Entrevista - Newton Nitro - 15-03-21

You might also like

Download as docx, pdf, or txt
Download as docx, pdf, or txt
You are on page 1of 8

Entrevista - RPG

Newton Nitro

Escritor de RPGs e outros jogos narrativos

1- Qual é o seu nome? Quantos anos você tem? De onde você é? Qual é a sua formação
educacional? No que você trabalha no meio do RPG? Quais as obras mais importantes que
esteve envolvido? Enfim, faça um pequeno resumo pessoal e inclua o que mais achar
importante sobre o seu perfil no meio do RPG.

Meu nome é Newton Rocha, mas, desde que comecei a participar de listas de discussão online
no final dos anos 90, eu uso o nick Nitro ou Tio Nitro. Tenho 49 anos e sou formado em Letras
pela UFMG e tenho mestrado em Literaturas de Língua Inglesa. Sou professor de inglês,
tradutor, escritor de terror, ficção e fantasia, roteirista profissional, ilustrador e quadrinista.

No meio do RPG trabalho com desenvolvimento de jogos, cenários, sistemas de regras e de


romances baseados em cenários de RPG.

Em publicações impressas de RPG, além de alguns artigos na antiga Dragão Brasil, sou o autor
de Mítica: Sombras no Oriente (2004), o livro do monstros do cenário Mítica da antiga editora
Viu, a aventura-suplemento Invasão de Necropia (2009) Editora Mantícora, e sou co-autor do
cenário oficial de fantasia sombria do Old Dragon RPG, o Legião: A Era da Desolação (2019).

Sou o autor de dezenas de netbooks para diversos sistemas, além de escrever desde 2002 no
Nitrodungeon Blog, um dos mais antigos blogs de RPG no Brasil. Eu também fui colaborador da
Rede RPG de 2004 a 2012, onde escrevi muitos artigos e participei de muitos netbooks, como
escritor e ilustrador.

Desde 2006 tenho o NITROCAST, meu podcast de dicas de RPG, um dos primeiros da internet
brasileira, e também mantenho o canal Newton Nitro no Youtube desde 2010, com centenas
de vídeos de dicas de RPG, dicas de escrita, e streams de jogos de RPG ao vivo.

Criei também o sistema de regras gratuitas e abertas, o +2d6, que ganhou grande
popularidade, e publiquei no final de 2020, sistema de regras gratuitas, customizáveis e
narrativistas 2d6World.

Em breve serão publicados dois livros que escrevi nos últimos anos, o Bestiário para o Legião:
A Era da Desolação, e o romance de fantasia sombria ambientado em Legião, a "A Marca da
Caveira", o primeiro volume da trilogia Legião, dentro do universo do cenário.

Dentro do mundo do RPG eu me esforço muito em popularizar e expandir o hobby. Todo o


meu trabalho é focado em desmistificar e simplificar o acesso de iniciantes ao RPG e aos
diferentes estilos de jogo. Gosto também de facilitar o trabalho dos mestres e ajudar aos
jogadores a se divertirem mais com o jogo. Faço isso através de artigos, vídeos, lives e o que
mais aparecer pela frente!

2- Como começou a jogar RPG? Quem trouxe o jogo? Quais foram as dificuldades para
aprender a jogar naquela época?

Comecei a jogar RPG em 1984, quando morava em Niterói, no bairro do Icaraí. Conheci um
adolescente americano intercambista que me convidou, junto com alguns amigos, para jogar o
D&D caixa vermelha, o Basic Rules do Frank Metzner. Amei o jogo de cara! Tiramos xerox e ,
como já tinha conhecimento de inglês e com a ajuda de minha mãe que era professora de
inglês, traduzimos o jogo inteiro na raça e começamos a jogar sempre que podíamos. E jogo
RPG desde então.

Na época era bem difícil. Não tínhamos os dados diferentes, e criamos tabelas para usar dados
de 6 faces. Inventávamos muitas regras caseiras e as aventuras eram muito focadas em
exploração de masmorras e matança de monstros. Com o tempo, fomos diversificando mais
nas histórias e cheguei a criar o meu primeiro mundo de RPG, Ereth, que mais tarde virou o
cenário Necropia e que hoje tem muitos de seus elementos incorporados no meu cenário
atual, o Legião: A Era da Desolação.

