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Reprodução Animal Hafez, 6° Ed.
Reprodução Animal Hafez, 6° Ed.
animal
..
Frontispício: o início da vida. A trompa: espermatozóides e óvulos são transportados, simultaneamente, em
direção oposta; a hiperativação espermática e a maturação final dos óvulos são completadas antes do transporte
dos espermatozóides para a zona pelúcida e da fertilização.
reprodução
animal
""'1
Editado por
E.S.E. HAFEZ
Diretor Executivo
Reproductive Health Center
IVF/Andrology International
Kiawah Island, South Carolina, USA
6!!Edição
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'i1:I!!
EDITORA
MANOLE
LTDA.
.
~. CENTERBOOI(
~
Av Amazonas. 1810 . 38.405.302
Telelax (34) 3232-9650 I 3211.7385
. Rua Ralael MaMo Neto. 600 . li. 23
Telelax (34) 3214-9533. Uberlãndía.MG
prefácio
A primeira edição, publicada em 1962, criopreservação de embriões e do sêmen em
abordou os aspectos básicos e comparativos congeladores computadorizados. A maioria
da fisiologia da reprodução de um modo sim- das investigações revisadas nesta edição são
plificado a fim de atender às necessidades dos primordialmente baseadas em pesquisas
estudantes de biologia reprodutiva, de medi- holísticas do que naquelas aos níveis
cina veterinária e de ciências animais. Este submicroscópico ou molecular. Contudo, a
objetivo continua válido nesta sexta edição, excitação gerada pelos recentes avanços na
representando uma dissertação condensada biologia e desenvolvimento molecular tende
e concisa da fisiologia e da bioquímica da re- a diminuir o valor da pesquisa do animal como
produção dos animais domésticos. O livro está um todo. Não houve intenção de fornecer uma
dividido em seções principais e estas, por sua bibliografia detalhada, embora estejam sele-
vez, estão liberalmente classificadas em dois cionados no final de cada capítulo, alguns tra-
fatores dominantes: os componentes do siste- balhos clássicos e artigos de revisão.
ma reprodutivo e a regulação de seu proces- Esta edição não poderia ter sido revisada
so, desde o controle da ovulação até o início sem a cooperação de autores colaboradores e
do parto. O leitor irá notar as profundas dife- sua espontaneidade em seguir a orientação
renças entre as várias espécies animais. Para editorial. Os capítulos foram concisamente
direcionar este objetivo, abordamos aspectos editados e os conceitos principais foram re-
particulares das principais espécies quando sumidos em tabelas suplementadas por de-
julgados apropriados, de modo que o estudan- senhos lineares e microfotografias eletrôni-
te de reprodução possa verificar as semelhan- cas de varredura. Todos os capítulos foram
ças e as diferenças entre elas. totalmente revisados e condensados. Fizemos
Durante a última década houve significa- muitos cortes da quinta edição, assim como
tivos avanços nos principais conceitos da re- introduzimos conceitos novos e modernos,
produção animal, resultantes de como os "fatores do crescimento", genética e
biotecnologias modernas como a imunologia biologia molecular e micromanipulação "in
e o radioimunoensaio; andrologia; bioquími- vitro" de gametas e embriões.
ca; criobiologia; culturas de tecidos, de órgãos Alguns apêndices tabulados incluem: nú-
e de células; os hormônios libera dores mero de cromos somos e habilidade
gonadotróficos e seus análogos. Técnicas mo- reprodutiva nas espécies bovina, caprina,
dernas da bioengenharia dos animais domés- equina e alguns de seus híbridos; doenças da
ticos envolvem a microinseminação, a reprodução de origem virótica, protozoária ou
recombinação do DNA, e a manipulação "in bacteriana; preparo de soluções fisiológicas,
vitro", transferência e expressão de genes. corantes de espermatozóides, meios de cultu-
Estas técnicas foram enormemente melhora- ra de tecidos e crioprotetores. Estes apêndi-
das com a utilização de computadores, ces demonstraram sua utilidade em demons-
microcomputadores e "kits" analíticos e de trações e exercícios de laboratório, em cursos
diagnóstico, disponíveis comercialmente. de treinamento para professores, técnicos de
Uma grande variedade de técnicas tem sido laboratório e estudantes. Esperamos que a
empregadas para estudo do sêmen, tais como sexta edição possa ajudar alunos dedicados
a avaliação da habilidade fertilizante do às ciências animais e à medicina veterinária,
espermatozóide utilizando a zona livre do ovo assim como aos pesquisadores e professores.
de hamster (fresco ou congelado); o padrão de
motilidade através da microscopia com
videotape; a penetrabilidade "in vitro" do E.S.E. Hafez
espermatozóide no muco cervical bovino e a Kiawah Island, South Carolina, USA
vii
con teúdo
4. Ciclos Reprodutivos 95
E.S.E. Hafez
xiii
xiv Conteúdo
Apêndices 551
Índice 569
I. anatomia funcional
da reprodução
1
ANATOMIA DA REPRODUÇÃO MASCULINA
RR ASHDOWN e E.S.E. HAFEZ
3
4 Anatomia Funcional da Reprodução
TOURO
'I'
~fiijj~~
vg
'te
FIG. 1.1. Diagr.ama do trato reprodutivo masculino visto em dissecção lateral esquerda. a, Ampola; bu, glândula
bulbouretral; capo e, cabeça do epidídimo; caud. e, cauda do epidídimo; cp, pedúnculo esquerdo do pênis, separado do
ísquio esquerdo; dd, duto deferente; ds, divertículo dorsal do prepúcio; es, prepúcio externo; te, extremidade livre do
pênis; is, prega prepucial;pg, glândula prostática; r, reto; rp, músculo retratar do pênis; s, escroto; sf, flexura sigmóide;
t, testículo; up, processo uretral; vg, glândula vesicular. (Adaptado de Popesko (1968). Atlas der topographischen
Anatomie der Haustiere. VoI. 3, Jena, Fischer.)
genitália pélvica e para os músculos lisos do ao duto mesonéfrico, para formar o epidídimo,
pênis. Nervos sacros suprem fibras motoras o duto deferente e a glândula vesicular. A
para os músculos estriados do pênis e fibras próstata e as glândulas bulbouretrais for-
sensitivas para a extremidade livre do pênis. mam-se a partir do sinus urogenital embrio-
Fibras aferentes do escroto e do prepúcio di- nário e o pênis forma-se pela tubulação e alon-
rigem-se principalmente ao nervo genito- gamento de um tubérculo que se desenvolve
femoral. no orifício do sinus urogenital.
Dois agentes produzidos pelos testículos
DESENVOLVIMENTO fetais são responsáveis por esta diferencia-
ção e desenvolvimento (Gondos, 1980).
Desenvolvimento Pré-natal Andrógenos fetais são responsáveis pelo de-
senvolvimento do trato reprodutivo masculi-
Os testículos desenvolvem-se no abdômen, no. A "substância.inibidora MüIleriana", uma
medialmente ao rim embrionário (meso- glicoproteína, é responsável pela supressão
nefros). O plexo de dutos dentro do testículo dos dutos paramesonéfricos (MüIlerianos) a
liga-se aos túbulos mesonéfricos e deste modo partir dos quais desenvolvem-se o útero e a
Anatomia da Reprodução Masculina 5
vagina (Vigier et aI., 1983). Anormalidades testis. O tempo de descida varia (Tabela 1-1).
na diferenciação e no desenvolvimento das No garanhão, o epidídimo comumente pene-
gônadas e dos dutos podem resultar em va- tra no canal inguinal antes do testículo e a
riados graus de intersexualidade (Hare e porção do ligamento inguinal que liga os tes-
Singh, 1979). tículos e epidídimos (ligamento próprio do
testículo) permanece extensa até após o nas-
Descida dos Testículos cimento.
Ocasionalmente, o testículo pode falhar de
Durante a descida testicular (Wensing, entrar no escroto. Nesta condição (crip-
1986), a gônada migra caudalmente dentro torquidismo) as necessidades térmicas espe-
do abdômen para o anel inguinal interno. ciais dos testículos e epidídimos não são su-
Atravessa então a parede abdominal, emer- pridas, embora a função endócrina dos
gindo no anel inguinal superficial, que é na testículos não seja prejudicada. Por esta ra-
realidade, o forame muito aumentado do ner- zão machos criptorquídeos bilaterais demons-
vo genitofemoral (L3, L4). O testículo com- tram desejo sexual mais ou menos normal,
pleta a migração localizando-se totalmente no mas são estéreis. Ocasionalmente alguma
escroto. A descida é precedida pela formação víscera abdominal passa através do processo
doprocesso vaginal, uma dilatação peritoneal vaginal e penetra no escroto; a hérnia escrotal
que se estende através da parede abdominal é particularmente comum em suínos.
envolvendo o ligamento inguinal do testícu-
lo. O ligamento inguinal da gônada é Desenvolvimento Pós-natal
comumente chamado de gubernaculum testis
e termina na região dos rudimentos escrotais. Cada componente do trato reprodutivo de
A descida obedece a linha do gubernaculum todos os animais domésticos cresce em tama-
Descida testicular Entra no escroto na Entra no escroto na Entra no escroto na Entra no escroto antes
metade da vida metade da vida última quarta ou logo após o
escrotal escrotal parte da vida nascimento
fetal
Espermatócitos 24 semanas 12 semanas 10 semanas Variável nos túbulos
primários nos seminíferos de cada
túbulos testículo
seminíferos
Espermatozóides 32 semanas 16 semanas 20 semanas 56 semanas (variável)
nos túbulos
seminíferos
Espermatozóides 40 semanas 16 semanas 20 semanas 60 semanas (variável)
na cauda do
epidídimo
Espermatozóides 42 semanas 18 semanas 22 semanas 64-96 semanzas
na ejaculação
Acabamento de 32 semanas >10 semanas 20 semanas 4 semanas
separação
entre o pênis e
a porção
peniana do
prepúcio
Idade em que o 150 semanas >24 semanas 30 semanas 90-150 semanas
animal pode (variável)
ser considera-
do sexualmen-
te "maduro"
6 Anatomia Funcional da Reprodução
Termorregulação Testicular
Túnica albugínea Cápsula espessa e branca de tecido conjuntivo circundando o testículo; constituída
principalmente de séries interlaçadas de fibras colágenas com núcleos alongados
e planos dos fibroblastos.
Túbulos seminíferos Aparecem como grandes estruturas isoladas, perfis arredondados ou oblongos,
aparência variável devido ao complexo espiralado dos túbulos em muitos
diferentes ângulos e níveis. Entre os túbulos situam-se vasos sanguíneos de
diâmetro variável (menores do que os túbulos) agrupados com eritrócitos e
embutidos em pequenas massas de células intersticiais (Leydig), que produzem
os hormônios sexuais masculinos. Cordões de tecido conjuntivo formam uma
fina camada ao redor de cada túbulo.
Espermatogônias Localizam-se na região mais afastada do túbulo; núcleos arredondados aparecem
como uma camada irregular dentro do tecido conjuntivo circundante. Os núcleos
podem ser reconhecidos com corante escuro, de tamanho pequeno, devido à
presença de grande número de grânulos de cromatina.
Espermatócitos primários Localizados no interior de uma camada irregular de espermatogônias e células de
Sertoli; os núcleos são sensivelmente maiores do que os das espermatogônias e
coram-se de maneira mais clara, embora ainda possuam uma quantidade
considerável de cromatina granular.
Espermatócitos secundários Divisões de maturação e espermatócitos secundários não são visualizados no túbulo
médio devido à curta duração destes estágios.
Espermátidas Localizadas internamente aos espermatócitos primários. As células são pequenas
e arredondadas com núcleos claros à coloração. Camadas de espermátidas podem
ser várias células em espessura. Os espermatozóides situam-se ao longo da
margem da luz; suas caudas longas estendem-se para o interior da cavidade
como estruturas filamentosas, com as cabeças aparecendo como pequenos pontos
escuros à coloração ou como linhas curtas. As cabeças espermáticas estão
acomodadas em profundas reentrâncias da superficie da célula de Sertoli, porém
na realidade, nunca dentro do citoplasma.
Células de Sertoli Grandes e relativamente claras, excetuando-se os nucléolos proeminentes e
escuros à coloração. O citoplasma é difuso, com limites indefinidos.
FIG. 1-4. A, Superfície luminal de um duto eferente com células cHiadas e não-cHiadas e um
espermatozóide. B, Microvilosidades curtas na superfície luminal de células não-ciliadas nos dutos
eferentes. Uma gota citoplasmática (CD), o acrossomo (A) e a peça intermediária (MP) são visualizados
por SEM (6.500 X). C, Corte transversal da cauda distal do epidídimo. Camadas espessas de músculo
liso circundam o epitélio totalmente sem dobras (25 X). D, Corte sagital do corpo do epidídimo. Células
colunares cobertas de estereocílios. As ondulações são devido às diferenças de altura celular (276 X).
(Johnson, L. et aI. (1978). Am.J.Vet.Res. Cortesia do Dr. Larry Johnson.)
A porção média de cada duto eferente mos- coincidem com as regiões anatômicas
tra marcante atividade secretora (Goyal et aI., macroscópicas (Amann, 1987).
1988). O duto convoluto do epidídimo é bas- Existe uma diminuição progressiva na al-
tante longo (touro, 36 m; cachaço, 54 m). Ca- tura do epitélio e dos estereocílios e um alar-
racterísticas histológicas estão demonstradas gamento da luz através dos três segmentos.
na Figura 11-4. A parede do duto do epidídimo Os dois primeiros segmentos estão relaciona-
tem uma camada proeminente de fibras mus- dos com a maturação espermática, enquanto
culares circulares e um epitélio pseudo- que O segmento terminal serve para
estratificado de célulàs colunares. armazenamento espermático. A camada
Histologicamente, podem ser reconhecidas epitelial do epidídimo consiste de diferentes
três regiões do duto do epidídimo; estas não espécies de células; células colunares princi-
10 Anatomia Funcional da Reprodução
pais, pequenas células basais sobre a mem- separada de peritônio; nestas condições, ele é
brana basal e alguns linfócitos. prontamente separável do resto do cordão
A luz dos túbulos epididimários é delineada espermático (Figs. 1-2, 1-3).
com epitélio feito de uma camada basal de A mucosa do duto deferente é atirada para
pequenas células e uma camada superficial dentro de dobras longitudinais. Próximo à
de células ciliadas colunares altas. Massas de extremidade final do epidídimo, o epitélio as-
espermatozóides são frequentemente encon- semelha-se ao deste órgão. As células não-
tradas na luz. Os espaços entre os túbulos são ciliadas apresentam pouca atividade
preenchidos com tecido conjuntivo frouxo. secretora. A luz é delineada com epitélio
O duto deferente deixa a cauda do pseudo-estratificado. A ampola do duto defe-
epidídimo e fica sustentado em uma dobra rente é abastecida com ramos de glândulas
Anatomia da Reprodução Masculina 11
a vg
pel. ti
FIG. 1-6. Diagrama mostrando a disposição das glândulas que descarregam dentro da uretra pélvica do
touro. a, Ampola; bu, glândula bulbouretral; dd, duto deferente; pb, corpo de glândula prostática; pd,
porção disseminada da glândula prostática; Fel. u, uretra pélvica; pen.u, uretra peniana; u, ureter; ub,
bexiga; ug, glândula vesicular
desta espécie. Nos ruminantes e no porco, os e são caracterizadas por alto conteúdo de
dutos das glândulas bulbouretrais abrem-se ergotioneína e inositoI.
para dentro do recesso uretral, situado Os espermatozóides da cauda do epidídimo
dorsalmente (Garrett, 1987), o que pode im- são capazes de fertilizar quando inseminados
pedir a passagem de um cateter nessas espé- sem a adição de secreções das glândulas aces-
CIes. sórias. A fração gelatinosa do sêmen de porco
Glândulas Uretrais. O touro carece de forma um tampão na vagina das fêmeas co-
glândulas uretrais comparáveis às encontra- bertas, embora na prática da inseminação
das no homem (Kainer et aI., 1969). Glându- comercial esta fração seja removida do sêmen
las com essa denominação no cavalo têm sido por filtração.
consideradas como comparáveis à próstata Nas grandes espécies animais é possível a
disseminada dos ruminantes, porém no por- palpação das glândulas acessórias por via
co, a próstata disseminada e as glândulas retaI. As posições dessas glândulas em rela-
uretrais são histologicamente distintas ção a pelve óssea são mostradas na Figura 1-
(McKenzie ét aI., 1938). 7.
No porco, o tamanho das glândulas bulbo-
Função uretrais pode ser utilizado para diferenciar o
criptorquidismo da situação de castração.
Apesar de fornecer um veículo líquido para Após a castração pré-puberal, as glândulas
o transporte dos espermatozóides, a função bulbozuretrais são pequenas; com 100 kg de
das glândulas acessórias é obscura, embora peso corpóreo, cada glândula apresenta cer-
muito se saiba sobre os agentes químicos es- ca de 5 cm de comprimento e pesa menos de 1
pecíficos com que elas contribuem para as g. Em porcos com testículos retidos, as glân-
ejaculações (Spring-Mills e Hafez, 1979, dulas são de tamanho normal; cada uma apre-
1980). A frutose e o ácido cítrico são compo- senta acima de 10 cm de comprimento e pesa
nentes importantes da secreção das glându- 45 g quando o animal atinge 100 kg de peso
las vesiculares dos ruminantes domésticos. corpóreo (Lauwers et aI., 1984). Estas dife-
Somente o ácido cítrico é encontrado nas glân- renças podem ser facilmente sentidas, ven-
dulas vesiculares do equino; as glândulas tralmente ao reto, com um dedo inserido no
vesiculares dos suínos contêm pouca frutose ânus (Fig. 1-7).
Anatomia da Reprodução Masculina 13
dd
dd
ub
a a
vg vg
bu
ic
TOURO CARNEIRO
dd
ub
a
vg
pb
bs
INTEIRO CASTRADO
VARRÕES GARANHÃ O
FIG. 1-7. Diagrama das genitálias pélvicas, dentro dos ossos pélvicos, vistos dorsalmente. (As porções
craniais do ílio foram removidas.) a, Ampola; bs, músculo bulboesponjoso; bu, glândula bulbouretral; dd,
duto deferente; ic, músculo isquiocavemoso;pb, corpo da glândula prostática;pel. u, uretra; rp, músculo
retrato r do pênis; ub, bexiga; ug, glândula vesicular. (Diagramas de touro, varrão e garanhão copiados
de Nickel (1954). Tierãrztl. Umschau 9, 386.)
14 Anatomia Funcional da Reprodução
ic
cp
ccp
da!
rp
-----...
~
FIG. 1.8. Diagrama mostrando os mecanismos da ereção em um ruminante. (1) Vaso dilatação da artéria
peniana (ap) aumenta o fluxo sanguíneo para os espaços cavernosos do pedúnculo peniano (ep) através
da artéria profunda do pênis (app). (2) "Bombeamento" de contrações do músculo isquiocavernoso (ie)
puxa o pedúnculo peniano em direção cranial contra o arco isquiático (ai), ocluindo as veias profundas
(app, vpp) e comprimindo o pedúnculo peniano. (3) Compressão do pedúnculo peniano força a saída do
sangue para o eorpus eavernosum penis (eep), através dos espaços cavernosos longitudinais ("canais da
ereção"; lee), elevando a pressão intracorpórea a níveis bastante altos. (4) Preenchimento de tecido
cavernoso dorsal especial (set) na curvatura distal da flexura sigmóide elimina a flexura à medida que o
músculo retrato r do pênis (rp) relaxa. (5) Término do "bombeamento" de contrações do músculo
isquiocavernoso permite que o sangue reflua para os espaços cavernosos do pedúnculo peniano, drenando
assim através das veias penianas profundas (vpp) para a veia peniana (vp). O diagrama mostra inclu-
sive o ligamento apical dorsal (dal).
pu
vp
bs
abp
bp
ai
vpe
csp
up
'
FIG. 1-9. Diagrama mostrando os mecanismos de ejaculação de um ruminante. (As flexas mostram a
direção do fluxo venoso). (1) Vaso dilatação da artéria peniana (ap) aumenta o fluxo sanguíneo para os
espaços cavernosos do bulbo peniano (bp) via artéria do bulbo peniano (abp). (2) "Bombeamento" de
contrações do músculo bulboesponjoso (bs) comprime o bulbo peniano e força o sangue deste para o
corpus spongiosum penis (csp), produzindo ondas de pressões ao longo do comprimento do corpo cavernoso.
(3) Cada onda de pressão passando abaixo do corpus spongiosum penis resulta em drenagem venosa dos
espaços cavernosos distais para a veia dorsal do pênis (udp), e deste modo para a veia pudenda externa
(upe), e/ou veias penianas (up). Nota: o bulbo peniano é drenado por veias do bulbo peniano (ubp). (4) A
uretra peniana (pu) percorre o corpus spongiosum penis terminando o processo uretral (up) e por este
motivo é comprimida de modo "peristáltico" por ondas de pressão no corpo cavernoso. Estando vazios os
componentes da uretra, ocorre a ejaculação.
Em animais adultos normais, touros, car- Quando o pênis do touro está em protrusão, o
neiros, bodes, cachaços e garanhões, não se prepúcio fica evertido e esticado sobre o ór-
encontram veias drenando os níveis distais gão. A arquitetura fibrosa do tegumento
do corpus cavernosum penis (Ardalani e peniano faz com que o pênis fique em forma
Ashdown, 1988), sendo que isto facilita o de- de hélice quando o tegumento é estirado (Fig.
senvolvimento da pressão de ereção no órgão. 1-10A2); o orifício uretral adquire l}l1la posi-
Falhas na ereção (impotência) são ção anti-horária de 3000 quando se dá a
consequentes de defeitos estruturais que afe- ejaculação (Ashdown e Smith, 1969; Sei dei e
tam o mecanismo representado na Figura 1- Foote, 1969). Em serviço normal, isto ocorre
8, mais do que por causas psicológicas após a penetração. Caso ocorra antes que o
(Glossop e Ashdown, 1986). A pressão eleva- pênis penetre no vestíbulo, a penetração não
da no corpus cavernosum produz considerá- se completa.
vel alongamento do pênis em ruminantes e A penetração do pênis do touro dura cerca
suínos com pouca dilatação (Ashdown et aI., de dois segundos e o enrijecimento após o
1981). A distensão dos espaços cavernosos do desembainhamento, com frequência ocorre
corpus cavernosum penis, especialmente abruptamente assim que o ligamento dorsal
aqueles localizados na curvatura distal da apical assegura sua ação de conservar o pê-
flexura sigmóide, elimina a flexura à medida nis reto. O recolhimento do pênis para den-
que os músculos retratores do pênis relaxam. tro do prepúcio dá-se após cessar a pressão
nos espaços cavernosos. A arquitetura fibro-
sa do corpus cavernosum penis na região da
G Garanhão
curta duração. No garanhão, a inserção per-
dura por vários minutos.
Emissão e Ejaculação
/ Cão
delphia, Lea & Febiger.)
Cobaia
18 Anatomia Funcional da Reprodução
(De Hammer, C.E., 1970. The semen. In Reproduction and Breeding Techniques for Laboratory Ani-
mais. E.S.E. Hafez [ed.], Philadelphia, Lea & Febiger.)
(nervo perineal profundo). Aeletroejaculação Durante a ejaculação (ver Fig. 1-9), o mús-
em animais domésticos não passa de uma culo bulboesponjoso comprime o bulbo
imitação imperfeita dos complexos mecanis- peniano, bombeando sangue deste órgão para
mos naturais. Durante a monta natural, as dentro do restante do corpus spongiosum
terminações sensitivas do nervo no tegumento penis. Diferentemente do corpus cavernosum
peniano, bem como os tecidos profundos penis, este corpo cavernoso é normalmente
penianos são essenciais ao processo da drenado por veias distais; as pressões máxi-
ejaculação. Os nervos aferentes estendem-se mas registradas durante a ejaculação são
no nervo dorsal do pênis. muito menores do que aquelas no corpus
A passagem de sêmen através dos dutos cavernosum penis (Beckett, 1983). As ondas
deferentes é contínua durante a inatividade de pressão que passam por baixo da uretra
sexual. Prinz e Zaneveld (1980) sugeriram peniana podem ajudar a transportar a
que durante o descanso sexual um complexo ejaculação. As modificações de pressão no
ocasional ou um processo cíclico de remoção corpus spongiosum penis durante a ejaculação
espermática da cauda do epidídimo podem são transmitidas ao corpus spongiosum
ajudar a regulação das reservas de sêmen. A glandis; a glande peniana aumenta de tama-
excitação sexual e a ejaculação são acompa- nho no carneiro, bode e garanhão, porém não
nhadas por contrações da cauda do epidídimo no touro.
e dos dutos deferentes, aumentando propor-
cionalmente o fluxo, seguido porém por mo- ANIMAIS DE LABORATÓRIO
vimentos do fluido espermático retrograda-
Diferenças entre espécies quanto aos ór-
mente para dentro do epidídimo e por uma
gãos reprodutivos estão resumidas na Figu-
redução no nível do fluxo por 10 a 20 horas
ra 1-11. O relativamente grande canal
após a ejaculação. Apesar de tudo, a quanti-
inguinal e o processo vaginal em roedores e
dade de espermatozóides que passa pelos lagomorfos está associado com considerável
dutos deferentes não é aumentada pela ativi-
mobilidade dos testículos e epidídimos em
dade sexual.
animais adultos. Estes órgãos podem mover-
A contração muscular da parede do duto é
. se de uma total posição escrotal para uma
controlada pelos nervos simpáticos autôno- também total posição abdominal. Diferenças
mos do plexo pélvico derivado dos nervos de tamanhos relativos das glândulas acessó-
hipogástricos. Em garanhões normais, o estí- rias estão refletidas nas características do
mulo do receptor-a. e o bloqueio do receptor-~ sêmen (Tabela 1-3).
aumentam a concentração espermática no
ejaculado (Klug et aI., 1982). A emissão de REFERÊNCIAS
sêmen do duto para dentro da uretra é acom-
panhada por contração muscular das ampo- Abou-Elmagd, A. and Wrobel, K.H. (1990). The epi-
las dos dutos deferentes. theliallining of the bovine ejaeulatory duetoAeta
Anatomia da Reprodução Masculina 19
tis and epididymis of the boar. J. Reprod. Fertil. til. 69, 207.
63, 551. Weber, J.A., Geary, R.T. and Woods, G.L. (1990).
Vazama, F., Nishida, T., Kurobmara, M., and Hay- Changes in accessory sex glands of stal1ions after
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testis barrierin the boar. Jap. J. VetoSei.50,1259. Med. Assoe. 196, 1084.
Vigier, B., Tran, D., duMesuil du Brusson, F., Hey- Wensing, c.J.G. (1986). Testicular desCÊmt in the rat
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antibody techniques to study the ontogeny of that in the pig. Anat. Rec. 214, 154.
bovine anti-MüIlerian hormone. J. Reprod: Fer-
2
ANATOMIA DA REPRODUÇÃO FEMININA
E.S.E.HAFEZ
c B Ut.
Ov.A
A
-Ob.
FIG. 2-1. Secção sagital através da região pélvica (vista do lado esquerdo) mostrando as relações dos
tratos do reto e urogenital, as bolsas do peritônio pélvico, e as uniões dos músculos abdominais ao tendão
pré-púbico na ovelha. A, aorta; B, bexiga; Br. L, ligamento largo do útero; C, cérvice; O, ovário; Ob.,
músculo oblíquo interno; Ou., trompa; Ou.A, artéria ovariana; Ou.L, ligamento ovariano; P, tendão pré-
púbico;R, reto; U, uretra; Ur, ureter; Ut. A, artéria uterina; V, vagina.
A.T.
V.D.
A.E.
V.E.
G
5.1.
R.T. Ep.
T.A.
T.
U-G.5.
cf ~
FIG. 2-2. Diagrama representando a diferenciação embrionária dos sistemas genitais masculino e femi-
nino. (Centro) Sistema indiferenciado com grande mesonefro, duto mesonéfrico, duto de MüIler e gônada
indiferenciada. Notar que os dutos de MüIler e mesonéfrico se cruzam antes de entrar no cordão genital.
(Direita) Sistema feminino em que o ovário e os dutos de MüIler se diferenciam enquanto que os rema-
nescentes do mesonefro e dos dutos mesonéfricos se atrofiam no epoóforo, paroóforo e duto de Gartner.
(Esquerda) Sistema masculino, em que os testículos e os dutos mesonéfricos (de Wolfl) se diferenciam; os
únicos remanescentes dos dutos de MüIler são o apêndice testicular e o utrículo prostático (vagina
masculina).
A Ampola G.C. Cordão genital Paro Paroóforo
AE. Apêndice do epidídimo Gl. Glomérulo Pro. Pronefro
AT. Apêndice do testículo G.S. Sinus genital R.T. Rete tubules
B Bexiga I. Istmo S.T. Túbulos seminíferos
C Cérvice M Medula do ovário T. Testículo
Co Córtex ovariano Mes.D. Duto mesonéfrico T.A Artéria testicular
Ep. Epidídimo Mest. T Túbulos mesonéfricos U Útero
Epo. Epoóforo Mül.D. Duto de MüIler U-G.S. Sinus urogenital
Epo. D. Duto do epoóforo O Ovário VA Apêndice vesicular
F Fímbrias O.G. Duto de Gartner obliterado VD. Vaso deferente
G Gônada (indiferenciada) O.Mül. Duto de MüIler obliterado. VE. Vasos eferentes
ovário para formar os folículos primordiais. guras 2-1 até 2-7. A forma e tamanho do ová-
De início estes estão espalhados pelo ovário, rio variam com a espécie animal e com a fase
porém no recém-nascido, eles tornam-se lo- estral (Tabela 2-2). Em bovinos e ovinos o
calizados na zona cortical periférica, debaixo ovário tem forma de amêndoa, enquanto nos
da túnica albugínea e circundando a 'medula equinos ele tem forma de feijão, devido a pre-
vascular. sença de uma definida fossa de ovulação, uma
A estrutura e a ultra-estrutura do ovário chanfradura na borda unida do ovário. O ová-
dos animais domésticos acham-se resumidas rio de porcas assemelha-se a um cacho de uvas
e ilustradas nas Tabelas 2-2 e 2-3; e nas Fi- em decorrência dos folículos salientes e dos
24 Anatomia Funcional da Reprodução
Gônada
Córtex Regride Ovário
Medula Testículo Regride
Dutos de MüIler Vestígios Útero, trompas, parte da vagina
Dutos de Wolff Epidídimos, vasos deferentes Vestígios
Sinus urogenital Uretra, próstata, glândulas bulbouretrais Parte da vagina, uretra
'fubérculo genital (falo) Pênis Clitóris
Pregas vestibulares Escroto Lábios
corpos lúteos que obscurecem o tecido ovaria- regressão. (Tabela 2-3). O tecido conjuntivo
no subjacente. do córtex contém muitos fibroblastos, algu-
A parte do ovário não-ligada ao mesovário mas fibras colágenas e reticulares, vasos san-
fica exposta e saliente na cavidade abdomi- guíneos, vasos linfáticos, nervos e fibras mus-
nal. O ovário composto de medula e córtex, é culares lisas.
circundado pelo epitélio superficial, Fluxo Sanguíneo do Ovário. O padrão
comumente conhecido como epitélio vascular do ovário modifica-se com as dife-
germinativo (Fig. 2-3). A medula ovariana rentes situações hormonais. Variações na ar-
consiste de tecido conjuntivo fibroelástico e quitetura dos vasos permitem adaptação do
regularmente distribuído e de nervos exten- suprimento sanguíneo às necessidades do ór-
sivos e sistemas vasculares que atingem o gão. A distribuição relativa de sangue entre
ovário pelo hilo (união entre o ovário e os vários compartimentos do ovário é altera-
mesovário). As artérias são distribuídas de da sem que o suprimento sanguíneo total seja
forma espiralada definida. O córtex ovariano afetado.
contém folículos ovarianos e/ou corpos lúteos A distribuição intra-ovárica de sangue pas-
em vários estágios de desenvolvimento ou sa por notáveis modificações durante o perío-
Anatomia da Reprodução Feminina 25
H.
I.c.
FIG. 2-3. Diagrama composto do ovário de mamífero. São indicados os estágios progressivos da diferen-
ciação de um folículo de Graaf (da esquerda superior para a direita superior). O folículo maduro pode
entrar em atresia (direita inferior) ou ovular e formar um corpo lúteo (esquerda inferior).
Af, Folículo atrésico; C.a., corpus albicans; C.l., corpo lúteo; G.e., epitélio germinativo; G.f, folículo de
Graaf; H, hilo; I.c., células intersticiais; Pf, folículo primário; S.f, folículo secundário; T.a., túnica
albugínea; T.f, folículo terciário. (Parcialmente adaptado de Turner (1948). General Endocrinology.
Philadelphia, W.B. Saunders.)
do pré-ovulatório. Em ovelhas o fluxo venoso matura regressão do corpo lúteo. Por ocasião
ovariano cai de cerca de 8 ml/minuto 73 dias da luteólise em ovelhas ocorre uma redução
antes da ovulação para 2 ml/minuto durante no fluxo sanguíneo ovariano, assim como um
o cio. Uma queda correspondente no fluxo aumento na passagem entre arteríolas e
sanguíneo arterial do ovário por minuto é vênulas dentro do ovário (Niswender et aL,
concomitante a um brusco declínio no fluxo 1976).
de liIÜa do ovário (Moor et aL, 1975). O fluxo sanguíneo para o ovário bovino é
O fluxo sanguíneo arterial para o ovário maior durante a fase luteínica, diminui com
varia em proporção à atividade luteínica. As a regressão do corpo lúteo e atinge um ponto
modificações hemodinâmicas parecem ser máximo antes da ovulação. O fluxo sanguí-
importantes no controle da função e duração neo ovariano aumenta com o desenvolvimen-
do corpo lúteo (CL). Assim, modificações no to do corpo lúteo recentemente desenvolvido.
fluxo sanguíneo precedem o declínio na se- O declínio do fluxo sanguíneo parece seguir
creção de progesterona, enquanto que a res- uma queda abrupta na época de regressão do
trição do fluxo sanguíneo ovariano causa pre- corpo lúteo (Wise et aL, 1982). Os linfáticos
26 Anatomia Funcional da Reprodução
Epitélio superficial Uma camada superficial de epitélio frouxo (comum e incorretamente conhecido
por epitélio germinativo) com abundantes microvilosidades.
Túnica albugínea Tecido conjuntivo fibroso e denso cobrindo todo o ovário logo debaixo do epitélio
superficial. As células de tecido próximas à superfície são dispostas
grosseiramente paralelas à superfície ovariana e são algo mais densas do
que as células dispostas em direção à medula.
Córtex ovariano Contém vários folículos primários (com oócitos em estado quiescente) e poucos
folículos grandes. Durante cada ciclo estral, um número variável de folículos
passa por rápido crescimento e desenvolvimento, culminando no processo
da ovulação.
Medula ovariana Tecido conjuntivo frouxo que contém nervos, linfáticos, e vasos sanguíneos
tortuosos e com parede fina, fibras colágenas e elásticas, fibroblastos e
células musculares lisas dispersas.
Estroma ovariano Pobremente diferenciado, células semelhantes às embrionárias-
mesenquimatosas capazes de sofrer alterações morfológicas complexas
durante a vida reprodutiva; as células do estroma podem originar as células
da teca interna ou as células intersticiais.
Musculatura lisa As células musculares lisas estão presentes em todo ovário, especialmente no
estroma cortical onde se entremeiam com as células da teca. As células
mióides ovarianas são similares às musculares lisas de outros tecidos.
Estas células contêm grande número de microfilamentos dispostos em feixes
característicos e também vesículas micropinocitóticas localizadas logo
abaixo do plasmalema Os receptores colinérgicos das células musculares
lisas podem mediar a contração do folículo de Graaf. Assim as células
musculares lisas e os elementos nervosos podem estar diretamente
envolvidos na ovulação. A presença de células musculares lisas,
especialmente nas regiões perifoliculares, pode estar envolvida na
"compressão do folículo" durante a ovulação.
Folículos ovarianos
Folículo primário Um oócito envolvido por uma única camada de células foliculares planas ou
cubóides e circundado por tecido intersticial.
Folículo em crescimento Oócito com diâmetro aumentado e maior número de camada de células
foliculares; a zona pelúcida está presente ao redor do oócito.
Folículo secundário Células granulosas planas do folículo primordial ou unilaminar proliferam,
assumindo uma aparência irregular, poliédrica.
Folículo terciário (vesicular) Sob a influência das gonadotrofinas hipofisárias, as células granulosas dos
folículos de múltiplas camadas secretam um fluido, o líquor folicular, que
se acumula nos espaços intercelulares. A continuada secreção e acúmulo
do líquor folicular resulta na dissociação das células granulosas, que causa
a formação de uma cavidade cheia de fluido -o antro. A zona pelúcida é
circundada por uma massa sólida de células foliculares radiais, formando
a corona radiata.
Folículo de Graaf As células foliculares aumentam de tamanho; o antro está cheio de fluido
folicular (líquor folicular). O oócito é pressionado para um lado, circundado
por um acúmulo de células foliculares (cumulus oophorus); em qualquer
parte da cavidade folicular um epitélio de espessura regularmente uniforme,
. chamado membrana granulosa, se formou. Formaram-se também a teca
interna e a teca externa.
Folículo pré-ovulatório Uma estrutura semelhante a vesículas projetando-se da superfície ovariana
devida à rápida acumulação de fluido folicular e adàgaelçamento da camada
granulosa. O viscoso líquor folicular é formado das secreções das células
granulosas e proteínas plasmáticas transportadas para dentro do folículo
por transudação. O cumulus oophorus destaca-se dentro do estrato
granuloso adelgaçado e extensivamente dissociado. O oócito permanece
livre no líquor folicular, circundado por uma massa irregular de células.
Grandes modificações ocorrem a nível subcelular, particularmente no
Anatomia da Reprodução Feminina 27
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nece apenas uma cicatriz visível do tecido
conjuntivo. Remanescentes dos corpus
albicans bovino persistem durante vários ci-
C
5 clos sucessivos. O corpo lúteo bovino do ciclo
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ovulação
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cio, e seu tamanho pode ser diminuído pela
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FIG. 2-4.llustração diagramática das modificações
morfológicas d~ ovário bovino durante o ciclo estral. a b c
1, Folículo maduro; 2, corpo lúteo em regressão (cor FIG. 2-5. Diagrama mostrando a organização ce-
castanho-atijolada); 3, folículo colapsado - super- lular do corpo lúteo da ovelha. a, Corpo
fície pregueada e paredes tintas de sangue; 4, cor- hemorrágico; b, corpo lúteo do segundo dia após o
po lúteo em regressão (amarelo- claro); 5, corpos cio; c, corpo lúteo do quarto dia após o cio. Os va-
lúteos gêmeos - certa hemorragia; 6; corpo lúteo sos sanguíneos são representados em negro. f. 1.,
em regressão (amarelo-claro); 7, corpo lúteo de Coleção de fluido folicular; g.l., células luteínicas
diestro; 8, o maior folículo; 9, corpus albicans. (Co- da membrana granulosa ; t.i., teca interna; t.e., teca
piado de Arthur (1964). Wright's Obstretrics. externa. (Adaptado de Warbritton (1934). J.
London, Bailliere, Tindall & Cox.) Morphol. 56, 181.
Anatomia da Reprodução Feminina 29
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Artéria Ovariana
(útero-ovariana)
FIG. 2-8. (Esquerda) Anatomia da vasculatura ovariana bovina e localização de cateter venoso com
anastomose entre a veia e a artéria ovariana. (Wise, J.H. et aI, 1982). Função ovariana durante o ciclo
estral da vaca. J.Anim. Sei. 55: 627-637.) Fluxo ovariano sanguíneo e nível de liberação de progesterona.
(Direita) Modelo hipotético simulando a interação do embrião, do útero e do corpo lúteo durante a luteólise
e o início da gestação. Grandes células luteínicas (LG); pequenas células luteínicas (SM). (Silva et aI.
(1984). Mecanismos moleculares e celulares envolvidos na luteólise e no reconhecimento materno da
gestação na ovelha. Anim. Reprod. Sei., 7: 57-74).
mésticos os ovários situam-se numa bursa no mesossalpinge, que é uma prega peritoneal
ovariana aberta, contrastando com certas es- derivada do estrato lateral do ligamento lar-
pécies (p. ex., rata e camundonga) em que ele go. O comprimento e o grau de circunvoluções
fica alojado dentro de uma bolsa. Nos animais da trompa variam nas espécies domésticas.
domésticos esta bursa é uma invaginação que A trompa pode ser dividida em quatro seg-
consiste de uma prega peritoneal do mentos funcionais: as fímbrias em forma de
mesossalpinge, ligada a uma alça suspensa franjas; a abertura abdominal próxima ao
na porção superior da trompa (Fig. 2-9). Na ovário em forma de funil - o infundíbulo; a
vaca e na ovelha a bursa ovárica é larga e ampola dilatada mais distalmente e a estrei-
aberta. Na porca ela é bem desenvolvida e, ta porção próxima da trompa, ligando-a à luz
embora aberta, envolve o ovário em grande uterina - o istmo (Fig. 2-10).
parte. Na égua ela é estreita, apresenta for- O tamanho do infundíbulo varia com a es-
ma de clave e envolve somente a fossa da ovu- pécie e idade do animal; a área de superfície
lação. é de 6 a 10 cm2 na ovelha e 20 a 30 cm2 na
vaca. A abertura do infundíbulo denominada
Anatomia óstio abdominal, situa-se no centro de uma
franja de processos irregulares que formam
A morfologia e anatomia funcional das a extremidade da trompa, as fímbrias. Estas
trompas dos mamíferos estão resumidas e são livres, exceto em um ponto no pólo supe-
ilustradas nas Tabelas 2-4 e 2-5 e nas Figu- rior do ovário, que assegura a sua íntima apro-
ras 2-10 até 2-17.As trompas estão suspensas ximação à superfície ovariana.
32 Anatomia Funcional da Reprodução
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FIG. 2-9. Relação anatômica entre o ovário ea trompa na ovelha. A, Ampola; F, fímbrias; In, infundíbulo;
Is, istmo; M.a., mesovário; O, ovário; O.a., artéria ovariana; O.b., bursa ovárica; U, útero; Utj, junção
útero-tubárica. Notar a alça suspensa à qual se une a bursa ovárica. A trompa da ovelha é pigmentada.
A ampola, que corresponde a cerca da me- tas pregasmucosas na ampola preenche qua-
tade do comprimento da trompa, funde-se com se completamente a luz de modo a existir ape-
a porção constricta conhecida por istmo. O nas um espaço potencial. O fluido é mínimo;
significado anatõmico e fisiológico desta jun- deste modo a massa de cumulu fica em ínti-
ção istmo-ampolar ainda é desconhecido. O mo contato com a mucosa ciliada (Figs. 2-11
istmo está diretamente ligado ao útero; na a 2-14).
égua ele penetra no corno uterino sob a for- A mucosa consiste de uma camada de cé-
ma de uma pequena papila. Nenhum esfincter lulas epiteliais colunares. A submucosa das
muscular bem definido apresenta-se na jun- fibras musculares lisas e do tecido conjunti-
ção útero-tubárica. Na porca, entretanto, esta vo é entremeada por finos vasos sanguíneos
junção é guarnecida por longos processos e linfáticos. O epitélio contém células cHiadas
mucosos em forma de dedos. Na vaca e na e não-ciliadas.
ovelha existe uma flexura na junção útero- Células CHiadas. As células ciliadas da
tubárica especialmente durante o cio. mucosa do oviduto possuem cílios móveis e
Existem também extensões musculares delgados (cinocílio) que se estendem para o
destas camadas para dentro do tecido conjun- interior do lúmen. A proporção de batimentos
tivo das pregas mucosas, permitindo contra- dos cílios é afetada pelos níveis de hormõnios
ções coordenadas de toda a parede. O ovarianos, com atividade máxima na ovula-
espessamento da musculatura aumenta da ção ou logo após o ímpeto do cílio na porção
extremiãade ovariana para a extremidade fimbriada das trompas estar intimamente sin-
uterina das trompas. cronizado e dirigido em direção ao óstio. A
Mucosa do Oviduto ação dos batimentos ciliares parece favore-
A mucosa do oviduto é formada por pregas cer o óvulo dentro das células circundantes
primárias secundárias e terciárias. A mucosa do cumulus a fim de ser despojado da super-
na ampola situa-se dentro de pregas altas e fície dos folículos em direção ao óstio das trom-
ramificadas que diminuem de altura em di- pas. A porcentagem de células ciliadas dimi-
reção ao istmo tornando-se baixas na junção nui gradualmente na ampola em direção ao
útero-tubárica. A complexa constituição des- istmo e atinge o máximo nas fímbrias e
Anatomia da Reprodução Feminina 33
Trompa
Comprimento (cm) 25 15-19 15-30 20-30
Útero
Tipo Biparlido Biparlido Bicomual Biparlido
Comprimento do como (cm) 35-40 10-12 40-65 15-25
Comprimento do corpo (cm) 2-4 1-2 5 15-20
Superfície de revestimento 70-120 CarÚllculas 88-96 Carúnculas Ligeiras Distintas
do endométrio pregas pregas
longitudinais longitudinais
Cérvice
Comprimento (cm) 8-10 4-10 10 7-8
Diâmetro externo (cm) 3-4 2-3 2-3 3,5-4
Luz cervical
Forma 2-5 anéis anulares Vários anéis anulares Saca-rolhas Pregas distintas
Entrada do útero
Forma Pequena e protrusa Pequena e protrusa Maldefinida Claramente definida
Vagina anterior
Comprimento (cm) 25-30 10-14 10-15 20-35
Vestíbulo
Comprimento (cm) 10-12 2,5-3 6-8 10-12
Ai:,dimensões incluídas nesta tabela variam com a idade, raça, pariedade e plano de nutrição.
ISTMO
EXTRAMURAL
grau de flexão
suprimento vascular
suprimento linfático
suprimento neural
LIGAMENTOS
INTRAMURAL
mesotubáricoinferior
músculo circular
mesotubáricosuperior
músculo longitudinal
glândulas endometriais
ENDOMÉTRIO PROJEÇÕES
número
MIOMÉTRIO estrutura
divertículos
ciliogênese
secretora
espécies e durante as diferentes fases do ci- Inervação. Do mesmo modo que outros seg-
clo estral. A superfície apical das células não mentos do trato genital feminino, a trompa
cHiadas é recoberta por numerosas está parcialmente servida por "curtos"
microvilosidades. Os grânulos secretores acu- neurônios adrenérgicos fisiofarmacologica-
mulados nas células epiteliais durante a fase mente diferentes dos mais comuns "longos"
folicular do ciclo são liberados dentro da luz neurônios adrenérgicos. Além de receber ner-
após a t1VU.lação,provocando uma redução na vos dos gânglios pré e paravertebrais, a trom-
altura epitelial. pa recebe uma porção de formações
Vascularização. A vascularização da trom- ganglionares da área útero-vaginal (curtos
pa deriva-se das artérias uterinas e ovaria- neurônios adrenérgicos),
nas, que juntamente suprem arcadas de va- O grau de inervação varia nas diferentes
sos ao longo de sua extensão. O notável camadas musculares e em diferentes regiões
aumento na proeminê!lcia da vascularização, da trompa. A inervação adrenérgica é parti-
bastante regulada por estrógenos ovarianos, cularmente proeminente na musculatura cir-
está parcialmente associado com a realçada cular do istmo e na junção ampola-istmo, onde
função secretora da trompa. os nervos adrenérgicos terminais estão em
Anatomia da Reprodução Feminina 35
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FIG. 2-11. Secção transversal de diferentes segmentos da trompa. (1) Representa o istmo e (8) represen-
ta o infundíbulo. Deve notar-se a variabilidade no grau de complexidade das dobras da mucosa.
36 Anatomia Funcional da Reprodução
Função da Trompa
gindo Omáximo um dia após e então declina e em resposta a agentes anticoncepcionais; (b)
até os níveis característicos da fase luteínica batimentos de cílios móveis nos compartimen-
(Fig. 2-17). tos da trompa e que variam em tamanho e
O fluxo de grande parte do fluido da trom- forma; (c) alterações constantes da luz da
pa é em direção ao ovário, pois o istmo blo- trompa em diferentes segmentos, resultante
queia, pelo menos parcialmente, sua entrada da contração muscular e reorientação das pre-
para o útero. gas mucosas.
Vários fatores fisiológicos podem estar en- O movimento direcional das secreções da
volvidos na criação de correntes e contracor- trompa pode contribuir para o transporte do
rentes: (a) modificações quantitativas nas óvulo fertilizado ao útero. Na ovelha, a maior
secreções da trompa durante o ciclo menstrual parte das secreções da trompa sai pelo óstio
38 Anatomia Funcional da Reprodução
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FIG. 2-14. Histologia e citologia do epitélio da trompa. A, Células secretoras com material saliente e
células ciliadas com quinocília, coradas pelo azul de toluidina. (Foto pelo Professor S. Reinius). B, Célu-
las ciliadas da trompa (direita) e útero (esquerda). Notar a presença de microvilosidades na superfície
apical da célula. C, Células secretoras mostrando a biossíntese, embalagem, armazenamento, liberação
e distribuição de material secretor, que é o principal componente do fluido luminal da trompa e do útero.
Acredita-se que a movimentação ciliar facilita a liberação de grânulos secretores da superfície das célu-
las.
Anatomia da Reprodução Feminina 39
TABELA 2-5. Técnicas ln Vitro Utilizadas para Estudo das Funções da Trompa
Função em Estudo Técnicas
tubárico precocemente no ciclo estraI. Toda- diferentes nos dois fluidos orgânicos; p. ex., a
via, no 4Qdia, quando os ovos usualmente en- quantidade de transferrina e pré-albumina
tram no útero, o fluxo através da junção úte- no fluido da trompa está muito mais relacio-
ro-tubárica aumenta consideravelmente. nado à albumina, do que à quantidade des-
O fluido do oviduto apresenta várias fun- sas proteínas no soro. Muitas proteínas
ções, incluindo a nutrição de oócitos recente- séricas não têm correspondentes no líquido
mente ovulados e a capacitação espermática, das trompas e reciprocamente, várias proteí-
a fertilização, e o desenvolvimento antes da nas são privativas do fluido tubárico. A pre-
pré-implantação. O fluido das trompas é com- sença de proteínas privativas no fluido da
posto de um transudato seletivo de soro e de trompa quer dizer que as células tubáricas
produtos secretários dos grânulos das células podem estar comprometidas com uma ativi-
secretárias do epitélio do oviduto (Oliphant dade secretora específica. O fluido tubárico
et aI., 1984). As secreções do oviduto são re- apresenta um efeito direto sobre a
guladas pelos hormônios esteróides. hiperativação dos espermatozóides, fenôme-
Vários constituintes protéicos são comuns no este recentemente reconhecido como es-
ao fluido da trompa e ao soro. No entanto, al- sencial para a interação espermatozóide-óvu-
guns destes estão presentes em proporções 10.
40 Anatomia Funcional da Reprodução
rfrLm~~ A
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a
b
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B
separa os dois cornos e um proeminente cor- deslize para dentro da cavidade pélvica. Na
po uterino (o maior é o da égua). Em rumi- égua esta situação pode impedir a remoção
nantes o epitélio uterino possui várias dos líquidos endometriais ou mesmo permi-
carúnculas (Fig. 2-18). Superficialmente, o tir que pequenos volumes de urina atraves-
corpo do útero da vaca e da ovelha parece ser sem a cérvice durante o cio, resultando em
maior do que ele é realmente; isto porque as ligeira inflamação catarral.
porções caudais dos cornos são ligadas pelo Como a maioria dos órgãos cavitários in-
ligamento intercornual. ternos, as paredes uterinas são constituídas
Ambas as laterais do útero são unidas às de uma membrana mucosa interna, de uma
paredes pélvica e abdominal pelo ligamento camada intermediária inteira de músculos
largo. Nos animais multíparos os ligamentos lisos e de uma camada serosa externa, o
uterinos se estiram, permitindo que o útero peritônio. Do ponto de vista fisiológico ape-
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PORCA
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44 Anatomia Funcional da Reprodução
creção durante o cio, elas tornam-se baixas e sentam um tipo de placentação epiteliocorial
cubóides dois dias após o cio. ou sindesmocoriaI. Sob a forma de recepto-
O volume e a composição bioquímica do flui- res, p. ex., as proteínas são responsáveis pelo
do uterino mostram consistentes variações estabelecimento da sensibilidade do útero aos
durante o ciclo estral (Fig. 2-17). Na ovelha o esteróides ovarianos. O estrógeno secretado
volume do fluido no útero excede ao da trom- durante a fase pré-ovulatória parece ser res-
pa durante o cio, enquanto que durante a fase ponsável pela indução da síntese de
luteínica o inverso é verdadeiro. progesterona e estrógeno, e é através da sín-
tese desses receptores de progesterona que o
Proteínas Uterinas. O fluido endometrial estrógeno pré-ovulatório prepara o útero para
contém principalmente proteínas séricas, mas a subsequente proliferação progestacionaI.
há também pequenas quantidades de proteí- Proteínas específicas de origem uterina e/
nas específicas. A proporção de quantidades ou do produto da concepção foram identifi-
desta proteína varia de acordo com o ciclo cadas e caracterizadas durante o início da
reprodutivo. Diferenças de concentração, bem gestação em ovelhas; todavia, não se sabe ain-
como a distribuição dos componentes nos flui- da se algumas destas proteínas podem influ-
dos uterinos, comparadas ao soro sanguíneo enciar respostas imunes mediadas por célu-
fornecem evidências que ocorre secreção e las. Uma das proteínas, de cor púrpura, uma
inclusive transudação. Na coelha, uma pro- glicoproteína contendo ferro denominada
teína denominada blastoquinina (uteroglo- uteroferrin foi purificada (Basha et aI., 1980).
bulina) pode influenciar a formação de Secreções uterinas tomam parte no controle
blastocisto a partir da mórula, enquanto que da implantação e do crescimento embrioná-
o fluido uterino da camundonga contém um rIO.
fator que inicia a implantação. As secreções O fluido uterino apresenta duas importan-
uterinas propiciam um ambiente ótimo para tes funções: subministrar um ambiente favo-
a sobrevivência e a capacitação dos esperma- rável para a capacitação espermática e for-
tozóides, além da clivagem do blastocisto pri- necer condições nutritivas para o blastocisto
mário antes da implantação. até que se complete a implantação. Na vaca,
A diesterase glicerilfosforilcolina (GPC) nas o embrião permanece livre no meio por apro-
secreções uterinas atinge uma concentração ximadamente 30 dias, durante os quais ocor-
máxima por ocasião da ovu!ação em re grande diferenciação embrionária antes
consequência de ação estrogênica. Esta que o produto se una firmemente ao
enzima hidrolisa a glicerilfosforilcolina libe- endométrio.
rando glicerol e fosfoglicerol para utilização
pelos espermatozóides. As secreções uterinas
do proestro são responsáveis pelo início da Contração Uterina
captação assim como pelo estímulo do meta-
bolismo espermático. Em complemento a es- A contração do útero é coordenada com
tas proteínas secretoras, os altos níveis de movimentos rítmicos da trompa e ovário. Há
estrógenos associados à ovulação são respon- uma considerável variação na origem, dire-
sáveis pela indução da síntese de algumas ção, grau de amplitude e frequência das con-
proteínas -incluindo mucopolissacarídeos do trações no trato reprodutivo. Na coelha em
estroma, receptores hormonais de esteróides cio, as contrações uterinas são continuações
e enzimas que executam importantes funções de contrações das trompas e se movem ao lon-
dentro do próprio endométrio. go do corpo uterino da junção útero-tubárica
As secreções podem continuar sendo uma em direção à cérvice. De um modo geral, maio-
fonte importante de nutrição para o feto em res números de contrações uterinas se mo-
crescimento durante a fase de pós-implanta- vem em direção das trompas no início do cio,
ção da gestação. Este fato é particularmente porém em direção da cérvice após cessado o
verdadeiro em animais domésticos que apre- cio.
46 Anatomia Funcional da Reprodução
taminado por um vírus provocam a inibi- FIG. 2-21. Diagrama mostrando o efeito da
ção luteínica e induzem cios precoces. histerectomia parcial sobre a persistência dos cor-
pos lúteos em suínos. A, Histerectomia total du-
Implantação e Gestação. O útero é um ór- rante a fase luteínica provoca a retenção do corpo
gão altamente especializado e adaptado para lúteo por um período similar ao da gestação. B,
aceitar e nutrir os produtos da concepção des- Histerectomia unilateral e remoção parcial do ou-
de a implantação até o parto. Uma "diferen- tro corno, permanecendo apenas um fragmento de
ciação" uterina bem descrita, embora obscu- 20 cm de comprimento, provoca funcionalidade
assimétrica dos dois ovários. C, Os corpos lúteos
ramente definida, ocorre sob o comando dos do lado intacto são normalmente mantidos, en-
hormônios esteróides ovarianos. Este proces- quanto que os do outro lado regridem antes do 22Q
so deve evoluir para algum estágio crítico em dia da gestação. (Dados de Du Mesnil du Buisson
que o útero esteja preparado para aceitar se- (1961). Ann. Biol. Anim. Bioch. Biophys. 1,105.).
48 Anatomia Funcional da Reprodução
RF
@
111\\ ~ Hipotálamo
hip6fise
anterior Ó)
FSH, LH
O'
Progesterona
~
Le).lcócitos
fagocitose
Miométrio
6i)\
contração 'ZV
Endométrio capacitação
secreção
Criptas cervicais
filtro espermático
barreira espermática Muco cervical
reservatório espermático
propriedades biofísicas
propriedades bioquímicas
Muco Cervical
'
"
externas do útero. Ela consiste de um espes-
\?j'~'~':;
.
"'~.~'I,
," . ' so extrato circular interno e uma fina cama-
'~,
'.
.
.
. .
.. '. '.."'....:.
. , da longitudinal externa; esta última esten-
. ."
Funções da Vagina.
FIG. 2-28. Microfotografia eletrônica de varredu-
ra da vagina de uma coelha mostrando rugas do Múltiplas são as funções da vagina na re-
epitélio em toda a expansão da vagina durante a produção. É um órgão copulatório onde o sê-
cópula e o parto. men é depositado e coagulado até que os
Anatomia da Reprodução Feminina 55
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I~I
11. fisiologia da
reprodução
3
HORMÔNIOS, FATORES DE CRESCIMENTO E
REPRODUÇÃO
E.S.E. HAFEZ
Terapia de substituição A deficiência provocada pela ablação pode ser contornada pela
implantação da glândula de novo no animal ou pela injeção de extratos
brutos da glândula removida
59
60 Fisiologia da Reprodução
Polipeptídios
Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH)
Glucagon
Hormônio do crescimento
Insulina
Hormônio do crescimento semelhante à insulina
Peptídios (somatomedinas)
Ocitocina
Prolactina
Relaxina
Somatostatina
Vasopressina (hormônio antidiurético-ADH)
Esteróides Aldosterona
Cortisol
Estradiol
Progesterona
Vitamina D
Aminas Epinefrina
N orepinefrina
Tiroxina (T4)
Triiodotironina (T3)
ê
b oquímica dos hormônios primários/secun- Os hormônios primários da reprodução
d 'rios da reprodução (Tabela 3-1). Os baseados em sua estrututra química, são di-
ho ônios pyimários estão envolvidos em vididos em três grupos:
Esteróides 300-400 Esteróides naturais não são eficientes por administração oral
Esteróides sintéticos ou de plantas podem ser administrados por
via oral ou por injeção.
Proteínas 300-70.000 Facilmente destruídas por enzimas
Não podem ser administradas por via oral; apenas por injeção
Ácidos graxas 400 Só podem ser administrados por injeção
62 Fisiologia da Reprodução
Via nervosa
Libera ocitocina
no sangue
Alvéolos
Leite
FIG. 3.1. A descida do leite pode ser considerada um reflexo neuroendócrino. A estimulação da teta
induz um sim~! nervoso ao hipotálamo para liberar ocitocina da neuro-hipófise, que estimula as células
mioepitelÜlis para contrair os alvéolos, resultando na secreção do leite.
~ S
I
S
I
21 aminoácidos
idade, quando então começa a declinar a am-
plitude destes picos de LH. A frequência dos
pulsos de LH aumenta até 4 meses de idade,
S S os níveis plasmáticos de LH aumentam de
I I 30 aminoácidos
uma forma linear. Inicialmente, as células de
FIG. 3.2. Estruturas químicas da relaxina e da Leydig requerem um alto nível de LH para a
insulina são similares, mas suas ações biológicas secreção de testosterona. Este limiar começa
são diferentes. a declinar ao redor de 6 meses de idade.
Hormônios, Fatores de Crescimento e Reprodução 63
fatores exteroceptivos
A
CNS
Hipotálamo
A
#'
"
,tore, In~roreDt"re
:E1!tretroação positiva
retroação negativa
receptores
.::::.. v
gônada hipófise anterior
FIG. 3.3. A, Relações endócrinas de
fatores exteroceptivos e interoceptivos
que afetam as funções do hipotálamo,
B da hipófise e das gônadas. B,
Diagrama mostrando a formação de
~~to r~ceptores gonadotróficos afetados
pelo nível de estrógeno. C, Subuni-
~.~ I.lIgação
n='."de LH ",,", 'n~ "\ de
formação A dades de hormônios hipofisários
protéicos. Notar que a atividade
. \
mdução de receptor de ligação )
receptores de FSH
biológica é determinada por subuni-
dades-~, enquanto que as subuni-
hLH e
D
HCH
hTSH -
r~ .
~~1.'
,..I!<
CHO cadeia
alfa
H2N
cadeia
H2N COOH bela
,
- 'Hormônio
hipotálamo podem regular a função gonadal.
Adenil;lto ciclase Receptor
ATP cA P+5'AMP
"' GONADOTROFINAS HIPOFISÁRIAS
\
A glândula hipofisária anterior secreta os
CITO PLASMA
quatro principais hormônios: FSH, LH,
prolactina e TSH. A prolactina e o ácido
Proteína
< propriônico podem dissociar o FSH, LH e o
T
" Esteróide
TSH em duas subunidades não idênticas de-
t
Enzima
nominadas a e l3-subunidades. A subunidade
a é idêntica dentro de espécies para FSH, LH
l'
m-RNA
l'
@
MEMBRANA CELULAR
e TSH. O peso molecular de cada um dos
hormônios glicoprotéicos é aproximadamen-
te 32.000 dáltons, com cada subunidade apre-
sentando um peso molecular de 16.000
dáltons. As subunidades a e 13de qualquer
um destes hormônios não possuem por si pró-
FIGo 3-4. Mecanismo esquemático da ação dos prias nenhuma atividade biológica. Caso a
hormônios protéicos. A sequência de eventos celu- subunidade a de um hormônio (LHa) for
lares que ocorrem após a ligação de um hormônio
protéico a um receptor na membrana de uma cé-
recombinada com a subunidade 13de outro
lula-alvo é demonstrada. hormônio (FSHI3), a molécula readquire a ati-
vidade biológica FSH ou a atividade da
subunidade 13.Se duas subunidades a ou duas
extraem vários hormônios para utilização co- subunidades 13forem combinadas, não se no-
mercial e experimental. tará atividade biológica. Estes hormônios
apresentam ação primária sobre as gônadas.
Suprimento Vascular Hormônio Folículo-Estimulanteo O FSH
estimula o crescimento e a maturação do
A conexão vascular entre o hipotálamo e a folículo ovariano. O FSH não provoca secre-
hipófise anterior é extremamente singular. O ção de estrógeno do ovário exclusivamente por
sangue arterial entra na hipófise através da sua conta, porém em presença de LH, ele es-
artéria hipofisária anterior e da artéria timula a produção de estrógenos tanto do ová-
hipofisária inferior. A artéria hipofisária su- rio, como também dos testículos. No macho, o
perior forma circunvoluções capilares na emi- FSH age nas células germinativas nos túbulos
nência medial e na pars nervosa. Destes ca- seminíferos dos testículos. O FSH é respon-
pilares, o sangue flui para os vasos sável também pela espermatogênese até a
hipotálamo-hipofisário portal, que passa abai- fase de espermatócitos secundários, após o
xo do tronco hipo:fisário para terminar em que os andrógenos responsabilizam-se pelos
capilares na hipófise anterior. O sistema por- estágios finais da espermatogênese.
tal hipotálamo-hipofisário é a via vascular que Em mulheres, após a menopausa a libera-
transporta os hormônios hipotalâmicos para ção de FSH hipofisário aumenta de maneira
a hipófise anterior (Fig. 3-4). A artéria bem acentuada, devido a falta de esteróides.
hipofisária inferior transporta o sangue para Este aumento na produção de FSH é tão sig-
a hipófise anterior e posterior. A interrupção nificativo que ele passa pelos rins e vai dire-
destes vasos sanguíneos no tronco da glân- tamente para a urina, onde é chamado de
68 Fisiologia da Reprodução
lexo capilar
hipófise posterior
8
Hormônios, Fatores de Crescimento e Reprodução 69
Ocitocina
A ocitocina e a vasopressina são sintetiza-
das no hipotálamo e armazenadas na neuro-
hipófise (hipófise posterior). Eles foram os
primeiros hormônios peptídios a serem sin-
tetizados. A arginina vasopressina, também
chamada ADH, está identificada. A lisina
vasopressina está identificada em suínos do-
mésticos.
A ocitocina e o ADH são sintetizados nos
núcleos supra-óticos e paraventriculares do
hipotálamo e são apenas armazenados e libe-
rados da neuro-hipófise. Estes hormônios
hipotalâmicos (hormônios neuro-hipofisários)
são sintetizados juntamente com o carreador
de proteínas chamado neurophysins. Do mes- m centros de controle do LH pré-ovulatório e do FSH
mo modo que outras secreções, a ocitocina e a ~ centros de controle da secreção tônica de LH e FSH
vasopressina são transportadas em pequenas
vesículas englobadas por uma membrana. FIG. 3.6. Desenho esquemático dos núcleos
Estas vesículas secretoras fluem pelos axônios hipotalâmicos e da hipófise. AlI, adeno-hipófise;
nervosos hipotalâmicos hipofisários pela cor- ARC, núcleo arqueado; AlIA, área hipotalâmica
rente axoplásmica. Eles são armazenados nas anterior; DHA, área hipotalâmica dorsal; DMN,
núcleo dorsal mediano; ME, eminência média; NH,
terminações nervosas próximos aos berços neuro-hipófise; MB, corpo mamilar; PM, núcleo
capilares da neuro-hipófise até sua liberação pré-mamilar; OC, quiasma ótico; PVN, núcleo
na circulação (ver Fig. 3-5). A ocitocina é pro- paraventricular; PON, núcleo pré-ótico; PHA, área
duzida também no corpo lúteo, Assim, a hipotalâmica posterior, PT, pars tuberalis; SCN,
núcleo supraquiasmático; SON, núcleo supra-ótico;
ocitocina apresenta dois locais de origem, o
VMN, núcleo ventro-medial. As linhas diagonais
ovário e o hipotálamo. mostram os núcleos que controlam a liberação
Função. A ocitocina apresenta várias fun- tônica de LH e de FSH pela hipófise. As áreas
ções: contração do músculo uterino, salpicadas são núcleos que controlam a onda pré-
frequência aumentada de contração do ovulatória de LH e FSH pela hipófise.
oviduto, transporte dos gametas femininos e
masculinos no oviduto e descida do leite. Os A ocitocina tem diversas aplicações. Ela
estrógenos favorecem a resposta dos múscu- induz a descida do leite nas fêmeas após o
los lisos à ocitocina. A fêmea em lactação tor- parto, induz a expulsão de placentas retidas,
na-se condicionada aos estímulos tácteis e vi- e colabora na expulsão do feto em animais
suais associados à amamentação e à lactação. jovens quando o trabalho de parto estende-se
Este condicionamento induz a liberação de além do normal.
ocitocina para a circulação, agindo nas célu-
las mioepiteliais (células da musculatura lisa) HIPOT ÁLAM O
que circundam os alvéolos na glândula ma-
mária, resultando na descida do leite (ver Fig. O hipotálamo, que ocupa apenas uma pe-
3-1). A ocitocina ovariana está envolvida na quena parte do cérebro, consiste da região do
função luteínica por sua ação no endométrio terceiro ventrículo, estendendo-se do quiasma
para induzir a liberação de prostaglandina para os corpos mamilares (Fig. 3-6). O
F2a(PGF2a), a qual apresenta uma ação hipotálamo, importante centro neuroen-
luteolítica (regressão do corpo lúteo). dócrino, libera vários hormônios. Hormônios
72 Fisiologia da Reprodução
liberadores de ocorrência natural, extraídos ficos. Assim, o hipotálamo age como um cen-
de milhares de hipotálamos de ovinos e suí- tro processador e integrador de informações
nos têm sido utilizados para determinar a recebidas e as traduz em sintomas neuro-
estrutura bioquímica destes hormônios. Por hormonais que evocam respostas fisiológicas
exemplo, o hormônio liberador de (Tabelas 3-8, 3-9, Figs. 3-6 a 3-8).
gonadotrofinas hipotalâmicas (GnRH) é um Os principais hormônios liberados pelo
decapeptídio composto de 10 aminoácidos. hipotálamo que controlam a reprodução in-
Vários dos hormônios hipotalâmicos foram cluem o hormônio liberador de gonadotrofina
sintetizados e comercializados para utiliza- (GnRH ou LH-RH), ACTH, e o fator inibidor
ção clínica. da prolactina (PIF). O hipotálamo é também
a fonte de ocitocina e vasopressina, hormônios
Função armazenados no lobo posterior da glândula
pituitária.
o hipotálamo regula vários processos au-
tomáticos vitais, como o apetite, os batimentos Modo de Ação
cardíacos, o controle da temperatura, o com-
portamento sexual e a atividade neuroen- Específicos neurônios hipotalâmicos sinte-
dócrina. Vários centros no hipotálamo inte- tizam vários hormônios peptídios, que contro-
gram sintomas fisiológicos no organismo, lam a liberação e a síntese de hormônios do
como o SNC, estado metabólico, atividade lobo anterior da glândula pituitária. O papel
funcional de glândulas-alvo, e o ambiente in- do hipotálamo na reprodução envolve o efeito
terno. O hipotálamo então responde com a acionante dos hormônios esteróides sobre o
elaboração de hormônios liberadores especí- comportamento sexual e simultaneamente o
Hormônios, Fatores de Crescimento e Reprodução 73
QuiasrÍla
ótico
Carotida I
interna 1
Veia porta
curta
dados não-avaliáveis
LH-RH
(não removíveis)
(precursor de LHRH) endopeptidases
:i
I
I
I
I
I
I
I
I
Hormônios, Fatores de Crescimento e Reprodução 75
FIG. 3-8. (Acima) Representação esquemática do LH-RH: 1. A via principal do LH-RH origina-se no
núcleo arqueado e termina na eminência média na origem do local das longas veias porta. 2. Tratos da
área pré-ótica hipotalâmica anterior ao organum vasulosum laninae terminalis (ovlt.) e para a eminên-
cia média. 3. Tratos do hipotálamo para a hipófise posterior. 4. Tratos da comissura anterior (AC) para o
interior do sistema límbico. (Ferin, M. (1982). Controle neuroendócrino da função ovariana no primata.
J. Reprod. Fert. 69, 369-381.)
(Abaixo) Alguns dos sistemas de controle que regulam a onda pré-ovulatória de LH.
(a). Antes do início da onda pré-ovulatória de LH, o estrógeno cresce na circulação e aumenta a
resposta hipofisária ao LH-RH. Este esteróide pode também alterar o limiar de excitabilidade dentro da
unidade pré-ótica tuberal e pode ser responsável, parcialmente, pela liberação inicial de LH-RH, que
prepara a hipófise (t).
(b). Na apresentação de um estímulo intrínseco (desconhecido), o LH-RH é liberado dentro do
plasma portal e ativa a descarga de LH.
(c). A liberação das primeiras quantidades de LH-RH podem também ser manifestadas por uma
diminuição na quantidade detectável de MBH-LH-RH. Posteriormente, é detectado um declínio nesta
liberação de LH-RH por um sistema intrínseco retrógrado, sendo após reabastecido. Isto pode ser acom-
panhado por um aumento na síntese de novo LH-RH sugerindo liberação pulsátil rítmica de LH-RH
dentro da circulação portal. Durante este intervalo de liberação de LH-RH, a hipófise previamente sen-
sibilizada responde pela excreção de quantidades bastante aumentadas de LH para o plasma.
(d). Quando as concentrações limiares ovarianas de LH são atingidas, ocorre a ruptura folicular
e em seguida a ovulação. Também, enquanto o LH está aumentando, o estrógeno diminui e a progesterona
aumenta no plasma. I
GnRH H
N--C H
~
/ \ tIC~H
I
-NH
H, /N »-0 O C,\
c/ CH3C
M.W.-1182
9
,
N
~ HO
1
C
2 CHZ I
CHZ CHZ
C Z
(C l 13. CH
1 2 3 4 6 6 7 8 9 tO
A pGlu Hil '.rp Ser Tyr Gly Leu Arg 1'1'0 Gty- Ntl2
>O
~
li. -
- - - 11$
I»
Jj.~~
B
-
FIG. 3-9. A, Sequência de aminoácidos do honnônio liberador de gonadotrofinas (GnRH). (De Capen,
C.C., e Martin, S.L. (1989). The pituitary gland. In Veterinary Endocrinology and Reproduction. L.E.
McDonald e M.H.Pineda (eds.). Philadelphia, Lea & Febiger.) B, Sequência de aminoácidos do honnônio
da molécula da somatotrofina humana (STH) (Adaptado de Lich, 1969).
20
~LESTEROL
OH~ cor
CIH3 I
C=O ~
FIG. 3-10. Nomenclatura de núcleos esteróides -- ~~GMrnOLWA
da International Union of Fure and Applied OH~
Chemistry (IUPAC). Letras designam anéis e nú-
meros designam carbonos.
C,H3
c=o
lactogênio placentário pode tomar parte na 1
produção leiteira porque o nível é maior em
vacas leiteiras (grandes produtoras de leite)
. ~n~E~Mm
do que em vacas de corte (menores produto-
o~
ras de leite).
Proteína B OH 1
A proteína B tem uma longa vida média
circulante de 7 dias. Ela foi isolada (Butler et o~ rn~~M~
alo, 1982) da placenta bovina, tendo-se desen-
volvido um ensaio (Sasser et alo, 1986), que é OH
capaz de detectar no sangue de vacas prenhes 1
tão precocemente quanto 22 dias após a con-
cepção. Ela não é detectada no leite ou na ESTRADIOL
urina de vacas. Um radioimunoensaio para oHff
proteína B em bovinos detecta a substância FIG. 3-U. Biossíntese dos hormônios esteróides a
em ovinos, porém não em suínos ou equinos. partir do colesterol. Este esquema proporciona uma
A ação fisiológica da proteína B pode estar visão simples de um processo altamente organiza-
envolvida na indicação de uma mensagem da do e complicado que requer múltiplos sistemas
enzimáticos.
placenta para a vaca ou ovelha, prevenindo a
destruição do corpo lúteo espúrio. Este
hormônio placentário possui o potencial de ser
o primeiro teste seguro de gestação para bo- ciclopentano de seis membros designado D
vinos. (Fig. 3-10). Em 1967, a International Union
of Pure and Applied Chemistry (IUPAC) es-
HORMÔNIOS ESTERÓIDES GONADAIS tabeleceu regras de número de carbonos em
um esteróide; sua ação biológica pode ser nor-
Os hormônios esteróides secretados pelo malmente prevista. Um esteróide carbono 18
ovário, testículos, placenta e córtex adrenal possui atividade estrogênica, um carbono 19
apresentam um núcleo básico ou comum de- possui atividade androgênica e um esteróide
nominado núcleo ciclopentanoper-hidrofenan- carbono 21 possui propriedades progeste-
trena, consistindo de três anéis fenantrenos rônicas. O colesterol, um esteróide de 27 car-
(per-hidro) com seis membros totalmente bonos, transforma-se em pregnenolona (20
hidrogenados designados A, B e C, e um anel carbonos) quando sua cadeia lateral é dividi-
80 Fisiologia da Reprodução
HO
9H3
C,H2
OH HO-(}C = ?-(}OH
CH2
GENISTEÍNA
CH3'
9H2
! dH 3
°H
'"
c ~ ,O I
~O~OH OH ,O
~ t C ~
CHI
2
HO ~11o DES
'CH
3
~
OH CH3
~ o crescimento parece ser que o estrógeno esti-
mula a hipófise para liberar mais hormônio
OH ~ I do crescimento.
OH Estrógenos vegetais (isoflavonas) são en-
contrados em primeiro lugar em legumes
ZERANOL como o trevo subterrâneo e a alfafa. Dois des-
FIG. 3-12. A estrutura química de estrógenos co- tes componentes, a genisteína e o coumestrol,
muns de plantas não apresenta um núcleo provocam problemas de infertilidade princi-
esteróide, embora possua ações biológicas simila- palmente em fêmeas e com menor frequência
res aos estrógenos.
em machos. O zeronal (Ralgro), um composto
o desenvolvimento físico das característi- com atividade estrogênica produzido por
cas sexuais secundárias femininas é atribuí- humo, é um implante auricular e promove o
do aos estrógenos. O estrógeno estimula o crescimento de animais em confinamento.
crescimento do duto e provoca o desenvolvi- Estes compostos agem como estrógenos po-
mento da glândula mamária. Os estrógenos rém não apresentam o núcleo esteróide de 18
apresentam um controle retrógrado negativo carbonos (Fig. 3-12). Por este motivo, eles
e positivo através do hipotálamo sobre a libe- deveriam ser chamados estrógenos vegetais
ração de LH e FSH. O efeito negativo está não-esteróides.
sobre o centro tônico do hipotálamo e o efeito Estrógenos não-esteróides sintéticos são
positivo sobre centro pré-ovulatório. utilizados na indústria animal, primariamen-
Aplicações Clínicas. Os efeitos não te como promotores do crescimento em rumi-
reprodutivos dos estrógenos estimulam o nantes. O dietilestilbestrol (DES), estrógeno
aproveitamento do cálcio e a ossificação dos não-esteróide sintético, foi utilizado para pro-
ossos. Os estrógenos provocam maturação da mover o crescimento em bovinos e ovinos (Fig.
cartilagem epifisial dos ossos longos inibindo 3-13). O DES liga-se ao receptor de estrógeno,
adicional crescimento dos mesmos. Em con- e age com a mesma potência do 17p-estradiol.
traste, nos ruminantes, os estrógenos pos- Este produto foi retirado do mercado para
suem também, um efeito anabólico protéico utilização em gado em confinamento e subs-
aumentando o ganho de peso e o crescimen- tituído por outros implantes estrogênicos.
82 Fisiologia da Reprodução
Os estrógenos têm sido utilizados para pro- los) das glândulas mamárias. Altos níveis de
vocar abortamento em vacas e ovelhas por progesterona inibem o cio e a onda ovulatória
causa de sua ação luteolítica (regressão do de LH. Deste modo, a progesterona é impor-
CL), provavelmente provocada pela PGF 2a. tante na regulação hormonal do ciclo estral.
Na porca, os estrógenos possuem uma ação A motilidade uterina sob a influência da
luteotrófica (ajuda a manutenção do CL). As- progesterona é caracterizada por contrações
sim, os estrógenos são usados para sincroni- espontâneas de baixa frequência e alta am-
zar o cio garantindo as porcas na fase luteínica plitude. A progesterona apresenta pequeno
até que o tratamento estrogênico seja retira- efeito sobre o trato genital quando adminis-
do e seguido por uma injeção de PGF 2a' que trada sozinha, porém seus efeitos são nota-
provoca a regressão do corpo lúteo. velmente aumentados quando aplicada após
estrógenos.
Progestágenos Aplicações Clínicas. A progesterona é
indica da para prevenir abortamentos em fê-
A progesterona é secretada pelas células meas suscetíveis em decorrência de secreção
luteínicas do corpo lúteo, pela placenta e pela insuficiente de progesterona endógena. A uti-
glândula adrenal. A progesterona é transpor- lização mais usual está no controle da natali-
tada no sangue por uma globulina carreadora dade através de pílulas para mulheres pre-
como andrógenos e estrógenos. A secreção de venindo a onda de LH e a subsequente ovula-
progesterona é principalmente estimulada ção. Progesteronas sintéticas estão disponí-
pelo LH. veis comercialmente para a sincronização do
Função. A progesterona prepara o ciclo estral em vacas. O acetato de melen-
endométrio para a implantação e manuten- gesterol (MGA), progestágeno sintético, é uti-
ção da gestação através do aumento das glân- lizado para aumentar o ganho de peso de no-
dulas secretoras no endométrio e também vilhas em confinamento. O MGA somente é
pela inibição da motilidade do miométrio. A eficiente em novilhas com ovários intactos. A
progesterona age sinergicamente com os administração contínua de MGA inibe a onda
estrógenos para induzir o comportamento de LH, a qual previne a ovulação, mas permi-
estrato Ela desenvolve o tecido secretor (alvéo- te o desenvolvimento de folículos ovarianos.
O~
Tecido Testicular Tecido Ovariano
Colesterol
~ OH
O ~~ I
H
Célula de
Sertoli
Testosterona
I
i~
I
+
Estradiol17[3
Granulosa
DIIDROTESTOSTERONA
(biologicamente ativa)
FIG. 3-14. A testosterona não é a forma biologica- FIG. 3-15. Modelo hipotético de duas células e
mente ativa, porém ela é convertida em diidrotes- duas gonadotrofinas. (Modificado de Dorrington
tosterona, a qual carrega o receptor nuclear. et aI., 1978.)
Hormônios, Fatores de Crescimento e Reprodução 83
Andrógenos Relaxina
Ai!,PGs são encontradas sob a As PGs estão envolvidas na ovulação de Vários tratamentos com PG
forma de pelo menos seis ovelhas e vacas quando esse fenômeno são utilizados para
compostos relacionados está bloqueado pela administração de sincronização do cio visando
entre si que induzem indometacina, um inibidor da síntese de a inseminação artificial.
várias respostas prostaglandina Vacas são tratadas duas
farmacológicas A liberação de LH não é afetada, assim a vezes com 10 dias de
AS PGs são ácidos graxos ação e síntese de PG está ao nível do intervalo, após o que todas
hidroxi não-saturados de folículo ovariano envolvendo a PGF 2a e! ficam teoricamente em
20 carbonos com anel ou PGE2. condições de exibir cio, 3
ciclopentano A PGE2 estimula a contração do útero, dias após a segunda injeção.
Ácido araquidônico, um ácido dilata os vasos sanguíneos e não possui A PG é usada em cobertura
graxo essencial, é o efeito luteolítico. A PGF 2a estimula a programada em éguas e
precursor da PG mais contração do útero, ajuda no transporte para abortamento em vacas.
intimamente associado com espermático no macho e na fêmea, Nomes comerciais destes
a reprodução, provoca constrição dos vasos sanguíneos compostos são Lutalyse e
principalmente a e apresenta propriedades luteolíticas Estrumate para vacas e
prostaglandina F2a (PGF2a) Efeitos venoconstritores da PGE2a induzem Prostin para éguas,
e a prostaglandina E2 hipoxia, que em contrapartida leva à A PGF 2acontribui no
(PGE2). luteólise tratamento de infecções
As PGs estão envolvidas no Com a remoção do útero, o corpo lúteo (CL) uterinas em vacas leiteiras.
controle da pressão não regride pelo menos durante o tempo O mecanismo de ação tem
sanguínea, lipólise, da respectiva gestação. duas finalidades: (a)
secreção gástrica, Mecanismo pelo qual a PGF 2atransporta-se regressão do corpo lúteo, se
coagulação sanguínea e do útero para o ovário: presente, indução do
outros processos A PGF 2a passa diretamente através das crescimento folicular e
fisiológicos gerais incluindo paredes da veia útero-ovariana para a produção de estrógenos; (b)
as funções renais e artéria ovariana e diretamente ao corpo contração do útero sob ação
respiratórias lúteo. estrogênica.
Os níveis sanguíneos das PGs Um aumento em estrógenos, que aumenta o
geralmente são baixos, crescimento do miométrio, estimula a
aumentando porém em síntese e liberação de PGF 2a
certas condições como no Em caso de instalação de gestação, algum
parto sinal é enviado do embrião ao útero
prevenindo a liberação de PGF2a,
permitindo assim que o corpo lúteo do
ciclo transforme-se em corpo lúteo de
gestação. Na vaca e na ovelha, a PGF2a
não provoca a regressão, nem previne a
formação do corpo lúteo durante os
primeiros 5 dias de vida. Na porca, ele
não provoca regressão até o 12" dia do
ciclo.
Aplicações Clínicas
PGE2
FIG. 3-16.Estrutura química da PGF 2a e PGE2' A PGE2 estimula a contração do útero, di-
lata os vasos sanguíneos e não possui ação
ácido graxo essencial, é o precursor das luteolítica. A PGF20: estimula as contrações
prostaglandinas mais intimamente associa- do útero, colabora no transporte espermático
do com a reprodução, principalmente PGF 2a no macho e na fêmea, provoca constrição nos
e prostaglandina E2 (PGE2) (Fig. 3-16). vasos sanguíneos e apresenta propriedades
luteolíticas nos animais domésticos. As
Funções prostaglandinas são responsáveis em parte
pela regressão do corpo lúteo. Os efeitos
As prostaglandinas podem ser considera- venoconstritores da PGF 20:podem induzir
das hormônios, que regulam vários fenôme- hipoxia, que por sua vez leva à luteólise. Caso
nos fisiológicos e farmacológicos, tais como a
contração de músculos lisos nos tratos
reprodutivo e gastrintestinal, a ereção, a Trompa de
ejaculação, o transporte espermático, a ovu- Falópio
(oviduto)
lação, a formação do corpo lúteo, o parto e a
ejeção de leite. As prostaglandinas têm
envolvimento com a ovulação (DeSilva e
Reeves, 1985; Murdock e Dunn, 1983). Por
exemplo, na ovelha e na vaca, a ovulação é Prostaglandina
bloqueada pela administração de indo- na artéria Y
ovariana
metacina, um inibidor da síntese de destrói o
prostaglandina. A liberação de LH não é afe- corpo lúteo
tada nestes animais, de modo que a ação e a
síntese de prostaglandina provavelmente
ocorra ao nível do folículo ovariano envolven-
douma delas ou ambas as PGF 20:e PGE2 (Fig. FIG. 3-17. Via pela qual a prostaglándina elabo-
3-17). rada pelo útero previamente manufaturado pela
Um aumento de estrógenos, que faz cres- progesterona torna-se capaz de penetrar na arté-
ria ovariana e destruir o corpo lúteo em ovelhas.
cer o miométrio no útero, estimula a síntese (De Short, (1972). In: Reproduction in Mammals,
de PGF20: e sua liberação. Em animais pre- Book 3. Austin e Short (eds.). Cambridge,
nhes, algum sintoma desconhecido é emitido Cambridge University Press.)
