Russia Czarista

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RÚSSIA CZARISTA

O Imperio Russo era governado autocraticamente pelo Czar Nicolau II, que governava sobre 22 milhões de
Km2 e cerca de 170 milhões de pessoas. A Rússia era palco de inúmeras tensões e revindicações por parte da
população, que continuava a viver como no Antigo Regime, encontrando-se num atraso de mais de 100 anos em
relação ao Ocidente.

2
PRINCIPAIS FATORES QUE CONDUZIRAM À REVOLUÇÃO RUSSA:

 Fatores políticos:
o Regime autocrático e absolutista do Czar Nicolau II, que governava o país desde 1881, rodeado de
uma Corte onde reinava o luxo e a corrupção, sendo apoiado pelo exército, alta nobreza e Igreja
Ortodoxa.
o Inesperada derrota na guerra russo-japonesa de 1904 contribuiu para o descrédito da dinastia
Romanov.
o O Parlamento Russo (a Duma) foi alvo de uma certa abertura política por parte do czar, contudo, não
suficiente para acalmar os ânimos.
o Participação da Rússia na 1ª Guerra Mundial, agravava o descontentamento da população (dos 13
milhões de soldados mobilizados, os mortos e desaparecidos rondavam os 13%.).
 Fatores sociais:
o A sociedade russa, nas vésperas da revolução, ainda era uma sociedade característica do período de
Antigo Regime. Era composta, na sua maioria (cerca de 85%), por camponeses que cultivavam as
terras, que não lhes pertenciam, para autoconsumo e que estavam sujeitos a uma servidão feudal e a
nobreza e o clero eram os grupos privilegiados, concentrando na sua posse mais de metade da
superfície das terras.
o O proletariado urbano era pouco numerosos e encontrava-se sujeito a duras condições de vida:
salários baixos, 12 h de trabalho diário e precárias condições de saúde, higiene e habitação.
o A Rússia manteve-se na cauda do arranque industrial e por isso a burguesia era um grupo ainda em
formação e sem quaisquer direitos políticos, estando a riqueza concentrada nas mãos da elite detentora
de terras e cargos. O operariado era um grupo minoritário.
 Fatores económicos:
o A Rússia era um país pobre, predominava a agricultura tecnicamente atrasada e, por isso, com fracos
rendimentos. Agricultura de subsistência – carência dos bens elementares de consumo.
o Atraso industrial: indústria era reduzida e dependia de capitais estrangeiros, estando concentrada
apenas em algumas cidades.
o A participação na guerra veio agravar os problemas económicos, provocando a carência de bens
elementares de consumo.

IMPORTANTE: Uma sociedade tão desigualitária não poderia deixar de provocar


anseios revolucionários por parte da burguesia e do povo dos campos e das cidades.

A EUROPA E O MUNDO NO LIMIAR DO SÉCULO XX, HISTÓRIA 9º ANO  | Prof. Inês Morais
o Injusta distribuição de riqueza = tensão social!
2
REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO (DE CARÁCTER BURGUÊS):

Entre 23 e 28 de fevereiro de 1917 sucederam-se grandiosas manifestações de operários e mulheres, em Petrogrado,


pedindo o derrube do Czar, com a adesão dos Soldados foi possível assaltar o Palácio de Inverno.

Resultado da Revolução:

 Despromovido de apoios, Nicolau II abdicou a 2 de março;


 Czarismo acabou e a Rússia tornou-se uma República.
 Criou-se um Governo Provisório, que pretendiam a instauração uma democracia parlamentar, semelhante ao
Ocidente.

O Governo Provisório tomou então medidas no sentido de liberalizar o regime, tais como:

 Perdão dos presos políticos, religiosos e até de terroristas – é nesta altura que surge Lenine que se encontrava
exilado;
 Igualdade de direitos perante a lei,
 Sufrágio universal, à exceção da mulher;
 Mantém a Rússia na I Grande Guerra, recusando uma paz precipitada em que o país saísse humilhado e com
perdas territoriais.

