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Bolsonaristas entram em

parafuso com vídeo do


presidente na maçonaria
No Telegram, vídeo gera corrente de decepção e
contracorrente de justificativas em defesa de
Bolsonaro
4.out.2022 às 15h20

"Bom dia, amigos, eu vi uma notícia que nosso presidente é maçom,


estou muito desapontado." Esse é um dos comentário que
exemplifica parte da decepção de alguns bolsonaristas em grupos
de Telegram nesta terça-feira (4), quando um vídeo de Jair
Bolsonaro (PL) discursando a maçons voltou a circular na internet.

"O Bolsonaro é maçom?", "A maçonaria criou o comunismo", "Não


acredito que fiz campanha por quatro anos para um maçom", "Em
perfil de maçom, eu passo longe. Lixo satanista!" e "Pessoal, o vídeo
é verdadeiro, não adianta negarmos. A pergunta que fica agora é:
por que o nosso presidente está participando de cerimônias
maçom?" são amostras dos comentários de frustração em grupos
pró-governo.

Vídeos de um canal do YouTube com títulos "Maçonaria Inimiga da


Igreja" também foram disseminados nos grupos, acompanhados de
comentários que a associam ao comunismo.

Diante da onda de dúvidas e desapontamento, militantes logo


começaram a divulgar mensagens tentando conter o dano ao
explicar que Bolsonaro estava fazendo campanha. O vídeo é de 2017
e Bolsonaro, em cima de um altar, diz que percorre o Brasil para
entender "os grandes problemas que temos que enfrentar".

"Petralhas estão postando vídeos e mensagens mentirosas sobre


Bolsonaro: maçonaria e satanismo. Fiquem espertos e não caiam
nessa!"; "Ele não é maçom, nunca foi!"; "O cara só foi pedir voto e
vocês aí falando isso, Bolsonaro não é maçom. Precisamos de
ajuda!". Um dos eleitores pede que Bolsonaro se pronuncie sobre o
vídeo em circulação.

Além do vídeo, a ofensiva digital contra Bolsonaro passou a divulgar


fake news com montagens do presidente associando-o ao demônio.

"O plano oculto de Bolsonaro foi descoberto pela igreja, a mando da


maçonaria, o Bolsonaro quer implantar o chip da besta na população
crente, em aliança com George Soros, Mark Zuckerberg e iluminatis",
diz uma mensagem.

Segundo o Observador Folha/Quaest, que monitora 465 grupos de


Telegram e 1.346 de WhatsApp, as mensagens mais virais sobre o
assunto nesta terça foram as que tentaram explicar que a
disseminação do vídeo é uma tática da esquerda para Bolsonaro
perder voto entre evangélicos.

"Um vídeo de Jair Bolsonaro fazendo um discurso pedindo votos em


uma maçonaria foi ressuscitado. Perfis falsos de esquerdistas se
passando por cristãos nas redes e robôs estão criando uma
narrativa" é o conteúdo mais difundido no Telegram, encaminhado
cerca de 90 vezes.

"Por que eles não postam também foto do presidente Bolsonaro na


Igreja Universal, na Mundial, na Assembleia, na Igreja Quadrangular?
O presidente Bolsonaro é presidente de todos" diz outro comentário,
encaminhado cerca de 50 vezes.
No WhatsApp, entretanto, a mais compartilhada diz que "A Igreja
Católica não aceita que os seus fiéis sejam da maçonaria e
historicamente já se opôs radicalmente a esta sociedade secreta,
devido aos princípios anticristãos maçônicos". O monitoramento da
Quaest não inclui imagens.

Apoiador de Lula, o deputado federal André Janones (Avante-DF) se


adiantou e fez uma live no fim do dia. Disse que antes de se
converter evangélico, foi convidado a ingressar na maçonaria. A
então sogra, contudo, teria lhe mostrado um vídeo explicando "o que
acontece lá, o pessoal que vende a alma, o negócio do pacto lá com
o bode etc."

"A gente não sabe o que Bolsonaro negociou lá na maçonaria para


eles apoiarem ele. Não estou dizendo que ele fez isso. Mas não
posso garantir, por exemplo, que ele não negociou em nome dos
próprios eleitores."

O parlamentar escolheu como cenário da live o pátio do Templo de


Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus, fechada com
Bolsonaro.

Para defender o presidente, várias pessoas justificaram que o vice


Hamilton Mourão (Republicanos), eleito senador pelo Rio Grande do
Sul, é maçom e que Bolsonaro precisa dialogar com todos para se
eleger. Eles usam uma reportagem da Folha, de 2018, que relata que
o vice é maçom há 20 anos e que incluiu em sua campanha visitas a
templos dessa fraternidade de homens.

No vídeo do templo, Bolsonaro diz que não está como candidato e


que saiu "da zona de conforto que é um mandato parlamentar".

Muitos grupos religiosos, como parte dos evangélicos, comparam a


maçonaria a uma seita. O Vaticano já afirmou que os princípios
maçons são incompatíveis com a doutrina da Igreja Católica.

Em 1983, o então cardeal Joseph Ratzinger, futuro papa Bento 16,


assinou documento em nome da Santa Sé reforçando "o parecer
negativo da igreja a respeito das associações maçônicas".

A Folha mostrou que a campanha petista deve usar as imagens caso


Bolsonaro suba o tom da campanha. Os termos "maçonaria",
"decepção" e "Bolsonaro satanista" também entraram na lista dos
assuntos mais comentados do Twitter.

O segundo dia de campanha para o segundo turno da eleição


mostra que ataques envolvendo questões religiosas serão
explorados na disputa por votos. O PT também voltou a ser alvo de
um vídeo manipulado que mostra Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
dizendo que faria pacto com o demônio. Um outro vídeo, viral nos
últimos dias, ainda relaciona Lula ao "satanismo".

A coligação do partido entrou com uma representação nesta terça


por propaganda eleitoral negativa no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) contra apoiadores de Bolsonaro, como Flávio Bolsonaro, os
deputados federais Carla Zambelli e Gustavo Gayer e o músico
Roger Rocha Moreira pela divulgação do vídeo em que um homem
que se apresenta como um suposto "satanista" e demonstra falso
apoio a Lula.

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