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ERA MEDIEVAL ORIENTAL

IMPÉRIO BIZANTINO:
 Continuação do Império Romano do Oriente, que resistiu às invasões bárbaras e
manteve o controle político da região a partir de Constantinopla;
 Bizâncio era o primeiro nome da cidade, por isso “Império Bizantino”. Sua herança
era romana, cristã e grega, representando um experimento multiétnico e político-
religioso;
 Desenvolveu-se um grande avanço comercial possibilitando uma ordem financeira
para repelir ataques inimigos.
 Além do avanço comercial, a agricultura, com base no latifúndio, serviu de garantia
para o abastecimento geral da população;
 O imperador era considerado um representante de Deus na Terra, pois era
comandante militar, da igreja e juiz supremo. Com isso, o Estado envolvia muitos
funcionários: magistrados, sacerdotes, fiscais e militares, por exemplo;
 O controle do comércio e da economia era feito de forma estatal, ou seja, o governo
bizantino controlava as aquisições de escravos, joias, especiarias, vestimentas,
armas etc., a emissão de moedas e as guildas (espécie de sindicato);
 Justiniano, imperador de 527 a 565, expandiu as terras do Império e reprimiu
revoltas em Bizâncio. Após isso, ele convocou magistrados e redigiu uma obra
legislativa compreendendo uma civilização;
 Assim foi criado o Corpus Juris Civilis em 533, preservando a história do direito
romano:
 Código  reunia as leis do imperadores romanos desde Adriano;
 Digesto (ou Pandectas)  coletânea de textos dos jurisconsultos (magistrados que
discutiam o entendimento das leis), ajudavam na justiça romana e constituíam a
jurisprudência);
 Institutas  espécie de manual contendo as bases do direito;
 Novelas  como as leis de Justiniano não podiam ser configuradas nas antigas leis
romanas no Código, foi criada outra parte para isso, as novelas;
 As discussões teológicas, acerca de uma prática cristã correta, ajudaram a preservar
o pensamento filosófico grego. Justiniano também queria consolidar o pensamento
lógico junto ao religioso, portanto, apoiava as discussões filosóficas;
 Porém, essas questões marcaram sérias divisões dentro das ideias cristológicas, a
saber: monofisismo, arianismo e iconoclastia.
Imperador Justiniano
 Monofisismo: Cristo era de natureza única divina, a Santíssima Trindade foi
negada resultando em acusação de heresia. Consequentemente, os adeptos ao
monofisismo foram perseguidos e fundaram dissidências cristãs no Egito, na
Síria e na Armênia;
 Arianismo: Jesus era superior aos outros seres humanos, porém, inferior ao
Pai; Ele era o Pantocrator, o senhor do Universo;
 Iconoclastia: nasceu sob a ameaça do Islã; acreditando que os ataques
muçulmanos eram por conta da idolatria, Leão III Isáurico (717-741) ordenou
a proibição do culto às imagens. Bispos e o papa Gregório II de Roma
consideravam a ideia herética. O imperador era apoiado pela população, que
temia a idolatria no culto às imagens. A cristandade se viu dividida entre
cultuar imagens ou não. A Igreja permitia, todavia, o imperador não.
Cristo Pantocrator
 Constantino V, filho de Leão III, reuniu bispos e o patriarca e estabeleceu decretos
banindo as imagens, inclusive a do próprio Jesus Cristo. As imagens divinas eram
produzidas e comercializadas e isso, na visão do imperador, significava poder e
corrupção na Igreja, mas, no século IX, o culto às imagens foi liberado;
 O cesaropapismo estava mais vivo do que nunca, pois os imperadores nomeavam
patriarcas e se impunham nas decisões religiosas. De certa forma foi favorável,
mas, também, contribuiu para algumas crises do poder imperial.