Após o regresso de Lenine rapidamente se espalharam as suas reivindicações intituladas “ Teses de Abril”, que
receberam a adesão do povo, que acreditava que tudo continuava mal, uma vez que o poder tinha apenas passado das
mãos do Czar para as mão dos Burgueses, que não cediam às reivindicações
do povo.  Contra a continuação da
participação na Primeira
REVOLUÇÃO DE OUTUBRO (REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE): Guerra Mundial;

Entre 24 a 25 de outubro, as milícias bolcheviques lideradas por Lenine  Nacionalização das terras,
Marxismo-Leninismo:
decidiram controlar os principais pontos estratégicos da cidade e sendo que as terras
desenvolvimento teórico e aplicação
assaltaram o Palácio de Inverno e derrubaram o Governo Provisório. ficavam à disposição dos
pratica das ideias de Marx e Engels na
Pretendia-se: camponeses;
Rússia por Lenine. Caracteriza-se por
 Etc.
enfatizar o papel do proletariado rural e
 Implementar uma sociedade sem classes;
urbano na conquista pelo poder, pela
 Distribuição das terras pelos camponeses;
via revolucionária e jamais pela vida da
 Controlo das fábricas pelos operários;
evolução política. Caracteriza-se ainda
 Nacionalização e coletivização da economia;
pelo recurso à força e à violência para
A EUROPA E O MUNDO NO LIMIAR DO SÉCULOconcretizar a ditadura
XX, HISTÓRIA do | Prof.
9º ANO proletariado.
Inês Morais
Pela primeira vez, os representantes do proletariado conquistaram o poder, tal como Marx dizia: “recorrendo à luta
de classes e revolução”. Dá-se assim a implementação do Marxismo-Leninismo.

CONSTRUÇÃO DA URSS:

Com o fim do Governo Provisório cria-se o Conselho dos Comissários do Povo:

 Presidido por Lenine:


 Pasta da Guerra pertencia a Trotsky;
 Pasta das Nacionalidades pertencia a Estaline;
 Sovietes/Proletariado assumem o poder legislativo;

Lenine pôs em prática as seguintes medidas:

 Assinatura do Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha, em 1918, que retirou a Rússia da Guerra;
 Nacionalização da economia, com a abolição da propriedade privada, a qual passou a ser do Estado, tendo o
Estado o papel de a distribuir pelos camponeses; também se
Ditadura do Proletariado: na concepção
procedeu à nacionalização de indústrias e do setor bancário
de Marx, não é apenas uma forma de
e à redução do comércio livre;
regime (ditatorial) na qual o proletariado
 Instauração de um Partido Único e da Censura;
exerceria o tipo de hegemonia até então
 O operariado seria a classe dominante, retirando todo o
exercido pela burguesia, mas também era
poder à burguesia e transferindo-o para o Estado.
visto como uma forma de governo, no qual
 Criação do Exército Vermelho e da Polícia política
a classe operária realmente governaria e
(Tcheka);
tomaria para si muitas das tarefas até então
executadas pelo Estado. A ditadura do
GUERRA CIVIL (1919-1920) proletariado tinha a função de desmontar o
Estado burguês. Para cumprir os seus
Entretanto ocorrem umas eleições para a Assembleia Constituinte, à
objetivos, era preciso que o proletariado
qual os Bolcheviques só tiveram 25% dos votos. Isto levou a que os
fizesse uso da força e da violência.
burgueses e os aristocratas descontentes por perderem as suas
Portanto, a ditadura do proletariado seria
propriedades privadas e por ganharem as eleições e não poderem
um período transitório que desapareceria
governar, se organizassem e contassem com o apoio de alguns
quando se eliminasse a razão da opressão,
países ocidentais que temiam o avanço do Comunismo. Esta
ou seja, a burguesia.
situação arrastou a Rússia para uma violenta Guerra Civil.

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X
Devido ao disciplinado exército de Trotsky, o bolchevismo acaba por vencer. E é assim que surge a Ditadura do 2

Proletariado, sendo esta a fase de transição, que deveria acabar com a desigualdade social; e o Estado enquanto
instrumento de domínio de uma classe sobre a outra acabaria por se extinguir e alcançar-se-ia assim o Comunismo.
Ou seja, só se atingia o Comunismo quando acabassem as desigualdades sociais.

COMUNISMO DE GUERRA/DITADURA DO PROLETARIADO

O Comunismo de Guerra surgiu durante a Guerra Civil. Os Bolcheviques, para fazerem face à situação, implantaram a
Ditadura do Proletariado com medidas muito duras.