88 Fisiologia da Reprodução
~
umenta a
1 sensibilidade
ao estrógeno
HIPOT ÁLAMO
t3' DimiIÍuiçã~
~I @j
LHRH LHRH
~
Estrogênio
insufl-
I.:V deLHRH- ,@
I Retr:açãO HIPÓFISE Ptinge
nível estrogênico\
limiar para ~ '"
/
~
ciente produzido
- estrogênica
pelo folículo para Hlpofise negativa
estimular o centro
pré-ovulatório de LH t:f\ stimular o centro
t~-o~atóriO de CLI~PÓfi;1~
\:V LH tônico baixo LH pré-ovulatório Aumento tónico
.J,. deLH
OVÁRIO
@
Ovulação
FIG. 3-18. Os quatro principais componentes a serem considerados no modelo de controle hipotalâmico
da estação anéstrica da ovelha são o ambiente externo (comprimento do dia), hipotálamo, hipófise e
ovário. Durante a estação anéstrica ou dias longos, a ovelha não demonstra atividade cíclica reprodutiva.
A duração de horas de luz por algum mecanismo, talvez pelo nervo ótico, sensibiliza o centro tônico de
LH no hipotálamo às concentrações circulantes de estrógenos (1). Então, o estrógeno (2) retroage nega-
tivamente sobre o centro tônico de controle de LH, diminuindo a liberação de LH-RH (3). Menos LH
tônico é liberado para a circulação (4), resultando em menor produção de estrógenos (5) do folículo ova-
riano. As concentrações de estrógenos circulantes não podem atingir um limiar para estimular o centro
pré-ovulatório do LH no hipotálamo, resultando na falha da ovulação durante a estação anéstrica. Du-
rante o período reprodutivo da ovelha, o comprimento do dia diminui (1) e o centro tônico de controle de
LH no hipotálamo torna-se refratário ao estrógeno circulante (2). O aumento dos níveis de estrógenos
não afetam negativamente o centro tônico de controle de LH nesta ocasião, resultando no aumento da
liberação de LH-RH (3), o que induz uma liberação tônica aumentada de LH da hipófise (4). A liberação
tônica aumentada de LH induz suficientes níveis de estrógenos (5) na circulação para estimular o centro
pré-ovulatório de LH do hipotálamo, resultando em liberação aumentada de LH-RH (6). A onda pré-
ovulatória resultante de LH (7) induz a ovulação (8) (Reeves, 1987.)
Hormônios, Fatores de Crescimento e Reprodução 93
A substância inibidora Mülleriana (MIS) é Adashi, E.Y., Resnick, c.E., Hernandez, E.R., Hur-
uma glicoproteína 140-kDa sintetizada e witz, A., Roberts, C.T., Leroith, D. and Rosen-
94 Fisiologia da Reprodução
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4
CICLOS REPRODUTIVOS
E.S.E. HAFEZ
95
<C
O>
L
O ESPERMATOZÓIDES
perda
completa
feminino / FERTILIDAD devido ao
Fertilidade PLENA
masculino /'
\ enveJhecimento
uterino
células de suporte, enquanto que células Leydig que eram ativas durante a vida fetal
germinativas indiferenciadas ou gonócitos e neonatal, ocupam grandes áreas entre os
ocupam a parte central. A única modificação túbulos, enquanto que após a puberdade as
durante este período é um crescimento lento células peritubulares são mais ativas.
no número relativo de gonócitos. O Ovário. A estrutura ovariana inicial não é
O tecido intersticial que preenche o espaço fundamentalmente diferente daquela do tes-
entre os cordões sexuais é composto de célu- tículo. Os cordões sexuais, formados por cé-
las tipo conjuntivo alonga das e de células lulas germinativas e somáticas, estão presen-
esteroidogênicas. As células de Leydig tes no início da diferenciação ovariana e
secretam andrógenos assim que os testículos testicular. Enquanto que estas estruturas
tornam-se diferenciados e antes que a função permanecem basicamente inalteradas nos
gonadotrófica seja acionada. Contudo, as cé- testículos como os cordões seminíferos ou
lulas de Leydig são sensíveis à gonadotrofina túbulos, no ovário as células germinativas
e a sua atividade esteroidogênica contínua dividem-se ativamente, os cordões sexuais
depende da secreção gonadotrófica. Em suí- desaparecem e finalmente cada oócito é en-
nos, ocorre uma secreção transitória de volvido por poucas células somáticas para for-
progesterona ao redor do 55Qdia quando se mar o folículo primordial. No fim da oogênese
diferenciam as células de Leydig; esta secre- o ovário engloba milhões de folículos primor-
ção então cai até que o feto começa secretar diais dentro de uma estrutura de tecido
LH imediatamente antes do nascimento. Uma intersticial e é delimitado com epitélio ovaria-
outra diminuição de gonadotrofinas um mês no erroneamente chamado epitélio germina-
após o nascimento provoca uma nova regres- tivo. As oogônias e oócitos são formados du-
são da testosterona durante um curto perío- rante a primeira metade da vida fetal na
do da "infância". Em bovinos e ovinos a se- ovelha e na vaca. A formação de oócitos tam-
creção de gonadotrofina começa mais cedo; as bém começa precocemente durante a vida
células de Leydig fetais são mais rapidamen- fetal na porca; contudo, a oogênese é comple-
te estimuladas pelo LH e a testosterona é tada apenas durante as primeiras semanas
secretada até que a função gonadotrófica após o nascimento (FigA-3).
regrida (Fig. 4-2). O aparecimento precoce da prófase
N o início da puberdade a secreção de meiótica na vida é uma das principais dife-
gonadotrofina recomeça e as células de Leydig renças entre a evolução das células
são reativadas. Nos suínos as células de germinativas ovarianas e testiculares (FigA-
4). Contudo, à medida que as oogônias desa-
parecem completamente, os oócitos formados
/2 castradas durante o período fetal e neonatal são a úni-
10 ca fonte de oócitos disponíveis durante toda a
vida sexual. Assim que a reserva de folículos
S
bo
8
primordiais está constituída, ela rapidamen-
~ 6
P::
te diminui por atresia. Um feto bovino com
normais 2.700.000 oócitos no 1l0Qdia de gestação apre-
...:14 I ovariectomia
'" ",,"
senta apenas 70.000 no nascimento. A partir
2 ~ ",'" do final do período de oogênese, alguns
~"~ --"-'" ,,'" folículos primordiais continuam a crescer,
2 4 6 8 9 porém até a puberdade todos desaparecem
idade (semanas) devido a atresia (Fig. 4-4).
FIG. 4-2. Evolução comparativa dos níveis de LH
plasmático em cordeiras normais e castradas. A PUBERDADE
puberdade ocorre na mesma idade em ambos os
animais, porém o aumento é mais pronunciado nas
castradas. (De Foster et aI., (1975) Endocrinology, De um ponto de vista prático, um animal
96,15. macho ou fêmea atinge a puberdade quando
98 Fisiologia da Reprodução
Fertilização Nascimento
I
110 30 40 60 8090 110 130 150 200 280 dias
VACA
1'1"P/////ff)/'l'}{t~~'IIII'IIII"
50
10 20 30 52 65 80 90 100 120
~ 150
OVELHA
Li, '1MÍ'~/fX*f:~;!/'(;h...:..:~
50
10
~----
20 30 40:;0 64 80 90 100
PORCA
!I
10/;1,/~i~'ié1f{f1«(~;..I< ..'./;'(;'1./':. :'
50
10 16
L
21
~o30 2 5 10 14 16
L-J
f .t
so trfffflff'W&,f&&iW.."'t ~ ;}I COELHA
- 50Diferenciação Sexual
divisões das oogônias
'>.:.1 prófase meiótica
t..- atresia
FIG. 4-3. Diferenças entre espécies nos padrões da oogênese em determinados mamíferos.
~
PRÓFASE
ME/6TICA t
Oogônia
Oócito
I (estágios em repouso
I t
por dias, meses ou anos)
Porca
I folículo primordial
I Foli,,", ~ '~ciL
'lbdos os
mamíferos
I
I Folículo com antro
/ Bovino, Ovino
GOnÓ!itos II Atresla
/ Mulher
Reserva de
células tronculares Ao
A ~
A",
\
IItA,' Espermatogônias
Espermatócito
MEIOSE
I
I
Fohculo
" /
em cresCImento
,Espermatócito" INICIO ,JI.
Espermiogênese
\ Espermio~nese
,,- "TIAPUBERDADE
I /
Folículo com antro
----- \ Degeneraçao L A
'
- ,--- - -
Espermatozóide 1I
tresla
7------------
Folículo em crescimento
"
Espermatócito
Espermiogênese
l\1E10SE I
JPUBERDADE ~
Folículo com antro
~
JI
(J
1=;'
õ'"
As
'\. " I
t FIM DA
CrescimentOfinal
Folículo de Graaf
\
~
I
I
MEIOSE /
Ovulação
-
\
Atresia
~
d
~
I::
....
c'
C
'"
FIG. 4-4. Comparação da gametogênese em mamíferos machos e fêmeas desde a vida fetal até a co
co
vida sexual ativa. Ao=reserva de células pedunculares, As= espermatogônias tronculares.
100 Fisiologia da Reprodução
berdade ocorre mais cedo em marrãs criadas o melhoramento genético atingido pela
em grupos do que aquelas criadas isolada- inseminação artificial em bovinos leiteiros
mente. A presença de um porco adulto acele- resultou da utilização de reprodutores testa-
ra a puberdade em ambas as situações dos e provados. A obtenção de sêmen nas ida-
(Mavrogenis e Robinson,1976). des mais precoces de tourinhos que estão sen-
A eficiência reprodutiva plena não é atin- do testados é uma prática desejável para
gida em qualquer espécie durante o primeiro acelerar a identificação de reprodutores su-
cio ou ejaculação. Há um período de "esterili- periores. Ultimamente, o impacto genético de
dade adolescente". Este período é notavelmen- um reprodutor superior é limitado pelo nú-
te curto (algumas semanas) nos animais do- mero de espermatozóides produzidos, o que é
mésticos, quando comparado à espécie uma função direta do tamanho testicular.
humana (1 ano ou mais).
Aplicações Práticas para a Idade da CICLOS ESTRAIS
Puberdade. A idade da maturidade sexual
em ovelhas está relacionada ao consumo ade- As coberturas são limitadas durante o cio,
quado de energia e ao suficiente peso corpóreo. coincidindo com o momento da ovulação. Na
A maturidade sexual precoce propicia vanta- espécie humana e em outros primatas, a re-
gens econômicas pois aumenta o período lação sexual não está restrita a qualquer épo-
reprodutivo vital. Assim, é vantajoso acele- ca do ciclo menstrual e a ovulação ocorre du-
rar os níveis de crescimento das cordeiras a rante a metade do ciclo (Fig. 4-5). A duração
serem acrescentadas ao rebanho. A aplicação do ciclo estral é de 16 a 24 dias; ovelha: 16 a
de vários sistemas de criação permite a ob- 17 dias; vaca, porca, cabra: 20 a 21 dias; égua:
tenção de cordeiros durante as várias esta- 20 a 24 dias. A duração do cio depende das
çõesdo ano. Por este motivo, o crescimento e espécies e varia levemente de uma para ou-
o amadurecimento estão sujeitos a uma va- tra fêmea dentro da mesma espécie. Este fato
riedade de influências estacionais. é também verdadeiro com respeito ao momen-
ovulação
-
menstruação
ovulação
Ciclo menstrual
menstruação
.
ovulação ovulação
CiO! cio 1
»;~---~
Ciclo estral - fase estrogênica
fase luteínica
KPitLMi::I
FIG. 4-5. Diagrama comparativo demonstrando diferenças nos padrões e estágios do 'ciclo estral de
animais domésticos em relação ao ciclo menstrual da mulher. Notara incidência de ovulação em relação
ao cio e menstruação. (Adaptado de uma ilustração do Professor C. Thibault.)
102 Fisiologia da Reprodução
100
o corpo lúteo é a fonte principal de míferos. APGF 2a uterina controla a vida útil
progesterona e de relaxina em porcas prenhes. do corpo lúteo, que por sua vez regula a ex-
Nesta espécie a relaxina exerce um papel no tensão do ciclo. Caso se instale a gestação, a
parto e no início da lactação. O ovário é a fon- influência luteolítica do útero tem que ser
te primária de relaxina em várias espécies que anulada já que a progesterona secretada pelo
requerem este órgão durante toda a gestação, corpo lúteo é necessária para a manutenção
ou seja, suínos e roedores. A relaxina está da prenhez.
uniformemente distribuída em todo tecido O período de atividade do corpo lúteo é cha-
ovariano e não somente confinada aos corpos mado de fase luteínica; ele dura de 14 a 15
lúteos. dias em ovelhas e 16 a 17 dias em vacas e
A prostaglandina F 2a (PGF 2a) é o hormônio porcas. A fase folicular, da regressão do cor-
luteolítico uterino em várias espécies de ma- po lúteo até a ovulação é relativamente cur-
>:,j ÚTERO
UTERINO ENDOMÉTRIO ENDOMÉTRIO
tros que não amamentam, a ovariectomia duração do anestro pós-parto varia de acordo
unilateral não encurta mais o intervalo já com a raça e parece ser constante para a mes-
curto (Grass e Hauser, 1981). ma fêmea durante gestações sucessivas.
Em gado de corte em amamentação, o in- A fertilidade é baixa durante o primeiro cio,
tervalo do parto até o primeiro cio varia de particularmente se a fêmea estiver amamen-
60 a 100 dias. Várias tentativas foram feitas tando. A fertilidade máxima na vaca ocorre
para iniciar os ciclos ovarianos em vacas de 60 a 90 dias após o parto (Fig. 4-9). Em por-
corte em anestro e amamentando, por meio cas a fertilidade é nula durante o desmame;
de desmame precoce, amamentação limitada, porém um cio altamente fértil ocorre poucos
tratamento com hormônio liberador dias após o desmame.
gonadotrófico e tratamento com uma combi-
nação de esteróides sexuais. O desmame pre-
coce, e a alimentação limitada, LH-RH e os ESTAÇÃO DE MONTA
esteróides induzem ovulação em vacas de cor-
te anéstricas. Todavia, a fase luteínica do pri- Em animais selvagens há uma estação de
meiro ciclo estral pós-parto e o primeiro ciclo monta bem definida com ambos os sexos apre-
estral após o desmame precoce com alimen- sentando atividade sexual. A ovelha Barbary,
tação limitada e o tratamento com LH-RH é uma raça selvagem, exibe duas estações se-
mais curta do que em ciclos estrais normais. xuais, uma de outubro a janeiro e a outra de
A importância da alimentação no anestro abril a junho. Em mamíferos domésticos, a
pós-parto é demonstrada em ovelhas através natureza e extensão da estação de monta é
de gestação experimentalmente induzida du- variável. Bovinos e suínos não exibem
rante o anestro estacional de modo que o par- estacionalidade porém ovinos, caprinos e
to ocorre durante a estação de monta. Ove- equinos apresentam uma estação de monta
lhas secas geralmente voltam ao cio depois que também varia em duração. '
./.
o
I': Ciclos ovulatórios silenciosos sempre ocor-
Q)
'g 40 rem no início e no fim da estação sexual. Es-
] tes ciclos ovarianos continuam durante o pe-
:e ríodo de anestro em um número variável de
~
30 ovelhas. Em ovelhas Ile-de-France Pré-alpi-
2 3 4 5 6 nas, a frequência de ciclos silenciosos aumen-
meses após parto ta temporariamente na primavera. Havendo
FIG. 4-9. Fertilidade de gado leiteiro no primeiro um carneiro presente, aparece o cio compor-
serviço após o parto, (De Casida, (1968) Wise, Expt. tamental, permitindo assim uma segunda
Sta. Research Bull, No. 270.) estação sexual anual nestas raças.
Ciclos Reprodutivos 107
-
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M. 6-9 139
...-
~,
Welsh
M. 7-0 133 D=o ......
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=::
B.
Leicester 7-2 131 j= =
0=0 ==-=r
Romney
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=
M. 9-7 171
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Suffolk 10-2 189 1=
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Welsh M.
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Dorset
10-4 179 1::=1
H. 1=1
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64
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150
J F MAMJJA
meses
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meses FIG. 4-12. Variação estaciona! da fertilidade em
20 bovinos de 320.000 inseminações artificiais duran-
18 te sete anos (raça Montbéliard no Jura Francês,
B 47° N). O índice de não-retorno é mais baixo na
16.
primavera e mais alto no outono. (De Courot et
'8 14. aI., (1968). Ann. Biol. Anim. Biochim. Biophys. 8,
bb
-5 12. 209.)
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Meses
Estação sexual
FIG. 4-14. Períodos de atividade sexual em ovelhas de raça Limousine. Acima: Sob fotoperiodismo natu-
ral, o cio ocorre normalmente durante o período de diminuição das horas de luz diárias. Abaixo: Sob
ciclos fotoperiódicos de seis meses, o cio ocorre durante o período de aumento das horas de luz diárias.
(De Mauleon e Rougeot (1962). Ann. Anim. Biochim. Biophys. 2,209.)
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HAMPSHIRE
'6 1,0,
2 3 4 5 6 7 8 9 10 5 o N D J F M A M J
idade em anos meses
FIG. 4-16. Efeito da idade sobre o número de cordeiros por parto e da estação sob o número de parição.
(Institut technique de I'Elevage ovin et caprin. Paris, França, 1972.)
Ciclos Reprodutivos 113
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5
FOLICULOGÊNESE, MATURAÇÃO DO OVO E OVULAçÃO
E.S.E. HAFEZ
o ovário desempenha duas funções princi- estrógenos pelo folículo maior diminui rapi-
pais: (a) a produção cíclica de óvulos damente ao mesmo tempo que ocorre o pico
fertilizáveis e (b) a produção de um nível ba- deLH.
lanceado de hormônios esteróides que man- Bovinos ovulam um único folículo que pode
tém o desenvolvimento do trato genital, faci- ser identificado pelo seu tamanho ao redor
lita a migração do jovem embrião e assegura de 3 dias antes do início do cio, quando há
sua implantação satisfatória e desenvolvi- um ou dois grandes folículos no ovário. Em
mento no útero. O folículo é o compartimento ovelhas, um ou dois folículos grandes
ovariano que habilita o ovário a preencher sua secretam mais estrógenos e carregam mais
dupla função de gametogênese e esteroidogê- gonadotrofinas às células granulosas do que
nese. os folículos menores. Em porcas, o recruta-
mento dos folículos ovulatórios dentro da po-
FOLICULOGÊNESE pulação ovulatória continua durante a fase
folicular. Deste modo, o desenvolvimento de
Na reserva primordial de folículos, forma- folículos menores pode ser em primeiro lugar
da durante a vida fetal ou logo após o nasci- inibido por folículos maiores "dominantes". A
mento, alguns folículos primordiais começam avaliabilidade de andrógenos, mais do que
a crescer continuadamente durante a vida, células granulosas baixas ou atividade
ou pelo menos até a exaustão da reserva. Pou- aromatase pode limitar a produção de
co se sabe sobre os fatores que controlam o estrógenos que pode por si própria estar rela-
desencadeamento do mecanismo do cresci- cionada funcionalmente à ligação das células
mento folicular. A atuação do oócito no início granulosas.
deste crescimento foi enfatizada inicialmen- O crescimento final em ovelhas, vacas e
te por medidas dos diâmetros do oócito e do porcas varia entre 12 e 34 dias; a duração to-
folículo. Contudo, a ampliação do oócito se dá tal do crescimento folicular nos mamíferos
em seguida a alterações de forma da célula domésticos é maior que 20 dias, presumi-
folicular, de plana para. cubóide. Quando qual- velmente cerca de 6 meses. O crescimento do
quer folículo é libertado desta reserva, ele con- folículo até o estágio de formação de antro não
tinua a crescer até a ovulação ou até que de- é dependente estritamente de gonadotrofinas.
genere, que é o caso da maioria dos folículos Em fêmeas hipofisectomizadas, a formação de
(Tabelas 5-1 e 5-2). O folículo maior é respon- folículos continua em um nível mais ou me-
sável pela maior quantidade de secreção de nos normal. Por outro lado, a formação de
estrógenos pelo ovário no estro. A secreção de antro e o crescimento final são totalmente
115
116 Fisiologia da Reprodução
Parede folicular Composta da granulosa e da teca, separada pela lãmina basal, sofre modificações de
desenvolvimento relacionadas a organogênese de uma glândula endócrina/exócrina
que sintetiza hormônios esteróides
Células granulosas Em folículos antrais, microfibrilas ligam as células granulosas à lãmina basal e células da
teca à lãmina reticular
Em folículos pré-ovulatórios, projeções da célula granulosa ligam-se através da lâmina
basal rompida
Após a ovulação, a camada granulosa é invadida por vasos e material conjuntivo
Células granulosas de folículos caprinos adquirem a habilidade de secretar ocitocina antes
da ovulação, provavelmente como resposta à onda pré-ovulatória de LH
Corona radiata Antes da ovulação o óvulo permanece em um lado do folículo ovariano, envolto em uma
sólida massa de células foliculares, o cumulus oophorus
Folículo primordial Folículos com oócitos localizados centralmente e uma única camada de células granulosas
Os folículos são separados uns dos outros pelo estroma constituído de fibroblastos, feixes
de colágenos e fibras reticulares
Diferenciam-se das células germinativas primordiais (oogônias) e permanecem em uma
prófase meiótica até reassumir a maturação preliminarmente a uma ovulação ou uma
atresia
Feito da membrana basal e/ou duas camadas de células granulosas e um oócito dictiado
Formação precoce de folículo regulado pela rete tubular ovariana
Crescimento folicular, proliferação de células granulosas, formação da zona pelúcida,
diferenciação das células da teca
Uma porcentagem constante de folículos cresce em unidades irrespectivamente ao perfil
endócrino da fêmea
Crescimento folicular monitorado preciso e sequencialmente em níveis similares
Folículo secundário Com o aumento do número de células granulosas por mitose, as células tomam forma
cuboidal
Folículo vesicular Folículos com acúmulo de fluido folicular no antro dentro das células epiteliais
Fluido folicular (no antro) O antro é separado da teca vascular pela membrana basal de permeabilidade seletiva
Contém esteróides, glicosaminogliclans e muitos metabólitos; K+ e Na+ em concentrações
similares como no soro
Alguns componentes são fisiologicamente ativos: inibidor da maturação do oócito, inibidor
do LH carreador, inibina, e várias enzimas e ácido sulfiírico condroitina
Contém, somente em grandes folículos, alta porcentagem de estradiol-17 na fase folicular
e progesterona na ovulação
Alta concentração de progesterona após a onda de LH inibe a atividade aromatase
localmente no ovário
Fluido folicular (entre as células Fluido dentro das células granulosas e especialmente no complexo do cumulus oophorus é
granulosas) viscoso e rico em ácido hialurônico
O fluido se acumula à medida que se aproxima a ovulação
Muitos oócitos velhos permanecem na superncie folicular após a ovulação até serem
removidos pelas Illllbrias
A proliferação é estimulada por estrógenos
O fluido contém receptores de FSH exclusivamente
O fluido contém receptores de estradiol
O FSH estimula o acúmulo de cAMP
O aumento da resposta das células granulosas ao FSH ocorre sem modificação no número
de receptores de FSH, porém isto requer estradiol
Os receptore.s de LH e a resposta do adenilato ciclase ao LH são adquiridos somente no
final do desenvolvimento folicular
Os andrógenos são aromatizados ao estrógeno
O estradiol-17 aumenta a habilidade do FSH para induzir receptores de LH
A separação da granulosa e da teca é provocada assim que a membrana basal é dissolvida
Células luteínicas desenvolvem-se após a ovulação e são a principal fonte de progesterona
no corpo lúteo
Foliculogênese, Maturação do Ovo e Ovulação 117
lI. Células do A. AiJ células da corona do cumulus A. AiJ células usam glicose para suprir piruvato para
cumulus oophorus interdigitam-se com o troca metabólica com o ovo; com a separação das
oócito através de processos células do cumulus oophorus, ocorre a troca
citoplasmáticos, que cruzam a zona metabólica apenas através do fluido folicular
pelúcida e fazem contato com as B. Retomada da meiose e maturação do oócito são
células adjacentes do cumulus acionadas pelas ondas pré-ovulatórias de
oophorus através de junções de gonadotrofinas; o grau de mucificação do cumulus
intervalos. oophorus e da dispersão da corona está
B. AiJ células sofrem profundas correlacionado com o estágio de maturação
modificações -de uma compacta meiótica do oócito; a maturação do oócito ocorre em
massa para uma estrutura um meio que é bioquimicamente similar ao soro
expandida e mucinosa. sanguineo, embora mais diluído
C. AiJcélulas tomam-se progressiva- C. Os componentes envoltórios do oócito protegem o
mente separadas umas das outras; ovo da fertilização polispérmica providenciando
as células do cumulus oophorus uma barreira fisica ao espermatozóide. Isto pode
ancoradas à zona pelúcida aumentar a chance de fertilização através do
permanecem circundantes ao oócito, aumento do tamanho do alvo favorecendo o
formando a corona radiata espermatozóide. Devido à constituição radial da
corona radiata, as células podem ajudar a dirigir o
espermatozóide em direção ao óvulo
D. Enquanto que a presença de um cumulus oophorus
intacto pode facilitar a penetração do
espermatozóide na dissolução dessas células por
tratamento enzimático ou mecânico, isto parece
não interferir com a fertilização in vitro
III. Crescimento A. Aumento do citoplasma do A. O oócito primário sofre duas divisões meióticas; na
do oócito deutoplasma (vitelo) primeira divisão aparecem duas células irmãs,
B. Desenvolvimento de uma zona cada uma contendo metade do complemento
pelúcida do ovo e proliferação cromossômico (2n); na segunda divisão o ovo
mitótica do epitélio folicular e adquire quase todo o citoplasma. Esta célula é
tecidos adjacentes conhecida como oócito secundário
C. Crescimento do oócito em duas fases: B. Em uma segunda divisão de maturação, o oócito
(1) rápido crescimento do oócito e secundário divide-se em ootídeo (n) e um segundo
desenvolvimento do folículo corpúsculo polar (n)
ovariano e formação do antro, (2) o C. O oócito continua a maturação até a fertilização
oócito não cresce em tamanho
enquanto o folículo ovariano estiver
respondendo aos hormônios
hipofisários e aumenta rapidamente
em diâmetro. O crescimento se
restringe aos folículos em que o
óvulo tenha atingido dimensões
plenas. O oócito amadurece. O
núcleo entra em prófase da divisão
meiótica
118 Fisiologia da Reprodução
IV. Zona pelúcida A. Uma camada grossa acelular, gelatinosa, de A. Possui funções importantes nos estágios iniciais
glicoproteínas entre a superficie do oócito em da fertilização, pois o espermatozóide deve re-
crescimento e as células granulosas conhecer, desenvolver contato e atravessá-Ia'
B. Composta de polissacarídeos, mucopolis- antes de estabelecer contato com a membrana
sacarídeos, proteínas e glicoproteínas plasmática do óvulo
C. Em algumas espécies, a zona pelúcida consiste B. Possui propriedades fisico-químicas e antige-
de mais que uma camada, com uma composi- nicidade
ção química variável
D. Microvilosidades e processos celulares
foliculares incluídos na zona pelúcida aumen-
tam extraordinariamente em número à medi-
da que as células granulosas e o oócito se dife-
renciam, aumentando a área superficial duran-
te o crescimento do oócito
E. Uma estrutura semelhante a um retículo fibro-
so entremeada com numerosos poros; os
canalículos, fixados pelas fibras, propiciam via-
dutos pelos quais processos de células
granulosas podem atravessar a zona pelúcida
e interagir com a superficie vitelínica
no antro formado pela coalescência de peque- tém altos níveis de estradiol-17 ~ na fase
nas b"ôlsas de fluido, folicular e progesterona à medida que apro-
Composição Bioquímica do Fluido . xima-se a ovulação. Todavia, ovários policís-
Folicular. O fluido folicular, um transudato ticos apresentam altos níveis de andros-
sérico modificado por atividades metabólicas tenediona, Em folículos de suíno, os lipídios
foliculares, contém constituintes específicos são menos concentrados no fluido folicul~.r do
como esteróides e glicoproteínas sintetizados que no soro, porém mais concentrados' nas
pelas células da parede folicular, Durante o secreções tubáricas. Isto está asf?ociado com
crescimento folicular, é estabelecido um equi- um declínio nos níveis de lipídios'foliculares
líbrio entre o fluido sérico e o folicular. As con- no final do crescimento dos folículos.
centrações de metabólitos nos dois comparti- Folículos ovarianos viáveis acumulam e
Illentos são similares. Estas concentrações são secretam hormônios esteróides, principal-
também similares àquelas das secreções da mente estradiol, progesterona e 4-andros-
trompa. O fluido contém vários compostos de tenediona; vários não-esteróides fisiologica-
significantes valores fisiológicos, e a maioria mente ativos tal como um inibidor de
deles são concentrações similares ao soro san- maturação do oócito (OMI), um polipeptídio
guíneo (Tabelas 5-3 a 5-5 ). pesando cerca de 1.500 dáltons; um inibidor
Em grandes folículos com antro (porém não da luteinização, uma proteína complexa; um
nos pequenos folículos), o fluido folicular con- inibidor de proteínas, uma proteína de cerca
Folículo em pré-antro
Folículo em Hipoxia
crescimento
Controle
intra-ovariano
~
a@'()
~<9' ~
Folículos primordiais
FIG. 5-1. Todos os dias alguns folículos começam a crescer. Na fêmea hipofisectomizada ocorre o cresci-
mento do folículo primordial até o estágio de pré-antro, porém em ritmo mais lento. O número de folículos
primordiais que começa a crescer diariamente é controlado por um fator intra-ovariano desconhecido. A
formação do antro e o crescimento final do folículo até o tamanho ovulatório são dependentes de
gonadotrofinas. Esta segunda fase de crescimento folicular é mais curta do que a primeira. O prossegui-
mento da meiose ocorre somente quando o oócito é liberado das células granulosas. In vivo, isto ocorre
após a onda ovulatória de gonadotrofinas, que provoca afrouxamento dasjunçães das células granulosas
e a liberação do oócito para dentro do líquido folicular. In vitro, a meios e prossegue quando os oócitos são
cultivados, isolados ou "enxertados" nas células tecais. Amaturação completa do oócito (reinício da meiose
e maturação citoplasmática) ocorre no folículo somente após a onda ovulatória de gonadotrofina. (Thibault
e Levasseur (1978). La fonction ovarienne chez les Mammiferes. Masson, Paris).
120 Fisiologia da Reprodução
p PM PM s s T
. (O
crescimento crescimento retomada da
folículo
dependente de meiose (secreção
em repouso de esteróides
independene de independente de gonadotrofinas gonadotrofinas
I crescimento
gonadotrofmas I crescimento
gonadotrofinas I dependente
(secreção dede (secreção de pelas células
FOLÍCULO
PRIMORDIAL . esteróides pelas
células da teca)
esteróides pelas
células da teca)
LÂMINA BASAL
OOCITO DICTIADO
CÉLULAS GRANULOSAS
foliculares e da
teca)
.
"'C7 LÂMINA BASAL
~
,'"
:' d:', CÉLULASGRANULOSAS
FOLÍCULO
PRIMÁRIO ~I:
"..'"'" .'"
'. : OÓCITO TOTALMENTE CRESCIDO
ZONA PELÚCIDA
-c>
LÂMINA BASAL
FOLÍCULO
ZONA PELÚCIDA
SECUNDÁRIO
OÓCITO TOTALMENTE CRESCIDO
LÂMINA BASAL
CÉLULAS SECRETORAS DE
ESTERÓIDES
FOLÍCULO
- ANTRO
VASO SANGUÍNEO
TERCIÁRIO
INICIAL
OÓCITO TOTALMENTE CRESCIDO
MÚLTIPLAS CAMADAS DE
CÉLULAS GRANULOSAS
TECA INTERNA
Fig. 5-2. Classificação fisiológica (acima) e morfológica (abaixo) dos folículos ovarianos: P, folículo pri-
mordial; PM, folículo primário; S, folículo secundário; T, folículo terciário. Notar as diferenças no núme-
ro de células granulosas e no grau de expansão do antro com acúmulo de fluido folicular. (Dvorak, M. e
Tesarik, J. (1980). Ultrastructure of human ovarian folicles. In Biology of the Ovary. P.P. Motta and
E.S.E. Hafez (eds.). London, Martinus Nijhoff,)
Carboidratos Cílicose,frutose,fucose,galactose,manose
Elementos e sais Sódio, potássio, magnésio, zinco, cobre, cálcio, enxofre, cloretos, fosfato
inorgânico, fósforo
Inibidoras
Inibidor da maturação do oócito (OMI) Inibe o completamento da meiose do oócito
Inibidor da luteinização Previne ou inibe a luteinização das células granulosas
Inibidor do receptor que carrega o FSH Deprime a ligação do FSH às células granulosas
Inibina (substância supressora do FSH) Deprime a secreção de FSH
Outros fatores Promovem a capacitação e a reação acrossômica do
espermatozóide
Estimuladoras
Estimulador luteinizante Estimula a luteinização das células granulosas
Grandes folículos saudáveis são caracterizados por grande conteúdo de estradiol e relativamente
pequeno valor de testosterona. Quando grandes folículos são atrésicos, o nível de estradiol é menor do
que o de testosterona. A mesma relação baixa estradiol/testosterona é observada em pequenos folículos
saudáveis; todavia, seu conteúdo de progesterona é menor do que aquele dos grandes folículos, sejam
eles atrésicos ou não. O conteúdo de esteróide intrafolicular reflete a potência esteroidogênica destes
folículos. (De Moor et aI. (1978). J.EndocrinoI. 77, 309).
122 Fisiologia da Reprodução
Aumento dos
receptores de LH
Formação
do antro
estação
nutrição
...... puberdade
idade
.......
lactação
gestação
tratamento com Gn
efeito do macho
FIG. 5-3. Alguns mecanismos que regulam e controlam folículos pré-antrais e antrais.
ríodo desde a regressão do corpo lúteo à relação entre os níveis plasmáticos basais de
subsequente ovulação, é aparentemente mais FSH e LH e o desenvolvimento folicular.
curta (dois dias em ovelhas e quatro a cinco A Figura 5-7 ilustra algumas diferenças en-
dias em vacas e porcas). No entanto, a pre- tre espécies relativamente a estas fases: (a)
sença de folículos em antros durante a fase espécies animais sem fase luteínica, como
luteínica sugere que a duração real da fase roedores com ciclos estrais de quatro dias; (b)
folicular é maior do que dois a cinco dias, se a primatas com fases folicular e luteínica bem
"fase folicular" se refere ao período desde a distintas; (c) mamíferos domésticos com fa-
formação do folículo com antro até a ovula- ses "folicular" e "luteínica" sobrepostas.
ção. Por esta razão, a fase luteínica nos ma- Em roedores os perfis plasmáticos de FSH
míferos domésticos se sobreporia parcialmen- diferem daqueles de LH. Após a descarga pré-
te à verdadeira fase folicular, obscurecendo a ovulatória das duas gonadotrofinas, o FSH
124 Fisiologia da Reprodução
, para o sangue
.
estrógenos
FSH
FSH
Células
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granulosas
. .
.""
.
LH
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e
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FIG. 5-4. (Acima) Parte do folículo mostrando locais de ação de gonadotrofinas e produção e ação de
esteróides. (Abaixo) Relações entre hormônios hipofisários e esteróides ovarianos em folículos pré-antrais
em crescimento. (Peters, H: e McNatty, K.P. (eds.). The development ofthe ovary in the embryo. In The
Ovary. Berkeley, University of Califomia Press, 1980.)
surge novamente após a ovulação. Impedin- duas semanas mais tarde e também de ou-
do-se os efeitos desta onda de FSH com tros que se tornarão atrésicos no final da pri-
anticorpos FSH, demonstra-se que a onda é meira semana da fase folicular.
responsável pela formação dos folículos com Nos mamíferos domésticos existe também
antros destinados a ovular 3,5 dias mais tar- uma segunda elevação de FSH 20 a 30 horas
de no ciclo estral subsequente. Nos primatas, após a onda pré-ovulatória de LH e FSH. Esta
uma subida de FSH começa durante a mens- elevação pós-ovulatória de FSH desencadeia
truação no final da fase luteínica. a formação de antros na população folicular
Presumivelmente, esta elevação inicia a for- que inclui candidatos à ovulação um ou dois
mação do antro do folículo que deveria ovular ciclos posteriores. Em ovelhas o segundo pico
Foliculogênese, Maturação do Ovo e Ovulação 125
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01)0 . 26 horas
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hipófise
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Suppl. 30, pp. 75-90.
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Folículos
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pré-antrais
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Folículos
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pré-antrais
folículos antrais .ovulação
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atresia
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MULHER
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28
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dias
Folículos
pre-antrais- - folículosantrais
1
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FSH
. 2' I 4 I I 6 I . 12'
FIG. 5-6. Crescimento final dos folículos destinados a ovular. Qualquer que seja a duração da primeira
fase de crescimento folicular, os folículos atingem o estágio de pré-antro diariamente. A partir desta
população de folículos, o recrutamento daqueles destinados a ovular é assumido pela onda pós-ovulatória
de FSH (*) que ocorre antes do início da secreção pelo corpo lúteo na rata e na ovelha. Em primatas, esta
onda é adiada e ocorre depois da regressão do corpo lúteo. Alguns destes folículos entram em atresia
quando o FSH volta para baixos níveis basais. Injeções de PMSG neste estágio salvam estes folículos e
permitem a superovulação. O FSH parece a mais importante gonadotrofina para manter o crescimento
folicular, enquanto que o LH tem a principal atuação na ovulação. (Hafez et aI., 1980.)
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Foliculogênese, Maturação do Ovo e Ovulação 127
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Interfase final
Síntese de DNA
0
Início da prófase meiótica
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Crescimento do oócito e do folículo 0
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Maturação folicular
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OÓCITO
SECUNDÁRIO
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mamíferos PVS
Segunda divisão meiótica, fertilização e
emissão do segundo corpúsculo polar ! OVO PRÓ-NUCLEADO
~ 0 (OOTID)
0!J-0
FIG. 5-7. Eventos de desenvolvimento, (De Baker, T.G. Oogenesis and ovulation. In Reproduction in
Mammals. C.R. Austin and R.W Short (eds.). Cambridge, University Press,)
I. Recrutamento e seleção de No decorrer do ciclo estral, cada ovário possui numerosos folículos antrais em
folículospara ovular sua superncie. Dois processos levam ao desenvolvimento destes folículos
pré-ovulatórios
A. Primeiro, o processo de recrutamento estabelece um grupo de folículos
capazes de ovular
B. Segundo, os folículos individuais são selecionados para continuar o
desenvolvimento até a ovulação de um grupo de folículos similares porém
com caracteríoticas de degeneração. Esta seleção ocorre na ausência de
modificações detectáveis nas concentrações de hormônios receptores,
níveis honnonais no soro ou sangue local
VI. Maturação do óvulo Sob estimulação apropriada do FSH e LH, em algumas espécies, após
remoção dos folículos de Graaf e cultura in viera, os oócitos em estágio de
dictiados recomeçam a meiose (divisão celular reducional), resultando na
maturação final do oócito dentro do folículo maduro pré-ovulatório
VII. Formação do estigma A. Com a formação do estigma, uma fina área circunscrita do ápice
folicular, a parede apical integral torna-se fina; antes da ovulação,
camadas internas da parede folicular projetam-se através de uma
abertura para formar uma papila de um fino estigma translucente
B. O estigma torna-se mais fino, salienta-se na superncie do ovário e
torna-se completamente avascular
C. Na ovulação, a saliência do estigma rompe-se no ápice, liberando certa
quantidade do fluido folicular
130 Fisiologia da Reprodução
TABELA5-6. Continuação
Parâmetros Mecanismos
VIII. Liberação de óvulos A. O complexo cumulus-oócito libera-se do fluido folicular. As células granulosas,
a teca interna, e o estroma circundante, incluindo o epitélio superficial,
submetem-se a modificações celulares, subcelulares e moleculares em resposta
a uma onda pré-ovulatória de LH, que aproxima-se próxima à ovulação
B. A teca e as células granulosas já não são separadas como lâmina basal, que
está dissolvida
C. O cumulus oophorus é composto de várias camadas aleatoriamente dispersas
em uma matriz gelatinosa contendo o óvulo circundado com uma camada de
células da corona radiata
D. Massa gelatinosa compreendendo conteúdos do folículo é gradualmente expulsa
até ser liberada para ser captada pelos cílios das fímbrias
E. O ponto da ovulação aparece como uma região semelhante a uma cratera
localizada centralmente contendo células foliculares, eritrócitos e uma
substância semelhante a mucina
XI. Associação do folículo A. Associação fisiológica entre os folículos e corpos lúteos funcionais existe porque
e do corpo lúteo o desenvolvimento folicular é aumentado no ovário contendo um corpo lúteo
B. O peso do fluido folicular e o número de grandes folículos são maiores nos ovários
contendo um corpo lúteo. Em ovelhas, folículos nos ovários que contêm corpos
lúteos crescem mais rapidamente do que os folículos nos ovários opostos sem
corpos lúteos. Tal efeito pode ser mediado por diferenças nas concentrações
locais de progesterona nos dois ovários
C. A progesterona pode atuar tanto sistematicamente e localmente para alterar
as modificações dependentes do tempo quanto ao tamanho do folículo, deste
modo tomando possível a alguns folículos crescerem enquanto outros sofrem
atresia.
D. Efeito da progesterona sobre o crescimento folicular parece não ser mediado
por indução ou alteração do conteúdo de estradiol-17~
E. Os estrógenos afetam diretamente os folículos, ambos prevenindo a atresia e
estimulando o crescimento
(di Zerega e Hodgen, 1981; Draincourt e Cahill, 1984; Sluss e Reichert Jr., 1984; Hafez et aI., dados
não publicados.)
Foliculogênese, Maturação do Ovo e Ovulação 131
protease é adicionado aos fluidos; este inibidor intacta; todavia, a produção vital de leitões
pode preservar o potencial de maturação no por uma porca submetida a uma ovariectomia
fluido folicular. unilateral aparentemente é reduzida.
Em marrãs, a remoção de um ovário resul-
ta em crescimento compensatório do outro Preparo do Oócito para a Fertilização
ovário, conforme se comprova pelo número
aumentado de folículos e crescimento ovaria- Da oogênese para diante o núcleo dipló-teno
no em um volume de fluido folicular também do oócito permanece em um estágio
aumentado (Redmer et aI., 1984). Assim, a quiescente chamado núcleodictiado.Ameiose
remoção de um ovário de uma porca resulta nunca reinicia normalmente antes da onda
aproximadamente no nascimento de um mes- ovulatória de gonadotrofina (Figs. 5-9 e 5-10).
mo número de leitões como em uma porca Quando o oócito é removido do antro folicular
opossum 1
camundongo 5
hamster 8
humana 13
ovinos 15
suínos 16
vaca 27
132 Fisiologia da Reprodução
FIG. 5.10. Principais modificações citológicas do ciclo ovariano. A, B, C, Disposições e conexões citológicas
entre a granulosa e a zona pelúcida do oócito. Notar algumas diferenças citológicas em camadas distin-
tas (88) das células granulosas. D, E, microfotografias eletrônicas de varredura dos folículos ovarianos
(d) e magnificações mais altas das células granulosas (e) mostrando diferenças na superncie das células
provavelmente indicando diferentes graus de maturidade celular ou um ciclo celular.
FIG. 5.11. Oócitos maduros mostrando típicas modificações de maturação. (a) Densa massa de cromatina
na última vesícula germinativa; células do cumulus oophorus circundam o oócito. (b) Diaquinese: o nú-
cleo migrou para a periferia e sua membrana envoltória está prestes a romper-se; a corona radiata
forma-se ao redor do oócito. (c) Primeira metáfase; o eixo em forma de fuso é paralelo à superfície do
oócito. (d) Primeira telófase tardia; o fuso é perpendicular à superfície do oócito, e o corpúsculo polar está
quase separado. Um crescente "meio-corpo" persiste onde o corpúsculo polar está ainda ligado. (e) Se-
gunda metáfase; um pequeno fuso secundário é formado no oócito. A cromatina é agora separada e o
primeiro corpúsculo polar está também em mitose abortiva. O cumulus oophorus destacou-se da parede
folicular. (f) Oócitos secundários ovulados nas trompas (roedores). Segundo fuso metafásico e o primeiro
corpúsculo polar visível à esquerda. Zona pelúcida de ambos os ovos está intacta, porém as células do
cumulus oophorus estão dispersas. (Todas as marcas são de 1011; a até d no mesmo aumento). (Cortesia
dos Drs. HiU, R., Franchi, L.L. e Baker, T.G. (1980). Oogenesis and follicular growth. In Human
Reproduction: Conception and Contraception. 2nd Ed. E.S.E. Hafez and T.N. Evans (eds.). Hagerstown,
MD, Harper & Row.)
134 Fisiologia da Reprodução
1 2 3 4
5 7 8 9 10
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FIG. 5-11. (Continuação). Modificações citogenéticas em oócitos de mamíferos mostrando típicos even-
tos cromossômicos durante a meiose. Para simplificação, apenas dois pares de homólogos são demons-
trados. (De Franchi, L.L. e T.G. Baker, (1973). Oogenesis and follicular growth. In Human Reproduction:
Conception and Contraception. E.S.E.Hafez and T.N. Evans (eds.). Hagerstown, MD, Harper & Row.)
Termo Definição
Células da corona Radiantes, levemente
expandidas, compactas
ou ausentes, uniformes
ou agrupadas
Massa expandida de Presente na matriz fina
cumulus oophorus de ácido
mucopolissacarídeo,
matriz densa ou
ausente, distribuição
uniforme ou agrupada
Células granulosas da Quantidade de
membrana folicular citoplasma, agregação
frouxa ou aparência
compacta, cor pálida
ou escura e agrupadas.
138 Fisiologia da Reprodução
Eventos Celulares
ovulatórios dos folículos ovarianos para se- do fator precoce da gestação (EPF) (Figs. 5-
rem utilizados na fertilização in vitro (IVF) 17 e 5-18).
(Fig. 5-16). Células Tecais. O volume folicular au-
Células Granulosas. A camada granulosa menta rapidamente nas poucas horas que pre-
é completamente dissociada somente no ápi- cedem a ovulação sem qualquer incremento
ce folicular e finalmente desaparece. Este pro- da pressão do fluido folicular, devido ao au-
cesso começa 6 horas após o coito e termina mento da elasticidade do folículo. Isto resul-
antes da ovulação, quatro horas mais tarde. ta de uma coesão mais frouxa das células da
Cerca de 2 horas antes da ovulação, os pro- teca interna, devido ao edema invasor desta
cessos de crescimento das células granulosas camada e à dissociação das fibras colágenas
penetram através da lâmina basal, preparan- que começa 4 horas após o coito. A dissociação
do a invasão das células tecais e dos vasos de feixes de fibras colágenas também resulta
sanguíneos para dentro da granulosa após a da atividade enzimática proteolítica sobre a
ovulação no corpo lúteo em desenvolvimento. matriz protéica das fibras. A atividade
Este processo está associado com a produção plasmina aumenta após a onda gonadotrófica,
Monitor
Ultra-som Bexiga
Unidade Linha pontilhada
Útero
Folículo
Ovário
C~fi~
FIG. 5-17. Representação esquemática da produ-
ção do fator precoce da gestação (EPF). CL, corpo
lúteo; od, trompa; ou, ovário; z, zigotina.
(Nancarrow et aI. (1982). The early pregnancy
factor of sheep and cattle. In Reproductive
Endocrinology of Domestic Ruminants. R.J.
Scaramuzzi, D.W Lincoln and B.J. Weir (eds.). J.
Reprod. FertiI. SuppI., 30.)
EPF
11. Endócrinos A. O LH está a um nível estável durante a fase folicular inicial e aumenta ligeiramente
antes da ovulação
B. Uma onda acentuada de LH ocorre antes da ovulação; os níveis de LH retomam a
baixos teores durante a fase luteínica
C. O número de folículos ovarianos que se desenvolve e a proporção que subsequentemente
degenera são regulados pela proporção relativa de FSH e LH
D. Modificações cíclicas nos níveis de estradiol e FSH estimulam uma ou duas ondas de
crescimento folicular e regulam o nível da ovulação (1) durante a transição do estágio
pré-antral ao antral e (2) alguns dias antes da ovulação quando a atresia reduz o
número de folículos pré-ovulatórios
E. As células granulosas secretam progesterona para dentro do fluido folicular e agem
como precursoras para a síntese de estrógenos nas células circundantes da teca interna
F. O 17-~-Estradiol e o 17-a-hidroxiprogesterona produzidos parcialmente pelas células da
teca interna, causam gradual aumento na produção de estrógenos
G. Desenvolvimento folicular sob influência de altos níveis de LH, aumento do nível de
estradiol, e a hipófise torna-se aumentativamente responsiva ao LH-RH; reservas de
LH hipofisárias podem aumentar para fornecer futuras associações hormonais
H. Na onda pré-ovulatória de LH, O LH-RH é liberado em eclosões pulsáteis para ativar a
descarga hipofisária de LH e FSH
I. À medida que o LH atinge concentrações críticas no plasma, ele exerce uma retroação
negativa dentro do CNS
J. O nível do desenvolvimento folicular e o número que atinge plena maturação por cio
dependem das gonadotrofinas hipofisárias. Em fêmeas adultas, um número limitado de
hormônios está disponível para o ovário. Durante cada ciclo estral, resultante da
liberação de suficiente FSH pela hipófise, uma multidão de folículos "em crescimento"
fica estimulada para passar a um posterior crescimento e maturação
K. Vários folículos crescem durante os primeiros estágios do ciclo estral, porém poucos
atingem a maturidade pré-ovulatória
L. Menor quantidade de FSH pode ser necessária para iniciar o crescimento de pequenos
folículos do que para manter grandes folículos dirigindo-os ao tamanho ovulatório desde
que o número de folículos que atinge a maturação possa ser bastante aumentado
(superovulação) pelo tratamento dos animais com doses farmacológicas de
gonadotrofinas
Mecanismos neuromusculares A. Camadas concêntricas da teca extema dos folículos contêm células da
e neurovasculares musculatura lisa ricamente inervadas por terminais nervosos autonõmicos
B. Processo mecãnico de ovulação é influenciado por nervos autonômicos intra-
ovarianos e/ou receptores agindo como mediadores em suas ações sobre a
musculatura folicular
C. As prostaglandinas estão envolvidas nas funções neurônicas e em outros
processos locais dentro do folículo. Isto não implica necessariamente no fato
da musculatura agir simplesmente aumentando a presão folicular para
romper a parede folicular
D. A tensão da parede folicular pode aumentar durante o desenvolvimento
folicular sem aumento da pressão intrafolicular
E. A musculatura ovariana proporciona uma base mecânica para a manutenção
da pressão intrafolicular constante antes da ruptura folicular
Dvorak, M. and Tesarik,}. (1980). Ultrastructure of Peters, H. and McNatty, K.P.(1980b).Corpus luteurn
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Dia Press.
6
TRANSPORTE E SOBREVIVÊNCIA DE GAMETAS
E.S.E. HAFEZ
o espermatozóide e o óvulo dos mamíferos porte dos gametas no trato reprodutivo femi-
sofrem várias alterações fisiológicas de nino. O transporte dos gametas é resultante
maturação em seu preparo para a fertiliza- da contratilidade inerente do trato feminino,
ção (Tabela 6-1). Enquanto que a fêmea emi- modificado por reflexos do sistema nervoso
te um ou dois óvulos (ou 10 a 15 no caso da central e pela atividade hormonal. Substân-
porca), o macho expulsa uma quantidade cias farmacologicamente ativas no sêmen,
maciça de espermatozóides em cada cópula. estimulam e regulam a contratilidade do tra-
Levando em consideração que a sobrevida dos to reprodutivo feminino. Os cílios e o fluido
espermatozóides e do óvulo é relativamente das trompas, a cérvice, a junção útero-
curta (20 a 48 horas), a fertilização depende, tubárica e a junção istmo-ampolar podem
em primeiro lugar, do sincronismo de trans- exercer ações no transporte dos gametas.
Mitose na gãnada Cessa durante a vida fetal; novos óvulos Continua durante a vida reprodutiva do macho
não são formados após o nascimento
Meiose na gãnada Começa durante a vida fetal Começa na puberdade e continua durante a
vida reprodutiva
Primeira divisão de A primeira divisão de maturação é A primeira divisão meiótica resulta em duas
maturação no gameta completada no folículo pré-ovulatório células de igual tamanho
Segunda divisão de maturação A segunda divisão de maturação é Não comparável
completada somente quando o óvulo é
penetrado pelo espermatozóide
Números de gametas Milhares de oogãnias são encontra- Milhões de espermatozóides são produzidos em
produzidos durante das no ovário do neonato cada ejaculação a partir da puberdade, com
a vida reprodutiva número reduzido durante a senilidade
Cromossomo sexual no x XouY
gameta
Quantidade de citoplasma no À medida que o oócito amadurece, À medida que a espermátida se transforma em
gameta aumenta a sua quantidade de espermatozóide, diminui a quantidade de
citoplasma citoplasma; o cromos somo e a cauda
desenvolvem-se no estágio final da
espermátida
Motilidade do gameta Os oócitos, circundados pelas células A motilidade espermática desenvolve-se
foliculares, são imóveis gradativamente nas várias porções do
epidídimo e aumenta na ejaculação
Membrana plasmática na O óvulo adquire membranas plasmáticas O espermatozóide perde suas membranas
fertilização do espermatozóide plasmáticas para o óvulo
Sobrevivência no trato 12 a 24 horas após a ovulação A capacidade de fertilização é mantida 24 horas
reprodutivo feminino após a ejaculação
146
Transporte e Sobrevivência de Gametas 147
ampola
vesícula seminal
próstata
glândula de Cowper epidídimo testículo
vaso deferente
(fluido (fluido
epididimário) testicular)
duto
ejaculatório
local de
ejaculação ~ ~~~!~~'tl~~1~~i
. L. Lido transporte espermático
... perda espermática
perda espermática
(fluido retrógrado
na vagina)
I
liberação lenta de
c: .
espermatozóides das criptas
cervicais
FIG. 6.1. Ilustração diagramática dos vários fluidos luminais em que os espermatozóides ficam suspensos
desde a sua produção nos túbulos seminíferos até a época da fertilização na trompa.
rapidamente transportados através do canal processo é facilitado pelo fato de que as mice-
cervical. Esta fase leva de 2 a 10 minutos e Ias do muco cervical ajudam a dirigir os
pode ser facilitada (Fig. 6-5) assim como a espermatozóides para as criptas cervicais,
atividade contrátil do miométrio e onde o reservatório é formado. Menor quan-
mesossalpinge durante o galanteio e o coito. tidade de leucócitos é encontrada nas secre-
Alguns espermatozóides atingem a abertura ções cervicais comparada àquelas da vagina
interna da cérvice dentro de 1,5 a 3 minutos ou do útero; este fato sugere que na cérvice
após a inseminação. Deste modo, alguns há uma menor fagocitose de espermatozóides.
espermatozóides podem atingir rapidamente Os gradientes de concentração espermática
o local da fertilização. Não se sabe se os pri- que ocorrem nos diferentes segmentos do tra-
meiros espermatozóides que entram na trom- to reprodutivo são importantes para a fertili-
pa participam da fertilização do óvulo;foi pro- dade. Quanto mais espermatozóides entrarem
posto que a fertilização somente ocorre quando para o reservatório cervical, tanto mais atin-
um número crítico de espermatozóides alcan- girão a trompa, aumentando assim a proba-
ça o local de fertilização. bilidade de fertilização. Em aditamento,
Colonização de Reservatórios Esper- quanto maior o reservatório, tanto mais tem-
máticos. Uma quantidade maciça de po uma população adequada de esperma-
espermatozóides é aprisionada nas complexas tozóides será mantida na trompa. Os
pregas mucosas das criptas cervicais. Este espermatozóides podem deixar a cérvice pela
Transporte e Sobrevivência de Gametas 149
IESTERÓIDES OVARIANOS I
CONTRATILIDADE
ÚTERO-CERVICAL I CÉRVICE I
Anatomia
Estímulo do coito Fisiopatologia
Agentes farmacológicos Respostas aos hormônios
no sêmen
Hormônios
IVAGINA I
~
Secreções vaginais cD
<D
INFECÇÕES
CÉRVICO-VAGINAIS
~-
~ =--
-<:o
<1) ~,
DEPOSIÇÃO
~
DO SÊMEN ~Á /
IMUCO CERVICAL I
Concentração Quantidade
Morfologia Características biofísicas
. .
Motilidade
Enzimas Enzimas
Interações imunológicas?
FIG. 6-2. Interações biofísicas, fisiológicas, bioquímicas e imunológicas entre os espermatozóides, muco
cervical, e vários segmentos do trato reprodutivo feminino.
sua própria motilidade ou serem passivamen- para entrarem na trompa e efetuarem a fer-
te transportados pelas contrações cervicais e tilização do óvulo. Contudo, várias barreiras
uterinas. anatômicas e fisiológicas previnem que a
Nas espécies em que a ejaculação ocorre quantidade maciça de espermatozóides
nos cornos uterinos, os reservatórios esper- ejaculados atinja o local da fertilização (Fig.
máticos estão localizados na junção útero- 6-8), provavelmente para evitar a
tubárica, como na porca, ou nas glândulas polispermia, condição esta letal para o óvulo
endometriais, como na cadela. Não existe evi- fertilizado.
dência mostrando em qualquer espécie que
os espermatozóides são liberados após sua
entrada nas glândulas endometriais (Fig.6-6). Transporte Espermático na Cérvice
O transporte espermático é afetado pela ação
das prostaglandinas (Fig. 6-7) no sêmen de A mucosa endocervical constitui-se de um
algumas espécies. sistema intrincado de fendas, estrias e crip-
Liberação Prolongada e Transporte. tas agrupadas. Várias funções são atribuídas
Depois do adequado estabelecimento dos re- à cérvice e às suas secreções: (a) ela é recepti-
servatórios espermáticos no trato reprodutivo, va à penetração espermática durante ou pró-
os espermatozóides são liberados gradati- ximo à ovulação e inibe a migração em ou-
vamente por um prolongado período. Esta li- tras fases do ciclo; (b) ela atua como um
beração lenta, que envolve a motilidade ina- reservatório espermático; (c) ela proteje os
ta dos espermatozóides e a atividade contrátil espermatozóides do ambiente hostil da vagi-
do miométrio e do mesossalpinge, assegura a na e da fagocitose; (d) ela subministra as ne-
contínua avaliabilidade de espermatozóides cessidades energéticas aos espermatozóides;
150 Fisiologia da Reprodução
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FSH,LH
ovário estrógeno
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acrossomo
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espermatozóides se agregam
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nas glândulas endometriais
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C
Bb
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N Sq
G Mi
Bm
5f.1
FIG. 6-3. Transporte espermático através da cérvice para o útero. Acima, O transporte espermático
através da cérvice para a luz uterina envolve mecanismos bioquímicos, assim como modificações biofísicas
e fisiológicas no muco cervical, que em contraposição são controlados por fatores endócrinos. Abaixo,
Tamanho dos espermatozóides (8) em relação às células secretoras não-ciliadas e as células cHiadas do
epitélio cervicaL Bb, Corpúsculos basais dos cílios; Bm, membrana basal do epitélio; C, cílios; G, aparelho
de Golgi; Mi, mitôcondrias; Mr, microvilosidades das células não-ciliadas; N, núcleo; 8g, grânulos
secretores.
Transporte e Sobrevivência de Gametas 151
~O'H
OH OH
~cooo
OH OH
axonema
CH3 "OH
J
L.: -
glândulas endometriais
(reservatório I!)
.(barreira I!)
mucocervical
(filtração)
(seleção)
(barreira I)
t
-
. junção útero-tubárica
(barreira lI!)
istmo
local da ejaculação
(acúmulo do sêmen) local da (reservatório lI!)
fertilização do
óvulo
FIG. 6-8. Diagrama mostrando as várias barreiras anatômicas e fisiológicas que previnem um número
excessivo de espermatozóides da ejaculação de atingir o local de fertilização, presumivelmente para
evitar polispermia.
~
Durante a migração no trato genital, os
espermatozóides são rapidamente separados
poucos atingem o óvulo no local da fertiliza- ciliares das fímbrias. O transporte do óvulo
ção. A maioria dos espermatozóides perece através do próprio óstio e dos primeiros pou-
nas barreiras seletivas: cérvice uterina, jun- cos milímetros da ampola é efetuado pela ação
ção útero-tubárica e istmo-tubárica. Pouco se dos cílios.
sabe sobre o destino daqueles que invadem O mecanismo fisiológico pelo qual os recém-
em grande número as glândulas endome- emitidos óvulos são captados para as trom-
triais. Na cavidade uterina, os espermatozói- pas depende de quatro fatores principais:
des são fagocitados por leucócitos (Fig. 6-9). 1. As estruturas características das fím-
Uma perda contínua de espermatozóides ocor- brias do infundíbulo e suas relações
re também nas cavidades vaginal e peritoneal. com a superfície ovariana durante a
A introdução de sêmen dentro da cavidade ovulação.
uterina desencadeia a resposta leucocitária: 2. O padrão de liberação do cumulus
o aparecimento de leucócitos polimorfonu- oophorus e do óvulo pelo folículo duran-
cleares. A relação biológica entre leucócitos e te a ovulação.
espermatozóides no que diz respeito à 3. As propriedades biofísicas dos fluidos
capacitação e/ou sobrevivência espermática é foliculares que compõem a matriz do
desconhecida. Na cérvice de bovinos, a maior cumulus oophorus.
parte dos leucócitos ocorre na massa central 4. A contração coordenada das fímbrias e
da mucina, um fato que indica que a maioria dos ligamentos útero-ovarianos.
deles invadiu a cérvice a partir do útero. Durante a ovulação, as fímbrias estão
Muitos espermatozóides viáveis, alojados nas ingurgitadas com sangue e são levadas em
criptas cervicais, escapam dos leucócitos, de íntimo contato com a superfície do ovário pela
modo que sobrevive uma população adequa- atividade muscular do mesotubarium. O ová-
da. rio é movido vagarosamente de um lado para
Espermatozóides com alterações são leva- outro e em volta de seu eixo longitudinal por
dos passivamente para trás pela ectocérvice contrações do ligamento ovariano próprio.
com o auxílio das células ciliadas batendo em Esta cadeia de reações é controlada por me-
direção à vagina. Tais espermatozóides, avan- canismos anatômicos e hormonais.
çando apenas uma pequena distância dentro O ovário está localizado dentro da bursa
qa parte central do muco cervical, não atin- ovariana à qual estão unidas a ampola da
gem as criptas cervicais e diminuem bastan- trompa e parte das fímbrias. O ovário pode
te em número dentro de poucas horas após o mover-se prontamente desta localização para
coito. Desde que os espermatozóides que se a superfície das fímbrias, que estão
tornam imóveis em outros locais não são ra- posicionadas na porção aberta da bursa ova-
pidamente eliminados, a proporção que é eli- riana. Este movimento é duplamente contro-
minada é maior na cérvice do que em outros lado pelo ligamento ovariano próprio e pelo
segmentos do trato reprodutivo feminino. mesovário que sustentam o ovário e a trom-
Uma grande quantidade de muco cervical é pa em posição.
produzida e numerosos espermatozóides são As fímbrias e o infundíbulo são basicamen-
expelidos com o muco através da vulva em te compostos de uma estrutura erétil, rica em
bovinos. Os espermatozóides que alcançam as tecidos vasculares e musculares. Durante o
fímbrias caem na cavidade peritoneal. cio, as fímbrias sofrem uma distensão devido
ao fluxo sanguíneo aumentado; além disso,
RECEPÇÃO DE ÓVULOS (CAPTAÇÃO as margens das fímbrias tornam-se
OVULAR) edemaciadas e translúcidas.
As atividades contráteis das fímbrias,
A viscosa massa do cumulus oophorus que trompas e ligamentos são parcialmente coor-
contém o oócito e as células da corona, adere denadas por mecanismos hormonais envol-
ao estigma e permanece unida a ele a menos vendo a proporção estrógeno-progesterona. A
que seja removida pela ação dos movimentos recepção do óvulo é mais eficiente na época
Transporte e Sobrevivência de Gametas 159
Nível de clivagem
r -
A'
V
o
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o
A
~ 8 (I)
<ti
8
(I) 8 ~ (I)
~. (I) -
FIG. 6-11. (Acima) Padrão de transporte e clivagem de ovos em suínos. Os ovos passam rapidamente
pela primeira metade da trompa e permanecem no quarto terço, onde se localiza a junção istmo-ampolar,
até 60-75 horas após o desencadeamento do cio. (Dados de Oxenreider e Day, J. (1965) Anim. Sei., 24,
413.). (Abaixo) O istmo da trompa é demonstrado após utilização de técnica de clareamento mostrando o
tr;msporte dos óvulos.
Óvulos não fertilizados ficam retidos na trom- O transporte do óvulo através da trompa é
pa de éguas por vários meses. A chegada dos regulado por quatro forças primárias:
óvulos fertilizados ao útero em um estágio 1. A frequência, intensidade e programa-
progestacional apropriado do ciclo estral, é um ção da musculatura tubárica e dos liga-
fator crítico. mentos a ela relacionados, segundo a
O padrão de transporte ovular é mais rá- influência dos mecanismos endócrinos,
pido do infundíbulo para a junção istmo- farmacológicos e nervosos.
ampolar do que através do istmo. Esta demo- 2. A direção e padrão das correntes e
ra no transporte ovular parece ser necessária contracorrentes dos fluidos luminais, se-
para a subsequente implantação do embrião. gundo a influência do padrão e direção
A época da entrada do óvulo no útero é relati- dos batimentos dos cílios que revestem
vamente precisa, quando comparada à sua as pregas mucosas.
passagem pela junção istmo-ampolar para 3. A atividade secretora das células não
dentro do istmo. ciliadas do epitélio tubárico, segundo a
Transporte e Sobrevivência de Gametas 161
OVULAÇÃO
7-10 DIAS
3-4 DIAS
3-7 DIAS
48 HORAS ,24 HORAS
MÓRULA
BLASTOCISTO
FIG. 6-12. Relações temporais dos principais eventos que ocorrem na trompa como a captação dos óvulos
pelas fímbrias e fertilização, clivagem e formação do blastocisto no útero.
FSH
G)
marcapassos
ações potenciais de receptores T estrógeno ~ -~progesterona
excitação-contração
proteínas contráteis C contrações tubáricas 7\ secreções tubáricas )
interação muscular
longitudinal-circular
~
contração da
musculatura
tubárica
inervação
adrenérgica
~. transporte do ovo
FIG. 6-13. Mecanismos anatômicos e fisiológicos que controlam o transporte do ovo e dos espermatozóides
na trompa.
óvulo no istmo. Na coelha, tais explosões ocor- cional. Isto faz subentender que as forças
rem 36 horas após o coito, quando a maioria motoras fornecidas pela ação ciliar são de fato
dos óvulos estão nas trompas. Ocorre uma assimétricas. As prostaglandinas possuem um
queda na motilidade tubárica 72 horas após notável efeito sobre a musculatura lisa das
o coito, quando a maioria dos ovos já estão no trompas e do útero. A formação e liberação
útero (Aref e Hafez, 1973). Os a-adrenorre- da prostaglandina são postas em execução
ceptores (estimulantes) regulam a contração pela atividade dos nervos.
tubárica, enquanto que os ~-adrenorre-
ceptores (inibidores) regulam o relaxamento "Enlaçamento" e "Desenlaçamento" dos
tubárico. A estimulação do nervo e várias dro- Óvulos nas Trompas
gas autônomas provocam respostas variáveis
das trompas (ver Tabela 6-5). Estas respos- Vários mecanismos provocam o lento trans-
tas estão altamente relacionadas ao período porte dos óvulos através do istmo:
vital dos gametas (Tabela 6-6). peristaltismo tubárico, atividade ciliar, e flui-
Quando a atividade muscular da trompa é dos correntes e contracorrentes dentro da luz.
bloqueada farmacologicamente com Os mecanismos fisiológicos e farmacológicos
isoproterenol, o transporte ovular na ampola que podem influir no enlaçamento e no
muda seu discreto caráter típico "de um lado desenlaçamento dos óvulos, seguem-se:
para outro", tornando-se contínuo e unidire- 1. Bloqueio mecânico ( por ex., edema)
Transporte e Sobrevivência de Gametas 163
(I
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Fímbrias . ;.;,
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Dia 1
(estrógeno)
e ovo
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Contracorrente da secreção
mais eficiente que os cílios
* Vida fértil é um conceito relativo desde que a fertilidade declina progressivamente sobre um período
de horas. Para os espermatozóides, inclui-se apenas o período no trato genital feminino. A vida do óvulo
é contada a partir da ovulação. Para ambos, a longevidade provavelmente depende de uma variedade de
fatores, incluindo a situação hormonal da fêmea. Por esses motivos, é impossível proporcionar figuras
precisas.
t Estas estimativas são apenas aproximadas desde que o nível de desenvolvimento está sujeito a uma
considerável variação tanto entre indivíduos como entre raças. Adicionalmente, informações precisas
sobre o momento da ovulação são falhas em várias espécies.
Em bovinos, o sêmen é ejaculado na vagi- tozóide, sob condições de monta natural. Con-
na anterior próximo à abertura externa da tudo, no caso de inseminação artificial ou sob
cérvice. A penetração dos espermatozóides regime de monta controlada, os óvulos podem
dentro do canal cervical pode depender da se deteriorar antes que os espermatozóides
atividade muscular do trato reprodutivo mas- atinjam a ampola, mesmo que a viabilidade
culino, que é realçada pela ocitocina liberada fértil dos óvulos seja de 20 a 24 horas.
durante o coito, embora a penetração também Ocorre uma descida acelerada dos óvulos
dependa da motilidade espermática. A condi- pelas trompas depois de tratamento
ção do muco cervical é crítica para uma colo- superovulatório em bovinos, embora os expe-
nização satisfatória da cérvice, cuja última rimentos com PMSG não tenham provocado
porção representa o principal reservatório, esta particular resposta. O distúrbio do trans-
após o coito, de espermatozóides em ruminan- porte ovular é bem conhecido em animais de
tes, pelo menos durante as primeiras 24 ho- laboratório sob tratamento com esteróides, de
ras. Os espermatozóides são armazenados por modo que uma produção excessiva de
2 a 3 dias nas glândulas endometriais, nas progesterona ou tratamento com proges-
pregas do istmo inferior e na região da jun- tágenos, logo após a ovulação, podem provo-
ção útero-tubárica. Deste modo, os esperma- car um resultado similar nos animais domés-
tozóides podem ser protegidos da fagocitose. ticos, levando a uma infertilidade temporária.
Uma quantidade significante de esperma-
tozóides entra nas trompas de vacas em cio 2 VIABILIDADE FÉRTIL E
horas após a cobertura, embora sejam encon- ENVELHECIMENTO DOS ÓVULOS
trados nas ampolas após 8 horas.
Apenas uma pequena fração do ejaculado A vida fértil do óvulo é o período máximo
atinge a porção superior da trompa. Este fe- em que ele permanece em condições de ser
nômeno é importante para evitar a condição fertilizado e sofrer um desenvolvimento nor-
patológica de fertilização por polispermia. mal. Em muitas espécies, o óvulo permanece
Deste modo, é extremamente baixa a pro- apto para a fertilização de 12 a 24 horas (Ta-
babilidade de envelhecimento pós-ovulatório bela 6-6). Ele vai perdendo rapidamente esta
do óvulo antes da penetração do esperma- capacidade quando estiver se aproximando do
Transporte e Sobrevivência de Gametas 165
vidualmente dentro de um corno como entre fluido uterino é muito diferente daquela do
os cornos, são desconhecidos. fluido tubárico. Os óvulos nos estágios ini-
A migração transperitoneal de óvulos pode ciais ,de clivagem requerem substâncias es-
ser executada em condições experimentais pecíficas fornecidas pela trompa para o seu
adequadas; por ex., a ovariectomia unilate- desenvolvimento. Por este motivo a entrada
ral, deixando intacta as fímbrias e as trom- prematura de mórulas no útero causará sua
pas, com a ligação da outra trompa. Neste degeneração. Após um certo tempo, os
caso, a trompa livre poderá captar o óvulo li- blastocistos necessitam entrar no útero para
berado pelo ovário contralateral, podendo- o desenvolvimento final e implantação.
se seguir uma gestação normal. A migração
transperitoneal pode ser evitada pelas corren-
tes e tensão superficial do fluido peritoneal. REFERÊNCIAS
O óvulo pode deixar de atingir o infundíbulo
por muitas causas. Por exemplo, os óvulos Aref, I. and Hafez, E.S.E. (1973). Oviductal contrac
aprisionados no folículo rompido podem ser tility in relation to egg transport in lhe rabbit
Obstet. GynecoL 42, 165.
encontrados no corpo lúteo em desenvolvi- Blandau, RJ. and Verdugo, P. (1976):An overview of
mento. O óvulo pode também perder-se den- gamete transport-comparative aspects. In Ovum
tro da cavidade peritoneal; este óvulo geral- Transport and Fertility Regulation. M.J.K.
mente se degenera, porém em raros casos Harper, c.J. Pauerstein, C.E. Adams, E.M. Cou-
pode resultar em uma gestação ectópica (ges- tinha, H.B. Croxatto and D.M. Paton (eds.). Co-
penhagen, Scriptor.
tação localizada fora do útero ). A perda do Burkman, L.J.,Overstreet,J.W. and Katz D.F. (1984).
óvulo na cavidade peritoneal pode ser A possible role for potassium and pyruvate in
provocada pela imobilização da trompa, re- lhe modulation of sperm motility in lhe rabbit'
sultante de uma imperfeita palpação retal dos oviductalisthmus.]. Reprod. FertiL 71,367-376.
ovários, de infecções pós-parto ou pós- Daunter, B. and Lutjen, P. (1982). Cervical mucus.
abortamentos de endometrites ou infecções In Atlas of Human Reproduction by Scanning
Electron Microscopy. E.s.E. Hafez and P. Kene-
abdominais inespecíficas. maus (eds.). Lancaster, England, MTP Press.
Hawk, H.W. and Cooper B.S.(1977).Sperm transport
lhe cervix of lhe ewe after regulation of estrous
DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO prostaglandin or progestogen. J. Anim. Sei. 44,
NAS TROMPAS 63.
Hawk, H.W., Cooper, B.S.and Conley, H.H. (1982).
Increased numbers of sperm in lhe oviducts and
A trompa tem uma participação ativa na improved fertilization rales in rabbits after ad-
manutenção dos óvulos e em seu preparo para ministration of phenylephrine or ergonovine
a fertilização e subsequente segmentação. O ficar lhe time of insemination. J. Anim. Sei. 55,
fluido tubárico é rico em substratos e cofatores 878-890.
Koehler, J.K., Berger, RE., Smith, D. and Karp L.
envolvidos no desenvolvimento ovular, como
(1982).Spermophagy. In Atlas ofHuman Repro-
o piruvato e bicarbonato, aminoácidos livres, duction Scanning Electron Microscopy. E.S.E.
oxigênio, C02' carboidratos, talvez lipídios, Hafez and Kenemans (eds.), Lancaster, England,
nucleosídeos, esteróides e outros compostos. MTP Press.
Aparentemente, estas substân-cias são McLaren, A. 1980. Fertilization and Implantation.
fomecidas pela mucosa da trompa para o meio In Reproduction of Farm Animais. Ed. E.S.E.
fluido luminal. Hafez, 4th ed., Lea & Febiger. Philadelphia.
Pedersen, H. and Fawcett, D.W. (1976). Functional
Fatores endócrinos são importantes nos anatomy of lhe human spermatozoon. In Human
estágios iniciais do desenvolvimento embrio- Semen and Fertility Regulation in Men. E.S.E.
nário na trompa. A composição bioquímica do Hafez (ed.). St. Louis, MO, C.V. Mosby.
7
ESPERMATOZÓIDE E PLASMA SEMINAL
D.L. Garner e E.S.E. Hafez
*Adaptado de Foote, 1980; Gilbert, 1980; Lake, 1971; White, 1980. Valores médios dos componentes
químicos (mg/100 ml :t S.E.) a não ser indicados. Valores com hífens indicam variação.
167
168 Fisiologia da Reprodução
I~
~~.
Cabo," {
Peça Principal
Cauda
FIG. 7-1. Desenho comparativo dos espennatozóides de animais domésticos e outros vertebrados. Dife-
renças no tamanho e fonna relativos, assim como os tennos utilizados para descrever as principais
características estruturais são fornecidos.
Membrana Segmento
Plasmática
} Apical
(Crista)
Conteúdos do
Acrossomo
Membrana Segmento
Externa do Principal
Acrossomo
Membrana
Interna do
Acrossomo
Peça Terminal
do axonema e sua associação de fibras gros- tabilizado por conjugação com proteínas
seiras. Julga-se que a membrana fibrosa for- espermáticas específicas conhecidas coletiva-
nece a estabilidade dos elementos contráteis mente como histonas espermáticas (Mann e
da cauda. Lutwak-Mann, 1981). Núcleos espermáticos
A peça terminal, que é posterior à mem- de algumas espécies contêm principalmente
brana fibrosa, contém somente o axonema pequenas histonas espermáticas de baixo peso
recoberto pela membrana plasmática. molecular conhecidas por protaminas, en-
O axonema é responsável pela motilidade quanto que espermatozóides de outras espé-
espermática. Os pares externos de microtú- cies apresentam quantidades variáveis de
bulos de padrão 9+2 geram a curvatura da histonas ricas em maiores argininas. Estas
onda da cauda por um movimento de proteínas nucleares básicas, importantes para
deslizamento entre os pares adjacentes. a condensação e estabilização do DNA, são
A gota citoplasmática ou protoplasmática, mantidas juntamente por ligações sulfidrí-
que é destacada normalmente de esperma- licas. As ligações sulfidrílicas aumentam à
tozóides ejaculados, é constituída de cito- medida que as células passam através do
plasma residual. Embora considerada anor- epidídimo.
mal, para espermatozóides ejaculados de Durante a fertilização do espermatozóide
muitas espécies, a gota pode estar retida na ele sofre uma reação acrossômico na qual a
região do colo, onde ela é conhecida como gota maioria dos conteúdos do acrossoma são libe-
proximal, ou perto do annulus, onde é cha- rados ou expostos através de aberturas cria-
mada gota distal. das pela fusão do plasma e das membranas
externas do acrossomo (Fig. 7-3). A
hialuronidase liberada dissolve as células do
Composição Química dos Espermatozóides cumulus oophorus que circundam o óvulo re-
centemente emitido. A pró-acrosina é o pre-
O principal componente químico dos cursor para uma enzima proteolítica,
espermatozóides são ácidos nucléicos, proteí- acrosina, a qual é julgada como um agente
nas e lipídios. Aproximadamente um terço digestor através da zona pelúcida para a pe-
do peso seco de uma única célula espermática netração do espermatozóide. Contudo, o pa-
é contribuída pelo núcleo. A cromatina nu- pel específico de cada enzima envolvida com
clear é composta aproximadamente de me- o acrossomo na fertilização, não está comple-
tade de DNA e metade de proteína. A capa tamente esclarecido. O segmento equatorial
acrossomal contém uma variedade de proteí- difere da capa acrossomal no sentido de que
nas enzimáticas. Muitas proteínas enzi- os seus conteúdos não são liberados durante
máticas estruturais e lipídios são encontra- a reação inicial do acrossomo, porém julga-se
dos na cauda. que eles são expelidos quando o esperma-
tozóide penetra na zona pelúcida. No entan-
Constituintes I norgânicos to evidências biofísicas indicam que os
espermatozóides são capazes de penetrar
Espermatozóides são ricos em fósforo, ni- mecanicamente na zona pelúcida por meio de
trogênio e enxofre. A maior parte do fósforo sua própria motilidade (Green e Purves,
está associado com DNA, enquanto que o 1984).
enxofre é derivado das proteínas nucleares A membrana mitocondrial dos esperma-
básicas e dos componentes queratinóides da tozóides rica em fosfolipídios, varia bastante
cauda. (Mann e Lutwak-Mann, 1981). entre as espécies quanto ao número de
mitocôndrias e na sua configuração química.
Componentes Bioquímicos Os espermatozóides contêm enzimas do sis-
tema respiratório oxidas e citocromo-citocromo
O núcleo espermático é composto de e da via glicolítica. Outras enzimas metabó-
cromatina condensada na qual o DNA é es- licas, incluindo a deidrogenase lactato
Espermatozóide e Plasma Seminal 171
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EPITÉLIO SEMlNÍFERO
FIG. 7-4. Epitélio seminífero mostrando a natureza complexa da associação entre as células de Sertoli e
as células germinativas em desenvolvimento com uma ilustração demonstrando a dissociação deste
complexo celular. As células germinativas em desenvolvimento ocupam os espaços intracelulares entre
as células adjacentes de Sertoli e movem-se da membrana basal em direção à luz durante o processo
espermatogênico. As células germinativas iniciam seu processo de desenvolvimento como espermatogônias
(Sg), tornam-se espermatócitos (Se), e então espermátidas arredondadas (RSt), e finalmente, espermátidas
alongadas (ESt). A dissociação esquemática do epitélio seminífero mostra como as células germinativas
ocupam os espaços intercelulares expandidos entre as células de Sertoli adjacentes. (Adaptado de Fawcett,
D.w. (1974) In Male Fertility and Sterility, RE. Mancini e L. Martini (eds.). New York, Academic Press.)
espermatogônia AO das quais originam-se lula A2 não apenas se divide para produzir
outras células germinativas. O tipo de muitas células germinativas que eventual-
espermatogôniaAl divide-se progressivamen- mente formam espermatozóides, porém jul-
te para formar o tipo A2, tipo A3 e tipo A4 ga-se também que haja uma divisão específi-
(Fig. 7-5). O tipo A4 divide-se novamente para ca para repor a população de células
formar espermatogônias intermediárias (tipo tronculares das espermatogônias do tipo AI.
In) e então novamente para formar o tipo B Parece que uma reserva especial de células
de espermatogônia. Estes vários tipos de tronculares tipo espeÍ'matogôniaAO, repõe a
espermatogônias que podem ser identificados população de células tronculares.
em cortes histológicos do epitélio seminífero, A espermatogônia tipo B divide-se pelo
são a base para a proliferação da linha celu- menOS uma vez e provavelmente duas para
lar germinativa. originar os espermatócitos primários. Os
Existe alguma variação em relação à clas- espermatócitos primários duplicam o seu
sificação das espermatogônias, e em algumas DNA e sofrem modificações nucleares pro-
espécies são evidentes apenas três e não qua- gressivas de prófase meiótica conhecidas por
tro tipos de espermatogônias A. O tipo de cé- pré-leptóteno, leptóteno, zigóteno, paquíteno,
Espermatozóide e Plasma Seminal 173
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FIG. 7-5. Ilustração diagramática dos vários estágios de espermatogênese no touro, começando com
uma espermatogônia tipo A. A tabela no centro indica as associações celulares particulares dos doze
estágios do ciclo do epitélio seminífero. Os vários tipos celulares são: A, I, B, estágios sucessivos de
espermatogônias; PL, espermatócito pré-leptóteno; L, espermatócito leptóteno; Z, espermatócito zigóteno;
P, espermatócitos paquítenos dos estágios I, V e X; II, espermatócito secundário; do I ao 14 são estágios
da espermatogênese mostrando a fase de Golgi (fases 1 a 3), a fase de capuchão (fases 4 a 7), a fase de
acrossomo (fases 8 a 12) e a fase de maturação (fases 13 e 14), (Adaptado de Berndtson W. E. e Desjardins,
C.(1974), Am. J. Anat., 140, 167-180.)
174 Fisiologia da Reprodução
e diplóteno antes de dividirem-se para formar Fase da Capa. A fase da capa é caracteri-
espermatócitos secundários. Sem outra sín- zada pela difusão dos grânulos acrossomais
tese de DNA, os espermatócitos secundários aderentes sobre o núcleo da espermátida (Fig.
resultantes dividem-se novamente para for- 7-5, estágio 4-7). Este processo continua até
mar as células haplóides, conhecidas por que aproximadamente dois terços da porção
espermátidas. Todo o processo de espermato- anterior de cada núcleo da espermátida seja
citogênese divisional, desde espermatogônia recoberto por um envoltório fino de dupla ca-
até espermátida, leva aproximadamente 45 mada que se adere intimamente ao envelope
dias no touro. Todavia estas divisões são in- nuclear. Durante esta fase de capa os compo-
completas desde que pequenas pontes nentes de axonemas em desenvolvimento na
citoplasmáticas ou intercelulares ficam cauda, formados de elementos do centríolo
retidas entre a maioria das células de uma distal, alongam-se além da periferia do
série ou de um "clone" de células germinativas citoplasma celular. Durante o desenvolvimen-
de células desenvolvimento (Bloom e Fawcett, to precoce o axonema assemelha-se bastante
1975). Julga-se que estas pontes sejam im- à estrutura de um cílio já que ele consiste de
portantes na coordenação do desenvolvimen- 2 túbulos centrais circundados perifericamen-
to simultâneo de células germinativas como te por 9 pares de túbulos.
um grupo. Fase de Acrossorno. A fase de acrossomo
da espermiogênese é caracterizada por modi-
Espermiogênese ficações nos núcleos, acrossomos e nas cau-
das das espermátidas em desenvolvimento.
