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IDENTIDADES E DIVERSIDADES ETNICO- RACIAIS CAPITULO 4 - E POSSIVEL ESTABELECER NOVAS RELACOES ETNICO-RACIAIS NA EDUCAGAO BRASILEIRA? Tarcia Regina da Silva https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&CO... 1/36 1/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnice- Raciais INICIAR Introducao Neste capitulo seréo abordadas questées referentes a necessidade da reeducacgdo das relagdes étnico-raciais, que se fazem presentes no contexto educacional, sobretudo a partir da Lei 10.639/2003 (BRASIL, 2003), atual Lei 11.645/2008 (BRASIL, 2008). Essa reeducacao pode ser compreendida como o reestabelecimento das relacdes entre negros e brancos que, na atualidade, vem se afirmando de maneira desigual. Nesse cendrio, para que os estudantes negros/as possam construir uma identidade negra positiva, elas teraéo que enfrentar um penoso processo de desconstrugdo das representacdes da cultura social, midiatica e literdria que os inferioriza e trata com preconceito seus corpos, sua histéria e sua cultura. E a escola nao pode se furtar disso. Como organizar praticas descolonizadoras na escola? Como descolonizar os nossos fazeres e saberes na escola? Quais histérias tem a populacao negra e indigena no nosso pais? Quais as diferengas entre raga, racismo, preconceito racial e discriminagado racial? Como contribuir para que a populacao negra possa na escola construir novas identificacdes? https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&CO... 2/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais Esse capitulo se propde a contribuir para que vocé responda a essas quest6es. Assim, trataremos de como o processo de colonizacao repercute no nosso cotidiano e nas praticas curriculares, destacaremos algumas formas de luta da populac3o negra e indigena, trataremos do significado de alguns termos presentes no debate sobre a questao racial e por fim, apresentaremos possibilidades para que na escola se possa reeducar para as relac6es étnico-raciais. Bom estudo! 4.1 Promovendo a igualdade na escola: descolonizar os saberes e as relagoes Vocé certamente ja ouviu falar sobre o fato histdrico de que o Brasil foi colénia de Portugal, concorda? Durante mais de 300 anos 0 Brasil foi dominado pelos povos europeus. Entretanto, embora ndo sejamos mais o “Brasil-Colénia”, a nossa forma de organizar a vida cotidiana ainda é muito influenciada pelo processo de colonizacao. Para evidenciar essa premissa, podemos recorrer 4 nossa formacao sociocultural que emergiu num contexto de mudancas vividas no continente europeu. A descoberta pelos europeus de novas rotas maritimas a partir do Oceano Atlantico, na Idade Moderna, reconfigurou o modo deles verem a si mesmo e aos outros. Nesse contexto, no século XV, 0 povo europeu encontrou do outro lado do oceano povos fisicamente muito diferentes deles, levando-os a questionar o conceito de humanidade. Quem sdo esses povos do além-mar? Sera que sao humanos ou bichos? Tém ou nao alma? https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&CO... 3/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais A grande questSo que esta posta nesse cendrio é o fato de que na América, um dos elementos estruturantes da Modernidade foi que as diferencas entre conquistadores e conquistados foram assumidas como uma questéo de raca, ou seja, a raga foi utilizada para estabelecer a diferencga entre os povos. Assim, embora 0 processo de colonizagao no nosso pais tenha se encerrado, a colonialidade ainda se faz presente entre nds, influenciando a nossa forma de olharmos para nds mesmos e, sobretudo, para o outro. Mas 0 que vocé entende por colonialidade? Quais os seus efeitos? Como ela repercute no espaco escolar? As respostas sero respondidas nesse tépico. Figura 1 - Na América a questo racial transformou-se no principal item para a organizagao da populagdo. Fonte: Janaka Dharmasena, Shutterstock, 2018. Ao conceber as diferencgas a partir da ideia de raga, uns foram colocados num plano superior aos outros, isto é, os brancos foram incorporados como superior aos negros. Dessa maneira, ser negro na nossa sociedade, além de designar o individuo deste grupo étnico- https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN_PLAYER&CO... 4/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais racial, pode significar: “encardido, funesto, sinistro, tenebroso, lugubre, triste, nefasto etc.” (MICHAELIS, 2018. s. p.), Sao essas as definigées apontadas pelos mais importantes dicionarios da nossa lingua. O negro é aquele que, nesse cenario, em geral, nao se deseja ser. A ideia de raga em sentido moderno como conhecemos hoje, sé foi concebida apés a histéria da colonizagao da América, sendo um dos principais argumentos utilizados nas relagées de dominacado que orientavam o projeto de conquista. Etimologicamente, o conceito de raca veio do italiano razza, que tem sua origem no latim ratio, que significa sorte, categoria, espécie. O termo raga, até o século XVIII, antes de adquirir o sentido biolégico, se referia ao conjunto de descendentes de um ancestral comum, com énfase nas relagdes de parentesco, sem realcar caracteristicas como cor de pele e outros tracos fisicos (MUNANGA, 2010). No século XVIII, a cor da pele foi considerada um critério fundamental entre as chamadas racas, ficando nesse estagio a espécie humana dividida em trés ragas que povoam até hoje o imaginario coletivo: raga branca, negra e amarela. A partir do século XIX, foram acrescentados a cor outros critérios tais como: a forma do nariz, dos labios, do queixo, do cranio, o angulo facial.Na segunda metade do século XIX e na primeira metade do século XX, a discussdo sobre raga permeava a vida social, os antropdlogos e juristas discutiam sobre a aplicabilidade das mesmas leis para pessoas que eram tidas como racial e evolutivamente diferentes. Ainda no século XX, 0 conceito de raga passou por uma série de reformulacdes. Com o desenvolvimento do campo genético, hoje dispomos de intimeras evidéncias de que o termo raca é apropriado para designar a biologia de algumas espécies animais, mas n&o se mostra adequado para configurar o ser humano. Nao ha ragas diferentes. Somos todos da raga humana independente (MUNANGA, 2010). https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN_PLAYER&CO... 5/36 1/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnice- Raciais Figura 2 - As ciéncias biolégicas e sociais durante alguns séculos se esforcaram para legitimar o racismo cientifico, defendendo que havia trés racas distintas. Fonte: Mopic, Shutterstock, 2018. te-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&CO. 