 Nacionalização de toda a economia (terras, fábricas, comércio interno e externo, transportes, bancos): o
proletariado retira “todo o capital à burguesia” e centraliza todos os instrumentos de produção nas mãos do
Estado, entendido como o representante exclusivo e legítimo do proletariado.
 Trabalho obrigatório dos 16 aos 50 anos.
 Reprimiu a indisciplina e proibiu as greves.
 Proibição dos partidos políticos, à exceção do Partido Comunista.
 Repressão contra os opositores: polícia política, censura, prisões, campos de trabalho forçado.

Terminada a guerra civil com a vitória dos bolcheviques, Lenine reconhece a excessividade das medidas tomadas no
Comunismo de Guerra e o seu fracasso na resolução dos problemas da Rússia

NOVA POLÍTICA ECONÓMICA:

A Guerra Civil levou a Rússia à ruína económica e também demográfica, já que a miséria e a fome geraram epidemias
que provocaram a morte a mais de 5 milhões de pessoas. É então que surge a NEP, a Nova Política Económica, em
1921. Quando a guerra civil terminou, a Rússia encontrava-se arrasada e a sua população faminta. Perante o
descontentamento generalizado, como afirmou para justificar a sua Nova Politica Económica, a NEP.

As medidas implementadas pela NEP são “um recuo estratégico”, Lenine optou por um retorno ao “capitalismo
limitado por um tempo limitado”:

 Os camponeses já não teriam de dar toda a sua colheita, mas tinham de dar um imposto;
 Passou a ser permitido a venda dos seus produtos no mercado, o que fez aumentar a produção;
Existência de
 Desnacionalizaram-se fábricas com menos de 20 funcionários;
Iniciativa
 Fomentou-se o investimento estrangeiro; Privada e a
 Acabou-se com o trabalho obrigatório aos 15 anos; Liberalização
da Economia.
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 Para estimular a produtividade eram entregues prémios;
 Construíram-se obras públicas;

A recuperação da Rússia foi inegável, tendo melhorado a sua produção, o comércio e as condições de vida da
população;

UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS (URSS – 1922)


2
Foi criada em 1922 a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), uma federação de todas as repúblicas
pertencentes à antiga Rússia Imperial que detinham uma certa autonomia e respeito pela sua identidade cultural (o
território era vasto e existia bastante diversidade étnica, de linguagem, religiões e culturas).

Com a morte de Lenine, em 1924, a sua sucessão apresentava-se difícil, sendo candidatos à sucessão Trotsky e
Estaline. A luta pelo poder intensificou-se, tendo vencido Estaline. Este dominou o aparelho partidário e a policia
secreta e foi progressivamente eliminando todos os seus opositores, particularmente os lideres comunistas mais
prestigiados, que lhe poderiam disputar o poder. O próprio Trotsky, excluído do partido em 1927, seria expulso da
União Soviética. Exilado no México, acabaria por ser assassinado às ordens de Estaline. Reprimindo sem hesitações
qualquer oposição à sua vontade, Estaline viria a estabelecer na URSS uma ditadura totalitária.

Esta federação dizia-se respeitar as diferentes nacionalidades bem como a diversidade cultural. No entanto esta
diversidade tornou difícil a unidade da URSS, e por isso houve a necessidade de Estaline (sucessor de Lenine) limitar
a autonomia das diferentes Repúblicas e fortalecer poder central, ou seja, a Rússia.

REVOLUÇÃO DOS VALORES MORAIS E COSTUMES

Nos finais do século XIX, a sociedade europeia apresentava profundos contrastes e desigualdades sociais. A
burguesia enriquecida pelos seus investimentos na indústria, no comércio, nos transportes, e em transações
financeiras, tinha conseguido impor os seus valores.

Neste período começava a formar-se a Classe Média, que vivia nas cidades e eram pequenos e médios
empresários, funcionários públicos, banqueiros, lojistas, empregados de escritórios e todo o tipo de profissionais
liberais (advogados, engenheiros, médicos, etc.).