As espermátidas arredondadas são trans- As modificações de desenvolvimento são
formadas em espermatozóides através de uma favorecidas pela rotação de cada espermátida
série de modificações morfológicas progressi- de modo que o acrossomo é direcionado em
vas conhecidas como espermiogênese. Estas direção à base ou à parede externa do túbulo
modificações incluem condensação da seminífero, e a cauda por sua vez em direção
cromatina nuclear, formação da cauda ao lúmen (Fig.7-5, estágios 8-12). As modifi-
espermática ou aparelho flagelar, e desenvol- cações nucleares incluem a condensação da
vimento da capa acrossomal (Fig.7-5). Os vá- cromatina dentro de densos grânulos e a mo-
rios estágios de desenvolvimento da transfor- dificação da forma do núcleo esferoidal em
mação espermátida são classificados através uma estrutura alongada e achatada. O
da reação do ácido periódico-Schiff(PAS) para acrossomo, extremamente aderente ao núcleo,
corar os componentes do acrossomo em de- também se condensa e se alonga a fim de
senvolvimento em cor vermelha acentuada. corresponder à forma do núcleo. Estas modi-
São notadas 4 fases neste processo de desen- ficações na forma do núcleo e do acrossomo
volvimento: a fase de Golgi, a da capa, a parecem ser "moldadas" pelas células de
acrossomal, e as fases de maturação. Sertoli circundantes. As modificações
Fase de Golgi. A fase de Golgi da esper- morfológicas são levemente diferentes para
miogênese é caracterizada pela formação de cada espécie, resultando assim em esperma-
grânulos pró-acrossomais PAS-positivos, den- tozóides e espermátidas alongadas, as quais
tro do aparelho de Golgi, a coalescência dos são características para cada espécie.
grânulos dentro de um único grânulo As modificações na morfologia nuclear são
acrossomal, a aderência do resultante grânulo acompanhadas pelo deslocamento do
acrossomal ao envelope nuclear, e os estágios citoplasma para a região caudal do núcleo,
primários do desenvolvimento da cauda no onde ele circunda a porção proximal da cau-
pólo oposto ao da aderência do grânulo da em desenvolvimento. Dentro deste
acrossomal (Fig.7-5, estágios 1-3).0 centríolo citoplasma, os microtúbulos associam-se para
proximal migra proximamente ao núcleo lo- formar uma bainha cilíndrica temporária cha-
cal onde julga-se que ele forme uma base para mada manchete, a qual se projeta posterior-
a união da cauda à cabeça. mente da porção caudal do acrossomo, onde
Espermatozóide e Plasma Seminal 175
ele circunda frouxamente o axonema. Dentro um lóbulo esferóide, chamado corpúsculo re-
da manchete cilíndrica, uma estrutura sidual. Este lóbulo de citoplasma, que perma-
citoplasmática especializada chamada corpo nece ligado à espermátida, alonga da por um
cromatóide condensa-se ao redor do axonema filete delgado de citoplasma, é também inter-
formando uma estrutura semelhante a um ligado com outros corpúsculos residuais por
anel, conhecido por annulus. O annulus em pontes intercelulares resultantes da divisão
primeiro lugar forma-se próximo ao centríolo incompleta das células germinativas duran-
proximal e então durante o desenvolvimento te a espermatocitogênese. Uma vez formado
subsequente migra posteriormente ao longo o corpúsculo residual, as espermátidas
da cauda. As mitocôndrias, previamente dis- alongadas sofrem a maturação final e estão
tribuídas através do citoplasma das prontas para serem liberadas sob a forma de
espermátidas, começam a concentrar-se pró- espermatozóides.
ximas ao axonema, formando a bainha que
caracteriza a peça intermediária da cauda. Espermiação
Fase de Maturação. A fase de maturação
da espermiogênese envolve a transformação A liberação de células germinativas forma-
final das espermátidas alongadas em células das para a luz dos túbulos seminíferos é co-
que são liberadas para dentro da luz dos nhecida por espermiação. As espermátidas
túbulos seminíferos. A modificação de forma alongadas, orientadas perpendicularmente
do núcleo e do acrossomo de cada espermá- para a parede tubular, vão sendo expulsas
tida, iniciada durante a fase prévia, produz gradativamente para a luz dos túbulos (Fig.
espermatozóides característicos para cada 7-5). Os lóbulos do citoplasma residual por
espécie. Dentro do núcleo, os grânulos de intermédio dos quais, grandes grupos
cromatina sofrem progressiva condensação sinciciais de espermátidas estão ligados por
até formarem um fino material homogêneo pontes intercelulares, permanecem embuti-
que preenche todo o núcleo dos esperma- dos no epitélio. A expulsão dos componentes
tozóides (Fig. 7-5, estágios 13-14). espermáticos continua até que apenas uma
Durante a fase de maturação, uma bainha delgada haste de citoplasma una o colo da
fibrosa contendo nove fibras grosseiras for- célula espermática ao corpo residual (Fig.7-6)
ma-se ao redor do axonema. Estas fibras gros- (Fawcett, 1975). O rompimento da haste re-
seiras parecem estar associadas individual- sulta na formação da gota citoplasmática na
mente aos nove pares de microtúbulos do região do colo dos espermatozóides e na re-
axonema e têm continuidade com colunas no tenção dos corpos residuais arredondados.
colo da peça de conexão da espermátida. A Após a liberação dos espermatozóides, as cé-
bainha fibrosa cobre o axonema desde o lulas de Sertoli se desfazem rapidamente dos
annulus até o início da peça terminal. O corpos residuais. Embora as células de Sertoli
annulus migra de sua posição adjacente ao estejam ativamente envolvidas no processo de
núcleo, distalmente ao longo da cauda, para espermiação, não está clara ainda a sua pre-
um ponto onde, subsequentemente, ele irá cisa atuação na aparente reciclagem dos com-
separar a peça intermediária da peça princi- ponentes protoplasmáticos dos corpos resi-
pal da cauda. As mitocôndrias, previamente duais. As células de Sertoli não somente
concentradas ao redor do axonema, ordenam- devem fagocitar os corpos residuais remanes-
se ao longo da peça intermediária formando centes do processo espermatogênico, como
uma bainha mitocondrial que cobre as fibras também removem um considerável número
grosseiras previamente depositadas, desde o de células germinativas em degeneração. Isto
colo até o annulus. ocorre porque o processo espermatogênico é
Durante os últimos estágios da espermio- relativamente ineficiente, no sentido de um
gênese, a manchete desaparece e a célula de grande número de células espermáticas po-
Sertoli forma então o citoplasma remanescen- tenciais degenerar-se antes de tornar-se
te após o prolongamento da espermátida em espermatozóides.
176 Fisiologia da Reprodução
A B c D
FIG. 7-6. Diagrama ilustrando a liberação espermática em mamíferos. Os estágios sucessivos mostram
uma extrusão gradativa das espermátidas alongadas dentro da luz com retenção dos corpos residuais de
interligação. A liberação resulta da atenuação do delgado tronco de citoplasma que liga a célula
germinativa ao corpo residual. Uma vez separada do corpo residual, a célula toma-se um espermatozóide.
(De Fawcett, D. W. (1975) In Handbook ofPhysiology, VoI.V, RO. Greep and E.B. Astwood (eds.), Bethesda,
American Physiological Society.)
o
Cabeça do n
Epidídi:àiõ d
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Rete e
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Testis m
a
t
Corpo do o
pidídimo g
e
n
i
Túbulos c
a
Seminíferos
Local de Inversão
SECÇÃO SAGITAL
'. AUMENTADA DO
TÚBULO SEMINtFERO
FLUIDO DA
RETE TESTIS FLUIDO
TESTICULAR
TÚBULOS
SEMINÍFEROS
CAUDA DO EPIDÍDIMO
FIG. 7-9. Fonte do fluido testicular e da rete testis. Estes fluidos misturam-se à rete testis e são excretados
no sistema de duto excurrente do macho. O fluido testicular é secretado pelas células de Sertoli para o
interior da luz do túbulo. Um túbulo seminífero foi destacado do testículo e aumentado em secção trans-
versal para demonstrar a microanatomia do epitélio seminífero.
FATORES DE CRESCIMENTO
dade potencial de fertilizar os óvulos. Esta nados. O processo de maturação pelo qual os
maturação envolve várias modificações fun- espermatozóides do epidídimo atingem a ca-
cionais, incluindo o desenvolvimento da pacidade de motilidade progressiva parece
potencialidade para manter a motilidade, a implicar em modificações progressivas na fle-
progressiva perda de água, a migração distal xibilidade e nos padrões de movimento de seus
e a eventual perda da gota citoplasmática. A flagelos. Uma rápida progressão para a fren-
capacidade funcional das várias células te aparece primeiro no meio do corpo do
epiteliais que forram o epidídimo, e daqui sua epidídimo em poucos espermatozóides e tor-
influência sobre o processo de maturação na-se um padrão de motilidade predominan-
espermática, é mantida pelos andrógenos tes- te nos espermatozóides da cauda e vasos de-
ticulares. ferentes (Bedford, 1975).
Os componentes secretores das células
Mecanismos de Transporte epiteliais delineando o epidídimo, como a
"imobilina" em alguns animais de laborató-
A passagem dos espermatozóides através rio (Usselman e Cone, 1983) e o "fator
do epidídimo depende de contrações localiza- quiescente" no touro (Acott e Carr, 1984), pro-
das na parede do duto. Estas contrações, ob- vavelmente prolongam a sobrevivência
servadas in vitro nos epidídimos de ratos, espermática ao prevenir um metabolismo
podem ser estimuladas com prostaglandinas desnecessário. A motilidade protéica para di-
e progredir em uma direção a uma frequência ante parece ser importante para atingir uma
de cerca de três por minuto (Cosentino et aI., motilidade progressiva dos espermatozóides
1984). Os espermatozóides são transportados epididimários em bovinos (Acott et aI., 1983).
através dos epidídimos em cerca de 7 dias no O trânsito pelo epidídimo está associado a
touro, 12 dias no cachaço (Swierstra, 1968) e significantes modificações na cromatina do
16 dias no carneiro (Amann, 1981). O tempo núcleo espermático. Este complexo DNA-pro-
de trânsito pode ser reduzido em cerca de 10 teína, que era julgado relativamente inerte
a 20% com um aumento na frequência da após sua condensação durante as últimas fa-
ejaculação. Os elementos contráteis da pare- ses da espermatogênese, sofre uma redução
de do epidídimo apresentam diferenças re- qualitativa na reatividade à coloração de
gionais de tal modo que os componentes das Feulgen durante o trânsito pelo epidídimo
células musculares lisas aumentam progres- (Gledhill, 1971).
sivamente a partir da cauda do epidídimo Durante o trânsito epididimário, a gota
para o vaso deferente (Bedford, 1975). citoplasmática migra da região do colo para
uma posição próxima ao annulus. A presença
Maturação e Armazenamento de da gota em número considerável nos
Espermatozóides espermatozóides ejaculados é um sinal de
imaturidade.
As modificações funcionais que ocorrem du- Modificações associadas com a maturação
rante o trânsito dos espermatozóides pelo do acrossomo foram notadas na maioria das
epidídimo implicam na maturação de várias espécies durante a passagem pelo epidídimo.
e diferentes organelas celulares. Por exem- Embora ocorram marcantes modificações em
plo, o desenvolvimento da capacidade da pro- algumas espécies, aquelas pertinentes aos ani-
gressiva motilidade espermática reflete pro- mais domésticos são limitadas a sutis reduções
cessos de maturação associados com nas dimensões do acrossomo (Bedford, 1975).
modificações qualitativas e quantitativas nos
padrões metabólicos do aparelho flagelar. Desenvolvimento da Capacidade Potencial
Embora os espermatozóides maduros do Fertilizante no Epidídimo
epidídimo estejam em estado relativamente
quiescente, eles demonstram rapidamente Os espermatozóides desenvolvem sua ha-
seu caráter móvel quando retirados e exami- bilidade inicial de fertilizar os óvulos duran-
Espermatozóide e Plasma Seminal 183
te o transporte através dos epidídimos. Sua os espermatozóides não são preservados in-
capacidade fertilizante é considerada poten- definidamente.
cial pois eles devem sofrer a capacitação no
trato feminino antes que possam penetrar nos Destino dos Espermatozóides Não-Ejaculados
óvulos. Os espermatozóides testiculares são
inférteis mesmo quando inseminados em nú- A maioria dos espermatozóides não-
meros relativamente grandes (Setchell et aI., ejaculados são gradualmente eliminados por
1969). A falta de fertilidade dos esperma- excreção para a urina. Aqueles esperma-
tozóides da cabeça do epidídimo pode estar tozóides não eliminados na urina sofrem uma
relacionada à motilidade. Os esperma- gradual senescência. Primeiro eles perdem a
tozóides da cabeça do epidídimo apresentam habilidade de fertilização, depois a sua
ativos movimentos natatórios circulares, po- motilidade e finalmente desintegram-se.
rém são ainda incapazes de movimentos vi- Ejaculados obtidos após um prolongado des-
gorosos unidirecionais dos espermatozóides canso sexual usualmente contêm uma alta
que possuem habilidade de executar uma ro- porcentagem de espermatozóides em degene-
tação longitudinal. Modificações que ocorrem ração ou "velhos".
durante o transporte no epidídimo, tais como
o movimento e a perda da gota citoplasmática Destinos dos Espermatozóides no Trato
e ainda o aumento da gravidade específica são Reprodutivo Feminino
difíceis de interpretar sob o ponto de vista
funcional. Modificações na motilidade, na es- Vários mecanismos fisiológicos estão envol-
trutura da cromatina, na morfologia do vidos na locomoção dos espermatozóides no
acrossomo ou da membrana plasmática po- trato reprodutivo feminino. Em animais de
dem ser rapidamente interpretadas como pré- laboratório, o número de leucócitos
requisitos para o processo de fertilização. intraluminais aumenta abruptamente logo
O desenvolvimento da habilidade fertili- após o coito. Os leucócitos infiltrados
zante está associado com modificações em fagocitam os espermatozóides excedentes,
vários aspectos da integridade funcional dos removendo a maioria 20 horas após o coito.
espermatozóides: (a) desenvolvimento do po- Os espermatozóides são mais rapidamente re-
tencial para manter a motilidade progressi- movidos do útero se a fêmea tiver sido imu-
va, (b) alteração dos padrões metabólicos e a nizada previamente contra espermatozóides.
situação estrutural de específicas organelas Embora muitos espermatozóides sejam sim-
da cauda, (c) modificações na cromatina nu- plesmente eliminados pelo fluxo retrógrado
clear, (d) modificações na natureza da super- da vagina, a captação de espermatozóides
fície da membrana plasmática, (e) movimen- pelos fagócitos, ou espermiofagia é de um sig-
tação e perda da gota protoplasmática e (f) nificado fisiológico muito especial. A infiltra-
modificação, pelo menos em algumas espécies, ção de leucócitos dentro da luz uterina e sua
da forma do acrossomo (Bedford, 1975). ativação para ingerir espermatozóides em
seguida à cobertura, parece ser o principal
mecanismo para a remoção espermática da
Armazenamento de Espermatozóides cavidade uterina. (Koehler et aI., 1982). Os
espermatozóides dentro do útero são levados
O principal local de armazenamento de para dentro de vacúolos fagocitários e digeri-
espermatozóides dentro do trato reprodutivo dos pelos leucócitos.
masculino é a porção caudal ou cauda do
epidídimo. A cauda do epidídimo contém 70% PLASMA SEMINAL
do número total de espermatozóides nos dutos
prolongados, enquanto que o vaso deferente O significado funcional do plasma seminal
contém apenas 2% (Amann, 1981). Embora o é questionável uma vez que uma gestação
ambiente seja favorável à sua sobrevivência, pode ser induzi da em algumas espécies por
184 Fisiologia da Reprodução
GLÂNDULAS ACESSÓRIAS
Integridade espermática e Zona livre do ovo de hamster Bovino, humano, in vivo, in vitro.
fertilização Ensaio da hemizona Defesa imunológica
Penetração no muco cervical
Modo de ação dos aditivos Estabiliza a membrana espermática Aumenta a motilidade espermática
Inicia a capacitação
Manipulação do sêmen Sentidos natatórios para cima e para Possível separação dos espermatozóides Xe
para IVF baixo Y
Capacitação in vitro Criopreservação
-
~
Cauda
(Peça Principal)
Cabeça ~
~ ~
Ligação imuno anti-IgA Ligação IgA sobre a cauda Ligação IgG sobre a cabeça Ligação imuno anti-IgG
FIG. 7-12. Desenho esquemático do teste de captação imunológica para detecção de anticorpos
antiespermatozóides. Anti-IgAou anti-IgG ligados por covalência aos grânulos de poliacrilamida unem-
se ao IgA ou IgG presos à superfície espermática. A quantidade de anticorpos antiespermáticos é deter-
minada pelo número de grânulos ligados à superfície espermática. (Bronson, 1990.)
imune dos machos adultos. Entretanto, o afas- tados usando ligações imunológicas com
tamento de células germinativas em desen- antiglobulinas radiomar-cadas ou então uti-
volvimento atrás de uma barreira lizando a imobilização espermática ou ensai-
imunológica previne um macho adulto de de- os de aglutinação (Fig.7-12).
senvolver anticorpos contra sua própria cé- Anticorpos antiespermáticos podem inter-
lula espermática. ferir com as funções espermáticas através de
várias vias (Bronson, 1990 ):
Auto-imunidade
1. Os anticorpos podem interferir com vá-
A imunização de um macho contra rios processos interativos de célula para
espermatozóides ou antígenos espermáticos célula, incluindo a capacitação
isolados resulta em variáveis graus de espermática e a hiperativação, a liga-
orquites auto-imunes (inflamação do testícu- ção espermática à massa do cumulus
lo) e na interrupção da espermatogênese oophorus, a reação do acrossomo e a pe-
(Setchell, 1980). Danos provocados na barrei- netração da zona pelúcida.
ra sanguíneo-testicular ou na porção 2. Anticorpos ligados à superfície
epididimal do sistema duto-excretor por le- espermática podem inibir a sobrevivên-
são traumática ou infecção, frequentemente cia e a penetração do muco cervical.
resultam em orquite auto-imune afetando 3. Auto-anticorpos dos espermatozóides
ambos os testículos. A vasectomia, transecção podem interferir com a esperma-
e ligação dos vasos deferentes, também re- togênese.
sulta em vários graus de orquite auto-imune. As quantidades de imunoglobulinas liga-
A gravidade das orquites depende das espé- das aos espermatozóides ejaculados de-
cies e do tempo pós-operatório. A resposta pendem de vários mecanismos:
auto-imune de machos vasectomizados é tida 1. A concentração de anticorpos antiesper-
como consequência de distensões intermiten- matozóides nas secreções das glându-
tes e a ruptura de dutos que foram ligados las acessórias masculinas.
resulta na liberação de espermatozóides den- 2. Produção local de anticorpos compara-
tro da cavidade peritoneal. dos com a transudação do sangue.
Como resultado de auto-imunidade, a con- 3. Ligação de anticorpos aos esperma-
centração de anticorpos antiespermatozóides tozóides no epidídimo antes da ejacu-
no fluido seminal pode estar alta. Os lação versus o que ocorre quando os
anticorpos são transportad~para o sêmen espermatozóides são misturados com
do plasma sanguíneo nas secreções das fluido seminal.
vesículas seminais e próstata. Estes 4. Tempo decorrido desde a última
anticorpos, entretanto, não podem entrar nos ejaculação.
túbulos seminíferos por causa da barreira 5. Afinidade do anticorpo à superfície
sanguíneo-testicular. Entretanto, machos com espermática.
túbulos seminíferos histologicamente normais
podem ser inférteis como resultado de danos
pelos anticorpos no fluido seminal. Células AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO SÊMEN
espermáticas que ligam anticorpos sobre sua IN VITRO
superfície podem reter sua motilidade mas ser
incapazes para penetrar no muco cervical. Os Os machos devem ser avaliados quanto a
anticorpos antiespermatozóides podem resul- qualidade seminal antes de serem utilizados
tar em aglutinação de espermatozóides e for- como reprodutores (Tabela 7-2). Uma vez co-
mação de grandes massas. Anticorpos dirigi- lhido o sêmen, vários métodos podem ser usa-
dos contra antígenos de espermatozóides dos para avaliar a qualidade da amostra. Téc-
obviamente podem influenciar a fertilidade nicas clássicas de avaliação de sêmen, assim
no macho. Estes anticorpos podem ser detec- como as novas tecnologias automatizadas
Espermatozóide e Plasma Seminal 189
para verificar a qualidade do sêmen, trans- Cosentino, M.J. and Takihara, H., Burhop, J.W. and
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epithelium in mano Am. J. Anat. 112, 35-45. hypothesis of sperm penetration. BiophysiealJ.
190 Fisiologia da Reprodução
Q TROMPA
Armazenamento
espermatozóides
de
no
istmo
Incubação de espermatozóides com plasma
seminal recoloca a cobertura superficial
DECAPACITAÇÃO /-------
~
l
~
------- CAPACITAÇÃO
Remoção de colesterol,
SÊMEN EJACULADO .: ~ glicosaminoglicans e outros
Com altos níveis de constituintes da superfície
MUCO CERVICAL
colesterol, celular
glicosaminoglicans e Remoção do plasma
outros constituintes do seminal e
SECREÇÕES UTERINAS
plasma seminal espermatozóides
imóveis Sob domínio estrogênico
contribui na remoção dos
componentes da superfície
celular
FIG. 8-1. Eventos da capacitação espermática durante o transporte pelo trato genital feminino.
(Desenhado pelo Dr. Geisert.)
,--,
Saliência Apical
Membrana Plasmática
Membrana Externa do
Acrossomo
Acrossomo
Membrana Interna
do Acrossomo
. 'I
Segmento
Equatorial
Região Pós-
Acrossomo
A 8 c
FIG. 8-2. Sequência de eventos durante a reação do acrossomo em espermatozóides de mamíferos. A,
Plasma intacto e membrana do acrossomo de um espermatozóide sem reação. B, Início da reação do
acrossomo mostrando múltiplos pontos de fusão entre a membrana plasmática e membrana externa do
acrossomo. A fusão toma uma aparência de numerosas vesículas sobre a superfície celular. Notar que a
fusão está ausente nas regiões equatoriais e pós-acrossomo. As enzimas acrossômicas envolvidas na
penetração ovular são liberadas e demonstradas na membrana intema do acrossomo. C, O acrossomo
aumenta de tamanho e pode eventualmente ser perdido durante a penetração da zona pelúcida, deixando
apenas a membrana interna do acrosssomo exposta na porção superior da cabeça do espermatozóide.
(Adaptado de RG. Saacke e J.M.White, (1972) Proc. 4th Tech. Conf. A. L and Reprod., Trinto, Italy pp.
22-27.)
Fertilização, Clivagem e Implantação 193
Prolongamento do blastocisto
(dias) 13-21 NEt 11-16 11-15
FERTILIZAÇÃO IN
VITRO
RECEPTORES ESPERMÁTICOS
extraídas da zona pelúcida. Por este motivo, Desde há muito a acrosina foi considerada
anticorpos aos espermatozóides ou à zona como zona essencial de lise para a penetra-
pelúcida, bloqueiam ou mascaram os locais ção espermática, porém o número de enzimas
receptores espermáticos nos espermatozóides presentes ou ligadas à membrana do
e nas superfícies da zona. acrossomo sugere que uma combinação de
O receptor espermático específico na zona enzimas atue sinergicamente durante a pe-
pelúcida foi identificado como uma das três netração. Este fato é consistente com a estru-
principais glicoproteínas que formam a ma- tura heterogênea glicoprotéica da zona
triz extracelular da zona pelúcida. As três pelúcida. As enzimas expelidas durante a rea-
glicoproteínas, identifica das como ZP1, ZP2 ção do acrossomo são necessárias para a pas-
e ZP3 são sintetizadas por oócitos em sagem dos espermatozóides através da zona,
maturação, e embora exista variação entre contudo a motilidade espermática também é
estas proteínas, elas parecem estar presen- necessária (Yanagimachi, 1981). Assim que os
tes em todas as espécies de mamíferos. As espermatozóides capacitados iniciam a pene-
funções ZP3 agem como receptores tração da zona pelúcida, a glicoproteína ZP2
espermáticos aos quais apenas espermato- pode servir como um receptor espermático
zóides com acrossomos intactos podem se li- secundário para manter a união espermática
gar. A ligação de espermatozóides aos recep- durante a passagem através da zona.
tores espermáticos ocorre através de uma Fusão dos Garnetas. A membrana
interação com oligossacarídeos O-ligados no vitelina pode apresentar menos especificidade
ZP3. A presença de glicosil transferase, do que a zona pelúcida em carregar
preoteinases, e glicosidades na membrana espermatozóides estranhos; contudo, é apa-
plasmática que recobre a cabeça do rente certo grau de seletividade uma vez que
espermatozóide pode resultar na ligação ao a membrana citoplasmática do óvulo vai pro-
ZP3 através de um mecanismo de bloqueio curar unir competitivamente mais
como se fosse aquele de uma enzima e seu espermatozóides homólogos.
substrato (Wassarman, 1990). A reação do acrossomo é um pré-requisito
Penetração Espermática. A penetração para a fusão entre as membranas plasmáticas
da zona pelos espermatozóides ocorre dentro do óvulo e do espermatozóide. A zona livre do
de 5 a 15 minutos após a união do esperma- óvulo não pode sofrer fusão com esperma-
tozóide. A reação do acrossomo pode ocorrer tozóides ativados sem acrossomo mesmo que
antes ou depois da união da cabeça do ocorra uma união sobre a superfície da mem-
espermatozóide aos receptores glicoprotéicos brana. A ativação do acrossomo in vivo, toda-
da zona, porém um espermatozóide com o via, ocorre na época da união espermática e
acrossomo intacto é esssencial para a união. penetração da zona. Uma vez que o
A ligação da cabeça espermática à ZP3 per- espermatozóide tenha atravessado a zona
mite interações com outras zonas componen- pelúcida, a cabeça move-se para dentro do
tes que estimulam a ativação do acrossomo. espaço vitelino e entra em contato com a mem-
A reação do acrossomo permite a liberação de brana vitelina (Fig.8-4). A motilidade da cau-
zona lisina pela qual os espermatozóides di- da do espermatozóide impulsiona-o para den-
gerem uma abertura através da zona pelúcida tro do espaço vitelino, circundando a
para atingir a membrana vitelina. O membrana vitelina dentro da zona pelúcida.
acrossomo de mamíferos contém enzimas A membrana vitelina é recoberta por den-
como a hialuronidase, a proacrosina (uma for- sa microvilosidade, exceto em uma área ele-
ma inativa da acrosina), esterases, fosfolipase vada adjacente à ~;uperfície onde o segundo
A2, fosfatases ácidas, aril-fosfatases, j3-N- corpúsculo polar será eliminado após a ferti-
acetil glucosaminidase, aril amidase e lização. A união espermática é raramente
proteinases ácidas não específicas; todavia, observada nesta área da membrana vitelina.
diferenças qualitativas e quantitativas exis- A ligação do espermatozóide ocorre inicial-
tem entre as espécies. mente no segmento equatorial da cabeça seja
196 Fisiologia da Reprodução
o
Zona pelúcida
sobre o segmento equatorial e região pós-
Membran .o . Cumulus OOPhorU ': .o . acrossomal da cabeça espermática. Subse-
Vltelma .
. Espaço
{Q) quentemente, a superfície da região equato-
~
Divisão
.
~
. .
perivitelínico
Corpúsculo polar
livre
Q .
.
.
rial do espermatozóide
membrana plasmática
é incorporada
do óvulo. A região
na
~ -Q
Segundo
identificada na membrana ovular até o está-
gio de oito células.
Bloqueio à Polispermia. Imediatamen-
te após a fertilização, a superfície do ovo mo-
difica-se para impedir a fusão de
corpúsculo
polar espermatozóides adicionais. Quando falha
g
COrpÚSCUIO
polar Pró_nÚcleo
este mecanismo, pode resultar em fertiliza-
!;' expulso Q? ". femíníno
Pró-núcleo ção polispérmica com formação de embriões
Descondensação da masculíno
Ecabeça espermática F poliplóides (Hunter, 1976) que sofrem morta-
lidade embrionária ou desenvolvimento anor-
mal. O bloqueio à polispermia se dá na zona
pelúcida na maioria dos mamíferos (por ex.,
~
~ ~ -~
H
ovinos, suínos) com um bloqueio fisiológico
secundário na membrana vitelina em algu-
mas espécies (por ex., coelhos). O início do
bloqueio está na penetração espermática do
óvulo quando os grânulos corticais são libe-
FIG. 8.4. Fases durante a fertilização. A, O
rados dentro do espaço perivitelínico. A libe-
espermatozóide encontra de início e penetra o
cumulus oophorus. O primeiro corpúsculo polar ração do conteúdo destes grânulos resulta em
está presente no espaço perivitelino com o fuso extensa reorganização da zona pelúcida e/ou
metafásico do oócito secundário presente no superfície vitelínica referida como "reação
cito plasma. B, O espermatozóide, sob ativação cortical". A reação cortical resulta na libera-
acrossômica, e membrana interna do acrossomo
ção de enzimas que provocam endurecimen-
contatando a zona pelúcida, onde as enzimas
expostas na superfície da membrana, permite a to da zona pelúcida e inativação de recepto-
,~ penetração no espaço perivitelino (C e D). E, A res espermáticos (ZP3). A digestão enzimática
região equatorial da cabeça espermática liga-se dos oligossacarídeos O-ligados sobre o ZP3
com a membrana vitelina estimulando a realização removem os carboidratos específicos na zona
da segunda divisão meiótica. F, O grande pró- de ligação dos espermatozóides. A proteólise
núcleo masculino e o menor pró-núcleo feminino
formam-se em seguida a extrusão do segundo de ZP2 pode também alterar as característi-
corpúsculo polar. G, O pró-núcleo migra para o cas físicas da zona para prevenir outras pe-
centro do oócito, onde o envelope nuclear se netrações de espermatozóides acessórios.
dispersa e inicia-se a divisão da primeira mitose Embora a polispermia fisiológica seja co-
da prófase (F). Adaptado de McLaren, A. (1980). mum em pássaros e répteis, a incidência de
In Reproduction in Farm AnimaIs 4th Ed.,
E.S.E.Hafez (ed.) Philadelphia, Lea & Febiger, p. polispermia na maioria das espécies
229.) mamíferas é de apenas 1 ou 2% (McLaren,
1974). O suíno parece mais suscetível à
polispermia, especialmente em consequência
com as microvilosidades ou com a área de de coberturas atrasadas ou de inseminações
intervilosidades da membrana vitelina. A fu- quando acima de 15% dos óvulos são pene-
são do espermatozóide e do óvulo não envol- trados por mais de um espermatozóide. Em
ve a membrana acrossomal interna da região ovelhas, Killeen e Moore (1970), descobriram
anterior, mas sim a membrana plasmática que a inseminação mais tardia, i.é, 36 a 48
Fertilização, Clivagem e Implantação 197
horas após o início do cio estava associada com tozóide são liberados dentro do ooplasma. A
ovos anormalmente fertilizados, nos quais importância e o destino destes produtos
39% eram polispérmicos ou contendo espermáticos são desconhecidos. O centríolo
blastômeros multinucleares. proximal da cauda espermática forma um dos
Desenvolvimento de Pró-núcleos e centríolos do zigoto. Embora, em teoria seja
Singamia. Na penetração da membrana possível, tentativas de produzir diplóides
vitelínica pelo espermatozóide, o ovo ativado homozigotos em camundongos (dois pró-nú-
completa a meiose e expele o primeiro e/ou cleos masculinos ou femininos) não obtiveram
segundo corpúsculo polar dentro do espaço sucesso (Surani e Barton, 1983). Parecem
perivitelino (Fig. 8-4). Os cromossomos necessárias para um desenvolvimento embri-
haplóides maternos remanescentes são então onário normal contribuições de ambos, o pró-
englobados por um pró-núcleo. núcleo masculino e o feminino.
Após a fusão com a membrana plasmática Fertilização Interespécies. A fertiliza-
do ovo, o envelope nuclear do espermatozóide ção interespécies foi demonstrada apenas
desintegra-se e a cromatina liberada passa entre a lebre das neves e o coelho, visão e fu-
por uma descondensação (Fig. 8-4). O envelo- rão, ovino e caprino e cavalo e jumento. Além
pe nuclear dos espermatozóides é rapidamen- disso, Bos taurus e Bos indicus, bovinos do-
te substituído por um novo envelope dentro mésticos Europeus e Asiáticos, produzem com
do citoplasma do ovo, formando o pró-núcleo rapidez híbridos férteis que demonstram
masculino. A descondensação do envelope maior resistência a doenças e tolerância ao
nuclear espermático parece requerer compo- calor do que o Bos taurus. Bovinos domésti-
nentes específicos no citoplasma do ovo. cos e o Bisão Americano (Bison bison) tam-
Oócitos imaturos de vacas são incapazes de bém têm sido cruzados com sucesso no senti-
descondensar os núcleos espermáticos mes- do de produzir um híbrido com superior
mo quando forem amadurecidos in vitro. O resistência ao frio e maior capacidade de uti-
fator necessário para a descondensação foi lização de forragens. Pode ocorrer falha no
denominado de fator do crescimento pró-nu- processo de hibridização durante a fertiliza-
clear masculino ou, no hamster, fator de ção e/ou clivagem de modo que a fertilização
descondensamento nuclear dos esperma- interespécies torna-se rara. O desenvolvimen-
tozóides. to dos métodos de colheita de sêmen e de óvu-
Pró-núcleos masculinos e femininos mi- los acrescidos das técnicas de fertilização in
gram para o centro do ovo, o que é devido pro- vitro permitem que estes problemas sejam
vavelmente aos rearranjos na estrutura contornados. Resultados com a utilização des-
citoesquelética do ovo após a ativação. Estan- tas técnicas indicam que a partir do momen-
do os pró-núcleos masculinos e femininos su- to das divisões iniciais de clivagem para a for-
ficientemente próximos, os envelopes nuclea- mação de blastocistos, o ovo de mamífero é
res se dispersam, permitindo a integração dos tolerante a um ambiente estranho. Depois
cromossomos. disto, os híbridos sucumbem, indicando sua
Associada com estes eventos está a inicia- dependência por condições altamente especí-
ção da síntese de DNA a partir dos precurso- ficas durante o período pós-blastocisto.
res citoplasmáticos. Então os cromossomos Quando se demonstra uma hibridização
agregam-se em prófase da primeira divisão satisfatória, existem marcantes diferenças no
de clivagem, resultando na formação de um sucesso de cruzamentos recíprocos de modo
zigoto e na restauração do estado diplóide. que um alto nível de fertilização é possível
Assim, o processo de fertilização permite uma em uma direção, porém não em outra; i. é,
combinação dos elementos hereditários ma- um macho lebre das neves e uma coelha ob-
ternos e paternos. têm sucesso, porém uma fêmea lebre das ne-
Durante a fusão do espermatozóide e do ves e um coelho diminuem grandemente esta
óvulo, os constituintes espermáticos das mem- possibilidade. A falha de fertilização entre
branas celulares e da cabeça do esperma- espécies diferentes não é primariamente um
198 Fisiologia da Reprodução
f
~
.
..~T
-
-
clunçoes A expressão gênica durante o desenvolvi-
Compactas e mento precoce dos mamíferos tem sido prin-
. Mkrofilam,ntoo
cipalmente estudada em embriões de camun-
dongos e coelhos nos quais o conteúdo de RNA
puro permanece constante durante os está-
gios iniciais da clivagem. Na ovulação os óvu-
los da camundonga contém rRNA, mRNA,
tRNA, e ribossomos estão totalmente equipa-
Complexo de Conexão dos para sintetizar proteínas. Uma série or-
denada de modificações na síntese de trans-
formações de proteínas ocorre durante a
maturação do oócito, a fertilização e o desen-
volvimento até o estágio de 2 células. Os em-
- DesmossomQ briões prosseguem no seu desenvolvimento
desde a primeira divisão da clivagem - a qual
está sob controle de macromoléculas acumu-
BLASTOCISTO ladas durante a oogênese - ao estágio de
blastocisto, onde há uma ativa transcrição e
FIG. 8-6. Desenvolvimento de junções acúmulo de novo mRNA do genoma do zigoto
intercelulares na pré-implantação de embriões de (ver Schultz, 1986). Em camundongos, o em-
camundongos. Junções compactas atuam como
pontos de foco para a fusão das membranas, brião torna-se dependente da transcrição logo
enquanto que as junções com abertura permitem após a primeira divisão de clivagem com um
comunicações intercelulares. (De T. Ducibella aumento concomitante na proteína sintetiza-
(1977). Development in Mammals. Vol I. M.R. da pelo estágio de duas células (Bolton et aI.,
Johnson (ed.). Amsterdam, North Rolland.) 1984). Em carneiros, (Crosby et aI., 1988) a
síntese total de proteína é alta durante as
duas primeiras divisões de clivagem, dimi-
um gene nos embriões pré-implantados de nuindo em cerca de 95% na terceira divisão
camundongos (desenvolvimento de embriões de clivagem, permanece baixa na quarta di-
pré-impiantados, ou gene Ped) o qual está visão (8 a 16 células) e aumenta novamente
associado com o complexo de histocom- na quinta divisão (16 a 32 células). Estes re-
patibilidade murina (MHC, ou complexo H- sultados indicam que a completa ativação da
2) o qual in i no nível de clivagem de em- transcrição em embriões de ovelhas ocorre na
br'oes de camu dongos. Este gene apresenta quarta divisão da clivagem. Resultados simi-
dois alelos func onais, um para uma clivagem lares foram comunicados para embriões de
rápida e outnYlJara uma clivagem lenta. Até vacas (King et aI., 1988). Imediatamente após
o presente, o gene Ped não foi documentado o início da embriogênese, inicia-se a síntese
em espécies domésticas. Contudo, Bazer et de todas as classes de RNA comumente
aI. (1988) comunicaram que o desenvolvimen- identificadas. ORNA ribossomal, 4S-RNA
to embrionário em marrãs Chinese Meishan (presumivelmente tRNA) e 5S-RNA são sin-
conhecidas por sua alta prolificidade, foi mais tetizados pelo estágio de 4 células, enquanto
rápido e uniforme do que em marrãs de que o RNA nuclear heterogêneo (provável
202 Fisiologia da Reprodução
ovo. Evidências disponíveis indicam que a Duas ou três destas duplas foram transferidas
partenogênese espontânea jamais resultou a uma mãe receptora e algumas desenvolve-
em gestação a termo em qualquer espécie de ram-se a termo. Estes resultados demonstra-
mamífero. ram pela primeira vez que a participação do
Estudos com camundongos demonstraram genoma paterno não é requerido antes do es-
que o desenvolvimento com sucesso da uni- tágio de oito células do desenvolvimento em-
dade fetal-placentária até o término requer brionário para obter o desenvolvimento a ter-
contribuições genéticas dos genomas mater- mo final de fetos de camundongo.
nos e paternos. Por exemplo, a ativação dos
oócitos para gerar um embrião partenogené- Gêmeos e Manipulação Embrionária
tico diplóide com apenas um genoma mater-
no, na melhor das hipóteses, irá desenvolver O nascimento de gêmeos em espécies do-
até o estágio de 25 somitas e depois morre. A mésticas monotocos é mais frequente do tipo
geração de embriões de uma célula utilizan- dizigótico onde mais de um óvulo é liberado
do transferência nuclear com dois pró-núcle- sendo então fertilizados por diferentes
os masculinos para formar "androgenones" ou espermatozóides, resultando no nascimento
com dois pró-núcleos femininos para formar de gêmeos não idênticos. O nível de nascimen-
"ginogenones" pode ser realizada experimen- to de gêmeos em animais domésticos é afeta-
talmente, porém ambos falham em chegar a do por fatores tais como a raça, idade e am-
termo (Surani et aI., 1987). As contribuições biente.
paterna e materna ao genoma diplóide de cé- Dentre os bovinos, as raças leiteiras apre-
lulas embrionárias são necessárias porque sentam uma proporção de nascimento de
elas realizam papéis complementares no pro- 3,5%, ao passo que nas raças de corte, a mé-
cesso de desenvolvimento. Surani et aI. (1987) dia é menor do que 1,0%. Gestações gemela-
demonstraram que a origem parental dos res, com um concepto em cada corno, não re-
cromossomos determina sua influência du- presentam efeitos deletérios na viabilidade do
rante a embriogênese, e por isto as contribui- bezerro; por isso, em bovinos o principal fa-
ções dos genomas parentais não são funcio- tor limitante ao aumento de nascimentos
nalmente equivalentes durante o múltiplos parece ser o nível da ovulação. As
desenvolvimento do concepto. Os ginogenones gestações gemelares em bovinos resultam em
formam aparentemente blastocistos normais uma circulação sanguínea comum conse-
mais frequentemente do que os androgenones. quente à fusão das cório-alantóides dos em-
Na gestação mais tardia, os ginogenones apre- briões adjacentes. Por este motivo, 91% das
sentam desenvolvimento placentário defici- novilhas nascidas com um macho são
ente e fetos razoavelmente bem desenvolvi- freemartins estéreis. Embora raramente, con-
dos, enquanto que os androgenones dições similares têm sido comunica das em
apresentam placenta bem desenvolvida po- ovelhas, cabras e porcas.
rém fetos pobremente desenvolvidos. Deve- Ovelhas altamente prolíficas como as
se notar que as células partenogenéticas e as Finnsheep e Booroola Merino produzem com
células embrionárias normais podem ser com- frequência dois ou mais cordeiros por parto.
binadas para formar "quimeras" que podem Estas ovelhas apresentam um alto nível de
sobreviver a termo. Recentemente, Renard et ovulação que, no caso da ovelha Booroola
aI. (1991) usaram técnicas de reconstrução Merino, tem sido relacionado a um gene maior
embrionária com embriões de camundongo F (fecundidade) (Bindon e Piper, 1984). Este
para produzir embriões haplóides ginoge- gene pode ser responsável pelos elevados ní-
néticos e androgenéticos dos quais os veis de FSH tanto em ovelhas jovens como
blastômeros foram obtidos no estágio de qua- em adultas, observação esta comunicada tam-
tro células. Blastômeros únicos de androgeno- bém para outras raças prolíficas de ovinos.
nes e ginogenones foram então fusionados, A incidência de gêmeos dizigóticos é de 1 a
permitindo a formação de duplas diplóides. 2% em raças puro-sangue de éguas e aproxi-
204 Fisiologia da Reprodução
Robl (1990), trabalhando com coelhos, aumen- camada zonal por células de sustentação do
taram estas porcentagens a 33% e 21%, res- trofoblasto. Na camundonga a perda da zona
pectivamente. pode envolver expansões e contrações rítmi-
A produção de gêmeos monozigóticos pode cas do blastocisto auxiliadas pela produção
também ser atingida por separação microci- de uma lisina do epitélio uterino sensibiliza-
rúrgica dos blastômeros de embriões de duas do por estrógenos. Modificações na integrida-
células. Os detalhes desta técnica serão dis- de da zona devido a fatores enzimáticos pro-
cutidos em outro capítulo. duzidos pelo embrião ou pelo útero estão
implicadas na eclosão de blastocistos suínos
DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO (Linder e Wright, 1978). A exposição ao am-
PRECOCE biente uterino estimulado por estrógenos pode
provocar um amolecimento da zona pelúcida
e permitir a expansão do blastocisto e o rom-
Formação do Blastocisto pimento da camada da zona. A expansão e a
contração do blastocisto na vaca parece de-
O desenvolvimento de junções interce- sempenhar o principal papel na eclosão à
lulares compactas da mórula durante a medida que a zona se rompe por distensão do
compactação é seguido pelo acúmulo de flui- blastocisto, embora as enzimas envolvidas
dos dentro da cavidade central que forma a com o enfraquecimento da zona também pos-
blastocele. O acúmulo de fluidos na blastocele sam atuar. A zona se rompe no plano equato-
resulta do gradiente de soluto estabelecido por rial, permitindo que o blastocisto fique com-
transporte ativo de íon (Na+ / K+ ATPase) e primido entre as duas bordas da abertura.
formação de complexos compactos de junção A expansão do blastocisto envolve tanto a
entre as células externas. hiperplasia celular quanto o acúmulo de flui-
A diferenciação das duas populações celu-
lares distintas ocorre após a formação do
blastocisto (Fig. 8-7). A maioria das células
forma a camada cuboidal periférica externa,
denominada trofoblasto ou trofectoderma,
recoberta por densa microvilosidade e funções
na captação de nutrientes seletivos. Mais tar-
de no desenvolvimento, o trofoblasto irá for-
mar o córion. Um segundo grupo de células
existentes em um pólo abaixo do trofoblasto
forma o embrioblasto (massa celular interna),
que se desenvolve em três camadas
germinativas primárias do embrião (ecto-
derma, mesoderma e endoderma) durante o
processo de gastrulação. O embrioblasto não
permanece abaixo do trofectoderma no suíno
porém após a incubação remove ou digere o
excesso de trofoblasto (camada de Rauber).
FIG. 8-7. Incubação do blastocisto. A, Blastocisto
Zona de Eclosão começando a penetrar na zona pelúcida. B,
Blastocisto escapando da zona pelúcida. C,
A liberação (eclosão) do blastocisto da zona Blastocisto colapsado após sua expansão mas não
pelúcida (Fig. 8-7) ocorre no útero 4 a 8 dias submetido a processo de incubação. D, A zona
pelúcida vazia permanece após a incubação. (Todas
após a ovulação (Tabela 8-1). Na coelha, a re- as figuras são aproximadamente 240X.) (De D.L.
moção da zona ocorre por dissolução Davis e B.N.Day. (1978) Cleavage and blastocyst
enzimática (denominada blastolemase) da formation by pigs in vitro. J. Anim. Sei. 46, 1043.)
206 Fisiologia da Reprodução
ICM T
ICM
DE
BC
:~E
}BO B
!f
EE
c
PS PE
YS
FIG. 8.8. Gastrulação na ovelha. A, Secção de blastocisto ovino 10 dias após o coito. O endoderma pode
ser visto revestindo a metade superior da cavidade blastocitária. B, Blastocisto em estágio um pouco
mais avançado do que em A. A massa celular interna está se intercalando no trofoblasto. C, Secção do
disco embrionário de um blastocisto ovino 12 dias após o coito. O ectoderma embrionário está agora se
projetando sobre o nível do trofoblasto adjacente. D, Secção através do nódulo de Hensen, 14 dias após o
coito. O saco vitelínico está completamente formado, as células mesodérmicas estão intercaladas entre o
ectoderma e endoderma embrionário, e o celoma extra-embrionário pode ser visto de ambos os lados. BC,
cavidade blastocitária; BO, onfalopleura bilaminar; DE, endoderma distal; EC, celoma extra-embrionário;
EE, ectoderma embrionário; ICM, massa celular interna; M, mesoderma; PE, endoderma primário; PS,
goteira primitiva; T, trofoblasto; YS, cavidade do saco vitelínico.
miométrio estimuladas pelo embrião em de- em vacas quando existem ovulações múltiplas
senvolvimento. Estrógenos, histaminas, no mesmo ovário. A falha na migração intra-
prostaglandinas são produtos embrionários uterina quando ambas as ovulações ocorrem
que podem estimular a atividade do no mesmo ovário é o principal problema quan-
miométrio. do se utiliza superovulação para aumentar o
A migração transuterina é rara em ovelhas nível de gêmeos em bovinos.
e vacas mono-ovulatórias. Todavia, a migra- Utilizando ultra-som para monitorar o
ção intra-uterina ocorre em ovelhas mas não movimento embrionário em éguas, migrações
208 Fisiologia da Reprodução
INTERAÇÃO DO CONCEPTO E DO
AMBIENTE UTERINO
do cálcio induzido pela prolactina através do te ativo nos homogenatos seja uma proteína.
epitélio endometrial podendo ser responsáveis Uma proteína produzida por conceptos ovi-
pela secreção exócrina de PGF durante a ges- nos do dia 12 ao 21 da gestação foi purificada
tação (Young et aI., 1989). Os embriões de e denominada de proteína I trofoblasto ovina
suínos secretam uma coleção de proteínas (oTP-1). A oTP-1 possui uma alta sequência
durante o período de reconhecimento mater- de aminoácidos homóloga ao a- e ú)-interferon
no da gestação, incluindo o tipo I de interferon e é atualmente referida como conceptos
e interferon y, todavia, a infusão intra-uterina interferon Tipo I. A oTP-1 possui atividades
de proteínas secretoras dos embriões de 15 biológicas antiviróticas, imunossupressivas,
dias não afeta a vida útil dos corpos lúteos e antiproliferativas, em adição a atividade
(Harney e Bazer, 1989). antiluteolítica descrita (Bazer et aI., 1991). A
Os conceptos devem estar presentes em oTP-1 une-se à superfície e às células
ambos os cornos uterinos de porcas, e pelo epiteliais glandulares superficiais do
menos dois em cada corno para que a gesta- endométrio e propicia seletivamente a secre-
ção seja estabelecida. Não havendo embrião ção de proteínas pelo endométrio uterino. As
em um corno uterino, a PGF2a liberada do proteínas secretoras do concepto ovino e o al-
endométrio do corno uterino não prenhe irá tamente purificado oTP-1 são igualmente efi-
provocar a luteólise dos corpos lúteos de am- cientes em aumentar a vida útil do corpo lúteo
bos os ovários. A falha de suínos em manter quando introduzidos dentro da luz uterina de
uma gestação unilateral indica que os em- ovelhas cíclicas entre os dias 12 e 14.
briões em desenvolvimento em um corno A introdução de oTP-1 altamente purifica-
uterino não produzem um fator que atua sis- do dentro da luz uterina de ovelhas não pre-
tematicamente para permitir a manutenção nhes inibe a produção de PGF em resposta à
de corpos lúteos bilaterais. produções de estrógenos e ocitocinas e previ-
ne o desenvolvimento de respostas
Ovelha endometriais à produção de PGF uterina
induzi da pela ocitocina. A secreção de
Na ovelha, a PGF uterina é a luteolisina e significantes quantidades de oTP-1 começa no
a proteína secretada pelo concepto entre os dia 12, i.é, antes que os receptores endome-
dias 12 e 21 da gestação inibindo a produção triais para a ocitocina sejam sintetizados.
de PGF pelo endométrio uterino. Em ovelhas Evidências disponíveis sugerem que a oTP-1
cicIando, a produção episódica de PGF entre inibe a síntese de receptores endometriais
os dias 14 e 16 aumenta em frequência até para ocitocina e, por isso, previne a produção
atingir 5 picos episódicos em 25 horas, ocor- uterina de pulsos luteolíticos de PGF. Isto
rendo então a regressão do corpo lúteo. Os poderá explicar por que os receptores
estrógenos podem estimular o aumento de endometriais para ocitocina permanecem bai-
receptores para ocitocina no endométrio ovi- xos em ovelhas prenhes e em ovelhas cíclicas
no. A ocitocina da hipófise posterior e /ou cor- recebendo infusões intra-uterinas do oTP-1
po lúteo pode estimular picos episódicos de entre os dias 12 e 14 (Bazer et aI., 1991). A
PGF (McCracken et aI., 1984). Uma média PGE2 na veia útero-ovariana aumenta 4 ve-
de 7,6 picos episódicos de PGF. ocorre entre zes entre os dias 12,5 e 14,5 da gestação e
os dias 14 e 15 em ovelhas não prenhes versus pode refletir uma produção aumentada pelo
apenas 1,3 pulsos durante o período para ove- endométrio e/ou concepto. Embora a PGE2
lhas prenhes. não seja o hormônio antiluteolítico da gesta-
A infusão intra-uterina contínua de ção ela pode facilitar o reconhecimento ma-
homogenatos de conceptos de ovelhas do dia terno de gestação exercendo um efeito
14 a 15 estende a vida útil do corpo lúteo luteínico protetor. A oTP-1 não estimula a se-
nesta espécie; contudo, a infusão de creção uterina de PGE2'
homogenatos de conceptos dentro da veia A hipótese corrente contrasta os eventos
uterina não é efetiva. Acredita-se que o agen- associados com a luteólise em ovelhas cíclicas
Fertilização, Clivagem e Implantação 213
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NÃOPRENHE PRENHE
FIG. 8-11. Mecanismos propostos para o reconhecimento materno da gestação na porca. PGF2a é liberada
em uma direção endócrina durante o ciclo estral (não prenhe) para provocar a regressão do corpo lúteo.
Contudo, a secreção dirige-se a uma direção exócrina durante a gestação e a PGF2a, por este motivo, não
está habilitada a exercer seu efeito luteolítico sobre o corpo lúteo. (De Fuller Bazer.)
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216 Fisiologia da Reprodução
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9
GESTAÇÃO, FISIOLOGIA PRÉ-NATAL E PARTO
M.R. JAINUDEEN e E.S.E. HAFEZ
217
218 Fisiologia da Reprodução
Variações na duração da
gestação
I
~~
Fator materno Fatores fetais Fatores genéticos Fatores ambientais
FIG. 9-1. Representação esquemática das variações na duração da gestação, devidas a fatores mater-
nos, fetais, genéticos e ambientais. Enquanto muitos destes fatores dentro de uma espécie causam vari-
ações mínimas, a hipofunção do eixo hipófise-adrenal do feto está associada com gestação prolongada na
ovelha e na porca.
tre os tamanhos fetais e da placenta pode in- plesmente refletir a influência do tamanho
fluir na gestação do equino. O sexo do feto do feto.
pode também determinar a duração da ges- A raça do embrião determina o tempo de
tação; bezerros e potros machos levam um ou gestação em bovinos (King et aI., 1982). Isto
dois dias a mais do que as fêmeas para nas- foi estabelecido pela transferência de em-
cerem. A duração da gestação pode ser influ- briões de raças com ge!;tação mais curta do
enciada pelas funções endócrinas do feto. que as doadoras e vice-versa. Fatores genéti-
Fatores Genéticos. As pequenas varia- cos são também responsáveis por diferenças
ções na duração da gestação entre raças (Ta- na duração da gestação entre as ovelhas
bela 9-1) podem ser devido a efeitos genéti- mutton e as produtoras de lã.
cos, estacionais ou locais. A expressão extre- Fatores Ambientais. Dos fatores
ma de gestação geneticamente prolongada é ambientais, a estação pode influir na dura-
concebida entre vacas leiteiras portadoras de ção da gestação. Potros concebidos no final
~ feto homozigótico para um gene recessivo do verão e outono apresentam períodos signi-
autossômico. ficativamente mais curtos de gestação do que
A influência do genótipo fetal equino sobre aqueles concebidos no início da estação de
a duração da gestação pode ser observada nos monta no início da primavera. A duração da
híbridos entre equinos e asininos. Por exem- gestação é mais curta 4 dias aproximadamen-
plo, a duração da gestação de uma égua co- te em éguas bem alimentadas em
berta por garanhão é de 320 a 360 dias. Éguas contraposição àquelas mantidas com uma
cobertas por jumentos, e portanto portadoras ração de manutenção.
de híbridos, apresentam uma tendência de
exibir gestações maiores (360 a 380 dias), FISIOLOGIA MATERNA DA GESTAÇÃO
enquanto que jumentas cobertas por um
garanhão apresentam uma gestação menor, O início da gestação é marcado por proces-
similar à da égua. Esta influência pode ser sos que prolongam o período funcional do cor-
mediada por um mecanismo hormonal ou sim- po lúteo cíclico. Estes processos sugerem a
Gestação,Fisiologia Pré-Natal e Parto 219
~
mucos o da gestação e se liquefaz antes do
parto quando é eliminado sob forma fila-
mentosa.
Modificações Uterinas. À medida que
progride a gestação, o útero aumenta Gestação
gradativamente para permitir a expansão do FIGo 9-2. Progesterona secretada pelo corpo lúteo
feto, porém o miométrio permanece quies- é essencial para a manutenção da gestação preco-
cente para prevenir uma expulsão prematu- ce em todas as espécies domésticas. Os ovários,
ra. Três fases podem ser identificadas na contudo, podem ser removidos (ovariectomia) du-
rante a última metade da gestação sem sua inter-
adaptação do útero: proliferação, crescimen-
rupção na égua e na ovelha porque a placenta pro-
to e dilatação; a duração de cada uma varia duz progesterona nestas espécies.
com as espécies. Os mecanismos que permi-
tem o enorme aumento de tamanho são des-
conhecidos, mas provavelmente hormonais. TABELA 9-2. Estrógenos e Compostos
Modificações Ovarianas. O corpo lúteo Relacionados na Urina Durante a
regride em um ciclo estral não fértil; ele per- Gestação
siste, como um corpo lúteo de gestação (corpus
luteum verum) e consequentemente, os ciclos 17- 17a-
estrais ficam suspensos. No entanto, algumas Fêmea Estrona Estradiol Estradiol
vacas podem mostrar sintomas de cio na ges-
Vaca + - +
tação precoce, devido à atividade folicular dos
ovários. De 10 a 15 folículos desenvolvem-se Ovelha - - +
Cabra - - +
em éguas entre o 40Qe o 160Qdia de gestação.
Estes folículos se luteinizam formando cor- Égua* + + +
pos lúteos acessórios. Porca +
O corpo lúteo gravídico na vaca persiste em
um tamanho máximo durante toda a gesta- * A urina da égua contém também equilina,
ção, porém na égua, tanto o primitivo quanto equilenina, 17a e 17~-diidroequilenina.
220 Fisiologia da Reprodução
concavidades
~ endometriais -1
100
união
inicial
FIG. 9-3.- Relações das modifica-
C"E ções que ocorrem no útero e ová-
00, A rios da égua e as gônadas fetais
::g :j ~ com os eventos endócrinos duran-
p..:.:;
te a gestação. A, O nível de PMSG
reflete a atividade funcional das
o 50 100 concavidades endometriais. B,
dias de gestação
parto Com a regressão do corpo lúteo
.~ I 1" corpo lúteo ---j J o primário (lQ) e secundários (2Q)
;t;j20
S
00
r 1-2"scorpos lúteos--I '1 'as
iJ durante a gestação, o nível
as- S~ plasmático de progesterona cai,
P."E
as...... ~S
p.M
porém a gestação é mantida pe-
I:i o- -p. los proges-tágenos placentários
o....-c: o~
Q) ~ (---n ). C, As gônadas fetais
..-
00 as
.... respondem à secreção de
Q) ....
~O
.... 200 300
00
Q) estrógenos aumentada pela uni-
p. dias de gestação parto dade feto-maternal, através do
00 50 crescimento em tamanho e peso.
o
.>:: c Notar que, no parto, o nível de
'as
I:i progestágenos permanece alto ao
.>:: -=
::1 E passo que os níveis de estrógenos
00""" cai. (Adaptado de Hay & Allen
o o-
I:i E (1975). J. Reprod. Fertil..SuppI.
Q)-
b()
'o
....
23, 557; Squires et., 1974. J.
..-
00 Anim. Sci. 38, 759; Nett et aI.
Q) o 100 (1973). J. Anim. Sci 37, 962.)
dias de gestação
Gestação,Fisiologia Pré-Natal e Parto 221
A
placenta difusa placentomas desenvolvem-se ao redor do feto
égua porca e progridem em direção ao limite distal da
placenta zonária corioalantóide no corno vazio (Fig. 9-4). Du-
(cadela, gata) rante a gestação estes placentomas aumen-
tam em diversas vezes seu diâmetro original.
placenta cotiledonária
(vaca, cabra, ovelha)
g
placenta discóide
Normalmente a corioalantóide estende-se
para dentro do corno vazio, porém o grau em
que as carúnculas se hipertrofiam é usual-
(mulher, macaca) mente menor do que aquele do corno gestan-
te.
~ Os envoltórios coriônicos de fetos adjacen-
tes de suínos estão em aposição, de modo que
B
encontra-se frequentemente uma união
vaca ovelha égua coriônica entre um ou mais fetos. Embora
ocorra uma alta incidência de fusão coriônica
convexa concava
cotiledonária
:~ durante gestações múltiplas, a anastomose
vascular entre as circulações alantóides é de
ocorrência rara em ovelhas. Em contrapo-
FIG. 9.5. A, Distribuição das vilosidades
sição, encontra-se uma alta incidência de
coriônicas como base para classificação da forma anastomose vascular entre fetos bovinos gê-
placentária. B, Placenta epiteliocorial da égua, meos, originando a condição bastante conhe-
ovelha e vaca. A placenta da égua é difusa e cida do "freemartinismo".
microcotiledonária; das ovelhas e das vacas são
cotiledonárias. chA, corioalantóides; end, Barreira Placentária
endométrio; F, fetal; M, maternal. (Redesenhados
de Silver et alo (1973). In Proceedings ofSir Joseph
Barcroft Centenary Symposium, K.S. Comline et As membranas que separam as circulações
alo (eds.). Cambridge, Cambridge University fetal e materna são conhecidas coletivamen-
Press.) te por barreira placentária. Esta barreira é
denominada de acordo com os tecidos fetal e
tre o 752 e o 1102 dias de gestação na égua, o -materno realmente em contato, na ordem do
complexo pregas e ramos das duas superfí- materno para os tecidos fetais.
cies origina a formação dos microcotilédones. As características ultra-estruturais da zona
As concavidades endometriais são carac- de junção entre os tecidos fetal e materno da
terísticas únicas da placenta equina. Elas são placenta epiteliocorial, mostra uma inter-
discretas, com áreas de poucos milímetros a digitação das microvilosidades fetais e mater-
vários centímetros de diâmetro e alinhadas nas com pouco contato direto entre as mem-
de modo circular na porção caudal do corno branas celulares do feto e da mãe. Extensas
uterino grávido. Estas concavidades são for- variações estruturais ocorrem na placenta
madas pela invasão do endométrio através de epiteliocorial das espécies domésticas. Por
uma camada de células trofoblásticas exemplo, o epitélio uterino forma um sincício
especializadas (circunferência coriônica) que parcial na ovelha, enquanto que grandes cé-
despe as membranas fetais ao redor do dia lulas binucleadas são uma característica do
38. As concavidades endometriais são a fonte epitélio coriônico da vaca e da ovelha (Steven,
da gonadotrofina coriônica (eCG) presente em 1975).
altas concentrações no sangue de éguas en-
tre 40 e 130 dias de gestação (Allen et aI., Circulação Placentária
1973).
Na ovelha, o número de placentomas varia N a placenta, duas circulações situam-se
de 90 a 100 e é igualmente distribuído entre paralelamente às circulações fetal e mater-
os cornos gestante e vazio. Na vaca, 70 a 120 na, todavia o sangue fetal ou materno não se
224 Fisiologia da Reprodução
mistura nas placentas epiteliocoriais dos ani- O padrão do fluxo umbilical aumenta com
mais domésticos. o avançar da gestação para satisfazer as de-
Suprimento Sanguíneo Placentário. O mandas do feto em crescimento. O aumento
suprimento sanguíneo materno da placenta global no fluxo umbilical é atingido por uma
é derivado das artérias e veias uterinas. À resistência vascular umbilical diminuída no
medida que avança a gestação, a proporção início da gestação e por uma pressão sanguí-
do fluxo sanguíneo uterino aumenta na ove- nea arterial aumentada posteriormente.
lha e relaciona-se com o peso feta!. Cerca de Microcirculação Placentária. Vários
84% do fluxo uterino total próximo ao parto modelos teóricos têm sido propostos para ex-
passa para os placentomas; o suprimento re- plicar a direção do fluxo sanguíneo materno
manescente vai para as camadas e fetal na placenta. O fluxo sanguíneo nos
endometriais e miometriais da placenta. canais vasculares materno e fetal adjacentes
Fluxo Sanguíneo Umbilical. As artérias pode ser contracorrente, concorrente, entre
umbilicais levam sangue do feto para a pla- correntes (multivilosidades), ou acumulado.
centa, e as veias umbilicais retomam o san- No fluxo acumulado, o sangue materno entra
gue da placenta para o feto. A maioria do san- em um grande espaço no qual ele é exposto
gue umbilical é distribuída para os aos capilares fetais.
cotilédones, enquanto apenas 6% suprem a O padrão do fluxo sanguíneo na placenta
corioalantóide. da ovelha ou é entre correntes ou uma mistu-
Corioalantóide
Vasos umbilicais
Lado retal do
microcotilédone -..,.,
Abertura das
glândulas uterinas
Lado matemo
do microco-
tilédone
Artéria
uterina
FIG. 9-6. Diagrama de placenta madura de equino ilustrando a estrutura dos microcotilédones, que são
formados entre os 75 e 100 dias da gestação. (De Steven e Samuel, (!975). J. Reprod. Fertil. Suppl. 23,
580).
Gestação, Fisiologia Pré-Natal e Parto 225
1:9
D
U GJ
L
T
O
e:,
()
t t t
qp
t
hormônios respiração digestão excreção
~ ~ ~
F
E
T
O
r placenta
Zona pelúcida
(desnuda)
ECTODERMA
C EPiderme, pêlo, cascos
Sistema nervoso
r
: - MESODERMA Órgãos circ~latórios~co~~ção,
vasos sangumeos e ImfatIcos
Tecido conjuntivo (ossos,
cartilagens, ligam~ntos e
tendões)
Trofoblasto Massa celular
intema
FIG. 9-9. Derivação dos vários órgãos do corpo por diferenciação progressiva e especialização divergen-
te. A origem de todos os órgãos fetais pode ser retrocedida às camadas germinativas primárias que se
originam da massa celular interna.
Gestação, Fisiologia Pré-Natal e Parto 229
do dentro da mãe e ele tem prioridade no vinos, mais da metade do aumento do peso
evento de uma nutrição materna insuficien- fetal ocorre durante os dois últimos meses da
te de modo que seu desenvolvimento pode gestação. O peso do feto, a termo, contribui
prosseguir sem alteração. Ele requer carboi- com aproximadamente 60% do peso total do
dratos, proteínas, vitaminas e minerais para produto da concepção.
manutenção, diferenciação e subsequente Os padrões de crescimento do feto e de seus
desenvolvimento e crescimento. órgãos e tecidos variam durante os diferen-
O feto recebe um suprimento contínuo de tes estágios da vida intra-uterina. Por exem-
glicose da mãe através da placenta. A glicose plo, durante o desenvolvimento fetal precoce,
é o principal combustível metabólico do feto. a região cefálica cresce rapidamente,
No final da gestação, o feto normal acumula consequentemente, a cabeça do feto é
glicogênio no fígado e músculos esqueléticos desproporcionalmente grande. No final da
para ajudá-lo a vencer o período de transição gestação, o crescimento cefálico diminui. No
após o nascimento até o estabelecimento de nascimento, a cabeça e os membros são rela-
amamentação eficiente. Embora a frutose tivamente mais desenvolvidos que os múscu-
represente cerca de 70 a 80% do açúcar no los.
sangue de fetos de ungulados (bovinos, ovi- Fatores que Metam o Desenvolvimen-
nos e caprinos), sua utilização é desprezível, to Fetal. O padrão do crescimento fetal de-
exceto quando os níveis sanguíneos de glicose pende primariamente do suprimento alimen-
estejam baixos. Em fetos de ruminantes, o tar e da habilidade do feto em utilizar a ali-
acetato, o lactato e os aminoácidos podem ser mentação (Fig. 9-10). Diferenças de espécies,
importantes substratos energéticos. raças e linhagens no tamanho fetal são devi-
O feto sintetiza todas as suas proteínas dos do a diferenças no padrão de divisão celular,
aminoácidos derivados da mãe; as proteínas o qual é determinado geneticamente. Assim,
são usadas principalmente para a síntese do existe uma integração íntima entre o supri-
que para a oxidação ou gliconeogênese. mento alimentar para o feto (fatores
Durante a gestação, a retenção de cálcio, ambientais ), o padrão de divisão celular (fa-
fósforo e ferro aumenta em relação ao peso tores genéticos) e, portanto, o padrão de cres-
corpóreo fetal. O feto tem a singular habili- cimento.
dade de esgotar as reservas de cálcio do es- Fatores Genéticos. Fetos da raça holan-
queleto materno caso os alimentos sejam po- desa no nascimento pesam cerca de 35% a
bres nesse mineral. O ferro é usado para a mais que bezerros Jersey e cerca de 15% a
síntese de hemoglobina, porém pouco se sabe mais do que a média de bezerros leiteiros. Si-
sobre sua distribuição e metabolismo. milarmente, fetos ovinos da raça Romney
crescem mais rápido do que os fetos da raça
Crescimento Fetal Merino. A contribuição materna para a va-
riabilidade do tamanho fetal é maior do que
Padrão de Crescimento. À medida que a contribuição paterna.
cresce, desde óvulo fertilizado esférico até o Fatores Ambientais. Os principais fato-
feto a termo, o embrião não apenas aumenta res que afetam o crescimento pré-natal são
de tamanho e peso, como também sofre mui- representados pelo tamanho, número de par-
tas modificações morfológicas. O padrão de tos, nutrição da mãe, número de filhos, ta-
crescimento, i. é, o aumento porcentual em manho da placenta e estresse climático. Des-
peso e dimensões por unidade e tempo (cres- tes fatores é importante o tamanho da mãe.
cimento relativo), é muito mais rápido nos O tamanho dos recém-nascidos de cruzamen-
estágios iniciais e diminui à medida que a tos recíprocos entre raças grandes de cavalos
gestação progride, enquanto que o incremen- Shire com as pequenas raças de pôneis
to absoluto por unidade de peso (crescimento Shetland depende principalmente do tama-
absoluto) aumenta exponencialmente, atin- nho da mãe. O tamanho do pai somente co-
gindo o máximo no final da gestação. Em bo- meça exercer influência sobre o crescimento
230 Fisiologia da Reprodução
.-------
genéticos
!
ambiente
~ hormônios fetais
renças de espécies e de raças quanto
ao tamanho do feto são devido ao pa-
drão de divisão celular que é geneti-
camente determinado. O padrão do
espécie mãe crescimento fetal depende do ambien-
tireóide te intra-uterino. Os hormônios fetais
raça nutrição
tamanho da insulina
tamanho, podem influir no crescimento do feto.
hormônio do
leitegada paridade As somatomedinas e os fatores de cres-
placenta crescimento
genótipo
somatomedinas? cimento semelhantes à insulina esti-
fluxo sanguíneo mulam o crescimento das células
tamanho
fetais in vitro, embora seja desconhe-
cida a sua participação no feto.
crescimento do feto, embora não pareça que para dentro da aorta distante dos pulmões
seja essencial para isso. afuncionais.
A insulina tem importância no crescimen- O sangue que deixa a aorta sobre o duto é
to fetal, exercendo seus efeitos através de distribuído para a aorta descendente. As duas
aumento da avaliabilidade de substratos artérias umbilicais são longas, altamente
energéticos, além de estimular o crescimento contráteis, com espessas camadas muscula-
placentário. A tireóide fetal é dispensável em res e originam-se da porção caudal da aorta
algumas espécies (coelhos, humana), enquan- descendente. Elas carregam sangue para a
to que em outras (macacos, ovinos), a sua placenta.
ausência resulta em maturação retardada dos A pressão sanguínea mais alta no lado di-
músculos e esqueleto. reito do que no lado esquerdo do coração fetal
Fatores de Crescimento Semelhantes mantém patente o forame oval. A pressão do
à Insulina. Os fatores de crescimento seme- ventrículo direito é maior do que a do
lhantes à insulina (IGF-I e -11) ou ventrículo esquerdo. A maior pressão da ar-
somatomedinas são hormônios polipeptídios téria pulmonar do que da aorta, provavelmen-
similares à insulina. Eles ocorrem em teci- te é devido à alta resistência vascular exis-
dos fetais e placentários (Falconer et aI., tente nos pulmões fetais, o que provoca o flu-
1991). O IGF-II parece não apenas mediar o xo sanguíneo da artéria pulmonar para den-
crescimento fetal de acordo com a tro da aorta através do duto arterioso.
avaliabilidade de glicose, como também, atu- Em geral, os batimentos cardíacos são
ando em conjunto com os hormônios maiores no feto do que no adulto. Os
placentários, regula as atividades metabóli- batimentos cardíacos fetais diferem em vá-
cas da mãe de modo que fique disponível um rias espécies, assim como em diferentes está-
suprimento contínuo de substratos para o gios da gestação dentro de cada espécie. Os
desenvolvimento fetal (Owens, 1991). batimentos cardíacos do feto variam de 170 a
220 por minuto em ovinos e de 120 a 140 por
Circulação Fetal minuto em bovinos.
dulas salivares fetais, da mucos a bucal, dos ção, com exceção da ovelha no período médio
pulmões e traquéia; intercâmbio dinâmico da gestação.
entre os compartimentos materno, fetal e de Funções. O líquido amniótico não é um re-
líquido amniótico. Nos suínos, o acúmulo ini- servatório estagnado mas sim um meio vital
cial de líquido alantoidiano é resultante da que banha o feto e desempenha várias fun-
atividade secretora da membrana alantóide; ções (Tabela 9-5). O líquido alantoidiano, com-
contudo, no final da gestação a urina fetal posto de urina hipotônica, mantém a pressão
subministra a maior parte do líquido osmótica do plasma fetal e impede a saída de
alantoidiano (Tabela 9-5). fluidos para a circulação materna. Em suí-
Uma rápida troca de água ocorre entre a nos, a membrana corioalantóide possui pro-
circulação materna, a circulação fetal e o lí- priedades secretoras e é capaz de remover
quido amniótico, no seguinte sentido: mãe - ativamente sódio da cavidade alantoidiana,
feto - líquido amniótico - mãe. O feto pode mantendo por esse meio o líquido alantoidiano
também retirar líquido por deglutição ou por hipotônico em relação a bexiga e ao soro.
ingestão de líquido amniótico para os pulmões Composição. Os líquidos amniótico e
fetais, durante os movimentos respiratórios. alantoidiano contêm constituintes metabóli-
Volume. Os volumes relativos de líquidos cos, eletrólitos, enzimas, hormônios, células
nas cavidades amniótica e alantóide mostram e outras estruturas.
muita flutuação durante a gestação. Estas Em ruminantes, o revestimento interno do
variações refletem provavelmente as contri- âmnio, particularmente próximo ao umbigo,
buições dos compartimentos fetal e materno. apresenta numerosos focos em relevo, sepa-
O controle dos compartimentos de fluidos é rados, arredondados, chamados placas
provavelmente regulado pelo sistema amnióticas, que são ricas em glicogênio e de-
endócrino fetal e pelos rins fetais. Os líqui- saparecem tardiamente na gestação. O líqui-
dos fetais aumentam durante a gestação em do amniótico contém também células que po-
todas as espécies, porém nos suínos eles ten- dem ser utilizadas para o diagnóstico pré-
dem a diminuir próximo ao final. O volume de natal do sexo. Hipomanes são massas lisas,
líquido alantoidiano é relativamente maior discóides, semelhantes a borracha e de cor
do que o líquido amniótico durante a gesta- castanho-escura, flutuando no líquido
Gestação, Fisiologia Pré-Natal e Parto 233
ciam a motilidade uterina através da libera- tais subsequentes em espécies domésticas for-
ção de PGF2a; esta interage com o sistema neceram evidências convincentes de que o feto
adenil ciclase da musculatura lisa para bai- coordena os eventos que levam ao início de
xar os níveis de cAMP e causar contrações do sua própria expulsão (First e Lohse, 1984).
miométrio. O feto possui uma série de mecanismos
Dilatação da Cérvice. A principal fun- para assegurar a quiescência do miométrio
ção da cérvice durante a gestação é reter o de modo a não atrasar o seu desenvolvimen-
concepto em crescimento dentro do útero. A to. A produção placentária de progesterona
cérvice é mais firme e mais rígida do que a impõe uma condição de bloqueio sobre o
parede uterina, fato este devido ao maior con- miométrio (Tabela 9-6). Um aumento
teúdo de tecido conjuntivo (colágeno) na significante nas concentrações plasmáticas
cérvice. A dilatação da cérvice deve-se mais a fetais de cortisol ocorre durante os estágios
modificações nas características físicas do finais da gestação em ovinos, que é devido a
colágeno cervical ("amadurecimento") do que um sinal originado no eixo hipotalâmico-
ao aumento da pressão intra-uterina. Isto é hipofisário do feto; não foi ainda estabelecido
claramente evidente em espécies como a ovi- se trata-se de hormônio adrenocorticotrófico
na, caprina e bovina que apresentam uma (ACTH), ou de algum outro estímulo trófico
cérvice rígida (Fitzpatrick e Dobson, 1979). da hipófise fetaI. Thorburn (1991) opinou que
Poucas horas antes de começarem as contra- a necessidade metabólica crescente sobre a
ções do trabalho de parto, a cérvice amolece, placenta durante a fase de rápido crescimen-
torna-se mais complacente e se dilata gradu- to fetal (último trimestre) estimula a produ-
almente. O amadurecimento da cérvice de- ção placentária de prostaglandina E2, que por
pende de hormônios e pode ser influenciado sua vez ativa o eixo adrenal-hipófise-
por fatores como elevados níveis de hipotalâmico-fetal, promovendo um aumento
estrógenos, secreção de relaxina (suínos) e na concentração de cortisol fetal (Fig. 9-13).
PGF 2a no início do parto. Um aumento similar na secreção de cortisol
aciona o parto em cabras, vacas e porcas
Início do Parto (Thorburn et aI., 1977). Algum aumento na
atividade adrenal provavelmente ocorre no
Mecanismos Fetais. Uma das mais inte- feto de equino a termo, porém um grande
ressantes descobertas na biologiareprodutiva aumento de cortisol no plasma fetal não ocor-
é que o feto, e não a mãe, domina os mecanis- re antes do nascimento.
mos que estimulam o início do parto na maio- Os mecanismos que se seguem à liberação
ria das espécies mamíferas. de cortisol diferem entre as espécies depen-
Anormalidades fetais congênitas que ocor- dendo da fonte de progesterona que mantém
rem em gestações prolongadas de ovinos e a gestação. Na ovelha, o cortisol estimula a
bovinos induzem o reconhecimento do papel placenta para converter progesterona em
fetal no início do parto. Estudos experimen- estrógeno. Os elevados níveis de estrógenos
Gestação,Fisiologia Pré-Natal e Parto 235
estimulam a secreção de PGF2a e o desenvol- manejo tais como a própria alimentação po-
vimento de receptores de ocitocina. Nas es- dem também influenciar o momento do parto
pécies dependentes de corpo lúteo, o cortisol em bovinos, equinos e ovinos. Assim, pode-
em adição à síntese de estrógenos provoca mos concluir que o feto determina o dia do
uma liberação de PGF 2a do endométrio, que parto, enquanto que a mãe decide a hora do
por sua vez causa a regressão dos corpos mesmo.
lúteos.
Mecanismos Maternos. A contribuição Trabalho de Parto
materna, embora menos dramática do que a
do feto, torna-se claramente evidente no mo- o trabalho de parto começa com o início de
mento do parto. Por exemplo, a predileção das contrações uterinas peristálticas, regulares,
éguas de parirem durante o período noturno acompanhadas por uma progressiva dilata-
e a habilidade de retardar o parto até que ela ção da cérvice.
não esteja sofrendo qualquer perturbação é Estágios do Trabalho de Parto. Com fi-
muito bem reconhecida. A ansiedade, o nalidades descritivas podemos reconhecer 3
estresse, ou o medo prolongam o ato do parto estágios de trabalho de parto: (a) dilatação
em várias espécies por meio de uma diminui- da cérvice, (b) expulsão do feto, e (c) expulsão
ção nas contrações do miométrio induzidas da placenta (Tabela 9-7). O tempo requerido
por uma liberação de epinefrina. Rotinas de
Demandas
utricionais do Feto
PARTO
236 Fisiologia da Reprodução
TABELA 9-8. Duração Média dos Três desconforto abdominal. À medida que o feto
Estágios de Trabalho de Parto em Ani- progride através da cérvice, a alantocórion se
mais Domésticos (Horas) rompe, liberando um fluido parecido com uri-
EstágiodoTrabalhode Parto na que marca o fim do primeiro estágio do
trabalho de parto.
I 11 III
Dilatação Expulsão Expulsão A distensão da cérvice e da vagina pelo feto
da does) da(s) inicia o reflexo neuro-humoral (reflexo de
Animal cérvIce Feto(s) Placenta(s) Ferguson), o qual produz a força expulsiva das
Égua 1-4 0,2-0,5 1 contrações musculares abdominais (esforço)
Vaca,búfalo 2-6 0,5-1,0 6-12 e a liberação de ocitocina, que por sua vez
Ovelha 2-6 0,5-2,0 0,5-8 acentua as contrações do miométrio. As for-
Porca 2-12 2,5-3,0 1-4
ças combinadas de pressão intra-abdominal
e intra-uterina marcam o início do segundo
para a expulsão do feto é o mais curto dos 3 estágio do trabalho de parto. Os esforços con-
estágios nas espécies uníparas (Tabela 9-8). sistem de poucas contrações seguidas de al-
Forças de Expulsão. As contrações guns minutos de descanso. O feto envolvido
miométricas começam no ápice dos cornos nas pelo âmnio é impulsionado pela via natal e
espécies uníparas, enquanto que nos suínos aparece na vulva. À medida que continuam
elas começam em ambas as extremidades dos os esforços, o âmnio se rompe. O maior esfor-
cornos uterinos e subsequentemente se ço está associado com a impulsão da cabeça e
distendem em direção à cérvice ou em dire- do peito. Todas as espécies domésticas assu-
ção oposta. O efeito "mugidos" no porco mem uma posição lateral com os membros
(Taverne, 1982) reduz a distância entre os estendidos durante a expulsão. O cordão
sucessivos leitões evitando assim que os mes- umbilical se rompe com o movimento do re-
mos se amontoem na cérvice. Durante o pri- cém-nascido ou da mãe.
meiro estágio, as contrações uterinas são do- Contrações uterinas rítmicas originadas no
lorosas provocando inquietação e sinais de ápice do corno uterino continuam após o nas-
Gestação,Fisiologia Pré-Natal e Parto 237
do que naquelas com um tipo difuso (égua e reassumem os ciclos ovarianos, enquanto que
porca) (Kindahl et aI., 1984). o mesmo acontece em apenas 40% das vacas
As condições estéreis do útero durante a de corte (Peters e Riley, 1982). A
gestação são interrompidas no parto. Bacté- amamentação e o aumento da frequência de
rias patogênicas e não patogênicas entram no ordenha (quatro ordenhas vs. duas ordenhas
útero pela cérvice dilatada multiplicando-se por dia) prolongam este intervalo, enquanto
rapidamente no ambiente uterino favorável. que a remoção do bezerro de sua mãe o en-
O útero normal possui mecanismos de defesa curta.
que incluem uma maciça infiltração de A maioria das éguas exibe o cio do potro
linfócitos para impedir a invasão bacteriana. dentro de 6 a 13 dias após o parto. É uma
A atividade aumentada do miométrio com o prática rotineira cobrir as éguas no cio do
início da atividade estrogênica dos ovários potro, apesar dos menores índices de concep-
também auxilia o útero na eliminação da in- ção e da maior incidência de abortamentos e
fecção pela cérvice. O tempo necessário para potros não viáveis.
limpar o útero de bactérias depende da ex- As porcas frequentemente exibem um cio
tensão da contaminação durante o parto, da anovulatório 3 a 5 dias após o parto, porém o
retenção de membranas fetais e da produção cio e a ovulação geralmente ficam inibidos
de estrógenos. durante a lactação na maioria dos animais. A
A regeneração do endométrio é completa- retirada dos leitões ou o seu desmame a qual-
da mais precocemente em espécies com pla- quer época induzem o cio e a ovulação dentro
centa difusa do que naquelas com uma pla- de 3 a 5 dias.
centa cotiledonária. O endométrio fica total- A aciclia durante o período pós-parto pode
mente regenerado entre a segunda e a tercei- ser devido à inibição do eixo hipotálamo-
ra semanas na égua e na porca e entre a quar- hipófise-ovariano em vários níveis (Peters e
ta e quinta semanas em ruminantes. Lamming,1990). A atividade ovariana pode
ser bloqueada pelo impedimento da liberação
Restabelecimento dos Ciclos Estrais do hormônio liberador de gonadotrofinas
(hipotálamo), hormônio folículo-estimulante
o cio e a ovulação geralmente ficam e hormônio luteinizante (hipófise anterior) ou
suspensos durante a lactação (anestro pós- folículos ovarianos para responder ao estímu-
parto) em várias espécies de mamíferos, po- lo gonadotrófico. A maioria das evidências
rém os efeitos inibidores da lactação têm sido sugere que a aciclia pós-parto é causada por
parcialmente ou completamente eliminados uma falha na liberação do GnRH, resultando
em animais domésticos através de seleção, numa secreção deficiente de gonadotrofinas.
melhoramentos na nutrição e desmame. A O evento endócrino mais consistente que
função ovariana pós-parto tem sido bastante precede a primeira ovulação após o parto é o
considerada em bovinos com a finalidade de aparecimento de um padrão pulsátil do
produzir um bezerro por vaca e por ano. Vá- hormônio luteinizante LH em ovinos, suínos
rias revisões são disponíveis sobre a e bovinos. Também um pequeno aumento na
endocrinologia pós-parto em bovinos secreção de progesterona precede o primeiro
(Lamming, 1982; Malven, 1984) ovinos cio pós-parto em bovinos e ovinos. A
(Novoa, 1984), e búfalos (Jainudeen, 1984). amamentação ou o ato da ordenha aparente-
Em bovinos, o corpo lúteo da gestação an- mente inibem a liberação de GnRH necessá-
terior regride rapidamente após o parto. A rio para a restauração do padrão pulsátil da
primeira ovulação com frequência não é pre- liberação de LH.
cedida por um cio evidente. Em bovinos o pe-
ríodo de aciclia geralmente é mais curto em REFERÊNCIAS
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10
COMPORTAMENTOREPRODUTNO
E.S.E. HAFEZ
A conduta dos animais representa impor- com nascimentos e cuidados maternos, e com
tante papel na reprodução, afetando tanto o as tentativas dos recém-nascidos para mamar
sucesso do acasalamento, como a sobrevivên- apresentam uma dramática qualidade que
cia dos jovens produtos. Os padrões de com- tem atraído os estudiosos da conduta dos
portamento, associados com cortejo e cópula, mamíferos (Fig. 10-1).
HOMEM
EXPERIMENTOSE
MANEJO
f
~
Seleção
Programas Reprodutivos
Consanguinidade
Gradeamento
Abrigos
Abrigos
Arrebanhar
Proporçãoentre
Fêmeas e Machos
~ Descarte
i Hibridização Transporte
, ,
I
~
,
ICONSTITUiÇÃO GENÉTICA I ~ AMBIENTE FÍSICO
Descema
II AMBIENTE SOCIAL I IDADE
~
i
I -HÃii~;;;~;-
[ ----\\~D.IDES
CAP.
~
;; ,
---- J
SENSITIVAS
I --------
COMPETITIVA
1
.s
j
i
O
.g
~
~ Pastagem seletiva Alimentação
~ I Pastagem__- seletiva
MACHO
Ereção
FÊMEA
Proestro
Parto
Cuidados
Liderança
Dominãncia
Medo
Temperamento
'" nlvel, duração Apetite sexual Cio__- Alimentação Agnóstico Eliminativo
Ruminação- -- Competição Frustração Duração Produção comportamento comportamento
nlvel, duração Intensidade leiteira Comunicação
Propriedade territorial
FIG. 10-1. Interação entre ambientes físicos e sociais e o desenvolvimento reprodutivo e outros
comportamentos em animais domésticos.