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais Nesse contexto, reconhecemos que as “racas séo na realidade, construgdes sociais, politicas e culturais produzidas nas relacdes sociais e de poder ao longo do processo histdrico” (GOMES, 2005, p. 49). Entretanto, desconsiderando tal evidéncia de que nao existem ragas diferentes, o conceito de ragas diferentes, ou seja, de biologizacao da raga, serviu como pretexto para validar as ja utilizadas, ha muito tempo, praticas e agdes de relacdes de superioridade e inferioridade entre os conquistadores/conquistados, ou melhor, dominantes/dominados, entre brancos e ndo-brancos. Ao afirmar 0 seu povo como referencial para toda a humanidade, a elite branca consolidou uma tomada simbélica que tem repercutido na “autoestima e o autoconceito do grupo branco em detrimento dos demais, e essa apropriac¢éo acaba legitimando sua supremacia econémica, politica e social” (BENTO, 2014, p. 25). Na outra ponta dessa histéria esta a populacdo negra que, a partir dessa referéncia, constrdi a sua identidade racial atrelada a esse imaginario negativo que corréi sua autoestima, culpabilizando-se pela discriminagao sofrida e aceitando as desigualdades vivenciadas. Dessa forma, esse processo de colonizac¢ao atuou de forma tao atuante que dizemos que ela produziu uma nova intersubjetividade. Para tal feito, a Europa atuou tanto controlando todas as formas de regulacao da nossa subjetividade, da cultura e de maneira mais incisiva do conhecimento, reprimindo a forma de producao do conhecimento dos colonizados, suas referéncias para a producdo de sentidos, seu universo simbdlico e suas formas de expressdo e objetivagdo da subjetividade, e, ainda, obrigando os colonizados a aprenderem parcialmente sua cultura para utilizd-la nos campos material, tecnoldgico e subjetiva, principalmente religiosa. Para a pesquisadora Catherine Walsh (2009) a colonialidade é a forma pela qual uns se sentem superiores a outros produzindo um lastro de discriminag&o racial. O projeto de colonialidade se materializa a partir https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN_PLAYER&CO... 7/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais de quatro eixos: a colonialidade do poder (QUIJANO, 2005), a colonialidade do saber, a colonialidade do ser e a colonialidade cosmogénica da mae natureza e da vida mesma. A colonialidade do poder refere-se a raga como um fator de classificacdo, bem como de controle social. A colonialidade do saber articula-se a perspectiva eurocéntrica como detentora da razdo, do conhecimento e pensamento. Tal efeito da colonialidade pode ser sentido ao pensarmos as nossas matrizes para produzirmos na academia conhecimentos. Quantos dos pesquisadores africanos, asidticos sdo referéncias nas nossas pesquisas? A colonialidade do saber age de maneira a desqualificar toda e qualquer outra forma epistémica e outros conhecimentos que nao incorporem a matriz europeia.A colonialidade do ser é vivenciada através da inferiorizagao, subalternizacaéo e desumanizacao de alguns grupos humanos. Nessa direcdo, inserem-se a populacdo negra e a indigena. O ultimo eixo, o da colonialidade cosmogénica da mae natureza e da vida, desconsidera “o magico-espiritual-social, a relagdo milenar entre os mundos biofisicos, humanos e espirituais - incluindo dos ancestrais, espiritos, deuses e orixds” (WALSH, 2009, p. 10). Isso pode ser evidenciado na desvalorizacdo das religides de matrizes africanas, bem como, nas variadas expressdes dos cultos indigenas. Mas, como essa quest&o repercute na escola? Como construir praticas descolonizantes? O primeiro ponto para essa empreitada de repensar a escola pode ser a desconstrucdo desse imagindrio negativo do outro. Duschatzky e Skiliar (2011, s. p.) afirmam que a alteridade pode ser pensada a partir de trés prismas: “o outro como fonte de todo o mal; [...] 0 outro como sujeito pleno de um grupo cultural; [...] 0 outro como alguém a tolerar”. O outro como fonte de todo mal foi a marca predominante do século XX, pois essa caracterizou-se como o século mais mortifero da nossa histéria, perpassado tanto por conflitos bélicos como por genocidios, matangas étnicas, apartheid, ditaduras militares, violéncia fisica e https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN_PLAYER&CO... 8/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais legalista contra os migrantes. Os autores também destacam que 0 ato expulsor nao se realiza apenas pela eliminacao fisica, e lembram que a coacao interna, legitimada a partir das regulagdes das leis, costumes e moralidade, também contribuiu para a construgdo dessa ideia do outro. Nessa perspectiva, posicionamo-nos frente ao outro, encarnando um modo binério e dicotémico. Assim, uns so os bons, os saudaveis, os inteligentes, os heterossexuais, os brancos. E os outros, sao os ruins, os deficientes, os ignorantes, estrangeiros, homossexuais, negros, evidenciando numa escala hierarquica, o privilégio do primeiro termo sobre o segundo. Na segunda perspectiva evidenciada por Duschatzky e Skiliar (2011), os outros séo apresentados como sujeitos plenos de uma marca cultural partindo da concep¢do de que as culturas sdéo comunidades homogéneas de crengas e estilos de vida. A radicalizagdo desta tendéncia conduz 4 percepcdo da identidade do outro na pura diferenga, ou seja, hd uma invisibilidade das relacdes de poder e conflito e essa nega as