (entrevistas, observacao pat pante, etc.) e andlises indutivas fetas sem preocupacio por generalizar - mas sempre numa atitude de quem procura = flexibilidade com sis- tematicidade, rigor, pertinéncia.¢ £ com o objetivo de tornar mais consciente ¢ adequada a escolha dessa estratégia que avancamos nesta parte da obra com orientagbes a Propésito das quatro estratégias acima referidas. “Il - 1. ESTUDO DE CASO NA INVESTIGAGAO EM EDUCAGAO siltiplas formas ¢ finalidades. O set Qs estudos de.caso podem toma uso ndo se circunscreve 4 investigacdo, como € 0 caso dos estudos de caso designados de educativos ou formativos, muito utilizados no ensinc do Direito © da Economia (Blomeyer e M . por Stake, 2007:11) na formacao de professores (Marcelo Parrilla, 1991), ou dos estudo: de caso avaliativos (Gall, Gall e Borg, 2007; Stake, 2007; Stenhouse, 1994) Os estudos de caso de investigacio, o objeto do presente capitulo podem ser de natureza quantitativa, de natureza fenomenol PORem Ser de notureza quantitativa, de natureza fenot Pretativa, ou mista (05 que & TA sistematizacio e divulgacio do método do estudo de caso tiverar origem na investigacto de natureza qualitativa empreendida pelos soci¢ logos pioneiros da Escola de Chicago, focados na investigagao de grupc ‘ou de comunidades socialmente desfavorecidas, na sua maior parte im srantes. Na sua origem 0 estudo de caso, como abordagem qualitativ do social, surge da vontade de conciliar interesses de natureza inyestigativ € politica, camo aggntecey.com outro tipo de abordagens qu: signadamente a etnogréfica ¢ a biografica e, mais tarde, a investigacio-aca ‘Também Freud ¢ Piaget basearam, empiricamente, as suas teori: em estudos de caso, utilizando observagdes naturalistas ¢ entreviste em profundidade. Todavia, durante grande parte do século xx conheceu-se uma for ile de retomo a verdadeira observagio naturalista, Ou Como uma reacdo contra a epist ta no paradigm psicoes ido de um individuo, de um de um programa ou reforma, de acéniecimento, de uma organieag lade de abordagens metodologicas, aspeto que iremos aprofundar mais adiante. Fa Se reconheca como menos ortodoxo, também assumem orientacées epi remol6gicas diversas. Podem ser apenas uma tentativa de exploragio.de.um determi Assumir um carter meramente desert glo), Tal ecletistho e plasticidade exigem, antes de mais, uma carficagto do conceito de estudo de cas © que faremos seguidamente, No presen- te texto daremos especial atengio aos estudos de caso apoiados numa perspetiva naturalista e fenomenolégica. Il -1.1. Caracteristicas dos estudos de caso E bastante frequente encontrar a designagio de estudo de caso em tra- balhos de investigacao educacional (mormente em dissertagdes de mestrado € teses de doutoramento). Por vezes, a lise das opgdes metodolégi- cas © do desenho de investigacao revela que nao sdo consentineos com como seria de esperar. rcunstincias observa-se o inverso, trabalhos que sendo J estudos de caso, nto se assumem como tal 2 estudo de caso € encarado por alguns etcos comm lnvestgacio soft destinada prinipiant ma Fac que ive Westigadores principiantes, por ser considerada mais \cbes de outra natureza. Chega mesmo a ser vista como do predominio nas ciéncias soci , durante muito tempo, da invest hipotético ded iva € de abordagem quantitativa pura, assente sobre cri térios de credibilidade e de validade estritos, de caso. Também a falta de rigor cientifico de trabalhos que se dizem d: estudo de caso, tem contribuide para este descrédito, Nos tltimos anos regista-se, contudo, uma tendéncia de maior credibiliza $0 dos estudos de caso, fruto da afirmacio