241
242 Fisiologia da Reprodução
Este capítulo trata dos padrões peculiares machos e as fêmeas dos cabritos monteses e
que têm sido modificados pelo processo de dos antílopes vivem em uma área limitada,
domesticação e limitados por condições im- cujas fronteiras são defendidas contra qual-
postas de acordo com as necessidades quer intruso do mesmo sexo. Os territórios
zootécnicas. Estas necessidades incluem o dos machos e das fêmeas são comuns, com
confinamento em piquetes, parques ou abri- permanente associação entre os potenciais
gos internos, a segregação dos sexos, a cober- parceiros sexuais. Em outras espécies, como
tura controlada, a operação cesariana, o des- o coelho selvagem e o castor, o território é ocu-
mame forçado, a imposta proximidade de pado por um par permanente ou um harém,
outros indivíduos e a inevitável presença do e o macho evita qualquer encontro fora de seu
homem, seus cães e suas máquinas. território. Este padrão persiste mesmo nos
ambientes artificiais. Por exemplo, os coelhos
COMPORTAMENTO SEXUAL machos criados em gaiolas somente exibem
interesse sexual por fêmeas receptivas depois
Vários padrões de cortejos, ostentações, de ocupar a gaiola por um tempo suficiente-
atividades motoras e atitudes são mente longo para considerá-Ia como seu ter-
direcionados no sentido de aproximar os ritório. O comportamento territorial é inten-
gametas masculino e feminino a fim de asse- sificado durante a estação da reprodução, e
gurar a fertilização, a gestação e a propaga- de fato em um certo número de espécies, como
ção das espécies. A coordenação dos padrões a foca, ele existe apenas nesta época.
motores que levam à inseminação da fêmea Sob condições selvagens, os animais domés-
tem sido alcançada pela evolução de uma sé- ticos não defendem territórios definidos con-
rie ordenada de respostas a estímulos especí- tra intrusos, porém os rebanhos tendem a
ficos. Em contrapartida, cada resposta se ocupar um "limite de posse". A unidade bási-
transforma em um estímulo, levando assim ca é matriarcal, consistindo de uma fêmea,
a outras respostas e outros estímulos, fenô- de suas filhas adultas e de seus descenden-
meno esse conhecido por cadeia ou sequência tes imaturos. Tal rebanho matriarcal é nota-
de conduta. velmente estáveL Ele persiste depois de uma
O comportamento sexual promíscuo em dispersão temporária de seus membros e
animais é uma vantagem na domesticação de mesmo depois de uma mistura com grupos
uma espécie e também na execução de um maiores compostos por várias centenas de
programa reprodutivo baseado na utilização indivíduos (antílope africano, bisão). Esta
de reprodutores pouco desejáveis. Uma vez estabilidade é consequência de fortes víncu-
que qualquer fêmea pode ser acasalada a los interindividuais resultantes de contatos
qualquer macho, as chances de uma cobertu- ocorridos durante a infância. Experimental-
ra adequada são aumentadas sobre outras mente, as vacas criadas juntas desde o nasci-
possíveis ligações entre macho e fêmea e de- mento, formam um grupo suficientemente
vem ser estabelecidas com antecedência. estável, mesmo no meio de um grande reba-
nho. Este vínculo, limitado às mães e filhas,
Aspectos Psicofisiológicos da Reprodúção poderia ser a base da organização social dos
ungulados.
O encontro dos parceiros sexuais é o pri- O aumento da densidade populacional pode
meiro passo do comportamento reprodutivo. levar a um comportamento anormal como a
Nos animais de vida ao ar livre, isto ocorre mordedura das caudas, canibalismo e aumen-
em grande parte sob a influência de uma es- to no padrão agressivo. Estes comportamen-
trutura social preexistente e do comportamen- tos anormais podem ser prejudiciais de modo
to territorial ou do limite de posse dos ma- que o desempenho de alguns animais de bai-
chos e das fêmeas, que levam a um organizado xo estado social dentro do grupo poderá de-
padrão de reprodução que varia com as ca- clinar devido ao estresse (Randolph et aL,
racterísticas sócio-territoriais da espécie. Os 1981).
Comportamento Reprodutiuo 243
tada, ficando impaciente e movendo-se ao panhada por desvio da cauda e certas carac-
menor distúrbio. As vacas, cabras e porcas terísticas específicas menores como o ato de
procuram montar e são montadas por outras virar a cabeça para trás na cabra e na ove-
fêmeas, porém esta atitude é excepcional em lha, o retesamento das orelhas na porca e a
ovelhas e éguas. Na presença de um macho, exposição do clitóris na égua.
a fêmea cheira seu períneo' ou a região Acasalamento. As atitudes da fêmea se-
escrotaL O ato mútuo de fungar leva ambos xualmente receptiva terminam com o corte-
os parceiros a movimentos circulares em uma jo, quando permite o acasalamento. A fêmea
posição paralela inversa. As porcas recepti- permanece imóvel e o macho a monta e
vas também demonstram interesse na cabe- ejacula (Fig. 10-5).
ça do reprodutor. O contato frontal da vaca Monta. Em presença de uma fêmea na
ou da porca em cio com o reprodutor pode es- fase de proestro, o macho faz várias tentati-
tar associado com a "falsa luta". As éguas em vas de monta; o pênis fica parcialmente ere-
cio apresentam uma tendência de urinar fre- to e se projeta do prepúcio. Estas montas ge-
quentemente na presença de um garanhão. ralmente não se completam. Durante esta
Quando são acercadas e estimuladas pelo atividade, o macho, especialmente o touro,
macho, as fêmeas unguladas domésticas as- excreta "respingos" de fluido acessório, deri-
sumem uma postura de acasalamento. Isto vado das glândulas de Cowper, que difere do
acarreta imobilização, frequentemente acom- plasma seminal emitido pelas vesículas se-
Comportamento Reprodutivo 245
minais durante a ejaculação. Todavia, quan- normal, podendo abnmger introdução retal e
do a fêmea está receptiva, a cópula pode ocor- ejaculação, enquanto que o macho passivo
rer rapidamente. O macho repousa o queixo permanece quieto. Estabelecendo-se tal rela-
sobre a fêmea, que responde imobilizando-se. ção de modo natural, o coito homossexual ocor-
O macho monta, "fIXa" seus membros dian- re mesmo na presença de fêmeas em cio.
teiros ao redor da fêmea, agarra-a firmemen- Introdução. Na monta, os músculos ab-
te e executa arremetidas pélvicas rítmicas dominais do macho, particularmente os mús-
(Fig. 10-5). culos reto-abdominais, contraem-se repenti-
As reações de monta do macho, evidencia- namente. Em consequência, a região pélvica
das por um simples estímulo visual, podem do macho é rapidamente colocada em direta
explicar as montas anormais e a homossexua- justaposição à genitália externa da fêmea. O
lidade frequentemente observadas em suínos. varrão, com o pênis parcialmente fora do
Frequentemente, suínos criados em pares ou prepúcio, impulsiona a pelve até a extremi-
em conjunto de machos habituam-se a rela- dade do pênis penetrar a vulva; somente en-
ções homossexuais. Estas relações persistem tão o pênis fica completamente exposto e com-
por muitos meses, embora alguns tenham pleta-se a introdução.
relações repetidas com fêmeas. A identidade Quando a introdução é vaginal, raramente
do parceiro ativo e passivo é mantida. O pa- o cachaço desmonta e ocorre então a
drão comportamental do agressor é idêntico ejaculação. Uma série de impulsos pélvicos
ao que ocorre em uma cópula heterossexual pode ocorrer após uma introdução retal, po-
246 Fisiologia da Reprodução
FIG. 10-6. Dentre as espécies domésticas, as fêmeas suínas sexualmente receptivas são mais facilmente
identificáveis; aquelas no cio respondem à pressão na região posterior, especialmente na presença de um
macho adulto; imobilizando-se, arqueando o dorso e "retesando" as orelhas. Este teste não é aplicável em
vacas e ovelhas nas quais o cio é melhor identificado na presença de um rufião. (Hunter, R.H.F. (1982).
Reproduction of Farm AnimaIs. New York, Longman.) -----
Anatomia
masculina
Acasalamento
Duração Breve (um 5 minutos 40 segundos
segundo ou menos)
Local da Próximo à aber- Cérvice e útero Útero
ejaculação tura da cérvice
do sêmen
Numero de 20 10 7 3 3
ejaculaçães
para atin-
gir a exaus-
tão (média)
Alexander et al.,1980
lutamente imóvel, arqueia sua porção poste- pIo, Otouro ou Ovarrão reagem rapidamente
rior e aproxima as orelhas, sendo que esta a um macho contido ou a um manequim.
reação é exibida quando uma fêmea é tocada O liberador sexual para a monta pode ser
em sua região posterior (Fig.l0-6). Todavia, a figura total da fêmea ou então a sua imobi-
apenas 48% das marrãs em cio,permanecem lidade. Outros fatores visuais, olfatórios ou
"imóveis" na ausência de um macho. A gra- acústicos das fêmeas em cio poderão ser de
vação de "grunhidos do cortejo" é similarmen- importância menor, porém complementares
te eficiente em 50% das fêmeas previamente (Fig.l0- 7). -----
negativas. Assim, os estímulos emitidos du-
rante as interações pré-copulatórias facilitam Córtex e Capacidades Sensitivas
a liberação das respostas da liberação
postural das fêmeas. A privação da capacidade sensitiva pode
As fêmeas na postura de cobertura são inibir o comportamento sexual, reduzir a ca-
imediatamente montadas, e esta reação pa- pacidade de detectar um parceiro e pertubar
rece ser liberada principalmente por indícios a sua orientação. Machos não experientes são
visuais e tácteis. Uma fêmea contida, embo- comprometidos a um maior grau do que aque-
ra não em cio, é imediatamente montada les já com alguma experiência. Se algum es-
mesmo por um touro ou carneiro sexualmen- tímulo estiver inibido, um outro poderá estar
te experimentado. Similarmente, um carnei- aumentado. Assim, a eliminação dos estímu-
ro não irá copular seletivamente com uma los aos receptores visuais nos machos resulta
ovelha em cio quando apresentado com duas na utilização de receptores tácteis e olfatórios.
ovelhas em anestro, porém contidas. As rea- A cópula nos animais domésticos não é elimi-
ções sexuais do macho no tocante àquelas nada com a ausência da visão, do cheiro, ou
emanadas das fêmeas são comuns. Por exem- da audição do contato com o parceiro. Estí-
.
Comportamento Reprodutivo 249
EM PRESENÇA DE ÉGUA
~~1\
NORMAL
~~ ~
00%
~~,
~MO~ VENDADOS
EM PRESENÇA DE MANEQUIM
8 00%
MACHOS ACEITOS
3 ANIMAIS
MACHOS NÃO ACEITOS
9 ANIMAIS
0í~,
~MO~ VENDADOS o
0~ influência do sistema paras simpático. Os ner-
vos parassimpáticos no touro, que suprimem
a genitália externa, derivam dos segmentos
sacrais e da corda espinhal.
Os padrões de cópula dos machos são pri-
~
NORMAL d'
\ mariamente governados pela anatomia
Q I
1/'/ .
/. ,;" MANEQUIM
BORRIFADO
I
:
neuromuscular e pelo suprimento sanguíneo
do pênis. O touro, carneiro e o varrão pos-
.
37 % ' (} COl\1URINA .
DE EGUA EM CIO suem um pênis fibroelástico que é relativa-
mente pequeno em diâmetro e rígido quando
~E REAÇÃO DE GARANHÕES -- não em ereção. Embora o pênis fique mais
rígido numa ereção rápida, ele aumenta pou-
FIG. 10-7. Efeitos da experiência sexual nas co, e a quantidade de tecido contrátil é liIni-
respostas das cópulas de garanhões sob condições tada. A protrusão é efetivada principalmente
normais e experimentais. Garanhões jovens não
reagem sexualmente ao manequim. A porcentagem pelo estiramento da flexura em forma de S e
de garanhões adultos mostrando respostas sexuais pelo relaxamento do músculo retrator (Fig.l0-
aos manequins foi menor em garanhões com os 8).
olhos vendados. Em garanhões jovens, a resposta Por outro lado, o garanhão possui um pê-
sexual aumentou em relação ao manequim quando nis tipicamente vascular sem flexura
este foi espargido com urina de uma égua em cio.
(Adaptado de dados de S. Wierzbowski.) sigmóide. A função do pênis como um órgão
de introdução depende do poder de ereção e
consequentemente de uma excitação sexual.
O tamanho, forma e comprimento do pênis
variam acentuadamente entre os estágios
mulos tácteis estão envolvidos na organiza- flácidos e eretos (Fig.l0-9).
ção das respostas posturais da cópula (p.ex., A introdução e a ejaculação são facilitadas
imobilização da porca em cio e a lordose da por estímulos táteis (aquecimento da vagina
. rata em resposta à palpação do flanco). e deslizamento do muco) atuando sobre os
250 Fisiologia da Reprodução
G S
G
"'\...,.
-.'-
,- '\
R
p p
G G'
FIG. 10-9. Diagrama da anatomia do tipo fibroelástico de pênis (touro) e do tipo vásculo-muscular
(garanhão) nas condições sem ereção e com ereção. A anatomia do pênis determina, em grande parte, as
respostas ejaculadoras da espécie. C, Músculo cavernoso; G, glande; P, prepúcio; R, músculo retrator do
pênis; S, flexura sigmóide.
receptores do pênis. O pênis do touro e do car- Reprodutores suínos da raça Yorkshire são
neiro é sensível à temperatura, enquanto que mais fáceis de serem treinados para colheita
o do garanhão é mais sensível à pressão de sêmen do que os Duroc. Ocorrem mais di-
exerci da pelas contrações das paredes vagi- ferenças nos padrões do comportamento se-
nais. No varrão a extremidade em forma de xual entre pares de touros gêmeos idênticos
saca-rolhas do pênis adapta-se na cérvice do que membros do par (Fig.lO-lO). Diferen-
durante a cobertura. A pressão exerci da é ças raciais quanto a duração do cio em ove-
suficiente para promover a ejaculação, mes- lhas e porcas podem ser parcialmente devi-
mo sem qualquer estímulo térmico. das às diferenças quanto ao padrão da
ovulação. Diferenças individuais no montan-
FATORES QUE AFETAM O te da estimulação sexual necessárias para
COMPORTAMENTO SEXUAL assumir a "reação de imobilização" na porca,
são independentes de experiência sexual.
Os padrões e a intensidade do comporta-
mento sexual são influenciados por fatores Fatores Ambientais
genéticos, fisiológicos e ambientais, do mes-
mo modo que por experiências prévias. O efeito do estímulo externo sobre o com-
pOJ;tamento sexual é mais pronunciado no
Fatores Genéticos macho que na fêmea.
Efeitos da Inovação dos Estímulos Fe-
Diferenças raciais e de linhagens na libido mininos (Efeito Coolidge). A atividade se-
são observadas frequentemente. Repro- xual do macho aumenta quando novas fê-
dutores de raças leiteiras são mais ativos do meas no rebanho tornam-se receptivas. Caso
que reprodutores de raças de corte, enquanto 4 ovelhas receptivas estiverem disponíveis, o
que touros Brahman são mais vagarosos. carneiro acasala 3 vezes tanto quanto se ape-
Comportamento Reprodutivo 251
2
h", ,",::;::::C::M::"":;::',
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6
-J:1 [J
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JZI
res. Carneiros adultos geralmente dominam
os reprodutores jovens, e o grau desta
dominância é maior do que a destes sobre
outros animais mais jovens. Infelizmente a
L 1 1 1 1 1 dominância social não está correlacionada
o 20 40 60 80 10C com a fertilidade dos machos. Assim um ma-
-
~
' Cópula completa
Monta sem ereção do pênis
cho "predominante" que é infértil ou doente
pode diminuir o padrão de concepção de todo
o rebanho. O tamanho da pastagem também
afeta a competição entre machos e o número
c:::::JMonta sem impulso
de acasa.lamentos por fêmeas.
FIG. 10-10. Conduta de ejaculação em touros lei- Estação e Clima. Variações estacionais no
teiros gêmeos idênticos mostrando a distribuição comportamento sexual de carneiros, cabras e
porcentual de cópulas completas, montas sem ere- cavalos são devido em sua maior parte à
ção do pênis e montas sem impulso. Notar as gran-
estacionalidade da função hipofisária que con-
des semelhanças de ejaculação de irmãos gêmeos e
a grande variabilidade entre os pares de gêmeos. trola a secreção de hormônios das gônadas.
(Adaptado de Bane, A. 1954, ActaAgric. Scand. 4,95.) As modificações estacionais são também
comunicadas na resposta de ovelhas e porcas
ovariectomizadas aos hormônios exógenos,
nas uma ovelha estiver em cio. O efeito au- mostrando um efeito direto da estação sobre
mentado de um novo estímulo animal deve as respostas do sistema nervoso. A intensi-
ser considerado sob condições modernas de dade do comportamento sexual é reduzida nos
criação. Por exemplo, o fato de retirar uma climas quentes. O plano de nutrição parece
vaca manequim é um método efetivo para não afetar o comportamento sexual. Todavia,
aumentar o desejo sexual de um macho indo- qualquer problema físico pode afetar seria-
lente. mente a expressão sexual (p. ex., inflamação
Estímulos Não-Específicos. Estímulos dos cascos ou das articulações, modificações
externos não específicos podem levar a uma nos dentes, eczema, dores originadas por aci-
atividade sexual durante o período refratário dentes ou determinadas doenças).
que se segue às ejaculações em machos com
baixa libido. No rato, tanto estímulos doloro- Efeitos das Experiências
sos como um choque elétrico assim como uma
manipulação delicada aumentam a A eficiência da cópula de machos e fêmeas
frequência de ejaculações e reduzem o inter- é melhorada pela experiência. Contatos indi-
valo pós-ejaculatório. A substituição do local viduais antes da puberdade podem proporcio-
da colheita de sêmen movendo o animal ma- nar um efeito organizador sobre o desempe-
nequim, ou "encorajando" o touro, são méto- nho sexual subsequente. A privação social
dos eficientes em touros vagarosos. durante a infância deprime drasticamente o
252 Fisiologia da Reprodução
Expulsão da placenta
Tempo entre a expulsão dos recém-nascidos Várias Várias Várias 1(?) Várias
e a expulsão da placenta (horas aproximadas)
Ato da fêmea comer a placenta :!: :!:(?) :!: - :!:
Tempo para a fêmea permanecer de pé após o <1 <1 <1 10 3
nascimento (se já não parir de pé) (minutos
aproximados)
Solicitude maternal para produtos alheios - (?) :!: (?) +
Conduta maternal anormal
Deserção dos filhos + + (?) +
Movimenta-se para impedir a amamentação + Provavelmente + + NA
Ataque aos filhos + igual aos ovinos + + NA
Canibalismo - - - NA
Frequência de amamentação (vezes por dia
aproximadamente)
Primeiros quatro dias 30 (?) 4(?) (?) 10
A meio termo da lactação 15 (?) 3(?) (?) 25
mais prolongado nas ovelhas primíparas e Encontro das Tetas pela Primeira Vez.
naquelas doentes ou subnutridas. O parto A maior parte dos cordeiros consegue man-
prolongado pode levar a ovelha à exaustão e ter-se de pé dentro de 15 minutos após o nas-
ter efeitos adversos sobre a conduta materna cimento, e com o aumento da coordenação fa-
e a viabilidade do cordeiro. zem aproximações exploratórias, movendo a
O nascimento de gêmeos geralmente é mais cabeça para as laterais da mãe e encostando
rápido por causa do menor tamanho dos cor- o nariz nos ângulos do corpo da ovelha. Du-
deiros em relação ao nascimento de apenas rante as aproximações iniciais a mãe tenta
um, porém o intervalo entre o nascimento dos manter o cordeiro defronte de sua cabeça para
dois varia extremamente desde poucos mi- facilitar as lambidas, porém dentro de uma
nutos até uma hora ou mais. ou duas horas, a maioria das ovelhas permi-
te que ele se dirija em direção ao úbere.
Conduta Pós-parto Tanto a orientação materna como o ato de
lamber parecem facilitar o encontro das te-
Vigorosas lambidas e ingestão de algumas tas pela primeira vez, porém nenhum destes
membranas amnióticas ou alantóides aderen- fatores é essencial. As tetas são encontradas
tes ao cordeiro, geralmente iniciam-se imedia- por tentativas e enganos. Por exemplo, em
tamente após o nascimento. Durante esta fase cabras as tetas são encontradas com igual
de intenso contato olfatório e gustativo, que êxito se o úbere estiver em sua posição nor-
persiste por pouco mais de uma hora, a ove- mal ou se tiver sido implantado na região do
lha aprende a distinguir seu próprio filho de pescoço. A orientação visual não é essencial,
outros, que são logo rejeitados por vigorosas pois os cordeiros conseguem mamar pela pri-
marradas. Experimentos com ovelhas partu- meira vez em compartimentos à prova de luz;
rientes em que os bulbos olfatórios foram contudo, sinais visuais parecem facilitar a
destruí dos confirmam que esta atração é ex- amamentação subsequentemente. Não exis-
tremamente olfatória. No entanto, a conduta te qualquer informação sobre a atuação do
materna não é aboli da pela destruição do sen- odor.
tido do faro. Outros fatores, como o calor e os Conduta Aberrante. Ovelhas exaustas
movimentos, podem ser importantes para por um parto difícil podem ficar prostradas
manter a atração da mãe para o cordeiro re- por algumas horas após o nascimento e o cor-
cém-nascido; as ovelhas perdem rapidamen- deiro pode se extraviar. Certas ovelhas
te o interesse em cordeiros imóveis e frios. primíparas mostram pouco interesse e aban-
Este "período crítico" de apego da ovelha ao donam seus filhos recém-nascidos. Outras
cordeiro é curto; se o cordeiro for removido formas de mau comportamento em ovelhas
logo após o nascimento ele será rejeitado pela inexperientes incluem a aplicação de
mãe quando novamente apresentado a ela marradas no recém-nascido à medida que este
seis a doze horas após. se movimenta, e uma tendência de movimen-
O ato de lamber da ovelha pode remover tação para manter a orientação inicial de ca-
certa quantidade de 0,5 kg de fluido presente beça contra cabeça. Quando estes padrões de
no pêlo ao nascimento, reduzindo assim a conduta persistem, as oportunidades do cor-
perda de calor. O ato de lamber tem também deiro de achar as tetas e mamar podem ser
importante atuação para estimular o cordeiro reduzidas, desde que a atividade de procura
a manter-se de pé e mamar pela primeira vez. das tetas declina rapidamente cerca de duas
A conduta materna parece estar sob con- horas após o nascimento quando não é
trole endócrino; ela pode ser induzida em ovi- conseguida uma amamentação satisfatória.
nos sob as influências de um rápido declínio Alguns cordeiros, particularmente após uma
do nível de progesterona e rápido aumento nutrição fetal deficiente, um longo processo
do nível de estrógenos, condições que normal- de nascimento, danos físicos devidos ao parto
mente se encontram na época do nascimen- ou resfriamento, são lentos para se mante-
to. rem de pé e para mamar.
Comportamento Reprodutivo 257
25 Ovinos
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FIG. 10-11. Efeito do escurecimento de várias 2'"
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regiões do corpo de cordeiros sobre a incidência de '::J
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hesitação ou abandono pelas mães quando
confrontadas pela primeira vez com seus cordeiros 00 1 2 3 4 5 6 7 8
parcialmente escurecidos. O número de ovelhas Idade aproximada em semanas
que reagiu de dez provadas em cada tratamento é
FIG. 10-12. Frequência de tentativas de
indicado. (Adaptado de G. Alexander e Shillito, R.
amamentação em ovinos e suínos. A frequência
(1977). AppI. Anim. EthoI. 3,137) máxima é atingida mais tarde em suínos do que
em ovinos. (De Ewbank, E. (1967). Anim. Behav.
dissuasivo com predadores como as raposas 15, 251, e dados de Niwa et aI. (1951). Bull. Nat.
e corvos. O cuidado materno consiste prima- InstAgric. Sei. Tokyo (Ser. G) 1,135.)
riamente em suprir o leite exclusivamente
para seu próprio cordeiro. Uma pequena mi- Conduta Materna em Bovinos
noria de ovelhas permite que um cordeiro
alheio mame nelas, e alguns cordeh'os tor- Os padrões de comportamento normais e
nam-se adeptos em roubar leite de uma ove- anormais da vaca e do bezerro são bastante
lha alheia; estes padrões anormais podem ser similares aos dos ovinos, embora existam al-
devidos ao rompimento da sequência normal guns pontos de diferença. Um ou dois dias
dos eventos imediatamente após o nascimen- antes do parto, a vaca fica impaciente e per-
to. manece em uma pequena área isolada que ela
defende contra outras vacas. O confinamento
Conduta Materna em Caprinos e a interferência neste período pode resultar
em um nascimento prolongado e uma sobre-
A conduta materna e neonatal em caprinos vivência dificil do bezerro. As vacas tendem a
é similar à dos ovinos, Todavia, as cabras po- comer a placenta mais frequentemente que
dem ser mais eficientes do que as ovelhas no as ovelhas. A maioria dos bezerros novos leva
reconhecimento de cabritos gêmeos. A cabra pelo menos 45 minutos para se manter em pé
também leva mais tempo lambendo e orien- e pode levar mais de 4 horas para mamar pela
tando o primeiro recém-nascido, de modo que primeira vez.
o segundo, que geralmente é o mais fraco dos
dois, tem maior oportunidade de mamar. As Amamentação
vozes dos cabritos são similares quando ana-
lisadas por um sonógrafo, e as fêmeas não Os bezerros recém-nascidos começam a
conseguem distinguir os filhotes por meios mamar dentro de 2 a 5 horas após o nasci-
auditivos até que os sons começam a divergir mento. Até que seja localizada uma teta o be-
ao redor de 4 dias de idade. zerro fica sugando qualquer protuberância no
Comportamento Reprodutivo 259
corpo da mãe. A mãe procura auxiliar o be- ra estes sintomas não estejam relacionados
zerro para encontrar a teta posicionando seu ao período pré-parto imediato. Nas éguas, a
corpo apropriadamente, lambendo-o, aconche- maior parte dos nascimentos é registrada à
gando-o e cutucando o bezerro. noite, porém não está claro se isto é devido a
O parto gemelar em bovinos não afeta a pro- efeitos fotoperiódicos ou a técnicas zootécnicas
babilidade da mãe amamentá-Ios pela manhã de rotina. Os atrasos do parto têm sido atri-
e a tarde. Os gêmeos são amamentados duran- buídos à presença e interferência humanas,
te um tempo maior do que os bezerros únicos, assim como à presença de um grupo
presumivelmente por causa de um suprimen- expectador de éguas.
to de leite menor. Os gêmeos são menos lambi- O parto anormalmente prolongado está
dos pela mãe do que os bezerros únicos. usualmente associado com má apresentação
A amamentação envolve ambos, a mãe e o do feto, embora éguas mais velhas não consi-
bezerro. Conforme já foi mencionado de iní- gam sustentar esforços para parir. As éguas
cio, a vaca ajuda o bezerro para localizar os tendem a permanecer mais tempo deitadas
tetos. Enquanto o bezerro está mamando, a do que as ovelhas, frequentemente não se le-
mãe lambe as áreas perineais e prepuciais do vantando até por mais de 10 minutos após o
bezerro, estimulando-o a urinar ou defecar. parto. A maioria dos potros leva uma hora ou
Vacas sem bezerros ou recentemente paridas mais para manter uma posição estável sendo
porém separadas das crias apresentam pou- que praticamente todos amamentam-se den-
co interesse em bezerros posteriormente apre- tro de 3 horas após o nascimento. A parturição
sentados. continua por várias horas. Os potros prema-
Frequentemente, fêmeas podem parir na turos são mais comuns do que em ruminan-
companhia de outras prenhes ou com recém- tes, sendo que eles têm uma tendência de se-
nascidos. Isto pode aumentar padrões de com- rem fracos e lentos para o crescimento,
portamento materno aberrante como o aban- embora o reflexo para a amamentação seja
dono ou roubo do bezerro e uma amamentação bem desenvolvido.
cruzada.
Uma amamentação deficiente aumenta um Conduta Materna em Suínos
suprimento energético baixo, dietas pobres
em proteínas, o que sugere uma relação com A conduta dos suínos, com suas grandes
a dieta. Bezerros amamentados pela própria leitegadas de produtos pequenos e quase des-
mãe recebem mais do que os animais alimen- providos de pêlos, contrasta com a de outros
tados no balde, dentre os quais a incidência ungulados domésticos. Padrões apropriados
de subnutrição é alta. A deficiente alimenta- de comportamento são de particular impor-
ção apresenta consequências importantes, tância por causa da suscetibilidade dos recém-
particularmente se ela prosseguir na vida nascidos à inanição, resfriamento e danos
adulta. Esta atividade diminui de maneira acidentais pela porca.
marcante o consumo de matéria seca dos be-
zerros e retarda o crescimento. Massas de pêlo Conduta Pré-parto
ocorrem comumente no rúmen de bezerros
que exibem uma lambição não nutricional. Em condições de campo a aproximação do
Estas massas podem atingir um tamanho de parto é indicada pela característica ativida-
3788 g podendo ser fatal caso bloqueiem a de de construção do ninho, porém na prática,
entrada do rúmen e impeçam a eructação as porcas sofrem restrição pela falta de ma-
(Fig.l0-13). terial para fazer o ninho e pelos modernos
abrigos para o parto, desenvolvidos para a
Conduta Materna em Equinos proteção dos leitões, de modo que esta ativi-
dade fica inibida e as porcas podem ficar per-
A aproximação do parto pode ser indicada turbadas. À medida que o parto se aproxima,
pela ejeção de leite e intranquilidade, embo- torna-se evidente uma característica
260 Fisiologia da Reprodução
i
of
leitões sucessivos varia de menos de um mi-
nuto a três ou mais horas, e os leitões da últ~-
ma metade da leitegada correm o risco de
J nascerem mortos, provavelmente devido a
!
;
ruptura prematura do cordão umbilical e à
I hipoxia prolongada.
"I
1 Conduta Pós-parto
A ordem das tetas torna-se instável diante com os fluidos podem resfriar-se em tempe-
de grandes leitegadas ou então com um su- raturas de 20°C com períodos de ventos de 5
primento deficiente de leite. A identificação km por hora, apesar de uma resposta
das tetas pelos leitões parece não estar basea- termogênica vigorosa. Os leitões juntam-se
da no paladar ou odor. Em pequenas entre eles oujuntani-se à mãe para minimizar
leitegadas alguns leitões utilizam regular- a perda de calor; leitões selvagens são mais
mente as tetas adjacentes, embora uma de- resistentes ao frio que os domésticos.
las seja usualmente a preferida. Existe uma A termorregulação aumentada dos leitões
definida preferência pelas tetas anteriores. selvagens é parcialmente devido a uma
Embora seu controle seja geralmente ganho pelagem extra e a uma resposta metabólica
pelos leitões maiores e dominantes, parece mais madura ao frio. A mortalidade de lei-
não haver maior vantagem quanto à tões é atribuída a infecções, resfriamentos, má
amamentação através delas. nutrição e esmagamento. Estas causas de
Os turnos de amamentação são iniciados mortalidade podem ser secundárias a um de-
pela porca, seja espontaneamente ou pelos senvolvimento inadequado de reservas
grunhidos dos leitões e suas tentativas para energéticas pré-natais e também a um meta-
mamar. A porca emite uma característica cha- bolismo inativo após o nascimento (Kasser et
mada para a alimentação, uma série de gru- aI., 1981). Mortes provenientes de efeitos di-
nhidos suaves aos quais a leitegada se torna retos ou indiretos de resfriamentos são co-
rapidamente condicionada e que inicia a muns em baias de parição não aqueci das, po-
amamentação. Os turnos podem ser estimu- rém a resistência ao frio aumenta após 2 a 3
lados por um distúrbio na baia ou pela dias que os leitões permanecem no ninho. Os
amamentação de uma porca vizinha (Tabela leitões expostos ao frio gastam mais em sua
10-4). As posições da amamentação tendem a termorregulação do que quando estão se ama-
ter características individuais segundo a por- mentando. O comportamento na
ca; a posiçijp em pé é mais comum nos suínos
selvagens do que nos domésticos.
A chamada para alimentação inicia um
período que dura vários minutos, de intensa TABELA 10-4. Comportamento de
massagem do úbere pelos focinhos dos leitões; Amamentação e Sucção em Suínos
ao mesmo tempo, a porca deitada gira o cor- Valores
Padrão de Sucção
po para expor as tetas. A frequência de gru-
nhidos aumenta até um máximo e a fase de Tempo tomado pela porca para 11-17
movimentação ativa dos leitões é subitamen- deitar-se após aproximação dos
leitões (seg)
te substituída por uma fase mais calma de
descida do leite e amamentação que dura ape- Frequência de sucção (períodos/dia) 18-28
nas um ou dois minutos. Os leitões parecem 51-63
Intervalo entre sucções (min.)
não discriminar as porcas. A adoção de lei- (acima de
tões de outra ninhada não é difícil e eles po- 160 é raro)
dem ser criados juntos, inclusive com leitões 4-8
Duração da amamentação
mamando em mais de uma porca. As porcas Duração da sucção (seg)
em lactação podem se tornar agressivas se os Fase nasal 55-140
leitões forem molestados ou ameaçados. Fase de silêncio 16-23
Verdadeira sucção 13-37
~~
CICLO ESTRAL I ,tO
o GESTAÇÃO LACTAÇÃO
FIG.ll-l. Representação esquemática dos fatores que afetam adversamente os processos reprodutivos.
Tipos comuns de falhas reprodutivas são o anestro, a infertilidade fetal e perinatal e mortalidade neonatal.
Notar que a infertilidade pode resultar da falha de fertilização ou mortalidade embrionária.
265
266 Distúrbios Reprodutivos
I
insuficiência persistência do
gonadotrófica corpo lúteo
falha de
desenvolvimento
folicular no ovário
/
1
I anestro I
FIG. 11.~. Esquema ilustrando as possíveis causas determinantes de uma falha do desenvolvimento
folicular :,10ovário e anestro em animais domésticos. Notar que a gestação é uma importante caUsa para
a ausência de cio.
queio inicial à ciclicidade parece ser devido adultas. Baixos níveis de energia levam à ina-
aos efeitos inibi dores dos esteróides tividade ovariana e anestro em vacas de cor-
secretados durante a gestação ao nível te amamentando e em porcas após o desma-
hipotalâmico e hipofisário que prosseguem no me. É possível encurtar o período anovulatório
período pós-parto. Contudo, o hipotálamo co- em novilhas de corte primíparas aumentan-
meça a secretar GnRH suficiente para libe- do a ingestão de dieta energética no final da
rar FSH mais cedo do que a liberação de LH. gestação (Echternkamp et aI., 1982), restrin-
O desenvolvimento folicular ocorre, levando gindo a amamentação a uma vez por dia a
ao controle retrógrado negativo do estradiol partir de 30 dias do parto até o primeiro cio
e a indução da onda pré-ovulatória de LH. A (Randel, 1981), e fazendo desmame precoce
amamentação e a subnutrição inibem a se- ou removendo o bezerro por 72 horas com ou
creção tônica de GnRH e LH. A ordenha re- sem progestágenos (Walters et aI., 1984).
gular de vacas leiteiras é menos inibidora à Em gado leiteiro, as inter-relações entre o
liberação espontânea de LH do que a combi- balanço energético e a reprodução pós-parto
nação de lactação e amamentação (Carruthers foram intensivamente revisadas por Butler e
et aI., 1980). Além disso, o término da Smith (1989). Foi proposto que um balanço
amamentação em vacas de corte realça a energético negativo provavelmente deprime
quantidade de liberação de LH em resposta a atividade ovariana pela inibição da libera-
ao LH-RH (Troxel et aI., 1983). Alternativa- ção pulsátil de LH. Baixos níveis de glicose e
mente, a liberação de LH pode ser causada de insulina no início da lactação podem de-
pelos altos níveis de cortisol que ocorrem du- primir a secreção pulsátil de LH ou agir dire-
rante a amamentação ou ordenha (Wagner e tamente sobre o ovário para deprimir a se-
Li, 1982). Novas evidências sugerem que um creção de esteróide. Por outro lado, a liberação
mecanismo relacionado a qpióides pode ser de opióides endógenos com o aumento da
responsável pela supressão do LH induzido ingestão alimentar ou de outros hormônios
pela amamentação nas vacas nessa condição associados com a lactação poderiam inibir a
(Whisnant et aI., 1986). liberação pulsátil de LH e deprimir a função
Anestro Devido ao Envelhecimento. Os ovariana.
animais domésticos, com exceção da espécie Deficiências de minerais ou vitaminas pro-
equina, raramente são mantidos até idade vocam anestro. A deficiência de fósforo em
avançada por razões econômicas e, embora bovinos a campo e em ovinos provoca
mais raramente, têm oportunidade de se re- disfunção ovariana, que em contrapartida
produzirem tardiamente. Em roedores, a in- leva ao retardamento da puberdade, depri-
cidência de ciclos irregulares ou anovulatórios me os sintomas de cio e eventualmente pro-
aumenta constantemente com a idade, e mes- voca o seu completo desaparecimento. Toda-
mo quando as fêmeas já não são férteis, a co- via, nem o comportamento estral nem os
bertura frequentemente resulta em níveis sanguíneos de progesterona, estradiol
pseudociese. Corpos lúteos anormais e ová- ou de LH medidos na ép'oca do cio foram alte-
rios sem corpos lúteos contribuíram para mais rados em novilhas das raças Holandesa e
de 80% dos casos de infertilidade em vacas Jersey submetidas a uma dieta deficiente em
com 14 a 15 anos de idade. Indiferentemente fósforo, apesar de uma redução na concentra-
quanto ao mecanismo envolvido, o anestro ção de fósforo inorgânico plasmático (Hurley
devido à idade provavelmente altera a rela- et aI., 1982). Marrãs e vacas !?ubmetidas a
ção funcional do eixo hipotálamo-hipófise-ova- uma dieta deficiente de manganês são aco-
riano. metidas de distúrbios ovarianos que variam
Deficiências Nutricionais. O nível desde débeis sintomas de cio até o anestro.
energético possui um efeito significante so- Deficiências de vitaminasAou E podem oca-
bre a atividade ovariana. Uma nutrição ina- sionar ciclos estrais irregulares ou anestro.
dequada suprime com mais frequência o cio "Estresse". O "estresse" ambiental como
em fêmeas jovens em crescimento do que em o clima, a alta densidade populacional, ou o
Distúrbios Reprodutivos nas Fêmeas 269
atividade cíclica em éguas durante a estação O cio anovulatório é mais comum em suí-
de monta. O cio irregular ("split"), i. é, aquele nos e equinos do que em bovinos e ovinos. O
com sintomas visíveis, porém interrompido animal demonstra comportamento de cio nor-
por um ou dois dias de não receptividade, tam- mal e os folículos ovarianos atingem o tama-
bém é observado em éguas, especialmente no nho pré-ovulatório, mas não se rompem. Os
início da estação de monta. folículos anovulatórios tornam-se parcialmen-
A ninfomania ocorre com mais frequência te luteinizados e regridem durante o ciclo
em bovinos leiteiros do que em bovinos de estral, exatamente como o corpo lúteo normal.
corte e equinos. Aninfomania é um dos sinto- A degeneração cística ovariana ou "cistos
mas de ovários císticos em bovinos. Vacas ovarianos", comum em vacas leiteiras e por-
ninfomaníacas mostram intenso ardor se- cas, são de rara incidência em vacas de corte
xual, persistentemente ou em intervalos fre- e outras espécies. Ovários císticos são anor-
quentes, porém irregulares, diminuição da malidades endócrinas frequentemente encon-
produção leiteira, frequente corrimento copio- tradas em vacas leiteiras de alta produção. A
so de muco claro pela vulva, edema e relaxa- maioria dos cistos ovarianos provavelmente
mento dos ligamentos sacrociáticos e cauda desenvolve-se antes da primeira ovulação pós-
elevada. As éguas ninfomaníacas são parto uma vez que o maior número foi detec-
excitáveis, traiçoeiras e intratáveis. Elas não tado em vacas 30 dias após o parto em vez de
toleram a aproximação de outro animal da após a cobertura ou o comportamento anor-
mesma espécie e não se sujeitam à cobertu- mal de cio (Erb e White, 1981). Embora algu-
ra. A ocorrência de cistos ovarianos na égua mas vacas possam exibir intenso comporta-
de um modo análogo à condição em vacas é mento sexual (ninfomania), a maioria falha
duvidosa, considerando que a ovariectomia na exibição de cio (anestro). Apenas um ou
não surte efeito sobre o padrão a:g.ormal de ambos os ovários apresentam múltiplos pe-
comportamento. quenos cistos ou um ou mais grandes cistos.
Cio "silencioso" (ovulação silenciosa), i. é, Estes podem ser cistos foliculares ou
a ocorrência de ovulação sem cio evidente se luteínicos. Cistos foliculares passam por mo-
manifesta em todos os animais domésticos, dificações cíclicas, i. é, eles crescem e regridem
particularmente nos jovens e subnutridos. alternativamente, porém sem chegar à ovu-
Suspeita-se de sua ocorrência quando o in- lação. Cistos luteínicos apresentam uma fina
tervalo entre dois cios consecutivos apresen- margem de tecido luteínico, também não che-
ta a duração normal duplicada ou triplicada. gam a ovular, porém persistem por um pro-
Alta incidência de cio silencioso ocorre em longado período.
ovelhas durante o primeiro ciclo estral da es- As concentrações plasmáticas de
tação de monta, aparentemente relacionado progesterona são mais baixas com cistos
com a ausência de um corpo lúteo do ciclo pré- foliculares do que com cistos luteínicos, mas
vio, e no final da estação de monta, provavel- as concentrações de estradiol não mostram
mente devido a uma deficiência de estrógeno. relação com o tipo de cisto. Os níveis de
Vários cios silenciosos ocorrem em vacas de testosterona nas vacas afetadas são simila-
corte que amamentam seus bezerros e em res aos encontrados durante o ciclo estral
vacas leiteiras que são submetidas a três or- (Kesler e Garverick, 1982). Algumas vacas
denhas diárias. O cio silencioso apresenta-se com ovários císticos podem mostrar caracte-
frequentemente em éguas virgens e naque- rísticas masculinas. O fluido cístico contém
las com potro ao pé. alta concentração de progesterona e baixa de
estrógeno, porém estas concentrações
Distúrbios Ovulatórios hormonais não se relacionam aos padrões
comportamentais (ninfomania ou anestro).
Os distúrbios ovulatórios podem ser cau- Em porcas, os ovários císticos representam
sados por falhas no processo da ovulação du- importante causa de distúrbios reprodutivos,
rante um ciclo normal ou a ovários císticos. sendo a principal razão de descarte, particu-
.
Distúrbios Reprodutiuos nas Fêmeas 271
Obstruções estruturais
Congênitas Cistos mesonéfricos Mais comuns em suínos, Transporte espermático
ovinos e bovinos do que em
equinos
Útero unicómio
Cérvice dupla
Adquiridas Aderências da trompa Todas as espécies, particular- Captação do ovo,
mente ovinos e suínos fertilização
ISOFLAVONAS ESTRADIOL
presentes nos trevos (genisteína e biocanina
te perdidas (Tabela 11-3). Um efeito precoce triplóides são causados pela falha de expelir
do envelhecimento do óvulo é que o embrião o segundo corpúsculo polar ou se pela
resultante não é viável, sendo reabsorvido polispermia, que pode resultar da falha do
antes do nascimento. Outros efeitos do enve- bloqueio à polispermia durante o envelheci-
lhecimento levam a anormalidades na ferti- mento do óvulo. A incidência de polispermia
lização, particularmente envolvendo os pró- aumenta quando a cobertura ou a
núcleos. As reações biofísicas e bioquímicas inseminação são retardadas, resultando em
associadas com a penetração do embriões triplóides que não sobrevivem. Isto
espermatozóide no óvulo tornam-se vagaro- significa que em éguas e porcas com um cio
sas, uma condição que leva a uma polispermia relativamente longo, o momento da cobertu-
aumentada (entrada de mais de um ra em relação à ovulação é crítico para a fer-
espermatozóide). tilização normal e sobrevivência embrionária.
A polispermia ocorre em várias espécies de
animais domésticos e de laboratório. Em suí- MORTALIDADE PRÉ-NATAL
nos, um atraso na cópula ou a injeção de
progesterona 24 a 36 horas antes da ovula- A mortalidade pré-natal, responsável pela
ção provoca a ocorrência de alguns óvulos maior parte das falhas da gestação, pode ser
apresentarem mais de dois pró-núcleos. Não dividida em mortalidade embrionária e fetal.
está muito claro se estes potenciais embriões Uma pequena porcentagem de perda pré-na-
Mortalidade Embrionária
Várias plantas comuns possuem atividade to Oembrião é diretamente afetado pela tem-
estrogênica, por ex., o grão de cevada peratura aumentada do organismo matemo,
(Hordeum vulgare), o grão de aveia (Avena devido ao "estresse" térmico. O embrião suí-
sativa), as maçãs (Pyrus malus), as cerejas no é mais suscetível ao "estresse" térmico du-
(Prunus avium), o tubérculo da batata rante as duas primeiras semanas de gesta-
(Solanum tuberosum) e o grão de bico de Ben- ção, particularmente durante a implantação.
gala (Cicer arietinum). Uma maior incidência de mortes embrionári-
Idade da Fêmea. Uma maior incidência as foi notada entre marrãs submetidas a al-
de mortalidade embrionária é observada em tas temperaturas 8 a 16 dias após a cobertu-
porcasdepois da quinta gestação. Em ovelhas, ra do que entre aquelas expostas durante Oa
a incidência de perda embrionária tardia é 8 dias após a cobertura.
maior nas primíparas e naquelas com mais Os efeitos do "estresse" térmico sobre o em-
de 6 anos, do que nas ovelhas consideradas brião inicial não são aparentes até os últimos
adultas e isto está mais relacionado com fa- estágios de seu desenvolvimento. Óvulos fer-
tores associados ao embrião do que propria- tilizados de ovelhas e vacas, quando subme-
mente ao ambiente uterino. tidos a altas temperaturas, seja in vitro ou in
Superpopulação Uterina. Devido ao fato vivo, são danificados porém continuam a se
do nível de desenvolvimento placentário ser desenvolver, morrendo apenas durante os es-
principalmente influenciado pela tágios críticos da implantação. A reduzida fer-
avaliabilidade de espaço e suprimento tilidade de vacas leiteiras estressadas durante
vascp.lar dentro do útero, aumentando o nú- o calor do verão pode resultar da diminuição
mero de implantações, o suprimento vascular da viabilidade e capacidade de desenvolvi-
diminui em cada local e restringe o desenvol- mento de embriões com 6 a 8 dias de idade
vimento placentário. Isto resulta em altos (Montye Racowsky, 1987; Putney et aI., 1988)
níveis de mortalidades embrionárias e fetais e contribui com a redução estacional já bem
e, provavelmente, explica a alta incidência de documentada da eficiência da inseminação
mortalidade embrionária em bovinos e ovi- artificial (IA) durante o verão. O "estresse"
nos após ovulações duplas ao invés de úni- térmico entre os dias 8 e 17 da gestação pode
cas. Contudo, deve ser ressaltado o fato de também alterar o ambiente uterino, assim
que a capacidade uterina não limita a possi- como o crescimento e a atividade secretora
bilidade da vaca ou da ovelha de procriar gê- do concepto (Geisert et aI., 1988).
meos,desde que cada um esteja localizado em Sêmen. Uma parte da ocorrência de mor-
cornos uterinos separados. talidade embrionária pode ser atribuída ao
Em vacas e ovelhas com ovulações múlti- macho e ao sistema de acasalamento. Fato-
plas, o número de embriões que sobrevive é res genéticos transmitidos pelo macho ao
reduzido a um número regularmente constan- embrião podem ser herdados, podendo origi-
te (2,5 a 3 embriões por fêmea) dentro das nar-se no tecido testicular, ou podem ocorrer
primeiras três ou quatro semanas de gesta- nos espermatozóides após sua saída dos tes-
ção, o que subentende que as perdas embrio- tículos. O genótipo herdado do macho pode
nárias aumentam à medida que aumenta o incluir uma variedade de fatores genéticos
número de óvulos desprendidos. A mortali- que levam à incompatibilidade e morte em-
dade não parece ser devido a uma deficiência brionária precoce. Pode haver incompatibili-
de progesterona. Em raças prolíficas de ovi- dade entre os espermatozóides e a mãe, en-
nos, mortalidades embrionárias tardias ocor- tre os espermatozóides e o óvulo, ou entre o
rem nas ovelhas com mais de cinco ovulações. zigoto e a mãe. Coberturas inférteis resultan-
Estresse Térmico. A mortalidade embri- tes de touros altamente férteis são primaria-
onária aumenta em várias espécies após ex- mente devido à mortalidade embrionária, ao
posição da mãe a elevadas temperaturas passo que touros de baixa fertilidade resul-
ambientais, especialmente nas áreas tropi- tam em falhas de fertilização e mortalidade
cais. Nos estágios iniciais de desenvolvimen- embrionária. Em suínos, o sêmen armazena-
278 Distúrbios Reprodutivos
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
qualidade do sêmen
técnica de inseminação
detecção do cio
hora da inseminação
GENÉTICA AMBIENTE
hereditariedade alta temperatura
defeitos cromossômicos alta umidade
consanguinidade abrigos
nutrição
do por 3 dias antes da inseminação produziu dutores férteis. Uma vaca repetidora de cio
zigotos muito mais suscetíveis à mortalidade exibe sintomas normais de cio a cada 18 a 24
embrionária precoce, presumivelmente devi- dias, porém apenas tornam-se prenhes de-
do ao conteúdo reduzido de DNA em pois de mais de três coberturas. Muitas per-
espermatozóides envelhecidos. das embrionárias ocorrem em época muito
Incompatibilidade. As incompatibilida- mais precoce do que se acreditava anterior-
des imunológicas podem bloquear a fertiliza- mente. Embriões colhidos não cirurgicamente
ção (seleção pré-zigótica), ou causarem mor- de vacas repetidoras de cio revelaram que a
te embrionária, fetal ou neonatal. Em bovinos, maioria das anormalidades embrionárias
a homozigose para certos grupos sanguíneos ocorrem na trompa porém não se tornam
e certas substâncias relacionadas à aparentes até cerca de 6 a 7 dias após a co-
transferrina (~-globulina) e antígeno J no soro bertura ou do estágio blastocitário (Linares
foram associadas com aumentada perda em- et aI., 1980).
brionária, assim como com taxa diminuída de Tanto a falha de fertilização quanto as
fertilização. mortes embrionárias ocorrem a um nível
muito maior do que em vacas normais, 5 a 6
Fêmeas Repetidoras do Cio - "Repeat- semanas após a inseminação.Acausa da per-
Breeders" da de aproximadamente 50% dos embriões
durante as 3 primeiras semanas de gestação
Fêmeas "repeat-breeders" repetem o cio nas vacas repetidoras de cio é obscura, embo-
seguidamente após coberturas por repro- ra com suspeitas de vários fatores (Fig. 11-6).
TABELA 11-5. Causas Não-Infecciosas de Abortamento em Animais Domésticos
Causas Vaca Égua Porca Ovelha e Cabra
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280 Distúrbios Reprodutiuos
dos ocorrem mais frequentemente em bovi- segundo tipo, devido a causas não infeccio-
nos do que em suínos, enquanto que a asfixia sas, os leitões morrem durante o parto. A pre-
ocorre mais provavelmente no suíno em sença do mecônio sobre a pele, na boca e na
consequência da ruptura prematura do cor- traquéia do leitão diferencia o último do pri-
dão umbilical. meiro. Alta incidência de morte de leitões é
A utilização de drogas para indução do par- observada com inércia uterina, com o prolon-
to pode afetar adversamente a sobrevivência gamento do trabalho de parto, com o interva-
neonatal. Por exemplo, a indução do parto em lo de tempo de nascimento dos leitões, em
porcas com PGF2a.antes do 111Qdia de gesta- leitegadas com menos de quatro ou mais de
ção e na vaca com corticosteróides antes do nove leitões, e entre os leitões pertencentes
265Qdia de gestação pode resultar em maior ao último terço da leitegada. Estas mortes
incidência de mortalidade perinatal. intraparto podem ser devido à baixa tolerân-
Leitões natimortos assemelham-se aos vi- cia dos leitões à anoxia e estão g~ralmente
vos da mesma leitegada, porém seus pulmões associadas com a ruptura do cordão umbili-
não flutuam na água. Um ou dois leitões em cal antes do nascimento. Uma vez que os lei-
aproximadamente um terço de todas as tões sofrem lesões irreversíveis no cérebro
leitegadas estão mortos ao nascer numa pa- dentro de cinco minutos após a ruptura do
ridade constante em relação aos números ex- cordão umbilical ou se houver um obstáculo
tremos do tamanho da leitegada e em à corrente umbilical, o trabalho de parto de-
leitegadas cujo período de gestação é menor verá ser completado com rapidez.
do que 110 dias. Dois tipos de natimortos são Em ovelhas, a maioria das perdas entre a
observados em suínos. No primeiro tipo, ge- implantação e o desmame ocorre durante o
ralmente devido a causas in~ciosas, os fe- período perinatal, devido à inanição do
tos morrem antes do parto, enquanto que no neonato ou à distocia de cordeiros nascidos
DISTOCIA
(trabalho atípico ou patológico)
1. trabalho de parto
prematuro
2. trabalho de parto
prolongado
3. trabalho de parto
retardado
Fig. 11-8. Representação esquemática das causas maternas e fetais que originam várias formas de
distocia. Causas mecânicas feto-maternais; apresentação fetal anormal, posição, postura, e causas ma-
ternas que podem levar ao trabalho de parto prematuro, trabalho prolongado e retardamento do traba-
lho de parto.
Distúrbios Reprodutivos nas FêTMas 285
A B j;,
E F
.-/
FIG. 11-9.Má apresentação em equinos (A, B, C) e bovinos (D, E, F). A, Apresentação ventrotransversal
comdeslocamento ventral do útero. B, Apresentação ventrotransversal; gestação uterina no corpo. (A,B
e C de Arthur (1964). Wright's Veterinary Obstetrics. London, Bailliere, Tindall & Cow.D, E, e F copia-
dos de D.S.D.A., Special Report (1942). Diseases of Cattle.)
A retenção de placenta ocorre mais frequen- gestação. A síndrome tem sido atribuída à in-
temente em bovinos leiteiros do que nos de compatibilidade materno-fetal e a .disfunção
corte. Fatores como higiene deficiente ou placentária. Ela também foi comunicada em
"estresse" afetam a vaca leiteira na época do equino após o sétimo mês de gestação, com
parto sendo implicado particularmente o tipo associação a anormalidades fetais.
do alojamento. Desde que a placenta retida
leva a uma infecção do útero (metrite) e a um Gestação Múltipla
atraso da involução uterina, a fertilidade fu-
tura do animal poderá ser afetada negativa- Em bovinos, equinos, ovinos e caprinos, a
mente. Existem controvérsias entre a remo- frequência de gestações múltiplas é maior do
ção e o método mais conservador de deixar as que os nascimentos múltiplos, devido à alta
membranas fetais in situo Bolinder et aI., incidência de abortamentos e reabsorções
(1988) comunicaram que a remoção manual fetais. Na vaca, as sequelas da gestação múl-
provocou um grande e imediato aumento tipla incluem período de gestação encurtado,
embora de curta duração na liberação do abortamento, natimortos, distocias e retenção
metabólito da prostaglandina PGF 2w o que de placenta. As perdas econômicas estão re-
provavelmente foi devido ao dano físico do lacionadas com diminuição da fertilidade,
tecido uterino. A remoção manual também mortalidade neonatal, diminuição do peso dos
prolongou o intervalo desde o parto até o apa- bezerros recém-nascidos, intervalos entre
recimento do primeiro corpo lúteo funcional partos mais longos e menor produção de gor-
ao redor de 20 dias. Os mecanismos e a tera- dura no leite. Em aditamento, acima de 90%
pia para a retenção de membranas fetais na das fêmeas nascidas com gêmeos machos são
vaca foram intensivamente revisados por estéreis (freemartins).Amortalidade neonatal
Paisley et aI. (1986). em ovinos é maior nos gêmeos do que nos pro-
A retenção da placenta em outros ruminan- dutos nascidos sozinhos. As ovelhas gestan-
tes tais como búfalos, ovinos e caprinos é tes de gêmeos são mais suscetíveis à toxemia
menos comum que em bovinos. Na égua, a gravídica (doença do cordeiro gêmeo). Em
retenção de placenta significa um sério pro- éguas, grande porcentagem de fetos gêmeos
blema porque com frequência provoca é abortada.
laminite. Ela é comumente tratada com inje-
ções de ocitocina com remoção manual, caso Gestação Prolongada
não seja expelida até 24 horas após o parto.
Gestações anormalmente prolongadas, de-
Hidroâmnios e Hidroalantóide vido a anormalidades fetais em bovinos, ovi-
nos e suínos, resultam de fatores genéticos e
O acúmulo excessivo de líquido amniótico não genéticos.
é menos comum do que o acúmulo de líquido Existem dois tipos gerais da síndrome em
alantóide. O hidroâmnios, mais frequente em bovinos, cada um governado por um único
bovinos do que em ovinos e suínos, está rela- gene recessivo autossômico. No tipo observa-
cionado com certas anormalidades craniais do do nas raças Holandesa e Ayrshire, os fetos
feto. Nestes fetos defeituosos, a absorção é grandes não apresentam anormalidades
prejudicada provocando o acúmulo de líquido faciais, e quando retirados cirurgicamente,
amniótico à medida que progride a gestação. são fracos, incapazes de mamar e morrem
Fetos de vacas das raças Guernsey e Jersey dentro de 6 a 8 horas de grave hipoglicemia.
com gestação prolongada apresentam Há uma hipoplasia da adeno-hipófise e do
hidroâmnios. córtex adrenal. O nível plasmático de
O hidroalantóide ocorre em bovinos espe- progesterona em uma vaca portadora de um
cialmente em gestações gemelares, e carac- bezerro afetado não cai antes do parto, como
teriza-se externamente por um enorme au- em uma vaca normal. No segundo tipo de
mento do abdômen após o sexto mês de síndrome, observado nas raças Guernsey e
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Tabela 11-8. Distúrbios da Gestação, do Parto e do Puerpério
Retenção de placenta Bovinos, búfalos, ovinos, caprinos, Distocia, infecções Falha na expulsão da placenta após o parto
equinos e suínos
Prolapso vaginal Bovinos e ovinos Excessivo relaxamento dos ligamentos pélvicos, Gestação atrasada
exercício restrito, gêmeos
Prolapso uterino Bovinos e ovinos Distocia, retenção de placenta Em seguida ao parto
Hidropsia das membranas Bovinos, ovinos e equinos Anomalias fetais, disfunção placentária, Acúmulo excessivo de fluidos dentro das
fetais cavidades amnióticas ou alantóides.
incompatibilidade materno-fetal
Gêmeos Bovinos, ovinos e equinos Abortamento
Espontâneo ou induzido
Gestação prolongada Bovinos Anormalidades genéticas e fetais Mortalidade fetal
Ovinos Mortalidade fetal
Ingestão de teratógenos no início da gestação
Suínos Mortalidade fetal
Genéticas, em certas linhagens consanguíneas
Síndrome respiratória aflitiva Bezerros, potros e leitões Deficiência de surfactantes pulmonares Falha de expansão pulmonar no nascimento
(fosfolipídios)
Distúrbios Reprodutivos nas Fêmeas 289
Jersey, os fetos são pequenos, muitos exibem citária diminuída. No caso de vacas com in-
anormalidades faciais e hidroâmnios, não fecções uterinas reassumirem a ciclicidade
apresentam adeno-hipófise e sobrevivem in precocemente em relação ao período pós-par-
utero por longos períodos após o período nor- to, provavelmente pode ocorrer piometra
mal de gestação, porém sobrevivem apenas quando elevados níveis de progesterona coin-
poucos minutos quando retirados cirurgica- cidirem com a presença de elevado número
mente. Um resumo dos distúrbios da gesta- de bactérias patogênicas. Por este motivo, a
ção e do parto é apresentado na Tabela 11-8. prática de tratar vacas com GnRH para
indução precoce da ciclicidade no período pós-
Infecções Uterinas parto deve ser evitada, já que pode ocasionar
piometra.
A13infecções uterinas após o parto ocorrem
habitualmente na vaca e na égua como se- REFERÊNCIAS
quela da retenção das membranas fetais e de
Adams, N.R. (1990). Permanent infertility in ewes
distocia. Endometrite é a inflamação do exposed to plant oestrogens. Aust. Vet. J. 67. 197.
endométrio, enquanto que metrite envolve Albihn, A., Gustafsson, H., Rodriguez-Martinez, H.
toda a espessura do útero. Piometra é o and Larsson, K. (1989). Development of dar 7
acúmulo de exsudato purulento dentro do bovine demi-embryos transferred into virgin
útero. and repeat-breeder heifers. Anim. Reprod. Sei.
21, 161.
A maioria das infecções uterinas afetam a Armstrong, D.T. (1986). Environmental stress and
vaca leiteira, e das várias bactérias ovarian function. Bio!. Reprod. 34. 29.
implicadas, o Actinomyces pyogenes é a mais Arthur, G.H., Noakes, D.E. and Pearson, H. (l982i.
frequentemente isolada na vaca. A PGF2a.é Veterinary Reproduction and Obstetrics. 5th
Ed. London, Bailliere Tindall.
liberada em vacas após o parto seja com
Ball, B.A., and Woods," G.L. (1987). Embryonic loss
puerpério normal ou com infecções uterinas, and early pregnancy loss in the marco Compend.
porém níveis maiores persistem por período Conto Ed. Pract. Veto 9, 459.
maior em vacas com infecções uterinas. Apa- Berepubo, N.A. and Long, S.E. (1983). A study of the
rentemente, a infecção bacteriana e as toxi- relationship between chromosome anomalies
nas estimulam o útero a secretar níveis anor- and reproductive wastage in domestic animais.
Theriogenology 20, 177.
malmente mais altos de prostaglandinas Bolinder, A., Seguiu, B., Kindahl, H., Bouley, D. and
(Fredriksson et aI., 1988), o que retarda o Otterby, D. (1988). Retained fetal membranes in
aparecimento da ciclicidade até a infecção ser cows: manual removal versus nonremoval and
eliminada e os níveis de prostaglandinas es- its effect on reproductive performance. Therio-
genology 30, 45.
tarem baixos. Uma outra possibilidade é que Bosu, W.T.K. and reter, A.T. (1987). Evidence for a
a infecção uterina pode retardar o início da role of intrauterine infections in the pathogene-
foliculogênesee suprimir o nível do crescimen- sis of cystic avaries in postpartum dairy cows.
to folicular em vacas leiteiras no início do Theriogenology 28, 725.
puerpério (Peter e Bosu, 1988) pela inibição Britt,}.H., Szarek, V.E. and Levis, D.G. (1983). Char-
acterization of summer infertility of sows in large
da liberação de LH. Acredita-se que a inibi- confinement units. Theriogenology 20, 133.
çãoseja devido às endotoxinas produzidas por Butler, W.R. and Smith, R.D. (1989). Interrelation-
bactérias gram-negativas no útero de vacas ships between energy balance and postpartum
após o parto. reproduetion.}. Dairy Sei. 72, 767.
A atividade ovariana durante o período Carruthers, T.D., Convey, E.M., Kesner, }.S., Hafs,
H.D. and Cheng, K.W. (1980). The hy~othalomo-
recente após o parto exerce importante influ- pituitary gonadotropie axis of sucklea and non-
ência na habilidade do útero para resistir ou suckled dairy cows postpartum. J. Anim. Sei. 51,
eliminar infecções bacterianas. Tanto a égua 949.
quanto a vaca podem resistir a infecções Echternkkamp, S.E., FerreI. C.L. and Rone, I.D.
(1982). Influenee of pre- and postpartum nutri-
bacterianas durante a fase estrogênica, po- tion on LH secretion in suekled postpartum beef
rém são bastante suscetíveis durante a fase heifers. Theriogenology 18, 283.
progesterônica, devido à atividade leuco- Eigenmann, U.j.E., Schoon, H.A.,lahn, D. and Grun-
290 Distúrbios Reprodutivos
291
292 Distúrbios Reprodutivos
+
-I En-;a 1- , I
..
Testicular 1==9Seminal
..
Distúrbios Deficiência de Criptorquidismo Distúrbios da Segmentos
da ereção e LH elou hipoplasia espermatogênese, ausentes
ejaculação, testosterona degeneração defeitos trauma
impotência infecção espermáticos, infecção
trauma motilidade
espermática e
anticorpos
antiespermáticos
FIG.12-1. Várias causas de falhas reprodutivas em animais machos domésticos.
direito em equinos de grande porte, ao passo porque seus testículos secretam testosterona
que qualquer deles pode estar afetado com em níveis aproximadamente normais devido
frequência aproximadamente igual em aos elevados níveis de LH.
pôneis. A raridade de criptorquidismo em ca- A função esteroidogênica do testículo
valos mais velhos pode ser devido ao fato de criptorquídeo é discutível. O testículo
alguns testículos inguinais descerem ao criptorquídeo apresenta menor habilidade do
escroto com o avançar da idade. que o testículo escrotal normal no carneiro e
Animais criptorquídeos bilaterais são es- no touro para secretar testosterona em res-
téreis devido à supressão térmica da posta a gonadotrofina exógena. Ao contrário,
esperma to gênese, enquanto que os a produção de esteróide in vitro pelas células
criptorquídeos unilaterais apresentam de Leydig foi similar para ambos os testícu-
espermatogênese normal no testículo escrotal. los abdominal e contralateral escrotal em por-
Os animais criptorquídeos unilaterais são cos e cavalos criptorquídeos unilaterais (Ryan
geralmente férteis porém apresentam concen- e Raeside, 1984).
tração espermática reduzida; eles exibem ca- Apesar da capacidade de um macho
racterísticas sexuais secundárias normais criptorquídeo em se reproduzir, elenãodeve-
Distúrbios Reprodutivos nos Machos 293
em programas de inseminação artificial por libido pode também ser seriamente prejudi-
causa da probabilidade de disseminação de cada por manejo inadequado de cachaços jo-
genes associados a essa deficiência. A libido vens durante a cobertura.
insuficiente é tida como devida a uma defi-
ciência de andrógenos circulantes, porém em Inabilidade de Cobertura
touros Holandeses, a concentração de
testosterona circulante não está relacionada Inabilidades físicas podem impedir ou evi-
à libido ou às características seminais. tar a cobertura, provocando falhas no com-
Garanhão. O comportamento anormal na portamento da cópula, i. é, na monta, na in-
monta de garanhões é mais frequentemente tromissão, ou na ejaculação.
devido ao manejo inadequado por ocasião das Distúrbios da Monta. A inabilidade para
coberturas. A superutilização, o tratamento a monta é um distúrbio comum encontrado
brusco na cobertura ou ejaculações demasia- em touros e porcos velhos. Ela está associada
damente frequentes durante o inverno podem com disfunção locomotora proveniente de
exercer um efeito deprimente sobre o compor- deslocações, fraturas, torceduras e lesões
tamento de animais jovens. As sensações do- osteoartríticas dos membros posteriores e das
lorosas resultantes de machucaduras duran- vértebras. Modificações degenerativas na su-
te a cópula ou associadas com tentativas de perfície articular da rótula e do jarrete e
monta também são causas comuns de impo- exostoses das vértebras toracolombares inter-
tência. As variações estacionais na libido e a ferem com a movimentação e habilidade de
atividade secretora e gametogênica da ativi- monta, particularmente em touros mais ve-
dade do trato reprodutivo doI animal são go- lhos.
vernadas, pelo menos em párte, pelo padrão Distúrbios para Conseguir a Penetra-
de secreção de testosterona. A maior produ- ção. Esta é uma condição em que o pênis não
ção espermática em garanhões ocorre duran- consegue penetrar na vagina. Pode resultar
te o mês de julho, dois meses após o pico de uma protrusão insuficiente do pênis do
estacional dos níveis de testosterona prepúcio ou de desvios do pênis.
plasmática. Fimose ou estenose do orifício prepucial
Carneiro. Apesar da produção de quanti- devido a causas congênitas, traumáticas ou
dade normal de espermatozóides férteis, os infecciosas podem impedir a protrusão nor-
carneiros podem apresentar baixa fertilida- mal do pênis. O prolapso penduloso que ocor-
de por causa da inabilidade de cobrir suficien- re em raças de Bos indicus (Santa Gertrudis
te número de ovelhas. Esta baixa frequência e Brahman), ou a tendência inerente para
de serviço resulta de uma falta de libido, pou- eversão prepucial que ocorre em algumas ra-
ca destreza ou interferência de outros carnei- ças desprovidas de chifres (Hereford e
ros. Aberdeen Angus) podem levar a traumas,
Fatores estacionais, como a luz do dia e a modificações inflamatórias e eventualmente
temperatura, influenciam o desempenho a prolapso prepucial e fimose (Fig. 12-2).
reprodutivo dos carneiros de diferentes raças Quando em serviço, os touros afetados são
sob uma grande variedade de condições na- incapazes de impelir o pênis mais do que duas
turais ou experimentalmente controladas. ou três polegadas, ou mesmo não conseguem
Uma diminuição nas horas de luz geralmen- expô-Io nos casos mais graves. A condição pode
te favorece o desempenho sexual, embora as ser corrigida pela amputação cirúrgica da
evidências de tal relação sejam conflitantes. mucosa prepucial prolapsada. Uma reprodu-
A fertilidade do carneiro é também adversa- ção seletiva e o descarte de touros B. taurus
mente afetada durante períodos de altas tem- com predisposição ao prolapso prepucial po-
peraturas. dem auxiliar na redução da incidência.
Porco. A fraca libido no porco está asso- Outro caso grave de inabilidade para ex-
ciada com obesidade, tensão térmica ou pla- posição do pênis é o hematoma do pênis re-
no de nutrição demasiadamente elevado. A sultante de ruptura do corpo cavernoso (Fig.
Distúrbios Reprodutivos nos Machos 295
~ Freio
~ Anéis de pêlos
~J---
Tecido
../
cicatricial
fr
~ ~_.
)?
é/r~
~.--
Tumores Lacerações Fístula uretral
,~
~t
Prolapso prepucial Hematoma Espiral
FIG. 12-2. Anormalidades congênitas e adquiridas do pênis e prepúcio que interferem com a intromissão
de touros e causam baixos níveis de concepção. (As duas fileiras superiores são copiadas de Sorensen,
AM. (1979). In Animal Reproduction: PrincipIes and Practice. New York, McGraw-Hill.)
Degene- Touro,car- Térmicas, infecções localizadas ou Reduzido tamanho testicular; fibrose; Aumento de espermatozóides imaturos e
ração neiro sistêmicas; nutrição (vitamina A); distúrbios da espermatogênese; túbulos anormais com motilidade normal; a última
testicular lesões vasculares; envelhecimento; seminíferos destruídos em casos ejaculação é rala e aquosa devido à redução da
lesões obstrutivas da cabeça do avançados concentração espermática; células gigantes;
epidídimo; agentes nocivos; fatores azoospermia ou necrozoospermia em casos
hormonais graves
Orquite Touro, car- Brucelose, tuberculose Alterações inflamatórias no testículo Astenozoospermia; oligozoospermia;
neiro, varrão levando à degeneração dos túbulos teratozoospermia; células gigantes; eritrócitos e
seminíferos leucócitos; volume de sêmen normal
Epidi-
dimite Touro, car- Brucelose, infecções a vírus Inflamação do epidídimo; infiltração de Características seminais pobres; sêmen
neiro contaminado por exsudato inflamatório t:::1
linfócitos e neutrófilos; espermatozóides 1;).
mortos e células gigantes .....
!,:,
..,
o-
Vesiculite Touro Brucelose Inflamação unilateral das vesículas Exsudato purulento no sêmen, normozoospermia, õ"
'"
seminal seminais; glândulas aumentadas e astenozoospermia; conteúdo de frutose ~
fibrosadas diminuído ~
Ó
P...
(Adaptado de R. Jubb e K. Kennedy,(1970). Pathology ofDomestic Animais. New York, Academic Press; Laing (1970), Fertility and Infertility in Domestic ~
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Animais. London, Bailliere Tindall and Cassei!.) ~
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298 Distúrbios Reprodutivos
naquelas com títulos antigênicos uterinos tados. Dietas ricas em proteínas não são es-
para gema de ovo, do que em outras sem títu- senciais para uma ótima produção
los antigênicos uterinos. espermática em carneiros.
Deficiências de Vitaminas. A deficiên-
NUTRIÇÃO E INFERTILIDADE cia de vitamina A ou caroteno na dieta leva a
MASCULINA uma degeneração testicular em todos os ani-
mais domésticos. O efeito da vitamina A so-
Os efeitos de restrições nutricionais sobre bre os testículos provavelmente é indireto e
a fertilidade são mais marcantes na fêmea do devido à supressão de liberação de gona-
que no macho. Deficiências nutricionais re- dotrofinas hipofisárias. Injeções de hormônios
tardam o início da puberdade e deprimem a gonadotróficos ou de vitamina restauram a
produção e características do sêmen. O ani- espermatogênese, com exceção dos casos em
mal jovem em crescimento é muito mais sus- que o dano aos testículos seja permanente.
cetível ao "estresse" nutricional do que os Enquanto que bezerros machos mantidos com
adultos. Além disso, a nutrição afeta mais a dieta baixa de vitamina A mostram modifica-
função endócrina do que a espermatogênica ções degenerativas no epitélio germinativo
dos testículos. Fatores nutricionais comuns dos testículos e azoospermia, touros adultos
incluem deficiências calóricas, protéicas e não apresentam efeitos adversos na esper-
vitamínicas, embora os minerais e agentes matogênese.
tóxicos também possam ser importantes. Bovinos são mais resistentes à deficiência
Subalimentação. .iWesar da capacidade de vitamina A do que os suínos. Por exemplo,
de um reprodutor adulto manter a produção a cegueira noturna e a incoordenação dos
espermática e secreção de testosterona sob movimentos precedem o reconhecimento da
baixos níveis de nutrição, os machos jovens redução da fertilidade em touros adultos, en-
mostram desenvolvimento sexual e puberda- quanto que a degeneração testicular é um dos
de retardados. Isto se deve à supressão da sintomas mais precoces de avitaminose A no
atividade endócrina dos testículos e porco adulto. A vitamina E (tocoferol ou óleo
consequentemente há um retardamento do de germe de trigo) é importante para a repro-
crescimento e da função secretora dos órgãos dução normal, porém seu papel na fertilida-
masculinos da reprodução. Quando touros, de de animais machos domésticos é obscuro.
carneiros e porcos adultos são alimentados Deficiências Minerais. Há uma escassez
com rações de baixo conteúdo energético por de informações relacionadas aos efeitos das
períodos prolongados, a libido e a produção deficiências de minerais traços nas funções
de testosterona são afetadas muito mais pre- reprodutivas masculinas. A deficiência de iodo
cocemente do que as características seminais. foi suspeitada como uma causa de libido po-
Os efeitos da subnutrição podem ser corrigi- bre e características seminais em touros. Uma
dos em animais adultos, enquanto que em melhoria na produção espermática e na ferti-
animais jovens há menos sucesso por causa lidade também foi notada após alimentação
do dano permanente causado ao epitélio suplementar com cobre, cobalto, zinco e
germinativo dos testículos. manganês.
A obesidade e a superalimentação reduzem Agentes Tóxicos. Os estrógenos das plan-
a libido e a atividade sexual em carneiros, tas exercem efeitos adversos sobre os órgãos
porcos e touros, particularmente durante as masculinos acessórios, mas a infertilidade de
estações quentes. ovinos e bovinos em pastagens estrogênicas
A deficiência de proteína afeta mais os ani- está relacionada a modificações no muco
mais jovens do que os adultos. Touros jovens cervical e a uma falha do transporte
submetidos a uma dieta deficiente de proteí- espermático' no trato feminino. Muitos ele-
nas mostram diminuição da libido e das ca- mentos químicos, raros sais metálicos e radia-
racterísticas seminais, enquanto que touros, ções ionizantes interferem com a esperma-
carneiros e porcos adultos são raramente afe- togênese em uma variedade de espécies de
Distúrbios Reprodutivos nos Machos 301
mamíferos, mas sua contribuição à infer- ti~os in bulls. 8th Internat. Congr. Animal Re-
tilidade masculina ainda não foi estabelecida. prado AI. VoI. IV, 710.
Griffin, J.F.T., Nunn, W.R and Hartigan, P.J. (1971).
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and female infertility.ln Immunological Aspects
As aberrações cromossômicas representam of Reproduction and Fertility ContraI. J.P.
importante papel nas falhas reprodutivas Heam (ed.). Lancaster, MTP Press.
humanas. Do ponto de vista reprodutivo, é Menge, A.C.(1980).Clínical immunologic infertility:
importante eliminar os machos afetados por diagnostic measures, incidence of antisperm an-
aberrações cromossômicas, particularmente tibodies; fertility and mechanisms. ln Immuno-
aquelas que resultam em fertilidade diminuí- logical Aspects ofInfertility and Fertility Regula-
da (Capítulo 13). ti~o. D. Dhindsa and G.F.B. Schumacher (eds.).
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Rec. 104, 423. prado 25, 621.
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13
GENÉTICA DOS DISTÚRBIOS REPRODUTIVOS
M.R. JAINUDEEN e E.S.E. HAFEZ
302
Genética dos Distúrbios Reprodutivos 303
~
.I~ .1
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O
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I .I\ J C
A
inversão cromos somo dicêntrico
paracêntrica ::!1 + fragmento acêntrico
.....
FIG. 13-3. Exemplos de falhas meióticas devido a aberrações no balanço cromossômico. Falhas resul-
tantes de inversões paracêntricas e pericêntricas. Diagramas simplificados, é mostrada apenas uma
cromátida de cada cromos somo. Desde que um dos homólogos contém uma região invertida, o pareamento
com o homólogo normal só é possível pela formação de uma alça. Se ocorrer recombinação nessa alça,
formar-se-ão vários cromossomos não-balanceados e fragmentos dicêntricos e acêntricos. A flecha pe-
quena indica o ponto de recombinação (Husslein et aI., 1984).
recombinação entre
cromossomos homológos nas
regiões não-homólogas
><
. v~ dupli~ação e deleção
intersticial
recombinação entre
cromossomos não-homólogos
x . ~~ Y",/
".
'...
,'"
translocação recíproca
j
-
recombinação entre os
braços curtos de dois
cromos somos acrocêntricos
./
/, . *
o---
translocaçãorobertsoniana
(fusã?cêntricade dois
cromossomos acrocêntricos
forma um (sub)
cromossomo metãcêntrico
~ ~
o centrômero segmento invertido
11111111111",
segmento duplicado
j ruptura ou recombinação
!-...... segmento translocado
* segmento perdido
Y região ausente
FIGo 13-50 Origem de aberrações cromossômicas devido a falhas envolvendo dois cromos somos (sejam
cromossomos homólogos ou não-homólogos). Duplicação e deleções intersticiais podem resultar pela
recombinação entre cromossomos homólogos em regiões não-homólogas. O segmento perdido por um
cromos somo é inserido dentro do outro homólogo, resultando em duplicação do segmento envolvido. A
translocação recíproca é devido a troca de segmentos cromossômicos entre cromossomos não-homólogos
após um evento de recombinação irregular. Na translocação robertsoniana, dois cromossomos acrocêntricos
fundem-se pela perda dos braços pequenos e curtos. Apenas um dos centrômeros permanece ativo (Husslein
et aI., 1984).
volvidos e sem células germinativas. Touros machos pode levar à esterilidade ou infer-
e vacas afetados são estéreis ou apresentam tilidade, dependendo se for bi ou unilateral.
fertilidade reduzida (Leipold et aI., 1983).
Vários defeitos estruturais dos esperma-
tozóides podem causar esterilidade ou Distúrbios Funcionais
subfertilidade em touros (Tabela 13~) pela
interferência com a fertilização. Algghs des- Alguns distúrbios funcionais apresentam
tes defeitos espermáticos são hereditários; uma predisposição genética. Os animais sus-
contudo, a maneira da herdabilidade não é cetíveis desenvolvem o problema somente sob
suficientemente clara porque apenas poucos certas condições ambientais, p. ex., cistos ova-
animais e parentes dos afetados foram inves- rianos e libido em bovinos. Vacas afetadas
tigados. As anormalidades de desenvolvimen- apresentam a tendência de produzir uma alta
to dos dutos de Müller resultam em uma bar- proporção de filhas com a mesma condição.
reira estrutural à fertilização em novilhas, Um efeito por parte do macho já foi também
enquanto que a aplasia dos dutos de Wolff em comunicado. Na Suécia, a condição foi con-
Genética dos Distúrbios Reprodutiuos 307
trolada pela restrição da utilização de touros ticularmente aqueles que transmitem fertili-
cujas filhas apresentavam alta incidência de dade diminuída.
ovários císticos. A impotência em touros pode
ter um fundo hereditário porque existem Malformações Congênitas
grandes diferenças entre raças na frequência
de impotência em touros suecos. Estas varia- Algumas malformações do sistema
ções indicam que a má libido está bastante reprodutivo presentes ao nascimento (congê-
condicionada pelo genótipo do animal. nitas) são causadas por aberrações cromos-
sômicas, usualmente associadas com os
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS cromos somos sexuais.
Hipoplasia Testicular. A hipoplasia tes-
Qualquer aberração cromossômica, seja ticular associada a urna constituição
transmitida por gametas ou originada em cromossômica sexual anormal (XXY) no ho-
embriões, pode resultar em defeitos mem é conhecida por síndrome de Klinefelter.
fenotípico~u pode provocar urna falha na A duplicata desta síndrome foi comunicada
reprodução. f\berrações estruturais e numé- em touros, carneiros e porcos inférteis (Tabe-
ricas dos cromos somos sexuais ou dos la 13-4).
autos somos representam um papel importan- Hipoplasia Ovariana. A monossomia do
te em falhas reprodutivas no homem e em cromos somo X (XO) ou síndrome de Turner
animais domésticos (Hare e Singh, 1979; de mulheres ocorre em éguas. A condição é
Gustavsson, 1984). Do ponto de vista resultante da não-disjunção durante a
reprodutivo, é importante eliminar machos gametogênese. O zigoto aneuplóide é forma-.
afetados por aberrações cromossômicas, par- do quando um óvulo normal une-se com um
308 Distúrbios Reprodutivos
Aberrações cromossômicas são relaciona- (Tabela 13-5). Nenhum dos animais exibia
das a mortalidade embrionária. Aproximada- comportamento semelhante ao do garanhão
mente 10% dos blastocistos suínos mostram (Dunn et aI., 1981). Provavelmente o
anormalidades cromossômicas comotriploidia quimerismo resultou de fertilização dupla ou
e tetraploidia. Uma monossomia foi descrita fusão de blastocistos, enquanto que o
em suínos (Gustavsson, 1984), que em mui- mosaicismo resultou da perda de um
tos aspectos é similar à sindrome de Turner cromossomo Y pelo retardamento da anáfase
descrita em mulheres nas quais o componen- das células embrionárias precoces XY.
te genético é com frequência letal ao feto, re- Pseudo-hermafroditas. Nos pseudo-
sultando em abortamento espontâneo. Pelo hermafroditas, existe uma discrepância en-
menos 14 translocações recíprocas foram tre a genitália externa e o sexo gonadal ver-
registradas no suíno doméstico (Gustavsson, dadeiro. Assim, um pseudo-hermafrodita
1984).Amaioria delas é encontrada em cacha- masculino possui testículos e genitália exter-
ços que produzem leitegadas pequenas (Fig. na feminina, enquanto que um pseudo-
13-6). hermafrodita feminino possui ovários e
Em bovinos, a translocação robertsoniana genitália externa masculina. Os pseudo-
1/29 foi registrada no sentido de aumentar a hermafroditas são mais comuns do que os
incidência de retornos atrasados ao cio (mor- verdadeiros hermafroditas.
talidade embrionária) entre filhas de touros Pseudo-hermafroditas masculinos possuem
portadores. testículos retidos e várias combinações de
estruturas masculinas e femininas de modo
Intersexualidade que a genitália externa frequentemente é
bastante ambígua. O complemento cromos-
Um intersexo é um animal com malfor- sômico sexual pode ser XY ou XX. Como o
mações congênitas do desenvolvimento sexu- desenvolvimento dos órgãos genitais acessó-
al que confunde o diagnóstico do sexo. Os rios depende de substâncias produzidas pe-
intersexos são divididos de um modo amplo las gônadas, o pseudo-hermafrodita masculi-
em três grupos: hermafroditas verdadeiros, no pode resultar de uma falha de produção
pseudo-hermafroditas masculinos e femininos normal pelos testículos ou de uma falha da
e freemartins, embora alguns intersexos po- resposta a estas substâncias pelos órgãos-
dem classificar-se em mais de um grupo (Ta- alvo.
bela 13-5). A síndrome de feminização testicular no
Hermafroditas Verdadeiros. Apresen- homem (46 XY) é um exemplo de um pseudo-
tam várias combinações de ovários, testícu- hermafrodita masculino XY. Nestes casos, o
los e ovotestes. Existem vários graus de bis- sexo genético e gonádico é masculino, porém
sexualidade nos órgãos sexuais acessórios, o fenótipo, o comportamento e o sexo legal são
presumivelmente dependendo da produção femininos. Alguns casos similares à
hormonal pela gônada embrionária. O feminização testicular foram descritos em
hermafroditismo verdadeiro ocorre mais fre- bovinos (Tabela 13-5).
quentemente em suínos e caprinos do que em Pseudo-hermafroditas masculinos com
bovinos e equinos. Seria de esperar que os constituição cromossômica sexual XX ocorrem
hermafrod.i\as verdadeiros fossem mosaicos frequentemente em caprinos e suínos (Tabe-
XX/XY.Alg$s são, porém a maioria possui la 13-5). A condição é associada com um gene
uma constituição cromossômica sexual XX autossômico dominante para ausência de chi-
normal. fres em caprinos. As gônadas consistindo de
Os hermafroditas equinos verdadeiros são tecido testicular são localizadas dentro do
raros. Dois hermafroditas equinos verdadei- abdômen ou no canal inguinal. Todos os ani-
ros com quimerismo apresentavam ovoteste mais são fêmeas geneticamente, e o comple-
bilateral, um pênis subdesenvolvido, mento cromossômico pode ser 38,xx, 38,XX/
vesículas seminais bilaterais e tecido uterino XY ou 38,XXY.
310 Distúrbios Reprodutivos
FIG. 13-6. A, Cariótipo de um varrão com a t(9p+;l1q-), produtor de pequenas leitegadas, porém com
comportamento sexual e qualidade do sêmen normais; B, Cariótipo da porca com a rcp(lp-;8q+) que
produziu a leitegada. (Gustavsson, r. et aI. (1983). Ocorrência de duas translocações recíprocas diferen-
tes na mesma leitegada de porcos domésticos. Hereditas, 99, 257.)