relagdes entre sujeitos e grupos sociais. No campo educacional, apresenta-se a partir de uma_perspectiva folclérica, sendo vivificada nas datas comemorativas ou de forma exdtica. Outras vezes apropria-se do termo diversidade para nomear os que tém “déficit”, ou seja, os que sao vistos com necessidades especiais, os pobres, entre outros. A terceira perspectiva apresenta o outro como alguém a tolerar. Essa premissa reconhece a existéncia das diferengas, porém apresenta um paradoxo, pois ao mesmo tempo em que solicita reconhecer o outro como principio, reconhece também que é preciso aceitar 0 outro com seu comportamento antissocial ou opressivo. Ela se assemelha a indiferenga, porque pode vir a se tornar um mecanismo de esquecimento, fazendo com que as memédrias da dor sejam eliminadas, bem como um pensamento da desmeméria, da conciliagéo com o passado, um pensamento fragil, light, que nao https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN_PLAYER&CO... 91/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais convoca a interrogacao e que pretende livrar-se de todo o mal-estar. Um pensamento que nao deixa marcas, sendo, pois, desapaixonado, descomprometido. No ambito educacional, a tolerancia nos convida a evitar as polémicas, © questionamento da ordem vigente, comprometendo a nossa criticidade e 0 nosso engajamento com a mudanca. Essas formas de perceber, conceber e conviver com 0 outro, evidenciam que é preciso e urgente assumir a diferenca como um elemento constituinte do processo educativo, tendo em vista que esses so construtos das relagdes socioculturais. Assim, devemos reconhecer a presenca dos mais diversos coletivos na histéria da nossa formagao social, politica, cultural e educacional. Ao mostrarem-se como sujeitos histdricos, essas populacdes 4 margem do processo histérico tensionam o campo do debate epistemoldgico e politico-pedagdgico refutando a sua inexisténcia. Logo, para entrar em sintonia com esse tempo, faz-se necessario que os/as educadores/as reconhecam as diferengas e a suas transformagées em desigualdades, permitindo e possibilitando que os estudantes estabelecgam identificacdes com aquilo que a principio para ele é tido como diferente, compreendendo os processos histéricos, sociais, culturais, politicos e econdmicos que geraram tais diferencas, além de serem capazes de propor agdes que se posicionem e que incidam contra toda e qualquer forma de preconceito e discriminacao racial. 4.2 Movimentos negros e indigenas: resistir, lutar e educar https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 10/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais Vocé ja se resistiu ou teve que lutar muito por alguma coisa? Certamente, sim! Teve éxito? Em caso positivo, j4 experimentou a sensacao de vitéria, de conquista. Em caso negativo, é importante continuar lutando por aquilo que se almeja. No caso das populagdes que trataremos nesse item, a populacdo indigena e negra, ressaltamos que ao longo de toda a historia dos Brasil esses grupos vém assumindo um longo e duro movimento de resisténcia pela sua sobrevivéncia e garantia dos seus direitos desde a invasdo europeia. Jd se passaram mais de 500 anos e tanto negros quanto indigenas ainda nao conquistaram condigGes de igualdade na nossa sociedade. Dessa maneira, ao mesmo tempo em que resgataremos um pouco das principais lutas do movimento negro, salientaremos que essas lutas permanecem vivas e sao frutos de muitas batalhas e ainda de mortes. Resiste-se judicialmente, moralmente, nas escolas e nas universidades, nas favelas, nas aldeias, nos campos e nas cidades. E uma luta continua que nao cessa. indios e Negros precisam cotidianamente se fortalecer, pois vivemos numa sociedade que a raca é assumida como elemento hierarquizador, discriminador e vetor de oportunidades. Nessa tessitura, a populacao indigena que violentamente foi tratada desde a chegada dos colonizadores portugueses se uniu superando os conflitos internos que favoreceram o seu processo de dominio e exterminio para juntos criarem as suas organizagdes que visa a conexdo entre os diferentes povos indigenas, a sociedade local e global, constituindo o movimento indigena organizado. O movimento indigena pode ser compreendido como um arcabougo de estratégias e agdes que os povos e comunidades indigenas vivenciam buscando a defesa e a protecao de seus direitos, bem como, dos seus interesses coletivos, principalmente o direito a terra. Entre as principais conquistas do movimento indigena podemos citar os direitos adquiridos na nossa Constituigéo, a ratificagdo pelo governo brasileiro da Convencao n. 169 da Organizacao Internacional https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN_PLAYER&CO... 11/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais do Trabalho (OIT), em 2003 que evidencia avancos no reconhecimento dos direitos indigenas coletivos, com retrospecto nos com significativos aspectos de direitos econémicos, sociais e culturais. A participagdo politica dos indigenas nos governos municipais, estaduais, a proposta educacional especifica e diferenciada para a Educag3o Indigena e a demarcaco de terras (ORGANIZACAO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2003). VOCE QUER LER? 0 livro “O Indio Brasileiro: o que vocé precisa saber sobre os povos indigenas no Brasil de hoje” (LUCIANO, 2006), organizado pelo Ministério da Educacao, busca contribuir para difundir as bases conceituais sobre 0 conhecimento da sociodiversidade dos povos indigenas no Brasil contemporaneo, bem como visa fornecer subsidios para o fortalecimento dos estudantes indigenas no espaco académico. Para ler acesse: . Entretanto, ainda hd muito a se conquistar, apresentando-se como um grande desafio a garantia de condicdes sociais, juridicas e de cidadania, dentro de um contexto que também assegure a identidade indigena, ou seja, as suas culturas, tradigdes, conhecimentos, valores e formas de organizacao. hips J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 12/36 