Download as pdf or txt
Download as pdf or txt
You are on page 1of 123

DA TEORIA À PRÁTICA – A CLÍNICA ANALÍTICA

Sumário

NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................. 2

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3

GÊNESE DA PSICOLOGIA ANALÍTICA OU PSICOLOGIA JUNQUIANA ......... 7

PRINCIPAIS FUNDAMENTOS .......................................................................... 8

CONCEITOS BÁSICOS DA PSICOLOGIA JUNGUIANA ................................ 11

PERSONA ........................................................................................................ 11
COMPLEXOS................................................................................................... 12
ANIMA E ANIMUS............................................................................................ 13
ANIMA .............................................................................................................. 14

ANIMUS ........................................................................................................... 14

SIZÍGIA: ANIMA E ANIMUS ............................................................................. 15

SELF ................................................................................................................ 16
O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO ................................................................ 16
TÉCNICAS JUNQUIANAS DE TERAPIA ......................................................... 30

MATERIAL DE APOIO ..................................................................................... 33

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 121

1
2

NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

2
3

INTRODUÇÃO

Nesta apostila será abordado o conteúdo sobre os fundamentos da


Psicologia Analítica do psicólogo e psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-
1961), cuja obra vem apresentando significativas contribuições para a Psicologia
Educacional, Organizacional e Clínica.

O psicólogo Jung foi o principal explorador do consciente e o inconsciente


como um todo, ressaltando a importância para as experiências simbólicas
vividas, mas com foco também no coletivo, ou seja, não apenas focava na
história individual de cada um. E essa forma de ver possibilitou um novo olhar a
humanidade por meio das mais variadas lentes, como religiosa, artística,
intelectual, entre outras.

De uma forma mais concisa pode-se afirmar que reconheceu que as


pessoas são influenciadas por fatores inconscientes, que estão além do seu
controle e esses fatores formam o inconsciente coletivo e o inconsciente
pessoal, o qual contém todas as primeiras experiências vividas pelo indivíduo,
tendo como os eventos ocorridos na primeira infância, em particular, de grande
impacto na psique humana.

A psicologia analítica junguiana trabalha com alguns conceitos, sendo eles o


Inconsciente Coletivo; armazenado em uma parte secreta de nossa mente, é
formado por um conjunto de aspectos individuais e coletivos. É nele que é
moldada a mente, opiniões em relação ao mundo, mesmo que de
acontecimentos de pouco conhecimento do sujeito.

Assim, para Jung o inconsciente é representado por padrões aos quais são
representados por arquétipos, que influenciam nas emoções, nos pensamentos,
nos comportamentos e nas opiniões sutilmente, que às vezes não são
percebidas.

3
4

Outros conceitos são identificados como os arquétipos Animus e Anima,


que, normalmente, ficam reprimidos no inconsciente dos sujeitos, tendo o
Animus, referindo à energia masculina existente na mulher, conceito de yang,
que também está associado à figura paterna e com a racionalidade. Já o Anima
é identificada com a energia feminina que existe no homem, o yin, que está
relacionado com a figura materna e com a sensibilidade.

Vale lembrar que há quatro estágios de desenvolvimento para esses conceitos,


sendo que no animus, correspondem a:

1) uso da agilidade e força física

2) iniciativa e pró atividade

3) expressão de ideias com competência e propriedade

4) verdade espiritual.

Nestes termos, de acordo com Jung, a mulher, quando age de acordo com
o animus interior, consegue exteriorizar essas características descritas acima.

Já as sombras, elementos que não foram integrados à personalidade do


sujeito, mas residem no inconsciente. Afirma-se que vivem na sombra porque os
atributos são negados por serem considerados inaceitáveis ou são
desconhecidos pelo indivíduo. Para explicitar pode-se que são os ditos
defeitos, que apresentam-se como um cenário bastante comum, já que
conhecido pelo sujeito, mesmo que na “lá no fundo”, e que ao invés aceitá-los e
assim poder ser capaz de mudá-lo, o empurra-o para a sombra, seja
por vergonha ou mesmo medo. Destra forma esse defeito fica escondido, à
espreita.

Jung, contudo, considera que esses elementos sombrios também podem


ser qualidades adormecidas ou pouco utilizadas. Assim, pesquisador, psicólogo
e psiquiatra, acreditava que todos os aspectos que compõem a personalidade,
independentemente, se defeitos ou qualidades, são indispensáveis, uma vez
que quando em perfeita harmonia, o sujeito é capaz de usar todo o seu potencial.

4
5

Na história da psique humana, para o também psicólogo Sigmund Freud,


o sonho ocupava um lugar interessante em seus estudos, visto que constitui
"uma realização (disfarçada) de um desejo (reprimido)" e Jung também valorizou
os significados dos sonhos na psicologia analítica. Considerava que ao decifrar
o significado do sonho seria possível compreender o que estava escondido na
psique, isso devido ao fato de mostrarem a mais pura verdade, uma vez que não
estão sendo controlados pelo consciente.

Observa-se que a única diferença entre as duas visões é que Jung não
via os sonhos como desejos proibidos dos sujeitos, mas, sim, como uma forma
de deixar transparecer a verdade interior. Entretanto, seria necessário
decodificar os símbolos através dos quais se manifestam para entendê-los por
completo. E essa necessidade torna a compreensão dos sonhos mais difícil, já
que os símbolos estão abertos à interpretação.

Vale apresentar também que Jung defende que os sujeitos apresentam


traços de personalidade, que resultam da forma como utilizam as capacidades
mentais, sendo caracterizados por tipos psicológicos, a extroversão e a
introversão, respectivamente, que são o mundo externo e interno, nos quais os
indivíduos transitam e que cada um escolhe em qual mundo irá dedicar mais
energia e tempo.

Neste contexto, tem-se que o introvertido prefere momentos de reflexão e


calmaria, refletindo sobre seus pensamentos e sentimentos, enquanto o
extrovertido prefere estar rodeado de outros indivíduos.

As Máscaras, outro conceito defendido pelo psicólogo, apresenta, a


persona, outro arquétipo, que é o sujeito apresentado ao mundo, ou seja, é o
personagem que se assume diante da sociedade e aquele que é julgado pelos
outros. Tendo o tipo de roupas, os modos de expressão, os comportamentos e
o papel social sendo determinados pela persona. Assim, as máscaras,
comumente usadas em situações sociais com intuito, mesmo que inconscientes,
de se sentir incluído, aceito, respeitado e amado.

5
6

A persona ocupa um espaço importante no desenvolvimento de um


indivíduo, pois ajuda a transpor desafios, ao assumir um personagem mais
confiante momentaneamente, ou seja, quando o sujeito se identifica com a
persona, porém, tende a viver em uma ilusão. E este, Segundo Jung, problema
tende a ser mais evidente em indivíduos que enfrentam exclusão social e
preconceito, pois assumem papéis para suportar a realidade e procurar um
espaço no ambiente hostil.

Considera-se, portanto, que a psicologia analítica defende que cada


sujeito possui uma fórmula única, a qual deve ser incorporada ao tratamento e
desta forma também vai mudando a forma como administra seus próprios
problemas e comportamentos.

6
7

GÊNESE DA PSICOLOGIA ANALÍTICA OU PSICOLOGIA JUNQUIANA

A Escola de Psicologia fundada pelo psicólogo e psiquiatra suíço Carl


Gustav Jung, detentora de uma teoria sobre a estrutura e o funcionamento do
psiquismo humano (psique) e, também, uma categoria de psicoterapia. E de
maneira mais suscita a psicologia analítica foi fundada no início do século XX
pelo psicólogo e psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961).