Genética dos Distúrbios Reprodutivos 311
FIG. 13.6 (cont.). C, A translocação rcp(lp-;8q+) da porca foi transmitida para toda a descendência,
enquanto que a translocação t(9p+;l1q-) do varrão foi encontrada em apenas dois leitões.
)
312 Distúrbios Reprodutivos
FIG. 13.6 (cont.). D, cariótipo de um embrião sem balanço cromossômico, der(1l)t(9p+;llq-), rcp(lp-
;8q+), recolhido no 21Qdia de gestação. A escala indica 10 /.lm. (Gustavsson, I. et aI. (1983). Ocorrência de
duas translocaçães recíprocas diferentes na mesma leitegada de porcos domésticos. Hereditas, 99, 257.)
J
~
c.o
......
c.o
314 Distúrbios Reprodutivos
~
t
.I~
v suem um número cromossômico diplóide de
60, consistindo de 58 autos somos acrocên-
tricos e os cromossomos sexuais. Há uma di-
ferença aparente entre os cariótipos das duas
espécies. O cromossomo Y é acrocêntrico no
B. indicus e submetacêntrico no B .taurus.
FIG. 13-7. Ilustração esquemática da etiolo- Duas formas de cromossomos Y são encontra-
gia do bovino "freemartin". das no híbrido, dependendo da raça do
Genética dos Distúrbios Reprodutivos 315
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)
IV. ciclos
reprod li ti vos
14
BOVINOS E BUBALINOS
Os bovinos domésticos (Bos taurus, Bos A idade do primeiro cio em novilhas varia
indicus), os bubalinos (Bubalus bubalis), o consideravelmente, na maioria devido à raça
búfalo selvagem africano (Syncerus caffer) e e à diferença no grau de crescimento. Uma
o "búfalo" norte-americano (Bison bison) são baixa ingestão no nível de nutrientes e um
da família Bovidae, porém pertencem a dife- crescimento vagaroso retardam a puberdade
rentes gêneros e possuem diferentes núme- em novilhas durante semanas, ao passo que
ros de cromossomos. um nível alto de nutrição e um rápido cresci-
Os bovinos e os bubalinos foram domesti- mento aceleram a puberdade. A idade média
cados para tração, leite e carne ao redor do da puberdade para grupos. de novilhas sob
mesmo período na história. O búfalo aquáti- níveis recomendados de nutrição situa-se en-
co, como o próprio nome demonstra, possui tre 10 e 12 meses para raças leiteiras e entre
predileção pela água; várias características o 11 a 15 meses para raças de corte. Novilhas
distinguem dos bovinos. Muitos aspectos da zebus atingem a puberdade do& 18 aos 24
reprodução são similares em bovinos e meses. Todavia, diferenças raciais da idade
bubalinos, porém a extrapolação indiscrimi- na puberdade não são afetadas pela nutrição.
nada dos fenômenos reprodutivos e da eficiên- A estação do ano afeta a idade da puberdade.
cia dos bovinos para os bubalinos deve ser Condições de inverno durante o período pré-
evitada. puberal atrasam a puberdade. Se as novilhas
forem nutridas adequadamente, o cio normal-
BOVINOS mente ocorre regularmente após o cio da pu-
berdade.
Puberdade
Macho
Fêmea
A puberdade no macho é a idade em que a
Puberdade é a idade em que ocorre o pri- ejaculação contém espermatozóides suficien-
meiro cio acompanhado de ovulação espontâ- tes para fecundar uma vaca. Em bovinos, ela
nea. Uma ou mais ovulações "silenciosas" ocorre quando a primeira ejaculação contém
podem ocorrer antes das novilhas apresenta- 50 milhões de espermatozóides com pelo me-
rem sintomas típicos de cio acompanhado de nos 10% de motilidade progressiva.
ovulação, porém a frequência das ovulações Enquanto bezerro, o pênis fica firmemen-
"silenciosas" pode depender em larga escala te aderente dentro da bainha pelo freio
da eficiência de detecção do cio. prepucial, impedindo-o de estender-se; 2 a 4
319
320 Ciclos Reprodutivos
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onda de LH
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cio em
estação
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estradiol-17~ Os crescentes níveis de estradiol estrógenos. Alterações na viscosidade, na con-
induzem o cio comportamental e, em combi- figuração de samambaia e na resistência elé-
nação com os níveis em declínio de trica são a base para alguns métodos de
progesterona, acionam a onda de LH. Estan- detecção do cio na vaca (Tabela 14-1). O muco
do presente um folículo maduro, esta onda de cervical é menos viscoso no dia do cio e apre-
LH irá induzir a ovulação cerca de 24 horas senta-se como um filamento de muco claro
após. saindo da vulva. O estrógeno também dilata
As propriedades físico-químicas do muco a cérvice durante o cio de modo que um cate-
cervical ficam alteradas sob a influência de ter pode ser introduzido no útero mais rapi-
322 Ciclos Reprodutivos
Viscosidade Diminuída
pH vaginal Diminuído
Odores relacionados ao cio Cães treinados para detectar odores no muco vaginal,
leite ou urina
(Adaptado de Foote (1975). J. Dairy Sei. 58, 248; Britt (1977 ). J. Dairy Sei. 60, 1345; Kiddy et aI.
(1983). J. Dairy Sei. 67, 388; Vasquez et aI. (1984). Proe. 10th Int. Congr. Anim Reprod. & AI, III,298;
Zartman et aI. (1983). Theriogenology 19, 541).
damente do que em qualquer estágio do ciclo passo que seu tônus atinge o pico durante o
estral. cio e então diminui após a ovulação. Desde
O estrógeno aumenta a contratilidade e a que o tônus uterino é um bom indicador do
tonicidade do útero. O útero é flácido e não cio e pode ser detectado por palpação retal,
apresenta tônus durante a fase luteínica, ao ele é utilizado pela maioria dos inseminadores
Bovinos e Bubalinos 323
para certificarem-se que as vacas submetidas quer distração em relaçãO aos bovinos como a
à inseminação estão no cio. hora da alimentação, deverá ser evitada. A
Os estrógenos aumentam o crescimento detecção do cio é melhorada pela utilização
vascular do endométrio. A rápida suspensão de touros; eles poderão ser vasectomizados ou
da secreção de estrógenos após a ovulação com o pênis desviado cirúrgica e mecanica-
causa hemorragias petequiais no endométrio mente dentro da bainha prepucial. Outros
(sangramento do metaestro) e a presença de complementos para detecção de cio incluem
sangue no corrimento vulvar. A maioria das indicadores sensíveis à pressão na garupa das
vacas e novilhas tem sangramento no segun- fêmeas e marcadores "chin-ball" ou
do ou terceiro dia após o cio. Aparentemente, marcadores de arreios nos touros. Quando
o sangramento do metaestro não relaciona- touros equipados com "chin-ball" ou arreios
se à concepção; ele é apenas uma indicação especiais montam uma fêmea em cio, uma
de que a vaca esteve em cio. Vacas demons- marca facilmente visível de corante ou graxa
trando muco apresentando sangue corado no pigmentada fica impressa na garupa ou na
momento da inseminação provavelmente têm base da cauda da fêmea. Embora fêmeas que
menos oportunidades de concepção. não estão em cio possam ser ocasionalmente
As ações da progesterona, secretada pelo marcadas, as marcas identificam vacas que
corpo lúteo (CL) sobre o útero são opostas deverão ser melhor observadas para a confir-
àquelas do estrógeno. Durante a fase mação do cio.
luteínica, o muco cervical é espesso e viscoso,
o canal cervical está firmemente fechado, e o Ovulação
miométrio relaxa. Os níveis de progesterona
no plasma estão intimamente relacionados Os bovinos são os únicos dentre os animais
com o crescimento, manutenção e regressão domésticos que ovulam 10 a 12 horas após o
do corpo lúteo. fim do cio ou seja 30 horas após o início do cio
A maioria dos períodos estrais pode ser (Tabela 14-2). Excetuando-se o primeiro ciclo
detectada por observação cuidadosa dos bo- estral após o parto, a ovulação é precedida
vinos pelo menos duas vezes ao dia (Tabela por sintomas comportamentais de cio. Os bo-
14-1). Durante as observações do cio, qual- vinos apresentam ovulação espontânea, em-
bora esta possa ser antecipada cerca de 2 ho- frequência de ejaculações. Normalmente, os
ras na monta por um touro vasectomizado. espermatozóides totais por ejaculação aumen-
Similarmente, a massagem manual do clitóris tam com a idade do touro até cerca de 7 anos
por 10 segundos após a inseminação artifi- e então declina. Existem grandes diferenças
cial em vacas de corte diminuiu o intervalo nas características seminais entre touros,
entre o início do cio e o aparecimento da onda assim como as primeiras e segundas
de LH por mais de 4 horas, encurtou o tempo ejaculações e entre os intervalos entre as co-
do início do cio até a ovulação em 4 horas e lheitas.
aumentou o nível de concepção em 6%.
Normalmente, um folículo ovula no ciclo Acasalamento
estral em bovinos. Dois folículos ovulam em
aproximadamente 10% dos casos, enquanto O pênis do touro é do tipo fibroelástico, re-
que três folículos não são frequentes. lativamente pequeno em diâmetro e rígido
Os folículos ovulam em cerca de 60% no quando não ereto. Embora o pênis seja mais
ovário direito e 40% no ovário esquerdo. A rígido durante a ereção, ele não apresenta
primeira ovulação após o parto ocorre mais grande aumento. A protrusão é atingida des-
frequentemente no ovário oposto ao corno fazendo a flexura em forma de S. O sentido
uterino previamente gestante. da visão parece mais importante do que o ol-
fato na estimulação de um touro. O touro iden-
Produção e Liberação Espermáticas tifica a vaca em cio, lambendo e cheirando a
genitália externa e dobrando o lábio superior
A duração de um ciclo do epitélio seminífero de um modo característico - "Flehmen". An-
é de 13,5 dias em touros, independentemente tes da cobertura, o touro orienta-se atrás da
da raça. Aproximadamente 61 dias (4,5 ciclos vaca e adapta o queixo e a garganta sobre a
do epitélio seminífero) são necessários para garupa da fêmea. As vacas em cio respondem
completar uma espermatogênese. Assim, um a essa atitude permanecendo receptivas.
distúrbio nos testículos resultante de febre, O acasalamento em bovinos é rápido (me-
"estresse" calórico ou "estresse" de transpor- nos de 5 segundos) quando comparado ao de
te pode interferir com a espermatogênese e equinos e suínos. À medida que o pênis ereto
com a produção espermática; deve levar pelo se projeta da bainha e as glândulas acessó-
menos 2 meses antes da qualidade rias começam a gotejar, o touro monta sobre
espermática voltar ao normal. a vaca. Após a penetração do pênis na vagina
A produção espermática diária, o número (intromissão), repentinas contrações dos mús-
de espermatozóides potencialmente férteis culos abdominais do touro levam à introdu-
produzido diariamente pelos testículos, são ção plena e ejaculação. A força da contração
altamente correlacionados com o tamanho muscular eleva os membros posteriores como
testicular, que pode ser estimado pela largu- . um salto para a frente. Este impulso
ra e comprimento ou circunferência escrotal ejaculador deposita o sêmen na vagina ante-
(Foote, 1984). Tanto o tamanho testicular rior próximo à abertura externa da cérvice.
quanto a circunferência escrotal, todavia, são A maioria das raças leiteiras nos Estados
influenciados pelo genótipo e pela idade. As- Unidos é servida por inseminação artificial,
sim, não é possível ter medidas padrões para mas nas raças de corte em 90% é utilizada a
todas as idades e raças. A produção esper- cobertura natural. Usualmente, um touro é
mática também varia muito individualmen- destinado para cerca de 30 a 60 vacas seja
te entre os touros com alguma variação entre em pastagens únicas ou com mais de um tou-
raças. ro. Sob condições de campo, o número de fê-
O touro ejacula 4 a 10 ml de sêmen conten- meas cobertas por unidade de tempo depen-
do 0,8 a 2,0 bilhões de espermatozóides por de de muitos fatores inter-relacionados como
mililitro. A produção de sêmen é influencia- a proporção macho/fêmeas e das interações
da pela idade do touro, estação do ano, e agressivas entre touros.
Bovinos e Bubalinos 325
O intervalo desde o parto até a primeira ovu- Intervalo entre Dias entre partos sucessivos
lação é extremamente variável (Tabela 14-2). partos (dias) Total de vacas
Vacas multíparas ovulam mais precocemen-
Serviços por N2 de serviços em todas as vacas x 100
te do que vacas primíparas. A amamentação concepção Concepções totais
e o plano de nutrição atrasam a época da pri-
meira ovulação pós-parto em vacas de corte. Índice de
N2 de vacas prenhes x 100
gestação (%) Total de vacas no rebanho
A incidência da primeira ovulação pós-parto
sem comportamento de cio é relativamente Índice de N2 de bezerros nascidos x 100
alta. Assim, o primeiro cio pode não refletir a nascimentos Total de vacas no rebanho
retomada da atividade ovariana. Usualmen- (%)
te, o cio é observado pela primeira vez cerca
Lucro líquido com Total de bezerros desmamados x 100
de 35 dias após o parto em vacas leiteiras. O a safra de Total de vacas no rebanho
nível de concepção é mais baixo no primeiro bezerros (%)
cio pós-parto do que nos períodos estrais
subsequentes. Vacas leiteiras são cobertas 50 rias precoces, à venda ou morte de vacas e ao
dias após o parto e devem conceber aos 80 retorno das vacas para nova inseminação ao
dias a fim de manter um intervalo entre par- redor de um período 60 a 90 dias.
tos de 12 meses. O intervalo entre o parto e a nova concep-
ção ou "dias abertos" é um índice valioso que
Desempenho Reprodutivo reflete a eficiência da detecção do cio e a ferti-
lidade tanto das fêmeas quanto dos machos
Medidas de Eficiência Reprodutiva em um rebanho. Desde que a duração da ges-
tação é um intervalo fixo, tanto o intervalo
A eficiência reprodutiva de bovinos de cor- entre partos como os dias abertos usualmen-
te e de leite pode ser avaliada por vários mé- te são influenciados por fatores similares; este
todos (Tabela 14-4). Os índices de não retor- último apresenta a vantagem de detecção pre-
no de 60 a 90 dias avaliam a fertilidade dos coce das vacas com problemas.
touros e a eficiência dos inseminadores nos A porcentagem de vacas prenhes, o índice
programas das centrais de inseminação artifi- largamente utilizado em rebanhos de corte,
cial. Os índices de concepção no primeiro ser- apresentam maior significância quando a es-
viço são baseados no diagnóstico retal de ges- tação de monta é curta. Uma estação de mon-
tação efetuado 6 a 8 semanas após a ta de duração ao redor de três ciclos estrais
inseminação. Embora ambos os índices de não proporciona à vaca pelo menos duas ou três
retorno e de concepção estimem a proporção coberturas. O número de bezerros nascidos
de vacas prenhes, há muito se reconhecem as mede as perdas de gestação e a mortalidade
diferenças entre eles. O índice do não retorno de bezerros, enquanto que a porcentagem de
superestima o nível de concepção em cerca de bezerros desmamados reflete a eficiência
10 a 15%. Grande parte desta diferença está reprodutiva da estação de monta, facilidade
relacionada à falha na detecção do cio, ao de partos, habilidade materna e sobrevivên-
anestro, a algumas mortalidades embrioná- cia de bezerros.
Bovinos e Bubalinos 327
estação de monta
limitada avaliabilidade de
forragem
ESTAÇÃO DE MONTA
MANEJO FERTILIDADE DO
TOURO
facilidade de macho: fêmea
registros nutrição
GESTAÇÃO
nutrição
condição de registro
reduzir as perdas
perinatais e distocias
FIG. 14-2. Métodos para aumentar a safra líquida de bezerros em bovinos de corte.
registros
nutrição
detecção do cio
redução da idade ao
controle das doenças genitais primeiro parto
diagnóstico de gestação aumento da % de vacas
cicIando
tratar vacas problemas
melhorar a técnica de IA
usar sêmen de boa qualidade
cobrir as vacas com cio em estação
FIG. 14-3. Métodos para melhorar a eficiência reprodutiva em bovinos leiteiros. Para um rebanho leitei-
ro atingir um intervalo entre partos de 12 meses, pelo menos 90% das vacas devem estar cicIando cerca
de 60 dias após o parto e conceber dentro de 85 dias (dias abertos)
primeiro serviço em bovinos leiteiros. Pode até Os efeitos da nutrição sobre a função ova-
haver um efeito antifertilidade, recomendan- riana, particularmente em vacas leiteiras
do-se a sua não aplicação no primeiro serviço lactantes, foram estudados extensivamente.
de gado leiteiro (Mee et aI., 1990). Todavia, o O problema da alimentação de vacas com al-
GnRH pode aumentar a fertilidade de fêmeas tas produções é estimular o seu apetite para
repetidoras de cio quando administrado no aumentar a ingestão para minimizar o rigor
momento da inseminação artificial e duração do balanço negativo de energia.
(Stevenson et aI., 1990). Durante o período pós-parto, a fertilidade con-
Bovinos e Bubalinos 329
ciclicidade ovariana. Após a primeira ovula- 60% com monta natural. Os índices de gesta-
ção após o parto, os níveis plasmáticos de ção após uma estação de monta restrita a 2 a
progesterona estão intimamente correla- 3 meses em rebanhos de búfalos de pântano
cionados com a atividade morfológica e funcio- variam de 30 a 75% dependendo do "status"
nal do corpo lúteo. nutricional e lactacional das fêmeas na épo-
O intervalo pós-parto até a primeira ovu- ca da cobertura. Uma produção de bezerros
lação é mais longo na búfala do que na vaca igual a 80% foi comunicada em rebanhos de
(Tabela 14-2) O intervalo é mais longo na elite de muitos países.
búfala de pântano em amamentação do que O intervalo entre partos é o índice de ferti-
na búfala de rio em regime de ordenha (Ta- lidade bastante utilizado a nível de pequenas
bela 14-5). A maioria das primeiras ovulações fazendas. Sob condições de campo, uma búfala
pós-parto não é precedida por cio. O primeiro usualmente produz dois bezerros em 3 anos.
cio é observado 2 a 3 meses após o parto Porém em fazendas de búfalas leiteiras com
(Jainudeen et aI., 1983). bom manejo, o intervalo entre partos de 14 a
Dentre os fatores fisiológicos, a condição 15 meses foi conseguido. O intervalo entre
corpórea, lactação, amamentação e a idade partos é influenciado individualmente pela
afetam adversamente a função ovariana. As búfala, pelo ano e estação da concepção, e pela
búfalas em más condições de corpo e as fê- ordem de parição. A concepção durante janei-
meas jovens em primeira lactação possuem ro a março leva a um intervalo mais curto, e
ovários inativos e períodos prolongados de mais longo durante outubro a dezembro. A
anestro pós-parto. A amamentação aumenta maior porcentagem de concepção ocorreu 2 a
significativamente o intervalo do parto ao 5 meses após o pico das chuvas (Lundstrom
primeiro cio e ovulação na búfala. A ciclicidade et aI., 1982). A paridade influi no intervalo
ovariana é restaurada mais precocemente nas entre partos, que é maior nas primíparas do
fêmeas que não amamentam do que em que nas búfalas pluríparas.
búfalas de pântano e de rio em amamentação
(Jainudeen, 1984). Incrementando o Desempenho Reprodutivo
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reprodutores, como em bovinos, devem ser bana-Champaign, IlHnois, USA.
Jainudeen, M.R., Bongso, T.A. and Tan, H.S. (1983).
testados quanto às condições de saúde antes Postpartum ovarian aetivity and uterine involu-
de serem destinados à cobertura em piquetes tiDo in the suelded swamp buffalo (Bubalus bu-
com cerca de 20 a 30 fêmeas. Caso haja pla- balis). Anim. Reprod. Sei. 5, 181.
nejamento para inseminação artificial, o cio Kaker, M.L., Razdan, M.N. and Calhotra, M.M.
pode ser sincronizado com PGF2a ou com dis- (1982). Serum prolactin levels of non-eycling
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15
OVINOS E CAPRINOS
M.R. JAINUDEEN e E.S.E. HAFEZ
Acasalamentos
Bode x fêmea Estéril Fértil
Carneiro x fêmea Fértil Mortalidade embrionária
Características físicas
Comprimento da cauda Curta Curta
Comportamento da cauda Para baixo Para cima
Glândulas masculinas com cheiro Ausentes Presentes
Glândulas faciais e podais Presentes Ausentes
Fossas lacrimais Presentes Ausentes
Barba Ausente Presente
Revestimento do corpo Lã Pêlo
335
336 Ciclos Reprodutivos
tudes das zonas temperadas, a maioria das Durante o verão, os ovários de ovelhas em
raças de ovinos e caprinos tornam-se anestro desenvolvem folículos e secretam
anovulatórias e anéstricas durante a prima- estradiol quando estimulados com LH. A ati-
vera e o verão, passando a cicIar à medida vidade folicular modifica-se no decorrer do ano
que a duração de luz diária diminui durante em sincronia com os padrões circanuais da
o outono. secreção de prolactina e com a luz diária, apa-
Nas zonas tropicais, onde há menor varia- rentemente porém, as flutuações da pro-
ção na luz diária, as ovelhas e cabras indíge- lactina não estão relacionadas, em ovinos, à
nas tendem a se reproduzir durante o ano estacionalidade das coberturas.
todo. Por esse motivo, quando raças de zonas A importância da duração do dia no con-
temperadas são levadas para os trópicos, elas trole estacional da atividade reprodutiva da
perdem gradativamente a estacionalidade, ovelha desde há muito foi reconhecida. Jul-
seguindo os padrões reprodutivos caracterís- gava-se que a diminuição do dia estimulava
ticos do novo ambiente. A temperatura am- modificações endócrinas associadas com a
biente elevada e a falta de alimento podem ciclicidade, porém estudos posteriores de-
restringir a atividade sexual durante alguns monstraram que a estação sexual reflete uma
meses do ano nos trópicos, porém logo após o perda de uma inibição ativa da secreção tôni-
início da estação chuvosa, a atividade sexual ca de LH. A frequência das descargas de LH
aumenta, provavelmente devido à uma mo- depende da resposta ao efeito retrógrado ne-
dificação na disponibilidade de alimento. Em gativo de estradiol; a resposta é baixa duran-
Marrocos, a raça D'Man apresenta um te a estação de monta, aumenta durante a
anestro estacional muito curto, o que permi- transição para o cio e permanece elevada até
te dois partos por ano, enquanto que todas as o início da próxima estação de monta, quan-
outras raças apresentam uma estação sexual do então diminui novamente (Fig. 15-2).
limitada começando em junho e terminando O modo como os sintomas fotoperiódicos são
em dezembro. convertidos em mensagens neuroendócrinas
O genótipo influi na estação sexual da ove- não é totalmente compreendido. Provavel-
lha e da cabra. Com algumas ovelhas que exi- mente, os ovinos detectam estas modificações
bem cio durante o ano todo, as raças Dorset, de luz por meio de um relógio biológico inter-
Merino e Rambouillet, originadas perto do no localizado no hipotálamo, e esta informa-
equador, apresentam estações sexuais mais ção é transmitida ao eixo hipotálamo-gonadal
longas do que as raças britânicas, como a através da glândula pineal. A melatonina, um
Southdown, Shropshire e Hampshire. Cabras hormônio da pineal, age como mediador na
leiteiras como as Toggenburg, Saanen, Alpi- resposta a modificações no fotoperiodismo em
na Francesa e LaMancha exibem restrita es- ovinos. Os níveis de melatonina são altos du-
tação sexual entre agosto e fevereiro na maio- rante os períodos escuros e baixos durante os
ria das regiões da América do Norte. A raça períodos de luz; provavelmente estas diferen-
Anglo-Ndbiana, desenvolvida na Inglaterra ças no padrão de secreção da melatonina agem
pelo cruzamento entre cabras inglesas com como um sinal indicador da duração do dia
bodes da Núbia no Egito Superior e da para o eixo neuroendócrino.
Etiópia, é menos restrita à reprodução no ou- Provavelmente, os ovinos detectam estas
tono, embora a atividade sexual seja maior modificações de luz por meio de um relógio
. durante essa estação. A estação sexual da circadiano de 24 horas localizado no hipo-
cabra leiteira Alpina pode também estender- tálamo, e esta informação é transmitida ao
se sob manejo intenso, excetuando-se além de eixo hipotálamo-hipófise-gonadal através da
abril. Na parte sul dos Estados Unidos (300 glândula pineal. A melatonina (N-acetil,5-
latitude N), cabras do tipo carne ficam em metoxitriptamina), que é sintetizada e libe-
anestro entre março e maio enquanto menos rada pela glândula pineal exclusivamente à
de 40% das ovelhas Rambouillet estão anés- noite, é tida como mediadora dos efeitos do
tricas durante o mesmo período (Fig. 15-1). fotoperiodismo sobre a atividade cíclica da
Ovinos e Caprinos 337
-- - - - - - Cabras espanholas
Ovelhas Rambouillet
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Meses do ano
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FOTOPERÍODO
Outono
24 FIG. 15-2.A. Eventos que levam
V à primeira ovulação de cordeiras
na puberdade ou em ovelhas
IJUU1fUUl1
18~}'õ12
adultas no início da estação se-
xual. (De Foster et aI. (1985).
Neuroendocrine regulation of
puberty by nutrition on
photoperiod. In Adolescence in
Females. S. Venturoli et aI.
(eds.). Chicago, Year Book
Medical Publishers.)
B. Efeitos do fotoperíodo sobre a
atividade ovariana da ovelha e
da cabra a uma latitude de 38,5°
norte (Califórnia). As barras
abertas representam períodos de
inatividade ovariana (anestro).
A transição de anestro para
A estro (frequentemente irregular)
é demonstrada pela porção em
ovário
traços cruzados das barras para
equinos, ovinos e caprinos. (De
DEZ 21
Stabenfeldt, G.R. e Edqvist, L.
(1984). Female reproductive pro-
cesses. In Dukes Physiology of
Domestic AnimaIs. 10th Ed.
M.J. Swenson (ed.). Ithaca, NY,
ComeU University Press.)
SET 21 MAR 21
B
JUN 21
primeiro cio ocorre quando a fêmea pesa de cerca de 30 a 35 semanas de idade. Em con-
30 a 50 quilos (50 a 70% do peso adulto). traste, cordeiras nascidas no outono estarão
Muitos dos mecanismos endócrinos que le- com 30 semanas de idade durante a estação
vam à ovulação e primeiro cio são capazes de de anestro das ~~ultas, mas as ovulações são
estarem agindo muito antes de serem chama- retardadas até fogo após a chegada da esta-
dos à função. Cordeiras nascidas na prima- ção de monta, época em que estarão com 50
vera apresentam métodos tônicos e ondas de semanas de idade.
secreção de LH, podendo atingir a puberdade Os eventos fisiológicos que levam à puber-
com 20 semanas de idade, porém a estação dade da cordeira são análogos àqueles que
atrasa a puberdade de cordeiras nascidas na regulam a chegada da estação sexual da ove-
primavera até o outono quando elas estão com lha adulta (Figs. 15-2 e 15-3). Fatores inter-
Ovinos e Caprinos 339
(Thwaites, 1982) e o fluxo retrógrado de cio é de dificil detecção tanto na cabra, quan-
espermatozóides para a bexiga (Pineda et al., to na ovelha.
1987).
Influência do Macho sobre o Cio
cos mais tempo do que os gêmeos. A duração para os cordeiros recém-nascidos de outras
da gestação também aumenta com a idade da ovelhas, levando ao "roubo do cordeiro".
mãe. A maioria dos cordeiros fica de pé dentro
O corpo lúteo da gestação persiste durante de 15 minutos após o nascimento, e dentro de
todo o período, porém as duas espécies dife- uma ou duas horas, a maior parte das ove-
rem quanto à fonte de progesterona para a lhas permite que o cordeiro dirija-se para o
manutenção da gestação. A ovelha é uma es- úbere. A cabra dispende mais tempo limpan-
pécie placenta-dependente, enquanto que a do vigorosamente e orientando o primeiro
cabra é uma espécie corpo lúteo-dependente. nascido, de modo que o segundo, que geral-
Durante o primeiro trimestre, ambas as es- mente é o mais fraco dos dois, tem maior opor-
pécies dependem do corpo lúteo. Mais tarde, tunidade para mamar.
a placenta torna-se a fonte primária de O "período crítico" de união da ovelha ao
progesterona na ovelha, enquanto que o cor- cordeiro é curto; se o cordeiro for removido
po lúteo continua como a principal fonte na logo após o nascimento, ele será rejeitado pela
cabra. Por este motivo, a ovariectomia na ca- mãe quando apresentado a ela 6 a 12 horas
bra em qualquer fase da gestação, provoca mais tarde. Algumas ovelhas primíparas de-
abortamento. monstram pouco interesse e abandonam seus
cordeiros recém-nascidos. O comportamento
Parto materno aberrante é mais comum com nasci-
mentos gêmeos, especialmente entre Merinos.
O feto representa o papel chave no início O ovino é um exemplo clássico de "espécie
do parto em ambas as espécies, porém o par- seguidora", diferentemente do caprino, uma
to é precedido pela regressão do corpo lúteo "espécie que esconde": i. é, o filhote tende a
na cabra. seguir suas mães desde o nascimento ao in-
Os partos são distribuídos durante o dia. vés de permanecerem deitados e escondidos
O comportamento da ovelha depende muito por vários dias enquanto as mães estão au-
da facilidade do parto, mas geralmente, a in- sentes. As cabras parecem ser "escondedoras"
quietação inicial é substituída por períodos nos primeiros dias após o parto, conforme se
em que a ovelha fica deitada, devido a dores deduz das cabras selvagens dos países mon-
abdominais. A maior parte dos cordeiros e tanhosos, havendo uma clara preferência para
cabritos nascem em apresentação anterior, i. o isolamento materno na época do nascimen-
é, cabeça e membros anteriores. A duração to.
do parto varia muito, particularmente com
um cordeiro ou cabrito superdesenvolvidos, Adiantando a Estação de Monta
com gêmeos imprensados na pelve ou com
apresentação anormal. Uma gestação com cerca de 150 dias per-
O nascimento de gêmeos geralmente é mais mite que a ovelha e a cabra produzam mais
rápido do que o de um único animal, porém o de uma vez por ano. Porém, devido ao anestro
intervalo entre a expulsão de gêmeos varia estacional das ovelhas e cabras nas latitudes
desde poucos minutos até uma hora ou mais. da zona temperada, elas não ciclam após o
As cabras são mais eficientes do que as ove- parto na primavera até o outono, resultando
lhas no reconhecimento de que pariram gê- na possibilidade de nascimento de apenas um
meos. cordeiro ou cabrito por ano. Se ambas as es-
Vigorosas lambidas (ato de limpar) e a pécies pudessem ser induzidas à reprodução
ingestão de membranas fetais aderentes ao durante o anestro estacional, elas dariam cria
neonato começam imediatamente após o nas- na estação.de monta,. e com isso parindo duas
cimento. Os fluidos fetais parecem desempe- vezes ao ano.
nhar um papel crítico para atrair a ovelha Vários métodos podem ser usados para in-
-pafa o seu cordeiro. Ovelhas que ainda não duzir a reprodução durante o anestro esta-
tenham parido são atraídas para os fluidos e cional da ovelha. Eles incluem uma combina-
344 Ciclos Reprodutivos
com outras raças tropicais. Raças de cabras Número de Animais Nascidos. Métodos
selvagens nos trópicos parem a intervalos de práticos estão disponíveis para aumentar a
240 a 390 dias, porém certas raças indianas taxa de ovulação que determina o limite su-
como a Jamnapari e Barbari têm mais de um perior para o número de animais nascidos. O
parto por ano. "flushing" é bastante usado para aumentar a
taxa de ovulação. Ovelhas em condições nor-
mais respondem ao "flushing" no início e no
Regulação Artificial da Reprodução fim da estação de monta, porém não no meio
desta.
A estacionalidade na reprodução limita a Gonadotrofinas exógenas (eCGIPMSG) são
taxa reprodutiva da ovelha e da cabra a um empregadas para induzir múltiplas ovulações
parto por ano. A manipulação da reprodução em ambas as espécies, porém a resposta à
por métodos genéticos, fisiológicos e dose é altamente variável e leva a perdas
ambientais pode aumentar a frequência de embrionárias. Uma abordagem alternativa à
montas por ano assim como o número de des- terapia com gonadotrofinas (gêmeos) é a imu-
cendentes nestas espécies. nização esteróide, que apresenta respostas
Frequência de Montas. Uma gestação de consistentes. A imunidade à estrona ou à
aproximadamente 150 dias torna possível à androstenediona leva a um aumento da
ovelha e à cabra darem mais de uma cria por frequência de pulsos de LH em ovelhas
ano. Vários métodos têm sido investigados anéstricas e a elevados níveis de FSH no caso
visando reduzir o intervalo entre partos de da estrona; a taxa de ovulação é aumentada
uma vez por ano para três vezes em dois anos em cerca de 0,6 ovulações por ovelha. A técni-
(8 meses de intervalo) ou duas vezes ao ano ca envolve duas injeções com 3 a 4 semanas
(intervalo entre partos de 6 meses). de intervalo antes da introdução do carneiro.
Progestágenos combinados com gona- O aumento na taxa de ovulação refletiu-se no
dotrofina coriônica equina (eCGIPMSG) foi aumento de 30 a 40% de cordeiros criados;
um dos primeiros métodos para indução da esta técnica pode ter futura aplicação na cria-
atividade ovariana em ovelhas anéstricas fora ção de ovinos.
da estação de monta; os índices de fertilidade Embora a herdabilidade da fertilidade e da
apresentaram média de 30 a 60% no cio in- fecundidade pareça baixa, a prolificidade de
duzido. Mais tarde, o "efeito do carneiro" men- ovinos tem sido aumentada através da sele-
cionado previamente foi aplicado fora da es- ção. Os traços mais importantes das ovelhas
tação de monta. Por exemplo, o Merino das raças Finn e Romanov são sua alta
Australiano, French Prealpes e Ile de France, prolificidade de 250 a 400% no nascimento
que apresentam uma estação de monta res- de cordeiros e seus intervalos entre partos
trita, podem ser colocados em reprodução em mais curtos. Por este motivo, o cruzamento
resposta ao estímulo do macho em outras épo- sistemático com estas raças poderia alongar
cas do ano. a estação de monta natural e aumentar o
Alterando-se o padrão da extensão do dia número de cordeiros nascidos de raças tradi-
com luz artificial pode-se aumentar a cionais.
frequência reprodutiva em ovinos, porém a Extensas investigações foram conduzidas
aplicação deste método é limitada. A desco- em cabras leiteiras e de corte com ênfase no
berta de que a melatonina pode substituir a seguinte: reprodução estacional em cabras
escuridão pode ser utilizada para imitar as leiteiras (Mohammad et aI., 1984), sincroni-
~odificações na atividade reprodutiva dos zação do cio (Ott et aI., 1980), eficiência
dias encurtados. Alimentando-se ovelhas reprodutiva (Erasmus et aI., 1985; Thompson
anéstricas estacionais com melatonina, a es- et aI., 1983); níveis hormonais (Forsyth et aI.,
tação de monta foi acelerada; este método 1985; Wathes et aI., 1986); técnicas de colhei-
pode apresentar futura aplicação na repro- ta de sêmen (Memon et aI., 1986); caracterís-
dução ovina. ticas seminais (Ali e Mustafa, 1986); emissão
346 Ciclos Reprodutivos
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~
16
SUÍNOS
L.L. Anderson
348
Suínos 349
27 Células de Sertoli
29 Produção de AMH
30 Células de Leydig
31 Ninhos de óvulos
35 Produção de 3B-HSD
Testosterona máxima
40 Meiose das células germinativas
70 Folículos primários
radas do mesênquima por uma única cama- orgânicos porque eles impõem masculinida-
da de células foliculares em diferenciação. de no trato genital em desenvolvimento e so-
Presumivelmente, os folículos impedem que bre as características sexuais secundárias e
os oócitosentrem em processos meióticos além o comportamento. Na sua ausência, ou na pre-
da fase diplótena. Os folículos primordiais sença ou ausência dos ovários, o trato genital
permanecem neste estágjo quiescente até a e as características sexuais secundárias de-
puberdade. senvolvem-se como uma fêmea normal. Em-
Os túbulos mesonéfricos estabilizam-se no bora a produção de andrógenos pelas gônadas
embrião masculino normal como dutos de embrionárias influencie o desenvolvimento da
Wolff (p. ex., epidídimos, canais deferentes, genitália interna e externa, a secreção do
vesículas seminais, próstata e glândulas hormônio antidutos de Müller (AMH,ou subs-
bulbouretrais), ao passo que no embrião fe- tância inibidora de Müller [MISDpelos testí-
minino os túbulos paramesonéfricos persis- culos parece essencial para induzir a regres-
tem como dutos de Muller (p. ex., trompas, são dos dutos müllerianos.AMIS é composta
ú~ro, cérvice e porção cranial da vagjna). Os de duas subunidades de 70.000 dáltons cada,
dois sistemas de dutos estão presentes no de- sendo ligada por dois vínculos dissulfídicos
senvolvimento embrionário precoce e são ap- (Donahoe et aI., 1987), e é sintetizada pelas
tos para se desenvolverem na genitália inter- células de Sertoli precocemente no 27Qdia e
na e externa, masculina e feminina. Parece antes do aparecimento das células de Leydig
que os testículos são diferenciadores sexuais no 30Qdia da vida fetal suína. As MISs bovi-
350 Ciclos Reprodutivos
(Fig. 16-1h). A área superficial da membrana oogênese; elas transportam seus materiais
celular (membrana vitelínica) fica aumenta- nutritivos por meio destes extensivos proces-
da pelas microvilosidades irregularmente dis- sos citoplasmáticos. Estas células desapare-
postas em contato com processos celulares que cem logo após a ovulação. As mitocôndrias
vêm da corona radiata rodeando a zona formadas nos oócitos podem incluir contribui-
pelúcida. Grânulos corticais com cerca de 0,20 ções de materiais precursores das células da
J.lmde diâmetro são numerosos imediatamen- corona radiata, porém estes mecanismos não
te abaixo da parede membranosa do oócito e estão claramente definidos. Os grânulos
próximos ao complexo de Golgi. Outras carac- corticais são expulsos através da membrana
terísticas proeminentes do citoplasma do vitelínica ao contato com o espermatozóide
oócito incluem glóbulos homogêneos de vitelo, fertilizante.
mitocôndrias frequentemente localizadas pró- O desenvolvimento testicular normal no
ximas a esses glóbulos e retículo endoplas- suíno desde o período fetal precoce até a ma-
mático granular e agranular. O núcleo con- turidade sexual indica que o crescimento tes-
siste de uma membrana nuclear interna e ticular é retardado em relação ao crescimen-
outra externa com numerosos poros na mem- to do corpo de 7 a 14 semanas após a
brana nuclear. Dentro do núcleo, um nucléolo cobertura. De 14 semanas após a cobertura a
excentricamente localizado (aproximadamen- três semanas após o parto, o crescimento tes-
te 7 J.lmde diâmetro) contém fibrilas, grânu- ticular excede o crescimento do corpo, prima-
los e vacúolos esféricos. riamente por causa do desenvolvimento das
As células da corona radiata são células células de Leydig. Embora o peso testicular
granulosas suínas no aspecto externo da zona aumente no período pré-natal, uma
pelúcida, que estão dispostas em um padrão significante diminuição ocorre três a sete se-
radial. Estas células granulosas usualmente manas após o parto em consequência da re-
aderem umas às outras e projetam longos gressão das células de Leydig. Sete semanas
processos celulares (microvilosidades) através após o parto, o crescimento testicular excede
da zona e espaço perivitelínico, e estas novamente o crescimento do corpo, em gran-
microvilosidades terminam como bulbos ter- de parte devido aos aumentos no comprimento
minais em contato com a parede membranosa e diâmetro dos túbulos seminíferos. A partir
do 'oócito. Elas são tidas como células que de 14 semanas após o coito até 3 semanas após
nutrem o oócito em crescimento durante a o nascimento, o número de células
FIG. 16-1. a. Fotomicrografia de testículo fetal de suino no 26Qdia. b. Fotomicrografia de ovário fetal de
suíno no 27Qdia. c. Fotomicrografia de gônada masculina de embrião suíno no 24Qdia. d. Fotomicrografia
de gônada feminina de embrião suíno no 24Qdia. e. Microfotografia eletrônica de uma porção cortical de
uma gônada masculina de embrião suíno no 24Qdia. f Microfotografia eletrônica de uma célula germinativa
primordial com nucléolo proeminente de gônada feminina em embrião suíno no 21Qdia. g. Oócito suíno
em diplóteno; notar grande núcleo excêntrico. Uma única camada de células foliculares frouxas circunda
o oócito, formando assim um folículo primordial. h. Espermatozóide suíno no espaço perivitelínico com a
cabeça unida à membrana vitelínica do óvulo. i. Blastocisto suíno esférico (8,5 mm de diâmetro com
cavidade cheia de fluido) no 12Qdia. A seta indica o disco embrionário. B, Superncie epitelial da lâmina
basal; CA, capilares; E, célula epitelial superficial; GB, blastema gonádico; GR, retículo endoplasmático
granular; IC, célula intersticial; IS, interstício; L, cavidade celômica; M, mitocôndria; MS, mesênquima;
PC, cordões primitivos; PG, células germinativas primordiais; PS, pseudópodo de citoplasma; SE, epitélio
superficial. (a e b. De Pelliniemi, L.J. (1975). Am. J. Anat. 144, 89. c, d, e e. De Pelliniemi, L.J. (1976).
Cell Tissue 8, 163. f De Pelliniemi, L.J. (1975). Anat. Embryol. 147, 19. g. De Black, J.L. e Erickson,
B.H. (1968). Anat. Rec.161, 15. h. De Hunter, R.H.F. e Dziuk, P.J. (1968). J. Reprod. Fertil.15, 199. i. De
Anderson, L.L. (1978). Anat. Rec. 190, 143).
Suínos 353
140
bD
120
A
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Índice d~ Ovulação Dias Após a Cobertura
germinativas por testículo mostra um cons- 492 ao 802 dia após o coito, o LH sérico, FSH e
tante nível duplicador, porém o número por a prolactina permanecem baixos. Estas
túbulo em corte transversal diminui em gonadotrofinas aumentam após o 902 dia,
consequência do comprimento tubular. A atingem níveis de pico durante a primeira
morfogênese está aproximadamente comple- semana após o nascimento, e então diminu-
ta às 25 semanas após o nascimento. em gradualmente na sétima semana. A pro-
dução de testosterona tardia na vida fetal tor-
CONTROLE HORMONAL DO na-se gonadotrofina dependente. O
REPRODUTOR SUÍNO alongamento dos túbulos seminíferos prova-
velmente é maior nessa época por estímulo
Os blastocistos suínos são capazes de sin- do FSH das células de Sertoli.
tetizar estrógenos no 122 dia (Fig. 16-1i). Os A descida testicular começa ao redor do 602
testículos de fetos suínos contêm .ó.3-3B - dia após o coito, com crescimento do
hidroxiesteróide deidrogenase (3P-HSD) e gubernáculo na época em que os níveis san-
deste modo possui capacidade esteroidogênica guíneos de testosterona e gonadotrofinas es-
antes da diferenciação das células de Leydig. tão baixos. Os testículos atravessam o canal
Evidências histoquímicas sugerem a presen- inguinal em cerca de 85 dias e movem-se para
ça de 3B-HSD nas células de Leydig ao redor a base do escroto logo após o nascimento. Pa-
do 352 dia. drões de LH e concentrações de testosterona
As concentrações de testosterona no soro igualam-se ao desenvolvimento testicular
da artéria umbilical são maiores no 352 dia (4 durante estes períodos pré e pós-natal.
a 5 ng/ml) do que nas concentrações anterio- Durante a hipertrofia pré-puberal, as cé-
res ou posteriores (menos de 0,5 ng/ml) no lulas de Leydig atingem diâmetros de 30 Ilm
desenvolvimento fetal. Os testículos fetais e mostram finas características estruturais
secretam testosterona durante a diferencia- típicas que incluem um aumento do número
ção da genitália interna e externa. A diferen- de mitocôndrias, desenvolvimento de retículo
ciação dos dutos de Wolff e o desenvolvimen- endoplasmático agranular e numerosos
to das vesículas seminais, próstata, glândulas filamentos citoplasmáticos. Estas e outras
bulbi:>uretrais e genitália externa ocorre en- organelas citoplasmáticas assemelham-se
tre os dias 26 e 50. No 292 dia, os testículos àquelas encontradas em reprodutores suínos
suínos produzem suficiente AMH para indu- adultos. A hipofisectomia em porcos imatu-
zir a regressão dos dutos de Müller, e esta ros provoca regressão dos testículos,
produção de AMH persiste até após o nasci- epidídimos, próstata, vesículas seminais e
mento. glândulas bulbouretrais. Em porcos sexual-
As concentrações de testosterona sérica são mente maduros, a hipofisectomia resulta em
baixas durante a última metade do desenvol- regressão testicular, diminuição do diâmetro
vimento fetal e aumenta a níveis máximos ao dos túbulos seminíferos com ablação da
redor de 2 semanas após o nascimento. Do espermatogênese, redução do número de cé-
FIG. 16-2.A. Peso médio de pares de testículos de porcos com 40 a 240 dias de idade. B. Co~entrações
no plasma sanguíneo periférico de pro~esterona, estrógeno, FSH e LH durante o cicloestral na porca. C.
Desempenho reprodutivo em relação à ordem de parto na porca. D. Tamanho da leitegada em relação ao
índice de ovulação em marrãs primíparas. E. Concentrações plasmáticas periféricas de progesterona,
relaxina e prolactina no final da gestação, no parto e início da lactação em marrãs Yorkshire. (A. Adap-
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Suínos 355
lulas de Leydig e regressão das glândulas se- veis plasmáticos de LH. Assim, os andrógenos
xuais acessórias. Inj eções diárias de modulam a secreção de hormônios
gonadotrofina coriônica humana (hCG) res- hipotalâmicos, que em contraposição contro-
tabelecem as células de Leydig nesses animais lam a liberação de LH da adeno-hipófise no
hipofisectomizados, porém o efeito é transi- porco.
tório e essencialmente perdido após um mês.
De 40 a 250 dias de idade, o peso do par de PRODUÇÃO ESPERMÁTICA
testículos aumenta acentuadamente (Fig. 16-
2A). As concentrações de testosterona no soro O comportamento em suínos apresenta
periférico aumentam à medida que progride dimorfismo sexual logo com um mês de ida-
o desenvolvimento puberal, diminuindo com de. A monta da leitegada é observada com
a aproximação da maturidade. Os níveis mais frequência nos machos que nas fêmeas
séricos de estradiol-17B aumentam constan- (Ford, 1990). Os porcos atingem a puberdade
temente durante todo o desenvolvimento com cerca de 125 dias de idade. Os
puberal, ao passo que o LH permanece rela- espermatozóides estão presentes nos testícu-
tivamente constante. Os sulfatos esteróides, los, porém pode haver um certo atraso antes
tais como o sulfato de deidroepiandrosterona de se tornarem capazes de fertilizar os óvu-
e os 16-androstenes podem atuar como pre- los. A atividade de monta ocorre precocemen-
cursores dos hormônios androgênicos no te (a ereção ao redor de 4 meses), porém os
reprodutor suíno. O estradiol-17B no macho padrões sequenciais de comportamento sexu-
pode representar um papel sinergístico com al culminam após 5 meses. As primeiras
a testosterona no comportamento sexual e ejaculações ocorrem de 5 a 8 meses de idade.
agir sobre as glândulas sexuais acessórias, O número de espermatozóides e o volume de
assim como realçar a síntese testicular de sêmen continuam aumentando durante os
testosterona. primeiros 18 meses de vida. A duração de um
Em porcos púberes e sexualmente madu- ciclo do epitélio seminífero requer 8,6 dias.
ros, a injeção endovenosa de hormônio Com base em características histológicas das
liberador do hormônio LH (LH- RH) provoca células, oito estágios podem ser descritos den-
uma imediata liberação de LH hipofisário a tro deste período, com duração do primeiro
valores máximos dentro de 10 minutos. As ao oitavo de 0,9; 1,2; 0,3; 1,0; 0,8; 1,7; 1,6 e
hipófises do macho púbere e adulto têm sen- 1,0 dias, respectivamente. A duração do ciclo
sibilidades similares ao estímulo do LH -RH, espermatogênico (de espermatogônia até
e os níveis circulantes de testosterona no adul- espermatozóide maduro) é de aproximada-
to não modificam apreciavelmente esta res- mente 34,4 dias no porco; assim, quatro ci-
posta. Em machos castrados, o LH plasmático clos de epitélio seminífero ocorrem durante
é mantido nos maiores níveis basais, porém um ciclo espermatogênico. A vida útil dos
a imediata liberação de LH em resposta ao espermatócitos primários é de 12,3 dias; os
LH-RH segue um padrão similar àquele dos espermatócitos secundários, 0,4 dias; das
porcos púberes e maduros. A testosterona e espermátidas com núcleos arredondados, 6,3
seus metabólitos, 5a-diidrotestosterona (5a- dias; das espermátidas com núcleos alonga-
DHT), subministra efeitos estimulantes e dos, 1,5 dia e dos espermatozóides, 6,2 dias.
inibidores sobre a secreção de LH no porco. A A duração para o trânsito dos esperma-
implantação intracerebral direta de grandes tozóides através dos epidídimos é de cerca de
quantidades de 5a-DHT ou de testosterona 10,2 dias. Este período dentro dos epidídimos
no hipotálamo médio basal ou amígdala ini- é necessário para a maturação dos
be a liberação de LH da hipófise, conforme se espermatozóides e para adquirir a habilida-
reflete nos níveis plasmáticos diminuídos de de de fertilizar os óvulos. Maiores níveis de
gonadotrofina no sangue periférico, enquan- fertilização resultam de espermatozóides ob-
to que a implantação de quantidades meno- tidos das porções proximal e distal da cauda
res destes esteróides no cérebro eleva os ní- do epidídimo. A testosterona sustenta a ati-
356 Ciclos Reprodutivos
vidade secretora das glândulas acessórias (p. de, embora elas respondam diferentemente à
ex., vesículas seminais, próstata, glândulas remoção dos ovários. Os níveis séricos de LH
bulbouretrais), e estes fluidos seminais cons- aumentam dentro de 2 dias após ovariectomia
tituem uma grande proporção do ejaculado de marrãs pré-púberes (120 dias de idade) e
total do porco. após a puberdade (210 dias de idade). O au-
mento da secreção de LH é atrasado em pré-
púberes quando comparado a marrãs pós-
HORMÔNIOS E PUBERDADE EM puberdade durante os primeiros 14 dias após
MARRÃS a ovariectomia. Outrossim, o modo como au-
mentam as secreções de LH após a
A gônada fetal diferencia-se em um ovário ovariectomia não é influenciado pela idade
ao redor do 35Qdia de gestação pelo apareci- cronológica, mas antes reflete o estágio pré e
mento de ninhos de óvulos (Tabela 16-1). pós-puberdade do desenvolvimento. A sensi-
Folículos primários e secundários aparecem bilidade do eixo hipotalâmico-hipofisário que
na gestação tardia. A atividade regula a secreção de LH à ação retrógrada
esteroidogênica do ovário fetal ocorre mais negativa do estradiol-17B também diminui à
tarde do que nos testículos. Células secretoras medida que as marrãs progridem do estado
de FSH foram identificadas em fetos com 70 pré para o de pós-puberdade. A infusão de LH-
dias, e as concentrações de LH na artéria RH induz um aumento significativo nas con-
umbilical aumentam em resposta ao LH-RH centrações séricas de LH, levando a valores
entre o 70Qe o 100Qdia. Níveis séricos de FSH, de pico ( > 6 ng/ml) 15 minutos depois, sendo
LH e de prolactina aumentam precedendo o seguido por um declínio a níveis basais de LH.
nascimento. Durante as primeiras 5 semanas Durante o período pré-púbere, os ovários
após o nascimento, as concentrações de LH e contêm numerosos pequenos folículos (2 a 4
de prolactina diminuem, enquanto que o FSH mm de diâmetro) e vários (8 a 15) de tama-
permanece elevado até cerca de 10 semanas nho médio (6 a 8 mm). O útero responde à
de idade. Cerca de 2 semanas após o nasci- crescente atividade esteroidogênica ovariana
mento, a amplitude dos pulsos de LH aumen- durante os últimos estágios do período de pré-
ta, e ao redor de 10 semanas ocorre esponta- puberdade; o útero pesa de 30 a 60 g durante
neamente a liberação episódica desse os estágios infantis e de 150 a 250 g em
hormônio. Folículos terciários desenvolvem- marrãs pré- púberes. À medida que os folículos
se na 8" semana após o nascimento e podem ovarianos se desenvolvem em marrãs pré-
indicar o período quando o desenvolvimento púberes, dá-se um aumento correspondente
folicular torna-se dependente das no peso dos ovários. A puberdade se caracte-
gonadotrofinas. riza pelo primeiro cio, ovulação dos folículos
Em suínos, a partir de 10 semanas de ida- de Graaf e pela liberação de óvulos capazes
de até a puberdade (i. é., 25 semanas), a de serem fertilizados.
frequência e magnitude dos picos de LH sérico A idade da puberdade pode ser influencia-
são maiores na 16!! semana, enquanto que da pelo nível de nutrição, ambiente social,
picos secretores de FSH não mudam. Picos peso corporal, estação do ano, raça, doenças,
de FSH e de prolactina ocorrem mais em infecções parasitárias e práticas de manejo.
sincronia ao acaso durante este período. O A limitação do consumo energético à metade
mecanismo retrógrado estimulador de daquele ingerido por controles com alimen-
estrógeno é essencial para a chegada da ati- tação completa atrasa a puberdade por mais
vidade cíclica ovariana, porém o controle re- de 40 dias. A presença do reprodutor reduz a
trógrado negativo de liberação de LH pelos idade (191 vs 232 dias) e o peso corporal (105
esteróides ovarianos está ausente no nasci- vs 116 kg) para a puberdade. A pubertade é
mento e desenvolve-se ao redor da 8!! semana também retardada em marrãs criadas indi-
de idade. Uma influência negativa é eviden- vidualmente quando comparadas com aque-
te nos ovários de marrãs pré e pós-puberda- las criadas em grupos de 30 animais.
Suínos 357
nuem com o aparecimento da onda de LH. A da área pré-ótica abole a secreção episódica
ativina e a ativina-A são dímeros das de LH, enquanto que o LH-RH causa libera-
subunidades-B da inibina (BABA e BA~B) e ção aguda de LH nesses animais (Molina et
são equipotentes em sua habilidade de esti- aI., 1986). Em contraposição, a secreção de
mular a secreção de FSH sem afetar a secre- prolactina permanece consistentemente ele-
ção de LH (Haseltine e Findlay, 1991). A vada após a transecção do tronco hipofisário
folistatina é uma cadeia peptídica simples de de marrãs, quando comparada com animais-
32.000 a 35.000 de peso molecular distinta controle com suposta operação (Anderson et
da inibina e da ativina, e que pode inibir a aI., 1982). A transecção do tronco hipofisário
liberação de FSH mas não de LH de culturas deprime a secreção episódica do hormônio do
de células hipofisárias. A proteína regulado- crescimento e resulta em concentrações basais
ra do folículo (FRP) isolada do fluido folicular sanguíneas elevadas do hormônio, quando
da porca possui um peso molecular de 15.000 comparadas aos controles (Klindt et aI., 1983).
e inibe as atividades da aromatase e do 3B- Assim, o hipotálamo é requerido para a
HSD nas células granulosas. A FRP inibe a inibição tônica da secreção de prolactina e
secreção de progesterona e de estradiol nas para a regulação de ambas, a liberação
células granulosas porcinas, assim como al- episódica e a inibição tônica da secreção basal
tera a ligação de gonadotrofinas e atividades do hormônio do crescimento em suínos. O fa-
adenil ciclase por estas células. Embora a FRP tor de liberação do hormônio do crescimento
tenha pouco efeito sobre as atividades (GRF) causa um pico maior de liberação do
aromatase ou 3B-HSD nas células da teca hormônio do crescimento em marrãs subme-
porcina dos folículos medianos, ela inibe as tidas à transecção do tronco hipofisário do que
atividades basais da teca aromatase e 3B-HSD controles intactos (Anderson et aI., 1991).
dos grandes folículos, sugerindo que os efei- A relaxina permanece baixa na fase
tos dependem do estágio da maturação luteínica e durante o ciclo estral e não de-
folicular. monstra relação com os altos níveis de
Os níveis plasmáticos periféricos de LH progesterona secretada por estas mesmas
mostram um pico agudo no cio e uma queda células durante este breve período (Anderson,
para baixos níveis durante o restante do ciclo 1987).
(Fig. 16-2B). Não há um desvio característico As concentrações de prostaglandina F
na secreção de LH em relação ao início da (PGF) no plasma venoso útero-ovariano au-
regressão luteínica. O sangramento mentam durante o ciclo estral até valores de
sequencial dos dias 12 ao 15 do ciclo estral pico entre os dias 12 e 16, um período coinci-
em marrãs revela um padrão episódico de dente com o início da regressão luteínica. A
secreção de FSH e LH, assim como de PGF e a PGE2 nas lavagens uterinas aumen-
estradiol (Flowers et aI., 1991).As concentra- tam dos dias 10 a 14 do ciclo estral (Roberts e
ções de prolactina no plasma periférico atin- Bazer, 1988). O endométrio porcino também
gem um pico durante o cio e permanecem sintetiza in vitro os maiores níveis de PGF 2a
baixas durante a fase luteínica do ciclo estraI. durante o meio da fase até seu final, se com-
Os níveis de prolactina atingem um pico quan- parado com estágios mais precoces do ciclo, e
do o estrógeno é mais alto, e durante o cio, os a indometacina bloqueia sua produção.
perfis prolactínicos coincidem mais com o pico
de FSH do que com o pico pré-ovulatório de ÍNDICE DE OVULAÇÃO
LH. Os sangramentos sequenciais revelam
um padrão episódico de secreção de LH que é O índice de ovulação está associado com a
abolido após a transecção do tronco raça (linhagem ou cruzamentos), porcenta-
hipofisário, porém a injeção de LH-RH nes- gem de consanguinidade, idade e peso na épo-
sas marrãs induz a liberação de pico de LH ca da reprodução. Em linhagens
dentro de 15 minutos (Anderson et aI., 1991). consanguíneas existe um aumento médio de
O ensurdecimento do hipotálamo anterior e 0,8 óvulos do primeiro para o segundo perío-
360 Ciclos Reprodutivos
perdidos antes do parto e a maior parte des- cruzamento das raças Yorkshire e Duroc mos-
tas perdas ocorre durante a primeira metade traram uma relação direta entre o índice de
da gestação. Dentro dos primeiros 18 dias a ovulação e o de suínos totais (Fig. 16-2D).Nem
sobrevivência embrionária é reduzida de 17%. a análise de covariância ou de regressão
Pelo 25Qdia aproximadamente 33% dos em- mostrarou evidência de que a sobrevivência
briões morrem e isto aumenta para 40% ao pré-natal tenha sido afetada pelo índice de
redor do 50Qdia. Embora as porcas tenham ovulação (Rhodes et aI., 1991),
maior fecundidade do que as marrãs, elas
também perdem uma proporção maior de seus GESTAÇÃO
embriões durante os primeiros 40 dias. Para
cada 10% de consanguinidade da fêmea re- Crescimento dos Produtores
sulta 0,55 a 0,76 óvulos fertilizados, e 0,8
embriões a menos pelo 25Qdia. O cruzamento Os óvulos são fertilizados na ampola da
dessas linhagens consanguíneas resulta em trompa e sua chegada a esta região pode ser
mais 0,55 óvulos, aumento de 0,33 óvulos fer- auxiliada pelos batimentos rápidos, em dire-
tilizados e 0,8 embriões a mais no 25Qdia. ção descendente, dos cílios da superfície
mucosa; na região do istmo da trompa há uma
TAMANHO DA LEITEGADA corrente ciliar extensa ascendente que pode
ajudar a subida dos espermatozóides. Os
O desempenho reprodutivo é medido pelo embriões estão usualmente no estágio de qua-
número de leitões vivos no nascimento ou pelo tro células quando entram no útero. A divi-
número total de nascidos ou desmamados são aumenta para o estágio de mórula pelo 5Q
produzidos pela fêmea durante um ano. Os dia e então há a formação dos blastocistos do
índices de ovulação continuam a aumentar 6Qao 8Qdia. A incubação representa pelo me-
com as gestações subsequentes, porém o ta- nos um escape parcial do embrião da zona
manho da leitegada atinge os níveis máximos pelúcida e ocorre no sexto dia; os blastocistos
pela quarta ou quinta gestação (Fig. 16-2C). suínos podem atingir 150 células ou mais
O número de leitões nascidos aumenta entre antes da incubação. Os blastocistos são desi-
a primeira e a quarta leitegada, porém pela gualmente distribuídos pelos cornos uterinos.
oitava o número de nascidos vivos declina O rápido desenvolvimento dos produtos é in-
enquanto que o número de natimortos aumen- dicado pela migração intra-uterina dos em-
ta. Quando o tamanho da leitegada é relacio- briões, pelo seu espaçamento e pela transi-
nado à idade da mãe, o desempenho ção dos blastocistos de formas esféricas para
reprodutivo começa a diminuir após 4,5 anos. formas extremamente alongadas e pela
A contribuição genética (herdabilidade) para subsequente embriogênese. Ao redor do 11Q
o tamanho da leitegada é estimada em 0,17; dia metade dos blastocistos rapidamente se
a maioria das variações é atribuída a fatores alongam em formas filamentosas, frequente-
ambientais. A avaliação de várias combina- mente excedendo 60 cm, e pelo 13Qdia a mai-
ções de raças proporciona estimativas de or parte dos embriões já completou este pro-
heterose e a média direta e efeitos maternos cesso (Anderson, 1978). Estes embriões ficam
das raças. Por exemplo, linhagens puras de regularmente espaçados sem sobreposição
animais Duroc e Yorkshire têm em média 13,8 das membranas tubulares dos outros em-
corpos lúteos, e quando fêmeas Duroc são briões naquele corno. O conteúdo protéico in-
acasaladas com um reprodutor de outra raça, dividual dos embriões denota um crescimen-
o tamanho da leitegada aumenta em cerca de to exponencial entre os dias 9 e 18, e é
1,44 leitões no nascimento. Os índices de so- independente do estágio de desenvolvimento
brevivência no dia 30, o parto e o desmame ou da perda potencial dos embriões vizinhos.
da progênie de cruzamentos de três raças ex- Padrões de crescimento embrionário e fetal
cedem aqueles obtidos da progênie de cruza- normais do 20Qao 100Qdias de gestação au-
mentos de duas raças. Marrãs resultantes do mentam exponencialmente de 0,06 a 1000 g.
362 Ciclos Reprodutivos
o peso úmido fetal é altamente correlacionado lores de pico (400 pglml) logo antes do parto
com a extensão da placenta (r = 64), área de (Anderson, 1987). Dois picos de sulfato de
superncie da placenta (r =72) e total supern- estrona ocorrem no 30Qe no 112Qdia, respec-
cie areolar por placenta (r = 65). Proteínas tivamente, e caem então quando se anuncia
específicas derivadas do útero e do produto o parto. A unidade feto-placentária é a prin-
durante a diferenciação endometrial e desen- cipal fonte de produção de estrógeno, segun-
volvimento do concepto incluem mitógenos do é indicado pelo encontro de padrões
(lGF-I e -11e EGF); proteínas de ligação e excretores na urina, similares em testemu-
transporte (uteroferrina, proteínas de ligação nhas intactas e em porcas após a
de IGF e retinol); inibidores da protease ovariectomia, hipofisectomia ou adrena-
(inibidor de plasmina e tripsina); e proteínas lectomia.
trofoblásticas relacionadas ao interferon Provas imunocitoquímicas e ultra-estrutu-
(Simmen e Simmen, 1990). Sua expressão rais na hipófise suína indicam que a maior
diferencial no início da gestação pode impli- parte das células gonadotróficas secretam
car uma importância funcional durante o pe- FSH e LH. Em marrãs hipofisectomizadas no
ríodo de reconhecimento materno de gesta- 4Qdia, a gestação e a função luteínica são
ção e implantação. A síntese destas proteínas mantidas até o 12Qdia, porém a gestação é
está relacionada à diferenciação dependente interrompida logo após a hipofisectomia do
de progesterona das células endometriais cuja 70Qao 90Qdia. A gestação é mantida pelo me-
atividade secretora pode agir como sintomas nos 20 dias, contudo, após transecção do tron-
de início da diferenciação embrionária. Além co hipofisário no 70Qou no 90Qdia, o suíno
disso, é possível que a atividade secretora seja requer uma manutenção luteotrófica adeno-
iniciada por fatores implicados na ativação hipofisária durante a maior parte da gesta-
da expressão gênica durante os estágios ini- ção. A prolactina é luteotrófica no suíno. Em
ciais de clivagem dos embriões (Braude et aI., marrãs hipofisectomizadas e histerecto-
1988). mizadas às quais se administram injeções
diárias de prolactina suína purificada, ambas
Hormônios Durante a Gestação as concentrações plasmáticas de progesterona
e de relaxina são mantidas por um período
Os corpos lúteos são essenciais para a ma- de 10 dias, do 110Qao 120Q(Li et aI., 1989).
nutenção da gestação até o fim em suínos. O No início da gestação (dias 10 a 14), a re-
corpo lúteo se desenvolve até seu peso máxi- cuperação de estrona, estradiol-17B e sulfato
mo pelo 8Qdia e é mantido até o final da ges- de estrona foi maior nos lavados uterinos com
tação. Duas populações de células luteínicas blastocistos tubulares e filamentosos, ao passo
em suínos de 30 a 50 J.Lmde. diâmetro e 15 a que em marrãs não prenhes, não houve mo-
20 J.Lmde diâmetro ocorrem durante a gesta- dificações nesses esteróides (Bazer et aI.,
ção. A produção de progesterona parece estar 1984). Do 12Qao 2P dia, concentrações
associada com o tamanho celular e o estágio endógenas de prostaglandina F no plasma
da gestação. Após o dia 114, logo após o par- útero-ovariano permanecem mais baixas em
to, há uma diminuição acentuada no peso marrãs prenhes do que nas não prenhes. Há
luteínico. As concentrações de progesterona também uma maior frequência de picos de
no sangue periférico atingem valores máxi- PGF em porcas não prenhes do que nas pre-
mos no 12Qdia, diminuindo gradativamente nhes durante esta época. Além disso, as con-
a níveis de 20 a 25 nglml no dia 104. Arelaxina centrações de estradiol no plasma venoso úte-
acumula-se gradativamente no tecido ro-ovariano são maiores nos dias 12 a 17 de
luteínico até atingir valores máximos no fi- gestação quando comparadas com animais
nal da gestação (dias 105 a 110). Concentra- não prenhes. Os blastocistos mantêm a fun-
ções de estradiol-17B não conjugado no san- ção luteínica durante as fases críticas do iní-
gue periférico aumentam de 10 pglml do 8Q cio da gestação, impedindo a ação luteolítica
ao 60Qdia e aumentam rapidamente até va- uterina, e podem contribuir para o efeito
Su{nos 363
Effect of restriction of energy during lactation blastocyst and uterine endometrial secretions.
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17
EQUINOS
E.S.E. HAFEZ
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ofthe stallion, I. Spermatogenesis and testis composition. J. Reprod. Fertil. 40,113.)
ejaculado sobre alta pressão diretamente den- O processo de emissão é variável, desde que
tro do útero. Os jatos seminais finais o número de jatos por ejaculação varie de 5 a
ejaculados quando está diminuindo a erecção 10 com média de 8. Os primeiros jatos ocor-
e o pênis está sendo retirado, provavelmente rem sob alta pressão em uma corrente com
são depositados na vagina. Os padrões da pingos característicos. Os últimos jatos, acom-
ejaculação e da emissão foram estudados cui- panhados da diminuição da erecção e retira-
dadosamente (Tischner et aI., 1974). da do pênis da vagina estão associados com
370 Ciclos Reprodutivos
Local da ovulação sobre a superncie Os folículos somente podem ovular na superncie ovariana adjacente ao tecido cortical ("fossa da
ovariana ovulação").
Padrão de crescimento folicular Um pequeno grupo de folículos desenvolve-se no final do diestro, alguns dos quais aumentam
diferencialmente para ovular durante o cio subsequente; os folículos remanescentes podem
ovular durante o início da fase luteínica e outros regridem sem ovulação.
Corpo lúteo primário O corpo lúteo primário da gestação declina em sua atividade secretora de 14 a 16 dias após a
ovulação (similar à época em que a luteólise completa ocorreria normalmente na égua que está
ciciando). Isto causa uma vagarosa e constante queda na concentração de progesterona
plasmática periférica durante os próximos 20 a 25 dias até o início da elevação secundária aos
35-45 dias. Isto coincide com o início da secreção de gonadotrofina coriônica equina (eCG),
antes conhecida gonadotrofina sérica da égua prenhe (PMSG).
Corpos lúteos acessórios Uma progesterona secundária surge da formação dos primeiros do que eventualmente se torna
uma completa coleção de corpos lúteos secundários que se desenvolvem no ovário de éguas
entre os dias 40 a 150. Ao redor do 120' dia, 3 a 30 estruturas luteínicas acessórias formam-se
a partir de ovulações normais e da luteinização de folículos não rompidos. Thdos os corpos
lúteos primários e secundários regridem e deixam os ovários pequenos e completamente inativos
durante o restante da gestação.
Gonadotrofinas associadas com ovulação Prolongado aumento da onda de LH durante o cio que continua após a ovulação.
Vida útil do corpo lúteo durante a Prolongamento espontâneo da vida útil do corpo lúteo é comum; os corpos lúteos que falham na
ausência de gestação regressão na época normal persistem por 2 meses.
Conteúdo hipofisário de FSH Alto
Transporte ovular para a trompa As éguas podem discriminar entre óvulos fertilizados e não fertilizados, que podem ficar retidos
nas trompas durante a gestação e ausência de gestação até 7 meses.
Presença de hormônio placentário PMSG é encontrada em grande quantidade secretada pelas concavidades endometriais no início
(PMSG). da gestação.
Progesterona placentária O tecido placentário contém quantidades apreciáveis de progesterona, e a placenta secreta suficiente
progesterona para manter a gestação ao redor do 100' dia.
Concavidades endometriais As concavidades endometriais, uma série de pequenas protuberâncias em forma de úlcera, formam
um círculo ao redor do concepto no corno uterino grávido. Elas aparecem de início como placas
pálidas levemente implantadas no endométrio do 38' ao 40' dia após a ovulação e aumentam
constantemente durante os próximos 20 a 30 dias. Elas tornam-se côncavas em forma de pires
sobre a superfície, e regridem na região central da estrutura. Após os dias 70 a 80, as
concavidades em degeneração tornam-se pálidas e de aparência caseosa e a superncie côncava
se enche de uma secreção exócrina filamentosa e cor de mel. Entre os dias 100 a 140, cada
concavidade necrótica e sua secreção exócrina é descartada da superfície do endométrio ficando
livre na luz uterina.
Acasalamento interespécies Várias espécies de equídeos podem cruzar-se, produzindo descendência viável, porém infértil.
O genótipo fetal exerce uma profunda influência tanto na quantidade total de eCG secretada durante
a gestação, como no grau de desaparecimento do sangue materno após a concentração de pico.
Em éguas cobertas por jumento, portant, um feto interespecífico (mula), as concentrações de
pico de eCG no soro de apenas 8 a 30 DI atingidas do 45' ao 55' dia são de cinco a dez vezes
mais baixas do que aquelas de éguas prenhes com concepto normal intra-espécie. A atividade
de e CG desaparece novamente do sangue logo aos 70 a 80 dias, e por isso muito antes na
gestação do que o período de 120 a 140 dias que é usual na gestação normal equina.
Transferência com sucesso de um embrião equino para uma jumenta e vice-versa.
l
(Adaptado de Stabenfeldt, G_R., Rughes, J.P., Evans, J.W., e Geschwind, LL 1975). Unique aspects of
the reproductive cycle ofthe fiare. J. Reprod, Fertil. Suppl. 23, 155.
372 Ciclos Reprodutivos
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FIG. 17-4. Secção transversal de ovários (desenhados em escala) de égua em diferentes estágios da
reprodução. A, Fora da estação de monta. O ovário é pequeno e contém folículos primários (p.f) e cicatrizes
(c.s.) de corpos lúteos em degeneração. B, Estação de monta. Durante o cio, o ovário contém um folículo
de Graaf maduro (g.f.) e o corpus albicans (c.a.) da ovulação anterior. C, Três dias após a ovulação. O
corpo hemorrágico (c.h.) desenvolve-se das paredes do folículo de de Graafrompido. D, Dez dias após a
ovulação. Corpo lúteo totalmente desenvolvido (c.l.); folículos de de Graaf(g.f.) começam a se desenvolver
para o ciclo seguinte. E, Gestação - 60 dias. O corpo lúteo da gestação (c.l.) é mantido e os folículos de de
Graaf (g.f.) desenvolvem-se em consequência de PMS circulante. F, Gestação - 80 dias. Corpos lúteos
acessórios (c.a.) desenvolvem-se a partir de folículos não rompidos.
sável por um ritmo basal permanente de li- o momento da ovulação com a cobertura, na
beração de LH, ligado a um parâmetro tentativa de diminuir o número de
ambiental (mais provavelmente o inseminações ou de coberturas por ciclo. A
fotoperiodismo) e independente das influên- repetição de injeções de hCG não provoca es-
cias ovarianas; e (2) um componente ovaria- tado refratário. .
no (esteróide) que modifica o ritmo primário Na égua, o útero exerce seu efeito luteolítico
de LH durante a estação de monta (Garcia/e sobre o corpo lúteo primariamente através de
Ginther, 1978). Em éguas ovariectomizadas, uma via útero-ovariana sistêmica. Esta con-
as concentrações de LH seguem um padrão clusão é sustentada pelas seguintes descober-
estacional (baixas concentrações basais no tas em éguas: (1) a histerectomia prolongou
inverno; altas concentrações basais no verão). a vida do corpo lúteo, porém a histerectomia
As modificações cíclicas nas concentrações de unilateral não indicou o envolvimento de uma
LH durante a estação de monta parecem re- relação local útero-ovariana; (2) a adminis-
sultar da modulação das altas concentrações tração local de prostaglandina F 2a (PGF 2a),
basais de LH pelos esteróides ovarianos. uma postulada luteolisina uterina, dentro do
Os níveis de LH aumentam no início do útero não aumentou sua eficiência luteolítica
estro, atingindo um máximo de um a dois dias sobre a administração sistêmica por via
após a ovulação. Este aumento de LH pode intramuscular; (3) a anatomia vascular do
estimular a maturação do folículo durante o útero e ovários subministra um potencial li-
cio. Uma relação inversa entre os níveis de mitado para a transferência local de uma
progesterona e de LH ocorre, sugerindo um luteolisina entre o útero e o ovário por meio
mecanismo retrógrado negativo, porém não de uma via artério-venosa (Douglas et aI.,
existe esta relação entre as concentrações de 1976).
FSH e de progesterona. Os níveis de LH mos- Progesterona. Na ausência de ovulação,
tram um aumento prolongado durante o cio e com ou sem crescimento folicular, existem
que continua após a ovulação. Uma diminui- períodos prolongados de baixos níveis de
ção significante dos níveis máximos não é progesterona. Injeções intramusculares diá-
observada até o terceiro dia após a ovulação, rias de 100 mg ou mais de progesterona du-
a partir de quando os níveis continuam a de- rante a fase média do ciclo impedem o cio e a
clinar até os valores típicos do diestro. ovulação, porém uma dose de 50 mg por dia
O padrão de LH plasmático na égua difere inibe apenas o cio. O intervalo entre o térmi-
daquele de outras espécies e é possível que a no do tratamento e o cio parece depender da
persistência das altas concentrações de LH dosagem. Para impedir o abortamento habi-
resulte de uma longa meia vida do LH tual na égua, é usual administrar 250 a 500
endógeno. Isto, em contrapartida, pode ser mg a cada 10 a 30 dias.
responsável pelo número relativamente gran-
de de segundas ovulações detectadas em mui- Indução do Cio e Ovulação
tos ciclos estrais (Geschwind et aI., 1975).
Parece que o LH pode ser sensível ao contro- Infusão Salina. A técnica de infusão sali-
le retrógrado da progesterona no sentido de na intra-uterina tem sido usada rotineira-
que os níveis não começam a subir até depois mente para induzir cios em éguas em anestro.
que o corpo lúteo tenha regredido completa- As éguas em anestro são afetadas apenas pró-
mente. Por outro lado, altos níveis de ximo ao início ou ao fim da estação de monta,
progesterona circulante aparentemente não quando cios anovulatórios são induzidos. As
constituem um eficiente mecanismo de con- éguas em diestro, tratadas entre o 5Qe o 9Q
trole retrógrado negativo, uma vez que a li- dia, retornam ao cio quatro dias mais cedo do
beração de LH tenha começado. que o esperado, e o cio induzido é acompa-
A administração de 2.000 UI de hCG en- nhado de ovulação. As éguas em diestro pro-
curta o cio e acelera a ovulação. A injeção de longado podem mostrar cios ovulatórios den-
hCG é usada para sincronizar acuradamente tro de 3 a 9 dias após a infusão (Arthur, 1975).
Equinos 375
As infusões repetidas são clinicamente ino- é a mínima dose eficiente sistêmica para
fensivas, porém culturas bacteriológicas do indução de luteólise. A administração intra-
útero após a infusão são positivas. uterina ou diretamente dentro do corpo lúteo
Sincronização do Cio. As éguas são não melhora a eficiência luteolítica da inje-
costumeiramente cobertas ou inseminadas ção intramuscular de PGF 2a'
artificialmente depois do cio ter sido detecta- Óvulos e Transporte Ovular. Na ovula-
do por rufião e o desenvolvimento folicular ção, o óvulo não tem a corona radiata, porém
for avaliado por palpação retal dos ovários. A está cercado por uma massa gelatinosa gran-
sincronização do cio e da ovulação permite que de e irregular de origem ovariana, que se se-
as éguas sejam inseminadas em horário pré- para dentro de dois dias. Os óvulos fertiliza-
determinado sem a necessidade de detectar o dos são transportados para o útero, enquanto
cio ou palpar os ovários. que os óvulos não fertilizados são aprisiona-
Dois tratamentos influenciam eficiente- dos no istmo da trompa, por vários meses. O
.
mente a atividade ovariana na égua: (1) a óvulo sofre degeneração e fragmentação du-
indução da luteólise com prostaglandina F 2a rante os meses seguintes. Se uma égua apre-
(PGF2a) ou com análogos da PGF2a e (2) a
indução da ovulação durante a fase folicular
com uma injeção de hCG. 1Q corpo polar
Prostaglandinas. Das espécies domésti-
espaço perivitel(nico
cas estudadas, a égua é a mais sensível, so-
bre uma base do peso corpóreo, aos efeitos .<o
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1?
luteolíticos
(intramuscular
da aplicação sistêmica
ou subcutânea) de PGF 2a' A
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administração sistêmica de PGF2a é tão efici-
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ovulação. Este cio induzido é mais longo que , ", "
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o ciclo natural, porém o tempo de ovulação "")'
,
senta uma sucessão de ciclos estrais estéreis materno, genótipo fetal e estágio da estação
seguidos por uma cobertura fértil, o embrião de monta quando ocorre a concepção. O de-
em desenvolvimento pode passar sobre os senvolvimento in utero pode também ser afe-
óvulos não fertilizados aprisionados na trom- tado pelas modificações de desgaste e
pa, e atingir o útero. dilaceração do endométrio como fibrose cística
Os óvulos não fertilizados podem ficar re- e atrofia glandular (Allen e Pashen, 1984). O
tidos nas trompas de éguas prenhes ou não crescimento fetal é retardado em
prenhes até por sete meses (Fig. 17-5). Isto consequência da prejudicada função
indica que a égua pode discriminar entre óvu- placentária em éguas que apresentem tais
los fertilizados e não fertilizados, permitindo modificações podendo a gestação ser prolon-
a passagem dos óvulos fertilizados para o úte- gada.
ro, ao mesmo tempo que retém os óvulos não
fertilizados. Óvulos retidos são mais comuns Diagnóstico de Gestação e Futuro
em raças pesadas do que nas leves, sendo mais Desenvolvimento
frequentemente encontrados na gestação ini-
cial do que na final. Vários métodos são utilizados para o diag-
Pouco se sabe sobre a função da cápsula nóstico de gestação na égua (Tabela 17-4). O
acelular, que substitui a zona pelúcida no diagnóstico de gestação por palpação retal dos
equino e então circunda o embrião até sua pré- ovários e útero é seguro 40 a 50 dias após a
implantação no útero. A passagem de uma concepção. Um teste biológico com camundon-
substância através da cápsula para o embrião go que depende do PMSG para estimular os
é influenciada pelo tamanho e pela natureza ovários de camundongas imaturas de 21 dias
química da molécula da substância. de idade é acurado depois de 35 dias de ges-
A época em que os óvulos fertilizados che- tação. Um teste qualitativo de inibição por
gam ao útero na égua é muito mais tardia hemaglutinação para PMSG no soro é rápido
(> 144 horas) do que na vaca, e a fase e disponível comercialmente (MIP test,
divisional de clivagem da célula ovo dos Diamond Labs). Este teste demanda na es-
equinos na chegada é mais avançada do que pera do aumento de PMSG no soro, porque
nos bovinos.Amigração transuterina dos ovos não é utilizável até 35 a 40 dias após a con-
ocorre em 50% dos casos, cepção. O diagnóstico precoce de gestação
Profundas investigações conduzidas sobre pode ser feito por ultra-som com 15% de diag-
a fisiologiae manejo da reprodução de equinos nósticos falso-negativos.
abrangeram as seguintes modificaçõesovaria- Os principais meios de desenvolvimento do
nas durante a ovulação e a gestação (Genther, feto equino no futuro estão resumidos na Ta-
1979; Squires et aI., 1974); perfil endócrino bela 17-5.
em éguas prenhes e após o parto e garanhões
criptorquídeos e após o aumento do Gêmeos
fotoperiodismo (Ganjam et aI., 1974, 1975;
Oxender et aI., 1979);subnutrição energética A ocorrência de gêmeos é rara. A ocorrên-
durante o desmame (Ellis e Lawrence, 1978); cia natural de gêmeos idênticos na égua é vir-
e manipulação do ciclo estral e função tualmente impedida por sua incapacidade
luteínica da ovulaçãopela prostaglandina F2m geral de levar conceptos gêmeos a termo. Isto
pelo hCG e GnRH, e por infusão salina intra- é primariamente devido à competição da pla-
uterina (Kenney et aI., 1975; Neely et aI., centa para contatar com o endométrio mater-
1974, 1979; Michel e Rossdale, 1986). no, resultando em líquida insuficiência
placentária para ambos os conceptos (Allen e
GESTAÇÃO Pashen, 1984). O resultado usual é que o feto
em maior desvantagem morre durante a se-
O período de gestação na égua varia de 315 gunda metade da gestação e assim inicia o
a 360 dias e é influenciado pelo tamanho abortamento. Gêmeos monozigóticos (idênti-
Equinos 377
16-24 Sem sintomas Detecção do cio Poucas éguas prenhes demonstram cio (éguas
comportamentais, não prenhes podem não mostrar cio
físicos ou hormonais devido à pseudogestação ou cio silencioso)
de cio As membranas mucosas e a cérvice estão
dispostas para o estro e o diestro
O tônus tenso é um bom indicador
presumível antes da detecção do
abaulamento; não se diferencia da
pseudogestação
Altos valores (1 ng/ml) são indicadores
presumíveis mas não diferenciam da
pseudogestação ou ciclos de duração
irregular
cos) apresentam notável arma para pesqui- mento e da tendência de desenvolvimento pre-
sas em vários tipos de investigações biológi- cário após o nascimento dos poucos gêmeos
cas. Enquanto que gêmeos monozigóticos que sobrevivem a termo. Assim, a maioria dos
ocorrem naturalmente em bovinos, ovinos e gêmeos que é concebida é deliberadamente
na espécie humana, não obstante em baixa abortada no início da gestação, e a égua é co-
frequência, eles até o momento não foram berta novamente na tentativa de gerar um
reportados em equídeos. Em 2.673 éguas produto único na mesma estação de monta.
puro-sangue, o índice de concepção de gêmeos N a maioria das gestações de gêmeos
dizigóticos espontâneos foi de 2%. dizigóticos, ocorre uma invaginação dos
A gestação gemelar em equinos não é de- alantocórions adjacentes. Grupos sanguíne-
sejável por causa do alto índice de aborta- os idênticos são encontrados em potros gême-
t.:>
-J
00
TABELA 17-5. Horizontes do Desenvolvimento do Feto Equino
Dias de Orgãos
C')
Gestação Cabeça Pernas Reprodutivos Pêlos Confonnação 1';'
80
Pontos da espádua e ancas Papilas mamárias desenvolveram Nil Cabeça e pescoço em posição
botões nonnal
100 Orelhas com 1 cm de Escroto; discreta protuberância, 2
comprimento e torcida cm atrás do umbigo
para a frente e para Cascos; ligeiramente amarelados, Clitõris em reentrância à posição Nos lábios Grupos musculares
baixo desenvolvimento de alça pós-natal facilmente reconhecíveis
Olhos abaulados coronária
120
Mesoderma em desenvolvimento
cia de desvios ou fluxos desiguais; (3) meca-
nismos especializados que ajudam a passa-
gem de substâncias e, no caso do oxigênio,
diferenças na afinidade de hemoglobina O2 e
capacidade de O2 entre o feto e a mãe (Silver
e Comline, 1975).
O corpo lúteo primário que se desenvolve
no local da ovulação fértil regride ao redor do
160Qdia da gestação e é substituído pelos cor-
pos lúteos secundários. Os corpos lúteos pri-
mário e secundário e a placenta contribuem
para a reserva total de progesterona durante
a gestação. A concentração de progesterona
luteínica no plasma periférico é intimamente
correlacionada com as modificações morfoló-
gicas do corpo lúteo.