1/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnice- Raciais Figura 3 - Os povos indigenas, desde a chegada dos europeus 8 América, vem enfrentando o grande desafio de legitimar os seus direitos. Fonte: Filipe Frazao, Shutterstock, 2018. Para a populacdo negra, a resisténcia negra refere-se a todas as lutas e movimentos de fugas, de desobediéncia civil e militar da populagdo negra africana, bem como, dos seus descendentes, ou seja, da diaspora africana. Desde 0 periodo do Brasil colonial até os dias atuais a populacao negra resiste e enfrenta a escraviddo antiga e moderna de variadas formas e com miultiplas estratégias. varios foram os relatos de suicidios, Ao longo da nossa hist6: abortos e tentativas de fugas, visando a liberdade dos negros/as. Nesse cenario, destacaremos alguns movimentos que marcaram essa histéria de luta e resisténcia. Certamente, a maior delas foi o do Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, em Alagoas. E preciso salientar que houve e ha varios quilombos espalhados pelo Brasil e que eles representam uma forma de luta da populacdo negra. hips J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 13/36 1/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnice- Raciais VOCE QUER LER? O livro “Quilombos: espacos de resisténcias de homens e mulheres negros” é organizado a partir de um texto para que todo professor possa refletir sobre como os quilombos de ontem e de hoje sao organizados, e como eles se afirmam ao longo do tempo como espaco de valorizacao da identidade e da cultura negra. A obra foi produzida pelo Ministério da Educacao, sob a coordenacdo de Schuma Schumaher (2005). Para ler acesse: . Muitos pesquisadores, entre os quais Schumaher (2005), destacam que 0 Quilombo dos Palmares pode ser considerado um “estado africano” no nosso pais. Ele teve a sua origem em pleno século XVII e perdurou até 1695. Era construido por uma articulada estrutura do seu territério, da forca militar e também no que se refere aos aspectos administrativos. Tinha como a sua capital, Macacos. Era organizado em mocambos (SCHUMAHER, 2005). Era formado pela populacado negra, mas também havia indios e os brancos das camadas populares, evidenciando o contexto democratico que se afirmava naquele territério. Embora, tenha sido incorporada a histéria pelo fato da decapitagao do seu lider, Zumbi dos Palmares, ali se constituiu uma das mais pulsantes formas de resisténcia negra. Tal fato, nao pode desconsiderado como uma estratégia colonial de negaco do protagonismo da populacao negra. Assim, a importancia dessas instancias de resisténcias que importunaram com firmeza a ordem existente, desafiando o poder vigente foram diluidos para que a populacao negra nao se afirmasse como seres de luta e conquistas. hips J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 14/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais Outra quest&o importante a se destacar é a participacdo das mulheres negras nos quilombos. Mas, por que essa histéria é pouco divulgada? Ndo podemos esquecer-nos do processo de exclusdo que envolve raga e género na nossa sociedade, protagonismo nao é dado nem a negro, tampouco a mulher. Dessa forma, as mulheres negras foram aligeiradas da historia por um duplo processo de exclusdo. Entre tantas mulheres, sobressai-se a rainha do Quilombo, Mariana Crioula que atuou com vigor na fuga de um quilombo do Rio de janeiro. Ha relatos de que ela resistiu bravamente para se entregar e gritava firmemente: “morrer sim, entregar nao!”. Outro exemplo importante de resisténcia é 0 de tia Ana que organizou uma revolta no Ceara, em Vigosa evidenciando a forga das mulheres negras (SCHUMAHER, 2005). Outra forma de luta que merece destaque é a comandada por Joao Candido, o Almirante Negro, em 1910, conhecida como Revolta da Chibata. Essa aconteceu na Marinha Brasileira principalmente contra os castigos fisicos aos quais os marinheiros eram submetidos. O movimento também almejava uma melhor alimentagdo e o cumprimento da lei do reajuste salarial (ALMEIDA, 2011). Apés um acordo estabelecido entre a Marinha, os marinheiros e o governo foi decretado o estado de sitio e se instalou um periodo de forte repressdo aos participantes do movimento. Muitos foram presos, torturados, fuzilados, levados para a regido Norte, do Amazonas. O Almirante Negro foi duramente preso, castigado, torturado por um ano e meio até que com a ajuda dos advogados pagos pelas irmandades religiosas de Nossa Senhora do Rosario, foi liberto (ALMEIDA, 2011). VOCE SABIA? https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 15/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais © “Atlas da Viol@ncia” (CERQUEIRA et al., 2017) destacou que a populac3o negra corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos individuos com mais chances de serem vitimas de homicidios. Em 2015, em média, os brasileiros brancos ganhavam o dobro do que os negros: enquanto um individuo branco tinha uma renda de RS1.589,00 um negro tinha uma renda de R$898,00 mensais, conforme dados do Instituto de Pesquisa Econémica Aplicada (IPEA) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilios (PNAD). Disponivel em: . Mas, a resisténcia continua! Os dados evidenciam que cotidianamente a populacdo negra e indigena continua na luta para ser reconhecido e respeitado. O que aponta para o fato de que pouca coisa mudou de 1500 até os dias atuais em termos estruturais. 