CISMA DO ORIENTE (1054):
 A divisão cristã atingiu seu apogeu no século XI quando Miguel Cerulário,
patriarca de Bizâncio, rompeu com Roma declarando uma nova igreja no
oriente;
 Antes disso, em 867, Constantinopla já havia deixado de aceitar ordens
vindas de Roma. Em 1043 o cardeal Humberto foi enviado à Constantinopla
para uma reunião. Humberto resolveu excomungar o patriarca e toda a
Igreja Bizantina, que também fez o mesmo com o papa Leão IX;
 O resultado foi a divisão da Igreja em duas: Igreja Católica Apostólica
Romana e Igreja Ortodoxa Grega, respectivamente conduzidas pelo papa e
patriarca.
A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO:
 Depois de um período de apogeu e consolidação, o Império Bizantino entrou
em declínio por diversos motivos: disputas políticas, divisões religiosas
(vista anteriormente), expansão islâmica e bárbara e o estabelecimento de
rotas comerciais alternativas entre o Oriente e o Ocidente;
 Por volta do século XIII, os problemas mencionados acima estavam tão
sérios que o Estado, instável, não suportava mais as pressões inimigas;
 Tudo piorou quando sofreram uma dura derrota para os cruzados, na quarta
cruzada, que visava abrir uma rota comercial passando pela região. Bizâncio
já não tinha mais a grandeza de outros tempos e, em 1453, a cidade foi
tomada pelos otomanos sob o comando de Mehmet II, dando um fim ao
Império Bizantino.
Basílica de Santa Sofia
Mosaico demonstrando o Estado imperial de Justianiano
A CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA
A ORIGEM DO ISLÃ:
 Antes da formação do monoteísmo na Península Arábica, os povos nômades
que habitavam as cidades, incluindo Meca, eram politeístas e adoravam
cerca de 365 divindades;
 Eram tribos quem habitavam a península. Algumas dessas tribos tinham
certa relevância no controle das cidades. Maomé era dos coraixitas, uma
tribo importante que controlava a cidade de Meca;
 Maomé era de família pobre mesmo sendo de uma tribo conhecida e
respeitada. Eles guardavam o Templo (Caaba) de adoração aos deuses
porque viviam próximos dali;
 A vida financeira de Maomé começou a mudar quando ele trabalhou para
uma viúva muito rica, que lhe propôs casamento com a condição de ser
monogâmico;
● Com isso, ele se tornou chefe de caravana e estabeleceu contato com muitas
comunidades, dentre elas, de judeus e cristãos que afirmavam sobre a crença
monoteísta;
● Com cerca de 40 anos, Maomé começa a ter visões com o anjo Gabriel lhe
dizendo que existe apenas um Deus (Alá) e que ele é o último dos profetas, o
escolhido para propagar a palavra de obediência aos povos;
● Por meio de cantos, tradição dos poetas tribais árabes, Maomé começou a
pregar o Islã em Meca e a garantir muitos adeptos;
● Os sacerdotes pagãos de Meca não gostaram da atuação do profeta e
começaram a persegui-lo. O sogro dele passou a defendê-lo, mas depois de
sua morte a vida de Maomé tornou-se ameaçada;
● Em 622, Maomé deixa Meca dirigindo-se a Yatreb (Medina). Essa partida é
conhecida como Hégira e marca o ano 1 do calendário islâmico. É uma data
importante também porque muda a percepção de Maomé acerca dos cultos
politeístas em Meca;
● Essa revelação foi em Yatreb e consiste na Jihad, uma ação em prol da verdadeira
fé, indo de um simples diálogo até uma guerra. Com relação ao politeísmo na
Península Arábica, a ação representava um combate alusivo a uma guerra;
● Em 630, Maomé voltou para Meca vitorioso, unindo diversas tribos em torno de si.
