Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente Do Egrégio Tribunal de Justiça Do Estado de Mato Grosso

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO

Processo n. ...

JANE, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora da cédula de identidade


nº XXXX, e inscrita sob o CPF nº XXXX, residente e domiciliada no endereço
XXXX, por meio de advogado (a) que lhe subscreve, vem, respeitosamente, em
irresignação à condenação imposta em seu desfavor, com fundamento no art.
621, III, do Código de Processo Penal, vem propor a presente

REVISÃO CRIMINAL

pelas razões fáticas e jurídicas que passa a expor:

I- DOS FATOS
No dia 18 de outubro de 2019, na cidade de Cuiabá/MT, a revisionanda subtraiu
o veículo automotor da vítima Gabriela com intuito de revendê-lo no Paraguay.
A vítima, imediatamente, acionou a polícia, mas apenas no dia seguinte a
revisionanda foi presa enquanto tentava cruzar a fronteira para negociar a venda
do carro, este que estava em local não revelado. Um dia após o crime a vítima
faleceu de infarto.
A denúncia foi recebida dia 30 de outubro de 2019. A revisionanda confessou o
delito em seu interrogatório e todas as testemunhas arroladas ratificaram os
fatos. Finda a instrução processual, Jane fora condenada a cinco anos de
reclusão no regime inicial fechado, tendo sido na sentença considerado a
confissão, a reincidência específica, os maus antecedentes e as consequências
do crime.
Transitada em julgado a sentença condenatória, a revisionanda iniciou o
cumprimento da pena em 10 de novembro de 2021. No dia 05 de março de 2022,
Gabriel, filho único da vítima falecida e nunca mencionado no processo, informa
que Jane, após o crime, ligou para ele no dia 27 de outubro de 2019 e lhe disse
onde o veículo estava escondido. Gabriel, então, foi ao local e pegou o veículo
de volta, sem nenhum embaraço, bem como que tal veículo estava em seu poder
desde então.

II- DO DIREITO
a) Da Ocorrência do Arrependimento Posterior
Nobres julgadores, em virtude de nova prova, no caso, Gabriel, necessário a
reanálise de certos aspectos. A denúncia foi recebida em 30 de outubro de 2019.
No entanto, de acordo com o relato de Gabriel, Jane devolvera no dia 27 de
outubro de 2019 o veículo furtado, antes, portanto, do recebimento da denúncia.
A devolução da res furtiva antes do recebimento da denúncia caracteriza o
arrependimento posterior, previsto no art. 16 do Código Penal, o que pode
ensejar a redução da pena de um a dois terços. Como a res furtiva foi entregue
sem nenhum tipo de embaraço, imperioso que a redução seja na fração máxima.
Dessa forma, com base no art. 626, do Código de Processo Penal, requer seja
modificada a pena, de forma a ser reduzida em sua fração máxima, pois a res
foi restituída integralmente à vítima.
O fato novo comprova que Jane devolveu o veículo e não o transportou para
vendê-lo no Paraguai, assim, ela não está incursa na qualificadora do §5º, do
art. 155, do Código Penal. Necessário, portanto, a desclassificação do crime
qualificado para o de furto na sua modalidade simples, previsto no art. 155,
caput, do Código Penal.

b) Do regime semiaberto
Operando-se a desclassificação do crime qualificado para o crime de furto
simples, a pena aplicada à revisionanda será reduzida para menos de quatro
anos. Ainda que a revisionanda seja reincidente em tal prática delituosa, é
entendimento do Superior Tribunal de Justiça a possibilidade de cumprimento de
pena em regime semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior
a 04 anos, se favoráveis as circunstâncias judiciais, nos termos de sua súmula
de n. 269.
Dessa forma, nos termos da súmula 269 do STJ, requer a imposição do regime
semiaberto.
III- DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer a desconstituição da coisa julgada para:


1. A desclassificação do crime de furto qualificado para o crime de furto simples;
2. A redução da pena pelo arrependimento posterior, conforme o art. 16 do
Código Penal;
3. A fixação do regime semiaberto conforme entendimento do STJ postulado na
súmula 269.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Cuiabá, xx de xxxxx de 2022.

Advogado
OAB

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