4.3 Vista a minha pele Vocé ja se perguntou sobre qual é o seu diferencial? Observamos comumente na midia que a diferenca é uma questao muito valorizada. Assim, para vender os seus produtos cada empresa faz questao de apresentar o diferencial de cada produto. No nosso cotidiano, nds também valorizamos muito o que nés fazemos de melhor, o que nos torna Unicos. Assim, a diferenga é algo que nos torna auténticos. Entretanto, nem toda diferenca é valorizada socialmente, bem como, algo que é num contexto muito valorizado, em outro serve como elemento de eliminagao, desvalorizacdo. Nesse sentido, a diferenca ndo pode ser considerada nem boa, nem tampouco ruim, é a partir do que ela se vincula que ela recebe essa valoracao. https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 16/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais Frente a essa questdo precisamos refletir sobre como as diferencas observadas entre nds e os outros tem se constituido como disparador de muitos preconceitos, atos de discriminagéo, construcdo de ideologias oriundas dessas praticas e até de violéncia fisica. Nesse item trataremos de como a diferenga racial vem se constituindo no nosso pais num elemento de desigualdade para a populacao negra, esclarecendo alguns termos comumente utilizados nesse debate, tais como: raga, racismo, preconceito, discriminacao. Figura 4 - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) organiza seu trabalho a partir da autodeclaracao. Fonte: Dean Drobot, Shutterstock, 2018. Somos todos diferentes uns dos outros. Cada um tem seu nome, uma ou varias habilidades, as suas caracteristicas fisicas, comportamentos, preferéncias. Esses séo tragos que nos ajudam a compor a nossa identidade, bem como, o que nos difere dos outros. Assim, nos diferenciarmos uns dos outros é uma coisa normal e fundamental para aconstrugdo da nossa identidade. https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 17/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais Tendo em vista esse panorama, assentimos que a producdéo das diferencas ultrapassa as caracteristicas bioldgicas. Elas sao construidas pelos sujeitos ao longo do processo cultural e histérico. Na contemporaneidade, as lutas pelo respeito a essas diferencgas tém sido constantes nos diversos ambitos sociais. Entretanto, cabe diferenciarmos os termos diversidade de diferenga que tem sido comumente utilizado como sinénimos. A diversidade propde a incluso de “alguns” repertérios culturais na cena da cultura dominante, recorremos a ele para tratar de uma politica que almeja a tolerancia e o respeito, mas utilizamos o termo diferengca para salientar que esse processo que engloba a producdo das diferencas e seus elos, se relacionam as questdes referentes ao poder e a autoridade. A diferenca se propde a questionar quais desses repertorios que tratam dos marginalizados podem entrar em cena. De acordo com Munanga (2010), o problema nao é a raca, mas as representacdes dessa palavra e a ideologia dela derivada. Ele esclarece que nao haveria nenhum problema para a humanidade se a classificagdo dos grupos humanos fosse estabelecida de acordo com as caracteristicas fisicas. Entretanto, o problema reside na hierarquizagdo onde estabeleceram uma relagao direta entre a cor da pele, o fendtipo e as caracteristicas psicoldgicas, morais, intelectuais e culturais. Nessas condicées, assimilaram que no mais alto patamar da cadeia estavam os europeus e nos niveis inferiores, negros e indios, gerando a partir da hierarquizagao das diferencas, a concepgado do racismo cientifico ou racialismo (ideia biolégica das ragas) onde foi utilizado um conceito doutrinario para justificar e legitimar os sistemas de dominagio racial. A partir desse cendrio, as pessoas comecaram a ser analisadas a partir da sua raca. https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 18/36 o1/tor2021 17-01 Identidades e Diversidades Etnice- Raciais Figura 5 -O racismo brasileiro atua silenciosamente, mas nao deixa de ser percebido na vida da populago negra. Fonte: View Apart, Shutterstock, 2018. Se ja sabemos que nao existem racas diferentes, que formamos a raga humana, o que entendemos pelo termo raga hoje? Utilizamos o termo raga nao relacionado a ideia que predominava nos séculos passados, 0 usamos a partir de uma nova configuragéo que se ancora na perspectiva social e politica da palavra, pois a discriminagao racial eo racismo ainda pulsante no nosso pais ndo ocorrem apenas vinculados aos aspectos culturais vivenciados pelos diferentes grupos étnico- raciais, mas também por causa da associa¢ado que a nossa sociedade faz entre a populacdo negra e os aspectos fisicos visiveis na estética corporal. Observe o caso a seguir, que teve video veiculado pelo G1 (LARA, 2017): https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNiContraller?ACTION=OPEN_PLAYERSC... 19/36 1/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnice- Raciais CASO No dia 15/11/2017 0 ator Diogo Cintra, homem negro, voltava de uma festa na cidade de Sado Paulo quando foi abordado por dois homens pedindo que entregasse o celular e dinheiro. Como estava perto do terminal de dnibus, ele correu para pedir apoio aos vigilantes do local que noo ajudou. Ele ainda avistou quatro segurancas e novamente tentou auxilio. Os assaltantes que ja tinham the abordado vieram com um pedaco de pau para cima dele e alegaram para os segurancas que eles é que tinham sido roubados. Eles voltaram acompanhados de uma mulher e trés homens com dois cachorros. Em frente aos segurancas, 0 grupo alegou que tinha sido roubado pelo ator e sem nenhum questionamento os segurangas acreditaram na versio dos assaltantes. Diogo Cintra foi fortemente espancado. E nesse contexto que afirmamos que vivemos num pais racista, onde a cor representa para o negro um constante risco (LARA, 2017). Para assistir ao video, acesse o endereco: . Nesse contexto, conforme afirma Santos (2003, p. 33), a populacgdo negra é vista a partir de um pesado tripé, rotulado quase sempre “...] de intelectualmente frdgil, esteticamente feio e de cardter duvidoso”. Essas formas arcaicas de pensar 0 negro exercem influéncias negativas na constituiggo da sua identidade, da sua cultura e da prépria sociedade. Nesse sentido, o termo raga tem sido utilizado para informar como elementos que compéem as caracteristicas fisicas da https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 20/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais populacao negra, tais como a cor de pele, tipo de cabelo, entre outras, tém influenciado, interferido e até mesmo determinado o destino e o lugar social desse grupo étnico-racial no interior da