3- Quando começou a se interessar por fóruns e sites de RPG? Quais foram seus projetos?
Como era a interação com as pessoas nessa época?

Como um nerd véio de guerra, eu sou da época dos BBS, os Bulletin Boarding Systems do
começo dos anos 90. Nessa época, quando eu ainda morava nos Estados Unidos, eu já
participava de grupos de discussão online de AD&D. Depois, ao retornar ao Brasil, eu participei
de alguns grupos no IRC e depois nas listas de discussões da Internet, principalmente no antigo
Yahoo Groups.

Quando começou a época dos blogs, no começo dos anos 2000, eu já estava escrevendo e
criando sites no Geocities para meus cenários e mundos de RPG. Os primeiros sites de
Necropia - A Terra dos Mortos, que mestrava no sistema Daemon e depois do d20, são desse
período.

Nessa época eu criei o NitroDungeon RPG Blog, primeiro no blogger e depois passei para o
Wordpress, onde escrevia artigos diversos, com dicas de RPG, aventuras, resenhas de jogos e
contos de diversos gêneros, muitos textos, artigos diários, contos, etc. Até hoje, o
NitroDungeon Blog já conta com mais de três milhões e meio de views, e é um dos blogs de
RPG mais antigos da nerdesfera brasileira.

Nesse período surgiu a RedeRPG, onde passei primeiro a comentar e depois enviar artigos que
tiveram boa recepção no NitroDungeon. Depois de algum tempo, passei a participar da equipe.

A RedeRPG me deu grande visibilidade e depois de um de meus Netbooks para o Sistema


Daemon, o Avatar: Super-Heróis Espirituais foi resenhando na Dragão Brasil, fui convidado a
enviar um artigo com dicas para jogadores, que foi publicado.

O netbook Avatar também rendeu o convite da Editora Viu para escrever o suplemento de
monstros, Mítica: Sombras no Oriente, que foi uma experiência interessante.

Nesse período, principalmente na era de ouro dos blogs de RPG, conheci muitas pessoas que
são meus amigos até hoje. Essa era uma época bem legal, entre 2006 a 2012, com muitos
blogs de RPG pela internet, e a criação de uma comunidade que fazia projetos juntos. Tinha
ciranda de blogs, projetos de netbooks diversos, criação de contos, e até os primeiros
Encontros Virtuais de RPG.

Muitas editoras e projetos de RPG surgiram nesse período como o Old Dragon, a Editora
Redbox, a Editora Retropunk, etc.

4- Conte um pouco sobre a fase que escrevia para o site RedeRPG e depois criou o
NitroDungeon. Que tipo de conteúdo fazia?
Eu fazia o mesmo conteúdo do NitroDungeon blog, e publicava primeiro na Rede e depois no
meu blog, uns três meses depois. Escrevia sobre dicas para mestres e jogadores de RPG, dicas
de representação e criação de personagens, suplementos como monstros, magias,
antagonistas, etc, para Dungeons and Dragons e publiquei muitos contos de fantasia,
ambientada em Necropia, e de terror.

5- Por conta desses trabalhos, acabou publicando na Dragão Brasil. Em que fase da revista
fez essas colaborações? Como foi a experiência? Recebeu algum feedback?

Minha contribuição foi bem pequena, um artigo meu sobre dicas de como representar
guerreiros apareceu no final da fase antiga da Dragão, e um artigo sobre uma adaptação de
RPG para a série Sobrenatural, apareceu na fase final.

6- Como surgiu a oportunidade de escrever para o cenário Mítica? Fale sobre essa
experiência. Depois disso, alguma editora se interessou em publicar alguns dos seus projetos
de RPG?

Recebi o convite depois da boa repercussão do meu netbook Avatar: Super Heróis Espirituais,
um cenário e suplemento para Supers Daemon RPG. Conheci o pessoal da Editora Viu em um
dos Encontros Internacionais de RPG de São Paulo e logo depois, comecei a escrever o
suplemento Mítica: Sombras no Oriente.