Simultaneamente, encontravam-se nas periferias das cidades, os Bairros de Lata, habitados pelos operários e
as suas famílias, que continuavam sujeitos a péssimas condições de vida, para as quais contribuíam os baixos salários
que não acompanhavam a inflação.

Os progressos económicos do século XIX e as alterações politicas dos primeiros anos do século XX
provocaram grandes transformações na sociedade europeia. A 1ª Guerra Mundial alterou a maneira de sentir e de
pensar dos europeus, que estavam cansados do medo e das restrições que o conflito tinha imposto nas suas vidas.

 Passaram por isso a dar mais valor aos prazeres da vida, à descontração e ao convívio – era o inicio dos
Loucos Anos 20. Nasceu assim, o gosto pelo desporto, pelo cinema e pela vida noturna, que passou a ser
animada pelos ritmos do Jazz, Fox Trot, Charleston e da Rumba.

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 A convivência entre sexos, que antigamente era contida e cautelosa, ganha liberdade e torna-se ousada. A
mulher ganhou reconhecimento no seio da sociedade, sai das “casas” onde estava protegida do olhar do
homem, para sair à rua, para comprar, para dançar e para trabalhar.
 A moda, sobretudo a feminina, passou a obedecer a padrões mais práticos e adaptados ao mundo moderno
com o fim do uso do espartilho, o recurso a tecidos e padrões com cores vivas e a aplicação de maquilhagem e
novos cortes de cabelo.
 Nesta época surge também o gosto pelo desporto, pela primeira vez a mulher e o homem praticam desporto 2
com regularidade. Verifica-se também o gosto pela “ação” e pelo movimento frenético das cidades, que se
pode ver no automóvel, que é mais do que um símbolo de posse, é um símbolo de liberdade.

Este período da História é marcado pelo individualismo e a descrença na civilização ocidental, dados os efeitos
negativos da guerra, como as perdas humanas e materiais, a violência e o sofrimento. Além disso, começou a
prevalecer acima de tudo a ambição e a acumulação de bens, estimuladas pela produção caótica do capitalismo, as
sociedades privilegiaram o materialismo e o consumo mais do que nunca.

EMANCIPAÇÃO FEMININA:

No começo do séc. XX, já passados mais de 100 anos da Revolução Francesa, que consagrara o princípio da igualdade
dos cidadãos, as mulheres ainda não gozavam de direitos civis fundamentais, nem de quaisquer direitos políticos.
Considerava-se que a mulher era incapaz de assumir responsabilidades, devendo, pois isso estar sujeita à tutela do
chefe de família, fosse ele o pai, o marido ou o irmão. Era educada para ser a «fada do lar», para cuidar da vida
doméstica. Se tivesse de trabalhar fora de casa, a fim de ajudar a sustentar a mesma, apenas lhe ofereciam ofícios
rotineiros e salários mais baixos do que o homem.

As convulsões da guerra vieram alterar este estado de espírito. Com os homens nas trincheiras, as mulheres viram-se
libertas das suas tradicionais limitações como donas de casa, assumindo a autoridade do lar e o sustento da família. As
feministas lutavam por:

 Direito de a mulher casada dispor de bens;


 Direito à tutela dos filhos em caso de viuvez;
 Igualdade económica (profissão, salários);
 Igualdade jurídica;
 Acesso à educação;
 Igualdade política (direito de voto, possibilidade de ser eleita) – sendo esta luta levada a cabo pelas
Sufragistas.

Com exceção de um pequeno punhado de países como a Austrália ou a Finlândia, as pretensões políticas femininas
chocaram até à Primeira Guerra Mundial, com uma forte oposição, sendo alvo da censura e do escárnio dos poderes
políticos e da própria sociedade, maioritariamente conservadora.

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Durante a 1ª Guerra Mundial e após a mesma, as mulheres passaram a adotar novos comportamentos sociais: a
frequentar festas e clubes noturnos, a praticar desporto, fumar e beber livremente e até mesmo a valorizar o corpo e a
aparência, conduzindo ao aparecimento de uma nova mulher que usava o cabelo curto e saias mais curtas e ousadas.
Estas mulheres mais “livres” dos preconceitos da sociedade eram chamadas de Flappers.