O termo Psicologia Analítica passou a ser utilizado oficialmente por Jung


em 1913, porém, suas bases foram geradas em anos anteriores e foi um dos
mais proeminentes discípulos de Freud, exercendo a Psicanálise de 1909 a
1913, ano em que rompeu com Freud e fundou a Psicologia Analítica. E após
a morte de Jung em 1961 a Psicologia Analítica continuou a receber
contribuições dos neo-junguianos.

PARA LEMBRAR

A Psicologia Analítica é um conjunto de conhecimentos (teoria) que


procura investigar e explicar a estrutura e o funcionamento da psique e uma
categoria de psicoterapia (prática) formulada inicialmente pelo psiquiatra e
psicólogo suíço Carl Gustav Jung. Após sua morte, a Psicologia Analítica passa
a receber reformulações pelos neojunguianos.

7
8

PRINCIPAIS FUNDAMENTOS
O psiquismo humano, a Psique, é formada por pelo consciente,
inconsciente pessoal e inconsciente coletivo.

O eixo central da Psicologia Analítica é o Processo de Individuação, que


a tendência instintiva e teleológica do ser humano, através de processos de auto
regulação, desenvolver suas potencialidades inatas em direção à realização da
totalidade psíquica (autodesenvolvimento, auto realização e autoconhecimento).

O Processo de Individuação ocorre através do fluxo dialético (permuta e


transformação) da energia psíquica (libido), que corre entre o consciente, o
inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. O que se tem aqui é um fluxo de
energia, que através de processos de auto regulação, sempre visa a homeostase
psíquica (equilíbrio psicológico).

Na concepção do estudioso, o conceito de libido difere do de Freud, sendo


que no junguiano a libido compreende não só a energia sexual, mas, também,
energias associadas ao instinto de sobrevivência, à motivação, às relações
afetivas, desejos de auto realização, autoconhecimento, vivências espirituais e,
enfim, ao Processo de Individuação. Vale ressaltar aqui, que apesar do Processo
de Individuação ser o tema principal da obra junguiana, seu estudo mais
conhecido trata dos tipos psicológicos ou os tipos de personalidade.

Quanto à Psique observa-se que encontra-se estruturada em três


elementos: o consciente, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo.

 Consciente: é o sistema do aparelho psíquico que mantém contato com


o mundo interior (processos psíquicos, internos) e exterior (meio ambiente
e social) do sujeito. É na consciência que destaca os fenômenos de
percepção intrínseca e extrínseca, senso de identidade, atenção,
raciocínio e memória, entre outras funções cognitivas e emocionais.
Os sujeitos são conscientes apenas de uma pequena parte de sua vida
psíquica. O consciente tem como centro organizador o Eu e tanto o Eu
como o Consciente, como um todo, que surge do Self (localizado no
Inconsciente coletivo).

8
9

 Inconsciente pessoal: é a camada mais superficial do inconsciente, cuja


fronteira com o consciente é bastante imprecisa; e nele permanecem os
conteúdos inconscientes derivados da vida do indivíduo, tendo sua
formação a posteriori ao nascimento.

Esses conteúdos são formados por percepções subliminares e


combinações de ideias com energia psíquica insuficiente para irromperem na
consciência, experiências de vida “esquecidas” pela memória consciente,
recordações dolorosas se serem relembradas, repressões sexuais, desejos
reprimidos, qualidades da personalidade - positivas e negativas -
desconhecidas pelo Eu e, principalmente, grupos de representações
carregados de forte carga emocional e incompatíveis com a atitude
consciente (complexos, cujas bases são os arquétipos - localizados no
Inconsciente coletivo).

Comumente esses conteúdos não possuem energia psíquica suficiente


para permanecerem no campo da consciência, contudo, podem adquirir a
energia necessária para emergir na consciência na forma de lembranças,
sonhos, fantasias, devaneios e comportamentos. Quando irrompem na
consciência podem possuir um significativo grau de autonomia, chegando até
a tomar sua posse temporária.

Inconsciente coletivo: é a camada mais profunda do inconsciente e a base


da psique e é constituído pelos arquétipos: núcleos instintivos passados de
forma psicobiologia de geração a geração, trazendo padrões de
comportamento herdados desde o surgimento da humanidade e mesmo
antes dela, no período em que o homem ainda era animal, a gênese do
Inconsciente coletivo é, portanto, a priori ao nascimento.

Os arquétipos constituem a base dos complexos situados no Inconsciente


pessoal e são inúmeros, incontáveis, entretanto, Jung identificou alguns que
estão em permanente contato com o Eu, sendo eles a persona, a sombra, a
anima, o animus e o self.

9
1
0

O Self, também denominado de si mesmo, é o centro organizador não


só do Inconsciente (pessoal e coletivo), mas, também, de toda a psique,
sendo Self que surge a consciência e o Eu.

Outra informação a ser relembrada para esses estudos é que Jung


chamou a camada mais profunda do Inconsciente coletivo de Psicóide e a
ela estão associados fenômenos “extra-racionais”, tais como sonhos e
visões premonitórios, sincronicidades (“coincidências significativas” em torno
de pessoas e objetos) e telecinésia.

ESTRUTURA DA PSIQUE

10
1
1

CONCEITOS BÁSICOS DA PSICOLOGIA JUNGUIANA


Persona

O termo persona origina-se do teatro grego antigo e significa máscara.


Arquétipo associado ao comportamento de contato com o mundo exterior
necessário à adaptação do indivíduo às exigências do meio social onde vive.
Corresponde à identidade e desempenho de papéis socialmente atribuídos a
uma pessoa e também está intimamente relacionada a conveniências pessoais.

A persona corresponde a uma significativa parcela do comportamento do


sujeito enquanto personagem coletiva. A alma, em oposição à persona,
corresponde ao comportamento do sujeito enquanto personagem individual, sua
real personalidade. Uma pessoa pode ter um determinado comportamento em
sociedade (persona) e, outro, completamente oposto, em casa (alma). E desta
forma, convém esclarecer que nem todo comportamento social é manifestação
da persona, também pode ser uma expressão da alma. A persona possui dois
aspectos, o positivo, que está associado à adaptação do sujeito ao seu meio
social, e o negativo, que surge quando o Eu se identifica com a persona, fazendo
com que a pessoa se distancie e desconheça sua real personalidade, a alma.
Muitas vezes é difícil para um observador externo identificar numa pessoa o que
é sua persona e o que é sua alma.

Ao se manifestar geralmente de modo inconsciente, sem que o Eu não


tenha consciência de sua existência, a persona revela seu significativo grau de
autonomia na psique. Quando tornada consciente, ou seja, quando assimilada
pelo Eu, a persona traz benefícios ao autoconhecimento e à melhoria das
relações interpessoais. Uma pessoa tende a projetar sua sombra nos outros e
negá-la em si mesma, já que a Sombra, Arquétipo que é associado às virtudes
e defeitos de caráter que o indivíduo desconhece existir em si mesmo. A persona
possui dois aspectos, o aspecto positivo que está associado às virtudes que o
indivíduo desconhece existir em sim mesmo e o aspecto negativo que está
associado aos defeitos de caráter que o indivíduo desconhece existir em si
mesmo. A sombra também pode se manifestar de forma coletiva, tanto nos seus
aspectos positivos como negativos. Ao se manifestar geralmente de modo

11
1
2

inconsciente, ou seja, sem que o Eu não tenha consciência de sua existência, a


sombra revela seu significativo grau de autonomia na psique. Quando tornada
consciente, assimilada pelo Eu, a sombra traz benefícios ao autoconhecimento
e à melhoria das relações interpessoais.

