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A Dor Da Cruz
A Dor Da Cruz
A Dor Da Cruz
Adriano Soares
TEXTO. Lucas 22:44 E, posto em agonia. Orava mais intensamente. E o seu suor tornou; se em grandes gotas de sangue
que corriam ao chão.
Do aramaico ( Gat Shmānê,) ( literalmente "prensa de azeite") é um jardim situado no sopé do Monte das Oliveiras,
em Jerusalém (atual Israel), onde acredita-se que Jesus e seus discípulos tenham orado na noite anterior à crucificação de
Jesus. De acordo com o Evangelho segundo Lucas, A angústia de Jesus no (Getsêmani) foi tão profunda que "seu suor tornou-se
em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão."[
Etimologia
Em Marcos, ele é chamado de chorion, "lugar" ou "propriedade"; já em João 18:1, ele aparece como um kepos, "horto" ou
"jardim".
Localização
Diante do jardim está a Igreja de Todas as Nações, também conhecida como Igreja da Agonia, construída no sítio de uma
igreja destruída em 614 pelos sassânidas, e que posteriormente foi reconstruída pelos cruzados e destruída novamente em 1219.
Nas proximidades se encontra a Igreja Ortodoxa Russa de Santa Maria Madalena, com suas torres bulbosas douradas, no estilo
russo-bizantino, construída pelo czar Alexandre III da Rússia em memória de sua mãe.
Há quatro lugares que alegam ser o local onde Jesus orou na noite em que foi traído:
De acordo com Lucas 22:43-44, a agonia de Jesus no Getsêmani foi tão profunda que "o seu suor tornou-se em gotas de sangue
a cair sobre a terra."
Lc 22.31-34
Lc.22. 31Então, Jesus lhes disse: Esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque estáescrito:
Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas.
32Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galiléia. 33Disse-lhe Pedro: Ainda que venhas a ser um tropeço
para todos, nunca o serás para mim. 34Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante,
tu me negarás três vezes. 35Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei. E todos
os discípulos disseram o mesmo.36Jesus foi com os discípulos para um lugar chamado Getsêmani e lhes disse:
– Sentem-se aqui, enquanto eu vou ali orar.
37Então Jesus foi, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu. Aí ele começou a sentir uma grande tristeza e aflição 38e
disse a eles:
– A tristeza que estou sentindo é tão grande, que é capaz de me matar. Fiquem aqui vigiando comigo.
39Ele foi um pouco mais adiante, ajoelhou-se, encostou o rosto no chão e orou:
– Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice de sofrimento! Porém que não seja feito o que eu quero, mas o que tu queres.
40Depois voltou e encontrou os três discípulos dormindo. Então disse a Pedro:
– Será que vocês não podem vigiar comigo nem uma hora? 41Vigiem e orem para que não sejam tentados. É fácil querer resistir
à tentação; o difícil mesmo é conseguir.
42Pela segunda vez Jesus foi e orou, dizendo:
– Meu Pai, se este cálice de sofrimento não pode ser afastado de mim sem que eu o beba, então que seja feita a tua vontade.
43Ele voltou de novo e encontrou os discípulos dormindo. Eles estavam com sono e não conseguiam ficar com os olhos abertos.
44Jesus tornou a sair de perto deles e orou pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. 45Então voltou até onde os discípulos
estavam e perguntou:
– Vocês ainda estão dormindo e descansando? Olhem! Chegou a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos
maus. 46Levantem-se, e vamos embora. Vejam! Aí vem chegando o homem que está me traindo!
MARCOS 14:, 32-42
Mc. 32Jesus e os discípulos foram a um lugar chamado Getsêmani. E Jesus lhes disse:
– Sentem-se aqui, enquanto eu vou orar.
33Então Jesus foi, levando consigo Pedro, Tiago e João. Aí ele começou a sentir uma grande tristeza e aflição 34e disse a eles:
– A tristeza que estou sentindo é tão grande, que é capaz de me matar. Fiquem aqui vigiando.
35Ele foi um pouco mais adiante, ajoelhou-se, encostou o rosto no chão e pediu a Deus que, se possível, afastasse dele aquela
hora de sofrimento. 36Ele orava assim:
– Pai, meu Pai, tu podes fazer todas as coisas! Afasta de mim este cálice de sofrimento. Porém que não seja feito o que eu quero,
mas o que tu queres.
