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Psicopatologia Fenomenológico-Existencial
Psicopatologia Fenomenológico-Existencial
Psicopatologia [de psic(o)- + patologia.] se define como patologia das doenças mentais ou
como o estudo das causas e natureza das doenças mentais.
• Psic(o) – vem do grego – psyché – que significa alento, sopro de vida, alma.
• Patologia, afecção, dor, pato, que também provém do grego – pathos – que significa
“doença, paixão, sentimento”.
• A do Ser,
• e das relações do fenômeno psicopatológico com a existência do que padece.
Binswanger adverte:
• é importante que não se cometa o engano de realizar uma psicopatologia meramente
descritiva ou meramente subjetiva.
• Uma fenomenologia psicopatológica busca o sentido, a significação da palavra, a
experiência vivida.
• É no fenômeno particular, que a pessoa se faz conhecer e, inversamente, é o fenômeno
que faz o psicoterapeuta penetrar na pessoa.
Ocorre aí o que Binswanger vai chamar de formas de existência frustrada, onde o indivíduo
se fecha em si mesmo e perde o eixo comum com o mundo do outro (mundo humano).
Confiança só se consegue de graça no sentido de que não temos como produzir confiança
tecnicamente.
Extravagância – vagar por fora (vagando fora do eixo). Alguém que perde, de certa maneira
a medida do ser-com-o-outro. Não consegue reestruturar as relações a cada vez. Trata o
outro como objeto.
Pai de filha com doença terminal. Caixão de aniversário. Tudo vira coisa na medida em que
o ser perde a capacidade de reconhecer o humano do outro. Não há empatia. Não há
dados emocionais. A relação fica técnica e se reduz a deduções lógicas.
O Excêntrico não consegue encerrar o contato, ele permanece porque ele é aquilo, já que
não pode ser nada além daquilo. Ele é aquilo que ele está sendo a cada vez, radicalmente.
Por não ter uma identidade ele é tragado a cada vez pela identidade que se apresenta, é
influenciado e modificado. (o talentoso Ripley)
Amaneiramento – é a pessoa que de certa maneira tem um compromisso com assumir uma
personalidade que ela considera uma personalidade que ela deveria ser. (caso do Zürg
Zund 1947 – 3 mundos: rua, agressivo; pais, caóticos, briguentos e bagunceiros e avós,
organizados, calmos, serenos, afetuosos).
Inventa um modo de ser racional, social. Presta muita atenção o tempo todo para que ele
não cometa nenhum deslize. No final do dia está sempre esgotado. Está sempre tentando
parecer ser algo que ele somente parcialmente é.
OBJETO da Psicoterapia
• Desproporções antropológicas (daseinsanálise → antropologia existencial)... Porque isso é
importante para nós?
• Se por um lado a analítica do Dasein é a analítica da constituição ontológica (existenciais e/ou
existenciários) e seus modos de ser, por outro lado, na clínica o que temos é uma pessoa específica,
que tem a sua história, sua condição de mundo e suas demandas.
Nosso objeto de trabalho então é esse ser-aí, que não é um ser aí na sua estrutura ontológica formal,
mas é o ser-aí implicado hermeneuticamente dentro de um mundo.
Nesse sentido o nosso objeto de trabalho é ôntico. Não no sentido que o ser-aí é ôntico, mas no
sentido de que a psicoterapia é uma ciência (psicologia é uma ciência ôntica) Nesse sentido o objeto é
ôntico, pois não dá para fazermos uma ciência ontológica... Seria filosofia…
Estamos pensando então em um conjunto de propriedades (nível ôntico dos entes
intramundanos) que são definidos por categorias e propriedades (mundo).
• Nesse sentido descrevemos o modo de ser do ser-aí…
• “Sandra” é descolada, extrovertida, animada, baixa, magra, filha única, órfã de pai, cursa
artes cênicas.
Mas não estamos falando da Sandra, um ser-aí. Estamos falando do ser-aí na Sandra.
A Daseinsanalyse de Boss
A essência fundamental do homem sadio caracteriza-se pela liberdade (do ponto de vista
Sartreano).
• Promover uma abertura cada vez maior das perspectivas do indivíduo em relação a
si próprio e ao mundo.
Esta abertura, que consiste num trabalho focalizado na relação do indivíduo consigo
mesmo, pode ser promovida através da facilitação de uma auto-avaliação das suas
crenças, valores e aspirações que sirva para atingir maior clareza na exploração das suas
experiências.
O objetivo da terapia é que o paciente sinta sua existência como uma coisa real:
• Se conscientize de suas potencialidades e se torne capacitado para agir apoiado nelas.
• A tarefa da terapia é iluminar a existência.
• A função do terapeuta é de estar lá com toda a conotação de dasein (ser-com), presente
no relacionamento…
...ENQUANTO O PACIENTE DESCOBRE (DESVELA) E APRENDE A SOBREVIVER A
SEU MUNDO-PRÓPRIO.
ENSAIOS DA CLÍNICA
• O psicoterapeuta só pode dar o que ele não tem... como um campo de abertura para que
o paciente alcance seu próprio caminho.
Necessidade = limita
Possibilidade = ilimita
É preciso
• Estarmos abertos a experiência do ver.
• Ver o que se mostra no modo e no tempo do seu mostrar.
• Poder ir aos poucos no tempo.
• Aprender a ver sem as linguagens dos símbolos já dados.
• Poder deixar aparecer por meio das questões. • O importante sempre é compreender a
experiência (eu preciso perguntar).
• Perguntar e dar espaço para que o outro chegue à sua própria situação.
• A arte de bem perguntar é puxar os fios soltos e ajudar a pessoa a enrolar o que estava
desenrolado, bagunçado.
• Somente quando aparece, quando o paciente pode ver é que pode articular outros modos
de relação.
• É preciso deixar aparecer quais as consequências que o paciente consegue atravessar.
• É a relação clínica que importa. Onde transformações acontecem. É na relação clínica que
acontece a possibilidade da medida existencial.