Complexos

A noção de um complexo baseia-se em uma refutação de ideias


monolíticas de “personalidade”. Possuímos muitos selfs, como sabemos por
experiência. Embora seja um passo considerável desse ponto até a
consideração de um complexo como uma entidade autônoma dentro da psique,
Jung asseverava que os “complexos se comportam como seres independentes”.
Também argumentava que “não existe diferença, em princípio, entre uma
personalidade fragmentária e um complexo”, “complexos são psiques parciais”
Um complexo é uma reunião de imagens e ideias, conglomeradas em torno de
um núcleo derivado de um ou mais arquétipos, e caracterizadas por uma
tonalidade emocional comum. Quando entram em ação (tornam-se
“constelados”), os complexos contribuem para o comportamento e são marcados
pelo Afeto, quer uma pessoa esteja ou não consciente deles. São
particularmente úteis na análise de sintomas neuróticos.
A ideia era tão importante para Jung que, em certo ponto, ele cogitou de
rotular suas ideias de “Psicologia Complexa”. Jung referia-se ao complexo como
a “a via régia para o inconsciente” e como “o arquiteto dos sonhos”. Isso sugeriria
que os SONHOS e outras manifestações simbólicas estão intimamente
relacionados com os complexos.
O conceito possibilitou a Jung ligar os componentes pessoais e os
arquetípicos das várias experiências de um indivíduo. Além disso, sem este
conceito, seria difícil expressar o modo exato como a experiência se forma; a
vida psicológica seria uma série de incidentes desconectados. Mais ainda, de
acordo com Jung, os complexos também afetam a memória. O “complexo de
pai” não somente contém uma imagem arquetípica de pai, mas também um
agregado de todas as intenções com o pai ao longo do tempo. Daí o complexo
de pai matizar a recordação de experiências precoces do pai real.

12
1
3

Por possuir um aspecto arquetípico, o EGO está situado no âmago de um


complexo de ego, uma história personalizada do desenvolvimento da
consciência e autoconscientização do indivíduo. O complexo de ego está em
relacionamento com os outros complexos, o que muitas vezes o envolve em um
conflito. Aí então existe o risco de este ou qualquer complexo se dissociar, sendo
a personalidade por ele dominada. Um complexo pode dominar o ego (como na
PSICOSE) ou o ego pode se identificar com o complexo.
Também é importante lembrar que os complexos são fenômenos bastante
naturais que se desenvolvem ao longo de linhas positivas como também
negativas. São ingredientes necessários da vida psíquica. Desde que ego pode
estabelecer um relacionamento viável com um complexo, uma personalidade
mais rica e mais diversificada emerge. Por exemplo, padrões de relacionamento
pessoal podem se alterar, enquanto percepções de outros sofrem mudanças.
Jung desenvolveu suas ideias mediante o uso do Teste de associação de
palavras entre 1904 e 1911. O uso de um psicogalvanômetro no teste sugere
que os complexos são radicados no corpo e expressam-se somaticamente.
Alguns autores psicanalistas fizeram comentários sugerindo que a ênfase
de Jung sobre a autonomia do complexo fornece evidência de graves distúrbios
psiquiátricos nele (Atwood e Stolorow, 1979). Outros confirmam a abordagem de
Jung afirmando que “uma pessoa é um substantivo coletivo” (Goldberg, 1980).
Na análise, pode-se fazer uso de Personificação oriundas de complexos;
o paciente pode “nomear” as várias partes de si próprio. Um interesse atual na
teoria dos complexos surge de sua utilidade na descrição de como os eventos
emocionais da fase mais precoce da vida se tornam fixados e operantes na
psique adulta. Finalmente, a ideia de “personalidades parciais” é relevante para
a atual reelaboração do conceito de SELF.

Anima e Animus

A anima corresponde ao princípio feminino presente na psique do homem.


O animus corresponde ao princípio masculino presente na psique da mulher.

13
1
4

Anima
Arquétipo associado à personificação da natureza feminina no
inconsciente masculino. Manifesta-se no comportamento masculino através de
expressões emocionais e projeta-se em figuras femininas: mãe, irmã, namorada,
esposa, amante, mulher desejada, mulheres admiradas (nos sentidos eróticos,
heroicos, intelectuais e espirituais).

A anima condensa todas as experiências que o homem vivenciou no seu


encontro com a mulher durante milênios e é a partir desse imenso material
inconsciente que é modelada a imagem de mulher que o homem procura. A
anima possui dois aspectos: positivo e negativo. O aspecto positivo está
associado àquilo que a anima, uma vez tornada consciente - assimilada pelo Eu
-, pode trazer ao homem no sentido de conhecer suas próprias emoções e
melhorar suas relações afetivas. Ainda, mesmo que inconsciente, possibilita ao
homem a capacidade de amar, a receptividade ao irracional, a sensibilidade à
arte e à natureza, a intuição profética e o acesso ao inconsciente e, em
consequência, à busca espiritual. O aspecto negativo está associado ao fato de
que, quando inconsciente - desconhecida pelo Eu -, a anima expressa-se em
manifestações emocionais infantis e primitivas, domina o homem, tornando-o
subjugado por figuras femininas, fazendo com que ele possa incorrer em paixões
cegas e desilusões amorosas, dependência da mulher, mudanças bruscas de
humor, explosões emocionais, ciúme, caprichos, ansiedade, melancolia,
depressão e mesmo (tentativas de) suicídio. Ao se manifestar geralmente de
modo inconsciente - sem que o Eu não tenha consciência de sua existência - a
anima revela seu significativo grau de autonomia na psique do homem. Quando
tornada consciente - assimilada pelo Eu - a anima traz benefícios ao
autoconhecimento e à melhoria das relações interpessoais.

Animus
Arquétipo associado à personificação da natureza masculina no
inconsciente feminino. Manifesta-se no comportamento feminino através de
expressões judicativas e reflexivas e projeta-se em figuras masculinas: pai,
irmão, namorado, esposo, amante, homem desejado, homens admirados (nos
sentidos eróticos, heroicos, intelectuais e espirituais).

14
1
5

O animus, ao contrário, anima, condensa todas as experiências que a


mulher vivenciou no seu encontro com o homem durante milênios e é a partir
desse imenso material inconsciente que é modelada a imagem de homem que
a mulher procura. Também possui dois aspectos: positivo e negativo. O aspecto
positivo está associado àquilo que o animus, uma vez tornado consciente -
assimilado pelo Eu -, pode trazer à mulher no sentido de conhecer seus próprios
pensamentos e melhorar suas relações afetivas. Ainda, mesmo que
inconsciente, possibilita à mulher o gosto pelo conhecimento da natureza dos
fenômenos e o acesso ao inconsciente e, em consequência, a busca espiritual.
O aspecto negativo está associado ao fato de que, quando inconsciente -
desconhecida pelo Eu -, o animus expressa-se em manifestações judicativas e
reflexivas infantis e primitivas, domina a mulher, tornando-a subjugada por
figuras masculinas, fazendo com que ela possa incorrer em paixões cegas,
dependência do homem, juízos irrefletidos, preconceitos infundados, certezas
não fundamentadas, teimosias, afetos de vingança e frieza emocional. Ao se
manifestar geralmente de modo inconsciente - sem que o Eu não tenha
consciência de sua existência - o animus revela seu significativo grau de
autonomia na psique da mulher. Quando tornado consciente - assimilada pelo
Eu - o animus traz benefícios ao autoconhecimento e à melhoria das relações
interpessoais.