APARTE (APENAS UMA CURIOSIDADE):

Em 1804 criou-se o Código Napoleónico, que continuava a evidenciar a diferença entre a mulher casada e a solteira. 2

Surge pela primeira vez a expressão “o chefe de família” e consagra-se na lei a obrigatoriedade da obediência e
reverência da mulher ao marido. Portugal vai também adotou este tipo de leis, que vão durar até ao 25 de abril:

 a obrigação de obediência;
 respeito pela figura do chefe de família;
 de que o salário da mulher pertencia ao marido;
 ele autorizava ou não o emprego da mulher.

Portugal também teve alguns movimentos feministas, entre os nomes mais conhecidos de sufragistas em Portugal,
encontra-se Ana de Castro Osório, que fez de tudo para ajudar na implementação da 1ª República Portuguesa na
esperança de ganhar direito de voto. No entanto, com a implementação da República isso não veio a acontecer, pois os
republicanos, acreditavam que as mulheres pela fraca escolarização, seriam

Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher a votar em Portugal, dado que aproveitou um buraco na legislação
portuguesa para o fazer.

No primeiro ato eleitoral da recém-nascida República, em 1911, era permitido o voto a todos os chefes de família que
soubessem ler. Como não era referido o género, Carolina Ângelo, médica, viúva, e por isso, chefe de família, pode
votar. Seria a única mulher a fazê-lo, mas nas eleições a seguir já só foi permitido a chefes de família homens;

Foi o regime de ditadura militar, que atribuiu à mulher portuguesa «chefe de família» o voto nas eleições para as
juntas de freguesia – não para as câmaras municipais. Só podiam votar as mulheres que eram:

 chefes de família viúvas;


 divorciadas separadas judicialmente e tendo família a seu cargo;
 mulheres casadas cujo marido está ausente nas colónias ou no estrangeiro;

Em Portugal durante o Estado Novo havia profissões regulamentadas pelo Estado, por exemplo, as enfermeiras
estavam proibidas de se casar, e as professoras primárias tinham que pedir autorização ao Ministro da Educação para
se casar. Só com o 25 de Abril é que o direito de voto se tornou universal.

AS TRANSFORMAÇÕES NA CULTURA, NAS CIENCIAS, NAS ARTES E NA LITERATURA.

CULTURA DE MASSAS:

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As primeiras décadas do século XX ficaram marcadas pela democratização da cultura, que deixou de ser exclusiva
de uma minoria e passou a chegar a um maior número de pessoas. Começou assim a formar-se uma cultura de massas,
que tinha ao seu dispor os novos meios de comunicação – os Mass Media (Imprensa, rádio, cinema).

 Estavam acessíveis a grande parte da população e, para além de se afirmarem como uma importante fonte de
informação, direcionavam a cultura de messas para os gostos e divertimentos do grande público.
 Os jornais diários, as revistas ilustradas, os livros de (aventuras e policiais) e a banda desenhada passaram a
2
ter grandes tiragens com enormes sucessos.
 A Rádio era o meio mais popular de todos os meios, uma vez que permitia aos analfabetos a sua participação.
Além, disso, transmitiam noticiários, teatros radiofónicos e musica ao vivo.
 O Cinema conquistou também, um sucesso extraordinário. Hollywood tornara-se já nesta época, o maior
centro de produção de filmes mudos. Charlie Chaplin, encarnando a sua personagem Charlot, foi uma dessas
grandes estrelas dessa época.

OS PROGRESSOS NAS CIÊNCIAS FÍSICAS E HUMANAS Descobertas e invenções do século XX


190 Teoria Quântica (Max Planck)
Em meados do XIX, o positivismo impusera a ideia de que a ciência
0
tinha a resposta para todos os problemas da humanidade. No entanto,
190 Aspirina
esta ideia foi perdendo o seu valor, devido às constantes descobertas
5
sobre temas que se consideravam verdades absolutas para a ciência, o
190 Método de diagnóstico da Tuberculose
que contribuiu para o fim deste pensamento positivista. As descobertas
7
cientificas do inicio do século XX, contribuíram para extraordinários
191 Teoria da Relatividade de Einstein
avanços nas ciências e nas tecnologias.
8
Assistiu-se também à evolução das ciências sociais, como a História, Desintegração do Átomo
Psicologia, Psicanalise de Freud, Filosofia, Geografia, economia e 192 Vacina de Penicilina;
Antropologia. 8