Constituiu-se aí um Estado teocrático;
● Em 632, morre Maomé. O povo muçulmano afirmou que ele cumpriu sua missão
na Terra, deixando diversos ensinamentos que foram escritos no Alcorão em torno
de 23 anos;
● Porém, um problema surgiu quando o último profeta faleceu: a necessidade de um
guia para o islã. Começou, portanto, uma discussão para eleger um novo califa
(sucessor). Disso, dois grupos importantes se dividiram: xiitas e sunitas;
● Os xiitas defendiam que o sucessor de Maomé deveria ser alguém da família do
profeta, sendo escolhido, na ocasião, Ali, primo e genro de Maomé;
● Os sunitas defendiam a sucessão por qualquer pessoa, desde que ela tivesse uma
vida de virtudes como a do profeta. Essa vida de virtudes estava exposta na Suna.
Abu Bakr, apoiado por essas pessoas, tornou-se o califa, oficializando a divisão
dentro da religião;
● Apesar da divisão, a Jihad manteve-se conquistando e convertendo diversas
populações;
● Atingindo a Mesopotâmia, planalto iraniano, norte da Índia e até as portas da
China, a leste. E, a oeste, Ásia Menor, Anatólia, norte da África e Península Ibérica,
os muçulmanos contribuíram com sua arte, com a matemática, a filosofia, a
química, a medicina e os arabescos;
● Os grupos convertidos tinham três opções: a conversão, a manutenção de sua
religião pagando mais tributos, por exemplo, ou a morte;
● Ainda que os grupos se convertessem, era possível manter a cultura desde que não
ferisse as normas do Alcorão;
● Nessa base, tivemos o surgimento do sufismo, que incorporou elementos do
hinduísmo e afirma ser possível comunicar-se com o Divino através da meditação,
com técnicas de respiração permitindo atingir o êxtase supremo. Sua filosofia
básica é “estar no mundo e não ser dele.
Ali Khamenei Mohammed bin Salman
ERA MEDIEVAL OCIDENTAL
FEUDALISMO:
 Ficou conhecido por ter uma economia agrária e uma estrutura social
baseada na dependência pessoal;
 O senhor feudal recebia de um superior ou rei o feudo, ou seja, um benefício.
Quem recebia esse benefício era o vassalo, que passava a dever ao seu amo,
suserano, fidelidade, ajuda militar e material;
 Como era uma espécie de “troca de favores”, o vassalo recebia segurança,
sustento e apoio jurídico. Basicamente, os poderes do Estado foram se
fragmentando e os vassalos passaram a exercê-los;
 Fruto da mistura de romanos com os germanos, o feudalismo possuía
características específicas. Vejamos a seguir:
 Vilas romanas: grandes latifúndios que tornaram-se autossuficientes quando o
Império Romano do Ocidente estava decadente;
 Colonato: grandes proprietários cediam partes de suas terras às pessoas pobres dos
campos e das cidades;
 Comitatus: unia senhores de terra pelos laços de vassalagem;
 Suserania e vassalagem: concessão e recebimento de terras; juramento de
fidelidade;
 Manso senhorial: domínio ou reserva de terra dos senhores feudais;
 Manso servil: terras arrendadas para produção agrícola;
 Manso comum: terras cedidas a todos os moradores dos feudos;
 A sociedade feudal era dividida entre nobres e não-nobres, numa rede de
hierarquia;
 A Igreja, por meio do argumento “certas pessoas nasceram para rezar, outras
nasceram para guerrear e muitas para trabalhar” dividiu a sociedade feudal;
 Enquanto o clero rezava, os nobres guerreavam buscando novas terras e os
não-nobres trabalhavam, pois todos foram destinados a suas funções;
 A economia feudal era uma produção de subsistência com o escambo sendo o
principal pagamento, e meio de negócio, no comércio;
 Possuía vários tributos a serem pagos pelos trabalhadores:
 Corveia: três dias de trabalho no manso senhorial e toda a produção era para
o senhor feudal;
 Talha: tributo de origem do manso servil, dada a proteção do senhor aos
habitantes;
 Banalidades: tributo de utilização das ferramentas de trabalho;
 Mão morta: tributo do novo chefe de família;
 Capitação: tributo pago per capta.