Foi uma experiência muito legal. Contei com a colaboração de meus jogadores de RPG na
época e trabalhei em conjunto com vários ilustradores. Eu mesmo ilustrei algumas partes
desse livros de monstros orientais. Todo o projeto foi bem rápido, acredito que gastamos cerca
de quatro meses para escrever e ilustrar o livro.

7- Como foi sua parceria com a Red Box? Fez parte do desenvolvimento do Old Dragon?
Quais foram as dificuldades? Houve alguma situação curiosa?

Acompanhei o desenvolvimento do Old Dragon desde o início, pois na época, tínhamos uma
sensacional comunidade de blogs. Rapidamente passei a adotar o sistema em minhas mesas
de jogo e a criar material para ele. Assim, em uma RPGCon, os últimos grandes eventos de RPG
de São Paulo no início da década de 2010 a 2020, um dos criadores do Old Dragon e donos da
Redbox, o Antônio "Mr. Pop" Sá Neto e o fantástico Dan Ramos me encontraram e me
convidaram para participar do projeto Legião, que seria o cenário oficial do Old Dragon RPG.

Como toda produção nacional, nossas dificuldades foram sempre conciliar nossos trabalhos
pessoais com o trabalho imenso da criação de um cenário de RPG de nível profissional. Mas
como tudo que envolve RPG e criação literária para mim é uma paixão, dediquei todo o meu
tempo livre para o projeto.

Uma situação curiosa acontece quando tive menos de quatro meses para reescrever todo o
cenário Legião, tornando-o compatível com todo o material que criei para a trilogia de
romances do cenário. Foi um trabalho intenso, onde escrevia de seis a dez horas todos os dias,
acordando às quatro horas da manhã, varando noites, etc. Ao final, enviei todo o livro do
cenário para meu editor Thiago Rigetti, mais de 900 mil palavras, que necessitaram mais de um
ano para serem editadas e selecionadas para as duzentas mil palavras do livro básico de
Legião. Ou seja, tem muita coisa para ser publicada pela frente!

8- Você criou um cenário chamado Legião. Ele tem sistema próprio? Qual é o diferencial
dele? Como tem sido a repercussão?
O cenário Legião foi criado inicialmente pelo Antônio "Mr. Pop" Sá Neto, nos anos 90 com seu
grupo de RPG. Ele foi trabalhando o cenário até, em 2011, do qual participei como ilustrador.
Com o lançamento do Old Dragon em 2010, o Mr.Pop tinha o desejo de desenvolver uma nova
versão para o cenário, que se tornaria o cenário oficial para o sistema de regras old school.

Em 2013, ele me convidou para participar da nova elaboração do cenário. Conversamos e


decidimos retrabalhar o cenário dentro de uma proposta grimdark, de fantasia brutal, sombria
e militarista, em um gênero mais próximo de cenários como Warhammer ou Diablo.

Como ele me convidou também para escrever uma trilogia de romances de fantasia para o
cenário, resolvi introduzir elementos do meu antigo cenário de fantasia sombria Necropia
dentro da reformulação de Legião.

Depois de cinco anos, milhões de palavras escritas e muita ralação, o cenário foi lançado em
2019 em uma pré-venda em forma de financiamento coletivo bem sucedida. Legião, que foi
lançado em forma de caixa, com mapas, transparências, um mini-jogo de taverna, além de um
livro de quase 400 páginas coloridas e belíssimo, teve uma excelente recepção, quase
esgotando toda a sua primeira tiragem de mais de dois mil exemplares.

Legião ganhou o prêmio Ludopedia de 2019, a mais importante premiação do RPG brasileiro,
como melhor suplemento de RPG nacional e teve muitas resenhas positivas publicadas por
diversos sites e blogs de RPG.

Para quem não conhece, o Legião: A Era da Desolação, é um cenário de fantasia sombria,
brutal e adutal oficial do Old Dragon RPG, mas que pode ser usado e adaptado para qualquer
outro sistema de RPG.