Sizígia: anima e animus


Devido à diferente natureza dos dois gêneros, a relação entre homens e
mulheres é uma relação de oposição e, ao mesmo tempo, de
complementaridade não só fisiológica, mas, também, psicológica. A tomada de
consciência - pelo Eu -, da anima pelo homem e do animus pela mulher, propicia
a melhoria das relações interpessoais e afetivas entre os gêneros. Essa sizígia
já era bem conhecida pelo taoísmo - uma antiga filosofia chinesa - expressando-
se na ideia / símbolo do Tai Chi (“princípio do princípio) que compreende a
oposição e complementaridade entre os princípios Yin (feminino, branco) e Yang
(masculino, negro).

15
1
6

SELF

É o núcleo organizador não só do Inconsciente (pessoal e coletivo), mas,


também, de toda a psique. É o arquétipo que leva o homem à busca pela
individuação , e não individualismo, o autoconhecimento, pela integração com
os demais homens e com a natureza, pela vivência espiritual e o sentido da vida
e da morte. Essa busca é denominada por Jung de Processo de Individuação,
sendo este o tema central da Psicologia Analítica. Possui dois aspectos: positivo
e negativo. O aspecto positivo está associado à (possibilidade de) efetivação do
Processo de Individuação.

O aspecto negativo está associado ao fato de que o Self pode subjugar o


Eu, criando doutrinadores e fanáticos religiosos. Quando tornado consciente -
assimilado pelo Eu - o Self traz benefícios ao autoconhecimento e à melhoria
das relações interpessoais.

O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO

É a busca do ser humano pela individuação, e não individualismo, pelo


autoconhecimento, pela integração com os demais homens e com a natureza,
pela vivência espiritual e pelo sentido da vida e da morte. Essa busca é instintiva
e herdada de nossos ancestrais, desde o início da humanidade. Os sinais dessa

16
1
7

busca estão expressos nas manifestações artísticas dos homens primitivos e seu
registro percorre toda a história da civilização.

A efetivação do Processo de Individuação implica na integração entre o


Eu e o Self, entre consciente e inconsciente. Esse mecanismo psíquico de
integração dos opostos no Processo de Individuação foi denominado por Jung
de Função Transcendente. O próprio Jung esclareceu que a Função
Transcendente não é um processo metafísico, mas uma função teleológica
instintivamente herdada. Apesar deste Processo possuir uma natureza
teleológica, sua realização é uma possibilidade e não uma certeza. E essa
possibilidade está estreitamente relacionada por um lado à Função
Transcendente, isso no sentido da prontidão do Eu e do Self, para desencadear
e dar curso ao Processo de Individuação e, por outro lado, as realidades
exteriores que podem facilitar ou dificultar, e até mesmo impedir a realização
desse processo, tais como certas patologias psicológicas e orgânicas e
determinados contextos ambientais e sociais.

Ressalta-se que esse Processo de Individuação não implica em


individualismo (egocentrismo e egoísmo), muito pelo contrário, significa
individuação, isto é, o indivíduo tornar-se consciente de si mesmo na relação
com os outros, melhorando as relações intra e interpessoais. E está relacionado
ao confronto do Eu com os complexos presentes no Inconsciente Pessoal,
principalmente os relacionados a determinados arquétipos do Inconsciente
Coletivo (persona, sombra, anima / animus e self ) no sentido de tornar esses
aspectos conscientes, integrando, assim, consciente e inconsciente (Função
Transcendente).

A ativação do Processo de Individuação está intimamente relacionado à


influência dos mitos na psique uma vez que os mitos servem de referenciais para
o indivíduo seguir seu Processo de Individuação. É nesse sentido que Jung
destacou o papel dos conteúdos religiosos, portadores de mitos, como elemento
importante para o desenvolvimento da Função Transcendente e, em
consequência, para a realização do Processo de Individuação. Muitas vezes

17
1
8

experiências de sincronicidades (“coincidências significativas” em torno de


pessoas e objetos) estão associadas ao Processo de Individuação.

O sentido espiritual experimentado na vivência do Processo de


Individuação é classificado por Jung como um fenômeno numinoso (de
numinosidade, termo utilizado pelo teólogo e filósofo alemão Rudolf Otto (1869-
1927) para designar a experiência do sagrado). Embora a busca pela realização
do Processo seja um instinto herdado, uma vontade herdada, portanto, comum
a toda humanidade, independente de gênero, idade, etnia, posição social,
política e cultural e credo religioso que uma pessoa possa ter, a maior parte das
pessoas não a vivencia e uma significativa parcela inicia seu processo de
confronto e integração com o inconsciente (Função Transcendente) a partir da
meia idade.

A Função transcendente para ser efetiva não pode ter apenas caráter
cognitivo (assimilação racional do Processo de Individuação), mas, sobretudo,
emocional (assimilação afetiva desse processo). Uma pessoa que conhece os
fundamentos teóricos da Psicologia Analítica não necessariamente vivencia seu
Processo de Individuação, ao passo que um leigo pode muito bem vivenciá-lo a
partir de suas experiências afetivas e sem, contudo, ter conhecimento algum
dessa teoria.

O processo de individuação, para Jung, é que nos guia durante nosso


amadurecimento psíquico ao longo da vida, ou seja, o homem pode tomar
consciência desse desenvolvimento de si mesmo e é capaz de influenciá-lo.

Silveira (1981b, p.87) aborda que “precisamente no confronto do


inconsciente pelo consciente, no conflito como na colaboração entre ambos é
que os diversos componentes da personalidade amadurecem e unem-se numa
síntese, na realização de um indivíduo específico e inteiro.”

Nesse processo, que não é linear, a psique gira em torno do seu centro
organizador, o self (si mesmo). É quando ocorre um ordenamento em torno do
novo centro do self, a personalidade se completa, tendo o self como centro total
e o ego como centro da consciência. Este processo de interação entre Cs e ICs

18
1
9

pode ser propiciado por intermédio de técnicas expressivas como facilitadoras


na atuação da função transcendente. Sabe-se que a Psique tem a capacidade
de gerar símbolos para de certa forma administrar sua tendência à
fragmentação. Enquanto a consciência tenta analisar, separar os objetos para
então integrá-los racionalmente, o inconsciente trabalha em sentido contrário,
unindo os opostos para sintetizá-los. Para Jung a função transcendente é a
responsável por esse trabalho de manter a unidade através da síntese de
opostos, expressando a capacidade do símbolo de transcender os opostos em
busca do equilíbrio psíquico no sujeito.

Para Boechat (2014) discorre que a função transcendente tem grande


importância na obra completa do psiquiatra Jung, uma vez que apresenta em
seu conjunto, de forma coerente e teoricamente válida, o problema da produção
espontânea de símbolos a partir do inconsciente e que é antes a capacidade da
produção espontânea de um terceiro elemento a partir da tensão entre fatores
opostos, de um valor consciente e outro inconsciente. É também a imagem
simbólica que apresenta para uma saída criativa a partir da tensão de opostos
inerente ao conflito psicológico.

Observa-se que diante das informações acima fornecidas, que a função


transcendente se faz sentir, então, sempre que nossa psique busca compensar
algum desequilíbrio gerado pela nossa consciência.

Samuels, Shorter e Plaut (1988) citam que a psique luta para se manter
em equilíbrio, assim a função transcendente se faz notar quando nosso
inconsciente está atuando, realizando a síntese dos opostos. Isso pode ocorrer
através do aparecimento de sintomas desagradáveis, através de sonhos ou
através de atividades que permitam um contato mais íntimo da consciência com
o inconsciente de forma a facilitar a função transcendente, como ocorre no caso
das técnicas expressivas. O importante é saber que dentro da própria psique
está a outra parte necessária para o restabelecimento do nosso equilíbrio. O
conteúdo do inconsciente e sua dinâmica de interação com o ego é a fonte mais
importante para o trabalho no processo terapêutico. Esse conteúdo, entretanto,
nem sempre está acessível ao paciente ou ao terapeuta de uma forma livre e

19
2
0

direta, especificamente para um contato emocional. A própria aproximação entre


consciente e inconsciente é terapêutica, no sentido que permite que a energia
dos complexos seja absorvida pelo ego. É neste âmbito que as técnicas
expressivas podem ser apresentadas como auxiliar para criar essa ponte, entre
Cs e ICs.