crescente de outros paradigma ias ecolégica e sistémic Dara a comprecnsto dos fnémenos soci, o qe vem também seforat fora credbidsde dos esiudon de caso gi, plas naorera Progressiva hegemonia de novas epistemolo; € 0 contributo dos estudos de ca construgio do conhecimento valorizam-se as qualidade _Cxigidas aos investigadores.que.o.fazem (Morgado, 2013). J4 em 1989, Yh irmava, “atualmente, as exixéncias intelectuais ¢ emocionais do inves igador para o estudo de caso sio, de Jonge, muito maiores do que pat as outras estratézias de investigagio” (pp. 62-63). 6 autor enumerav. digumas comperéncia a0 estudo de caso, que julgamos continuar a ser relevante sublinhar: is-bisicas requeridas a0 investigador que se dediqu: ~ saber formular boas perguntas e interpretar as respostas; ~ ser um bom ouvinte e nao set traido pelas suas préprias ideologia ou prec ~ ser adaptivel e flexivel, ¢ conseguir ver as situagdes inesperada como oportunidades e nao como ameac: de de ‘agarrar’ os aspetos que estao a ser es ide reduz os dados relevantes e a informacas toma proporcées geriveis; © que caracteriza entio um estudo de caso e, de algum modo, o dis- fingue de outros métodos ou estratégias de investigagao? Galle colaboradores (2007:447) definem “estado de caso de invest fs20 como um estudo em profundidade de um ov mals ssompioe te Omeno no seu contexto natural, que reflete a perspetiva dos pas- Ucipantes pele envolvidos” Um 08 que os estudos de caso tém em comum ¢ a,dedicacio 1o conhecimento € descricao do idiossincritico e especifico come le tigador no esta preocupado com_a_gencxas zagag (Walker, 1993). No dizer das autoras brasileiras Ludke © André § 1986:17), “quando queremos estudar algo singul if, que tenhaum valor £m si mesmo, devemos escolher 0 estudo de caso”. Nos estudos de caso de investigacao, a intengao do inves aor vai pra alem do contenant dest valor ininseco do cso, vsando contains compares omar hess ou mesmo ear coo, panto de pra denne oes lardades do caso ou dos canoe em € 4 compreensio das p: ) 0 Os seus objetivos estio associados frequentemente “A explon de descobrit problematicas nov: de renovar perspetivas sugerir hipéteses profundas* (Hamel, 1998:121). Reetende-se, assim, *preservar € compreender 0 ‘caso’ no seu todo © na sua unickdade, rario porque alguns autores ( -2) preferem a expres- slo estratégia 4_de metodologia de investigagtoe (Coutinho ¢ Chaves, 2002:223). Também Stake (2007 sublinha a ideia de que se espera “que_um estudo de caso co <2 Ao entudar tm determinade fendmcno magucle caer Co iga captar a complexidade de um caso Gni ‘uma perspetiva holistica, @ investigador esforca-se, ao mesmo tempo, ir a pecullaridade do caso e por trans nple- ‘ida ¢ Gnica do mesmo (Morgado, 2013; Marcelo e Parrilla, 1991). © investigador que opta por esta estratégia de investigacio, especialmente por reflet lagem comple Se estd pouco familiatizado com a mesma ou se é um jovem investigador, defronta-se muitas vezes com uma primeira dificuldade ~ a definicao do isto ¢, a demaceacio-clara eprecisa.das suas fronteiras, O caso caracteriza-se nela sua delimira caso parent ladle fannmannVinirn como tal igacdo. Q ‘A tomada Proposicd pretend “de caso de outras abord das 4 medida que os resultados da a {Gall et al., 2007). Assumic uma perspeti 'iplas técnicas de forma a captar os diferentes olh; ssa mesma complexidade. A defi larcelo ¢ Parrilla, 1991) e deve ser reconh Pelos membros que a constituem (uma \ © a8 questées narteadoras da walguer fensmeno anresenta multiplos asp de selecionar aguele. owagusles.sabre 9s quais se concent 2)-€shudo.com.os.seus.contextos,-coma.