A EVOLUÇÃO DAS ARTES E DA LITERATURA

Entre 1890 e os anos 30 do século XX rompeu-se com as regras e convenções artísticas e literárias do passado.
Procuravam-se novas formas de expressão que refletiam espírito de rebeldia e as inquietações que se viviam.
Surgiram assim os seguintes movimentos de vanguarda:

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Expressionismo (Otto Dix; Edvard Munch)
Surgiu na Alemanha;
Distorção das figuras;
Linhas curvas e pinceladas largas;
Cores fortes e exuberantes que potenciavam o sentido dramático das obras;
Pretende denunciar os contrastes e as tensões sociais;
Nas pinturas predominavam cenas de rua e nos retratas sobressaem a angústia, desespero e miséria social
que marcava o ser humano; 2
A corrente artistica divide-se em dois:
Ponte; Cavaleiro Azul;

Fauvismo (Henri Matisse)


Grupo de pintores que escandalizou os contemporâneos ao usar nos quadros cores violentas de forma
arbitrária.
Utilização de cores fortes, intensas e puras, sobrepondo-as às formas, sem preocupação em dar aos objetos
reais os seus tons naturais;
Primado da cor sobre a forma (é na cor que encontram a sua forma de expressão artística e a cor
desenvolve-se em grandes manchas que delimitam planos);
Representa normalmente pessoas, natureza e lazer;

Cubismo (Cézanne; Picasso; Braque)


Surgiu em Paris
Defendia que a pintura devia procurar a estrutura oculta dos objetos, a sua base geométrica;
A imagem natural de pessoas e objetos é reduzida a formas geométricas como cubo, cilindro, cone e esfera.
Figuras são decompostas em planos geométricos que representam vários ângulos de visão do mesmo
objeto.
Utilização de técnicas e materiais inovadores: papel; tecidos; corda; cartão;
A corrente artistica divide-se em:
Cubismo Analitico; Cubismo Sintético;

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Abstracionismo (Mondrian; Kandinsky)
O Abstracionismo divide-se em:
Lírico: Forte ligação com a música, principalmente nas obras de Kandinsky que tinham como titulos:
improvisações, composições;
Geométrico: figuras geometricas quadrangulares, que nascem a partir de linhas horizontais e
verticais; utilização de cores primárias, combinadas com preto, branco e cinzento;
Arte não figurativa, na qual a representação das figuras e dos objetos dá lugar a uma combinação de
linhas, cores e formas, sem relação percétivel com a realidade natural; 2
Representa emoções e sentimentos do autor e desperta diferentes interpretações.

Futurismo (Severini)
Surgiu em Itália;
Não se considera uma corrente artistica, mas um movimento que surgiu com a publicação do
Manifesto de Marinetti;
Enaltecia o dinamismo e o progresso mecanico, marcado pela evolução tecnológica e pela realidade
urbana.
Rejeição do passado e da tradição, exaltação da sociedade industrial.
Fragmentação geométrica das formas para transmitir dinamismo;

Surrealismo (Max Ernst; Salvador Dalí)


Surgiu em Paris;
Movimento que tentou descrever o mundo do inconsciente e que procurava entender os sonhos e os
delirios.
Não se consegue encontrar uma explicação lógica e coerente para o que está pintado porque não é um
mundo real que está representado;
Tem atmosferas oníricas (que se manifestam através dos sonhos);
Representam imagens estranhas, irreais, deformações monstruosas, fantasmagóricas a par de figuras
reais

NOVAS CONCEÇÕES ARQUITETÓNICAS:

Nos últimos anos do século XIX, a Europa e os EUA adotaram tendências arquitetónicas muito diferentes, ainda que
ambas muito originais e inovadoras.

Os arquitetos americanos procuraram conceber e adequar os seus projetos às novas necessidades de crescimento do
espaço urbano e à sociedade industrial em expansão. Projetaram-se assim edifícios adaptados à função a que se

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destinavam e utilizaram novos materiais como o aço e o betão. Neste novo tipo de arquitetura, destacou-se Frank
Lloyd Wright, que seguindo a arquitetura orgânica, preocupava-se, sobretudo, em conciliar e harmonizar o espaço
interior e exterior dos edifícios com a paisagem onde eram inseridos.