Na clínica, o importante não é fazer trabalhos focados na beleza, mas sim


criar um efeito positivo sobre si. Ao se expressar, estamos exteriorizando
conteúdos os mais íntimos, agora trazidos à luz da consciência com a energia
psíquica a ser integrada, inerente ao símbolo e em um processo de descobertas:

O que pinta são fantasia ativas – aquilo que está mobilizando dentro
de si. E o que está mobilizado é ele mesmo, mas já não mais no sentido
equivocado anterior, quando considerava que o seu “eu” pessoal e o
seu “self” eram uma e a mesma coisa. Agora há um sentido novo, que
antes lhe era desconhecido: seu eu aparece como objeto, como objeto
daquilo que está atuando dentro dele. Numa série interminável de
quadros, o paciente esforça-se por representar, exaustivamente, o que
sente mobilizado dentro de si, para descobrir, finalmente que é o eterno
desconhecido, o eternamente outro, o fundo mais fundo da nossa alma
(JUNG, 2008, p.46-47, & 106)

Através das técnicas expressivas o terapeuta tem o papel de apresentar


ao seu cliente/paciente os materiais e métodos que melhor viabilizem o seu fazer
criativo particular, facilitando o experimento e a expressão pessoal. Além disso,
o terapeuta deve focar a técnica expressiva como produto da pessoa,
trabalhando aspectos da produção como linguagem, observando com atenção
todo o processo de elaboração, desde a atitude até escolhas feitas dentro do
setting que contém o material de trabalho. Como mencionado anteriormente, as
técnicas expressivas trabalham com as influências dos símbolos presentes na
psique do sujeito e, como uma opus alquímica, operam as transmutações da
energia psíquica propiciando integração entre conteúdos Cs e ICs através de
material simbólico expresso no processo. Destaca-se assim a importância do
símbolo para a psicologia analítica como meio de comunicação entre Cs e ICs.
Quando estes símbolos aparecem nos trabalhos de técnicas expressivas são de
suma importância pela possibilidade de ampliação da consciência do paciente
ao lidar com eles e com toda a energia psíquica que trazem em potência do ICs.

20
2
1

Neste sentido, se deve estar sempre atentos, diante do trabalho produzido


pelo paciente, quais seriam os símbolos em destaque, Jung (2002) esclarece
que o que é chamado de símbolo é um termo, um nome ou mesmo uma imagem
que nos pode ser familiar na vida diária, embora possua conotações especiais
além do seu significado evidente e convencional. Implica alguma coisa vaga,
desconhecida ou oculta para o sujeito. Tem-se que uma palavra ou uma imagem
é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e
imediato. E esta palavra ou esta imagem têm um aspecto “inconsciente” mais
amplo, que nunca é precisamente definido ou de todo explicado. E nem podemos
ter esperanças de defini-la ou explicá-la. Quando a mente explora um símbolo,
é conduzida a ideias que estão fora do alcance da nossa razão.

Seguindo essas orientações faz-se necessário trazer à tona essa


representatividade simbólica, através das técnicas expressivas que por sua vez
procuram trabalhar com a imaginação e o pensamento-fantasia, fornecendo
assim um ambiente propício para que os símbolos do paciente aflorem em
expressão trazendo informações das camadas mais profundas da psique.

Isso em decorrência ao ensinado por Jung (1983) que enquanto o


pensamento dirigido é um fenômeno inteiramente consciente, não se pode dizer
o mesmo em relação ao pensamento fantasia. Isso por apresentar grande parte
de seus conteúdos ainda está na área consciente, mas pelo menos outro tanto
já ocorre na penumbra ou totalmente no inconsciente e por isso só pode ser
desvendado indiretamente. Pelo pensamento-fantasia se faz a ligação do
pensamento dirigido com as “camadas” mais antigas do espírito humano, que há
muito se encontram abaixo do limiar consciente.

Cabe então trabalhar as possibilidades de modos de expressão dos


símbolos. Como apoio esse procedimento, Cláudia Brasil (2013, pag. 84) a
expressão criativa por meio da pintura, desenho, modelagem, tapeçaria, teatro,
dança, música, expressão corporal e atividades como a escrita facilitam a
comunicação com o inconsciente, tornando a relação entre a consciência e o
inconsciente mais fluída. Também para Jung, fazer com que seus pacientes

21
2
2

acessassem esse material simbólico através das fantasias expressas


artisticamente era de suma importância para o processo terapêutico.

PSICANÁLISE: CLÍNICA E CONCEITOS

No intuito de situar o contexto de nossa problemática, gostaríamos de


apresentar algumas questões relativas à clínica, primordialmente no que se
refere ao lugar das entrevistas preliminares na clínica psicanalítica.

Clínica é uma palavra oriunda do grego kline que significa leito ou também
instrução médica dada ao lado do leito do doente, podendo ainda significar
inclinar-se sobre, ou exercício, prática da medicina. Canguilhem (1995, p. 16)
amplia o conceito da atividade clínica para outras áreas do conhecimento
afirmando que a clínica “[...] é uma técnica ou uma arte situada na confluência
de várias ciências, mais do que uma ciência propriamente dita”.

Nos dias atuais, vislumbra-se um empobrecimento do ato de clinicar,


tomado aqui enquanto práxis de inclinar-se sobre o discurso do sujeito. Observa-
se uma sobreposição da dimensão fenomenológica à do discurso, sustentado
pela ordem científica que convoca à exclusão da subjetividade, da dimensão
discursiva do sujeito sobre seu próprio sofrimento.

Pensa-se que esse modo de fazer clínica está permeado pela demanda
do homem moderno que, diante do desamparo provocado pela quebra dos ideais
tradicionais até então assegurados pelas gerações anteriores, lança-se na
crença do ser sem origens, do “faça-se por si mesmo”, sustentado na avaliação
de que essa autonomia seria possível. Assim, as demandas na clínica
psicanalítica circulam entre o pedido de felicidade e o de anestesiamento: “Acabe
com o sofrimento que me acomete!”.

22
2
3

Sobre esta questão, Melman (2003) esclarece que um dos traços da


condição subjetiva moderna é não receber mais a sua mensagem do Outro, mas
do consenso social, da horizontalidade e dos semelhantes. A mensagem é direta
e o sujeito não tem a possibilidade de estar dividido em relação a ela. Ela é
simples, totalitária e exclui a dimensão do real, impossibilitando ao sujeito a
referência ao Outro, que poderia lhe permitir questionar sobre sua posição na
vida.

Nesse contexto, clinicar implica inclinar-se sobre o sujeito, investigar e


inventar esse espaço da clínica como um modo de operar, seja no consultório
ou em instituições. Para isso, é necessário que estejamos atentos tanto ao
discurso de nossa época, quanto ao discurso de outras áreas que nos servem
de referência, como a história, a sociologia, a antropologia, entre outras.

Foucault (1998) localiza o nascimento da clínica no decorrer dos séculos


XVIII ao XX. Embora a clínica médica existisse antes mesmo do século XVIII, o
autor salienta que é somente nessa passagem que a clínica passa a ser
envolvida por um discurso de estrutura científica, dando ênfase à visibilidade, à
clínica do olhar e à linguagem na relação médico-paciente como uma variável
importante do tratamento. Trata-se, portanto, de mudanças significativas para o
modo de pensar a clínica.