& subliahado °_por ores como Yin (1989), Hamel (1998), Merriam (2002) e stake (2007). estas decisoes, apoiar-se-4 naturalmente na base teérica e nas es de investigacdo de que parte, que \derio ser reequaciona- la estudar o caso na sua totalid: le. Sel Sob Iet0 de estudo, este sera observado e analisado na sua complexidade, ‘de forma contextu: ‘da € dindmica, recorrendo a miltiplas fontes e a 50 de outras gens metodolégicas: “o estudo de caso é uma dissemos, «interpret XM outro aspeto que caracteriza os estudos de ca Caracteriza 0s estudos de_cas inxestiga um fenémeno contemporaneo dentro we Covi imomneuhOFAneO dentro 'do_as fronteiras entre 0 fendmeno eo -cvidemtes, ¢ no.qual-si9 utilizadas 1 KAP. 23), Q ecletismo meta ISzico. Embora a abordagem qu: ‘iva Sela fuleral neste.tipa de investigacdo, 0 ontraste niio se alitaivo.e.0.quantitativa,_pelo contr ‘mas 4s patticulatidades do caso ou dos tigador a técnicas | que a forma de uma | de estateping Seja qual for a f [Bede cas aves ~—\atenlo, em profunddade ina Gere Soon * qualquer investigacao. © primeico passo Planificacto de um estudo de caso ‘identificacto de um problema e & \ base nelas que_o investigador selecig inidades de andlise (Gall et al., 204 © que € um caso de estude? Antes de mais, 2 escolha do caso ou das casos epende das finalida studdo de caso que se pretende nele, nao apenas p £0 estudi-lo aprendemos sobre outros caso. blema em geral, mas porque precisamos de aprender sob 126 ensenanza. Madtids Morata, ), Educational research, metbadology, 9.53). Oxford: Pergamon Press ara 0 trabalbo num pats da (som) ‘ord: Oxford University Press Itative approach to sactal mobility, sortugués. Dissertacio de Mestrado UI" Parte ar ucttaton Uma atordegem TECNICAS DE RECOLHA DE DADOs or erais desta técnica qualitativa de ‘arreagetovscontt Nas partes © captulos ameroresacentuamos sede Pgs RF 8 ue fazer snvestgasto qualitana nag ae sc sea ic 0 conju de tenes. Helo conto ae nee Qualia lo mondo, dos suetos hue, ser de Anropaega da auc icientemente a ideia % A mera aplicagao ‘sores snterculturatidade. Porte sos en educacién: Etica, teoria 1s refleciones sobre a investiga bl de orientagdes priticas em London: Sage Publicstions. om efeito, nas suas mais diversas modalidades, a técnica de recotha é © estudo dos dilemas praticas d ©. Reason & H, Bradbury (Pas ‘md practice (pp. 273-283). La Pensar em voz alt autoscopia “stimulacao da recordacio; “enica dos incidentes criticos; 205 andlise de narrativas — ‘est6rias’ ¢ episi +a técnica Delphi questionarios abertos e “composigoes"; documentos pessoais (diarios, portefélios © epistolografia). Julgamos vantajosa esta informagio sobre a diversidade metodol6- sica na colheita de dados na medida em que cada um dos processos, Por si proprio, € vélido mas limitado e, por outro lado, a triangulacio metodolégica, como veremos a seu tempo, consti fundamentais para a validagio de um estudo. 1i uma das estratégias ido & Sonia Ferreira idadle de Coimbra “III - 1. A ENTREVISTA NA INVESTIGAGAO EDUCACIONAL entrevista € um dos mais poderosos meios para se chegar ao imento dos seres humanos € para a obtencao de informacies mais diversos campos. Em termos gerais, pode dizer-se que uma vista é: um meio potencial de transferéncia de uma pessoa (0 informante), Para outra (0 entrevistador) de pura informagio; é pois, um método, por exceléncia, de recolha de informagio; luma transacdo que possui inevitaveis pressupostos que devem set reconhecidos € controlados a partir de um bom plano de inves- tigacdo. Nestes pressupostos contam-se: emocoep, iiecessidades ‘inconscientes, influéncias interpessoais; uma