Legião lança os jogadores em em um mundo de fantasia sombria e brutal, também chamada


de Grimdark pelos gringos. A proposta é oferecer um mundo de fantasia mais adulto, que
mistura terror e aventura, em uma abordagem mais brutal e mais suja, como a presente em
jogos como Diablo, Dark Souls, Warhammer ou em séries literárias como Game of Thrones,

O mundo de Kadur, o cenário de Legião, tenta se reerguer depois que uma guerra apocalíptica
causada por Nastur, o Deus Louco, à frente de suas Legiões Sombrias de horrores, monstros,
demônios e mortos-vivos inteligentes, deixou uma terra devastada como herança.

Kadur, que em urdaniano antigo significa “O Vale do Sacrifício”, é um mundo brutal, moldado
por guerras incessantes, e povoado por povos endurecidos na luta diária pela sobrevivência.
Suas vilas, cidades, reinos e impérios possuem peculiaridades culturais que refletem sua
história sangrenta.

Desde seus primórdios, a vida em Kadur sofre com a eterna guerra entre seus dois maiores e
mais cruéis deuses; Urzoth, o Senhor dos Abismos e a Deusa das Três Faces Aeliah-Valedaris-
Hécatos, a Mãe dos Dragões.

Tal rivalidade se reflete na eterna guerra entre as Crias de Urzoth e os Povos da Deusa.

As Crias de Urzoth são as raças oriundas dos atos de criação de Urzoth, o Senhor dos Abismos
de seu filho, o Deus Louco Nastur, o Senhor dos Vermes; os orcs, bugbears, duergars, feras do
pântano, o povo-rato dos muskins, kobolds, ogros, trogloditas, goblinóides de toda espécie e
outros povos ainda mais monstruosos que vivem nos locais mais selvagens da superfície ou nas
profundezas das Infinitas Cavernas.
Os Povos da Deusa são as raças criadas pelos falecidos Deuses-Filhos da Mãe dos Dragões, os
humanos, elfos, anões, voldas, grizzis, centauros, howkaris, minotauros, atlantes, nomadis e as
diversas outras raças humanóides ou surgidas da miscigenação entre os incontáveis povos de
Kadur.

O estado de guerra permanente entre os povos de Kadur tornou a grande maioria de suas
culturas extremamente militarista.

A antiga tradição dos Povos da Deusa e das Crias de Urzoth de se organizarem em Legiões de
guerreiros e guerreiras, tropas militares, sagradas ou mercenárias de dezenas a até centenas
de milhares de guerreiros e guerreiras.

Essa tradição evoluiu a longo das Seis Guerras e das Três Eras da história de Kadur, até se
tornarem parte integrante principalmente da cultura guerreira dos povos do continente de
Ryanon.

As Legiões são as peças da eterna guerra divina entre Urzoth, o Senhor dos Abismos, e a Deusa
das Três Faces, Aeliah-Valedaris-Hécatos, a Mãe dos Dragões.

A última tragédia dessa guerra divina aconteceu no começo da Era da Desolação, há quinze
anos antes do presente Ano da Deusa de 1112 AD.

Foi a apocalíptica Grande Guerra, iniciada quando o Deus Louco Nastur, o Senhor dos Vermes,
libertado de sua prisão milenar, reuniu suas Legiões Sombrias, enfrentando as forças do
Grande Pacto, devastou todo o continente de Ryanon em um conflito sem precedentes que
lançou as Crias de Urzoth contra os Povos da Deusa.

Legião possui alguns conceitos chaves, como os Marcados, seres imortais que possuem
arquidemônios presos em suas almas por meio de Marcas Místicas.

Os Marcados são alguns dos vilões, heróis e anti-heróis épicos mais poderosos de Kadur.

A Magia no mundo de Legião sempre cobra um custo alto de seu conjurador. Seja a
necessidade de se fazer pacto com entidades malignas ou divinas, seja a dependência física
que causa em seus usuários, como é o caso das Seivas Sagradas, o sangue cristalizado dos
Dragões Protetores adorados como deuses pelos clérigos das Três Igrejas.