nossa sociedade. VOCE SABIA? Que como se nao bastasse todo o preconceito que vimos até aqui, as mulheres negras também sdo absurdamente as mais atingidas pela violéncia obstétrica (65,4%) e pela mortalidade materna (53,6%), de acordo com Fioretti (2014). Para saber mais, acesse o endereco: ‘. Dessa forma, ao falarmos sobre raga estamos falando do processo social, politico, histérico e cultural resultante de relagdes desiguais de poder desde a nossa colonizacao. Nao se relacionando de nenhuma maneira com um dado da natureza, uma questao bioldgica. E através da cultura que nés aprendemos a enxergar a populacdo branca e a populacdo negra como diferentes através da maneira que somos educados pela nossa familia, pela midia, pela igreja, entre outros, provocando a introjecao dessas referéncias na nossa forma de ser, e de ver e conviver com as diferencas. AeA TPH Figura 6 - O reconhecimento e 0 respeito as diversidades culturais solicitam a ° Aly @ articulacdo com a democracia. Fonte: Djomas, Shutterstock, 2018. https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C.... 21/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais Se jd sabemos 0 que é raca, 0 que é 0 racismo? O racismo parte da premissa de que ha um grupo superior ao outro. Logo, ele é a justificagdo tedrica utilizada para legitimar as acgdes politica de discriminacao, segregagao, exclusdo e eliminacdo baseada na ideia de que existem racas humanas com caracteristicas determinadas e imutaveis, ou seja, recorrem a questao bioldgica para legitimar as agoes. O racismo tanto pode evidenciado através de uma agdo de abominacdo, comportamento de repulsa que se da de ddio relacionado com as pessoas que pertencem a um determinado grupo racial cujos tracos fendtipos como a cor da pele, o cabelo, o formato da boca, do nariz, entre outros. Como também pode ser representado por meio de um repertério de ideias e imagens referentes 4 populacdo ou grupos humanos que se orientam a partir da ideia de que existem racas diferentes, umas superiores e outras inferiores. Também pode ser compreendida como o desejo de fazer prevalecer uma verdade, uma crenga particular como universal, Unica, verdadeira. Salientamos ainda, prezado/a estudante, que o racismo pode ser expresso de maneira individual ou institucional. No individual ele se caracteriza por atos de uma pessoa contra outra e infelizmente temos presenciado muitos desses principalmente nas redes sociais. No formato institucional, relaciona-se com as praticas organizadas do Estado ou com o seu apoio indireto. Como exemplo dessas praticas podemos citar a negacdo da populagao negra nos livros de literatura infantil, os indices do analfabetismo da populacdo negra, 0 pouco protagonismo dos negros nas novelas, filmes e campanhas publicitarias (MUNANGA, 2005), nos dados estatisticos que revelam as desvantagens da populacdo negra no mercado de trabalho quando comparada com outros grupos étnico-raciais, os dados da violéncia que atingem a populacdo negra jovem, entre tantos exemplos. https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 22/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais Vamos agora esclarecer que o preconceito racial e a discriminagdo racial nao sfo as mesmas coisas. O preconceito esta ligado ao campo das ideias, ou seja, trata-se de um julgamento prévio de algo. Refere- se, dessa forma, a uma opinido, ideia que sdo organizados anteriormente, sem andalise ou observacdo do fato. O preconceito racial refere-se a uma ideia negativa e prévia, pois se da antes mesmo de conhecermos ou nos aproximarmos de alguém que faz parte de um grupo racial ou étnico. Em geral, as pessoas negam que sao preconceituosas. Mas, tem dificuldade em dizer que sdo negras, ao olharem para um individuo negro num carro de luxo imaginam que ele é motorista, numa abordagem policial, a pessoa negra é a primeira a ser revistada. Essas séo agdes que resultam do preconceito que permeia o nosso imaginario. O nosso processo de socializagdo que comeca na nossa familia e se amplia no convivio na escola, no espaco religioso que frequentamos, com os amigos, através das propagandas, novelas, filmes nos acompanha também na nossa vida profissional. Nesse contexto, as criangas aprendem com os adultos as praticas racistas. Dessa maneira, precisamos ressaltar 0 que nos ensinou Mandela (2005), nés ndo nascemos odiando uma pessoa por causa da cor da sua pele, é no contexto da cultura que nés aprendemos isso. Dessa feita, se nds aprendemos a odiar, também podemos aprender a respeitar, a acolher e a celebrar as diferencas, reconhecendo o outro como verdadeiramente outro, que nao necessita se adequar aos meus padr6es para ser aceito. VOCE O CONHECE? https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 23/36 1/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnice- Raciais Vocé conhece a histéria de Nelson Mandela? Ele foi um advogado, também lider rebelde e presidente da Africa do Sul entre 1994 a 1999. Foi o mais importante lider da Africa Negra, principal representante do movimento contra o apartheid, sendo considerado um guerreiro na luta pela liberdade do seu povo. Para saber mais, recomendamos 0 livro, escrito pelo proprio lider, “Conversas que tive comigo” (MANDELA, 2010). O preconceito assume um carater limitante porque nos impede de aproximarmos daquilo que nado conhecemos. Na contemporaneidade, é imprescindivel que possamos nos permitir a relacdo com aquilo que é diferente de nds estabelecendo novas formas de identificagao. Como educadores/as necessitamos dialogar com as diferengas, sem julgamentos e preconceitos, visto que, é a partir dessa aproximagao que introjetamos novas experiéncias a nossa existéncia, nos possibilitando desvincular das prdticas preconceituosas que fazem parte do nosso ser. E o que seria, entao, a discriminagao racial? Discriminar, como bem sabemos, representa listar, separar, organizar em categorias. A discriminag3o perde o seu carater de ato de classificagdo, que se propée a estruturar alguma coisa em categorias, quando