conversa intencional orientada por objetivos precisos. » De entre esses objetivos sul fe-se que a entrevista € 0 mé- "todo adequado para “a anélise do sentido que os atores dio As suas prdticas ¢ aos acontecimentos com os quais se veem confrontados: os scus sistemas de valores, as suas referéncias hormativas, as suas interpretagdes de situagdes conflituosas ou ndo, as leituras que fazem das proprias experiéncias, etc.” (Quivy © Campenhoudt, 1998:193). ‘8 atualidade, a entrevista assume uma grande variedade de formas entrevistas podem classificar-se de diferentes modos. Avancaremos aqui © due se refere & sua estrutura ¢ as suas funcdes, MI- 1.1. Classificacio da entrevista quanto a estrutura A classificacao das entrevistas, quanto a sua estrutura, percorre uma nha imaginésia e continua desde a estruturaclo rigida até A sua com pleta ausencia (Kvale, 1996; Bernard, 2000; Morse, 1991; Flick, 2002; Gray, 2004; Gillham, 2000; Fontana e Frey, 2005; Rubin e Rubi + 2005; Bickman © Brennan, 2008; Noy, 2009). Comecando por um dos extremos desta linha, temos: ~ A entrevista estruturada ou diretiva. Centea-se, geralmente, num tema determinado e restrito Gocused interview) ~ por exemplo, sobre Impacto de um acontecimento ou experiéncia precisa — acerca do quai 0 investigador, frequentemente, j4 possui um conhecimento prévio, AS Perguntas colocadas devem ser programadas adequadamente ¢ langadas de um modo estandardizado a todos os entrevistados - nao ha, Portanto grande flexibilidade no processo. As respostas vao a0 encontro de um pequeno ntimero de categorias pré-estabelecidas, de modo a tox harem rapida ¢ eficiente a sua andlise, © envolvimento do entrevistador eve ser 0 mais possivel neutral, impessoal, diretivo (ef. Grim, Harmon © Gromis, 2006, Freebody, 2005:133; Quivy € Campenhoudt, 1998 193; Merton, Fiske e Kendall, 1990), ~ A entrevista semiestruturada ou semidiretiva. As questoes detivam ie um plano prévio, um guido onde se define e regista, numa orden 1osica para 0 entrevistador, o essencial do que se pretende obter, em- bora, na interacdo se venha a dar uma grande liberdade de resposta a0 entrevistado. A bibliografia (Gillham, 2000; Kvale, 1996; Bogdan ¢ Biklen, 1994; lone € Matalon, 1992; Quivy e Campenhondt, 1098; Ludke ¢ Andes icipais instrumentos da pesquisa de natureza qualitativa, sobretudo Io facto de nao haver uma imposicao rigida de questdes, o que permi- 40 entrevistado discorrer sobre o tema proposto ‘respeitando os seus ‘alientando © que para ele for mais relevante, com alavras © a ordem que mais Ihe convier, e possibilitando a captacio diata e corrente das informacies desejadas, Pais (2001), ao recomendar entrevistas semiestruturadas nos estudos (auto)biogrificos, nota que aS entrevistas de pendor mais diretivo os entrevistados tém tendéncia sponder “em termos de ‘juizos de valor’, de acordo com uma matriz l6gica muitas vezes inconsciente que produz (e que se traduz por) m conjunto de tomadas de posicao, de qualificagdes, de descrigdes avaliagdes que ndo podem ser compreendidas fora do contexto em S80 produzidas” (p. 108). Os dados obtidos, geralmente audiogravados e posteriormente trans- ®s, sero sujeitos a andlise de contetido (cf. cap. IV-1). A entrevista nao estruturada ou nao-diretiva. Ao contrario do tipo Merior, a entrevista no estruturada parte de uma nogio de grande plexidade do comportamento humano, pelo que procura entendé-lo que para isso avance categorias prévias ¢ delimitadoras da investi- So (Patton, 2002; Minichiello et al., 1990). As perguntas derivam da Meracio, nao existindo, portanto, qualquer grelha prévia de questdes, tipo de