Magos são raros, mal-vistos e perseguidos nos territórios controlados pelas Inquisições das
Três Igrejas, enquanto Feiticeiros, que possuem poderes mágicos selvagens por terem sangue
de demônio correndo em suas veias, são mais tolerados, desde que se registrem para as
autoridades locais.

Legião também se destaca pelos Narcoguerreiros,

Os Narcoguerreiros são combatentes especialistas no uso das Drogas de Combate, um dos


principais produtos do Império Hecatiano.

Tais drogas lhes dão vantagens sobrenaturais contra seus inimigos, porém cobram um preço
muito alto de seus usuários, com efeitos colaterais terríveis caso eles parem de usar essas
substâncias.

Outro elemento brutal e sombrio é a Carnomanci, a arte de manipular corpos de seres vivos.
Feiticeiros Carnomânticos são capazes de manipular a carne de qualquer ser vivo, mesclando-a
com a de outro.
Os Carnomantes são os criadores dos Modificados, guerreiros e guerreiras que, por meio de
carnomancia, tem partes de monstros, demônios ou Horrores enxertadas em seus corpos,
membros que lhes dão vantagens em sua vida de mercenário.

E por último, temos um contexto medieval brutal com as Inquisições das Três Igrejas do
cenário.

As Três Igrejas dominam a vida religiosa dos principais Impérios e Reinos do continente de
Ryanon , espalhando o temor à Deusa das Três Faces por todas as partes, e mantendo firme
em sua missão de exterminar hereges.

Cada uma das Três Igrejas, que são inimigas entre si, segue uma das três Faces da Deusa.

A puritana e rígida Igreja do Patriarcado segue Aeliah, a Imaculada, a face purificadora da


Deusa, enquanto a tolerante e mais compassiva Igreja Valedora venera Valedaris, a Grande
Mãe e a face cuidadora da Deusa.

Por fim, temos a sanguinária e hedonista Igreja Hecatiana, que segue Hécatos, a face vingadora
da Deusa.

A presença dessas três igrejas e principalmente de suas inquisições, que persegue


implacavelmente feiticeiros ilegais, hereges e Crias de Urzoth para alimentar suas fogueiras
públicas, contribui para compor a atmosfera opressora e violenta dos piores momentos da
época medieval.

Mas o elemento mais importante e marcante de Legião são as LEGIÕES MERCENÁRIAS,


MILITARES, SAGRADAS E SOMBRIAS!

Uma militarização excessiva que se faz necessária pela existência das temidas Legiões
Sombrias organizadas pelas Crias de Urzoth por povos que adoram Urzoth, o Senhor dos
Abismos e seu filho, o Deus Louco Nastur, como a assustadora Legião Carniçal da Necrotirania
Seniana das Terras Mortas.

Dessa forma, a grande maioria dos povos de Ryanon, quando em guerra, se organiza em
Legiões que se tornaram a unidade padrão militar de Ryanon após a Era das Trevas quando os
homens chegaram ao novo continente sem cavalos ou outros animais de montaria.

9- Você continua trabalhando com a produção de jogos de RPG? Tem algum novo projeto em
produção?

Sim, continuo trabalhando até de maneira mais intensa do que antes. Publiquei gratuitamente
no NitroDungeon Blog e no site Dungeonist, no final de 2020 o 2d6WORLD, um Sistema de
Regras Customizáveis Gratuitas e Narrativistas de RPG.

Esse é a minha obra principal sobre regras de RPG, com o sistema que venho desenvolvendo
nos últimos anos e que também conta com um guia para mestres de RPG e um apêndice com a
Teoria do Foco no RPG que desenvolvi para ajudar Mestres, Jogadores e Criadores de Jogos. O
sistema 2d6World, que foi baseado na Apocalypse Engine de jogos como Dungeon World e
Apocalypse World é aberto, gratuito e pode ser usado por qualquer pessoa para projetos
pessoais ou comerciais.