Dia 14
Saco
~ Ectoderma
~ vitelínico
Perfil Endócrino
A -
Endoderma
Mesoderma
Esteróides. Os níveis plasmáticos de
progestágenos declinam no período médio da
Placenta gestação e permanecem baixos até poucos dias
alantocoriônica antes do parto, quando aumentam novamen-
te. Durante a gestação existem dois picos
máximos de progestágenos plasmáticos. O
primeiro, que ocorre durante o terceiro mês,
coincide com altos níveis de PMSG e é prova-
Cinto
Alantocoriônico velmente produzido pelas concavidades
endometriais ou pelos corpos lúteos secundá-
rios. O segundo pico ocorre no 11Q mês e pro-
Saco vitelínico
vavelmente representa a secreção dos
progestágenos placentários. Os níveis sanguí-
B Sinus terminalis
neos de estrógeno são os maiores no período
médio da gestação e diminuem significante-
mente antes do parto. A égua prenhe, além
FIG. 17-6. A. Concepto equino de 2 semanas de disso, excreta alguns outros estrógenos que
gestação (diâmetro, 16 mm) esférico, localizado no
corpo uterino, não está ,unido à sua eventual
lhe são peculiares assim como a outros
localização na porção caudal de um corno uterino. equídeos.
O tecido mesodérmico cresce a partir do disco Do quarto ao oitavo mês, os níveis de
embrionário para dentro da área entre o trofoblasto estrona excedem a 100 ng/ml e então decli-
(de origem ectodérmica) e o endoderma do saco nam na aproximação do parto. As altas con-
vitelínico. O mesoderma dá origem ao mesênquima
de suporte ou vasos sanguíneos do tecido
centrações de estrona no período médio da
conjuntivo. Algumas ilhas de vasos rudimentares gestação estão associadas com concentrações
já são visíveis histologicamente (De Ginther, 1979). gradativamente crescentes de equilina, que
B. Concepto equino com 7 semanas de gestação, tendem a estabilizar-se após o sexto mês em
com tamanho de uma laranja. As células destacam- 100 ng/ml, declinando apenas no último mês
se ao redor do cinto alantocoriônico invadindo o
endométrio e formando as concavidades da gestação.
endometriais. (De Short (1972). InReproduction Gonadotrofinas (PMSG). As conca-
in Mammals. C.R. Austin e V. Short (eds.). vidades endometriais, que estão presentes do
Cambridge, Cambridge University Press). segundo ao quarto mês de gestação, são a fon-
Equinos 381
Intestino posterior
Somatopleura
do âmnio
-
Alantóide em
desenvolvimento
A B
Dia 21
sI
c' D
_f:
- -=-=
Saco vitelínico
Cavidade amniótica
Saco Alantóide -
. Ectoderma
Endoderma
Mesoderma
FIG. 17-7. A e B, Concepto esférico de uma égua pônei: e, embrião; vasculatura do saco vitelínico (vv,
veia vitelínica; va, artéria vitelínica); st, sinus terminalis; proeminente veia coletora que circunda a
vesícula. A vesícula tem 2,6 cm de diâmetro quando submersa e levemente flácida com um diâmetro de
3,5 cm na remoção do fluido no qual estava submersa. Notar o acabamento da cavidade amniótica e o
aparecimento da alantóide do mesentério posterior. A alantóide cresce para dentro do exocolo entre a
somatopleura e a esplancnopleura. C e D. A vesícula exposta vista do pólo embrionário. A mancha preta
no centro da vesícula é o embrião. Vasos proeminentes estão no alantocórion. O sinus terminalis ainda
está proeminente. O córion (flecha) entre a alantóide (direita) e o saco vitelínico (esquerda) é o local do
cinto coriônico. O mesoderma permanece avascular. A alantóide continua a crescer e o saco vitelínico
regride. Devido ao saco vitelínico permanecer ligado à onfalopleura bilaminar, o embrião é puxado pelo
saco vitelínico em regressão (De Ginther, 1979).
382 Ciclos Reprodutivos
te da gonadotrofina PMSG que circula no san- A PMSG pode representar o principal pa-
gue materno entre o 40Qe o 130Qdia de gesta- pel na estimulação do desenvolvimento fo-
ção. Os ovários maternos são assim estimu- licular secundário e corpos lúteos acessórios
lados, formando folículos ovarianos, muitos durante a primeira metade da gestação, po-
dos quais ovulam e formam corpos lúteos aces- rém semelhanças no desenvolvimento
sórios, enquanto outros se luteinizam sem folicular de éguas histerectomizadas e pre-
ovular. Os corpos lúteos acessórios persistem nhes indicam que outros fatores podem ser
até cerca de 180 dias de gestação e então de- responsáveis pelo desenvolvimento folicular
generam. Durante o período restante da ges- em éguas prenhes (Squires et aI., 1974).
tação, nenhum tecido luteínico é formado. Se
uma égua aborta ao redor do 35Qdia da ges- PARTO
tação, quando as células fetais já tiverem in-
vadido o endométrio, as concavidades A hora do parto, que usualmente se dá en-
endometriais continuam a se desenvolver tre o anoitecer e o nascer do dia, parece ser
normalmente e secretam PMSG, e os corpos influenciada pelo fotoperiodismo e o silêncio
lúteos presentes podem ser mantidos. do estábulo. Na Inglaterra, 86% dos partos
Vários fatores influenciam os níveis de ocorrem entre 19:00 e 7:00 horas (7:00 P.M. e
PMSG: estação, tamanho materno, número 7:00 AM.), com uma incidência máxima en-
de partos e genótipo fetaI. Um alto nível de tre 22:00 e 23:00 horas (10:00 P.M. e 11:00
PMSG ocorre no soro de uma égua prenhe de P.M.).
gêmeos se uma série de concavidades endo- A iminência do parto é sugerida pelo grau
metriais se desenvolver em ambos os cornos de hipertrofia mamária, presença de cerume
uterinos. Aqueda repentina dos níveis sanguí- nas tetas e possivelmente saída de leite do
neos deste hormônio em uma égua que abor- úbere. A melhor indicação de que começou o
ta, comparada à manutenção de um alto nível primeiro estágio é a presença de sudorese por
sanguíneo em outra em que ocorreu reabsorção, trás dos codilhos e nos flancos. Esta sudorese
sugere que o produto pode ser necessário para começa cerca de quatro horas antes do parto
a função continuada deste hormônio. e aumenta na medida que progride o estágio.
O genótipo fetal tem um efeito pronuncia- A cauda fica frequentemente levantada ou
do sobre a concentração de PMSG na mãe. O afastada para um lado.
sorg sanguíneo de éguas cobertas por jumen-
~9 contém apenas cerca de 10%da concentra- Parto Induzido
ção de PMSG de éguas cobertas por garanhão.
Parece que a alantocórion pode subministrar O parto pode ser induzido por várias doses
um estímulo, possivelmente de natureza quí- de estrógeno, prostaglandinas (PGF2a) e
mica, que regula a atividade secretora das ocitocina. O momento do aparecimento e o
concavidades endometriais. grau de expressão dos principais sintomas
A PMSG desaparece do sangue de éguas clínicos'do parto, e o momento para a comple-
prenhes de jumento ao redor do terceiro mês ta expulsão e a passagem da placenta são in-
de gestação, portanto muito mais precocemen- fluenciados por doses crescentes de ocitocina.
te do que naquelas prenhes de garanhão. A O estrógeno é útil para amolecer e relaxar a
concentração de PMSG é alta em umajumen- cérvice quando ela está túrgida, porém não é
ta prenhe de garanhão. Na remoção cirúrgi- essencial para a indução quando a cérvice já
ca do produto do útero após ou no 38Qdia de está descontraída e relaxada.
gestação, ou a morte fetal ocorrendo após o A progesterona (500 mg/dia) administra-
40Q dia, a produção de PMSG continua nor- da diariamente a partir de 318 dias de gesta-
malmente como se a égua ainda estivesse pre- ção encurtou-a, enquanto que estrógenos (50
nhe (Hay e Allen, 1975). As concavidades mg/dia) administrado com o mesmo critério
endometriais, uma vez funcionais, têm uma da progesterona, não surtiu tal efeito. O par-
vida útil que é independente do produto. to pode ser induzido em raças de grande por-
Equinos 383
pontos vermelhos contra o fundo do olho. Es- Conduta Sexual Anormal e Distúrbios da
tas hemorragias ocorrem com um ou dois dias Ejaculação
de idade nos potros convulsivos e persistem
apenas por poucos dias. A conduta sexual anormal de garanhões
Mortalidade Neonatal. A mortalidade inclui: (1) falha em atingir ou manter ereção
neonatal pode ser resultante de fraqueza da com libido fraca ou excelente; (2) introdução
mãe ou do potro ou infecção bacteriana atra- incompleta ou falta de impulsos pélvicos de-
vés do cordão umbilical. O manejo apropria- pois da introdução, libido fraca ou dor
do, estábulos limpos para o parto e precau- provoca da por danos sofridos durante a co-
ções sanitárias no parto são métodos bertura; (3) desmonta no início da ejaculação
preventivos comuns da mortalidade neonatal. devido a dano ou dor; (4) ausência de
ejaculação apesar de uma ereção completa e
prolongada e introduções repetidas; (5) boa
Recomendações Para as Técnicas de ejaculação durante um curto período, porém
Reprodução não forçar ejaculação adicional sem um des-
canso sexual, mesmo que a libido permaneça
Uma cuidadosa prova de cio com o alta; (6) masturbação (Pickett e Voss, 1975).
garanhãp, o exame de rotina da vagina e Garanhões impotentes respondem bem ao
palpação retal dos órgãos reprodutivos podem retreinamento e a recuperação pode ser
ajudar a melhorar o índice de concepção. Sem- alcançada sem tratamento farmacológico. A
pre que possível, o momento da ovulação de- masturbação em garanhões reprodutores,
verá ser previsto, desde que a duração do cio uma conduta sexual anormal, pode ser trata-
e o momento da ovulação a partir do início do da pela utilização de um anel ao redor do pê-
cio possam variar individualmente. O índice nis, porém isto pode causar hemospermia.
de concepção depende primariamente da hora Os distúrbios da ejaculação são manifes-
e número de inseminações. tados diferentemente em cada indivíduo, des-
Em algumas ocasiões, a égua pode fazer de cópula normal com ou sem ejaculação oca-
esforços expulsivos (como para urinar ou de- sional. Na maioria dos casos, a ereção do pênis
fecar) após a cobertura e eliminar a maior está associada com vários movimentos
parte do sêmen do útero. Isto pode ser preve- copulatórios que terminam em completa ou
nido fazendo a égua andar um pouco após a incompleta falha de ejaculação. Os distúrbios
cobertura. A égua é suscetível a endometrites, da ejaculação - transitórios, intermitentes ou
especialmente após o parto, pois a cérvice permanentes -podem ocorrer durante as duas
desta espécie não é uma forte barreira à en- ou três primeiras estações de monta ou após
trada de bactérias. A égua é mais propensa a várias estações de atividade normal. Para se
uma deficiência de LH do que outros animais assegurar de que ocorreu ejaculação após a
domésticos; esta deficiência pode ser suavi- introdução pode-se colocar a mão sob a base
zada pela utilização de LH exógeno. Uma in- do pênis. Em ausência de ejaculação, poucas
jeção endovenosa de 1.500 a 3.000 VI de hCG ou fracas ondas uretrais podem ser percebi-
pode provocar ovulação durante o cio das, porém quando há ejaculação tem-se a
anovulatório, desde que o folículo ovariano impressão do conteúdo de uma seringa de 10
tenha pelo menos 3 cm de diâmetro. ml estar sendo transportado ao longo da
uretra. Em um garanhão de boa fertilidade é
comum sentir-se cerca de cinco destas ondas;
DISTÚRBIOS REPRODVTIVOS EM em garanhões de baixa fertilidade, sente-se
GARANHÕES às vezes apenas uma onda e meia.
Os distúrbios da ejaculação podem origi-
Os distúrbios reprodutivos em garanhões nar-se de bloqueio direto dos impulsos nervo-
incluem conduta sexual anormal, distúrbios sos, de obesidade, más condições e exaustão
da ejaculação e más características do sêmen. por coberturas frequentes. Os garanhões usu-
388 Ciclos Reprodutivos
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18
AVES DOMÉSTICAS
M.R BAKST e J. M. BAHR
Este capítulo apresenta uma breve visão mancha de coloração branco-acinzentada, com
dos processos reprodutivos das aves domésti- 3 mm de diâmetro, contendo no ovo infértil o
cas. Devido à sua importância econômica, a pró-núcleo haplóide feminino. Diferentemente
galinha (Gallus domesticus) e o peru (Meleagris dos mamíferos, a ave fêmea é o sexo
gallopavo) constituem o principal foco da dis- heterogamético.
cussão. O disco germinativo flutua sobre um cone
de gema de coloração clara ("gema branca")
A FÊMEA que se estende para baixo finalizando em uma
esfera, a latebra (Fig. 18-1). A composição
O Ovo química da gema branca difere da gema ama-
rela: ela contém uma proporção maior de pro-
o ovo é uma estrutura complexa química e teínas e sua estrutura apresenta certas pe-
fisicamente; a sua complexidade é determi- culiaridades. A maior parte da" massa central
nada pelas necessidades de proteger e de vitelo" é composta do conhecido fluido vis-
subministrar subsistência para o embrião. O coso de cor laranja-amarelada (gema de ovo),
ovo é basicamente formado de três componen- que tem sido descrita como uma emulsão
tes: a "massa central de vitelo", que é equiva- hidro-oleosa com uma fase ininterrupta na
lente ao ovo dos mamíferos, a "clara" e a cas- forma de proteína aquosa. Espalhadas no
ca (Fig.18-1), embora nenhum componente meio dela estão várias gotas e esferas de
seja homogêneo estrutural ou quimicamente gema.
(Tabela 18-1). Além disso, as características A função da gema é proporcionar o mate-
físicas dos ovos são difíceis de definir preci- rial para a embriogênese. Quimicamente, ela
samente porque elas variam de espécie para é uma massa heterogênea contendo proteínas,
espécie e mesmo dentro das espécies (Gilbert, lipídios, pigmentos e uma variedade de subs-
1971a, 1979). tâncias menores orgânicas e inorgânicas. A
A "massa central do vitelo" é circundada fração de baixa densidade contém aproxima-
pela membrana perivitelina e pesa cerca de damente toda a fração lipídica como lipopro-
19 g na galinha, embora sua massa seja de- teínas e muito fósforo. A fração hidrossolúvel
pendente da idade. Pesos menores estão re- Oivetina) que corresponde a 10% da massa,
lacionados com frangas. A porção contém cerca de 30% da proteína principal-
citoplasmática viva da célula, o blastodisco mente com albumina plasmática, uma das
(ou blastoderma se o ovo é fértil) ocupa uma glicoproteínas plasmáticas, plasma e y-glo-
pequena fração do ovo. Ele é uma pequena bulina. A fração granular é formada de
390
Aves Domésticas 391
Núcleo de Pander
Látebra
~ÓVULO (gema)
"Membrana vitelina"
Gema
Cutícula
Casca
Membrana
Casca externa da
casca
Câmara de ar
Membrana -
interna da casca
Ligamento de albume
Calazas
,Camada calazífera
,Clara finamedIa
Clara de i;>terna ALBUME (clara)
'espessura
Clara fina externa
Ligamento de albume
j
FIG. 18-1. Diagrama dos componentes do ovo, (Gilbert, A. B. (1971 a). The egg: its physical and chemical
aspects. In Physiology and Biochemistry ofthe Domestic Fowl. D. J. Bell and B. M. Freeman (eds.). New
York, Academic Press.)
fosvitina e inclui a maior parte do fósforo re- sa pura e contém cerca de 40 proteínas (Ta-
manescente assim como a maioria do cálcio e bela 18-1). Desde que o albume circunda o
lipovitelinas. embrião em desenvolvimento, ele forma uma
Ao redor da massa central de gema e cons- capa aquosa que impede a dessecação. Sabe-
tituindo cerca de dois terços do ovo em peso, se também que ele contribui com material
há uma camada de albume que possui pelo para o embrião durante o desenvolvimento
menos 7 regiões maiores, que possivelmente final. Outras funções têm sido atribuídas a
são produzidas pela rotação do ovo no oviduto proteínas específicas, desde que muitas das
(Fig. 18-1). O albume é quase proteína aquo- proteínas in vitro apresentam propriedades
392 Ciclos Reprodutivos
bactericidas, enquanto outras possuem ativi- rante a embriogênese, porém um fato carac-
dade enzimática e algumas são inibidoras de terístico das aves é a usual supressão do de-
enzimas. senvolvimento posterior destes órgãos do lado
A casca é composta de 3 estruturas: as direito (Gilbert, 1979; Mittwoch, 1983). A pro-
membranas, a porção mineralizada e a cu- dução de substâncias inibidoras do duto de
tícula. As duas membranas são lâminas re- MüIler pelo ovário resulta na regressão ape-
sistentes de proteína fibrosa, medindo juntas nas do duto direito (Hutson et aI., 1983). A
cerca de 70 flm de espessura. Em uma extre- remoção do ovário esquerdo resulta em um
midade elas se separam para formar a câma- ovoteste com tecido masculino e feminino. O
ra de ar. Funcionalmente, as membranas da ovário esquerdo funcional (Fig. 18-2) produz
casca proporcionam a superfície na qual pode óvulos e age como um órgão endócrino
ocorrer a mineralização; a partir delas, fibras' secretando os hormônios esteróides.
penetram para o exterior a fim de produzi- O ovário consiste de uma medula, que con-
rem a matriz orgânica da casca. Elas podem tém tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, ner-
reduzir a velocidade de penetração bacte- vos e um córtex. O córtex contém as oogônias
riana, permitindo que as propriedades que dão origem aos oócitos. O ovário imatu-
bactericidas da clara atuem mais eficiente- ro, em forma de pêra, possui cerca de 15 mm
mente. de comprimento por 5 mm de largura, situa-
A casca do ovo apresenta cerca de 350 flm do na cavidade peritoneal ventralmente à
de espessura e é composta de cristais em for- aorta e cranialmente ao rim, próximo às duas
ma de raios de quase calcita pura (carbonato glândulas adrenais. O suprimento sanguíneo
de cálcio). Dispostos verticalmente através da deriva da artéria gônado-renaI. Duas veias
casca existem poros que permitem a passa- drenam o sangue do ovário. Ele é extensiva-
gem de gases. A casca forma uma barreira mente enervado da cadeia simpática por meio
física a substâncias que possam afetar adver- do plexo adrenal-ovariano (Gilbert,1979).
samente o microambiente do embrião. Ela Desenvolvimento Folicular e Gameto-
proporciona também um fortalecimento mecâ- gênese. No desencadeamento da maturida-
nico e um rígido suporte para manter a orien- de sexual, o peso ovariano aumenta. Na gali-
tação dos heterogêneos componentes internos. nha este aumento varia de 0,5 g para 40 a 60
O seu fortalecimento é determinado princi- g; a maior parte deste aumento provém dos 4
palmente por sua curvatura e espessura, a 6 folículos em desenvolvimento, o maior dos
embora outros fatores também estejam en- quais pesa cerca de 20 g, com um diâmetro
volvidos. Ela também subministra cálcio aproximado de 40 mm.
para o embrião em desenvolvimento. A cober- Dos milhares de oócitos presentes, muitos
tura externa do ovo, a cutícula proteínica, aumentam de tamanho até 4 a 10 mm de diâ-
reduz a perda de água e a contaminação metro. A maioria dos folículos deste tamanho,
bacteriana. contudo, não se desenvolvem posteriormente
e tomam-se atrésicos. A cada 25 a 27 horas
Formação do Ovo um destes pequenos folículos aumenta e pas-
sa a hierarquia folicular. Na galinha, este
A formação do ovo envolve o transporte de folículo continua crescer e ovula 5 a 7 dias
grandes quantidades de material através de após. O crescimento de pequenos folículos
numerosas membranas biológicas e a forma- parece ser regulado primariamente pelo FSH
ção de muitas substâncias novas, particular- (Palmer, 1989). A maturação do pró-núcleo fe-
mente proteínas e lipídios específicos. O ta- minino começa no folículo e completa-se no
manho e a composição do ovo são afetados por oviduto. O acabamento da primeira divisão (re-
numerosos fatores genéticos, ambientais e fi- dução) ocorre 2 horas antes da ovulação, possi-
siológicos. velmente sob controle do LH; a segunda divi-
Ovário. Nas aves como nos mamíferos, são (maturação) ocorre no oviduto e pode ser
dois ovários e dois ovidutos são formados du- iniciada pela penetração do espermatozóide.
Aves Domésticas 393
20
I
40. , .
80 80 100
~.
111111
Estigma
Folículo pós-
ovulatório
Infundíbulo
Istmo
Magno
Vagina
Cloaca
B
FIG. 18-2. A, Ovário de galinha doméstica in situo B, Ovário e oviduto de galinha doméstica.
. FIG. 18-3.A. Corte transversal de um folículo em maturação (galinha) mostrando a teca externa (e), a
teca interna (i), a camada de células granulosas (g), a camada perivitelina (pontas de flechas) e esferas
de vitela (y). B. Microfotografia eletrônica de varredura da face basal de várias células granulosas. Nu-
merosos processos citoplasmáticos atravessam largos espaços intercelulares e interligam células
granulosas adjacentes. (De Bakst, M.R. (1979). Scanning electron microscopy of hen granulosa cells
before and after ovulation. Scan. Electron Microsc. lU, 307).
mucos a luminal com muitas dobras, uma ca- A maior parte das 40 proteínas encontra-
mada circular interna e uma longitudinal das no albume é formada na mucosa do
externa de musculatura lisa, e uma cobertu- oviduto; uma possível exceção é a
ra externa de epitélio peritoneal. ovotransferina (conalbume), que parece ser
Infundíbulo. O infundíbulo apanha ati- similar à transferina do soro. A proteína
vamente o óvulo liberado e, caso haja avidina é formada nas células epiteliais em
espermatozóides no local, torna-se o local da forma de taça e as proteínas ovoalbumina e
fertilização. lisozima são produzidas pelas glândulas
Depois de passar pela região inicial em for- tubulares. A ovotransferina e a ovomucóide
ma de funil do infundíbulo, o ovo atinge a "re- podem também ser produzidas nas células das
gião calazífera", a mais estreita porção glan- glândulas tubulares.
dular deste segmento (Fig. 18-2). A secreção As proteínas do oviduto são secretadas à
desta região forma uma camada perivitelina medida que a massa do ovo em desenvolvi-
"externa" e provavelmente contribui para a mento desce para o magno. Embora o estí-
formação das calazas. A região calazífera é mulo preciso para secreção destas proteínas
um dos dois conhecidos armazenamentos de seja desconhecido, existem três possibilida-
espermatozóides no oviduto. des: (1) o ovo em desenvolvimento provoca li-
O magno é a região secretora de albume. beração de albume por meios mecânicos ou
Ele é o segmento mais longo do oviduto e dis- outros, (2) mecanismos hormonais sincroni-
tingue-se do infundíbulo e do istmo pelo seu zam a liberação e (3) algum mecanismo coor-
diâmetro externo maior, paredes mais espes- denador nervoso está envolvido.
sas e dobras luminais mais volumosas (Figs. O istmo, que forma a membrana da casca
18-2 e 18-6). ao redor do ovo em desenvolvimento, é carac-
Aves Domésticas 395
Lâmina basal
Teca externa
Teca interna
o o o
o
Epitélio Oócito
A 8
FIG.18-4.A, Secção transversal de um folículo em maturação. (Copiado de Gilbert,A R (1979). Female
genital organs. In Form and Function in Birds. AS. King and J. McLelland (eds.). New York, Academic
Press.)
B. Diagrama da superfície do oócito e da camada granulosa.
I
I
no oviduto "lnchamento"
Ovário
& O A~ de água ao ovo
Oviduto ç;:-] Ovoentra
VI na glândula
da casca
Albume
formado
J
o 2 4 li 8 10 12 14 18 18 20 22 24 28 hra
FIG. 18-5. Formação do ovo desde a ovulação até a oviposição. (De Gilbert, AR (1971). The female
reproductive effort. In Physiology and Biochemistry of the Domestic Fowl. D.J. Bell e D.M. Freeman
(eds.). New York, Academic Press).
396 Ciclos Reprodutivos
Glândula da casca
Sp
Sg
10 20 30 40 50
L I I I I I
G Ovo membranoso mm
FIG. 18-6. A. A superfície luminal do magno e do istmo. B, A superfície luminal da glândula da casca e
sua junção com o istmo. C, Superfície luminal da vagina. D, Vista com maior poder de resolução das
pregas mucosas do magno. E, Vista com maior poder de resolução das pregas mucos as da glândula da
casca. F, Glândulas "hospedeiras de espermatozóides" da junção entre a glândula da casca e a vagina. G,
Um ovo in si tu no istmo. Notar o único envoltório membranoso e a típica forma do ovo. C, Cloaca; E,
epitélio; I, istmo; L, luz do oviduto; M, magno; Sg, "glândulas hospedeiras de espermatozóides"; Sh,
glândula da casca; Sp, espermatozóides; V, vagina.
terizado por paredes mais estreitas e mais to o ovo albuminoso está entrando no istmo,
finas, e por dobras luminares menos volumo- uma membrana é depositada naquelas par-
sas do que aquelas encontradas no magno. tes em contato com o tecido glandular. Na
Pouco se sabe sobre os mecanismos envolvi- galinha, a forma típica do ovo é produzida
dos na formação das proteínas da membrana pelas membranas e não pela casca calcificada,
da casca ou de sua liberação e deposição so- que é depositada sobre uma forma já pronta.
bre o ovo. Observou-se, contudo, que enquan- Neste estágio, as membranas estão frouxa-
Aves Domésticas 397
mente aplicadas sobre o ovo, que apresenta desenvolvimento gasta cerca de 15 minutos
cerca de 50% de sua massa final. no infundíbulo. No magno sua velocidade
A glândula da casca, também referida como média é de cerca de 2 mm por minuto, levan-
o útero, é caracterizada por uma secção em do portanto cerca de 2 a 3 horas para atra-
forma de bolsa ligada ao istmo por um "colo" vessar esta região (Fig. 18-5). O ovo leva cer-
curto e por extensa muscularização (Fig. ca de 1 a 1,5 hora para atravessar o istmo.
18-2). O ovo permanece na glândula da casca Cerca de 20 horas de seu tempo total de per-
por aproximadamente 20 horas. Durante as manência no oviduto (cerca de 26 horas) são
primeiras 6 horas ou aproximadamente, um gastas no útero. A passagem através da vagi-
fluido aquoso produzido pela região do colo na leva poucos segundos. Embora o mecanis-
passa para dentro do ovo, resultando em um mo de transporte do ovo ao longo do oviduto
aumento de duas vezes na massa da clara do não seja totalmente compreendido, a
ovo. Contudo, essa "inchação" pode continuar distensão do oviduto induzida pelo ovo foi
durante o tempo em que o ovo permanece na demonstrada pela excitação da musculatura
glândula da casca. Depois disso, o principal lisa e pelo aumento do ritmo de transporte do
processo é a calcificação. Durante seu está- ovo em codornas.
gio na glândula da casca, a rotação do ovo ao Não se conhece precisamente como é ini-
redor do eixo polar leva ao acabamento da ciada a oviposição, porém ambos os mecanis-
formação das calazas, que se iniciou no mos hormonal e nervoso estão envolvidos
infundíbulo, e à estratificação do albume (ver (Shimada e Saito, 1989). A contração da mus-
Fig. 18-1). culatura da glândula da casca força o ovo for-
A calcificação da casca provavelmente co- mado através da vagina na oviposição. Isto
meça no istmo, onde pequenas projeções da pode estar sob controle nervoso, pois o estí-
membrana, os centros mamilares, são forma- mulo do sistema nervoso central pode afetá-
dos. No útero, o crescimento de cristais de cal- Ia, porém hormônios também estão envolvi-
cita continua em um padrão constante de dos.
mineralização (cerca de 300 mg de cálcio por A vasotocina arginina, que é liberada da
hora). O oviduto não armazena cálcio, e cerca hipófise posterior, e prostaglandinas, originá-
de 20% do cálcio sanguíneo são removidos à rias do folículo pós-ovulatório formado há 26
medida que ele passa através da glândula da horas, também contribuem para a contração
casca. As células específicas responsáveis pela e para expulsão do ovo da glândula da casca.
transferência de cálcio para a luz parecem ser Com a contração da musculatura uterina,
as células epiteliais superficiais e não as cé- ocorre um relaxamento do "esfíncter" útero-
lulas epiteliais da glândula tubular. A tarefa vaginal, possivelmente análogo à cérvice dos
final do útero é a formação da cutícula e a mamíferos. O ovo é então empurrado à fren-
pigmentação; esta última consiste de te para dentro da vagina, e a distensão geral
porfirinas depositadas logo antes da postura. das paredes vaginais provoca o reflexo da
A vagina parece ser relativamente curta, postura. Isto envolve modificações da respi-
primariamente porque sua metade cranial é ração e posição, e a contração dos músculos
firmemente dobrada e intimamente ligada por abdominais.
tecido conjuntivo (Fig. 18-2). A camada mus- Armazenamento Espermático, Trans-
cular é bem desenvolvida e as pregas lumi- porte e Fertilização. Diferentemente da
nares são altas e estreitas. A vagina serve de maioria dos mamíferos em que os
passagem para o ovo formado do útero para a espermatozóides gastam considerável quan-
cloaca na oviposição. Ela possui também uma tidade de tempo no trato masculino e relati-
importante função na seleção, transporte e vo tempo curto no trato feminino, os
armazenamento de espermatozóides. espermatozóides de galo e de peru provavel-
Transporte do Ovo e Oviposição. O mente ficam armazenados não mais do que 4
transporte do ovo ao longo do oviduto é simi- a 5 dias nos dutos deferentes. Depois da có-
lar em todas as aves domésticas. O ovo em pula ou inseminação artificial, contudo, os
398 Ciclos Reprodutiuos
espermatozóides permanecem por períodos de galo e de peru são de forma filiforme e pra-
prolongados de tempo (até 32 dias na gali- ticamente indistinguíveis em microscopia óti-
nha, 70 dias na perua), alojados dentro dos ca ou eletrônica de varredura.
túbulos de armazenamento de sêmen do Comparadas aos espermatozóides de ma-
oviduto localizados na junção útero-vaginal míferos, as cabeças dos espermatozóides de
(Fig. 18-6). O modo como os espermatozóides galo e de peru são morfologicamente simples
entram, sobrevivem e obtêm êxito nesses (Bakst, 1980; Lake, 1981). O acrossomo em
túbulos de armazenamento é desconhecido. forma de cone contém material homogêneo e
O transporte dos espermatozóides para a é envolvido por uma membrana acros-
junção útero-vaginal é rápido, menos de uma somática contínua. Não há segmento equato-
hora; todavia, somente espermatozóides viá- rial ou lâmina densa acrossomática tipica-
veis entram nos túbulos de armazenamento. mente observados em espermatozóides de
Embora de início se julgasse estar associada mamíferos. Separando o acrossomo do núcleo
com oviposição, evidências atuais sugerem há um espaço subacrossomático, ocupado pelo
que a liberação de espermatozóides armaze- perforatorium. O núcleo consiste de grânulos
nados seja contínua ou episódica (Bakst, de cromatina condensada e é envolvido por
1981). Estes espermatozóides sobem para o uma membrana nuclear dupla. A região do
oviduto por meio de contrações da muscula- colo, que junta a cabeça ao segmento da cau-
tura lisa e/ou atividade ciliar e acumulam-se da, é formada por um complexo centriolar. O
nas pregas da mucos a e glândulas tubulares axonema, componente motor da cauda, origi-
curtas no infundíbulo dista!. Por ocasião da na-se do centríolo dista!. Circundando o com-
ovulação, os espermatozóides são liberados plexo centriolar estão cerca de 30 mitocôn-
(provavelmente por distensão do infundíbulo) drias, que formam a peça intermediária. O
para fertilizar os óvulos. Os espermatozóides annulus, um denso anel, marca o limite distal
que fazem contato com a camada perivi- da peça intermediária e o limite proximal da
telínica sofrem uma reação do acrossomo, peça principal. A peça principal dos
presumivelmente pela ação da enzima seme- espermatozóides de galo e de peru não apre-
lhante à tripsina, a acrosina, hidrolisando a senta bainha fibrosa e densas fibras externas
camada perivitelínica. Os espermatozóides observadas nos espermatozóides de mamífe-
passam então através deste sítio, tomam con- ros. O axonema, entretanto, é envolvido por
tato e subsequentemente fusionam-se com o uma bainha amorfa.
oolema (Howarth, 1984). Composição do Plasma Seminal e dos
A polispermia é observada no ovo da gali- Espermatozóides.Acomposição química do
nh~, mesmo que apenas um pró-núcleo mas- plasma seminal apresenta entre 50 e 60 cons-
culino se una ao pró-núcleo feminino. Estu- tituintes (Lake, 1971, 1981). O plasma semi-
dos in vitro indicam que os espermatozóides nal é essencialmente uma solução aquosa de
de galo e presumivelmente de peru não re- sais, proteínas e alguns aminoácidos. Na au-
querem um período de "capacitação" antes de sência do "fluido transparente" (um
penetrarem no óvulo (Howarth, 1970). É fato transudato cloacal), o plasma seminal do gálo
desconhecido se os espermatozóides liberados difere consideravelmente daquele dos mamí-
dos túbulos de armazenamento do oviduto feros. Ele é pobre em cloretos e quase com-
requerem um período de capacitação antes de pletamente ausente de frutose, citrato,
penetrarem no óvulo in vivo. ergotioneína, inositol, fosforil colina e glicero-
fosforil colina. O principal ânion é o glutama-
O MACHO to.
Eles estão suspensos na parede dorsal do cor- para os dutos dos epidídimos. Em conjunto
po, posteriormente ao pulmão e ventralmen- estes dutos são denominados de região
te ao rim. O suprimento sanguíneo é feito pela epididimária. O duto do epidídimo abre-se
artéria renal anterior e pela artéria testicu- dentro do duto deferente o qual é o primeiro
lar, não havendo plexo pampiniforme como local de armazenamento no macho. O duto
nos mamíferos (Lake, 1981). deferente é um tubo bastante enrolado, o qual
Em contraste com a disposição nos mamí- na sua extremidade distal, torna-se reto e
feros, os túbulos seminíferos não são agrupa- dilata-se levemente, passa através da parede
dos em lóbulos evidentes circundados por te- da cloaca e termina como extensão semelhan-
cido conjuntivo, mas sim ramificam-se e te a uma papila que se projeta dentro da
anastomosam-se livremente dentro da túni- cloaca (Fig.18-7). Não existem órgãos
ca albugínea. No galo adulto, extensões da reprodutivos acessórios tais como vesículas
túnica penetram entre os túbulos para agi- seminais, próstata, glândula de Cooper e glân-
rem como uma estrutura de suporte. O teci- dulas uretrais associados ao duto deferente.
do intersticial é desprezível, porém contém No galo que não tenha ejaculado, os
as células de Leydig secretoras de andrógenos. espermatozóides atravessam o duto deferen-
Os túbulos seminíferos de machos imaturos te em cerca de 84 horas, ao passo que em
são alinhados por uma camada simples de machos que já ejacularam, os espermato-
células de Sertoli e espermatogônias zóides requerem 24 a 48 horas.
pedunculadas, enquanto que os machos adul- O macho não tem um órgão penetrador (p.
tos possuem túbulos de formas irregulares ex., pênis), porém um falo que faz contato com
alinhados por um epitélio germinativo de a vagina em eversão durante a cópula. A ere-
múltiplas camadas. As espermatogônias dão ção do falo resulta do ingurgitamento com um
origem aos espermatócitos primários, fluido semelhante a linfa derivado do corpus
espermatócitos secundários e espermátidas. vascularis paracloacalis (corpo vascular),
Estas últimas progressivamente se transfor- uma extensão craniolateral do falo localiza-
mam em espermatozóides (espermiogênese). do na parede da cloaca.
O tempo necessário para a maturação dos Os espermatozóides testiculares recupera-
espermatozóides nos testículos depende da dos de galos são férteis porém apenas quan-
espécie aviária. Usualmente, as do cirurgicamente introduzidos dentro da
espermatogônias multiplicam-se ao redor da porção média anterior do oviduto
quinta semana após a incubação, e os (Howarth,1984). O sêmen removido da por-
espermatócitos primários aparecem ao redor ção proximal do duto deferente é altamente
da sexta semana. Ao redor da décima sema- fértil após inseminação vaginal (Bakst e Cecil,
na, estas células multiplicam-se rapidamen- 1981).
te, aparecem os espermatócitos secundários
e os túbulos aumentam de tamanho. As CONTROLE DA PRODUÇÃO DE
espermátidas logo depois aparecem e ocorre GAMETAS
um contínuo desenvolvimento nos túbulos até
a vigésima semana. Depois disto, os testícu- A Fêmea
los são capazes de produzir espermatozóides
em grandes quantidades. Início da Produção de Ovos
Os galos e os perus não possuem os carac- A galinha atinge a maturidade sexual com
terísticos epidídimos enrolados e subdividi- 18 a 20 semanas de idade. Ela começa a bo-
dos como a maioria dos mamíferos. Esperma- tar ovos nessa época atingindo produções má-
tozóides testiculares passam dos túbulos ximas de 90% dentro de várias semanas. A
seminíferos através da rete testis para os dutos galinha jovem bota muitos ovos em sequência
eferentes. A partir dos dutos eferentes os de dias antes de falhar um dia. Este padrão
espermatozóides atravessam uma série de de postura diária seguido da falha de um dia
dutos conectados e são então transportados é chamado de uma sequência ou ninhada. À
400 Ciclos Reprodutivos
Estigma
Parede
Camada
-1da
Folicular
Teca
Teca
Externa: ~ ~}m~l-
~
,.trZ>-=-=-',0'."'rã~
'..~ ~:
-'-=-. '
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~ .
.' Célula
Aromatase
~!~:;-',:_:~~.:~ .
~ ::~--~.-: ::~>Fibroblastos
Teca "'-,~~:~~-~~-,':".
Interna
~ { ~~~~~_Célula,
:'-"'--~;,;i':;~:~~~.:~
.
In:erstlClal
amada Granulosa
-{ r;01<Dl:~I'<$tC$E
'~'o. 'o': .',~ '.0'. o. - :'. - Granulosa
Celula
r-:':""::":-""""'::~""'::::"';'
FIG. 18-7, Estrutura anatômica do folículo pré-ovulatório. A fina parede folicular consiste da teca e
camadas granulosas. A camada da teca é dividida em teca externa e teca interna. A teca externa consiste
de células aromatases (células produtoras de estrógenos), fibroblastos e matriz extracelular. A teca in-
terna consiste primariamente de células intersticiais (locais de síntese de progestina e de andrógenos).
A camada granulosa, separada da camada da teca pela membrana basa!, é uma camada celular simples
e é o local primário da síntese de progesterona nos folículos pré-ovulatórios.
medida que a galinha envelhece o tamanho é constituída de uma camada única de célu-
da sequência encurta; p. ex., ela vai cair de las, enquanto que células intersticiais,
uma sequência de 10 a 20 ovos para uma ni- fibroblastos e células aromatases estão pre-
nhada de 4 a 5 ovos e o índice de produção vai sentes nas camadas da teca interna e exter-
diminuir para 60 a 70%.Esta diminuição gra- na. A camada granulosa produz primariamen-
dual do número de ovos de uma ninhada é o te progesterona com pequenas quantidades
resultado do aumento no tempo requerido de andrógenos. As células intersticiais da teca
para o maior folículo se tornar capacitado interna produzem alguma progesterona e
para ovular e de um intervalo maior entre principalmente andrógenos, enquanto que as
ovulações. Para uma revisão mais extensa células aromatases da teca externa são o lo-
deste tópico, veja Bahr e Palmer (1989). cal da produção de estrógenos (Nitta et aI;
1991). À medida que os folículos pré-
Anatomia e Função do Ovário ovulatórios crescem (F5-Fl), há um aumento
significativo na produção de progesterona
o ovário da galinha poedeira contém nu- pela camada granulosa e uma diminuição
merosos folículos pequenos (1 a 10 mm de diâ- gradual na secreção de andrógenos e
metro), 5 a 6 folículos maiores pré-ovulatórios estrógenos pela camada da teca (Bahr et al.,
alinhados hierarquicamente e vários folículos 1983; Etches e Duke, 1984). Estas modifica-
pós-ovulatórios. Os folículos pré-ovulatórios ções dramáticas na produção de esteróides são
são numerados de acordo com seu tamanho o resultado de uma troca em resposta às
sendo FI o maior folículo e o próximo a ovular; gonadotrofinas (isto é, a camada granulosa
F2, o segundo maior folículo deverá ovular no torna-se mais suscetível ao LH à medida que
dia seguinte ao FI e assim por diante. O o folículo FI aproxima-se da ovulação) e da
folículo consiste do oócito e de diversas cama- remoção de uma inibição da camada da teca
das de tecido, principalmente, a membrana (especificamente, andrógenos e esttógenos)
vitelínica e a zona radiata (as camadas mais sobre a produção de progesterona pela cama-
internas); a camada perivitelínica; a camada da granulosa (Johnson et aI., 1987).
granulosa; a camada da teca (interna e ex- A produção de esteróides pelo ovário é es-
terna); tecido conjuntivo frouxo e o epitélio sencial para a reprodução e a postura das
superficial (a camada mais externa) (veja galinhas (Fig.18-8). A progesterona induz a
Figs.18-3, 18-4 e 18-7). A camada granulosa onda pré-ovulatória de LH de uma maneira
Aves Domésticas 401
A 8 c 'ginina Vasotocina
Progesterona
IProstaglandinas
Glândula
da Casca
'l!."!\~~'\'"'-Istmo
CaCO.
Proteína da Gema
~m1
'Estrógeno
CRESCIMENTO SECREÇÃODACLARA FORMAÇAO
DACASCA
FOLICULAR E OVULAçÃO E OVIPOSIÇÃO
FIG. 18-8. Resumo do controle endócrino de, A, crescimento folicular e ovulação; B, secreção de albume;
C, formulação da casca e oviposição na galinha. Nota: A, B e C representam estágios separados do ciclo
ovulatório. (De Nitta, H., Osawa, Y. and Bahr, J.M. (1991). Multiple steroidogenic cell populations in the
thecallayer ofpreovulatory follicles ofthe chicken ovary. Endocrinology 129, 2033.)
1900
,.
Onda de LH
d
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J';ijl"'- .X -Formação~
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0930 do Ovo A 1100
WL
Ff
Dia 2Itr:~r~
FIG. 18-9. Descrição em diagrama dos eventos durante o ciclo ovulatório de uma galinha botando uma
sequência de quatro ovos. A área sombreada indica o período sem luz. C1 (primeiro ovo botado), C2
(segundo ovo botado), Ct-l (terceiro ovo botado) e Ct (ovo terminal) referem-se à posição do ovo na sequência.
As concentrações de LH no sangue são ligeiramente elevadas por ocasião da ausência de luz (crepuscu-
lar) seguidas pela onda de LH. O folículo FI ovula 6 horas mais tarde e é oviposto aproximadamente 26,5
horas após. A onda de LH ocorre mais tarde e a cada noite até que eventualmente não mais ocorra onda
de LH. Consequentemente, a ovulação e a oviposição não ocorrem. O dia em que não há postura de ovo é
chamado de dia de pausa. (De Nitta, H., Osawa, Y. and Bahr, J.M. (1991). MuItiple steroidogenic cell
populations in'the thecallayer ofpreovulatory follicles ofthe chicken ovary. Endocrinology 129,2033.)
Aves Domésticas 403
as galinhas sofrem a muda quando a produ- patibilidade física, baixa libido e problemas
ção de ovos diminui para 50 a 60%. A muda de pernas e de pés. As desvantagens da IA
também pode ser efetiva e humanamente são devido a questões econômicas e incluem:
induzida administrando às galinhas um o associado alto custo do trabalho; a necessi-
hormônio liberador de gonadotrofinas dade de usar gaiolas em oposição às
(GnRH), um agonista que bloqueia a libera- reprodutoras criadas no chão; a necessidade
ção de LH causando regressão do trato de trabalho habilidoso; e a falta de documen-
reprodutivo (Dickerman e Bahr, 1989). Uma tação ilustrando os lucros potenciais deriva-
revisão mais completa da endocrinologia dos de um programa de IA.
reprodutiva é apresentada por Bahr e
Johnson (1991). COBERTURA NATURAL
tos com a finalidade de diluir o sêmen e de por números degenerativos dentro das espé-
garantir a viabilidade dos espermatozóides. cies.
Procurar referência em Bakst (1990) para Colheita de Sêmen, Avaliação e
explicaçõesdetalhadas de diluentes do sêmen Inseminação. A técnica da massagem abdo-
e técnicas de conservação (armazenamento minal para colheita de sêmen envolve suave
líquido e criopreservação). massagem do abdômen enquanto que a mão
Em consequência da conservação satis- oposta simultaneamente faz movimentos rít-
fatória por curto período do sêmen de peru, micos na parte baixa do posterior e penas da
foram estabelecidos centralizados "postos em cauda do reprodutor contido. Quando a
fazendas" por muitos criadores de perus. Com tumescência fálica é atingida, as mãos do téc-
facilidades centralizadas, os machos são sub- nico são colocadas ao redor da cloaca e o pole-
metidos a protocolos de manejo com a finali- gar e dedo indicador da mão superior pressio-
dade de otimizar a produção de sêmen e di- nam levemente a cloaca para baixo, enquanto
minuir os custos de produção. Benefícios a mão superior exerce suave pressão para
econômicos incluem lucros na alimentação cima. Para minimizar a disseminação de
porque os reprodutores requerem menos pro- agentes patogênicos, deve-se tomar cuidado
teínas (10 vs. 17%) e lucros em energia por- para não tocar as estruturas da cloaca. O sê-
que os machos exigem menor intensidade de men, que surge no falo após cada pressão da
luz do que as peruas (20 lux ou mais vs. 50 cloaca, é recolhido em um tubo seco e limpo.
lux ou mais) para permanecer na produção Geralmente, podem-se realizar duas colhei-
de sêmen. O número total de machos pode ser tas semanais sem afetar o volume de sêmen
reduzido com 1 macho para 20 fêmeas, o que e a concentração espermática.
diminui os custos de produção e permite tam- A avaliação do sêmen começa por ocasião
bém maior pressão de seleção para melhorar da colheita. Sêmen de boa qualidade deve ser
o desempenho do mercado aviário. Finalmen- viscoso (o sêmen de galo é menos viscoso que
te, os custos do trabalho são mais baixos por- o do peru) e branco-cremoso. A utilização de
que a mesma equipe frequentemente colhe o sêmen descorado, aquoso ou contaminado por
sêmen de manhã e insemina mais tarde no material fecal, uratos ou sangue, leva a dimi-
dia. nuição da fertilidade, particularmente se o
A conservação por longos períodos do sê- sêmen for submetido à conservação por perío-
men a -196°C (nitrogênio líquido) é conse- dos curtos ou longos. Se possível, uma ava-
guida pelo congelamento em diluidor conten- liação crítica deve ser feita em uma base in-
do um crioprotetor adequado. A fertilidade dividual, particularmente quando se
resultante de galinhas inseminadas com selecionam reprodutores. Os parâmetros as-
espermatozóides descongelados é ao redor de sinalados anteriormente - assim comoo volu-
60 a' 70%, enquanto que nas peruas é geral- me seminal, concentração espermática,
mente menos de 50%. Embora exista um po- motilidade, morfologia e porcentagem de
tencial para a distribuição mundial de mate- espermatozóides vivos - devem todos ser usa-
rial genético, a aplicação comercial da dos para avaliar uma amostra de sêmen.
tecnologia de sêmen congelado tem sido limi- A inseminação envolve a colocação de um
tada primariamente devido ao congelamento volume predeterminado (geralmente menos
de sêmen de linhagens genéticas selecionadas de 0,1 ml) de sêmen com um mínimo de 100 a
de aves para subsequente reprodução com 200 milhões de espermatozóides viáveis na
"pedigrees". Todavia, as técnicas de criopre- vagina da galinha. O sêmen é colocado den-
servação estão sendo usadas para preservar tro de uma palheta fina (cerca de 5 mm de
sêmen de aves não-domesticadas e em risco diâmetro externo), seja manualmente ou com
de extinção. A manutenção de um "pool" ge- um dispositivo mecânico, sendo a palheta
nético diverso pelo uso de crioprotetores de montada em uma seringa dosificadora ou de
sêmen contribuiria para atenuar problemas borracha. O orifício vaginal é exteriorizado
associados com consanguinidade provocados para a inseminação com um procedimento
Aves Domésticas 405
velmente com o galo (Sexton, 1983). Infeliz- of spermatogenesis in lhe cockereL J. Reprod.
mente, usando tratos de qualidade de sêmen FertiL 51, 153.
como os precedentes para predizer a fertili- Dickerman, RW. and Bahr,lM. (1989). Molt induced
by gonadotropin-releasing hormone agonist as
dade do sêmen produziram observações con- a model for studying endocrine mechanisms of
traditórias (Wilson et aI., 1979). molting in laying bens. Poult. Sci. 868, 1402.
Um detalhe importante para um progra- Etches, RJ. and Duke, C.E. (1984). Progesterone, an-
ma de IA satisfatório é a seleção de repro- drostenedione and oestradiol content of theca
and granulosa tis sue of lhe falir largest ovarian
dutores machos. Com o peru, programas de
foHicles during lhe ovulatory cycle of lhe hen
luz e alimentação deverão começar suficien- (Gallus domesticus). J. EndocrinoL 103, 71.
temente precoces para garantir a total expres- Gilbert, A.B. (1971a). The egg: its physical and chemi-
são de seu potencial de crescimento para a cal aspects. In Physiology and Biochemistry of
idade de mercado (cerca de 18 semanas). Após lhe Domestic FowL D.J. BeH and B.M. Freeman
(eds.). New York, Academic Press.
a seleção para tamanho, conformação, apti-
Gilbert, A.B. (1971b). The ovary. In Physiology and
dão das pernas e outros importantes traços Biochemistry of lhe Domestic FowL D.J. Bell
econômicos, os machos deverão ser mantidos and B.M. Freeman (eds.). New York, Academic
com uma dieta restrita, resultando em um Press.
peso corpóreo com 30% a menos do que os Gilbert, A.B. (1979). Female genital organs. In Form
machos intensamente alimentados, às 30 se- and Function in Birds. A.S. King and l McLel-
land (eds.). New York, Academic Press.
manas de idade. Nesta época, 10 a 12 ma-
Griffin, H.D., Perry, M.M. and Gilbert, A.B. (1984).
chos para 100 peruas podem ser selecionados Yolk formation. In Physiology and Biochemistry
como reprodutores baseados primariamente of lhe Domestic FowL B.M. Freeman (ed.). Lon-
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Aves Domésticas 407
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V. técnicas para
melhorar a
eficiência
reprodutiva
19
AVALIAÇÃO DE SÊMEN
E.S.E. HAFEZ
Concentração Espermática
Contagem Espermática
FIG. 19-2. DUra-estrutura espermática após a técnica de congelamento. Incidência geral da região pós-
acrossomo. Ruptura da membrana plasmática por fratura mostrando numerosas partículas (P).
Diferenciação fundamental da lâmina pós-acrossõmica está visível; recorte anterior (8), estriação (lII) e
fileiras paralelas posteriores de partículas orientadas em várias direções (R). Caudalmente a lâmina
pós-acrossõmica está limitada pelo anel posterior (PR) (37.000x). (Fotografia cedida pelo Dr. J. Flechon.)
A
~ ~ p
L ~ .11
d ondensado
.
e B
FIG. 19-4. a, Lâmina de hemocitômetro utilizada FIG. 19-5. (Acima) Câmara após a cobertura ser
para estimar a concentração de espermatozóides colocada na base inferior. (Abaixo) Secção trans-
em amostra de sêmen e por isso seu potencial de versal da câmara de contagem. C = cobertura de
dil].lição para utilização em inseminação artificial. vidro; L = parte inferior; P = pino elevado de quart-
b, c, d, Cada quadrado possui área conhecida e a zo. A área escura indica a porção metálica da câ-
espessura entre a lamínula e a lâmina também é mara. A. Antes uma gota do espécime aplicado na
conhecida, possibilitando o cálculo das células por porção inferior é coberta. B. Após colocação da co-
unidade de volume (e). bertura de vidro. A gota foi espalhada no espaço
de 10 Jlm da câmara.
, i
\ 0
l~! ~It~~~f@ 8peça Anormali-
dupla dade da
cauda
~ o
G--'
FIG. 19-8. Anomalias morfológicas de espermatozóides. (Acima) Tabela para registro de anormalidades
espermáticas. Esta tabela pode ser desenhada em um rótulo enquanto se faz a avaliação microscópica
das amostras de sêmen. (Abaixo) Algumas anormalidades espermáticas herdadas associadas com falhas
reprodutivas em touros. A, Efeito diadema; B, espermatozóide de "knobbed"; C, cabeça decapitada; D,
coto de cauda esterilizante; E, dag defeito; F, pseudogota; G, defeito em saca-rolhas.
intermediária, caudas enroladas e outras tudo, o modo de herdabilidade não é claro por
anormalidades (Fig. 19-8). causa do pequeno número de animais inves-
tigados. O defeito, confinado ao limite ante-
Defeitos Espermáticos Herdados rior da porção pós-nuclear, resulta de
invaginações da membrana nuclear e é um
Uma variedade de defeitos estruturais de sintoma de distúrbio da espermatogênese. d
espermatozóides pode provocar esterilidade defeito "knobbed sperm", encontrado princi-
ou subfertilidade em touros ou cachaços in- palmente em touros holandeses, toma a for-
terferindo com a fertilização. Alguns destes ma de um acrossomo; ele afeta todos os
defeitos espermáticos são hereditários; con- espermatozóides do ejaculado e os touros afe-
Avaliação de Sêmen 419
tados são estéreis. É uma característica he- Técnica Supravital de Tripla Coloração
reditária devido a um gene recessivo
autossômico. Um "knobbed sperm" similar foi A análise rotineira de sêmen inclui usual-
encontrado no sêmen de suínos Large White. mente a avaliação da morfologia espermática,
Após a inseminação, os espermatozóides afe- desde que uma baixa porcentagem de formas
tados não fertilizaram os óvulos. de cabeças normais está correlacionada com
O defeito de decapitação é uma anormali- o potencial de fertilidade diminuída. A
dade da cauda espermática no sêmen de tou- morfologia espermática geralmente é deter-
ros Guernsey estéreis (Fig.19-8). Ele está minada utilizando-se métodos de coloração
associado com uma anormalidade ultra-es- que não distinguem entre espermatozóides
trutural no colo ou região de implantação vivos e mortos. Todavia, a morfologia dos
do espermatozóide. Estes espermatozóides de- espermatozóides vivos correlaciona-se melhor
feituosos desintegram-se em cabeças e cau- com a fertilidade potencial do que com a
das isoladas na cabeça do epidídimo. No dag morfologia espermática total de um ejaculado.
defeito notado no sêmen de 3 touros inférteis Nas técnicas de coloração, é importante que
da raça Jersey dinamarquesa, a peça princi- as reações normais do acrossomo sejam cla-
pal é fortemente dobrada e enrolada sobre a ramente distinguidas da reação degenerativa
peça intermediária, dando a impressão de de espermatozóides mortos. Uma técnica de
uma cauda curta. Este defeito é devido a ele- tripla coloração, permitindo uma direta con-
vados níveis de zinco nos espermatozóides, tribuição da reação normal do acrossomo de
assim como no plasma seminal. Acima de 60% espermatozóides fixados pode ser utilizada
das cabeças espermáticas apresentavam cur- para avaliar espermatozóides que reajam em
tos troncos de cauda, com 2 a 3 ~m de com- sêmen fresco e capacitado, normal ou anor-
primento. Um outro defeito espermático en- mal (Plachot et al.,1984, Jager et aI., 1985)
contrado em touros holandeses estéreis é a (Fig.19-9).
pseudogota caracterizada por um espessa-
mento arredondado ou alongado da peça in- Mortos "Vivos"
termediária. Um defeito raro da cauda branco
espermática notado em touros idosos, especi- rosa
almente na raça Vermelha Dinamarquesa, é
uma peça intermediária em forma de saca-
rolhas em 15 a 50% dos espermatozóides; es- \ /
azul escuro
tes espermatozóides estavam mortos. preto
Espermatozóides Vivos/Mortos
~
a 37°C por 15 minutos com igual volume de B'
f ; ,:' o ' ,
2% de azul tripan em solução salina "buffer" .,;.' ,o'~ 'o
!,! :i
fosfatada, pH 7,4 (PBS). Em misturas do azul j:A' ('o "
'" 0000
x""
supravital é determinada diretamente após
a incubação. Antes da fIXação, as misturas de
coloração supravital e sêmen são pré-trata- o. ,../(~r:"i "'7,.~o~\,~~,
das à temperatura ambiente, conforme se se- Cif,.o.or~
gue: S::-" 'o,..
A. Um esfregaço é feito de sêmen não di-
luído ou então de uma mistura 5 a 10
';; :~;?"'f" ",;:[1"
vezes diluída (10 misturas).
B. A mistura é diluída com 2 ml de PBS, FIG. 19-10. Vários padrões de motilidade
cuja suspensão é colocada para sedimen- espermática da ampola e do ejaculado. A.
tação por 4 horas. Espermatozóides ejaculados em balanço; B.
C. A mistura é centrifugada entre 400 a Espermatozóides ejaculados que não balançaram.
1800 g por 10 minutos. Os "pellets" são C. Espermatozóides ampolares em c'rculo pequeno;
D. Espermatozóides ampolares em círculo de raio
novamente suspensos em 2 ml de PBS e moderado, cerca de 20 /lm. (De Suarez, D.S., Katz,
centrifugados à mesma velocidade (12 D.F. and Overstreet, J.W. (1983). Movement
misturas). characteristics and acrosomal status of rabbit
As lâminas triplamente coradas são exa- spermatozoa recovered at the site and time of
minadas ao microscópio com aumento de fertilization. Biol. Reprod. 29, 1277-1287.)
1000x a 1250x com filtro claro. Examinam-se
duas preparações de cada amostra de sêmen, Fatores que Afetam a Motilidade
e em cada preparação, são contados 100 Espermática
espermatozóides classificados de acordo com
a presença ou ausência de acrossomo, A motilidade é essencial para a fertilida-
espermatozóides vivos ou mortos e formas de. Todavia, a motilidade, muito embora seja
normais ou anormais da cabeça (Fig.19-9). uma característica essencial de esperma-
Nas preparações de coloração tripla deve-se tozóides saudáveis, não é necessariamente
prestar particular atenção às anormalidades indicativa da capacidade fertilizante.
da cauda e à presença ou ausência de gotas Espermatozóides normais perdem sua habi-
citoplasmáticas e células arredondadas. lidade fertilizante antes de perder sua
motilidade. Além disso, espermatozóides
anormais podem apresentar movimentos nor-
MOTILIDADE ESPERMÁTICA mais e ao mesmo tempo serem incapazes de
fertilizar o óvulo. Enquanto que a motilidade
Os espermatozóides são células altamente pode colaborar no transporte de esperma-
especializadas, muito bem destinadas a cum- tozóides do local de deposição para o local da
prir um único objetivo: fertilização de um óvu- fertilização, ela provavelmente é secundária
lo. Para conseguir a fertilização, entretanto, a outros mecanismos de transporte, tais como
o esperma precisa primeiro ter acesso ao óvu- contratilidade muscular e movimentação
lo. Durante seu transporte no trato repro- ciliar do trato reprodutivo feminino. A
dutivo do macho e da fêmea, os esperma- motilidade espermática por si toma-se crucial
tozóides encontram diferentes ambientes nos ao facilitar a passagem através da cérvice e
quais eles devem sobreviver. A capacidade da da junção útero-tubárica; ainda mais impor-
motilidade progressiva desenvolve-se à me- tante, ela possibilita a penetração das célu-
dida que a morfologia e a função metabólica las do cumulus oophorus e da zona pelúcida
dos espermatozóides amadurece (Fig.19-10). do óvulo. Vários fatores endógenos e exógenos
Avaliação de Sêmen 421
fatores
EXÓGENOS
morfológica
fisiológica
bioquímica
FIG. 19-11. Alguns fatores endógenos e exógenos que influem sobre a motilidade espermática.
~ 01020
~
FIG. 19-12.A, B e C. Traços da junção cabeça-colo
de espermatozóides móveis do epidídimo. Ajunção
espermática
Motilidade
cabeça-colo foi marcada
disposições consecutivas
em 150
(1 segundo total). A.
de uma típica cabeça espermática
incubada por 15 minutos a 37°C em ensaio
tamponado com teofilina sem padrão de motilidade
c progressiva (FMP). B. Mostra o traçado de uma
cabeça de espermatozóide incubada identicamente,
porém com a adição de uma concentração saturada
n de FMP puro. C. Mostra o traçado de uma típica
cauda espermática incubada similarmente sem
adição de teofilina ou de FMP. A escala em A está
C em micrômetros, e os X's marcam os pontos nos
quais começam os traços. (De Acott et aI. (1983).
Movimentos característicos de espermatozóides
a epididimários de touro; efeitos de motilidade
progressiva protéica e maturação epididimária.
D BioI. Reprod. 29, 389-399). D, E e F. As vias
líquidas, curvilíneas e médias de três típicos rastos
de 2 segundos de movimento espermático (61
n n pontos a 30 unidades por segundo). n,
Deslocamento líquido ligando o primeiro e o último
ponto; c, via curvilínea da junção cabeça-peça
intermediária; a, média de movimento em cinco
E
a~ F
5
A[ eiJo O ]--111 DI
~; B[ @ O ]--1 ~
o sêmen
O I
@ muco cervical
;6 .
o
D .(;)
rA~
, F
0102010
I. I. I . I
FIG. 19-15. Reação de espermatozóides humanos (A,B,C,D) e de macaco (E,F,G) com zona livre de
óvulos de hamster. A. Micrografia em varredura eletrônica de zona livre de oócito de hamster com
espermatozóides morfologicamente anormais associados às microvilosidades do oócito. B. Micrografia
em varredura eletrônica de um espermatozóide com cabeça redonda unido às microvilosidades do oócito.
C. Micrografia eletrônica de transmissão de um espermatozóide humano com gota citoplasmática (flecha)
que já sofreu a reação do acrossomo. Este espermatozóide está associado com as microvilosidades do
oócito de hamster preliminarmente ao processo de fusão da membrana. D. Secção através de uma cabeça
espermática anormal associada com a zona livre do oócito de hamster. Notar que esta cabeça de
espermatozóide apresenta dois componentes nucleares e que a cromatina parece anormalmente
condensada. (De Barros et aI. (1985). Selection of morphologically abnormal spermatozoa by human
cervical mucus. Arch. AndroI.16) E,F,G. Zonas livres de óvulos de hamster (fixados e corados com Lacmoid)
após incubação com espermatozóide de hamster (E) ou espermatozóide de macaco (F,G). Cabeça
espermática inchada, indicando fases iniciais de fertilização, é vista em A. Nenhum sinal de penetração
foi observado com sêmen de macaco. (De Kreitmann et aI (1982). Ovum collection transfer in primates.
In In vitro Fertilization and Embryo Transfer. E.S.E. Hafez and K. Senin (eds.). Lancaster, UK, MTP
Press.)
426 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiua
Meia-noite
IAM.
2 Final do diestro Cio Meio-diestro Final do diestro
3 Ovulação
4,5,6
7 Corrimento vaginal Corrimento pós- Corrimento vaginal
claro, fluido fino ovulatório com amarelado; às vezes
8 em pequena quantidade copiosa um tampão ceroso
quantidade de material espesso
9 cremoso branco opaco
e odor acre de queijo
As zonas livres dos óvulos de hamster pre- pressão atmosférica por poucas horas. Os óvu-
paradas são adicionadas a 0,2 a 0,3 ml de los cultivados são lavados com meio fresco
espermatozóides capacitados suspensos sob de BWW para remoção dos espermatozóides.
óleo de silicone em uma placa de petri esteril. Os óvulos são então transferidos para uma
As zonas livres dos óvulos são incubadas a lâmina de vidro e fIXados em uma mistura de
37°C ou 38°C sob 5% de C02: 95% de ar em etanol e ácido acético por 2 a 3 horas e então
corados com corante de acetolacmóide a 0,3%.
TABELA 19-6. Indicadores Químicos da Os óvulos corados são examinados em
Atividade Secretora microscopia de fase (400 X a 1000
de contraste
Secreções de Marcadores Bioquimicos paraAvaliar X) para verificar ocorrência de penetração
Órgãos a Atividade de Órgãos
espermática (presença de cabeças
Próstata Ácido cítrico, fosfatase ácida, zinco espermáticas inchadas com a cauda sobrepos-
Epidídimo Glicerilfosforilcolina ta ou extremamente associada dentro do
Vesícula seminal Frutose, proteínas, prostaglandinas vitelo), Os óvulos são considerados penetra-
428 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
FIG. 19-16. Imobilização e aglutinação dos espermatozóides por indução da Echeveria gibbiflora,
comumente conhecida por "Orelha de Burro" (OBACE), planta mexicana utilizada como anticoncepcio-
nal em mulheres. A. Fotografia: das folhas de Echeveria gibbiflora em arranjo de roseta. B. Aumento de
um grumo de espermatozóides lavados aglutinados de coelho, em microscopia de contraste de fase (830
X). C. Padrão de aglutinação de espermatozóides lavados de homem tratados com OBACE (350 X). D.
Micrografia em contraste de fase do padrão de aglutinação de espermatozóides de suíno e bovino induzida
pelo OBACE (350 X). (De Huacuja et aI. (1985). Immobilization and agglutination effect of Echeveria
gibbiflora aqueous crude extract on human spermatozoa. Arch. AndroI., 40,71-79.)
Avaliação de Sêmen 429
É um teste simples e econômico utilizado Aeott, T.S., Katz, D.F. and Hoskins, D.D. (1983).
como auxiliar adicional na avaliação da ha- Movement eharaeteristies of bovine epididymal
spermatozoa: effeets of forward motility protein
bilidade fertilizante de espermatozóides hu- and epididymal maturation. Bio!. Reprod. 29,
manos (Jeyendran et aI., 1985) e da integri- 389-399.
dade funcional da membrana espermática. Barros, C. and Leal, J. (1982). ln vitro fertilization
Para realizar este teste, 0,1 ml de ejaculado and its use to study gamete interaetions. ln ln
Vitro Fertilization and Embryo Transfer. E.S.E.
não-diluído é misturado com 1 ml de solução
Hafez and K. Semm (eds.). Laneaster, England,
consistindo de partes iguais de frutose e MTP Press.
citrato de sódio a 150 mOsm em água. Após Barros, C., Vigil, P., Herrera, E., Arguello, B. and
incubação por 30 a 60 minutos a 37°C, os Walker, R (1985). Seleetion of morphologiea!l}
espermatozóides são observados em micros- abnormal spermatozoa by human eervieal mu.
cópio de contraste de fase, determinando-se eus. Areh. Andro!. 16, 255-260.
Fujita, T. (1975). Abnorrnal spermatozoa and infertil-
a proporção de espermatozóides exibindo a ity (man). ln Seanning Eleetron Microseopial
inchação da cauda. Atlas of Mammalian Reproduction. E.S.E Hafez
O teste HOS apresenta alta correlação com (ed.). Tokyo, Japan, Igaku Shoin.
a habilidade dos espermatozóides humanos Huacuja, L., Taboada, J., Ortega, A., Merchant, H.,
Reyes, R and Delgado, N.M. (1985). Immobiliza-
de tornarem-se capacitados e penetrarem os tion and agglutination effects of &heveria gib-
oócitos desnudados de hamster (teste do biflora aqueous crude extract on human sperma-
hamster), enquanto que existe menor corre- tozoa. Arch. Andro!. 40, 71-79. .
lação entre o teste de hamster e os Jager, S., Kuiken, J. and Kremer, J. (1985). Triple
parâmetros-padrão do sêmen. O HOS testa staining of spermatozoa for routine investigation
of human semen. Technical aspects. Arch. An-
os parâmetros-padrão do sêmen em relação a dTO!. 13. .
capacidade dos espermatozóides de fertilizar Jeyendran, RS., Van der Ven, H.H., Reid, D., Perez-
oócitos humanos in vitro. Se os resultados do Pelaez, P., Diedrich, K. and Zaneveld, L.J.D.
teste HOS forem utilizados em combinação (1985). The hypoosmotic swelling (HOS) test as
an indicator of the fertilizing capacity ofhuman
com os parâmetros-padrão do sêmen, os fal-
spermatozoa, current clinicaI and basic investi-
so-negativos podem ser evitados e os falso- gations. ln ACOG, 33rd Clinieal Meeting. New
positivos podem ser mais minimizados. Vári- York, Elsevier.
os métodos são aplicados para avaliar a Kreitmann, O., Lynch, A., Nixon, W.E. and Hodgen,
G.D. (1982). Ovum collection, induced luteal
viabilidade e a capacidade de fertilização dos
dysfunetion, in vitro fertilization, embryo deve!-
espermato-zóides (Tabelas 19-4 a 19-6; Figs. opment and low tuba! ovum transfer in primates.
19-2, 19-16). ln Vítro Fertilization and Embryo Transfer.
E.S.E. Hafez and K. Semm (eds.). Laneaster, UK,
MTP Press.
Aglutinação Induzida de Espermatozóides
Magalhaes, H. (1970). Hamsters. In Reproduction
and Breeding Techniques for Laboratory Ani-
Existem cerca de 200 espécies de plantas maIs. E.S.E. Hafez (ed.). Philadelphia, Lea &.
cujos extratos ou infusões têm sido utilizados Febiger.
como anticoncepcionais. Uma destas plantas O'Connor, M.T., Amann, RP. and Saacke, RG.
é a "Orelha de Burro" (OBACE), nome comum (1982). Comparisons of eomputer evaluations of
spermatozoaI motility with standard laboratory
da Echeveria gibbiflora da família tests and their use for predieting fertility. J
Crassulaceae (33 gêneros e 1300 espécies) Anim. Sei. 53, 1368-1376.
(Huacuja el aI.,1985). Esta planta é profusa- Plaehot, M., Mandelbaum, J. and Junca, A. (1984).
430 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
Acrosome reaction of human sperm used for in Tessler, S. and Olds-Clarke, P. (1985). Linear and
vitro fertilization. Fertil. Steril. 42, 418-423. nonlinear mouse sperm motility patterns: a
Suarez, D.S., Katz, D.F. and Overstreet, J.W. (1983). quantitative classification. J. Androl. 6, 34-44.
Movement characteristics and acrosomal status Zaneveld, L.J.D. and Polakoski, K.L. (1977). Collec-
of rabbit spermatozoa recovered at the site and tion and physical examination of the ejaculate. In
time of fertilization. Biol. Reprod. 29, 1277- Techniques of Human Andrology. E.S.E. Hafez
1287. (ed.) Amsterdam, North Holland, EIsevier.
20
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
E.S.E. HAFEZ
A inseminação artificial (IA) é a técnica sin- sexos, por meio da separação dos
gular mais importante já idealizada para o espermatozóides portadores dos cromossomos
melhoramento genético dos animais. Isto tor- XeY.
na-se possível porque poucos reprodutores Quando praticada corretamente, as des-
altamente selecionados produz~m vantagens são poucas. Contudo, é necessário
espermatozóides suficientes para inseminar contar com pessoal suficientemente bem trei-
milhares de fêmeas por ano, enquanto q-q.ere- nado para proporcionar serviço apropriado, e
lativamente poucos descendentes de fê:rn~as possuir instalações adequadas para reunir as
selecionadas podem ser obtidos por ano, mes- fêmeas para detecção do cio e inseminação,
mo pela transferência de embriões. Já foram particularmente em condições de campo.
desenvolvidos métodos para inseminação de A inseminação artificial nos animais do-
bovinos, ovinos, caprinos, suínos, equinos, mésticos oferece várias vantagens pelo me-
cães, gatos, aves domésticas e uma varieda- lhoramento genético, controle de doenças e
de de animais de laboratório e insetos. A do- aspectos ecoIÚ>micos:
cumentação cuidadosa mais antiga sobre a 1. Facilita a utilização ampla de reprodu-
utilização da inseminação artificial (IA) sur- tores selecionados e disseminação de
giu em 1780 quando Spallanzani, um material genético valioso mesmo nas
fisiologista italiano, conseguiu o nascimento pequenas fazendas.
de cães por este método. Outras comunica- 2. Facilita o teste de progênie sob várias
ções esporádicas aparecem no século 19, po- condições ambientais e de manejo, e por
rém somente a partir de 1900 é que começa- isso o aumento do nível e da eficiência
ram estudos extensos com animais domésticos da seleção genética.
na Rússia e logo após no Japão. 3. Acarreta melhor desempenho e o poten-
As maiores vantagens da IA são: (1) me- cial do rebanho nacional, permitindo co-
lhoramento genético, (2) controle das doen- ordenação de um policiamento
ças venéreas, (3) possibilidade de registros reprodutivo em base nacional.
precisos sobre a reprodução, necessários ao 4. Permite cruzamentos para modificação
bom manejo do rebanho, (4) serviço econômi- da ênfase de produção, tal como a tro-
co e (5) segurança pela eliminação de ca de leite por carne.
reprodutores perigosos da fazenda. A IA é 5. Acelera a introdução de material gené-
praticamente essencial em conjunção com os tico novo pela exportação de sêmen e
programas de sincronização do ciclo estral, e reduz os custos de transporte interna-
já foi proposta como um meio de controle dos cional.
431
432 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
6. Facilita a utilização de sêmen congela- siderável melhoramento genético que pode ser
do após a morte do doador, colaboran- alcançado com características altamente
do assim na preservação de linhagens herdáveis usando touros de desempenho pro-
selecionadas. vado, sem inseminação artificial.
7. Permite a utilização de sêmen de ani-
mais incapacitados ou de machos MANEJO DOS REPRODUTORES E
oligospérmicos. COLHEITA DE SÊMEN
8. Reduz o risco de dispersão de doenças
transmitidas sexualmente. A produção de sêmen de alta qualidade
9. Usualmente é essencial após sincroni- depende de reprodutores que são mantidos
zação do ciclo estral em grande núme- sob boas condições. Quando os machos jovens
ro de animais. são adequadamente alimentados e maneja-
10. Proporciona a oportunidade necessária dos, o sêmen pode ser colhido satisfatoria-
de pesquisa para investigar muitos as- mente nas seguintes idades aproximadas: tou-
pectos da fisiologia reprodutiva mascu- ros, 12 meses; carneiros, bodes e porcos, 7 a 8
lina e feminina (Hunter, 1982). meses: garanhões, 24 meses. (Tabelas 20-1 a
20-3).
o melhoramento genético atingido pela IA
de gado leiteiro resultou da utilização de Condições Físicas dos Reprodutores
reprodutores testados provados. A obtenção
de sêmen em idade o mais precocemente pos- A alimentação tem um efeito notável so-
sível de touros em prova é desejável para ace- bre o padrão de desenvolvimento sexual em
lerar a identificação de reprodutores superio- todos os animais domésticos. Quando a
res. Por último, o impacto genético de um ingestão de energia é restrita, o padrão de
reprodutor superior está limitado ao número crescimento diminui, o desenvolvimento tes-
de espermatozóides produzidos, que é uma ticular é retardado, a idade da puberdade é
função direta do tamanho testicular. aumentada e a produção espermática pode ser
Touros leiteiros jovens devem ser cuidado- reduzida. Deficiências prolongadas de nutri-
samente selecionados tão logo quanto possí- entes essenciais podem provocar infertilidade.
vel e devem ser rigidamente descartados após Por outro lado, uma alimentação excessiva é
o teste de progênie. Apenas poucos repro- supérflua e pode tornar os reprodutores obe-
dutores que se projetam necessitam ser sele- sos e indolentes.
cionados para servir uma grande população O tamanho testicular é importante consi-
de vacas, desde que procedimentos apropria- derando a alta correlação entre o tamanho
dos de preparo sexual, colheita e proces- testicular e a produção espermática poten-
samento de sêmen sejam utilizados para co- cial. O tamanho testicular aumenta rapida-
lher e preservar um número máximo de mente à medida que se aproxima a puberda-
espermatozóides viáveis de cada reprodutor. de, e ao redor de um ano de idade, os touros
Tipos similares de desempenho e de progra- atingem aproximadamente 50% de sua ma-
mas de teste de progênie são importantes para turidade potencial. O tamanho testicular é um
o máximo progresso genético do animal do- caráter também altamente herdável e facil-
méstico para produção de carne. As facilida- mente avaliado pela medida da circunferên-
des do cruzamento por IA incluem a perma- cia escrotal.
nência de apenas uma raça na fazenda.
O desenvolvimento da IA em bovinos de Colheita do Sêmen
corte tem sido mais lento nos Estados Uni-
dos e em muitos outros países por causa da A correta colheita do sêmen é da maior
dificuldade de detecção de cio e da insemi- importância em um programa de inseminação
nação sob condições de campo, legislação artificial. Ela envolve a catalogação dos
restritiva das associações de criadores e o con- reprodutores para a colheita do sêmen em
lnseminação Artificial 433
AnrflR
FIG. 20-1. Manequins e montas usa-
dos para colheita de sêmen em animais
domésticos. A, Direita para a esquer-
da, manequim de vaca construído de
tubos de aço. Manequim pronto cober-
to e bem almofadado. B, Manequim
almofadado para varrão. O aparelho
está provido de um piso adequado para
os membros posteriores. C, Esquerda
para a direita, égua adequadamente
contida e com bandagem na cauda an-
tes de ser utilizada como monta; ma-
nequim almofadado. D, Esquerda para
a direita, vista lateral de um manequim
portátil para carneiros. Visão inferior
mostrando uma vagina artificial con-
tida para a colheita do sêmen.
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uma excitação intensa por 5 a 10 minutos sem aumentar a resposta sexual de touros in-
falsa cobertura também é eficiente. Os flui- cluem: troca do manequim, mudança de local
dos das glândulas sexuais acessórias do manequim, apresentação de um outro tou-
secretados durante este período preparatório ro na área de colheita e falsas coberturas. Vá-
podem eliminar material contaminante da rias combinações devem ser experimentadas
uretra. Os estímulos que são eficientes para com reprodutores indolentes para conservar
Ovinos Os carneiros são ejaculados muitas vezes por dia A temperatura da VA e a técnica de colheita são simi-
por várias semanas antes de uma grave lares às dos bovinos
depleção das reservas espermáticas dos O impulso para a frente do carneiro é menos vigoroso
epidídimos. Isto é devido a pequenas reservas mas rápido
epididimárias O coletar de sêmen deve coordenar os movimentos ra-
Os carneiros frequentemente cobrem ou são pidamente com os do carneiro
ejaculados muitas vezes por dia durante a es- A VApode ser adaptada a um manequim
tação
Bodes são ejaculados menos frequentemente do
que carneiros
Suínos Os machos produzem grande quantidade de A pressão é especialmente importante para a colheita
espermatozóides em cada ejaculação e esgotam de sêmen. O cachaço ejacula quando a extremida-
suas reservas epididimárias mais rapidamen- de retorcida do pênis fIXa-se firmemente na cérvice
te. Colheitas regulares de sêmen não mais do da porca, na VA ou na mão do operador
que dia sim dia não são recomendáveis Quando utilizando a VA ou a mão enluvada, a pressão
Caso sejam necessárias ejaculações por vários dias, é exercida sobre a extremidade retorcida distal do
um curto repouso sexual de 2 a 3 dias é reco- pênis durante a ejaculação. Uma vez iniciada a
mendado ejaculação, o cachaço permanece quieto durante os
poucos minutos em que ela persiste
A ejaculação consiste de três frações: (1) fração pré-
espermática, (2) a fração rica em espermatozóides
e (3) a fração pós-espermática. Ambas as frações
pré e pós-espermática contêm principalmente flui-
dos seminais com material gelatinoso semelhante
a "pellets" das glândulas de Cowper. Este material
tende a selar a cérvice da porca durante a cobertu-
ra, prevenindo a perda de sêmen
A fração pré-espermática é descartada antes da colhei-
ta da fração rica em espermatozóides e o gel pode
ser filtrado
Equinos O garanhão expele grande quantidade de Antes da ejaculação deve-se lavar o pênis com água
espermatozóides em cada ejaculação e esgota morna ensaboada e enxaguar com água limpa para
rapidamente suas reservas epididimárias. Co- remoção do esmegma e outros detritos celulares so-
lheitas regulares de sêmen não mais do que bre a superfície do membro. A égua deve ser peada.
dia sim dia não são recomendadas A VA é maior do que a de outros animais para aco-
Caso sejam necessárias ejaculações diárias por vá- modação do pênis vascular ereto do garanhão
rios dias, recomenda-se um repouso sexual de
2a3dias
lnseminação Artificial 435
alta a intensidade dos estímulos sexuais. De frequência do que dia sim dia não. Caso se-
um modo geral, os touros de corte exibem jam necessárias ejaculações diárias por vá-
melhor libido do que os touros leiteiros e re- rios dias, recomenda-se um curto descanso se-
querem mais habilidade para proporcionar xual de 2 a 3 dias.
estímulos sexuais apropriados antes da co- Vagina Artificial; A melhor técnica de co-
lheita de sêmen. lheita de sêmen é pela utilização da vagina
Frequênciade Colheita de Sêmen.Au- artificial (VA). A vagina artificial é de cons-
mentando-se a frequência de colheita de sê- trução simples e simula a cópula natural. O
men há diminuição do número de esperma- esboço básico está ilustrado com uma vagina
tozóides obtidos por unidade de tempo. Assim, artificial para touros (Fig. 20-2). A unidade
a ejaculação frequente de reprodutores supe- proporciona temperatura, pressão e lubrifi-
riores proporciona mais espermatozóides para cação adequadas para facilitar a ejaculação,
inseminar mais fêmeas. Bilhões de esperma- colocando-se um tubo calibrado para colheita
tozóides podem ser obtidos por reprodutores do sêmen. A higiene e a habilidade técnica
normais por semana de qualquer animal do- tanto de quem colhe o sêmen como de quem
méstico se manejado adequadamente duran- manobra o reprodutor são importantes. Esta
te a colheita do sêmen (Tabela 20-1). habilidade deve levar à obtenção de sêmen
Touros. Sob condições práticas as organi- de alta qualidade e reduzir ao mínimo a pos-
zações de inseminação artificial com sibilidade de danos durante a colheita. Para
frequência preferem fazer duas colheitas por cada amostra de sêmen colhido deve-se usar
dia em dois dias da semana para juntar mais uma vagina artificial esterilizada. A
sêmen a ser congelado ao mesmo tempo. Com frequência da colheita do sêmen e a prepara-
este procedimento, a maioria do sêmen pro- ção da VAestão resumidas (Tabela 20-1 e Figs.
duzido pode ser colhida. Com programas de 20-1 e 20-2).
sêmen líquido, pode-se fazer três colheitas por A VA deve ser lubrificada cuidadosamente
semana, deste modo há uma disponibilidade com lubrificante estéril. Durante a colheita a
contínua de sêmen a ser usado por um perío- VA deve ser segura paralelamente e junto à
do de dois ou três dias. As colheitas de sêmen vaca de modo inclinado linearmente com a
podem ser diárias sem redução da fertilida- direção do pênis do touro. O pênis deve ser
de, porém o número de espermatozóides por guiado para dentro da VA segurando a bai-
ejaculação é reduzido e frequentemente são nha com a mão imediatamente por trás do
necessários mais estímulos para um preparo orifício prepucial (Fig. 20-3).
sexual adequado. Consegue-se melhor a inserção do pênis
Carneiros. Nesta espécie é possível obter com um movimento para frente assim que o
muitas ejaculações por dia e durante várias touro monta. É necessário um tempo preciso.
semanas antes que as reservas epididimárias Assim que o touro impulsiona para frente
sejam gravemente esgotadas de esperma- para a ejaculação, o operador permite que a
tozóides. Isto se deve ao pequeno volume das VA também se mova para frente de acordo
ejaculações (Tabela 20-2) e às grandes reser- com o impulso de um modo alinhado com o
vas epididimárias. Os carneiros praticam co- pênis. Logo depois ele dirige a vagina para
berturas ou fornecem ejaculações muitas ve- baixo de modo que o sêmen possa escorrer
zes por dia durante a estação de monta. Os para o tubo de colheita. O operador experien-
bodes apresentam características seminais te pode alterar as condições da VA, assim como
similares porém não ejaculam tão frequente- a técnica da colheita de acordo com o compor-
mente como os carneiros. tamento individual de determinados
Cachaças e Garanhões. Estes animais ex- reprodutores.
pelem grande número de espermatozóides em A VA para garanhões deve ser maior do que
cada ejaculação e esgotam as reservas do a de outros animais domésticos para acomo-
epidídimo mais rapidamente. É melhor não dar o pênis vasculomuscular em ereção do
tentar colheitas de sêmen regulares com mais animal. Muitos tipos de VAs têm sido desen-
436 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
Equinos Éguas são rufiadas diariamente pelo garanhão em A égua é contida por peias, empurrada contra fardos
piquetes especiais de rufiação de feno ou anteparo de madeira, ou colocada em
As indicações de aceitação do garanhão são ele- um tronco de cobertura para proteger o inseminador
vação da cauda, afastamento das pernas, imo- A área ao redor da vulva é escovada antes da
bilização, micção frequente e contrações da inseminação para minimizar contaminação
vulva "piscando" Com uma luva de plástico, levemente lubrificada, o
braço é inserido dentro da vagina e o dedo indica-
dor é inserido na cérvice
O cateter de inseminação é guiado para dentro do úte-
ro para depositar 20 a 30 ml de sêmen puro ou di-
luído
volvidos (Fig. 20-4). Uma alça para manter garanhão. A VA é parcialmente preenchida
firmemente agarrada a VA é necessária por com água a fim de fornecer uma temperatura
causa do tamanho e do impulso vigoroso do de 45°C a 50°C. Um espaço com ar ligado a
lnseminação Artificial 437
uma válvula de expansão pennite a dilata- minação no prepúcio. Ondas sinoidais são
ção da mucosa quando o pênis penetra na VA iguais ou melhores do que ondas pulsáteis
e aumenta a pressão. Esta pressão e a fricção para a estimulação.
estimulam a ejaculação do garanhão. Quan- O excesso de material fecal deve ser remo-
do começam as pulsações na base do pênis, vido do reto nele inserindo-se o eletrodo lu-
características da ejaculação, a extremidade brificado ou a mão enluvada. A voltagem é
da VAcom o frasco de colheita deve ser abai- aumentada gradativamente, com períodos de
xada suficientemente para que o sêmen es- estimulação rítmica repetida alternados com
corra para dentro do frasco de colheita. A curtos períodos de descanso. É necessária cer-
ejaculação completa-se em cerca de 25 segun- ta experiência para conseguir a combinação
dos. Vaginas artificiais para colheita de sê- apropriada para ereção seguida de ejaculação.
men em coelhos são bastante usadas com ob- A secreção das glândulas sexuais acessórias
jetivos de pesquisas (Fig. 20-5). ocorre com voltagens mais baixas e a
Eletroejaculação. O estímulo elétrico é o ejaculação com voltagens mais altas. As amos-
método preferido, apenas quando os repro- tras de sêmen obtidas com eletroejaculador
dutores não podem ser treinados ou recusam geralmente são de maior volume com menor
servir na vagina artificial (frequentemente concentração de espermatozóides, porém a
em condições de campo); machucaduras e fertilidade e o número total de
enfennidades também podem tornar a mon- espennatozóides são equivalentes às amos-
ta impossível. Este método pode ser usado tras obtidas com a vagina artificial.
satisfatoriamente no touro, carneiro e bode, Os touros têm sido submetidos à
e é possível obter uma amostra de sêmen de eletroejaculação por um período de vários
volume reduzido do porco. Não é desejável anos sem qualquer efeito prejudicial aparen-
colher e usar sêmen de machos incapazes de te. Contudo, geralmente ocorre certa
servir porque provavelmente trata-se de um estimulação dos nervos motores com exten-
defeito genético. Eletroejaculadores portáteis são dos membros, de modo que um tronco de
de 110 volts ou que podem funcionar com um contenção com bom piso deve ser usado.
sistema de bateria de carro de 12 volts são Carneiros. O carneiro responde excepcio-
disponíveis com eletrodos de diferentes tama- nalmente bem à estimulação elétrica, e a res-
nhos para diferentes espécies animais. posta é mais rápida do que no touro. Reco-
Touro.Um aparelho retal com eletrodos em menda-se que os estímulos sejam aplicados a
fonna de anéis ou retos, ou mesmo eletrodos cada sete segundos com aumentos de 1 volt.
para serem colocados nos dedos pode ser usa- A ejaculação geralmente ocorre com 4 a 7 es-
do para proporcionar a estimulação elétrica. tímulos. O sêmen pode ser colhido com o car-
O pênis geralmente entra em ereção e o sê- neiro em pé ou deitado de lado sobre uma
men é coletado sem a possibilidade de conta- mesa. A glande do pênis deve ser levemente
segura com uma gaze estéril de modo que o
apêndice filiforme e a uretra sejam dirigidos
para dentro do tubo de colheita antes da
ejaculação para diminuir a perda de sêmen.