entrevistas € muito utilizado em areas pouco exploradas conhecimento cientifico ou sobre as quais o investigador pretende ntrar-se nas narrativas/perspetivas dos participantes, sem partir de quadramento conceptual prévio. ocorréncias marcantes ¢ tacos gerais da aula. Deste modo, também se completava 0 registo, cruzando informacoes de ambos os lados ¢ Provocando alguns insights importantes para a compreensao dos da- dos. Normalmente, estas entrevistas nao eram diretamente gravadas, exigindo que, ap6s a ‘conversa’, se procedesse ao seu registo o mais fiel possivel. Nao havia, portanto, um plano prévio (por isso as designamos por in- formais), ou ‘troca acerca do vivido (que podia nao ser 0 imediato, nem tratando-se, em muitos casos, de verdadeiras ‘conversas’ de ideias’ simplesmente 0 observado), da educacio e do papel do professor. Entrevistas deste tipo realizaram-se, praticamente, com todos os Professores das turmas envolvidas no referido estudo. Tal como o notaram Hargreaves € colaboradores (1975), a0 usarem um procedi mento semelhante, nado podemos ignorar que se trata de situacdes estimuladoras de processos interativos importantes ¢ complexos, embora nem sempre versassem sobre os temas da pesquisa. Referem estes autores: “€ claro, a partir dos comentarios dos professores, que cles nos imputavam um largo espectro de questées implicitas. (..) Os comentarios tinham sempre um elemento comum; tomavam todos # forma de tentativa de explicagio ou justificagio dos seus atos” (ibid., 220). Esta tentativa de justificacdo, registada igualmente por Amado na pesquisa referida, revelava da parte dos professores uma concecio avaliativa das abordagens que thes eram feitas, obrigando o investi gador a reiterar, explicita ou implicitamente, intengdes contrérias (cf Martinez, 1996:86). As modalidades especificas da entrevista © 0s momentos da sua realizacdo variaram, em funcao de Vasquez objetivos ¢ oportunidades, NI-1.2. Classificacdo das entrevistas quanto as suas funcdes Quanto as respetivas fungdes podemos classificar as entrevistas do seguinte modo: Entrevistas de investigacdo-control sua fungao é a de avaliar @ adequagio de processos com perspetivas ou caracterizacoes elaboradas pelos sujeitos. A estrutura mais adequada a esta fungi € a da entrevista diretiva, Sera essencialmente sobre este tipo de entrevista que iremos centrar a nossa atencao. Entrevistas de diagndstico-caracterizaga 2 0 seu objetivo & ~ fornecer pistas para a caracterizac3o do processo em estudo, A estrutura mais adequada a esta fungdo € a da entrevista se- midiretiv: Entrevistas terapéuticas: realizadas essencialmente com fins de ajuda e de aconselhamento. investigadores qualitativos esto divididos também quanto a neu- idade da entrevista. Uns consideram que 0 investigador € neutral € ivel; outros, mais recentemente, reconhecem nela um instrumento neutral, € que, constituindo ela propria um contexto social (en- tado, entrevistador, espaco, tempo, etc.), nao pode deixar de ser lenciada por esse contexto (Fontana e Frey, 2003; 2005; Gillham, Kyale, 1996). nsiderando este aspeto, 0 guido da entrevista (o que se questiona) interpretacdo que dela se faz exige uma ‘desconstrugao’, de modo a ler ver, em tudo isso, os efeitos do contexto da entrevista. -3. A entrevista de investigacio semidiretiva smo técnica de investigacio, a entrevista de investigacdo semidiretiva a0 servico de trés propésit Deve ser usada como principal meio de recolba de informacio que tem 0 seu mais direto apoio nos objetivos da investigagao, a técnica que permite um acesso aos discursos dos individvos, Imo Estes se expressam, ao