Também estou desenvolvendo um jogo de Aventura e Terror Steampunk pós-colonialista, o


Steam Runnerz, que foi criado especialmente para o sistema de regras 2d6World.
Steam Runnerz se passa em na Metrópole Steampunk de InteSteam, construída nas ruínas da
lendária ilha-continente de Atlântida, depois de misteriosamente ter emergido do fundo do
mar.

O mundo de SteamRunnerz - Mercenários Transhumanos da Era do Éter, se passa em um


Século 19 alternativo, onde, no século 18, depois da queda de um estranho e mágico meteoro
feito de puro éter cristalizado no século, uma série de transformações aconteceram por todo o
mundo. Transhumanos com poderes sobrenaturais nas antigas colônias europeias
desenvolvem magitecnologia, biotecnologia e steamtecnologia.

Esse cataclisma causou revoltas em todas as colônias, além da destruição das antigas potências
do século 18 e a ascensão do Império Brasileiro, do Império Indiano e da União Africana no
século 19, junto com a misterioso aparecimento da Ilha-Continente de Nova Atlântida.

Nessa ilha as três novas potências mundiais ergueram a megalópole de InteSteam, onde, em
meio ao seus mais de dez milhões de habitantes, os jogadores viverão aventuras como Steam
Runnerz, mercenários transhumanos, armados até os dentes e com poderes especiais, que
cumprem missões para os que podem pagar os seus preços, e acabam envolvidos em
conspirações, mistérios e aventuras repletas de ação e horror sobrenatural!

Estou finalizando o texto do cenário e já criando as ilustrações para o livro. O projeto deverá
estar pronto em 2022, para ser lançado via financiamento coletivo ou através de alguma
editora que se interessar.

Steam Runnerz é um universo, para o qual também estou produzindo quadrinhos e uma série
de romances de mistério com aventura e horror bem pulp!

10- Por fim, na sua experiência como jogador ou mestre de RPG. Qual foi o momento mais
memorável?

Tenho muitas experiências, são mais de trinta anos jogando RPG. Mas meus momentos mais
memoráveis foi mestrar a campanha teste de Legião: A Era da Desolação, a Campanha Legião
Gélida, por mais de três anos. Jogar ao mesmo tempo que se cria um mundo de RPG é
sensacional e uma experiência única, principalmente quando se tem a oportunidade de lançar
o cenário de forma impressa. Foi muito emocionante! Todas as sessões dessa campanha foram
transmitidas ao vivo no meu canal Newton Nitro no Youtube, assim, dá para ver a evolução do
cenário ao longo de três anos de aventuras e dezenas de sessões de jogo. Foi uma experiência
incrível e agradeço muito aos meus jogadores, minha esposa Érika, Luisa Waski, Tierry Waski e
o Willa Costa.

Seção especial

D3

Não tive a oportunidade de conhecer o D3. Se você o conheceu, tem alguma história bacana
para contar sobre ele?

D3 foi uma pessoa sensacional, uma força da natureza dentro do RPG nacional. Animadaço,
alegre, muito comunicativo, ele foi um grande amigo e sempre me deu muita força nessa
jornada dentro do RPG. Conheci ele nos eventos de RPG que ele organizava em São Paulo e ele
sempre foi uma grande inspiração para o meu trabalho. Ele também era fã de heavy metal e
todas as vezes que nos encontrávamos, eu brincava que devíamos chamar o Blind Guardiam
para tocar no Encontro Internacional de RPG. Eu sinto muita saudade do D3, senti muito essa
perda.

Douglas Quinta Reis

Douglas Quinta Reis foi uma figura fundamental para a difusão e crescimento do RPG no
Brasil. Por favor, conte uma história sobre o Douglas ou sobre a Devir que revele essa
importância. Algo que você gostaria de registrar!

Eu conheci o Douglas também nos Eventos Intenacionais, e ele sempre foi muito simpático e
atencioso comigo. Sempre admirei ele, pois foi o responsável direto pelo crescimento e
profissionalização do RPG no Brasil. Esse é outro que vai fazer muita falta para a gente.

Contato:

Newton Nitro

prof.newtonrocha.gmail.com

NitroDungeon RPG Blog

https://newtonrocha.wordpress.com/

You might also like