O volume de ejaculação é levemente superior
do que das amostras colhidas com vagina ar-
tificial e a concentração espermática é
correspondentemente mais baixa. Os bodes
podem ser tratados de maneira semelhante.
Cachaça. O eletroestimulador idealizado
Tubo de colheita ~ para carneiro pode também ser usado em por-
cos. Devido ao isolamento da gordura poderá
FIG. 20-2. Vagina artificial para touros em secção ser necessário aplicar 10 volts ou mais para
longitudinal para ilustrar a construção. iniciar a ejaculação. Isto resulta em descon-
438 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
FIG. 20-3.A,Vaginas artificiais montadas em uma estufa. B, Técnica adequada da colheita de sêmen de
touro com vagina artificial. C, Atingindo ereção e colheita de sêmen por eletroejaculação em touro. O
tubo de colheita de sêmen é protegido por um tubo maior com água aquecida. D, Colheita de sêmen de
varrão por pressão manual exercida em uma vagina artificial curta. E, Colheita de sêmen de garanhão.
O encarregado da contenção do garanhão segura o membro anterior para prevenir que a pessoa que
colhe o sêmen seja atingida. (Cortesia de B.w. Pickett.)
lnseminação Artificial 439
INSEMINAÇÃO DA FÊMEA
Detecção do Cio
A
I_I
FIG. 20-5. A, Pele, vagina artificial, gel K-Ye outros equipamentos usados para colheita de sêmen e
inseminação artificial em coelhos. B, Um método de colheita de sêmen com uma vagina artificial empre-
ga uma pele de coelho, na qual o coelho monta. C, Segurando a vagina artificial dentro da pele de coelho.
D, Posicionando o coelho para uma injeção intravenosa em veia auricular: a garupa do coelho fica contra
um objeto firme e os olhos estão cobertos. Uma técnica simples para colher sangue da veia auricular. E,
Frasco com balão fervente de 500 ml modificado dentro de um reservatório a vácuo para colheita de
sangue. F, O reservatório a vácuo é colocado contra a cabeça do coelho; um tubo de centrífuga é adaptado
a ela. (E, F, De Hoppe et aI. (1970). Lab. Anim. Care.)
lnseminação Artificial 441
FIG. 20-6. A, Eletrodos retais usados para eletroejaculação de várias espécies de primatas. B, Eletrodos
retais mostrando eletrodos horizontais de anéis usados para eletroejaculação de babuínos. Estes podem
ser selecionados em qualquer combinação de dois utilizando a caixa de interruptores na parte superior
da figura, e eletrodos longitudinais. C, Eletroejaculação de um macaco usando um laço e faixas para
segurar o animal em uma posição conveniente. D, Eletroejaculação de um babuíno deitado de lado em
posição de extensão. E, Coágulo seminal de babuíno de um macaco rhesus mostrando uma massa amorfa
característica de coagulação após ejaculação e uma massa com a forma da uretra formada durante a
ejaculação. F, Sêmen colhido de babuínos mostrando uma fração líquida e dois tipos de coágulo. A massa
amorfa coagulada após ejaculação e os filamentos de coágulos formados durante a ejaculação. (A de
Fussel et aI. (1967). Lab. Anim. Care 17, 528; C e E de Roussel e Austin (1968). J. Inst. Anim. Tech. 19,
22).
442 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
Hora da Ovulação
porca ovelha vaca
100 1
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80
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48 24 O 24 48
Horas antes do fim do cio - - Horas
após
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docio ..
FIG. 20-7. Relação entre momento da inseminação e fertilidade na vaca, ovelha e porca.
- Vaca; porca; ovelha.
pernas. Odores podem ser detectados por cães vezes por dia e inseminar no mesmo dia to-
especialmente treinados. das as vacas observadas pela manhã. As va-
Devido à dificuldade de detecção de cio em cas observadas em cio à tarde deverão ser
grandes rebanhos, particularmente em climas inseminadas na manhã seguinte. Não existe
frios, um programa de regulação do ciclo o "melhor" momento precisamente definido.
estral pode ser vantajoso. Várias técnicas que Em bovinos, a ovulação ocorre cerca de 24
produzem uma alta sincronização e cios fér- horas após o pico da concentração de LH. As-
teis foram desenvolvidas; porém nem todas sim, o momento ótimo para a inseminação
as drogas utilizadas nestas técnicas foram está ao redor de 14 horas antes da ovulação.
aprovadas pela "Food and Drug Adminis- À ovulação segue-se a onda de LH ao redor
tration" para a utilização em bovinos nos Es- de 24 horas em novilhas injetadas diariamen-
tados Unidos. te com progesterona por 9 ou 18 dias.
Idealmente, a onda de LH precede a
Momento Ideal de Inseminação inseminação ao redor de 10 horas (Kazmer et
aI., 1981). A variação de tempo entre a ocor-
Os animais não devem ser inseminados rência do pico de LH, a hora da inseminação
após o parto até que o útero esteja totalmen- e o momento da ovulação ocorrem em animais
te involuído e as fêmeas estejam cicIando nor- não-tratados assim como naqueles sincroni-
malmente. Então, a inseminação próxima ao zados (Tabela 20-1 e Fig. 20-7).
momento da ovulação é importante. Conside- Na ovelha, a inseminação deve ser feita na
rando que a duração do cio e o momento da metade ou durante a segunda fase do cio.
ovulação são variáveis, é necessário dar uma Inseminações duplas durante o cio, particu-
variação de horários que produza resultados larmente com sêmen congelado, aumentam a
"ótimos". As vacas não devem ser inseminadas fertilidade. As cabras podem ser melhor inse-
antes de 50 dias após o parto para alcançar minadas cerca de 12 horas após o início do
os melhores índices de concepção; de outro cio, e deverão ser inseminadas novamente no
modo, mais inseminações por concepção se- dia seguinte se ainda estiverem no cio. As
rão necessárias. O índice de concepção é tam- porcas entram em cio cerca de 3 a 5 dias após
bém mais baixo quando as vacas são o parto, porém elas não ovulam neste cio e
inseminadas durante a primeira parte do cio. não devem ser cobertas. Elas entram em cio
Um procedimento prático é observar o cio 2 3 a 8 dias após o desmame e podem ser
Inseminação Artificial 443
~
outra mão, dentro do útero.
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.. Inseminação artificial
c D
sêmen congelado é maior do que aquele com exames de saúde periódicos e seguir todos os
sêmen líquido. Os "pellets" requerem o mes- códigos de saúde.
mo equipamento de inseminação que as am- A região inferior dos reprodutores, parti-
polas. cularmente ao redor do prepúcio, deve estar
A gestação é uma possibilidade em uma limpa por ocasião da colheita do sêmen. Todo
vaca previamente inseminada, e assim o ca- o equipamento usado na colheita, no
teter não deve ser forçado dentro do útero; processamento e na inseminação deve ser lim-
aproximadamente 3 a 5% das vacas prenhes po e estéril. Traços das soluções de lavagem
mostram sintomas de cio. A utilização de um devem ser removidos por enxaguadura apro-
corante no dilui dor durante o treinamento de priada. Enxaguando-se as mucosas com água
técnicos em tratos reprodutivos e em vacas destilada fervente, seguida de álcool
normais para deposição nos locais específicos, isopropílico, elas tornam-se limpas e estéreis,
parece ser um método extremamente útil para e secam rapidamente antes de serem usadas.
melhorar a precisão de disposição do sêmen e Todo o material de vidro deve ser lavado cui-
a eficiência dos técnicos. dadosamente, enxaguado em água destilada
Em ovinos, osêmen diluído congelado deve e esterilizado em estufa a 150°C pelo menos
ser reconcentrado de modo que cerca de 200 por uma hora. Precauções sanitárias espe-
milhões de células espermáticas móveis se- ciais são necessárias para a colheita do sê-
jam inseminadas. Com sêmen não-congelado, men. A pessoa que colhe o sêmen deve usar
50 milhões de espermatozóides móveis são su- luvas de plástico descartáveis. O manequim
ficientes. Com tratamento de progestágenos deve ser coberto ou desinfetado entre as co-
em ovelhas para indução de cio em tempo sin- lheitas.
cronizado, as necessidades de número de Somente o sêmen de alta qualidade deve
espermatozóides pode ser até 1500 milhões ser processado para inseminação. Antibióti-
de células. Inseminações repetidas após 12 cos devem ser adicionados ao sêmen. O sê-
horas aumentam a fertilidade. men congelado deve ser examinado após o
Uma técnica de inseminação para IA em processo de congelação, descartando-se as
suínos está demonstrada na Figura 20-9. amostras de qualidade inferior. O sêmen pode
ser armazenado satisfatoriamente por longo
FATORES QUE AFETAM O ÍNDICE DE tempo quando mantido continuamente em
CONCEPÇÃO NA INSEMINAÇÃO nitrogênio líquido a -196°C. Contudo, a falta
ARTIFICIAL de nitrogênio líquido mesmo que por poucas
horas, pode resultar na completa destruição
A acurada avaliação da fertilidade é uma de um banco de sêmen.
importante parte de qualquer programa or- O manejo inadequado do sêmen durante a
ganizado de inseminação artificial. Os prin- estocagem também diminui a fertilidade. A
cipais fatores que determinam a fertilidade colocação de espermatozóides através da
em inseminação artificial são: (1) a fertilida- cérvice ou fazendo-se fluir células através dela
de dos reprodutores utilizados para fornecer (suínos) são medidas importantes. Habilida-
o sêmen, (2) o cuidado com que o sêmen é co- de e experiência são necessárias. A penetra-
lhido, processado e armazenado, (3) a habili- ção da cérvice de ovelhas e cabras é particu-
dade do técnico inseminador e (4) o manejo larmente difícil. A fêmea deverá estar em
das fêmeas. Os reprodutores devem ser cui- ótimas condições de reprodução e a detecção
dadosamente selecionados, isolados e prova- apropriada do cio são de extrema importân-
dos antes de serem aceitos nos centros de cria- cia. Mais de uma inseminação por cio aumen-
ção. Eles devem apresentar testículos ta o índice de concepção. Isto resulta da difi-
completamente normais, produzir sêmen de culdade de predizer a ovulação e praticar a
alta qualidade e serem livres de doenças. inseminação em momento apropriado.
Aqueles que fogem aos padrões devem ser As organizações comerciais de inseminação
descartados. Eles devem ser submetidos a artificial devem controlar a fertilidade e ava-
Inseminação Artificial 445
.,
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--
liar todos os fatores possíveis de contribui- ossos púbicos. O objetivo é induzir um refle-
ção. O ideal seria juntar informações comple- xo ejaculatório. Um recipiente adequado para
tas sobre os produtos nascidos, porém isto não o sêmen, béquer ou cilindro graduado é segu-
é prático. Um boletim útil quando todos os ro na palma da mão direita, deixando livres
serviços são comunicados é o registro de 60 a os dedos para executar os estímulos. Simul-
90 dias tabulado em uma base mensal. Dois taneamente, a mão esquerda inclina as pe-
meses após cada mês em que as inseminações nas da cauda e pressiona levemente a região
foram praticadas (que corresponde também do uropígio. Quando ocorre o reflexo
a cerca de 90 dias após o início daquele mês), ejaculatório, o polegar e o dedo indicador de
os registros de todas as vacas inseminadas ambas as mãos "ordenham" o macho até o
são conferidos para determinar que propor- desaparecimento do reflexo. Os dedos da mão
ção foi comunicada para reinseminação. Com esquerda são utilizados também para escoar
computadores seria praticável adotar um tem- a extremidade inferior dos vasos deferentes
po mais preciso, como o intervalo de 60 ou 75 para garantir completa ejaculação. Um apa-
dias. relho de sucção especialmente desenhado é
O diagnóstico de gestação pode ser obtido frequentemente utilizado para colher o sêmen
por palpação dos órgãos reprodutivos pelo reto diretamente do órgão copulador masculino
em vacas e éguas, pela avaliação da para uma garrafa térmica mantida de 10 a
progesterona no leite em vacas e cabras, por 15°C.
uma prova imunológica no sangue em éguas O intervalo entre a ejaculação e a inse-
e por determinação de ultra-som em ovelhas minação não deve exceder a 30 minutos. Os
e porcas. As informações sobre o tamanho da espermatozóides permanecem imóveis en-
leitegada em suínos também são importan- quanto nos duros excurrentes do macho, po-
tes. rém em contato com o ar, imediatamente eles
tornam-se extremamente agitados. Esta úl-
tima atividade envolve tanto processos
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM AVES oxidativos quanto glicolíticos, levando a uma
rápida exaustão química do substrato em que
O macho deve ser contido sobre uma su- vivem os espermatozóides. Caso sejam utili-
perfície de suporte por um operador, seguran- zados diluidores, geralmente estes são adicio-
do a ave pelas pernas, imobilizando as asas nados logo antes da inseminação. Um diluidor
para bflixo para impedir agitação. O opera- prático consiste de solução fisiológica a
dor estimula então o macho com a mão direi- 1,025% tamponada a pH 7,0 a 8,0. Os melho-
ta massageando ritmicamente a porção cau- res resultados são obtidos quando diluído 1:1
dal extrema do corpo da ave logo abaixo dos com o sêmen.
FIG. 20-10. A, Tumescência fálica conseguida por suave massagem do abdômen com uma mão enquanto
simultaneamente o posterior inferior e penas da cauda são alisados com a outra mão. As mãos do técnico
estão posicionadas para um "alisamento cloacal". B, Durante o "alisamento cloacal" o polegar e dedos
indicador e médio da mão superior friccionam suavemente a cloaca com pressões para baixo e para
dentro enquanto a mão mais baixa exerce leve pressão para cima. O sêmen que surge na ranhura do
aspecto medial do falo, é colhido dentro de um frasco limpo. Para minimizar a chance de disseminação de
doenças venéreas, o pessoal envolvido na colheita deve evitar contato com o falo. C, O orificio vaginal é
exteriorizado para a inseminação por uma técnica referida como "fenda" ou "abertura". A pressão manu-
al ao redor (sem tocar) da cloaca provoca a eversão da vagina. D, E, Um número predeterminado de
espermatozóides contido na palheta de inseminação é inserido gentilmente dentro da vagina até sentir
resistência (2 a 4 em). A pressão manual ao redor da cloaca é diminuída à medida que o inseminador
libera o sêmen dentro da vagina. (Fotografias por cortesia do Dr. M.R. Bakst). Estes procedimentos são
usados quando um número relativamente pequeno de galinhas é inseminado. Equipes de inseminação
artificial comercial com equipamentos mecanizados podem inseminar 1000 peruas por homem/hora, e a
fertilidade é mantida acima de 90% durante uma estação de produção de ovos de 22 semanas.
Inseminação Artificial 447
As dosagens para inseminação variam de medida visa impedir que o sêmen seja expeli-
acordo com as espécies. Existe uma relação do para fora com a retração da vagina.
inversa entre a concentração de esperma- Uma vez iniciada, a IA deve ser repetida
tozóides no sêmen e a dosagem requeri da. em intervalos semanais na galinha e a cada
Dosagens para inseminação com sêmen não- 2 a 3 semanas na perua. Quando as galinhas
diluído para galinha - 0,1 ml; para a perua- em período de intensa postura são
0,05 ml; para a pata - 0,3 ml e para a gansa - inseminadas artificialmente com esperma-
0,05 ml. tozóides altamente funcionais, elas irão bo-
A ave, contida na mão esquerda do opera- tar o primeiro ovo fértil 48 horas após a
dor, é induzida a revirar o oviduto por gentil inseminação. Alguns detalhes da IA em pe-
pressão com as palmas de ambas as mãos nas ruas são mostrados na Figura 20-10.
regiões doacal e visceral. Somente as aves em
tempo de postura respondem facilmente a
este tratamento. Quando a extremidade in- REFERÊNCIAS
ferior da vagina ficar exposta, uma seringa Hunter, RH.F. (1982). Reproduetion of Farm Ani-
contendo o sêmen é rapidamente inserida a mais. London, Longman.
uma profundidade de cerca de 3 cm, deposi- Ji(:azmer, G.W., Barnes, M.A. and Halman, RD.
tando-se o sêmen. Antes da retirada da se- . (1981). Endogenous hormone response and fer-
tility in dairy heifers treated with norgestomet
ringa, a pressão sobre o abdômen é relaxada and estradioi valerate. J. Anim. Sei. 53, 1333~
para permitir a retração do oviduto. Esta 1340.
21
ESPERMATOZÓIDESPORTADORES
DE CROMOSSOMOS X E Y
E.S.E. HAFEZ
448
Espermatozóides Portadores de Cromossomos X e Y 449
(De Ericsson, RJ., e Glass, RH. (1982). Functional differences between sperm bearing the X- or Y-
chromosome. In Prospects for Sexing Mammalian Sperm. RP. Amann and G.E. Seidel, Jr. (eds.). Boulder,
Colorado University Associated Press.)
450 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiua
~'
~ 1. Diferenças no peso, densidade e tama-
nho dos cromos somos X e Y como re-
sultado de diferenças no tamanho de
diferentes componentes dos
Espermatozóide Bucal Sangue
espermatozóides.
B \
FIG. 21-1. A, Esfregaço corado de cromossomos
2. Diferenças na expressão haplóide dos
cromossomos X e Y como resultado de
diversidades na natureza dos compo-
em metáfase mitótica para revelar a banda G. A,
cromossomos de uma fêmea XY". A flecha grande nentes espermáticos: alocação defeituo-
mostra o X e a pequena o cromossomo yX (De sa (não-disjunção) dos cromossomos
Eicher, E.M., 1982, Primary sex determining genes sexuais seja nos gametas ou após ferti-
in mice. In Prospects for Sexing Mammalian lização, para produtos precoces
Sperm. RP. Amann e G.E. Seidel, Jr. (eds). Boulder,
de clivagem, que resultarão em indiví-
Colorado, University Associate Press.) B, localiza-
duos com células somáticas contendo
ção do corpo Y em tipos celulares. Células bucais:
o corpo Y é usualmente encontrado em qualquer apenas um único cromossomo X
local dentro do núcleo. Células sanguíneas: corpo (XO) (YO é letal) ou um cromos somo X
Y linfócito geralmente encontrado próximo à peri- extra ou Y (XXX, XXY ou XYY).
feria do núcleo, aparece em forma crescente.
Espermatozóide: corpo Y usualmente encontrado
em posição equatorial dentro da cabeça do Separação em Camada sobre Colunas de
espermatozóide (Lueck e Zaneveld, 1977). Albumina
Leite desnatado em pó, glicina, citrato de Aumento do número de descendência masculina quando
sódio, glicerol espermatozóides das camadas superiores foram utilizados
Coluna de albumina Resultados com sucesso com sêmen congelado de bovino pré-
selecionado na coluna de albumina antes da criopreservação
Escolha pelo fluxo do conteúdo de DNA A escolha de Y apresenta 72-80% de sucesso. Desvantagens:
baixo nível de classificação e falta de viabilidade espermáica
após a escolha
(Dados de Beernink, 1984; Bennett and Boyce, 1973; Bhatacharya et aI., 1966; Corson et aI., 1984;
Ericsson and Glass, 1982; Hafs and Boyd, 1971; James, 1980; Meistrick, 1982; Moore and Hibbitt, 1975;
Pinkel and Gledhill, 1982; Sherbet et aI., 1972.)
452 Técnicaspara Melhorar a Eficiência Reprodutiva
7. Sexuagem citogenética de células iso- pects for Sexing Mammalian Sperm. RP. Amann
ladas de um embrião e transferência do and C.E. Seidel,Jr. (eds.).Boulder, Colorado Uni-
versity Associated Press.
embrião selecionado após curta cultu- Foote, RH. (1982b). Prospects for sexing: present
ra in vitro. status, future prospects and overall conclusivos.
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Press. mation of the net negative electric charge on
Foote, RH. (1982a). Functional differences between the surface of cells using natural pH gradients.
sperm bearing the X-or Y-chromosome.In Pros- Exp. Cell Reso70, 113-123:
~
22
DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO
M.R JAINUDEEN e E.S.E. HAFEZ
454
Diagnóstico de Gestação 455
técnicas de diagnóstico
de gestação l
clínicas
~ ~ laboratoriais
c;
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de palpação reto-abdominal tem sido utiliza- porcas. Ela baseia-se na identificação do es-
da na ovelha. queleto fetal sobre uma chapa de raios-X.
Dentre as desvantagens deste método está o
Radiografia fato de que ele pode ser aplicado apenas du-
/ rante o terço final da gestação, além de ser
A radiografia pode ser empregada para a caro e necessitar de contenção, e representar
detecção da gestação em ovelhas, cabras e risco de radiação para o operador.
456 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiua
Ultra-sonografia
TABELA 22.1. Diagnóstico de Gestação na Vaca, Búfala e Égua por Palpação Reta!
Mês da
Animal Gestação Principais Achados
Vaca Primeiro Útero quiescente e um corpo lúteo completamente desenvolvido em um ovário.
Búfalat Segundo* Aumento e formação de bojo dorsal do corno prenhe devido aos líquidos fetais;
aplicando pressão digital há uma sensação elástica. "Deslizamento
da membrana fetal" ou palpação do alantocórion; vesícula amniótica presente
anteriormente ao ligamento intercornual.
Terceiro* Começa a descida do útero; deslizamento da membrana fetal presente e o feto é
palpável.
Quarto ao Sétimo Útero no assoalho abdominal, feto difícil de palpar; cotilédones com 2 a 5 cm de
diâmetro, palpáveis como áreas circunscritas na parede uterina; as artérias
uterinas médias se hipertrofiam e o pulso passa a ter um frêmito distinto.
Do sétimo ao final Cotilédones, frêmitos e porções fetais palpáveis.
Égua Primeiro Cérvice contraída e firme; cornos uterinos túrgidos.
Segundo* A vesícula corioalantóide (tamanho de uma laranja) projeta-se ventralmente no
terço inferior do corno uterino; os cornos uterinos são túrgidos.
Terceiro A vesícula corioalantóide cresce rapidamente e desce para o corpo uterino,
modifica-se de esférica para oval e a tensão é gradativamente perdida. O útero
começa a descer.
Quarto A superfície dorsal do útero é sentida como uma cúpula distendida entre os
ligamentos largos estirados. Feto e/ou porções fetais palpáveis.
Quinto ao Sétimo O útero repousa profundamente na cavidade abdominal. Geralmente é possível
palpar o feto, com exceção em éguas pluríparas.
Sétimo ao final Feto mais fácil de palpar. O útero começa a subir.
(osciloscópio). L..I
Ultra-som Pulso-Eco. As pulsações do ordão ,
ultra-som, geradas por cristais piezoelétricos longo(3 Tecido
metros) l!j:rrir :
em um transdutor, ao contatarem tecidos de
l,'!II:i'lo 'o J
várias impedâncias acústicas (resistência à I
I Console
transmissão) são refletidas (fazem eco) ao I
I
I
transdutor, e então convertidas em energia I
I ,r
elétrica e manifestadas sobre um osciloscópio :'--- Pulsador Regulador de TV ecoo
I
I
de raio cátodo em várias direções. Os modos
A e B são as formas básicas correntemente
,,
I
I
,
Receptor
.\ J
I
em uso (Fig. 22-3). O modo-A (amplitude) é L--_- Conversor
um dispositivo unidimensional de amplitude -'\/'v-J\J\r r digital da
.. exposição
de eco versus distância, enquanto que o modo Botões de roatrole
.
O brilho dos pontos no osciloscópio é projeta- ~-
do em várias sombras de coloração --~.~
acinzentada, comparáveis a fotografias em
preto e branco. Se estas imagens forem pro-
:6V:1
duzidas e extinguidas em rápida sucessão,
elas revelarão qualquer movimento no tecido
ReWri~..-!~~:~,":~
5a ~\l'I~~ -- " '
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submetido ao processo. Esta é a base do modo-
~j: 1
, "
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,
',',
,
B para exposição de uma imagem "no tempo
real".
Ultra-som de Tempo-Real Modo-B. O
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Feixe
direcioaal
---': ,:'o
:,
,, ,
. ",',
,, ,
'
I
):
""'
"
""'",'
.:. --
ultra-som de tempo-real modo-B, desenvolvi- seguido pelo:
(trajeto :
I I Direçao
. da roclução I
' sequeuCl al Pdo feixe:
do na década de 1970 para o diagnóstico de
gestação e anormalidades fetais em medici- pulso) :: direcioaal I:
na humana, foi aplicado com sucesso para o B :: ::
10
,
Dependendo dos padrões de exposição que fetais aparecem escuros; o esqueleto fetal,
eles produzem, os transdutores são de dois branco; e as membranas fetais e tecidos ma-
tipos. Um transdutor linear produz uma ima- ternos, em várias sombras de cinza.
gem retangular, enquanto que o transdutor Égua. A técnica de tempo-real modo-B ofe-
de setor produz uma imagem setorial similar rece um diagnóstico mais precoce de gesta-
àquela de uma "fatia de torta". Os trans- ção do que qualquer um dos métodos atual-
dutores comumente usados em animais do- mente disponíveis para animais domésticos
mésticos são do tipo de ordem linear e apre- (Tabela 22-2). Na égua, ele não apenas forne-
sentam uma variação de frequência de 3,5 a ce um diagnóstico precoce de gestação (do dia
7,5 MHz. Os transdutores de baixa frequência 10 ao 15) com quase 100% de precisão, como
(3,0 a 3,5 MHz) penetram mais profundamen- também detecta gêmeos, que são indesejáveis
te e tomam imagens de tecidos mais profun- e usualmente abortados.
dos do que os de frequências mais altas (5,0 a Vaca. O concepto bovino é alongado e
7,5 MHz) que tomam imagens mais próximas filamentoso em contraste à forma vesicular
à superfície. As imagens produzidas por do concepto equino, fazendo com que o pri-
transdutores de baixa e alta frequência são meiro seja difícil de visualizar com um
comparáveis à visão de um tecido sob um transdutor de 3,5 MHz usado para a égua.
microscópio com magnificações baixa e alta, Todavia, com eletrodos transretais de maior
respectivamente. frequência (5,0 a 7,5 MHz) a vesícula embrio-
Para a exposição do útero, o transdutor é nária pode ser detectada já aos dias 9 a 10, a
colocado na parede ventrolateral abdominal qual se expande em uma área localizada den-
(transabdominal) ou no reto (transretal) do tro do corno ipsilateral nos dias 18 a 20
animal a ser examinado. O transdutor de 3,5 (Curran et alo, 1986; Boyd et aI, 1990). O em-
MHz é usado na abordagem transabdominal brião, o batimento cardíaco embrionário, e as
(cabra, ovelha, porca) e os transdutores de 5,0 membranas fetais podem ser visualizadas ao
a 7,5 MHz para a via transretal (égua, vaca, redor do 30Qdia (Fig. 22-5B). O índice de diag-
ovelha). O contato entre o transdutor e a pele nóstico correto é baixo (33%) até 16 dias após
ou a parede retal é feito aplicando-se um gel a inseminação, porém melhora significativa-
ou óleo vegetal. As imagens de tecidos vistas mente até atingir quase 100% ao redor do 20Q
na tela ou são escuras (não-ecogênicas) ou com dia com o eletrodo retal de 7,5 MHz. Ahabili-
várias sombras acinzentadas (ecogênicas). A dade de contribuir com a viabilidade do em-
bexiga, a vesícula embrionária e os fluidos brião precoce abre novas fronteiras em nosso
RT =Tempo real.
Transdutor, 3,5 MHz (traisabdominal); 5,0-7,5 MHz (transretal).
Adaptado da literatura c~tada no texto.
Diagnóstico de Gestação 459
FIG. 22-5. illtra-sonografias de úteros prenhes. A. Égua, concepto de 17 dias (vesícula). B. Vaca, dia 31,
embrião (flecha preta), âmnio (flecha branca) circundando o feto. C. Búfala, dia 50, placentomas. D.
Ovelha dia 37, gêmeos (flechas). E. Cabra, dia 45, placentomas. F, Porca no dia 37, fluido alantóico
dentro do útero. (A, de Squires et aI. (1988). Theriogenology 29, 55-70; B, de Kastellic et aI. (1988).
~riogenology 29, 39-54.)
460 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
---
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~,, ~-'._' , '-~
Polegadas
Prenhe
. progesterona (ver próxima seção) não o é.
Além disso, diferentemente do ensaio com
progesterona, a época do teste com bPSPB é
independente da data do serviço. As desvan-
tagens são que ele não é detectável no leite
ou urina da vaca e também que persiste no
sangue por vários meses após o parto, o que
pode interferir com o diagnóstico precoce da
gestação subsequente.
A somatomamotropina coriônica é um
lactógeno placentário (LP) encontrado no te-
,." . cido placentário de várias espécies de mamí-
feros. Ele é primeiro detectado no dia 16 na
. . ovelha e entre os dias 17 e 25 na vaca. Ele
não tem sido empregado como teste de gesta-
Não-prenhe ção em bovinos porque não pode ser detecta-
do no sangue materno até a última metade
FIG. 22-7. Diagnóstico de gestação em porcas por da gestação. A gestação, todavia, pode ser
meio de biópsia vaginal e exame do estado do diagnosticada durante a metade na ovelha
epitélio. Este é em multicamada em animais com base nos níveis de PL com uma precisão
delicos comparado com duas ou três camadas ce- de 97 a 100% para gestação e não-gestação,
lulares do epitélio vaginal de gestação. (De respectivamente (Robertson et aI., 1980).
Hunter, R.H.F. (1982). Reproduction of Farm
AnimaIs. New York, Longman.)
Hormônios
Fator de gestação precoce Detecta fator imunossupressor Pré-implantação Soro RIT Bovina, OVIna,suína
(EPF) resultante de fertilização
Progesterona Prediz atividade luteínica Implantação Soro/leite RINEIA Bovina, ovina, equlna,
caprina, suína, búfalo
Sulfato de estrona Determina a função feto-placentária Pós-implantação Soro/leite RIA/EIA Bovina, suína, equina,
ovina, caprina
Lactogênio placentário Determina a função feto-placentária Pós-implantação Soro RIA Bovina, ovina
eCG(PMSG) Determina a função placentária Pós-implantação Soro RI Equina
Antígenos associados à Identificam os antígenos específicos Pós-implantação Soro RI Bovina, ovina, equina
gestação da gestação
EIA= enzimaimunoensaio; HI = inibição por hemaglutinação; RIA = radioimunoensaio; RIT =teste de inibição de roseta.
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...
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464 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
teste de
gestação
-
FIG. 22-9. Progesterona no leite
como método de diagnóstico de
~ gestação na vaca em lactação. O
...
.... teste é conduzido do 22Qao24Qdia
-~
P após o cio (E) e inseminação (IA).
8 O nível de progesterona na amos-
'" tra de leite declina na vaca não-
§
...
gestante (NP), enquanto que per-
~ manece elevado na vaca prenhe
...
li)
(P). O "?" é o nível de progesterona
~ 7 em uma vaca 2 a 3 dias antes ou
ep,..
NP após o cio e em gestação duvido-
sa.
-5 o 5 10 15 202224
dia do ciclo
Diagnóstico de Gestação 465
Concentração de
hormônio no líquido
orgânico
oj
§
...
Q)~
..., Q)
gJ 61
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Dia da gestação
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Método Biológi C?
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muno OgIco
L - --- -- -- -- - - ~ Radioimunoensaio
FIG. 22-10. Métodos de laboratório de diagnóstico de gestação nos vários estágios na égua. (Copiado de
Walker, D. 1977. Laboratory methods of equine pregnancy diagnosis. Veto Rec. 100, 396.)
do que no leite misturado de várias ordenhas tes qualitativos para a detecção precoce do
e no colostro. A técnica de amostragem varia estado de não prenhez não-apenas melhora o
de um laboratório para outro, porém a maio- desempenho reprodutivo do rebanho como
ria prefere amostras do leite da tarde. Para também é economicamente praticável.
prevenir a deterioração do leite durante o Um nível elevado de progesterona neces-
transporte para o laboratório, adiciona-se um sariamente não significa gestação. Se uma
preservativo, p. e., dicromato de potássio ou vaca apresentar um ciclo estral mais longo
cloreto de mercúrio. do que o normal (p. ex., 28 dias) após a
A concentração de progesterona em que se inseminação, um CL deve estar presente no
baseia um diagnóstico positivo depende se o dia da amostragem (22 dias) e os níveis de
nível foi medido em leite integral, gordura ou progesterona deverão ser altos. Uma outra
leite desnatado. As amostras de leite são tes- possibilidade é a ocorrência de mortalidade
tadas para progesterona usando radioimu- embrionária precoce entre a amostragem e a
noensaios automatizados e os resultados che- confirmação da gestação por palpação retal.
gam ao fazendeiro dentro de 2 a 3 dias. Estes Assim, a vaca será incorretamente diagnos-
métodos são precisos porém relativamente ticada como prenhe (falso-positiva). Por es-
caros, requerem utilidades laboratoriais e os tas razões, a precisão de predição da gesta-
resultados ficam disponíveis somente após ção variou de 75 a 90%. Pelo contrário, a
vários dias. "Kits" de uma fase qualitativa de precisão para não-gestação será de 100% por-
progesterona no leite "para vacas" estão em que as vacas com baixa progesterona no leite
desenvolvimento e deverão contornar alguns não estarão prenhes (Tabela 22-4). Por este
destes problemas. Um ensaio imunoabsor- motivo, o teste de progesterona no leite é mais
vente ligado a enzimas (ELISA) e "kits" de seguro para diagnosticar ausência de gesta-
ensaio de aglutinação de látex estão disponí- ção do que gestação e pode identificar animais
veis para testes em fazendas, levando ape- não-prenhes em tempo muito mais precoce do
nas alguns minutos. A utilização destes tes- que é possível por palpação retal.
466 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
Nos rebanhos em que não se dispõe das (dia 40) do que na cabra e ovelha (dia 40 a 50)
datas de cobertura, p. ex., em rebanhos de ou na vaca (dia 72) (Tabela 22.3).
corte, um teste de gestação para rebanho pode O sulfato de estrona pode ser detectado no
ser baseado nos níveis de progesterona de três plasma materno da porca logo no dia 17 após
amostras de leite colhidas com 8 dias de in- a cobertura, subindo a um pico no dia 26 a 29
tervalo (Laing et aI., 1980). Para um teste e declinando depois disso.
positivo de gestação, o nível de progesterona O teste do sulfato de estrona apresenta a
deve permanecer elevado pelo menos nas duas vantagem sobre outros métodos correntes de
últimas amostras.
O mesmo princípio básico de utilizar o tes-
te de progesterona para diagnóstico precoce soro teste
de gestação em bovinos é também aplicável
em outras espécies domésticas. O teste é mais +
seguro para ausência de gestação do que para
gestação, como em bovinos (Tabela 22-4). Em anticorpo
alguns países asiáticos, os níveis de
progesterona no leite ou no sangue são usa- +
dos em uma base experimental como teste indicador
precoce de gestação em búfalas (Perera et aI.,
1980; Singh e Puthiyandy, 1980). As limita-
ções do teste são similares àquelas de bovi-
nos.
aglutinação
O teste de progesterona no leite encontrou
aplicação limitada em outras espécies. As ove-
lhas não estão em lactação na época de cober-
tura e o teste deve ser conduzido em amos- '
~
inibida ocorre
tras de sangue. A inabilidade para diferenciar
gestação de ausência de gestação é um gran-
prenhe não-prenhe
de obstáculo na cabra. A precisão do teste/é
baixa na porca e égua como resultante da
persistência do CL no animal não prenhe.
Sulfato de Estrona. O sulfato de estrona FIG. 22-11. Princípio do teste de hemaglutinação
é o principal estrógeno produzido pelo para detecção da gonadotrofina coriônica equina
(eCG, PMSG). O anticorpo é colocado contra o eCG
concepto e pode ser medido no plasma mater- e o sistema indicador é sensibilizado com eritrócitos
no, leite ou urina em todas as espécies do- de ovinos. Notar que a inibição de hemaglutinação
mésticas. O sulfato de estrona é detectável é positiva para gestação e ocorrência de
no plasma mais cedo na porca (dia 20) e égua hemaglutinação é negativa para gestação.
Diagnóstico de Gestação 467
diagnóstico de gestação na porca. Ele é mais resultado positivo (Fig. 22-11). Este teste
preciso no início da gestação e é um melhor imunológico é mais preciso entre 50 e 100 dias
detector de porcas não prenhes do que o ultra- de gestação. Se o feto morrer durante este
som Doppler (Atkinson et aI., 1986). Embora período, todavia, os níveis plasmáticos de eCG
exista uma relação entre o tamanho da permanecem elevados. Por este motivo, se o
leitegada no nascimento e os níveis de sulfa- eCG for medido após a morte fetal, serão ob-
to de estrona no soro e urina no dia 28, predi- tidos resultados falso-positivos.
ções quantitativas do tamanho da leitegada
usando níveis do soro ou da urina são relati-
REFERÊNCIAS
vamente imprecisas (Frank et aI., 1987). A
principal desvantagem do procedimento é a Atkinson, s., Buddle, J.R, Williamson, P., Hawkins,
dificuldade de colher sangue ou urina, porém c.D. and Wilson, RH. (1986). A eomparison be-
isto pode ser contornado medindo o sulfato tween plasma Destrone sulphate eoneentration
and doppler ultrasound as methods for preg-
de estrona nas fezes (Choi et aI., 1987). naney diagnosis in sows. Theriogenology 26,
A gestação pode ser confirmada na vaca 483-490.
Booth, J.M. and Chaplin, V.M. (1984). Oestrone sul-
leiteira medindo-se o nível de sulfato de phate in milk as a test for pregnaney. Proe. 10th
estrona em uma amostra de leite após o 1122 lnt. Congr. Anim. Reprod. and AI. Vol. 11,77.
Urbana-Champaign, IL.
dia de gestação em vez da confirmação por Boyd,J.S., Omran, S.N. and Ayliffe, T.R (1990). Eval-
palpação retal (Booth e Chaplin, 1984). Ca- uation of real time B-mode ultrasound seanning
bras prenhes podem ser identificadas por ní- for detecting early pregnaney in eows. Veto Ree.
127, 350-352.
veis de estrona no leite ou plasma aos 40 a 50 Buekrell, B.C., Bonnett, B.N. and Johnson, W.H.
dias de gestação (Roldsworth e Chaplin, (1986). The use of real-time ultrasound reetally
for early pregnaney diagnosis in sheep. Therio-
1982). genology 25, 665-673.
Tanto os níveis de sulfato de estrona quan- Butler, J.E., Hamilton, W.C., Sasser, RG., Ruder,
C.A., Hass, G.M. and Williams, RJ. (1982). Detee-
to os de eCG (ver a seção seguinte) podem ser tion and partial eharaeterization of two bovine
usados para diagnosticar gestação na égua pregnaney-speeifie prateias. Bio!' Reprod. 26,
925-933.
após o 402 dia de gestação. Porque o feto em Choi, H.S., Kiesenhofer, E., Gantner, H., Hois,J. and
desenvolvimento libera grandes quantidades Bamberg, E. (1987). Pregnaney diagnosis. in sows
de sulfato de estrona na circulação materna by estimation of oestrogens in blood, urine or
faeees. Anim. Reprod. Sei. 15, 209-216.
entre os dias 75 e 100 de gestação, o sulfato Curran, S., Kastelie, J,P., and Ginther, O.J. (1989).
de estrona tem a vantagem sobre o eCG para Determining sex of the bovine fetus by ultraso-
nographie assessment of the relative loeation of
a determinação da viabilidade do feto the genital tubereule. Anim. Reprod. Sei. 19,
(Kindahl et aI., 1982). 217.
Curran, S., Pierson, RA. and Ginther, OJ. (1986).
Gonadotrofina. A gonadotrofina coriônica Ultrasonographie appearanee of the bovine eon-
equina (eCG ou PMSG) aparece no sangue de eeptus from days 10 through 20. J.V.M.A. 189,
1289-1294.
éguas logo aos 40 dias após a concepção (ver
Findlay,J.K. (1980). Immunologieal diagnosis of early
Fig. 22-9), e a sua detecção tem sido conside- pregnaney. 1n Immunologieal Aspeets of Repro-
rada como evidência de gestação. Níveis de duction and Fertility Contra!. }.P. Hearn (ed.).
Laneaster, England, MTP Press.
picos são encontrados entre 50 e 120 dias Frank, G.R., Noble, RC., Esch, M.W., Green, C. and
(Walker, 1977),-que declinam gradativamente Bahr, }.M. (1987). Direet estimation of estrone
depois disso. sulfate in serum and urine of pregnant swine as
indieators of litter size at birth. Anim. Reprod.
O diagnóstico imunológico de gestação em Sei. 15, 121-129.
éguas é baseado no princípio de que a eCG Cearhart, MA, Wingfield, W.E., Knight, A.P., Smith,
quando presente em amostra de sangue a ser }.A., Dargatz, D.A., Boon, }.A. and Stokes, C.A.
testada, impede a aglutinação das células (1988). Real-time ultrasonography for determin-
vermelhas de ovino sensibilizadas por anti- ing pregnaney status and viable fetal numbers
in ewes. Theriogenology 30, 323-338. .
eCG (teste de inibição de hemaglutinação ou
Haibel, C.K. (1988). Real-time ultrasonie fetal head
RI). A aglutinação das células vermelhas sig- measurement and gestational age in dairy goats.
nifica um resultado negativo (i. é, ausência Theriogenology 30, 1053-1058.
de gestação), e a inibição da aglutinação, um Holdsworth, R.}. and Chaplin, V.M. (1982). A direet
468 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
469
470 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
A. Ovulação Cão No cio com 4 Pró-estro, 7-13 dias 2"-3" dias Poucos
espontânea a 8 meses de 9 dias; cio, do cio dias
intervalo na 7a9dias
primavera e
outono,
dependendo
da raça;
monoéstrica
(De Fox, RR e Laird, C.W (1970). Sexual cycles. In Reproduction and Breeding Techniques for
Laboratory Animals.E.S.E. Hafez (ed.). Philadelphia, Lea & Febiger.)
472 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
Cobaia 2 4 5 Tardio 5 6
Gerbo 2 3 Tardio 4 5 6
Hamster 2 3 Início 4 4 5
Gambá 3 3 4 Início 5 6
(De Enders, A.C., 1970. Fertilization, cleavage, and implantation. In Reproduction and Breeding
Techniques for Laboratory AnimaIs. E.S.E. Hafez (ed.). Philadelphia, Lea & Febiger)
Gonadotrofinas
Gonadotrofina sérica da égua Injeção Imita o FSH e estimula o crescimento
prenhe folicular
(PMSG)
Gonadotrofina coriônica humana Injeção Imita o LH e induz a ovulação
(hCG)
PMSG + hCG Injeção Combina as ações do FSH e do LH
Hormônio liberador de Injeção Induz a liberação de LH e de FSH da
gonadotrofinas (GnRH) hipófise anterior
Progestágenos
Progesterona Injeção, implante, pessário Imita ação do corpo lúteo (CL)
Progestágenos sintéticos* Injeção, implante, pessário, Imita ação do CL
oral
Estrógenos
Estradiol conjugadot Injeção, implante Induz regressão prematura do CL e
realça a resposta aos
progestágenos
Prostaglandinas
Prostaglandina F2a ou análogos Injeção Induz regressão do CL durante as
fases suscetíveis
da PGF2a
Ovina e caprina
Pré-púberes ou em anestro Progestágenos por 12 a 21 dias com A maioria exibe cio 2 a 4 dias após
estacional PMSG administrado próximo ao fim o tratamento com PMSG
do tratamento com progestágenos necessário para uma boa
resposta
Suína
Pré-púberes ou em só PMSG
anestro pós-parto PMSG no dia 1 com hCG administrado A maioria exibe cio 3 a 5 dias após
48-96 horas mais tarde o tratamento
PMSG + hCG administrado no dia 1
Equina
Anestro estacional Aumento do fotoperíodo 4 horas por dia A maioria ciela 4 a 6 semanas
mais cedo do que o normal
Anestro tardio Progestágeno por 15 dias A maioria ciela dentro de 1
semana após o tratamento
combinação de estrógenos mais progestágenos início da estação de monta normal irá esti-
ocorre quando o PMSG (400 a 800 DI) é ad- mular aproximadamente dois terços das fê-
ministrado no último dia do tratamento com meas em anestro a cicIar mais cedo do que o
progestágenos. A separação dos bezerros de normal. A indução hormonal da ovulação ba-
suas mães (2 a 3 dias) após a retirada dos seia-se na utilização de progestágenos para
progestágenos resulta também em resposta imitar uma fase luteínica normal.
aumentada em termos de porcentagens de Progestágenos (MAP, Cronolone, progestero-
vacas que são induzidas a cicIar (Wiltbank e na), administrados por 12 a 21 dias, são se-
Spitzer, 1978). A separação temporária do guidos por gonadotrofinas (400 a 800 DI de
bezerro remove a supressão da amamentação PMSCG) aplicadas por ocasião da retirada
induzida da secreção de gonadotrofinas deles. Se as fêmeas induzi das forem servidas
hipofisárias. Este regime de indução irá fa- por inseminação artificial (IA), geralmente
zer com que a maioria das fêmeas tratadas são feitas duas inseminações em períodos pre-
exibam cio dentro de 5 dias após a retirada determinados de 48 e 60 horas após o fim do
do progestágeno. tratamento. Vários métodos têm sido aplica-
Em ovelhas e cabras, é vantajoso avançar dos para a detecção e sincronização dos cios.
a estação de monta normal por 2 a 4 sema- (Figs. 23-1 e 23-2).
nas. Ovelhas e cabras anéstricas podem ser
induzi das a cicIar pela manipulação do SDPEROVULAÇÃO E TRANSFERÊNCIA
fotoperíodo. Esta abordagem é prática ape- DE EMBRIÕES
nas quando as fêmeas são confinadas em
ambientes internos em produção intensiva Superovulação
porque é necessário reduzir o fotoperíodo dia-
riamente (Ashbook, 1982; Corteel et aI., 1982). Os tratamentos superovulatórios são am-
A introdução de carneiros ou bodes sexual- plamente utilizados nos programas de trans-
mente ativos cerca de 4 a 6 semanas antes do ferência de embriões para aumentar o fome-
474 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
Progestágeno mais Progestágeno por 7 dias com PGF dada A maioria é coberta dentro de um
prostaglandina no dia 6, IA no cio ou em em horário período de 2 a 3 dias; ciclos repetidos
predeterminado são sincronizados
Ovina Progestágeno mais Progestágeno por 12-14 dias com A maioria é coberta dentro de um
PMSG PMSG dada na retirada do período de 2 dias
progestágeno, cobertura no cio ou IA
dupla
Caprina Progestágeno mais Progestágenopor 18-21 dias, PMSGna A maioria é coberta dentro de um
PMSG retirada do progestágeno; cobertura período de 2 ou 3 dias
no cio ou IA dupla
Prostaglandina mais PGF no dia 1, hCG no dia 7 ou 8, PGF A maioria é coberta dentro de 'um
hCG no dia 15, hCG no dia 21 ou 22 período de 2 a 4 dias
ESTRÓGENO
J. PROGESTÁGENO
+--
TRATAMENTO
- FIG. 23-2. Bovinos podem ser
sincronizados com uma combinação
de estrógeno e progestágeno. As letras
A, B, C, D representam quatro vacas
em diferentes dias do ciclo estral
A
. "/t\/\
~
I -~~~
,l
I
:~i/"~'.o'
quando foi iniciado o tratamento. A
linha sólida representa a secreção de
progesterona do corpo lúteo (CL). A
B linha interrompida representa um
o
~ ~ I ..1..
:
r
./..,....
. . , . ,. ,\. ~~ '..1" progestágeno de um implante. Notar
que o tratamento com estrógeno causa
FGA Oral - - 29 54 4 4
Esponja vaginal (FGA) 9 40 41 8 2
Implante de Norgestomet 51 49
* Administrada a todos os animais gonadotrofina sérica de égua prenhe no último dia do tratamento.
t FGA oral, 9 mg/dia; esponja vaginal com 40 mg de FGA; implante de Norgestomet com 3 mg de esteróide implantado
subcutaneamente.
(De Quinlivan, T.D. (1980).Estrous synchronization and contrai ofthe estrous cycle.In Current Therapy in Theriogenology.
DA Morrow (ed.). Philadelphia, W.B. Saunders.)
TecnologiaReprodutiva Assistida 477
"
hCG =gonadotrofina coriônica humana; PMSG =gonadotrofina sérica de égua prenhe.
Receptoras
Doadora valiosa
"" r;T
W ~"
.
.f .
Superovulação
Sincronização
.I es t rms
dos CICos
. .........
FIG. 23-3. Vantagens
transferência de embriões.
da
1
.
~
Reprodutor
Cobertura no cio
I
~@ ~
:: t@ ::r\
.
Transferência
reprodutor valioso são trans-
plantados a receptoras
pedigree que agem como mães
sem
valioso Recuperação
de embriões
~ ~@)/ ; LI
""-
de embriões
.
adotivas
vimento
para o desenvol-
de bezerros com
pedigree. (De Hunter, R.H.F.
. @ Gestação
(1982). Reproduction of Farm
Reprodução normal ou
retorno após dois a três
. AnimaIs. NewYork, Longman.)
Remover os órgãos reprodutivos e retirar o tecido adiposo adjacente e ligamentos. Todas as espécies
Lavar cada trompa e corno uterino, evitando contaminação do líquido de lavagem Todas as espécies
com o sangue.
Métodos cirúrgicos:
Lavar com 2-20 ml de meio a trompa a partir da porção superior do corno uterino Vaca, ovelha, cabra,
em direção às fímbrias usando uma seringa e uma agulha de ponta romba; coelha
colher o líquido de lavagem através de um pequeno tubo de vidro inserido no
infundíbulo.
Lavar com 15-20 ml de meio através da trompa a partir do infundíbulo, pela Porca, égua, alguma
junção útero-tubárica, e dentro da porção superior do corno uterino usando um utilização em
pequeno tubo de vidro ligado a uma seringa; colher os líquidos de lavagem outras espécies
através de uma agulha de ponta romba ou fino tubo de vidro inserido dentro
da luz uterina por uma pequena incisão.
Lavar o útero a partir da base do corno uterino em direção à junção útero- Todas as espécies
tubárica ou na direção inversa, usando 10 a 100 ml do meio, dependendo do
tamanho do útero; colher o líquido de lavagem através de uma agulha de ponta
romba ou pequeno tubo de vidro inserido na luz uterina por uma pequena
incisão.
Métodos Não-cirúrgicos:
Dilatar a cérvice (novilhas) com dilatador; inserir o cateter de Foley, o Vaca, égua
instrumento de Sugie, ou dispositivo similar dentro do corno uterino com
orientação manual pelo reto; inflar o balão com ar; irrigar o corno uterino com
100-800 ml do meio de lavagem; para éguas, inflar o balão na cérvice e lavar
ambos os cornos uterinos simultaneamante.
Métodos Não-cirúrgicos
~
oócitos de vacas, éguas, ovelhas e marrãs aba-
./'
tidas (Figs. 23-9, 23-10). Cerca de 50% dos
oócitos recuperados são morfologicamente
/~';'" normais. O baixo índice de recuperação pode
A ser devido às dificuldades na separação da
camada celular de cumulus do oócito do
cumulus oophorus. Assim, é possível que os
melhores oócitos para cultura in vitro não
sejam recuperados. A ruptura de folículos iso-
lados fornece um índice de recuperação de
quase 100% e ajuda a distinguir folículos
atrésicos de não atrésicos.
Várias técnicas foram estabeleci das para
a perfusão do ovário in vitro, tentando-se en-
tender o mecanismo fisiológico da ovulação
(Koos et aI., 1984). Várias técnicas foram de-
senvolvidas para a perfusão do ovário isola-
do, com a intenção de estudar a ovulação.
Nestes sistemas, a ovulação se dá in vitro
quando os ovários são estimulados pela ad-
ministração de hCG in vivo ou de LH in vitro
(Koos et aI., 1984) (Fig. 23-11).
....
Preparo das Doadoras
~
Superovulação da doadora lnseminação artificial (5 dias Recuperação não cirurgica de embriões
com PMSG após o início da (6 a 8 dias após a inseminação
superovulação) artificial)
-J~ "~al
0
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~ .
"
FIG. 23-7. Estágios que compõem a recuperação não-cirúrgica de embriões de uma vaca doadora
superovulada e respectiva transferência para uma receptora por técnica cirúrgica e não-cirúrgica. (De
Hunter, R.H.F. (1982). Reproduction ofFarmAnimals. NewYork, Longman.)
de plástico), cada um com uma abertu- com um microscópio composto a 40x a 200x
ra externa do lado de fora da doadora e de magnificação. Os embriões devem ser con-
que pode ser usado para introduzir ou servados em um recipiente que previna a eva-
colher líquidos. poração do meio de cultura. Óleo de parafina
5. O balão de plástico na outra extremi- pode ser usado frequentemente para cobrir o
dade é inflado para selar o corno do meio a fim de prevenir evaporação e conta-
útero dentro do qual o cateter está in- minação com microrganismos.
troduzido. Usando o cateter introdu- Usualmente, apenas ovos morfologi-
zido dentro do corno uterino, os em- camente normais são transferidos; todavia,
briões são trazidos para fora imersos alguns poucos que pareçam morfologicamente
no meio de cultura e coletados em tra- anormais podem desenvolver-se em produtos
vessas. normais (Shea et aI., 1976a, Elsden et aI.,
6. Os embriões colhidos são examinados 1978). Estágios de desenvolvimento embrio-
ao microscópio para avaliação de suas nário normalmente encontrados em várias
condições. épocas após a ovulação são apresentados na
Tabela 23-10 e Figura 23-12. Ovos em qual-
quer estágio, de uma célula ao blastocisto
Seleção de Ovos para Transferência eclodido, podem desenvolver-se a termo em
seguida à transferência para um ambiente
Após a colheita da doadora, os ovos são iso- adequado, porém índices de sucesso podem
lados sob um microscópio com magnificação ser mais baixos com estágios iniciais e muito
de 10x a 15x. Uma pipeta fina é usada para tardios. Sob a maioria das condições, os em-
movê-Ios dentro de meio de cultura fresco a briões entre os estágios de oito células (qua-
fim de examinar a morfologia, usualmente tro células em suínos) e o de blastocisto re-
TecnologiaReprodutiva Assistida 483
corno uterino
FIG.23-8. Utilização do cateter de Foley, de borracha, com balão inflável para recuperação de embriões
em bovinos. Um meio fisiológico é introduzido através do cateter, faz a lavagem em todo o corno uterino,
retomando também através do cateter para um frasco coletor (Hunter, 1982). A vulva é desinfetada e
um espéculo é introduzido na vagina em direção à cérvice. A parte central do espéculo é removida, e
substituída por um introdutor. O espéculo é então retirado e o introdutor é passado através da cérvice,
usando a técnica retal; ele é inserido dentro do corno uterino apropriado até o ponto que possa ser
facilmente atingido sem causar trauma. O introdutor é seguro em posição enquanto que a vareta central
de inserção é retirada, e o triplo cateter estéril Bovino é passado através dele. Se houver resistência
para uma movimentação livre do cateter, um assistente deve segurá-Io em posição enquanto que o operador
solta o introdutor e corrige a causa da obstrução. Então o operador recoloca o introdutor, e o cateter é
passado tanto quanto possível em direção àjunção útero-tubárica. (De Hunter, R.H.F. (1982). Reproduction
ofFarmAnimals. NewYork, Longman.)
484 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
sultam nos índices de gestação mais altos. 3. Ocorre a ruptura do folículo e a ovula-
Embriões mais velhos podem tolerar manejo ção.
in vitro melhor do que embriões mais jovens Na égua e certos carnívoros, a ovulação pro-
(Fig.23-13). vavelmente ocorre antes da formação do oócito
Embriões defeituosos mostrando qualquer secundário. Em 1935, Pincus e Enzmann des-
uma das anomalias morfológicas abaixo de- cobriram que os oócitos removidos dos
vem ser descartados. . folículos de Graaf de coelhas antes da onda
1. Blastômeros de tamanhos variáveis, de LH, e colocados em um meio de cultura
não uniformes adequado, entravam em maturação esponta-
2. Restos celulares na mórula neamente. Mais recentemente, isto foi con-
3. Colapso do blastocisto degenerado den- firmado em várias espécies; todavia, uma alta
tro de uma zona pelúcida de forma incidência de anormalidades cromossômicas
oblonga (McGaughey e Polge, 1971) e deficiências
4. Figura de desintegração mitótica citoplasmáticas (Moor e Trounson, 1977) in-
5. Blastômeros espumosos indistintos dicam que o processo não é sempre normal.
6. Fragmentação do material citoplas- Os oócitos podem ser total ou parcialmen-
mático e nuclear te amadurecidos in vitro e então fertilizados,
7. Forma anormal da mórula ou usualmente in vivo. Em alguns destes estu-
blastocisto (Fig. 23-14) dos, a fertilização foi claramente anormal e
pode assim tê-Io sido na maioria deles. Uma
Maturação In Vitro de Oócitos e Embriões descendência normal, contudo, resultou de
dois dos estudos. Melhores resultados foram
Os folículos de Graaf contêm oócitos pri- obtidos quando o folículo inteiro foi cultivado
mários que normalmente completam o desen- com hormônios apropriados (Moor e
volvimento morfológicona sequência a seguir, Trounson, 1977). Aparentemente, este méto-
em resposta à onda pré-ovulatória de LH: do não produz as anormalidades associadas
1. A membrana nuclear (vesícula com maturação in vitro de oócitos isolados.
germinativa) se degrada. O desenvolvimento embrionário ocorre em
2. O oócitosecundário é formado pelo aca- várias condições de cultura, meios e suple-
bamento da primeira divisão meiótica mentos, e atmosferas gasosas. As culturas em
e extrusão do primeiro corpúsculo po- tubos fechados produzem resultados iguais
lar. A placa de metáfase para a segun- aos notados em microgotas de meios sob óleo
da divisão meiótica é formada logo de- de parafina. Uma atmosfera reduzida de oxi-
pois. gênio de 5% CO2, 5% O2, 90% N2 é pelo me-
Thcnologia Reprodutiva Assistida 485
-
".i
18 em.
- 23.5 em.
A ~&
Tampa de Infusão
Silicone
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18.0 em.
12G cãnul!i
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Disco de Manuseio
do Trocarte 23.5 em.
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Configuração da Extremidade
14G Agulha
Balão de silicone
Tampa de
Silicone
9.0 em
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0.6
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~
~
terrompida no estágio de diplóteno no nasci-
mento até ser reassumida pela onda
superovulatória de gonadotrofinas. Enquan-
.-< - I:/;:
B
~
~
to a meiose está interrompida, os oócitos são
selecionados continuamente para crescerem
a partir da coleção de oócitos primordiais. Re-
sultantes da onda pré-ovulatória de gonado-
~ c
~
~
trofinas, os oócitos plenamente crescidos nos
folículos sofrem meiose, completam a primei-
ra divisão meiótica, entrando então em um
~ D
~
~
segundo período de interrupção na metáfase
lI. A sequência de modificações no oócito en-
tre os dois períodos de interrupção meiótica é
chamada de maturação do oócito, que consis-
te de modificações nucleares, citoplasmáticas
e de membranas (Wassarman, 1988). A con-
~ clusão destas modificações de maturação leva
à fertilização normal e ao desenvolvimento
embrionário.
FIG. 23-10. Fases A, B, C e D mostram a colheita Quando oócitos totalmente crescidos são
pós-morte de ovos e embriões de suínos. removidos dos folículos antes da onda de
gonadotrofina e cultivados em meio, eles so-
nos igual e, em algumas espécies, superior a frem meios e e completam a primeira divisão
5% CO2 em ar na promoção do desenvolvi- meiótica in uitro. Estes oócitos, amadureci-
mento embrionário (Wright e Bondioli, 1981). dos "espontaneamente" in uitro, mostram um
Os níveis de fertilização, clivagem e gesta- potencial muito pobre para fertilização nor-
ção em oócitos imaturos são mais baixos do mal e desenvolvimento embrionário. A remo-
que em oócitos maduros. A meios e começa ção de oócitos do ambiente inibidor da meiose
durante o período fetal precoce, então é in- dentro dos folículos não é suficiente para a
FIG. 23-9. Conjunto de agulhas para aspiração de óvulos. A. Aço inoxidável, calibre 14 com extremidade
em biseI de 60°. A porção utilizável mede 23,5 cm, permitindo a projeção de 4,5 cm a partir da cânula.
Teflon transparente reveste a agulha desde 2 a 3 mm dentro da ponta até a porção final encurvada da
extensão de 75 cm que passa através da rolha de silicone. A rolha é adaptada a uma agulha de vácuo
para aspiração controlada e a um eixo Luer-Lok de metal ao redor da tubulação externa para infusão de
meio de cultura. O diâmetro da luz do revestimento de Teflon é 1,2 mm:t 1 mm, equivalente à luz de uma
agulha padrão de calibre 18 (Catálogo N2 OPS-2). B. Cânula de aço inoxidável polido de 16,0 cm de
comprimento com eixo Luer- Lok, calibre 12. A ponta de um trocarte de aço inoxidável prolonga-se 1 mm
além do revestimento, uma extremidade em forma de disco com as partes laterais serrilhadas facilita
uma segura manipulação com uma só mão. (N eedle Assembly) Aço inoxidável, calibre 14 com extremidade
especial em biseI de 60°. A porção utilizável mede 23,5 cm, permitindo a projeção de 4,5 cm a partir do
revestimento. Teflon transparente reveste a agulha desde 2 a 3 mm dentro da ponta até a porção final
encurvada da extensão de 75 cm que passa através da rolha de silicone. A rolha é adaptada a uma
agulha de vácuo para aspiração controlada e a um eixo Luer-Lok de metal ao redor da tubulação externa
para infusão de meio de cultura. O diâmetro da luz do revestimento de Teflon é 1,2 mm:t 1 mm, equivalente
à luz de uma agulha padrão de calibre 18 (Catálogo NQOPS-3). C. Diagrama do aparelho usado para
colheita não-cirúrgica de ovos de coelha, na vagina. O líquido de lavagem aquecido é impulsionado para
dentro de um tubo injetor estreito: (a) o líquido flui através do cateter para a porção anterior do lúmen
vaginal; (b) então, o lavado volta ao cateter através dos orifícios (c), sendo recuperado no tubo de ensaio;
(d) as flechas mostram a direção do fluxo. (A, B de Tsutsumi et aI. (1976). J. Reprod. FertiI. 48, 393; C de
Y. Tsutsumi (1980). Nonsurgical embryo recovery from rabbit vagina. Arch. AndroI. 5, 111-113.)
Tecnologia Reprodutiva Assistida 487
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DETALHE DO TUBO ACANALADO
FIXADO NA TROMPA
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HAGENBAR~0 ~ '
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EMBRIOLÓGICA
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PLACA DE PETRI
FIG. 23-11. Colheita de ovos em macacos. I, Lavagem retrógrada das trompas de macaco rhesus para
recuperação de ovos tubáricos. lI, Lavagem uterina no macaco rhesus. lll, Colheita de embriões pré-
implantação de babuíno (a uma espátula é usada para separar o endométrio do miométrio; (b) o útero é
invertido (flecha) e o saco endometrial contendo os embriões é cortado na cérvice uterina. N, Colheita de
embriões pós-implantação de babuíno. (1 e U de Brackett et aI. (1971). Cleavage ofrabbit ova inseminated
in vitro after removal of follicular cells and zonae pellucidae. FertiI. Steril 22, 816-828; lU e IV de
Hendricks, AG. (1971) Embriology of the baboon. Chicago, University of Chicago Press.)
maturação fisiológica dos mesmos. A adição ram induzir gestação resultante de oócitos
de gonadotrofinas e esteróides ao meio de bovinos amadurecidos e fertilizados in vitro.
maturação promove a maturação in vitro de
oócitos extrafoliculares e leva a um aumento Transferência de Embriões
do potencial de fertilização e desenvolvimen-
to embrionário. Inclusive, a cultura de oócitos Transferência Não-cirúrgica
em folículos isolados intactos (cultura do
folículo integral) confere ao oócito maturação Resultados de transferência de embriões
fisiológica in vitro. Xu et aI. (1987) consegui- não-cirúrgica foram resumidos por Foote e
488 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
..
. Blastocisto
precoce
flanco. O ovo é então depositado
uterina.
na luz
2 -3 eCé~as -
7 9 O Bl"""'",
tadas por técnicas cirúrgicas sob anestesia
geral ou local com o animal contido em uma
goteira para laparotomia. A abordagem é in-
variavelmente por incisão medioventral, com
3 -5 @céfulas
8 - 10
() Blastocisto
e~ expan-
exposição do trato genital, e as trompas ou os
cornos uterinos são lavados para a colheita
sao
~16 dos ovos. Os embriões são transferidos com
uma ou duas gotas de meio dentro das trom-
4 - 5 Vcélulas
pas ou dos cornos uterinos expostos fora da
~ ~Blastocisto
incisão (Sugie et aI., 1982) (Fig. 23-15).
J
FIG. 23-13. A, Desnudo e B, ovos de coelha não tratados com células foliculares cerca de 5 horas após
inseminação com espermatozóides epididimários que haviam sido expostos a um meio definido por 15
minutos e pré-incubados por 1 hora. Muitos espermatozóides penetraram no espaço perivitelino do ovo
desnudo do que dentro daquele do ovo com células foliculares. Os ovos estão ligeiramente comprimidos
sob uma lamínula e examinados sem coloração sob contraste de fase. Quando examinados após coloração,
o corpúsculo polar secundário, pró-nucleos masculino e feminino, e a cauda espermática penetrante
foram observados claramente. C, Embrião ovino de oito células recuperado da trompa 3 dias após o fim
do cio. D, Embrião equino, blastocisto precoce, recuperado do útero 7 dias após a ovulação. E, F. Micrografia
eletrônica de varredura de embrião de duas células (E) e mórula (F) após remoção da zona pelúcida. (A
e B cortesia do Professor Niaw et aI., 1983; C, D cortesia do Professor N. Ogiri.)
490 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
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que não deve ser utilizado para transferência de
embriões rotineira.
,
receptoras mais velhas, de jovem para jovem,
e de animais velhos para jovens. A porcenta-
60 I ," gem mais baixa de sobrevivência embrioná-
I
I '.
\ ria foi encontrada quando embriões jovens
I \
40 I \ foram transferidos para mães velhas, indican-
I do que a pobre implantação em fêmeas ido-
I
I sas é devido a um ambiente materno defeituo-
20 - I
,
I
so.
FIG. 23-16. (Acima) Índices ótimos de concepção As seguintes estatísticas devem ser com-
após técnicas de transplante de embriões em bovi- piladas nos registros de transferência de em-
nos são obtidos com blastocistos de 6 dias de ida- briões:
de. A seleção de embriões a serem transplantados Número de ovos aspirados
sem dúvida, contribui para o índice de sucesso
neste estágio. (Abaixo) A importância do íntimo Número de ovos/número de folículos aspi-
sincronismo entre os ciclos estrais da doadora e rados (%)
das receptoras para altos índices de concepção após Número de gestações/número de ciclos de
o transplante de embriões. (Hunter, R.H.F. (1982). tratamento (%)
Reproduction of Farm AnimaIs. New York, Número de ciclos com onda de LH endógeno
Longman.)
(%)
Número de ovos fertilizados que sofreram
clivagem
Manutenção da Gestação Após a Número de gestações clínicas/número de
Transferência de Embriões ciclos de reposição (%)
Número de gestações bioquímicas
Os índices de gestação, porcentagem de diagnosticadas por método sensível
receptoras prenhes, não devem ser confundi- Número de abortamentos clínicos/número
dos com a porcentagem de embriões que so- de gestações clínicas (%)
492 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
ESPERMATOZÓIDE OÓCITO
Colheita e Capacitação de Espermatozóides
penetração
.. ovulação
Bovina 20-30 Útero (vaca, coelha) Krebs-Ringer + BSA Trompa (coelha, ovelha, porca)
Trompa ou útero de vaca abatida ou fluido In viera
folicular de coelha
In viera em meio de alta força iônica
FIG. 23-18. Microfotografias eletrônicas de varredura de óvulos humanos passando por fertilização in
vitro. A. Oócito pré-ovulatório parcialmente circundado por células da corona. Caudas de espermatozóides
podem ser vistas entre as células da corona. B. Cerca de 100 espermatozóides podem ser notados sobre
os oócitos não-ovulatórios. C. A superfície da zona pelúcida pode parecer lisa. Isto pode facilitar a
observação de espermatozóides sobrepostos e penetrantes. D, E, F, G. Interação espermatózoide-óvulo.
Processos citoplasmáticos de células granulosas estendem-se ao redor da cabeça do espermatozóide. A
maioria dos espermatozóides estão planos sobre a zona pelúcida, a maioria dos espermatozóides unidos
perderam seus capuchões acrossômicos, embora alguns dos unidos estejam sofrendo a reação do acrossomo
porque a parte anterior das cabeças está vesiculada. Inicialmente, a parte anterior da cabeça dos
espermatozóides penetra do poro da zona quase tangencialmente. (A, B, C, cortesia do Professor P.
Sundstrom da Suécia; D, E, F, G, cortesia dos professores H. Hoshiai, A. Tsuiki, K. Takahasi e M. Suzuki
do Japão.)
TecnologiaReprodutiva Assistida 497
mos contém todas as instruções que a célula de sódio 0,9% em tubos siliconizados de cen-
precisa para funcionar. Avanços recentes na trífuga por 10 minutos e dissociados delica-
engenharia genética propiciam aos cientistas damente por aspiração com uma pipeta
condições para descobrir, rearranjar e fazer Pasteur siliconizada. Após nova incubação por
cópias, ou clones, de genes. Por exemplo, cada 10 minutos, o tubo teste é centrifugado a 800
célula humana contém cerca de 100.000 rpm por 5 minutos e o sobrenadante removi-
genes. Pelo menos 22.000 desses genes foram do e substituído por álcool acético fixador.
isolados, e algumas de suas funções específi- As preparações são guardadas durante
cas foram identificadas. uma noite a 40 C e após remoção do flXador
por centrifugação, adiciona-se 45% de ácido
Avaliação de Cromos somos de Óvulos acético aquoso. As células dissociadas são
ressuspensas após uma segunda troca de áci-
Mórulas ou blastocistos são incubados por do acético, e pequenas gotas da suspensão são
2 horas a 370 C em meio 199 de cultura de colocadas em uma lâmina aquecida a 560 C
tecido (CT), ao qual foi adicionado Colcemid sobre uma platina quente. As lâminas são
(0,5 gim!). Então eles são colocados em citrato então coradas com carbol fucsina.
498 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiua
Meiose do Oócito
I' divisãomeiótica
2' divisão meiótica
1
Prófase Retomada da meiose
~~
1 ~::~fase
Interfase
M~ Prófase
púscul
.
'0@
22i""" @
r-;;"'
8Metáfase
12 Anáfase
1
Ovulação
i:
3Paquíteno
@ "::fi)"
- o 1
3 Telófase
o
~
'~~
N"
4D" 1 (3 . :: "!>
tO
"
""
5 Estágio dictiado
0J
10 Telófase
~
14 Ovo pró-nuclear
Telófase
BII
Vesícula germinativa
@
c
FIG. 23-19. Arranjo cromossômico durante a mitose e a meiose. A. Arranjo cromossômico durante a
mitose. (Feingold, M. e Pashaya, H., 1983). B. Meiose de oócitos. Para simplificar, apenas três pares de
cromossomos estão representados. Estágios de prófase (1 a 4) da primeira divisão meiótica que ocorre
na maioria dos mamíferos durante a vida fetal. O processo meiótico é impedido no estágio de diplóteno
(primeiro impedimento meiótico), e o oócito entra nos estágios dictiados (5 a 16). Quando recomeça a
meiose, a primeira divisão de maturação está completada (7 a 11). A ovulação usualmente ocorre na
metáfase 11(11) e a segunda divisão meiótica (12 a 14) se dá na trompa apenas seguindo a penetração
espermática. (Tsafriri, A., et al., 1983). C. Microfotografias eletrônicas de varredura de cromossomos.
Tecnologia Reprodutiva Assistida 499
Normal Não-disjuntivo
Normal x XX O
x XX (=f'êmea normal) XXX xo
y XY (=macho normal) XXY YO
Não-disjunção XY XXY
espermática XX XXX
yy XYY
O XO
Um espermatozóide ou óvulo O é aquele que não carrega nem um cromos somo X ou Y. Gametas não-
disjuntivos aparecem através de uma falha de divisão (não-disjunção) dos cromossomos sexuais. Indivíduos
YO provavelmente não são viáveis; indivíduos XXX, na espécie humana, são fêmeas anormais. (McLaren,
1980).
FIG. 23-20. Método de bissecção de blastocistos de vaca por micromanipulação. 1, Seis microinstrumentos
são colocados no campo ótico de um microscópio invertido. Duas micropipetas controladas por
micromanipuladores tipo B seguram o blastocisto e a zona pelúcida vazia por pressão negativa. 2,
Instrumentos com ponta aguda em frente ao blastocisto são controlados por um micromanipulador tipo
A. A micropipeta à esquerda e o microescalpelo à direita são controlados por um micromanipulador tipo
B. Este equipamento permite a bissecção de 6 a 8 blastocistos por hora. (De Willadsen, S.M., (1982).
Micromanipulation of embryos of the large domestic species. In Mammalian Egg Transfer. C.E. Adams
(ed.). Boca Raton, FL, CRC Press.) 2, 3. As duas microagulhas agudas cortam a zona pelúcida a uma
distância tão curta quanto possível ao longo da porção média. O blastocisto é subsequentemente
rotacionado a 90° C com as duas microagulhas para mostrar a fenda. 4, 5. A micropipeta é introduzida
através da fenda dentro da zona enquanto que um pequeno volume do meio é injetado para expelir o
embrião. 6, 7. A bissecção do blastocisto é conseguida usando o microescalpelo ao longo do plano sagital.
8,9. Com auxílio da sucção da micropipeta, cada "meio" embrião é colocado de volta dentro de uma zona
pelúcida vazia. 10. "Meios" (demi) embriões são então incubados a 37° C por 2 horas. Eles reconstituem
suas blastoceles, e é possível distinguir novamente a massa celular interna em cada "meio" blastocisto.
As células destruídas durante a bissecção aderem à superfície externa do "meio" blastocisto. (De Ozil,
J.P. (1983). Production ofidentical twins by bisection ofblastocysts in the cow. J. Reprod. Fertil. 69, 463.)
TecnologiaReprodutiva Assistida 501
~ c
A
d
~
~~
,
FIG. 23-21. Micromanipulação de gametas e embriões. A. Remoção da zona pelúcida. B. Separação de
blastômeros. C. Inserção de blastômeros únicos dentro da zona pelúcida evacuada. D. Primeira embebição
em ágar. E. Pedaço de ágar antes de transferir para a trompa de ovelha após recuperação da mesma. A
posição individual do embrião dentro do pedaço permite que ele seja rapidamente identificado após a
cultura. (Willadsen, 1982).
502 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
conteúdos são então expelidos. As zonas são críticas a problemas de genética, citologia,
separadas do vitelo e lavadas várias vezes reprodução animal, imunologia, evolução e
(Hartman, 1983). fisiologia e bioquímica da reprodução. Por
Embriões equinos com blastômeros de duas exemplo, a técnica pode ser usada para ava-
a oito células recuperados cirurgicamente 1 liar as contribuições relativas do oócito e do
a 3 dias após a ovulação de éguas pônei, fo- trato reprodutivo em crescimento com a di-
ram separados mecanicamente e transferidos, minuição da reprodução em animais mais
em várias combinações, para zonas pelúcidas velhos (Maurer e Foote, 1971).
evacuadas de suíno para fazer "meio" (demi) A transferência de embriões bem-sucedida
e "um quarto" de embriões micromanipulados. depende de vários fatores incluindo
Estes são então imersos em ágar e cultivados superovulação, detecção do cio da doadora e
in vivo nas trompas ligadas de ovelhas por das receptoras, inseminação da doadora, re-
3,5 a 5 dias a fim de permitir o desenvolvi- cuperação de embriões, armazenamento a
mento ao estágio final de mórula e início de curto prazo de embriões in vitro, transferên-
blastocisto. Transferências subsequentes ci- cia embrionária, manejo apropriado da
rúrgicas ou não de "meio" ou "um quarto" de receptora até o parto e conservação da saúde
embrião para éguas resultou em gestações, dos produtos até que sejam usados ou
incluindo pares monozigotos (Allen e Pashen, comercializados. Se apenas um destes requi-
1984). sitos for mal executado, todo. o processo pode
falhar. Quando são consideradas todas as doa-
USO E LIMITAÇÕES DA TRANSFERÊN- doras tratadas, o número médio de bezerros
CIA DE EMBRIÕES E TÉCNICAS RELA- produzidos por superovulação situa-se entre
CIONADAS 3 e 4, mesmo com a melhor tecnologia. O nú-
mero médio é 2 e a moda, zero. Ocasional-
A transferência de embriões é uma técnica mente, são produzidas progênies de mais de
útil que permite abordagens experimentais 20 bezerros, porém isso ocorre menos do que
FIG. 23-22. Dispositivo para micropipetar: a linha de calibração permanente codificada em cor permite
a operação com uma única mão e elimina a aspiração com a boca.
504 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiua
uma vez em 100 tentativas. A maior contri- briões em suínos, todavia, é a introdução de
buição a esta variabilidade é a resposta material genético novo em rebanhos específi-
imprevisível à superovulação; o segundo mai- cos de agentes patogênicos.
or problema é que muitos óvulos não foram A superovulação não é muito eficiente em
fertilizados ou são anormais. Devido à possi- equinos. Um único ovo contudo, usualmente
bilidade de induzir superovulação em vacas pode ser recuperado não-cirurgicamente du-
4 ou 5 vezes por ano, mais de 10 bezerros po- rante cada ciclo estral 6 a 7 dias após a ovu-
dem ser obtidos por vaca e por ano, em mé- lação. Além disso, a transferência não cirúr-
dia. gica tem sido bem-sucedida em éguas (Oguri
e Tsutsumi, 1974). Parece que a transferên-
Aplicação cia de embriões pode ser especialmente útil
para a obtenção de descendentes adicionais
A transferência embrionária pode ser usa- de éguas reprodutoras inférteis e velhas.
da para aumentar rapidamente linhagens
sanguíneas raras, para obter maior descen- Desenvolvimento Futuro
dência de fêmeas valiosas, e para acelerar o
progresso genético facilitando o teste de pro- Algum progresso já foi conseguido com a
gênie de fêmeas, reduzindo assim o intervalo superovulação de animais pré-púberes
entre gerações. Os métodos de transferência (Onuma et aI., 1970; Wright et aI., 1976;
de embriões, todavia não são tão eficientes Trounson et aI., 1977), embora os índices de
como a IA para fazer o progresso genético gestação provenientes da transferência de
(Land, 1977). Um dos problemas é que os ín- embriões de bezerras sejam baixos (Seidel et
dices reprodutivos das doadoras são aumen- aI., 1971). Uma outra área excitante é a
tados às custas dos índices reprodutivos di- sexuagem de embriões, que possui um signi-
minuídos das receptor as porque estas ficado especial porém é muito cara e consu-
frequentemente permanecem não-prenhes midora de tempo. Aproximadamente dois ter-
por períodos prolongados até receberem um ços de embriões mais velhos de bovinos pode
embrião por transferência (Seidel e Seidel, ser sexuado com sucesso antes da transferên-
1978). cia (Hare e Betteridge, 1978). A produção de
O transporte de embriões congelados a lon- cópias genéticas exatas de animais seleciona-
ga distância é um meio barato de exportar dos através da clonagem também é possível.
rebanhos. Os primeiros transportes bem-su- Outros problemas ainda permanecem para
cedidos de embriões congelados de bovinos serem resolvidos antes que as técnicas de
foram da Nova Zelândia para Austrália transferência de embriões atinjam uma esca-
(Hilton e Moor, 1977). la prática comparável à IA.
A transferência de um único embrião para
cada corno uterino de uma vaca não coberta INSTRUMENTAÇÃO, FILTRAÇÃO DE
ou de um segundo ovo para o corno ÁGUA E AR, MEIOS DE CULTURA
contralateral ao CL de uma vaca receptora
que concebeu há poucos dias é mais eficiente Equipamentos e suprimentos laboratoriais
do que a simples ovulação para a produção para a transferência de embriões, FIV, e ma-
de gêmeos em bovinos (Rowson et aI., 1971; nipulação embrionária estão relacionados nas
Anderson, 1978). Tabelas 23-18 a 23-20 e Figura 23-23.
Na criação de suínos, a transferência de
embriões é de valor limitado. A transferência Água Ultrapura
de grande número de embriões para fêmeas
não cobertas ou de embriões adicionais para A água destilada e engarrafada favorece a
receptoras previamente cobertas não aumen- formação de novos elementos orgânicos logo
ta apreciavelmente o tamanho da leitegada. após o armazenamento. Infelizmente proble-
Um importante uso da transferência de em- mas de armazenamento são justamente um
Tecnologia Reprodutiva Assistida 505
Material de vidro Placas de Petri, pipetas, placas para embriões, garrafa térmica para conservação
por curto período de embriões e material variado de laboratório de vidro ou não
Câmaras de segurança Câmaras ventiladas de proteção pessoal, com fluxo interior sem atingir o operador
biológica Câmara ventilada para proteção pessoal e dos produtos com a frente aberta e fluxo
de ar interior, massa HEPA-filtrada, fluxo de ar recirculado para proteção de
produtos; ar filtrado por exaustor
Câmara de frente fechada ventilada, filtrada com luvas de borracha, pressão
negativa com ar compacto
dos empecilhos à utilização de água destila- terminado se move com velocidade uniforme
da ou engarrafada. Existem também proble- em uma única direção ao longo de linhas pa-
mas de altos custos operacionais e de manu- ralelas de circulação. Gabinetes de seguran-
tenção, além do transporte de contaminantes. ça biológica para o fluxo laminar são disposi-
A purificação de água para laboratório sofreu tivos projetados para minimizar os riscos
dramáticas modificações na década de 1980. biológicos inerentes em trabalhos com agen-
Químicos, cientistas e médicos atualmente tes biológicos de baixo e moderado risco. Aca-
estão rotineiramente familiarizados com os pela de retenção do fluxo laminar fornece não
níveis de impureza que eram impossíveis de apenas proteção ao produto pela utilização de
serem medidos há 10 anos. Hoje, a ar filtrado em fluxo para baixo, como fornece
deionização, a osmose invertida, a absorção também proteção ao operador através de uma
carbônica e a microfiltração em membrana barreira de ar com pressão negativa criada
são em alguns aspectos superiores à destila- ao longo da abertura frontal. Com condições
ção. Vários sistemas de ultrafiltração de água as sépticas apropriadas e bom manejo de la-
são disponíveis atualmente no comércio. Es- boratório os níveis de risco são substancial-
tes sistemas custam menos do que a água mente reduzidos.
destilada ou engarrafada e não há transpor-
te de contaminantes. Diferentemente dos
destiladores, que requerem regulares limpe- CULTURA, CO-CULTURA, E CULTURA
zas com ácidos, os cartuchos de ultrafiltração DE ÓRGÃOS
podem ser substituídos em minutos.