se dispde a partir de determinados valores a instaurar hierarquias. No contexto da nossa discussdo, a categoria raca foi criada e a partir dela os brancos sao incorporados como superiores aos negros, indigenas e amarelos. A grande diferenca da discriminacao racial para o preconceito racial e © racismo é que enquanto esses se dao no campo do pensamento, a discriminacao é 0 ato. Vale ressaltar ainda que a discriminagado pode ser direta ou indireta. A direta é aquela cuja pessoa é discriminada por causa da sua cor. A indireta é fruto da desigualdade das condutas administrativas, das politicas pUblicas e até mesmo das empresariais que sdo aparentemente isentas, mas que possuem grande habilidade discriminatéria. hips J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C.... 24/36 1/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnice- Raciais VOCE QUER VER? No filme Vista a minha pele (2004), com direcdo de Joel Zito Aradjo e argumento de Maria Aparecida Bento, apresenta-se um racismo as avessas, onde a populacdo branca representa a classe discriminada e a negra a dominante. Nesse contexto, duas adolescentes disputam o titulo de rainha da festa junina. € uma interessante reflexio sobre 0s —conceitos. —apresentados. © Para_—assisti-lo, —_acesse: . Para caminharmos nesse sentido de reconhecermos o outro como outro, trazendo-o para a centralidade da pratica pedagégica, torna-se imprescindivel reconhecer o papel da Lei 10.639/2003 - a atual Lei 11.645/2008 - que tornou obrigatorio o ensino da Historia da Africa e dos africanos e da populagao indigena, no curriculo escolar do ensino fundamental e médio, pois, além de resgatar historicamente a contribuicdo desses grupos na construgao e formacao da sociedade brasileira, essa lei possibilita que o/a estudante negro/a e indigena seja visibilizado/a, respeitado/a e tenha a sua diferenga incluida na Educacao Basica (BRASIL 2003; 2008). 4.4 Consolidando e repensando as identidades Ao longo da nossa conversa fomos destacando a preméncia de trazer para a centralidade das nossas praticas educacionais a questo da diferenca, salientando que para tal feito precisamos estar desarmados https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 25/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais dos nossos preconceitos para que possamos criar identificacao positiva com o outro. Salientamos que o diferente nem sempre é visto como encantador. Na maioria das vezes, ele nos aterroriza, amedronta, ameaca. Em geral, tem-se a impressdo que ele destoa da ordem socialmente vigente. Assim, precisamos refletir sobre a necessidade de descolonizarmos cotidianamente os nossos olhares, saberes e fazeres pedagégicos possibilitando a nés mesmos e aos estudantes a revisitagdo aos nossos valores, acdes, preconceitos, a nossa forma de ver, ser e estar no mundo. A nossa sociedade, através do processo de colonizacao estabeleceu uma identidade como norma. Nesse contexto, ser branco foi assumido como uma dessas normas e a normalizagdo é um das mais sutis maneiras da colonialidade que se apresenta na questao da identidade e da diferenca. Assim, a raca branca foi eleita arbitrariamente como uma identidade privilegiada, assumindo todas as caracteristicas positivas. Logo, ela nao é compreendida como uma identidade, mas como a identidade. A partir dessa inferéncia, comumente ouvimos falar que cabelo bom é cabelo liso, que negro correto tem alma branca, que negro quando nao faz na entrada, faz na saida, que negro so pode ser médico por causa das cotas, entre tantas afirmacgdes baseadas no racismo e na perspectiva da colonialidade tao impregnada no nosso imaginario. https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 26/36 1/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnice- Raciais Figura 7 - 0 cabelo é um dos elementos com maior visibilidade no corpo, sendo tratado e manipulado por todos os grupos humanos. Fonte: Asier Romero, Shutterstock, 2018. Tais resquicios também chegam ao espaco escolar e se legitimam através de uma pedagogia de racializagdo que se esforca em educar os sujeitos racialmente de forma fixa, pensando-se universal. Dessa maneira, nega-se a identidade do estudante negro, seus elementos estético-cérporeo, o seu protagonismo juvenil, a sua cultura, a sua musica e a sua danga, a sua religiosidade. Pouco ou nada se fala da histéria e da cultura africana, nem tampouco indigena. Os herdis e heroinas negros/as inexistem. Livros de literatura infantil e infanto- juveil também nado. Nao sdo os personagens negros também que povoam a decoracao da escola. Evidentemente se os estudantes se habituam a ver na televisdo e também nos livros personagens de literatura infantil personagens bonitinhas, delicadinhas e também brancas, ndo podemos esperar que eles elaborem conceitos positivos acerca de ser negro/a na nossa https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C.... 27/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais sociedade. So os frutos da cultura midiatica que também moldam os nossos valores e conceitos causando profundos danos a compreensao das criangas sobre si e os outros. Frente a essa realidade, faz-se necessario introduzir o cunho da diferenca, apresentando e discutindo com as criangas, jovens e adultos na escola as relagdes étnico-raciais, a histéria e a cultura do continente africano e da diaspora, discussdes que incidem na identidade desses sujeitos independentemente de seu pertencimento racial, o que contribui para a efetivagdo da democracia no nosso pais. De acordo com Gomes (2008), 0 corpo e o cabelo sao aspectos adotados pela populacdo negra na construgdo da sua representacao social e da sua beleza na sociedade brasileira. Nesse contexto, o cabelo crespo tem um importante papel para a construcdo da identidade negra, pois mostra ao negro como ele se enxerga e como os outros o enxergam. Dessa maneira, se a crianga lida bem com seu cabelo, ela desenvolve sua autoestima, mas se frequentemente seu cabelo precisa se ajustar aos modelos de padrées hegeménicos, a