No final do século XIX, a partir da clínica com a histeria, Freud contribui de forma
significativa para essas mudanças, principalmente no que se refere à clínica do
psiquismo, na qual ressalta a importância da escuta do discurso do sujeito. Ele
vai produzir um corte epistemológico com a nosografia, caracterizada pela
descrição de sintomas, modo de operar tão hegemônico em sua época.

A psicanálise vem propor uma torção da clínica do olhar para a clínica da


escuta, introduzindo o pensamento da psicopatologia na abordagem do sintoma
e no fazer clínico. A psicopatologia, como seu próprio nome indica, é o estudo
da dimensão do pathos, isto é, do sofrimento psíquico. Sobre esta questão,
Freud (1996a) diz que o sintoma tem a ver com a vida de quem o produz, e que

23
2
4

o sofrimento que acomete o sujeito lhe diz respeito, inaugurando, assim, a ética
psicanalítica que regula o fazer da clínica: a ética da inclusão do sujeito em seu
sofri- 19 mento. E poderíamos acrescentar: na clínica psicanalítica ninguém fica
de fora do que ali surge – nem o paciente, nem o analista.

A clínica psicanalítica parte da escuta do sujeito do inconsciente, do


sujeito como efeito do discurso do Outro. Entretanto, há uma condição
necessária para que esse trabalho seja possível: a instauração da transferência.
Transferência em relação ao grande outro que nos fundou e nos alienou como
condição para a humanização. Lacan (1999) irá afirmar que onde há sujeito
suposto saber há transferência. Entretanto, para que essa transferência seja
encarnada no analista, há um trabalho a ser realizado. E pensamos que seja
essa a função das entrevistas preliminares.

Em seus apontamentos sobre o início do tratamento psicanalítico, Freud


diz que tinha por hábito tomar o paciente em atendimento provisoriamente por
algumas semanas, tanto para fins de diagnóstico – onde ele pretendia verificar
se o paciente estaria apto a realizar uma análise – quanto para poupar o paciente
da ideia de uma cura fracassada, se viesse a interromper o tratamento nesse
período. Entretanto, ao mesmo tempo ele nos adverte: “Este experimento
preliminar, contudo, é, ele próprio, o início de uma psicanálise e deve conformar-
se às regras desta” (Freud, 1996b, p. 165). Momento inicial que Lacan, em seu
retorno a Freud, vai denominar de entrevistas preliminares.

A partir dos apontamentos anteriores, visamos refletir sobre o trabalho


implicado nas entrevistas preliminares, tanto do lado do analista quanto do lado
do analisam-te, principalmente no que se refere à relação entre queixa, demanda
e estabelecimento da transferência. Pensamos que esta reflexão é fundamental,
na medida em que

[...] a primeira entrevista com o psicanalista é mais


reveladora nas distorções do discurso do que no seu
próprio conteúdo. Esse conteúdo – e isso por vezes nos
surpreende – varia de sessão para sessão, de analista
para analista, e isso acontece, jamais o repetiremos
suficientemente, porque a verdade desse discurso
(como lembra Lacan) é no Outro que ela se constitui,
sempre através de certo engodo. (Mannoni, 1980, p. 93)

24
2
5

É na verdade do discurso que opera a clínica psicanalítica, pois o valor


não está no conteúdo do material que o paciente apresenta, mas no modo como
conta, em que posição conta e como vai desenhando, ou não, um lugar para o
seu analista:

As entrevistas preliminares tratam de situar o relato do sujeito


com estas três dimensões, que são: o Real, o Imaginário e o
Simbólico, onde o paciente possa relatar a sua biografia, como
ele mesmo situa sua posição em relação à ordem simbólica. É
verdade que há muitas interpretações imaginárias na biografia.
(Melman, 2003, p. 59)

É trabalho do analista ir tecendo com o paciente as mil e uma versões em


torno de um mesmo fato. É necessário que ele possa acolher e testemunhar,
mas ao mesmo tempo apontar que se trata de mais uma versão; poder
sensibilizar o sujeito à dimensão simbólica, produzir uma certa curiosidade para
que ele possa querer saber de seu próprio engano, de sua própria mentira com
relação a sua história. Consideramos essa uma das operações fundamentais do
início do trabalho: sensibilizar o paciente a partir do simbólico que o constitui,
sensibilizá-lo pelo que ele conta.

Essa dimensão diferencia radicalmente a clínica psicanalítica da


nosografia, já que, naquela, a palavra é tomada como equívoca, uma palavra
cuja propriedade é sempre querer dizer outra coisa. E pensamos que sensibilizar
o paciente para a escuta de sua própria palavra é trabalho das entrevistas
preliminares.

Uma outra função das entrevistas preliminares é o desdobramento da


queixa em demanda de análise. Sobre essa questão, Melman lembra da
importância de escutar que demanda é essa e se podemos aceitá-la, alertando
que não podemos recusar a análise a um sujeito, mas é função do analista
permitir que o sujeito possa colocar seu verdadeiro pedido.

O paciente pode demandar algo impossível, e se o analista aceitar o


pedido, pode ficar sem saída. No manejo dessas operações, o analista conta
com o desejo de analisar. E poderíamos nos perguntar: Qual é o desejo de um
analista? Podemos responder prontamente que é o desejo de analisar. Analisar

25
2
6

o inconsciente de quem procura pede uma análise. Entretanto, de onde vem


esse desejo de analisar?

O desejo de analista constitui-se na história do sujeito que aí se propõe a


se situar como analista. Alguém que de alguma forma sabe por experiência que
não apenas falar, mas falar em transferência, transforma, desloca, abre e desliza
a posição do sujeito que aí se coloca para desbravar um processo analítico. Em
outras palavras, o desejo de analisar constitui-se na história pessoal desse que
aí se aventura; de sua experiência em análise e da sua relação com a
psicanálise.

Perguntar sobre o desejo do analista – ou melhor, se “fomos analistas” –,


com determinado paciente, em uma determinada sessão, é uma questão que
não se cala. E como qualquer desejo, quanto mais tentamos sistematizá-lo, mais
ele nos escapa. Pois, segundo Chemama (2002, p. 343) “[...] o fato de querer
nomear o objeto do desejo, o fato de homologá-lo, pode esmagá-lo. E isso seria
verdade também para o desejo do analista. Este desejo, que terá de desfazer
identificações e ideais para que haja psicanálise”.

A relação do sujeito com a psicanálise consiste numa forma singular de


experiência, através de sua própria análise, de estudos teóricos, da supervisão
e da relação com a instituição psicanalítica, evidenciando um estilo, um modo de
fazer. Por um lado, temos a psicanálise como um corpo simbólico e, por outro,
como um recorte a partir da experiência da qual singularmente o sujeito tem de
responder por cada ato ou condução de análise a que se propõe realizar.

A cada encontro com um paciente coloca-se em cena o analista, o


analisando e a psicanálise. Numa primeira entrevista o analista se situa como
analista – um lugar em que ele se reconhece a partir da sua formação, análise
pessoal, supervisão, teoria e experiência com outros pacientes, e é desse lugar
que ele irá escutar esse desconhecido que está vindo pela primeira vez para
análise. Não obstante, esse analista ainda não é analista para esse paciente.
Então, do que depende para que esse paciente venha a dar lugar a esse analista
– qualquer analista – como seu analista? Certamente, a transferência. Esta que

26
2
7

irá ser desenrolada, ou não, no trabalho das entrevistas, que poderemos dizer
preliminares a uma análise, só a posteriori, e nem por isso menos importante.