Na Europa, onde a guerra tinha impedido o desenvolvimento da arquitetura, surgiu a Bahaus, uma nova escola de
artes que desempenhou um extraordinário papel no desenvolvimento de novas correntes estéticas, que ao nível da
arquitetura, quer do design, que pretendia a criação de objetos utilitários, artísticos e funcionais ao mesmo tempo, e
2
capazes de serem produzidos em série (industrialmente). Fundada na Alemanha, nela trabalhavam artistas, que
seguiam a máxima de “Mais é menos” ou “Função é forma”, que resultava na construção de edifícios limpos, uteis e
sem ornamentos.

AS NOVAS EXPERIÊNCIAS LITERÁRIAS:

As situações dramáticas vividas durante a 1ª Guerra Mundial e as alterações sentidas nos padrões sociais acabaram por
conduzir a uma visão desencantada da vida e uma crise de valores e de ideias. Muitos escritores, tocados pelas
experiencias vividas por milhares de pessoas, passaram a refletir na sua escrita o pessimismo e a deceção.

Outros denunciavam injustiças e opressões, dando voz aos desprotegidos através de romances, teatro, e da poesia,
como é o caso de John Steinbeck, Garcia Lorca e Ernest Hemingway.

MODERNISMO PORTUGUÊS:

No início do século XX, Portugal mantinha-se preso às tradições artísticas e românticas que tinham marcado todo o
século XIX.

 Pintura: Malhoa e Columbano (obras que não refletiam as grandes mudanças que começavam a ocorrer no
mundo artístico do ocidente);
 Arquitetura: continuava a revelar influências classicistas, apesar da qualidade de arquitetos como Raul Lino e
Ventura Terra;
 Literatura: espelhava uma tendência que evidenciava, sobretudo, a história e os costumes nacionais;

A nova mentalidade e os novos ideais culturais sentidos no resto da Europa e nos EUA acabariam por chegar a
Portugal. A partir de 1915, a publicação da Revista Orpheu, criada por diversos escritores e artistas como Fernando
Pessoa, Mário Sá-Carneiro e Almada Negreiros, e face à sua ousadia relativamente aos modelos enraizados, veio
“sacudir” algumas tradições culturais. Foi através desta publicação que entraram no país os movimentos europeus de
vanguarda, que ficaram conhecidos como Modernismo (Movimento artístico que se caracterizou pela rutura com as
tradições académicas e pela valorização da liberdade criativa).

Os movimentos de vanguarda passaram a destacar-se em Portugal, nas seguintes formas de arte e pelos seguintes
artistas:

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 Pintura: Amadeo de Souza-Cardoso, que se apropriou da geometrização das formas, das cores fortes e das
perspetivas distorcidas. Nos seus quadros é possível verificar características expressionistas, cubistas e
futuristas;
 Literatura: Fernando Pessoa; Raul Brandão; Aquilino Ribeiro; José Régio e Miguel Torga;
 Arquitetura: verifica-se a utilização de novos materiais, como o betão armado, verifica-se em edifícios como
a Casa de Serralves, no Porto (Arquiteto Marques da Silva); e no Instituto Superior Técnico em Lisboa
(arquiteto Pardal Monteiro); 2

CONCEITOS:

 Sovietes: conselhos/assembleias de operários, soldados e camponeses, com grande influencia nas decisões.
 Bolcheviques: membros do partido operário Social-Democrata Russo, no inicio do século XX.
 Nacionalização: transferência da propriedade de empresas privadas para empresas públicas. É uma medida de
caráter socializante.
 Coletivização: orientação político-económica que defende a produção e distribuição coletivas dos bens
económicos em oposição ao individualismo liberal e capitalista.
 Marxismo-Leninismo: aplicação do Marxismo (Teoria de Karl Marx) à realidade Russa, feita por Lenine.
 Ditadura do proletariado: período de transição entre a sociedade capitalista e o comunismo, que visava,
segundo Marx e Engels, a transformação do proletariado em classe dominante.
 Comunismo: fase superior do desenvolvimento do socialismo, que se atinge, segundo Karl Marx, quando
desaparecem por completo as classes sociais.

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