ndo-observavel: opinides, atitudes, repre- sentacdes, recordagdes, afetos, intengdes, ideais e valores, que animam uma pessoa a odo como valorizavam as relagdes que se estabeleciam na aula, a0 pmportar-se de determinado modo. No essencial consiste do como percebiam todo 0 conjunto de factos sociais objetivos que numa técnica capaz de provocar uma espécie de introspecdo. Note-se, lugar constituindo os aspetos aparentes da ‘vida na aula’; para contudo, que a entrevista, como substituto de uma observacao de aconte. disso, através das entrevistas, completou-se 0 conhecimento dos cimentos ou comportamentos passados, no obtém sendo representagdes 08 ¢ dos comportamentos obj indo através vos a que se ia chi atuais acerca desses acontecimentos. Uma vez que toda a reconstrugaio 6 observacio ‘participante’. Deste modo, todas as técnicas de recolha Sempre uma alterac4o, 0 acesso aos acontecimentos através da entrevista ormacao se tornaram fundamentais, sem conceder 0 primado a ser sempre limitado, a nao ser que se pretendam atingir, precisamente, essas representacées atuais. lquer uma delas. Esta relacto de escuta ativa nio € facil. Recorrendo ainda a Bourdieu 906), “ela associa a disponibilidade total cm relac3o & pessoa Deve ser usada para testar ou sugerir hipsteses, podendo ainda, vistada, a submissio a singularidade da sua hist6ria particular, Servir para explorar ou identificar varidveis ¢ relacaes, @ pode conduzir, por uma espécie de mimetismo mais ou menos ido, a adotar a sua linguagem € a entrar nos seus modos de ver, A este propésito, Matalon (1992) coloca a seguinte questio: “Porque € que queremos conhecer estes ‘estados interiores’, nado observaveis? S seus sentimentos, nos seus pensamentos, com a consttucio meté- ea, indispensavel do conhecimento das condigdes objetivas, comuns Interessam-nos por si mesmos, ou na medida em que eles determinam, S as categorias” ainda que parcialmente, 6s comportamentos?” (p,99), * Dove ser usada em conjugacao com outros métodos. [-1.3.1. Preparacao da entrevista de investigacao semidiretiva Cohen, Manion © Morrison (2006) sugerem que ela seja usada, por ‘condugao deste tipo de entrevista implica a atenc4o a um nimero exemplo, para perseguir resultados inesperados, ou para validar outros métodos, ou para entrar nas motivagdes dos ‘respondentes’ e nas razbes ara responderem tal como o fazem. A conjugacdo de métodos de investi Bacdo permite ajuizar da coeréncia ou incoeréncia dos resultados e validar 0s dados obtidos pela entrevista. Geiado de aspetos, imprescindivel, nao s6 para se obter a informacio irio, ela exige um clevado esforgo de preparagio. A propésito entrevista biografica diz Bertaux (1997:58) que “quanto mais ti- Retomando a investigacao acima dada como exemplo (Amado, 2001b), J0s ideias claras sobre o que procuramos compreender e sobre 0 48 entrevistas semidiretivas € as informais realizadas nesse contexto, or modo de o perguntar, mais podemos aprender seja qual for serviram as trés fungdes descritas e ofereceram o material central ¢ de formador”. maior significado para os propésitos do autor: través delas, e privile- giando ‘uma relagdo de escuta ativa e metédica’ chegou ao pensamento ‘Pedagogico’ dos atores (alunos € professores), isto é, a0 sentido que cles atribuiam a escolarizagéo em si mesma ¢ as atividades curricula: A escolba das pessoas a entrevistar ‘questdo tem, antes de mais, a ver com o desenho da investigacio #e5 a0 modo como entendiam os atos de indisciplina e seus fatores, causa. Portanto, deve ser resolvida na fase de desenho da in stigagio,

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