A partir de Lacan, entendemos que a instalação do sujeito suposto ao


saber é anterior à análise, portanto, fazendo-se necessário que esse Outro se
singularize no analista para que se opere um efeito subjetivo dessa instalação.
Isto é, que essa instalação do sujeito suposto ao saber se singularize em um
analista, no sentido de reconhecer que há um saber insabido – o inconsciente.
A aposta do analista é que o paciente virá a supor um sujeito a esse saber – o
sujeito analista, a partir do qual produzirá uma subversão que o colocará em
trabalho de modo a constituir um saber, uma significação sobre o sofrimento que
o acomete.

Mas se a transferência não estivesse instalada, haveria analista?


Pensamos que sim, pois as entrevistas “não são preliminares para os dois. O
analista não espera o fim das entrevistas preliminares para estar na posição do
analista” (Strauss, 1984, p. 105). É preciso que o analista esteja ali desde o
início, desde o primeiro dia, respondendo com um ato, com um ato de palavra a
esse pedido.

Nesse processo está o trabalho de implicar o sujeito naquilo que ele fala,
mas não se escuta. A lógica é permitir que o sujeito se torne autor de sua
narração. Pensamos que isso seja transformar uma queixa em demanda;
entretanto, ainda assim, não é garantia de que aí se deu uma análise, na medida
em que a transferência ainda não se instalou.

Mesmo depois de algum tempo de trabalho, alguns pacientes nos deixam


com a interrogação relativa a terser operado ou não um trabalho de análise.
Então, foram entrevistas “com efeito” analítico? Do mesmo modo, o que de
psicanálise havia ali?

Percebe-se que de início alguns pacientes mostram dúvidas sobre como


vai ser esta experiência, na medida em que têm dificuldades de falar. Mas será
que essa dificuldade não seria de todos os pacientes, já que o tipo de fala
provocada pelo dispositivo analítico é particular à experiência de análise?

27
2
8

Digamos que é no mínimo muito estranho falar com um analista, já que é a


escuta que medeia a relação com o paciente. O que produz, durante as primeiras
entrevistas, a frequente pergunta: “É assim mesmo, eu vou falando, e de vez em
quando você fala algo?”.

Parece-nos que esse questionamento fala de um estranhamento sentido


pelo sujeito quando constata que na análise não são dois que conversam, que
não é de semelhante para semelhante, mas que há uma alteridade na fala do
paciente e na escuta do analista que instaura um modo particular de falar e de
ser escutado. Alteridade essa que na atualidade não é bem-vinda, na medida
em que o discurso hegemônico convoca sistematicamente os sujeitos a uma
relação de semelhante a semelhante e de resoluções imediatistas.

A clínica nos ensina o quanto os pacientes, diante de um impasse,


sentem-se convocados a decidir, a agir rapidamente e resolver na prática aquilo
que ainda precisa de mais palavras, para aí sim transformar esse dizer em ato.
Como nos lembra Pereira (2003), “o outro nomeia o sujeito, e a angústia só pode
ser aplacada quando o Outro é nomeado, barrando a demanda incomensurável
e abrindo espaço ao desejo. Verbo encarnado”. Essa é a aposta do analista. E
se, por um lado, o sujeito convoca o analista a lhe auxiliar nesse emplacamento
da demanda do Outro, por outro lado, é disso que ele escapa, preferindo agir,
tomar decisões e, neuroticamente, lançar-se ao gozo em detrimento da arriscada
busca pelo seu desejo. Assim, quando escutamos: “Chega de falar, agora é hora
de agir”, é como se os pacientes estivessem nos dizendo: “Voltemos ao controle,
à integridade narcísica”. Pois, se continuar falando, poderá saber de si e com
isso perder uma parcela de gozo, deparando-se perigosamente com a condição
desejante.

Desta forma, como pensar o trabalho realizado nas entrevistas


preliminares sem que se deflagre, necessariamente, uma demanda de análise?
Ou poderíamos dizer que em outros casos há uma demanda, mas não a
instalação do sujeito suposto ao saber? Sobre isto, Cottet (1984, p. 99) assinala
que “[...] a entrevista evidencia a função do Outro para o sujeito e constitui um

28
2
9

momento de abertura do inconsciente, mas isso não será uma análise”. E, diante
disso, qual a posição do analista?

Acredita-se que a posição do analista seria a de apostar que, a cada


entrevista, os relatos possam produzir um sujeito implicado em suas queixas.
Como se entre a queixa e a demanda houvesse um tempo a percorrer, assim
como há um percurso a realizar entre a demanda e o tempo do desejo em relação
à instalação de uma análise.

Uma operação que exige um tempo necessário à transformação de


relatos condensados e reducionistas em significantes, onde cada elemento está
ligado a uma cadeia de representações que falam do sujeito, na qual ele precisa
se reconhecer e incluir.

Sabe-se quantas voltas, contornos e paradas acontecem a cada sessão,


a cada análise conduzida. Do mesmo modo que, depois de estabelecida uma
demanda de análise, ainda assim não há garantia de que ali se dê uma análise.
Então, além do tempo entre a queixa e a formulação de uma demanda de
análise, há um outro tempo relativo à demanda e o desejo de análise que está
permeada pela instalação da transferência com o analista.

O analista dispõe do seu desejo de analisar, do querer saber do paciente,


de sua possibilidade de escutar o discurso do paciente. Elementos que são
referências para o estabelecimento da transferência. Um laço que permite ao
inconsciente entrar em cena – o inconsciente do sujeito que pela transferência
aparece, ora na boca do paciente, ora na do analista.

Desta forma, cabe ao analista, de entrevista em entrevista – ou até mesmo


num único encontro –, escutar o sujeito que o procura, tendo como referência a
ética psicanalítica, na medida em que há sujeitos que nos procuram e querem
apenas falar de uma questão emergencial, e não necessariamente seguir um
percurso de análise. Portanto, ao analista cabe a possibilidade de se haver com
a sua escuta, sempre singular e de sua responsabilidade.

29
3
0

TÉCNICAS JUNQUIANAS DE TERAPIA

Como já refletido anteriormente a Psicologia Analítica Junguiana constitui


a base teórica de uma das modalidades de Psicoterapia que vem se destacando
atualmente, uma vez que vem correspondendo a uma necessidade crescente do
desenvolvimento do indivíduo, que é autoconhecimento e da ligação entre
consciência e inconsciente. Nesta concepção prevê, como num processo natural
de crescimento, em direção à integridade física, mental, ou seja, da
personalidade, conhecido como individuação.

A abordagem terapêutica, da terapia junguiana, inclui a interpretação


simbólica de sonhos e imagens interiores que podem ser objetivados através de
várias técnicas expressivas não verbais. Jung criou a Imaginação Ativa como
uma experiência meditativa que visa a emergência de imagens interiores
impregnadas de emoções importantes na história do desenvolvimento do
indivíduo.

A abordagem dessas imagens pode dar-se através da Dança Meditativa,


Desenho Livre e a Caixa de Areia, todas elas podendo ser vistas também como
modalidades da técnica Imaginação Ativa.

Jung criou a Imaginação Ativa, uma técnica não verbal que visa à
emergência espontânea de imagens interiores impregnadas de emoções
importantes na história do desenvolvimento do indivíduo. Trata-se de um sonhar
acordado, que se instala após uma fase de relaxamento. A pessoa concentra-se
num evento específico ou num estado de espírito manifestados numa imagem
inicial que se transforma num enredo com uma estrutura dramática semelhante
aos sonhos. Os conteúdos da imaginação são objetivados de diversas maneiras
– no desenho, na dança, na escrita de prosa ou verso – podendo ser examinados
à luz dos conhecimentos simbólicos da psicologia analítica. O último passo
dessa técnica é o que Jung chamou de consequência ética e designa a
transposição para a vida real de uma parte da vivência imaginativa.