sua identidade negra esta sendo cerceada. Gomes (2002) ressalta que 0 ato de rejeitar o cabelo pode gerar uma sensacao de inferioridade e de baixa estima. Nesse sentido, é importante a construcao de estratégias distintas das aprendidas na familia e “muitas vezes, essas experiéncias acontecem ao longo da trajetdria escolar. A escola pode atuar tanto na reprodugao de esteredtipos sobre o negro, 0 corpo e o cabelo, quanto na superacao dos mesmos” (GOMES, 2002, p. 47). Mas, como tratar dessas questdes na escola? Como contribuir para que a crianga, o adolescente, o jovem, o adulto e o idoso negro, que tem o direito a educagao ao longo da vida construa identificagdes positivas na escola? Tal premissa pode ser assumida a partir de uma educagdo multicultural, pois ela tem como um de seus objetivos dar voz e vez aos excluidos, ou seja, ela cria espaco para rostos e vozes até entdo silenciadas e invisibilizadas. https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 28/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais Para o estadunidense James A. Banks (2006), 0 principal objetivo da educagdo multicultural é reformar escolas e universidades para que alunos de diferentes grupos raciais, étnicos, culturais, linguisticos e sociais possam vivenciar a igualdade educacional. Segundo ele, a educagdo multicultural esta conceituada como um tema que consiste em cinco dimensGes: (a) integracdo de contetido, (b) a constru¢ao do processo de conhecimento, (c) a reducdo de preconceito, (d) a equidade pedagégica, e (e) a viabilizagao da estrutura social e cultural da escola. Ele aponta que a educacdo multicultural visa ao desenvolvimento de _ habilidades, atitudes e conhecimentos necessarios para atuar no contexto da sua prépria cultura étnica, nao da cultura dominante, assim como para interagir com outras culturas e situar-se em contextos diferentes de sua prépria origem. Nessa perspectiva, pensando na interculturalidade como uma maneira de intervencdo, colocamo-nos frente a cinco desafios no campo educacional, que segundo Candau (2012) so: desconstruir o cardter monocultural e etnocéntrico que esta presente na escola, nas politicas educativas e nos curriculos, reconhecendo o cardter desigual, discriminador e racista da nossa sociedade, da educagao e de cada um de nés; articular igualdade e diferenga, reconhecendo e valorizando a diversidade cultural, bem como as questées relativas 4 igualdade; resgatar o processo de construgéo das nossas_ identidades, considerando o processo de hibridizacao cultural e a formacado de novas identidades culturais, operando nesse cenario com um conceito dindmico e histérico de cultura; promover experiéncias de interagdo com os outros, propondo-nos a dialogar e construir sistematicamente ages sociais, religiosas, culturais, rompendo com toda tendéncia a guetizacdo nas escolas; e, por ultimo, tudo isso sé se realizard se reconstruirmos a dinamica educacional, repensando o curriculo, a organizagao da escola, as linguagens, praticas didaticas, atividades extraclasses, relagdo com a comunidade e o papel e a formagao do professor. https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 29/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais Diante dessa consideracgao, somos conclamados a reinventar a escola (CANDAU, 2012) a partir de novos olhares, praticas pedagdgicas, estratégias de vivéncias que podem considerar a convivéncia, respeito, valorizagao e celebracdo das diferengas (HENRIQUES, CAVALLEIRO, 2005). O estabelecimento de novas relagées étnico-raciais precisa ser perpassado por um projeto decolonial, um projeto que questiona e busca o enfrentamento da matriz colonial do poder em todas as suas formas. E, vocé, professor necessita se comprometer com essa mudanga. Sintese Vocé concluiu os seus estudos sobre as relagdes étnico-raciais. Dessa maneira, esperamos que j4 compreenda o processo de colonialidade presente na sociedade brasileira, como a questao racial assumiu contornos hierarquizantes, identifique as lutas da populagdo negra ao longo de mais de 500 anos, conheca com mais clareza o significado de alguns termos presentes no debate sobre a questo racial, bem como identifique estratégias para o redimensionamento das relagdes étnico- raciais no cotidiano escolar. Neste capitulo, vocé teve a oportunidade de: * entender que nao somos colénia de Portugal, mas os efeitos da colonialidade atuam fortemente na nossa subjetividade; © reconhecer que no Brasil a ra¢a foi utilizada como elemento estruturante do processo colonial; © compreender que as populacées negra e indigena ainda nao sao tratadas de forma igualitaria e resistem a opressdo ainda presente no nosso cotidiano; https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 30/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais © apreender que preconceito racial, discriminacdo racial e racismo nao s4o a mesma coisa; ¢ identificar estratégias que contribuam para a reeducacao das relaces étnico-raciais. Referéncias bibliograficas ALMEIDA, S. C. P. de. Do marinheiro Jodo Candido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construgdo do herdi de uma revolta centenaria. In: Revista Brasileira de Histéria. 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Disponivel em: < https J/anhembi.blackboard.com/webappsiiate-course_content_soap-BBLEARNIController?ACTION=OPEN PLAYER&C... 31/36 01/10/2021 17:01 Identidades e Diversidades Etnico-Raciais (http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.639.htm)http://w ww.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.639.htm (http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.639.htm)>. Acesso em: 05/03/2018. ____. Presidéncia da Republica. Casa Civil. Lei n. 11.645, de 10 de marco de 2008. Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educagdo nacional, para incluir no curriculo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da tematica Histéria e Cultura Afro-Brasileira e Indigena. Brasilia, DF, 10 mar. 2008. 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