Servos oferecendo partes de um animal ao senhor feudal
OS POVOS GERMÂNICOS:
 Eram povos formados por tribos, constituídos, basicamente, por guerreiros e
camponeses;
 A principal atividade econômica era o escambo;
 Tradição oral, ou seja, sua história foi passada “de boca em boca”, bem como
suas leis, culturas etc.;
 Por conta da oralidade, era comum as pessoas darem a palavra de honra ao
atestarem algo;
 Devido a noção de Estado ser rudimentar, inspiraram-se em Roma para se
organizarem politicamente;
 Converteram-se ao cristianismo de acordo que foram avançando pelas
fronteiras do Império Romano;
 Estabeleceram reinos: Vândalo (406 d.C.), Ostrogodos (488 d.C.), Visigodos
e Burgúndios (519 e 443-534 d.C., respectivamente).
Reinos Bárbaros
O REINO FRANCO:
 Inicia-se com a dinastia merovíngia (496-754), com o rei Clóvis I, filho de
Childerico I, que se converteu ao cristianismo no ano de 496;
 Com a sua conversão cristã, impôs uma unidade política e religiosa;
 O reinado de Clóvis foi, basicamente, marcado pela guerra em nome da fé
cristã. O que se tornou a marca registrada dos reis meroveus;
 Em 613, mais de 100 anos após a morte de Clóvis, Clotário II assume o
trono e amplia o território meroveu;
 Durante a dinastia foi criado o cargo de major domus (mordomo do paço),
uma espécie de primeiro-ministro;
 No ano de 732 o major domus Carlos Martel freia a expansão islâmica na
Batalha de Poitiers e obtém certo reconhecimento;
 Pepino, o Breve, destronou o rei em 751 iniciando a dinastia carolíngia.
A DINASTIA CAROLÍNGIA:
 Iniciou-se com Pepino, o Breve, e, dentre seus principais feitos estão:
política de conquistas, estreitamento de laços com a Igreja, domínio e
conversão de povos;
 O rei mais importante deste período foi Carlos Magno (768-814), filho mais
velho de Pepino;
 Em seu governo, foram ampliados os domínios territoriais e religiosos,
ocorreram reformas artística e educacional, cunhagem de moedas e relações
fortes com a Igreja sendo coroado no Natal do ano 800;
 Ele também fundou escolas monásticas e catedrais. As escolas tinham a
intenção de formar o clero, ensinar obediência ao papa e ao imperador, bem
como, garantia de ordem na sociedade;
 A respeito da reforma artística, Carlos Magno incentivou as artes sacras,
especialmente dos monges copistas;
 Tais reformas mencionadas anteriormente são conhecidas como
Renascimento Carolíngio;
 Também uma maneira de manter as terras conquistadas sob domínio
carolíngio foi a distribuição delas aos melhores guerreiros, que juravam
fidelidade ao imperador;
 Para fiscalizar as terras distribuídas por Carlos Magno, o cargo de missi
dominici foi criado. Os missi dominici eram fiscais do imperador e seu
significado é enviados do senhor;
 Temos aí um exemplo da relação de suserania e vassalagem, onde um nobre
doa parte da terra a outro senhor que jura fidelidade ao primeiro;
 O pagamento, como já visto, era feito com terras. Normalmente essas terras
eram nas regiões limítrofes do reino;
 Isso ajudava a manter os valores da guerra porque os guerreiros tinham que
defender suas fronteiras, ou seja, suas terras;
 Dessa forma, os beneficiados sentiam a necessidade de terem filhos homens
para que pudessem ser educados na arte da guerra e não perderem as terras
para invasores no futuro;
 Em 814 morreu Carlos Magno e quem assumiu foi o seu filho Luís, o
Piedoso, governando até 840;
 Preocupando-se mais com questões teológicas do que com militares, Luís
perdeu o apoio da nobreza guerreira que viviam à fronteira do império
carolíngio;
 Em 843 foi assinado o Tratado de Verdun dividindo as terras em três partes:
ocidental, central e oriental.
Clóvis I
Monge copista

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