30
3
1

A vida psíquica se dá predominantemente por imagens. Os conceitos


correspondem a uma elaboração posterior da mente humana, representando
uma atitude analítica, e, portanto, de divisão. A imagem emergente une e
centraliza os fatos que estão constelados num determinado momento do
processo. Ela é como uma fotografia do momento de um indivíduo e, ao
contemplá-la, podemos nos remeter ao outro lado da vida psíquica, comumente
não percebida por não entrarmos em contato com ele diretamente.

A experiência de pintar ou desenhar pode ter vários efeitos psicológicos.


Um deles é a canalização da energia contida, representando, portanto, a
oportunidade de uma catarse. Isso, em si, já é benéfico, pois a energia pode
redistribuir-se de uma maneira nova.

Por outro lado, a imagem representada é a atualização de possibilidades


até então não conscientes e a cristalização de material difuso que passa a
assumir uma forma mais definida. Nessas condições, é possível um diálogo e,
mais adiante, a integração dos conteúdos expressos. Os conteúdos do
inconsciente se tornam mais familiares e é possível lidar com eles sem tanto
medo de que dominem o eu consciente.

Está muito claro que esse hábito de expressar os conteúdos inconscientes


através de imagens pode ajudar na criação de um continente para os elementos
do inconsciente que se acham constelados na dinâmica atual da psique de um
indivíduo.

A Dança Meditativa é uma das possibilidades de vivenciarmos o ser


corpóreo nas dimensões de tempo e espaço, representando uma genuína e
direta experiência existencial.

Este trabalho baseia-se em exercícios estruturados para que o indivíduo


alcance a consciência corporal, seguidos de improvisação com movimentos
livres e exercícios de concentração. A conscientização corporal é buscada
através de uma integração harmoniosa se movimentos elementares ordenados
e do uso das possibilidades de movimentação orgânica do corpo. A música e o

31
3
2

movimento combinam-se numa única vivência durante a improvisação livre e a


realização dos exercícios de concentração.

O Desenho livre possibilita a expressão de conteúdos psíquicos


inconscientes, como já foi observado em diversos testes projetivos. A única
instrução dada aos participantes dos grupos, ou ao analisando, é que desenhem
aquilo que esteja presente no momento, sendo o objetivo dar uma realidade
concreta, pelo menos, a parte do acontecimento imaginário. A objetivação dos
conteúdos interiores através do desenho é vista como uma forma de estimular o
diálogo do Eu consciente com as imagens interiores consteladas no momento.

O Jogo na Areia, introduzido por Dora Kalff utiliza uma bandeja cheia de
areia que se constitui num espaço livre e protegido, possibilitando às pessoas,
ao criar situações, o contato com o inconsciente e a expressão de experiências
pré-verbais e energias bloqueadas. Este cenário serve para a construção de
imagens, através do uso de uma grande variedade de miniaturas que
representam uma amostra do mundo real e da fantasia.

32
3
3

MATERIAL DE APOIO

33
3
4

34
3
5

35
3
6

36
3
7

37
3
8

38
3
9

39
4
0

40
4
1

41
4
2

42
4
3

43
4
4

44
4
5

45
4
6

46
4
7

47
4
8

48
4
9

49
5
0

50
5
1

51
5
2

52
5
3

53
5
4

54
5
5

55
5
6

56
5
7

57
5
8

58
5
9

59
6
0

60
6
1

61
6
2

62
6
3

63
6
4

64
6
5

65
6
6

66
6
7

67
6
8

68
6
9

69
7
0

70
7
1

71
7
2

72
7
3

73
7
4

74
7
5

75
7
6

76
7
7

77
7
8

78
7
9

79
8
0

80
8
1

81
8
2

82
8
3

83
8
4

84
8
5

85
8
6

86
8
7

87
8
8

88
8
9

89
9
0

90
9
1

91
9
2

92
9
3

93
9
4

94
9
5

95
9
6

96
9
7

97
9
8

98
9
9

99
1
00

100
1
01

101
1
02

102
1
03

103
1
04

104
1
05

105
1
06

106
1
07

107
1
08

108
1
09

109
1
10

110
1
11

111
1
12

112
1
13

113
1
14

114
1
15

115
1
16

116
1
17

117
1
18

118
1
19

119
1
20

120
1
21

REFERÊNCIAS
______. Cartas: 1946 - 1955. Petrópolis: Vozes, 2002. (Volume 2).
______. Cartas: 1956 - 1961. Petrópolis: Vozes, 2003. (Volume 3).
______. Fundamentos da Psicologia Analítica. 10. ed. Petrópolis: Vozes,
1998. (Obras completas; 18).
______. Memórias, sonhos e reflexões. 21. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2000.
______. Reflexões sobre a arte de viver. São Paulo: Gaia, 2003.
______. Sincronicidade. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. (Obras completas;
8/3).
_______ A Dança como expressão do Self,in. Cadernos Junguianos, AJB,
São Paulo, 2015.

_______ Reflexões sobre corpo-Self, in Cadernos Junguianos, AJB, São


Paulo, 2017.

CAMPBELL, J. O poder do mito. 14. ed. São Paulo: Palas Athena, 1996.
GRINBERG, Luiz Paulo. Jung: O Homem Criativo. FTD, 2003.
HOELLER, S. A. A gnose de Jung e os Sete Sermões aos Mortos. São Paulo:
Cultrix, 1990.
JACOBI, Jolande. A psicologia de C.G. Jung: Uma Introdução às Obra
Completas. Ed. Vozes, 2013.
JAFFÉ, Aniela. Memórias, sonhos e reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019.
JOHNSON, R. A.- A chave do reino interior, Ed. Mercúrio, São Paulo, 1998.

JUNG, C. G et al. O homem e seus símbolos. 14. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1996.
JUNG, C. G. Cartas: 1906 - 1945. Petrópolis: Vozes, 1999. (Volume 1).
JUNG, Emma; FRANZ, Marie-Louise von. Animus e Anima. 3. ed. São Paulo:
Cultrix, 2003.
KALFF, Dora. Sandplay, Sigo Press, Santa Monica, CA, 1980.

LAO-TZU. Tao-Te-King. 5. ed. Texto e Comentário de Richard Wilhelm. São


Paulo: Pensamento, 1995.
MINDELL, Arnold. O corpo onírico; o papel do corpo no revelar do si-mesmo,
Summus, São Paulo, 1989.

121
1
22

NEUMANN, E A Criança ,Cultrix, São Paulo, 1981.


PEREIRA, Paulo José B.. A Improvisação Integral na Dança, Editora Medita,
Campinas, 2014.

RAMOS, Denise Gimenez. A psique do corpo, uma compreensão simbólica


da doença, Summus Editorial, São Paulo, 1994.

RAMOS, L. M. A. Apontamentos sobre a Psicologia Analítica de Carl Gustav


Jung. ETD - Educação Temática Digital. Dez. 2002, v.4, n.1. Campinas, SP:
Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
SCHWARTZ-SALANT, Nathan. Narcisismo e transformação de caráter,
Cultrix, São Paulo, 1988.

SILVEIRA, N. Jung: vida e obra. 18.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
(Coleção Vida e Obra).
Silveira, Nise da. Jung: vida e obra. Paz e Terra, 2003.
WILHELM, R. A sabedoria do I Ching: mutação e permanência. 2.ed. São
Paulo: pensamento, 1991.
ZIMMERMANN, Elisabeth B. in Corpo e Psique: sua potência expressiva na
individuação, Cadernos Junguianos, AJB, São Paulo, 2017

122

You might also like