Secreções das Trompas
Filtração a Ar
As células epiteliais das trompas de ovi-
o fluxo laminar é um dispositivo no qual nos e bovinos secretam duas classes de pro-
todo o volume de ar dentro de um espaço de- teínas. A primeira classe é uniformemente
506 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
Clonagem Transplante nuclear em ovo enucleado, para facilitar a propagação contínua de genes
(substituição particulares, trato e espécies (para preservar espécies em perigo)
nuclear)
Animais Genes clonados introduzidos em células somáticas ou embriões (para análise de mecanismos
transgênicos moleculares de animais domésticos e de laboratório)
Genética Embriões haplóides de remoção microcirúrgica de um pró-núcleo
Embrião haplóide de bissecção de ovo fertilizado de uma célula
Produção microcirúrgica de descendente uniparental homozigoto-diplóide
Análise genética antes da implantação
Transplante nuclear do e no embrião pré-implantação
Enucleação microcirúrgica de zigoto tripronuclear
Manipulação de Uso de microfilamento inibidor de "citocalasina B" para inibir a citoquinese
gametas e Uso de inibidores citoesqueléticos para remoção pró-nuclear
embriões Diagnóstico pré-natal e terapia de gene
Hibridização in situ e reação em cadeia de polimerase (amplificação da sequência de DNA a
partir de uma única célula)
secretada durante o ciclo estral e representa rante o cio. Depois da ovulação, apesar das
uma pequena proporção da produção total de células circundantes do cumulus oophorus e
proteína, enquanto que a segunda classe exi- da corona radiata, quantidades significativas
be um padrão cíclico de secreção composta de glicoproteínas das trompas ligam-se firme-
principalmente de polipeptídios. Estas duas mente à zona porcina; todavia, as
proteínas, detectadas logo após o cio, perma- glicoproteínas não formam uma cobertura de
necem no fluido das trompas pelo mesmo tem- mucina, como se verifica nos ovos localizados
po que os ovos (Gandolfi et aI., 1989). Os ní- nas trompas de coelha.
veis das trompas de novas proteínas A trompas dos mamíferos possuem a habi-
sintetizadas são mais altos durante o cio e lidade de sustentar o desenvolvimento de
declinam logo após. Aproximadamente 30 a embriões em muitas espécies, indicando que
40 polipeptídios individuais são secretados, muitos dos efeitos benéficos do ambiente
alguns dos quais em uma proporção maior du- tubárico podem na verdade ser não específi-
TecnologiaReprodutiva Assistida 507
Monitor
Unidade de
Ultra-som Bexiga
Linha de
punctura
Útero
Folículo
Ovário
transferidos de volta para as pacientes. O ín- soro que impede a reação de liberação de
dice de gestação aumenta quando os em- plaquetas.
briões humanos co-cultivados com células Vários meios biológicos de cultura têm sido
ampolares humanas são recolocados de volta utilizados para a manipulação de embriões
nas pacientes. (ver apêndice). Usualmente, 50 mg de sulfa-
to de estreptomicina e 100.000 UI de penici-
lina G potássica são adicionadas por litro,
Suplementação Macromolecular porém outras concentrações, outros antibió-
ticos e agentes antifúngicos são também fre-
O preparo de soro adicionado ao meio de quentemente utilizados. Os meios devem ser
maturação requer uma atenção especial. O forçados através de um filtro de 0,45 ~m ou
soro obtido após a coagulação de sangue inte- ainda menor para remover as bactérias.
gral (soro centrifugado retardado [DC]) con- Os meios podem conter albumina sérica
tém substâncias tóxicas ao embrião. A bovina (BSA) ou soro sanguíneo (com
toxicidade do soro DC pode ser completamen- frequência de fetos bovinos) que tenha sido
te evitada por um método de preparação do inativado pela exposição a 56°C por 30 minu-
TecnologiaReprodutiva Assistida 509
tos. Geralmente BSA é adicionado a 0,3 a 1%, nário e a viabilidade são superiores àqueles
porém concentrações de 0,1 a 50% também atingidos in vitro para o estágio de clivagem
são usadas. Todos os meios com exceção da precoce de embriões de cabras e vacas. Em
solução tampão fosfatada modificada, são outras técnicas, os embriões bovinos (ou
tamponados com bicarbonatos e por este mo- blastômeros) são colocados dentro de câma-
tivo necessitam de uma atmosfera de 5% de ras de hidrogel, que são então transferidas
CO para manter um pH adequado. Isto é para a cavidade peritoneal de roedores.
acompanhado de uma mistura de 5% de CO2 Devido ao fato da maioria dos ambientes
em ar, ou melhor, 5% CO2, 5% 02 e 90% N2' intercelulares de mamíferos funcionarem com
Um incubador de CO2 ou um recipiente pe- pH de 7,2 a 7,35, as soluções de meios comer-
queno, pleno de gás e impermeável ao ar po- ciais para recuperação de embriões e cultura
dem ser utilizados. Quando o meio deve ser são ajustados dentro desta variação. A
conservado em ambiente de ar (sem C02) por osmolaridade é semelhantemente monitorada
longos períodos, 25 ml de tampão HEPES é para cada bateria de meio para manter um
usualmente adicionado e o NaCI diminuído constante controle de qualidade. Os meios
para manter a osmolaridade apropriada. biológicos são preparados usando água esté-
O vermelho fenol, 1 a 20 mg/L é frequente- ril deionizada e destilada, processados atra-
mente adicionado como um indicador de pH. vés de uma membrana de filtro de 0,2 11m.
O pH do meio pode variar de 7 a 8, porém Garrafas recipientes são esterilizadas em
melhores resultados são obtidos entre 7,2 e autoclave com 2600F a 20 psi por 45 minu-
7,6. A osmolaridade pode ser ajustada de 250 tos. O objeto destes meios é direcionado espe-
a 320 mOsm/kg variando-se a concentração cificamente à manutenção do embrião e à
de NaCl. Osmolaridades entre 270 a 300 habilidade de promover o crescimento. As so-
mOsm/kg são mais comum ente utilizadas luções de meios são controladas quanto à qua-
para embriões. A água é o principal ingre- lidade por ensaios de cultura de embriões
diente e a sua pureza é importante. A desti- entre cada 24 a 32 horas.
lação dupla ou destilação em vidro de água
deionizada usualmente é adequada.
Soluções modificadas e balanceadas com REFERÊNCIAS
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510 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
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24
PRESERVAÇÃO E CRIOPRESERVAÇÃO DE GAMETAS E
EMBRIÕES
E.S.E. HAFEZ
513
514 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
Técnicas de resfriamento Nível lento de resfriamento varia de 0,5 a1,6°C por minuto
Nível rápido de resfriamento varia de 17 a 30°C por minuto
Nível de resfriamento -l°C/min. da temperatura ambiente a -7°C
Nível de resfriamento 0,3°C/min. a -35°C
Nível de resfriamento O,l°C/min. a -38°C
Remoção dos crioprotetores Cortar selo aquecido ou a rolha de PVC das extremidades das palhetas
Embriões lavados com gotas de diluições em série de mistura de crioprotetores
em uma placa de Petri estéril (diâmetro de 35 mm)
Embriões são examinados em estereoscópio para avaliação da qualidade
516 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
Bom Imperfeição trivial como zona oval, poucos e pequenos blastômeros ex-
cluídos, leve assimetria
Qualidade do embrião Regular Problemas deCIDidos mas não graves, como moderado número de
blastômeros excluídos, de pequeno tamanho e pouca degeneração
Pobre Células vesiculadas, parcialmente degeneradas, tamanho celular alta-
mente variável, muito poucos e/ou problemas similares
Massa (gm!L)
1,OM 78,13 92,10 62,07
3,OM 234,39 276.30 186,21
Volume (ml/L)
1,OM 71,00 73,70 55,90
3,OM 213,10 221,10 167,70
Laboratório Laboratório
Grau Grau Grau Grau
Sigma Chemical Co.
Catálogo N° D-5879 G-7757 E-9129
Gravidade específica: a razão de um peso de determinado volume de uma substância comparado ao peso do mesmo
volume de água a O°C.
518 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
um selo aquecido, embora outros selos sejam banho em 2 segundos ou menos. Usar uma
satisfatórios. A palheta é então colocada na vasilha intermediária contendo nitrogênio lí-
máquina de congelamento com a extremida- quido de modo que esta fase possa ser execu-
de selada pelo calor para baixo de modo que o tada dentro de 2 segundos. Após o desconge-
embrião mergulha e permanece sobre o óleo lamento, executar todas as fases em
de parafina. A quantidade de óleo de parafi- temperatura ambiente.
na não deve exceder 2 mm; danos físicos po- 9. O glicerol pode ser removido de duas ma-
dem ocorrer no embrião com quantidades neiras. O método padrão é diluí-Io em seis
maiores de óleo de parafina em consequência fases: PBS + 10% de soro + 8,3% de glicerol,
dos coeficientes de expansão térmica diferen- diminuindo-o gradativamente: 6,7%, 5%,
tes do PESo O óleo de parafina pode ser des- 3,3%, 1,7% e finalmente 0%, levando 6 a 7
necessário se as palhetas forem congeladas minutos por fase. O método alternativo utili-
em posição horizontal. za quatro fases: 6% de glicerol + 10,3% (3M)
5. Resfriar as palhetas de -5°C a -6°C a uma de sucrose, 3% de glicerol + 10,3% de sucrose,
razão de 2° a 4°C/min. O resfriamento mais 10,3% de sucrose (tudo em PBS + 10% de
rápido de -5°C a -6°C provavelmente não cau- soro), e então PBS + 10% de soro sem sucrose
sa danos. e sem glicerol. Cada fase dura de 6 a 7 minu-
6. "Seed" as palhetas após terem estado de -5°C tos. Cada procedimento de diluição leva a re-
a -6°C por 5 minutos, mantendo-as nessa tem- sultados similares, porém a quarta fase é mais
peratura por mais 10 minutos. rápida.
7. Resfriar as palhetas de -6°C a -30°C a 5°C/ 10. Avaliar o embrião e transferi-Io tão logo
mino Quando as palhetas atingirem -30°C são que praticável, preferivelmente dentro de 30
mergulhadas em nitrogênio líquido imedia- minutos. Obviamente descartar embriões de-
tamente (dentro de 2 a 3 minutos). generados (devem ser menos de 5% se a téc-
8. Descongelar palhetas em banho-maria a nica for executada apropriadamente). Haven-
37°C por não mais do que 20 segundos. Fazer do disponibilidade de receptoras, transferir
a transferência do nitrogênio líquido para o embriões degenerados de qualquer maneira
520 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
Haste de
alumínio para
ampolas
~HLm Jr'<.'~r I
Tampao
FIG. 24-2. Vários tipos de palhetas, ampolas e hastes de alumínio usadas para criopreservação e os
métodos usados para transferir embriões para palhetas.
o~o~... Álça
,..':: ,°":°:: I
Vácuo e
:':0:0:0:0:0: isolamento
,,'-0"0 :0:°:0:0=0:0
,°:.:::.
1,°'-'0'.
Área de ,~<:}~{
~'.::'o
armazenagem ':.°::
0°' .
crio O
:°:'=0:°:':0
..°00°
0°0°
0o 0°0 ° : 00 °
,. °0°
[
':':':0:0:°:. '0:':"::0:°:1
o : °° .
:::0:'- Absorvente
°oo~
~o:o=o:.:o:o:
0° 00°, , °° :
° I
I
Recipiente
interno
FIG. 24-3. Botijões de nitrogênio líquido, mostrando a construção interna e incluindo área de estocagem,
absorvente, vácuo e isolamento. A capa de alumínio altamente resistente é durável e ao mesmo tempo de
peso leve.
FIG. 24-4.A, Palheta de 0,5 ml e copo contendo 36 palhetas em comparação com uma ampola de 1 ml em
uma estante para seis ampolas. B, Conservação de palhetas em nitrogênio líquido a -196°C. C, Equipa-
mento de inseminação para porcas, éguas, vacas, ovelhas e cadelas (de cima para baixo).
Preservação e Criopreservação de Gametas e Embriões 523
11. Falhas do congelador, computador ou energia, (b) proteger contra o efeito deletério
operador de resfriamento rápido, (c) proporcionar um
12. Sincronismo e natureza da receptora tampão para prevenir mudanças danosas de
nas reposições embrionárias (Schneider pH à medida que é formado o ácido lático, (d)
e Maurer, 1983) manter apropriada pressão osmótica e balan-
Em virtude de todas estas variáveis afeta- ço eletrolítico, (e) inibir crescimento
rem o índice de sobrevivência do embrião, a bacteriano, (f) aumentar o volume de sêmen
influência de cada fator deve ser considerada de modo que possa ser usado em múltiplas
individualmente e em relação aos outros fa- inseminações e (g) proteger as células
tores. espermáticas durante o congelamento
(Berndtson e Pickett, 1978; Foote, 1975;
Pesquisa Futura Graham, 1978).
para proteger contra o choque frio das célu- A adição de ácido cítrico não é necessária por-
las espermáticas à medida que elas são res- que o componente da gema de ovo (20% por
friadas da temperatura do corpo para 5°C. volume) tem sufiéiente capacidade-tampão
Estas substâncias também contêm nutrien- para retomar o pH ao neutro. O leite desna-
tes utilizados pelos espermatozóides. Uma va- tado é preferível aos diluentes de citrato para
riedade de tampões pode ser usada para man- sêmen de carneiro. O Tris é incluído apenas
ter um pH aproximadamente neutro e uma como componente tampão; outros sais e açú-
pressão osmótica de aproximadamente 300 cares são necessários para manter a
miliosmois, que é equivalente ao do sêmen, osmolaridade. Outros tampões orgânicos
do plasma sanguíneo e do leite. Para inibir o (Tricien, TES, MES, HEPES) oferecem uma
crescimento de microrganismos no sêmen, são alternativa melhor ao citrato para tamponar
adicionados penicilina, estreptomicina, . diluentes de sêmen especialmente naguelas
polimixina B ou outras combinações de anti- espécies em que o citrato é um meio pobre.
bióticos que cobrem um largo espectro Há um aumento progressivo na utilização
bacteriano. Procedimentos similares foram de sêmen de cachaço que tem sido adicionado
desenvolvidos para criopreservar embriões como diluente adequado e usado para
(Tabelas 24-7 e 24-8). inseminação artificial. O sêmen é diluído e
O sêmen bovino é usualmente diluído com usado no mesmo dia ou guardado até 6 dias
solução de gema de ovo-citrato, leite integral em temperatura variável de 5 a 23°C. Uma
homogeneizado, leite desnatado fresco e em temperatura de estocagem de 15 a 18°C apre-
pó, leite de coco e solução de lactose. O sêmen senta melhor sucesso com sêmen de cachaço.
foi diluído com bons resultados em diluentes Vários diluentes são utilizados como o "Kiev"
baseados em tampão orgânico, Tris (também conhecido por Guelph), o "Beltsville
(hidroximetil) aminometano. Liquid Extender" (BL-1), o "Illinois Variable
Soluções-tampão como o fosfato ou 3,2% de Temperature" e o "Zorlesco" (ver Tabela 24-3).
diidrato citrato trissódico-2,9 ajustado a pH Um volume de armazenamento e inseminação
6,9 pela adição de ácido cítrico são comumente de 100 ml é recomendado para a maioria dos
utilizadas em combinação com gema de 'ovo. diluentes. O armazenamento de sêmen diluí-
Tabela 24-9. Composição dos Diluentes com Gema de Ovo para Sêmen Congelado.
Para semêm congelado (-196°C)
Ampolas ou Palhetas Congelamento em "Pellets"
Ingredientes* Touro Touro Bode Touro Carneiro Varrão Garanhão T
*Usualmente os ingredientes são dissolvidos em água destilada e depois o glicerol, adiciona-se mais
água e gema de ovo para atingir o volume final para um litro. Dois tampões e diluidores são frequentemente
preparados, pois o nível de glicerol no meio inicial misturado com espermatozóides usualmente tem uma
concentração mais baixa de glicerol do que o diluidor no qual os espermatozóides são congelados. Os
níreis de antibióticos também variam.
Também congelados em palhetas. Até 0,5 g de fosfato de sódio e de tartarato de sódio e potássio são
incluídos no meio, de acordo com os pesquisadores japoneses (Nishikawa et al., 1972). Contudo, não
existe um diluente completamente satisfatório para o congelamento de sêmen de garanhão.
tampo nada com citrato de sódio ou tris, ou uma grande variedade de escolha. A técnica
diluidores com leite fervido para o sêmen de permite que o sêmen seja colhido em uma
touro. Estes foram adapatados para utiliza- época e lugar e seja utilizado em outros, mes-
ção em outras espécies. Com a notável desco- mo após longos períodos de estocagem, desde
berta de Polge e colaboradores, do efeito pro- que seja mantido continuamente a -196°Ccom
tetor do glicerol durante o congelamento, a um bom suprimento de nitrogênio líquido.
ênfase mudou para a utilização de sêmen con- Assim, é necessário que não haja desperdício
gelado. deste sêmen. Exemplos de diluidores para
Mesmo com as melhores técnicas de con- sêmen congelado são mostrados na Tabela 24-
gelamento, mais espermatozóides devem ser 9.
colocados em cada unidade de reprodução do A confecção de "pellets" com sêmen diluído
que com sêmen diluído (não-congelado) por de touro e seu congelamento em dióxido de
causa da perda de algumas células viáveis carbono sólido (gelo seco) é praticada em pou-
durante o congelamento. cos países. Um açúcar comoa rafinose ou 11%
Em áreas onde é disponível pouca refrige- de lactose podem ser usados. Os "pellets" re-
ração, o sêmen pode ser estocado na tempe- presentam um meio não dispendioso de pre-
ratura ambiente. Um diluidor de gema de ovo servação dos espermatozóides, porém há di-
carbonatada chamado Illinois Variable ficuldades de identificação adequada quando
Temperature (IVT), e o leite de coco tem re- são envolvidos grandes números de touros.
sultado em fertilidade satisfatória quando o Todavia, em algumas espécies cujo congela-
sêmen é armazenado por poucos dias em tem- mento das células espermáticas é difícil, o
peraturas ambientes moderadas. A maioria método dos "pellets" tem se mostrado mais
dos animais da espécie bovina é inseminada satisfatório. O sêmen de bode pode ser conge-
com sêmen congelado. Isto oferece ao usuário lado em leite desnatado com cerca de 9 g de
Preservação e Criopreservação de Gametas e Embriões 529
glicose por litro e 7% de glicerol por volume com sêmen congelado de equinos tem dado
(Corteel, 1977). resultados satisfatórios.
O sêmen de carneiro congelado em diluidor Os agentes antibacterianos são especial-
(Salamon, 1976) ou em leite fervido, pode ser mente úteis no controle dos microrganismos
usado satisfatoriamente. Contudo, ele não é presentes em sêmen diluído conservado a
tão fértil como quando usado não-diluído ou temperaturas mais altas. É importante a uti-
não-congelado em baixas diluições. Muito do lização de antibióticos apropriados para con-
sêmen usado nos países onde é praticada a trolar os diferentes tipos de organismos que
inseminação artificial de ovinos não é conge- podem ser encontrados nas diferentes espé-
lado. O sêmen de cachaço tem se mostrado cies. O glicerol pode interferir parcialmente
difícil de congelar satisfatoriamente. Todavia, com a ação inibidora dos antibióticos sobre os
uma variedade de diluidores tem sido desen- microrganismos. Corantes vegetais podem ser
volvida (Larson, 1978). O glicerol é prejudi- incluídos no diluidor em concentrações sufi-
cial à fertilidade do cachaço (Wilmut e Polge, cientes para distingui-Ios com a cor. Isto não
1977), e 2% ou menos por volume é acrescen- prejudica os espermatozóides e facilita a iden-
tado ao sêmen diluído durante o congelamen- tificação do sêmen de diferentes reprodutores
to. Algum sêmen congelado de suínos já é dis- ou raças.
ponível comercialmente. Muito do sêmen
suíno utilizado para inseminação na Europa Processamento do Sêmen
é não-congelado, preservado até 3 dias em um
diluidor com glicose, bicarbonato e gema de O processamento do sêmen por meio do
ovo gaseificada com C02' resfriamento a 5°C é similar seja para conge-
O sêmen de garanhão também pode ser lamento ou não. O sêmen deve ser colhido à
congelado em "pellets" ou em palhetas. temperatura do corpo. Em seguida à colheita
Diluidores com gema-tris e creme-gelatina ele deve ser conservado aquecido (30°C) an-
têm sido usados (Pickett et aI., 1975). O tes da diluição para evitar o choque frio. Isto
glicerol deprime a fertilidade do sêmen de pode ser feito colocando o sêmen e o diluidor
equino; o sêmen de alguns garanhões conge- em banho-maria a 30°C. Uma alíquota de
la com dificuldade, de modo que os métodos sêmen deve ser retirada para avaliação da
de congelamento de sêmen de equinos são amostra, e o restante pode ser misturado com
menos que ótimos (Sullivan, 1978). Não três ou quatro partes do diluidor a 30°C. Re-
obstante, a inseminação artificial comercial comenda-se que o sêmen seja mantido por 30
minutos a 30°C para aumentar a ação dos
TABELA 24-10. Características de Espécies em Relação à Criopreservação de
Sêmen
Espécie Características
Bovina o sêmen foi originalmente criopreservado em ampolas de vidro de 1 ml; todavia, a introdução de
congelamento em "pellets" e palhetas de plástico resultou na utilização de volumes menores de sêmen
contendo menos espermatozóides, de modo que mais fêmeas podem ser inseminadas a partir de uma
única ejaculação.
Equina O sêmen não pode ser diluído mais do que cerca de dez vezes sem significante redução da fertilidade,
embora a motilidade em diluições até 40 vezes não seja afetada.
Suína A inseminação artificial de espermatozóides criopreservados de suínos sob condições usuais de manejo
resulta em fertilidade mais baixa e redução do número de leitões. A fertilidade diminuída de sêmen
criopreservado é causada por reduzido tempo de sobrevivência dos espermatozóides no útero, junção
útero-tubárica e trompas, comparada à sobrevivência de espermatozóides a fresco.
Ovina O sêmen tem sido congelado em grandes ampolas (2,5 a 10 ml), em "pellets", em palhetas e como um fino
filme em sacos plásticos. O sêmen criopreservado é menos fértil do que o sêmen fresco não-diluído,
porém o sucesso atingido até agora, juntamente com a relativa falta de danos ultra-estruturais que
ocorrem com a criopreservação e descongelamento é promissor.
530 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiua
rem a 5°C que aumentam a sobrevivência palhetas. (Pace e Sullivan, 1978). A sobrevi-
espermática durante o congelamento. vência pós-congelamento dos espermatozóides
Os espermatozóides de touros são acondi- é afetada pelo padrão de congelamento, as-
cionados de 3 modos: (a) palhetas de cloreto sim como do descongelamento e da concen-
de polivinil contendo 0,25 a 0,5 ml de sêmen tração de glicerol.
diluído; (b) ampolas de vidro com capacidade O sêmen em "pellets" é preparado
para 0,5 a 1,0 ml; (c) "pellets" contendo apro- pipetando-se gotas de cerca de 0,1 ml de sê-
ximadamente 0,1 e 0,2 ml. Quando os volu- men diluído dentro de depressões
mes menores são congelados como uma uni- hemisféricas feitas em um bloco de gelo seco.
dade, a concentração espermática por ml é A sobrevivência espermática é boa em segui-
aumentada correspondentemente, de modo da ao congelamento. Os "pellets" ocupam pou-
que o total de espermatozóides por dose de co espaço quando guardados em lotes; eles
inseminação é mantido. Por exemplo, o sêmen oferecem o método mais barato de estocagem.
congelado em recipientes de 0,1 ml deve pos- A principal desvantagem é a dificuldade de
suir 10 vezes quantos espermatozóides por colocar a identificação do touro em cada
unidades de volume quanto o sêmen congela- "pellets", embora isto tenha sido feito incor-
do em recipientes de 1,0 ml para conter o porando-se um pequeno disco de papel im-
mesmo número total de espermatozóides. presso durante o congelamento. A contami-
À medida que se desenvolveu a tecnologia nação cruzada por outros espermatozóides ou
para congelamento de sêmen de bovinos, as por microrganismos também é possível. Os
ampolas de vidro foram utilizadas quase em "pellets" podem ser colocados em botijões
exclusividade. As ampolas proporcionam um grandes que são rotulados e então
envasamento estéril que pode ser automati- recondicionados a baixas temperaturas em
camente rotulado, preenchido e fechado. Este outros botijões individuais também rotulados
último impede qualquer contaminação cruza- antes da distribuição pelo campo. Outra téc-
da. Cada ampola contém espermatozóides nica de acondicionamento é colocar o sêmen
suficientes para uma única inseminação. Seis diretamente dentro dos cateteres usados
a oito ampolas são fIXadas a uma estante de eventualmente para a inseminação e congelá-
metal (Fig. 24-2) que também leva a identifi- los como unidades de inseminação.
cação do touro. Congelamento de Sêmen Bovino. Con-
Subsequentemente, palhetas de cloreto de geladores mecânicos e congeladores com gelo
polivinil foram desenvolvidas por Cassou, seco, ar líquido, 02 líquido e N2líquido, todos
baseado nas palhetas dinamarquesas e japo- têm sido experimentados satisfatoriamente.
nesas usadas nos primeiros tempos da O N2líquido tem aumentado em popularida- .
inseminação artificial com sêmen líquido. A de porque ele é também o agente refrigeran-
palheta exige menos espaço para estocagem te de escolha para a conservação por longo
do que a ampola, apresenta características de período do sêmen em baixas temperaturas.
congelamento ligeiramente melhores, e pode O sêmen diluído, congelado como "pellets", em
ser rotulada, preenchida e fechada automati- palhetas ou em ampolas é conservadoao re-
camente. Inclusive, os espermatozóides po- dor de 5°C antes do congelamento. As
dem ser transferidos para a vaca durante a palhetas usualmente são congeladas em va-
inseminação com uma perda mínima de célu- pores de nitrogênio e conservadas a -196°C.
las. A configuração geométrica de uma Por causa da grande área da superfície da
palheta como uma unidade para a palheta e de sua fina parede, a transferência
criopreservação de espermatozóides bovinos de calor é rápida e o sêmen congela rapida-
proporciona uma flexibilidade nos procedi- mente, geralmente dentro de poucos minu-
mentos de congelamento e descongelamento. tos. As ampolas frequentemente são congela-
Padrões mais rápidos de descongelamento das a cerca de 3°C por minuto até -15°C. Neste
resultam em sobrevivência maior de ponto, a velocidade de congelamento é aumen-
espermatozóides criopreservados em tada até atingir -150°C. As ampolas naR es-
532 Técnicas para Melhorar a Eficiência Reprodutiva
tantes são então transferidas para o N2líqui- menor espaço. As grandes unidades de
do a -196°C. Os "pellets" começam a congelar armazenamento das centrais têm capacida-
dentro de poucos segundos após a colocação de para até 750.000 "pellets" de 0,1 ml, e pos-
sobre um bloco de gelo seco. Em poucos mi- sivelmente proporcionam um banco de sêmen
nutos eles atingem -79°C e são rapidamente econômico de touros jovens em programas de
transferidos para dentro de recipientes seleção. Em alguns países, depois que um
imersos em nitrogênio líquido a -196°C. grande número de "unidades de reprodução"
A natureza exata do processo de congela- é congelado, os touros são sacrificados, dimi-
mento - que permite aos espermatozóides sob nuindo assim os custos totais.
uma série de condições de serem rapidamen- É extremamente importante verificar os
te congelados ("pellets") ou com uma rapidez botijões periodicamente para ver se o nível
moderada (palhetas) e sob outras séries de de nitrogênio está mantido. A perda de todo
condições requerem um padrão mais lento nitrogênio líquido, permitindo que a tempe-
(ampolas) - não é compreendida. O congela- ratura suba consideravelmente, pode resultar
mento rápido demais pode provocar choque na morte dos espermatozóides, mesmo quan-
térmico e formação interna de gelo. O conge- do o sêmen pareça estar ainda congelado.
lamento lento provoca aumento das concen- Descongelamentodo Sêmen de Tou-
trações de sais à medida que a água se conge- ros. O sêmen congelado deve ser conservado
la externamente. Este aumento na pressão continuamente em baixas temperaturas até
osmótica por um prolongado período de con- a sua utilização. Depois de descongelados, os
gelamento lento pode danificar as proteínas espermatozóides não sobrevivem tanto quan-
e lipoproteínas das células espermáticas e do to aqueles não-congelados, e são recongelados
acrossomo. O padrão de congelamento pode dificilmente. Por este motivo deve se estar
afetar a formação de cristais de gelo e isto certo de que o sêmen irá ser usado logo uma
deve ser levado em conta ao escolher o ritmo vez que tenha sido descongelado. As palhetas
de descongelamento. têm sido satisfatoriamente descongeladas em
Armazenamento de Sêmen Congelado. temperaturas variáveis desde àquela da água
O sêmen congelado colocado inicialmente em com gelo até 65°C ou mais. Nas temperatu-
gelo seco e mais recentemente em nitrogênio ras mais altas de descongelamento, a reten-
líquido tem sido utilizado satisfatoriamente ção de acrossomos normais e a proporção de
depois de mais de 20 anos de armazenamento. espermatozóides progressivamente móveis
Com a temperatura mais baixa do N2líquido são maiores. O tempo de descongelamento
deveria ser possível guardar o sêmen conge- deve ser cuidadosamente controlado para evi-
lado indefinidamente. Contudo, é mais bara- tar a morte das células por superaquecimen-
to e geneticamente vantajoso usar um sêmen to. Recomenda-se que sob condições de cam-
dos reprodutores diferenciados prontamente, po as ampolas sejam descongeladas em água
mais do que guardá-Io por longos períodos. com gelo; isto leva cerca de 8 minutos. Tem-
Uma variedade de botijões de N2 líquido peraturas mais altas (37°C) podem ser supe-
fechado a vácuo são disponíveis para arma- riores para palhetas, porém podem depender
zenar .sêmen congelado. Eles variam de ta- do diluidor. Os "pellets" são melhor descon-
manho desde as unidades das centrais com gelados em um meio líquido a 40°C, porém
uma capacidade de armazenamento de vá- sob condições práticas de campo, o desco-
rias centenas de milhares de "minipalhetas" gelamento em água com gelo é mais fácil de
de 0,25 mIou "palhetas médias" de 0,5ml com manter e muito satisfatório.
uma reserva de N2 que dura cerca de 6 me- Sêmen Congelado de Outras Espécies
ses, até as unidades comuns de campo que Domésticas. Os mesmos princípios gerais
contêm até vários milhões de palhetas e uma descritos para sêmen de bovinos parecem apli-
reserva de N2 que dura até 6 semanas. As car-se ao manejo de sêmen congelado de ou-
ampolas necessitam de mais espaço; os tras espécies (Tabela 24-11).Todavia,a IAcom
"pellets" armazenados em grupos ocupam o sêmen congelado não tem sido desenvolvida
Preservação e Criopreservação de Gametas e Embriões 533
2. A ruptura do acrossomo é observada em Corteel, I.M. (1977). Production, storage and insemi-
luz microscópica em esfregaços de sêmen nation of goat semen. Proc. Symposium },(anage-
corados por Giemsa. ment of Reproduction in Sheep and Goatt: Am.
Soe. of Anim. Sei. 41-57.
3. Modificações degenerativas podem ocor- Davis, D.L. and Day, B.N. (1978).Cleavage and bIas-
rer no acrossomo similares àquelas co- tocyst formation by pig eggs in vitro. J.Anim.
radas pelo Giemsa, observadas em mi- Sei. 46, 1043.
croscopia de interferência de fase Foote, RW. (1975). Semen quality from the bulI to
diferencial em espermatozóides não fi- the freezer: an assessment. Theriogenology 3,
219.
xados.
Foote, RW. (1980).Artificial insemination./n Repro-
4. Podem resultar rupturas na membrana duction in Farm Animais. E.S.E. Hafez (ed.).
plasmática sobre o acrossomo: o Philadelphia, PA, Lea & Febiger.
acrossomo aumenta de tamanho e Fougner, U.A.(1976). Uterine insemination with fro-
a subsequente ruptura da membrana zen semen in goats. VllIth Internato Congr.
Anim. Reprod. Artif. Insem. Krakow, 4, 987.
externa é associada com a perda da subs- Grabam, E.F. (1978). Fundamentais afilie preserva-
tância do acrossomo. tion of spermatozoa. /n The Integrity of Frozen
5. As mitocôndrias perdem sua estrutura Spermatozoa. Froc. Conf. Nat!. Acad. Sei.Wash-
interna e são mais levemente coradas do ington, D.C., 4-44.
que os controles não-congelados. Notá- Larsson, K. (1978). Deep-freezing of boar semen.
Cryobiology 15, 352.
veis diferenças entre espécies aparecem Nishikawa, Y., lritani, Aoand Shinomiya, S. (1972).
em resposta de espermatozóides à Studies on the protective effects of egg yolk and
criopreservação. glycerol on the freezability Df.horse spermato-
6. O escoamento das enzimas espermáticas zoa. VIIth Internato Congr. Anim. Reprod. Artif.
pode ser usado para avaliar o dano aos Insem., Munich, J, 154~.
Face, M.M.and Sullivan,lJ. (1978).A biological eom-
espermatozóides. Uma diminuição em parison of the .5 ml ampule and .5 ml French
uma ou duas isoenzimas fosfatase dos straw systems for packaging bovine spermato-
espermatozóides está associada com um zoa. NAAB Froc. 7th Tech. Conf. Artif. Insem.
aumento das mesmas enzimas no meio Reprod. 22-32.
extracelular. PickeU, B.W., et al. (1975). Effect of seminal exten-
ders on equine fertility. J. Anim. Sei. 40, 1136.
7. A redução do azul de metileno, a capta- Pursel, V.G. and Johnson, L.A. (1975). Freezing of
ção de oxigênio, a frutólise e o piruvato boar spermatozoa: fertilizing capacity with con-
usam os espermatozóides como testes de centrated semen and new thawing proeedure. J.
sua função. Anim. Sei. 40, 99.
Salamon, S. (1976). Artificial Insemination of Sheep.
University of Sidney, N.S.W., Australia.
Salisbury, G.W., VanDemark, N.L. and Lodge, J.R
REFERÊNCIAS (1978),Physiologyof Reproduction and Artificial
Insemination of CaUle. 2nd. Ed. San Francisco,
W.H. Freeman.
Berndtson, W.E. and Piekeu, B.W. (1978). Tech- Schneider, U. and Maurer, RR (1983).Factors affect-
roques for the cryopreservation and field han- ing survival of frozen-thawed mouse embryos.
dIing of bovine spermatozoa. /n The Integrity of Bio!. Reprod. 29, 121.
Frozen Spermatozoa. Washington, D.C., Conf. Sullivan, J.J. (1978). Characteristics and cryopreser-
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Bilton, RI. and Moore, N.W. (1976a).In vitro culture, 355.
storage and transfer of goat embryos. Aust. J. Trounson, A.O., Woods, E. and Leeton, J.F. (1982).
Bio!. Sei. 29, 125-129. Freezing of embryos. An ethical obligation. Med.
Bilton, RI. and Moore, N.W. (1976b). Proceedings: J. Aust. 2, 332-333.
storage of caule embryos. J. Reprod. Fertil. 46, Wilmut, I. and Polge, C. (1977).The low temperature
537-538.
Bilton, RJ. and Moore, N.W. (1979).Factors affecting preservation of boar spermatozoa. (3)The fertil-
the viability of frozen stored caUle embryos. izing capacity of frozen and thawed semen.
Aust. J. Bio!. Sei. 32, 101-107. Cryobiology J4, 483.
GLOSSÁRIO DE
BIOLOGIA REPRODUTIVA *
Acrossomo Anticorpos
Organela em forma de bolsa na porção ante- Proteínas no sangue, modificadas por conta-
rior da cabeça do espermatozóide contendo to com uma substância estranha (antígeno)
várias enzimas utilizadas durante a penetra- de modo que exercem uma ação antagônica
ção das membranas do óvulo pelo ou neutralizante contra substâncias específi-
espermatozóide. cas. Os anticorpos são principalmente asso-
ciados com a "fglobulina no sangue, sendo
Aderência elementos-chave dos mecanismos de imuni-
Conjunto de tecidos e aderências anormais dade do organismo. A reação antígeno-
que deslizam livremente uns sobre os outros. anticorpo é protetora.
Aderências nas cavidades abdominal e pélvica
podem ocorrer após intervenções cirúrgicas,
particularmente se houver vazamento de pus Antígenos
de um abscesso rompido. Qualquer substância que estimula a produ-
ção de anticorpos.
Adiposo, tecido
Tecido conjuntivo adiposo, comumente na Antiprostaglandinas
parte do corpo em que há acúmulo de gordu- Drogas que impedem a formação de substân-
ra. cias químicas responsáveis (prosta-
glandinas).
Adrenalina
Nome patenteado da epinefrina, hormônio Atresia
produzido pela porção interna, ou medula, da Fechamento ou falha de desenvolvimento de
glândula adrenal. uma abertura normal ou de canal no orga-
nismo.
Âmnio
A mais interna das membranas fetais, for- Auto-imune, doença
mando a bolsa de águas que circunda e pro- Várias doenças de causa desconhecida podem
tege o feto. refletir uma inabilidade estranha do organis-
mo em "reconhecer" a si próprio, de modo que
Antibióticos os mecanismos que normalmente criam imu-
Substâncias químicas produzidas por certas nidade contra invasores estranhos de algu-
células vivas, tais como bactérias, fermentos ma maneira estabelecem uma sensibilidade
e fungos, que são antagonistas ou deletérias específica a certos tecidos do próprio organis-
para determinadas outras células vivas, como mo.
bactérias produtoras de doenças. Diferen'tes
antibióticos podem matar germes causadores Axônio
de doenças ou impedi-Ios de crescerem e mul- Fibra única e fina que conduz impulsos de
tiplicarem-se. uma célula nervosa para fora do organismo.
A maioria dos axônios é coberta por uma ca-
*As palavras em itálico também são deCIDidas no glos-
mada de material esbranquiçado chamado
sário. mielina.
537
538 Glossário de Biologia Reprodutiva
Azoospermia Cílios
Ausência de espermatozóides no sêmen. Processos minúsculos semelhantes a pêlos de
células especializadas que batem ritmicamen-
Biópsia te e mantêm fluidos carregados com restos
Remoção de tecido do organismo vivo para celulares seguindo em uma direção, por exem-
diagnóstico. A amostra de tecido pode ser sub- plo, para fora dos pulmões. A palavra signifi-
metida a testes bioquímicos; mais frequente- ca também cílios (dos olhos).
mente, ele é fixado em um bloco de parafina,
cortado em finas fatias, corado e estudado sob Cisto
microscópio. Cavidade normal ou anormal com uma pare-
de definida, contendo líquido ou material
Blastocisto semi-sólido.
Estrutura embrionária côncava resultante do
acúmulo de fluido blastocélico dentro da Citologia
mórula em expansão e encontrado no útero Estudo científico da estrutura, elementos e
do dia 3 ao dia 7 de gestação. funções das células.
Cânula Citoplasma
Tubo côncavo para inserção em uma passa- Substância de uma célula por fora de seu
gem ou cavidade do organismo. Dentro da núcleo. Transformações de energia, síntese de
cânula usualmente há um trocarte, instru- proteínas e incontáveis modificações quími-
mento deslizante com uma extremidade apon- cas que nos conservam vivos ocorrem inces-
tada, projetado para puncionar uma cavida- santemente no citoplasma.
de e liberar fluido, após o que o trocarte é
retirado e o fluido drena através da cânula. Clitóris
Órgão sexual erétil da fêmea situado acima
Capacitação da vagina; homólogo do pênis.
Maturação final dos espermatozóides no tra-
to reprodutivo feminino levando à fertiliza- Clivagem
ção do óvulo. O ovo fertilizado cpmeça a se dividir. Não
aumenta de volume. Primeira clivagem: o
Castração plano passa através da área onde estão si-
Remoção dos testículos ou ovários. O poder tuados os pró-núcleos masculino e feminino.
funcional dos ovários pode ser destruído por Segunda clivagem: ocorre nos ângulos di-
radiação, algumas vezes necessária no trata- reitos. Terceira clivagen: ocorre próxima
mento de doenças; esta é chamada castração aos ângulos direitos. A divisão pode não ser
não cirúrgica. perfeitamente sincronizada. As divisões são
mitóticas. Cada célula contém o número
Cateter diplóide de cromossomos (2n). Ocorre a
Tubo côncavo para inserção através de um compactação: a célula toma a forma de cu-
canal estreito dentro de uma cavidade para nha. Há coleção de fluidos nos espaços
drenar líquidos. intercelulares. Aparece a blastocele.
Diagnóstico Esfregaço
A arte e ciência de identificar uma doença; Secreções ou sangue expandido sobre uma
um pré-requisito ao tratamento, é perigoso lâmina para exame sob microscópio. Os
quando feito por destreinados em esfregaços frequentemente são corados com
autodiagnóstico negligente. Alguns aUXl1ios vários corantes para contrastar detalhes.
diagnósticos são tão antigos quanto
Hipócrates: histórico, sintomas, sinais flsicos, Espéculo
leves golpes e audição, tato, inspeção e apli- Instrumento para examinar o interior de uma
cação de todos os sentidos treinados. Instru- passagem ou cavidade orgânica, p. expl., a va-
mentos amplificam e transmitem movimen- gina.
tos detalhados do coração, cérebro e músculos.
Espermatocele
Disfunção Inflamação do escroto causada por dilatação
Anormalidade ou dano das atividades nor- cística (bolsa cheia de fluido) dos túbulos con-
mais de um órgão ou processo corpóreo. dutores de espermatozóides dos testículos.
Distocia Esteróide
Trabalho de parto ou nascimento doloroso e Hormônios naturais ou drogas sintéticas
dificil. cujas moléculas participam de um esqueleto
comum de quatro anéis de átomos de carbo-
Distrofia no (o núcleo esteróide), mas que possuem
Degeneração, desgaste e desenvolvimento ações diferentes de acordo com a ligação de
anormal. outros átomos. Vários esteróides sintéticos
desenvolvidos pela pesquisa farmacêutica
Dizigótico aumentam a potência, realçam os efeitos de-
Desenvolvimento ao mesmo tempo de dois sejados, minimizam efeitos colaterais ou, de
óvulos fertilizados (gêmeos fraternos) outra parte, melhoram as ações de uma mo-
Glossário de Biologia Reprodutiva 541
Estocagem,temperatura Garneta
Temperatura em que as amostras são Óvulo ou espermatozóide.
mantidas congeladas antes do uso. Para
amostras biológicas, a estocagem pelo menos Gelo seco
até -800C é necessária e quando em nitrogênio Dióxido de carbono sólido com temperatura
líquido (-196°C) é altamente recomendável. de -77oC. Utilizado como congelante seja di-
retamente ou misturado em álcool como o
Estrógeno etanol e o metanol.
Hormônio produzido nos ovários para estimu-
lar o crescimento do revestimento interno do Gêmeos idênticos
útero. Gêmeos, sempre do mesmo sexo e com a mes-
ma hereditariedade, desenvolvidos a partir de
Estroma um único óvulo fertilizado.
Tecido de sustentação de um órgão, em oposi-
ção a seu tecido "produtor" ativo, Gene
Unidade máxima na transmissão de caracte-
Fagocitose rísticas hereditárias contidas nos
Célula branca do sangue com propriedades cromossomos.
de absorver, digerir e invadir bactérias ou
outras partículas estranhas. Gestação (prenhez; gravidez)
Período da implantação do blastocisto no
Fertilização endométrio até o término da prenhez.
Penetração do óvulo pelo espermatozóide e
completada pela fusão dos ocromossomosfe- Gônada
mininos e masculinos com subsequente for- Glândulas sexuais primárias, ovários ou tes-
mação dos pró-núcleos masculino e feminino tículos.
e expulsão do segundo corpúsculo polar,
singamia levando à clivagem a dois Graaf, folículo de
blastômeros. Folículo ovariano transparente, arredondado,
contendo um óvulo imaturo. Sob a influência
Feto (em inglês: foetus) do FSH da hipófise, uma das vesículas é esti-
Descendente não nascido de organogênese mulada a crescer e o seu óvulo amadurece na
completada ao final de 8 semanas, até com- preparação para a fertilização.
pletar a gestação. O termo é aplicado a des-
cendentes não nascidos desde a data da im- Gram-positivo, Gram-negativo
plantação até o término da gestação. Classificação das bactérias de acordo com a
aceitação ou não de um corante denominado
Fímbria para Hans Gram, um bacteriologista dina-
Estrutura semelhante a franjas; especialmen- marquês. Diferentes processos vitais e
te, fímbrias da abertura dos ovidutos, próxi- vulnerabilidade dos germes são refletidos por
mas ao ovário. As projeções semelhantes a suas características gram-positivas ou gram-
franjas são cobertas de cílios. negativas.
Fimose Granulócito
Alongamento e estreitamento da pele anteri- Células brancas do sangue contendo grânu-
or do pênis, impedindo a retração da cabeça los que tomam-se manifestos quando mortos.
do órgão. Eles são fabricados na medula vermelha dos
542 Glossário de Biologia Reprodutiva
ossos. Uma de suas funções é digerir e des- organelas celulares mecanicamente, levando
truir bactérias invasoras. à perda da viabilidade.
Hormônio Leucocitose
Substânci~ química especial produzida pelo Aumento anormal do número de células bran-
organismo e que provoca modificações no cor- cas do sangue. A contagem celular normal-
po. mente aumenta ligeiramente após ingestão
Implantação de alimentos e na gestação, porém a palavra
O blastocisto adere, penetra e estabelece su- implica em aumento anormal, frequentemen-
porte nutricional com os tecidos maternos, te associado com defesas orgânicas contra
normalmente o endométrio. infecção e inflamação.
até a expulsão e extração do feto e das mem- neamente no ponto de congelamento da solu-
branas fetais. ção e, de fato, a solução usualmente resfria-se
muitos graus abaixo de seu ponto de congela-
Prostaglandina mento antes do início espontâneo da formação
Agente químico produzido pelo organismo que de gelo, resulta o supercongelamento.
provoca contrações da musculatura uterina.
Superovulação
Purulento Aumento no número de ovulações em relação
Conteúdo, exsudato ou produção de pus. ao característico das espécies induzidas pela
injeção de várias gonadotrofinas.
Rugas
Pregas, dobras, elevações, saliências de teci- Tatuagem
dos, como as dos revestimentos da vagina. Inserção de cores permanentes na pele atra-
vés de picadas com uma agulha, por exem-
Salpingite plo.
Inflamação de uma ou ambas as trompas
(trompas de Falópio). Tecido, cultura
Crescimento de células em frascos ou tubos
"Seeding" de ensaio com nutrientes adequados, fora do
Introdução artificial de nucleação de cristal organismo.
de gelo em uma amostra aquosa. Isto é feito
usualmente para minimizar a amplitude do Tendão
super-resfriamento permitido na amostra. Ele Faixa de tecido fibroso claro e resistente que
pode ser executado tocando-se a superfície da liga um músculo a um osso. Fibras muscula-
amostra com um cristal de gelo através de res fundem-se em uma extremidade do ten-
uma sonda fria, ou por vibração mecânica. dão, enquanto a outra extremidade é ligada
a um osso.
Septo
Tabique ou parede entre dois compartimen- Teratologia
tos ou cavidades. Ciência relacionada com malformações e
monstruosidades.
Silástico
Forma de borracha de silicone.
Térmico,choque
Singamia Dano que ocorre nas células em consequência
Quando os pró-núcleos masculino e feminino de modificações na temperatura (na ausên-
entram em contato, eles começam a enrugar cia de congelamento ou modificações na força
e unir-se; por ocasião da primeira clivagem, iônica do meio).
dois grupos de cromossomos tomam-se visí-
veis, o matemo e o paterno, e unem-se e for- Termopar
mam um único grupo. Fio elétrico bimetálico que produz uma vol-
tagem dependente da temperatura em sua
Soro junção; a modificação de voltagem pode ser
Fluido cor de âmbar do sangue que permane- eletronicamente produzida para indicar
ce após a coagulação do sangue e o coágulo amostra de temperatura.
contraído. Ele contém anticorpos que comba-
tem doenças do hospedeiro. Testosterona
Hormônio masculino. Hormônio esteróide pro-
Supercongelamento duzido pelas células do testículo, independen-
Devido o gelo raramente formar-se esponta- te das células que produzem espermatozóides.
Glossário de Biologia Reprodutiva 545
Uretra Vasodilatador
Canal desde o colo da bexiga até o meio exte- Agente que dilata pequenos vasos sanguíneos
rior e através do qual passa a urina. de modo que mais sangue flui através deles;
a pressão sanguínea é usualmente diminuí-
Úrico, ácido da.
Composto contendo nitrogênio presente no
sangue normal e na urina. É derivado de subs- Vasomotor
tâncias do núcleo das células, chamadas Mecanismos fisiológicos que controlam a di-
purinas. latação ou constrição das paredes dos vasos
sanguíneos e desse modo o volume de sangue
Vacina flui através deles. Impulsos dos centros do
Qualquer material bacteriano ou virótico para cérebro dirigem-se às fibras musculares nas
inoculação contra uma doença específica. Va- paredes dos vasos sanguíneos sobre nervos
cinas de vírus são de dois tipos: vacinas de de ação oposta: constrição ou dilatação.
546 Glossário de Biologia Reprodutiva
Vllos Zigoto
Projeções minúsculas semelhantes a dedos da Óvulo fertilizado, após a penetração do
superfície de uma membrana mucosa. O espermatozóide no vitelo, e formação dos pró-
córion, uma membrana placentária, contém núcleos em singamia, até o término da pri-
milhões de vilos (vilosidades coriônicas) que meira clivagem e formação do ovo com dois
aumentam a superficie da área. blastômeros.
GLOSSÁRIO DE ABREVIAÇÕES COMUNS
UNIDADES
mg miligrama (10-3 g)
~g micrograma (10-6 g)
ng nanograma (10-9 g)
pg pico grama (10-12 g)
UI unidade internacional
Apêndice I
Números de Cromossomos das Espécies Bovinae, Equinae e Caprinae
NQde Número
Nome Comum Nome Científico
Cromos somos (2N) Fundamental
551
Apêndice 11
Número de Cromossomos e Habilidade Reprodutiva de Híbridos Equinos, Bovinos
e Caprinos
Espécies e Número de Cromossomos (2N) Híbridos
Número de Cromos somos
Pai Mãe (2N) Habilidade Reprodutiva
Cavalo selvagem, 66 Égua doméstica, 64 65 Fertilidade (?)
(E. przewalskii) (E. caballus)
Jumento, 62 Égua doméstica, 64 63 Estéril
(E. asinus) (E. caballus) (Burro ou mula)
Cavalo doméstico, 64 Jumenta, 62 63 Machos estéreis, fêmeas
(E. caballus) (E. asinus) (Bardoto) férteis somente em
casos muitO excepclO-
nais
Jumento africano, 62 Jumenta, 62 62 Fértil
(E. asinus africanus) (E. asinus)
Hemíono, 56 Jumenta, 62 59 Fértil(?)
(E. hemionus) ,(E. asinus)
Zebra listrada, 46 Egua doméstica, 64 55 Estéril
(E. grevyi) (E. caballus) (Zebróide)
Zebra africana, 44 Jumenta, 62 53 Estéril
(E. burchelli) (E. asinus) (Zebril)
Jumento, 62 Zebra de montanha, 34 (?) 48 Estéril
(E. asinus) (E. zebra)
552
Apêndice 111
Dermatite ulcerativa Ovina Vírus Ulceração dos lábios, Inoculação em cordei- Inspeção dos
pernas,vulva,e ro carneiros
prepúcio comprados
antes da
reprodução e
dos carneiros
vendidos
Peste suina africana Suína Vírus Doença semelhante à Exposição aos javalis Quarentena e
peste suína, africanos ou outros sacrificios de
abortamento de porcas suínos infetados rebanhos
prenhes infectados
Arterite viral equina Equina Vírus Infecção respiratória, Isolamento do vírus e Isolamento dos
celulite, abortamento prova de soro rebanhos
(neutralização) infectados
553
554 Apêndice
Apêndice 111(cont.)
Doenças da Reprodução de Origem Virótica, Protozoária e Bacteriana
Diagnóstico
Doença Espécie Etiologia Clínico Outros Controle
Exantema Equina Vírus Pústulas na vulva, Nenhum Isolamento,
vesicular coita! vagina, prepúcio parada da
e pênis reprodução
Leptospira Abortamento no
pomona final da gestação,
Equina Leptospira oftaImia periódica
grippotyphosa
Leptospira
ictero-
hemorrhagiae
Apêndice 111(cont.)
Doenças da Reprodução de Origem Virótica, Protozoária e Bacteriana
Diagnóstico
Doença Espécie Etiologia Clínico Outros Controle
Brucelose Bovina Brucella Abortamento no final Isolamento da Vacinação, prova e
abortus da gestação, bactéria, provas abate
esterilidade em de aglutinação
touros no soro e no leite
(Mshar, 1965. Veto Buli. 35, 165; Blood and Henderson, 1963, Veterinary Medicine, 2nd Ed. Baltimore, Williams
& Wilkins; Howarth, 1960, Proc. U.S. Livestock Sanit. Assoe. 64, 401.)
'\
Apêndice IV
Preparo de Soluções Fisiológicas
Solução de Scott:
Bicarbonato de sódio 3,5 g Penicilina (p.expl., cristapen benzilpenicilina
Sulfato de magnésio 20,0 g sódica):
Água destilada 1000 ml 1.000.000 unidades por recipiente
A solução de Scott deve ser usada apenas Usar 4 recipientes e 400 ml de Hank's BSS
quando a água de torneira é "dura" e deve ser Preparar como para kanamicina; concen-
trocada frequentemente, por exemplo, depois tração final 10.000 unidades/ml
da lavagem de 20 a 25 lâminas. Solução salina tampão fosfatada (PBS)
(Dulbecco "A"):
Hanks BSS sem bicarbonato (previamente Oxoid tabletes, CódigoBR14a, 1tablete por
esterilizada por autoclavagem): 100 ml de água destilada
Penicilina 250 unidadeslml Repartir e autoclavar
Estreptomicina 250 ~g/ml Estocar em temperatura-ambiente, pH 7,3,
Kanamicina 100 ~g/ml osmolaridade 280 mOsm/Kg
ou gentamicina 50 ~g/ml PBSB contém cálcio e magnésio e deve ser
Anfotericina B 2,5 ~g/ml preparado e esterilizado separadamente. Mis-
(Todas as preparações estéreis, guardar a turar com PBSA, se preciso, imediatamente
-20.C.) antes douso.
~
Apêndice V
Preparo de Corantes de Espermatozóides
GORANTE DE PAPANIGOLAOU
* Conferir a acidez da água antes de preparar os
o corante de Papanicolaou distingue diferentes graus de etanol. O pH deve ser 7,0.
tUm dip corresponde a aproximadamente 1 segundo.
claramente entre componentes celulares tt A solução de Scott é usada quando a água de torneira
basófilos e acidófilos e permite um exame for "dura".
detalhado do padrão da cromatina nuclear. § O corante de Papanicolaou preparado (EA50 e OG6)
pode ser obtido comercialmente. As mesmas companhias
Este método, por este motivo, tem sido usualmente manufaturam o preparado de hematoxilina.
comumente utilizado para o diagnóstico Os corantes comercialmente disponíveis geralmente são
citológico de rotina. A técnica do corante de satisfatórios, porém os corantes podem ser preparados
no laboratório com uma economia substancial. Os
Papanicolaou provou também ser útil na corantes podem ser preparados da seguinte maneira:
análise da morfologiaespermática e no exame
Eosina Y
de células germinativas imaturas. Castanho Bismarck Y
10 g
lOg
Verde claro SF, amarelado 10 g
1. Preparo do Espécime. O esfregaço deve Água destilada 300 ml
ser levemente seco ao ar e então fixado em Etanol95% 2000 ml
Ácido fosfotungstico 4g
partes iguais de etanol (95%) e éter por 5 a Solução saturada de carbonato de lítio 0,5ml
15 minutos. (em água destilada)
de solução de carbonato de lítio. Misturar bem quando a solução estiver fria. Estocar em
e guardar a solução em temperatura- frascos de cor castanho-escura à temperatura-
ambiente em frascos recobertos compacta- ambiente e deixar descansar por 48 horas.
mente de cor castanho-escura. A solução é Diluir a quantidade requerida com uma parte
estável por 2 a 3 meses. Filtrar antes do uso. igual de água destilada e filtrar novamente.
Adicionar 0,4 ml de peróxido de hidrogênio a 3% em 200 rol de alfanaftol imediatamente antes.do uso inicial; a
solução permanece ativa por 3 dias em temperatura-ambiente.
CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS
1.A Pironina Y, os corantes modificados de Bryan e de Leishman devem ser filtrados antes do
uso inicial. Além disso, o tampão e o corante de Leishman devem ser filtrados antes do uso
para a remoção de corante precipitado.
2. A intensidade do corante final pode ser aumentada, corando-se por um tempo maior no
corante tamponado de Leishman, ou pode ser diminuída por lavagens repetidas. Testar a
intensidade desejada ao microscópio antes de montar a lâmina.
3. O peróxido de hidrogênio deteriora-se rapidamente na presença da luz; assim, a solução-
estoque a 3% deve ser guardada em recipiente âmbar no escuro.
4. O corante-estoque de Leishman deve ser envelhecido antes do uso por 7 dias na temperatu-
ra- ambiente e no escuro, seguido de incubação de 35 a 37°Cpor 2 dias no escuro. A solução
envelhecida é estável por um mês se conservada em recipiente selado no escuro.
Apêndice VI
Meios de Cultura
Preparo de Meios de Cultura para Ovos de Mamíferos, Embriões e 1ecidos
Meio-3 de
Brinster Meio* de Mistura F- Fluido Meio de
Cultura de Meio B-2 Dulbecco's 10 de Sintético Cultura de
Eagle
Ovos de de Mínimo Modificado Ham's de Tecido Meio de
Ingredientes (mg/l) Camundongo Menezo Essencial PBS Nutriente Trompas 199t Whitten's
Sais inorgânicos:
NaCI 5546 5250 6800 8000 7400 6300 8000 5140
KCI 356 800 400 200 285 533 400 356
CaC 189 - 200 100 33 190 140
MgC.6H2O - - - 100 - 100 -
MgSO.,7HP 294 200 200 - 153 - 200 294
NaHCOg 2106 2500 2200 - 1200 2106 350 1900
NHPO. - 61 - 1150 154 - 48
NaH2PO..H2O - - 140 - - - -
KH2PO. 162 60 - 200 83 162 60 162
Carboidratos:
Glicose 1000 1.200 1000 1000 1100 270 1000 1000
Piruvato de Na 56 250 - 36 110 36 - 36
Lactato de Na (DL) 2253 - - - - 370 - 2416
Ca (lactato)2,5H2O - 664 - - - - - 527
Ribose - - - - - - .5
Deoxirribose - - - - - - .5
Aminoácidos nenhum contém contém nenhum contém nenhum contém nenhum
23 13 20 21
Vitaminas nenhum contém contém nenhum contém nenhum contém nenhum
1 8 10 16
Ácidos nucléicos e nenhum nenhum nenhum nenhum contém nenhum contém nenhum
precursores 2 8
Elementos-traço nenhum nenhum nenhum nenhum contém nenhum contém nenhum
3 " 1
Outros componentes:
Albumina sérica 5000 10,000 varia varia varia varia varia 3000
bovina
Colesterol - 125 - - - - .2
Acetato de Na - 50 - - - - 50
Ácido lipóico - - - - .2 - -
Tween 80 - 50 - - - - 20
Glutationa - - - - - - .05
a-tocoferol PO.(Na)
- - - - - - .01
PO.<Na)
* Formulaçãocomsais de Earle.
t Formulação com sais de Hank.
GIBCO catalog (1976-1977),Grand Island, NY,Grand Island Biological Company.
562
Apêndice 563
Diluições Crioprotetoras
PBS + Soro (m!) PBS + Soro + Glicerol (m!) Porcentagem de
(Solução A) (Solução B) Diluente
0,0 4,0 10
1,0 3,0 7,5
2,0 2,0 .5
3,0 1,0 2,5
Esta solução é 1,0 M ou 534,2% de peso/volume. Misturar a solução por 30 minutos em placa
em movimento.
566
Apêndice VIII Nota: A tripsina é disponível em forma bru-
ta (p. expl., Difco 1:250) ou purificada (p. expl.,
Preparo de Tripsina para a Zona Livre de Sigma (3 X recristalizada). As preparações em
Ovos de Hamster forma bruta contêm várias outras proteases
que podem ser importantes na dissociação
Tripsina diluente-tampão celular, mas também podem causar danos às
Cloreto de sódio 6,0 g células mais sensíveis. Na prática usual uti-
Citrato trissódico 2,9 g liza-se a tripsina em forma bruta a menos que
Tricina [N-Tris (hidroximetil) 1,79 g o dano celular reduza a viabilidade ou um
metil glicina] crescimento reduzido seja observado, utilizan-
Fenol vermelho 0,005 g do-se então a tripsina purificada. A tripsina
Água destilada para 1000 ml pura possui uma atividade específica maior e
por isso deve ser utilizada em concentração
Mexer os ingredientes até dissolução e ajus- proporcionalmente mais baixa, por exemplo,
tar o pH a 7,8 0,05 ou 0,01%.
Filtrar em papel de filtro Whatman NQ1
Repartir e autoclavar Tripsina Verene Fosfato (TVP)
Osmolaridade = 290 mOsm/kg Tripsina (Difco 1:250) 25 mg (ou 1
ml Flow ou
Tripsina-Estoque (2,5% em 0,85% (0,14 M) Gibco 2,5%)
Na Cl) Solução fisiológica fosfatada
tampão (PBS) 98 ml
Soluções de tripsina podem ser compradas EDTA dissódico (2HP) 37 mg
no comércio. Alternativamente, para fazer Soro de pintainho (Flow) 1 ml
uma solução 2,5% em 0,85% NaCI, agitar por Misturar PBS e EDTA e autoclavar, então
uma hora na temperatura-ambiente ou 10 adicionar o soro de pintainho e a tripsina.
horas a 4°C. Se a tripsina não dissolver com- No caso de usar tripsina em pó, esterilizar
pletamente, clarificar por filtração em papel por filtração antes de adicionar o soro de
de filtro Whatman NQ1. pintainho. Fazer alíquotas e guardar a -200C.
Esterilizar por filtração, fazer alíquotas e
guardar a -20°C
567
Apêndice IX
Kits Usados para Imunométodos de Ensaios Hormonais
Kit Ensaio Incubação Variação de Teste
Aldosterona Extração 1 hr 0-1,28 ng/ml
Androstenediona Extração 30 min 0-12,8 nglml
Cortisol Direto 30 min 0-64 J.1g/dl
DHEA-S DA Direto 30 min 0-8000 nglml
Digoxina Direto 15 min 0-8 nglml
Estradiol direto Direto lhr 0-5120 pglml
Estradiol (método de extração) Extração 30 min 0-1280 pglml
Estriol Extração 30 min 0-32 nglml
FSH4H Equilíbrio 4 hrs 0-200 mIU/ml
Gastrinas lhr 0-3200 pglml
Fase p quant hCG Padrão humano 1 hr 0-200 mIU/ml
Fase p Teste de gestação Padrão humano 1 hr Qualitativo
hCG Toda a noite O-50 nglml
17a-hidroxiprogesterona Extração 1 hr 0-20 nglml
Insulina 1 hr 0-200 I!IU/ml
LH Equih"brio 4hrs 0-200 mIU/ml
Progesterona direta Direto lhr 0-80 nglml*
Progesterona (método de extração) Extração 1 hr 0-32 nglml
Prolactina Equilíbrio 3 hrs 0-100 nglml
Testosterona direta Direto 30 min 0-25,6 nglml
Testosterona (método de extração) Extração 30 min 0-25,6 nglml
T4 (tiroxina) 30 min 0-32 I!gldl
Tiroxina livre Sephadex sep. 30 min 1.0-2,3 ngldl
T-3 (triiodotironina) 1 hr 0-800 ngldl
T-3 tomada Adsorvente sep. 10 min 25-36%
TSH Eq Equilíbrio 2 hrs 0-160 j.1lU/ml
TSH (método sequencial) Sequencial 4hrs 0-80 j.1lU/ml
* Variação normal.
Disponível em Pantex: 21st St., Santa Mônica, CA 90404, Fone: (213) 828-7423; (800) 421-6529, Telex: 652-412.
...
568
ÍNDICE
Números de página seguidos por "f' denotam figuras; os seguidos por "t" denotam tabelas.
Abortamento, 279t, 280-282 origem do, 231-232, 232t
aberrações cromossômicas e, 307-309, 310f-312 volume de, 231-232
em equinos, 386-387 Ampola, da trompa, 31, 34f
rinopneumonia equina e, 280-282 Anatomia reprodutiva feminina, 21-55, 22f
espontâneo, 280 Cerviz uterina e, 49f-52f, 49-53
induzido, 280 estroma cervical e modificações fisiológicas e, 49-51
infecções provocadoras de, 280-282 funções da, 52-53
abortamento enzoótico de ovelhas e, 282 muco e, 51-52, 53f
abortamento epizoótico de bovinos e, 280-282 embriologia e, 21-22, 23f, 24t
rinopneumonia equina e, 280-282 das gônadas, 21
não infeccioso,280, 279t do sinus urogenital, 22
Acasalamento dos dutos reprodutivos, 21-22
de bovinos, 324-325, 325t genitália externa e, 55
de búfalos, 330-331 ovário e, 22-30
de ovinos e caprinos, 34lt, 341-343 corpo lúteo e, 27-30
frequência de, 344-346 desenvolvimento pré natal do, 22-25, 24t, 25f, 26t-
Acrossomo, 168-169, 169f 27t, 27
Acrossômica, fase, da espermiogênese, 174-175 ovariectomia e, 27
ACTFl,71-72,89,91 trompa e, 31-41, 32f, 33t, 34f-38f, 39t, 40f-41f
ADFl (vasopressina arginina função da, 36-37, 39
Adluminal, compartimento, junções celulares de mucosa da, 32-36
Sertoli, 177-178 musculatura e ligamentos e, 40-41
Adrenais, glândulas, hormônios da, 64t, 88-89, 91 útero e, 41, 42f-44f, 43-49, 47f-48f
Agentes tóxicos, infertilidade masculina e, 300-301 contração do, 45-46
Água ultrapura, 504-506 função do, 46-49
Alantoidiano, fluido, 231-233 glândulas endometrais e fluido uterino e, 44-45
comportamento maternal pré parto na ovelha e, 255- metabolismo do, 46
256 vasculatura do, 44
composição do, 232-233 vagina e, 53-55, 54f
função do, 231-232 funções da, 55
hidroalantoide e, 286-287 respostas fisiológicas da, 54
origem do, 231-232, 232t Anatomia, reprodutiva do macho. Ver também órgãos
volume de, 231-232 específicos
Alantóide, 222t desenvolvimento e, 4-6
Albumina, andrologia e, 88-89 descida testicular e, 5,5t
Amamentação pós natal, 5-6
cio pós parto e ovulação e, 105-106, 1O5f, 238-240 pré natal, 4-5
comportamento materno e neonatal e, 253-254 em animais de laboratório, 17f, 18, 19, 18t
na ovelha, 256-257, 258f epidídimo e duto deferente e, 3, 8-12, 9f-10f
na porca, 260, 26lt glândulas acessórias e, 11-12, 14, 12f-13f
na vaca, 258, 260f pênis e prepúcio e, 12, 14-19
Ambientais, fatores testículos e escroto e, 3, 5, 5t, 6f, 6-8, 7f, 8t
comportamento sexual e, 250-252 Andrologia
efeito favorável de novos estímulos animais e, 250- hormônios e. Ver Flormônios, andrologia
251 tecnologia da reprodução assistida e, 507t
estação e clima e, 251-252 Andrógenos, 83, 82f
estímulos não específicos e, 250-251 espermatogênese e, 180f, 178-181
presença de outros animais e, 250-252 Anestro, 265-267
crescimento fetal e, 229-230 anormalidades ovarianas ou uterinas e, 268-270
duração da gestação e, 2318-219 deficiências nutricionais e, 268-269
Ambientais, fatores, devido ao envelhecimento, 268-269
Amnion, 222t durante a lactação, 266-269
Amnióticas, placas, 232-233 efeito do macho e, 251-253
Amniótico, fluido, 231-233 estacional, 265-267
comportamento maternal pré parto na ovelha e, 255- na égua, 384-385
256 Aneuploidia, 303-304t
composição do, 232-233 Antigenicidade, dos espermatozóides, 187-188
funções do, 231-232 Antígeno(s), histocompatibilidade (transplantes), 226-
hidroamnios e, 286-287 227
569
570 lndice
Anulares, anéis, 49, 5lf, 52f Basal, compartimento, junções das células de Sértoli,
Ânulus,174-175 176-177
AI, filtração, 504-506 Bioensaios, de hornlônios, 65-67
AIginina vasopressina (ADH Bissexualidade embrionária, 21, 24t
ARTA (tecnologia da reprodução assistida e Blastocisto
andrologia), 507t alongaD1entos do, 205-208, 207f
Assistida, reprodução. Ver técnicas específicas fornlação do, 205f, 204-205
Assistida, tecnologia da reprodução e andrologia incubação do, 205-206
(ARTA), 507t Blastodisco, 390-391
Ativina, 181-182 Blastolemase, 205-206
andrologia e, 88-89 Blastoquinina, 45
Autoerótico, comportamento, 253-254 Blastômeros,198-199
Autoimunidade, espernlatozóides e, 187-189, 187f Boi. Ver Bovinos
Autossomos,302-303 Bovinos, 319-329
Avaliação de sêmen, 406t 411-430, 412t ciclo estral em
fertilidade e, 411, 413-416, 413f-415f, 415t detecção do cio e, 320-321, 322t
aparência e volUnle e, 411-413 modificações cíclicas e, 320-324, 321f, 322t
concentração espernlática e, 413-415 comportamento matemo em, 258-259
habilidade fertilizadora dos espernlatozóides e, 426- amamentação e, 258-259, 260f
430 criopreservação de embriões de, vendas
aglutinação induzida dos espernlatozóides e, 429- internacionais
430 de embriões congelados e. ~19-521
prova do haD1ster e, 424f, 426-427 desempenho reprodutivo de, 325-329
teste de expansão hipo osmótica e, 426t, 429, 427t, fertilidade geral e, 326-327
428f,430 medidas da eficiência reprodutiva e, 325-327, 326t
morfologia espernlática e, 415-421, 417f, 418f melhorando, 326-329, 328f
defeitos espernláticos herdados e, 417-420 doença da novilha branca, 272-273
espernlatozóides vivos/mortos e, 419-421 estação reprodutiva e, 320-321
técnica supravital de tríplice coloração e, 419f, 419- gestação e parto em, 324-326
421 diagnóstico de gestação e, 458, 460
motilidade espernlática e, 420f, 420-427 reconhecimento matemo da gestação e, 213-214
fatores que afetam a, 420, 421f ovulação e, 323-324, 323t
padrões de, 420-422, 42lf-423f produção e liberação espernláticas e, 323-325
técnicas para avaliar a, 421-427 puberdade em, 319-321
Aves, 390-407 fêmea, 319-320
cobertura natural em, 403 macho, 319-321
hornlônios em, 399-403 puerpério e, 325-326
anatomia e função do ovário e, 400-404, 40lf função ovariana durante, 325-326
ciclo ovulatório e, 401-402, 402f involução uterina durante, 325-326
início da produção de ovos e, 399-400 reconhecimento matemo da gestação e, 213-214
macho, 403 reprodução e, 324-325, 325t
muda e, 402-403 bPSPD (proteína B específica da gestação), diagnóstico
inseminação artificial em, 403-407, 444, 445f, 446- de gestação e, 461-464
447 Bulboesporijoso,músculo, 11-12, 14
colheita de sêmen, avaliação, e inseminação e, 404- Bulbouretral, glândulas, anatomia comparada de, 1
406 Búfalo, 328, 333
fertilidade e eclodibilidade e, 405-406, 405t ciclos estrais e, 329-330
produção de sêmen e, 405-407 estação reprodutiva e, 329-330
oviduto de, 393-394, 395f-396f, 396-398 estro e ovulação e, 329-330
arD1azenaD1ento de espernlatozóides, transporte, e modificações cíclicas e, 329-330
fertilização e,..397-398 desempenho reprodutivo de, 331-333
infundI'bulo do, 393-394, 396-397 aUnlentando,332-333
transporte do ovo e oviposição e, 397 eficiência reprodutiva e, 331-333
ovos de, 390-394, 391f, 391 gestação e parto em, 330-332
fornlação de, 392-394 produção e liberação de espernlatozóides em, 329-331
práticas de reprodução com, 403 acasalaD1ento e, 330-331
sêmen de, 398 puberdade em, 328-330
morfmogiaespernláticae,398 puerpério em,331-332, 332t
plasma seminal e composição espermática e, 398 atividade ovariana durante, 331-332
testículos e sistema de dutos de, 398-399, 40Of Cabeça, epidídirno, 8
Barker, síndrome, em equinos, 386-387 Cabra, 335t, 335-346
Barreira placentária, 223-224 ciclo estral em, 339-341
Barreira sanguíneo-testicular, 176-181 duração do cio e, 340-341
junções celulares e, 176-178 duração do, 339-341
caD1ada mióide e, 176-177, 179f influência do macho sobre o cio e, 340-341
célula de Sértoli, 176-178 sintomas de cio e, 340-341
comportaD1ento matemo na, 258-259
tndice 571
avaliação dos cromossomos do ovo e, 496-497 Estral, ciclo, . Ver também Anestro o,
cromossomos e gens e, 494, 496-497, 498f, 500t Estresse, calórico
equipamentos e suprimentos para, 504-510, 505t- falha de fertilização masculina e, 296, 298
507t-508f mortalidade embrionária e, 276-280
micromanipulação de gametas, embriões e zona Estrona, sulfato, diagnóstico de gestação e, 467-468
pelúcida e, 496-503, 499f, 50lf, 502t Estrógenos, 80-82
Envelhecimento aplicações clínicas de, 80-82, 81f
anestro devido ao, 268-267 funções dos, 80-81
dos ovos, 164-165, 165f regulação do ciclo estral e, 102-103
fertilidade e, 112f, 112t, 112-114 Euploidia, 303-304
Enzoótico, abortamento ovino, 282 Exame retal. no diagnóstico de gestação, 454, 455f,
EOPs (peptídeos opióides endógenos), 89, 91, 181-182 456t
EPF (fator precoce de gestação) Falha de fertilização na fêmea, 271-274, 272t
Epidérmico, fator de crescimento (EGF), 90t barreiras estruturais à fertilização e, 272-274, 273f
Epididimária, região, em aves, 399 espermatozóides anormais e, 271-273
Epidídimo, 3 ovos anormais e, 271-272
anatomia do, 8-9, 9f Falha de fertilização no macho, 296-300
cabeça, 8 doenças dos testículos e glândulas acessórias e, 296,
cauda, 8 298, 297t
corpo, 8 estresse calórico e, 296, 298
transporte espermático no, 181-182 fatores imunológicos e, 298-300
desenvolvimento do potencial fertilizador e, 182-183 técnicas de reprodução e, 298-299
mecanismos do, 181-182 infertilidade e inseminação artificial e, 298-299
Epitélio superficial, 26t, 97-98 manejo reprodutivo e, 298-299
desenvolvimento pré natal do, 24, 25f Falha reprodutiva da fêmea, 265f, 265-289
Epizoótico, abortamento bovino (EBA n, anestro e. Ver Anestro
Equina, rinopneumonite (infecção por herpesvírus cio e, atípico, 269-271
equino I) distocia e, 284f, 285-286, 285f
Equinos. Ver também Égua desproporção feto-pélvica e, 285-286
Ereção, 14-16, 18, 16f fetal, 285-286
mecanismos neurológicos da, 248-250, 249f, 250f materna, 285-286
Escroto. Ver também Testículos falha de fertilização e, 271-274, 272t
anatomia do, 6, 6-8, 7f barreiras estruturais à fertilização e, 272-274, 273f
Espermatocele, 291-292 espermatozóides anormais e, 271-273
Espermatocitogênese, 171-172, 172f ovos anormais e, 271-272
Espermatogênese. Ver também Gametogênese falha ovulatória e, 270-272, 271f
controle endócrino da, 180f, 178-181 fertilização atípica e, 273-274, 274t
duração da, 175-176 gestação múltipla e, 286-287
puberdade e, 97-99 gestação prolongada e, 286-287, 288t, 289
Espermatogônia, 8t, 171-172 hidroâmnios e hidroalantóide e, 286-287
espermatocitogênese e, 171-174, 173f infecções uterinas e, 289
Espermatozóides, 167t, 167-172. Ver também mortalidade perinatal e neonatal e, 282-286, 283f,
Gametogênese . 283t
Espermatócitos em equino, 386-387
primário, 8t mortalidade pré natal e, 273-282
secundário, 8t abortamento e, 280-282, 279t
Espermátidas, 8t, 171-172 abortamento enzoótico ovino e, 282
Espermiação, 175, 177f abortamento epizoótico bovino e, 280-282
Espermiogênese,171-176 causas da, 275f, 275-280
fase acrossômica da, 174-175 embrionária, 274t, 274-280
fase cap da, 174-175 mumificação fetal e, 282
fase de GoI~ da, 174-175 repetidoras de cio e, 277-278, 278f
fase de maturação da, 174-176 rinopneumonite equina e, 280-282
Espermofagia, transporte espermático e, 153-154, 155f retenção placentária e, 286-287
Estação Falha, reprodutiva masculina, 291-301, 292f
de monta. Ver Estação de monta aberrações cromossômicas e, 300-301
Estação sexual. Ver Estação de monta. distúrbios da ejaculação e, 293-298
Estaçãocomportamento sexual e, 251-252 falta de libido e, 293-295
Esterilidade. Ver Infertilidade inabilidade para copular e, 294-298
Esteroidogênese, crescimento folicular e, 122, 125f, falha de fertilização e. Ver Falha, reprodutiva
126f masculina
Esteróides, hormônios, 78-84. Ver também hormônios malformações congênitas e, 291-294
específicos nutrição e, 299-301
na gestação, na égua, 380 Falhas reprodutivas
ovulação e, 142 anomalias da ovulação e, 144-145
Estradiol, 80-81 em equinos. Ver Égua, falha reprodutiva na
indice 575
falha de fertilização e. Ver Falha de fertilização na Fluido testicular, secreção de, 177-178
fêmea Fluxo sanguíneo, Ver Circulação
genética da, 302-305 Folicular, fluido, 116t, 118-123
aberrações cromossõmicas e. Ver Aberrações composição bioquímica do, 118-120, 12lt
cromossômicas funções do, 119-123
anormalidades herdadas do sistema reprodutivo e, Foliculogênese, 115-123, 116t-118t, 119f-120f. Ver
305-307 também Gametogênese
nas fêmeas. Ver Falha reprodutiva na fêmea crescimento folicular e, 115, 118-119
nos machos. Ver Falha reprodutiva no macho fluido folicular e, 118-123, 116t
Fator de descondensação do núcleo espermático, 196- composição bioquímica do, 118-120, 12lt
197 funções do, 119-123
Fator determinante dos testículos (TDF), em suínos, puberdade e, 100-101
348 recrutamento e seleção de folículos e, 118-119
Fator inibidor da prolactina (PIF), 71-72 Folículo(s). Ver também Foliculogênese w,
Fator transformador do crescimento (TGF), 181-182 Folículo, hormônio estimulante (FSH), 67-71
Fêmea (s). Ver também Ciclos estrais ciclo estral e, na égua, 372-374
Fertilidade. Ver também Falha de fertilização na crescimento folicular e, 122-127, 123f-124f, 126f-127f
fêmea efeitos in vitro do, 69-71
Fertilização, 191-198 espermatogênese e, 180f, 178f-183
armazenamento de, 398 liberação pré ovulatória do, 69-70
atípica, 273-274, 274t liberação tônica do, 67, 69-70
falha de. Ver Falha de fertilização na fêmea Folículo, hormônio liberador estimulante (FSH-RH),
fisiologia dos gametas relacionada a, 146t, 146-147 72-73, 76
fusão de gametas e, 196f, 195-197 Foothill, abortamento (EBA)
habilidade fertilizante dos espermatozóides e, 426- Fossa da ovulação, 136-137
430 Fotoperiodismo, estação de monta e, 108-110, 109f
aglutinação induzida dos espermatozóides e, 429- mecanismos endócrinos e neuroendócrinos e, 110-113,
430 l1lf
teste de expansão hipo-osmótico e, 426t-427t, 428f, Freemartinismo, 269-270, 314, 314, 314f
429-430 teoria celular do, 314
teste do hamster e, 424f, 426-427 teoria hormonal do, 314
in vitro. Ver In vitro, fertilização Freezers, programáveis, 520-524
interação de espermatozóide e óvulo e, 191-198, 193t FSH-RH (Hormônio liberador do hormônio folículo
aderência espermática e, 194-195, 194f estimulante), 72-73, 76
bloqueio à polispermia e, 196-197 FSH. Ver Folículo estimulante, hormônio
desenvolvimento de pró núcleos e singamia e, 196- funções da, 70-72
198 Fusão tandem, 304t
encontro do espermatozóide com o oócito e, 193-195 Galinha, Ver Aves
fusão de gametas e, 196f, 195-197 Gametas. Ver Ovo(s)
penetração espermática e, 194-196 Gametogênese. Ver também Foliculogênese
interespécies. Ver também Hibridização Garanhão
maturação espermática e, 191-192 colheita de sêmen e, frequência de, 435
capacitação e, 191-192, 192f criopreservação do sêmen e, 533
maturação ovular e, 191-192 ejaculação do, 368-370
preparação do oócito para, 131-134, 13lf-134f estação de monta do, 366
Fetais, membranas, placenta e, 221-222, 222f, 222t falha reprodutiva no, 387-389
Fetal, mumificação, 282 comportamento sexual anormal e distúrbios da
Feto-pélvica, desproporção, 285-286 ejaculação e, 387
Feto. Ver também Pré natal, desenvolvimento más características seminais e, 387-389
adaptações perinatais do, 236-238 recomendações técnicas de reprodução e, 388-389
cardiovascular,236-238 falta de libido no, 293-294
imuno estado e, 237-238 maturidade sexual no, 367, 368f
maturação pulmonar e, 237-238 produção de sêmen do, 367-388, 369t, 370f
metabolismo energético após o nascimento e, 237- Gasosas, trocas, placentária, 229-226
238 Gêmeos, 203-205
termoreguladora,237-238 abortamento e, 280
como alo-implante, 226-228, 227f na égua, 376-377, 379-380
distocia e, 285-286 Genética. Ver também Cromossomos y,
duração da gestação e, 217-218 Genéticos, fatores. Ver também Genética
início do parto e, 234-235, 235f comportamento sexual e, 249-291, 25lf
mortalidade do. Ver também Abortamento crescimento fetal e, 229-230
em equinos, 384-385 duração da gestação e, 217-219
mumificação fetal e, 282 Genisteína, 80-81, 8lf
Fibroblasto, fator de crescimento (FGF), 90t Genitália externa. Ver órgãos específicos
Fímbrias, 31, 34f Genitália, Ver órgãos específicos
Flora microbiológica,vaginal, 54 Genômica, expressão, clivagem e, 201-203
576 lndice
Metabolismo Neurofisinas,70-71
de energia, adaptação perinatal do, 237-238 Ninfomania, 269-271
espermático, 185-188 Ninhada, tamanho
glicólisee,187-188 em ovinos e caprinos, 345-346
respiração e, 187-188 em suínos, 353f, 360-361
fetal, 228, 230 Nuclear, maturação, 138-139
uterino, 46 Nutrição
Microcotilédones, 379-380 da mãe
Microglobulina  andrologia e, 88-89 anestro devido a deficiências na, 268-269
Minerais, deficiências, infertilidade masculina e, 300- índice ovulatório e, em suínos, 359-360
301 mortalidade embrionária e, 276-277
Mineralocorticóides, 88-89, 91 falha reprodutiva masculina e, 299-301
Mióide, camada, barreira sanguínea-testicular e, 176- agentes tóxicos e, 300-301
177, 179f deficiências minerais e, 300-301
MIS (substância inibidora mulleriana), 91, 93,179-182 deficiências vitamínicas e, 300-301
em suínos, 349-350 subalimentação e, 299-300
Modulações, no epitélio seminífero, 176 fetal, 228-230
Monossômica, aneuploidia, 303-304 Nutrientes, transporte placentário de, 225-227
Monta, 244-246 Ocitocina, 70-76
falha na monta e, 294-295 Olho, do potro, 386-387
Morfológicos, defeitos, do sistema reprodutivo, 06cito(s)
herdados, 305-306, 307t colheita e manipulação de, 479-482, 48Ot,48Of
Morte métodos cirúrgicos de, 479-481, 481f-483f
neonatal. Ver Neonato, morte de métodos não cirúrgicos de, 480-481, 483f, 485f-487f
pré natal. Ver também Distúrbios reprodutivos das para fertilização in vitro, 493-496, 495f
fêmeas, mortalidade pré natal e preparo da doadora para, 481-482
embrionária, 274t, 274-280, 278f seleção de ovos para transferência e, 482, 484, 484t,
causas da, 275f, 275-278 488f-491
fetal, Ver também Abortamento fertilização e, encontro espermatozóide-oócito e, 193-
Mosaicismo, 303-304, 304t 195
esterilidade e infertilidade e, 307-308 maturação de, 127-132, 129t-130t, 486
Motilidade espermática, 420, 420-426 in vitro, 484
avaliação da, criopreservação do sêmen e, 533-535 parâmetros reguladores e fisiológicosde, 117t
fatores que afetam a, 420, 421f ovulação e, 138-139, 138f-139f
padrões de, 420-422, 421f-423f preparo para fertilização, 131-132, 134, 131f-134f
técnicas para avaliar a, 421-427 Opice, modificações, ovulação e, 139-140
fotoelétrica e eletrônica, 425-426 Ovariana, hipoplasia, anestro devido a, 268-270
motilidade no plasma seminal e fluidos biológicos e, Ovário(s), . VertambémFolículo(s)
422-426, 423f Ovelha. Ver também ovinos
Mórula,198-199 abortamento enz06tico das ovelhas e,
micromanipulação da, 505t-506t ciclo estral das, 282
Muco, cervical, 51-52 53f comprimento do, 340-341
transporte espermático e, 152-154 duração do cio e, 339-341
Muda, hormônios e, em aves, 402-03 influência do macho sobre o cio e, 339-341
Muleriana, substância inibidora (MIS), 91, 93,179-182 sintomas de cio e, 340-341
em suínos, 349-350 comportamento materno na, 255-258
Muller, dutos de,embriologia de, 21-22 aberrante,357-358
Musculatura ~ amamentação e, 256-258, 258f
da trompa, 40-41 parto e, 356-357
ovariana, 26 pós parto, 356-358
Músculo liso, ovariano, 25t pré parto, 356-357
Natimorto, 282-283 estação de monta de, 335-338, 337f, 338f
Natural, cobertura, em aves, 403 gestação da, 342-343, 342t
Não disjunção, 303-304 diagnóstico de, 458-461
Não esteróides, estrógenos de plantas, 80-81 número de filhotes na, 345-346
Neonatal, síndrome da má adaptação, em equinos, ovulação na, 340-342
386-387 índice de, 340-342, 341f
Neonato, 253, 254. Ver também Amamentação parto da, 342-344
anormalidades do, em equínos, 386-387 puberdade na, 337-339, 339f, 339t
morte do, 283t, 285-286 puerpério da, 343-345
anomaFas de comportamento e termoregulação e, reconhecimento mútuo de ovelhas e cordeiros e, 256-
256-257 258, 258f
em equinos, 386-387 Ovina, proteínado trofoblasto (oTP-
falha reprodutiva na fêmea e, 282-286, 283t Ovinos, . Ver também Ovelha
síndrome do distress respiratório e, 285-286 Oviposição, em aves, 397
Neoplasias, ovarianas, na égua, 384-386 Ovo(s). Ver também 06cito(s)
indice 579