37Depois voltou e encontrou os três discípulos dormindo. Então disse a Pedro:
– Simão, você está dormindo? Será que não pode vigiar nem uma hora? 38Vigiem e orem para que não sejam tentados. É fácil
querer resistir à tentação; o difícil mesmo é conseguir.
39Jesus foi outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras. 40Em seguida, voltou ao lugar onde os discípulos estavam e os
encontrou de novo dormindo. Eles estavam com muito sono e não conseguiam ficar com os olhos abertos. E não sabiam o que
responder a Jesus.
41Quando voltou pela terceira vez, Jesus perguntou:
– Vocês ainda estão dormindo e descansando? Basta! Chegou a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos
maus. 42Levantem-se, e vamos embora. Vejam! Aí vem chegando o homem que está me traindo!
LUCAS 22:39-46
39Jesus saiu e foi, como de costume, ao monte das Oliveiras; e os seus discípulos foram com ele. 40Quando chegou ao lugar
escolhido, Jesus disse:
– Orem pedindo que vocês não sejam tentados.
41Então se afastou a uma distância de mais ou menos trinta metros. Ajoelhou-se e começou a orar, 42dizendo:
– Pai, se queres, afasta de mim este cálice de sofrimento! Porém que não seja feito o que eu quero, mas o que tu queres.
43[Então um anjo do céu apareceu e o animava. 44Cheio de uma grande aflição, Jesus orava com mais força ainda. O seu suor
era como gotas de sangue caindo no chão.]
45Depois de orar, ele se levantou, voltou para o lugar onde os discípulos estavam e os encontrou dormindo, pois a tristeza deles
era muito grande. 46E disse:
– Por que vocês estão dormindo? Levantem-se e orem para que não sejam tentados.
Lucas 22.47-54a
47Jesus ainda estava falando, quando chegou uma multidão. Judas, um dos doze discípulos, que era quem guiava aquela gente,
chegou perto de Jesus para beijá-lo. 48Mas Jesus disse:
– Judas, é com um beijo que você trai o Filho do Homem?
49Quando os discípulos que estavam com Jesus viram o que ia acontecer, disseram:
– Senhor, devemos atacar essa gente com as nossas espadas?
50Um deles feriu com a espada o empregado do Grande Sacerdote, cortando a sua orelha direita.
51Mas Jesus ordenou:
– Parem com isso!
Aí tocou na orelha do homem e o curou. 52Em seguida disse aos chefes dos sacerdotes, aos oficiais da guarda do Templo e aos
líderes judeus que tinham vindo para prendê-lo:
– Por que vocês vieram com espadas e porretes para me prender como se eu fosse um bandido? 53Eu estava com vocês todos os
dias no pátio do Templo, e vocês não tentaram me prender. Mas esta é a hora de vocês e também a hora do poder da escuridão.
Do céu, Jesus viu o grande sofrimento dos que foram mortos pelos romanos. Agora que é humano, com sentimentos iguais aos
nossos e capaz de sentir dor, Jesus se preocupa com o que o aguarda. Porém, mais importante do que isso, ele está aflito por
perceber que sua morte como criminoso desprezível pode trazer vitupério sobre si. Em algumas horas, ele será pendurado numa
estaca como se tivesse pecando contra Deus.
Depois de uma longa oração, Jesus volta e encontra os três apóstolos dormindo. Ele diz a Pedro: “Vocês não conseguiram se
manter vigilantes comigo nem mesmo por uma hora? Mantenham-se vigilantes e orem continuamente para que não caiam em
tentação.
” Jesus percebe que os apóstolos também estão sob estresse, e está tarde.
Ele acrescenta: “Naturalmente, o espírito está disposto, mas a carne é fraca.” — Mateus 26:40, 41.
Então Jesus sai pela segunda vez e pede a Deus que remova dele ‘o cálice’.
Ao retornar, ele mais uma vez encontra os três apóstolos dormindo em vez de estarem orando para não entrar em tentação.
Jesus fala com eles, mas os apóstolos ‘não sabem o que lhe responder’. (Marcos 14:40) Ele sai pela terceira vez e se ajoelha
para orar.
Jesus está profundamente preocupado com o vitupério que sua morte como um criminoso, e nao, criminoso trará . Mas Deus
Pai o Senhor está ouvindo as orações de seu Filho e em determinado momento envia um anjo para fortalecê-lo. Mesmo assim,
Jesus não para de fazer súplicas a seu Pai e continua a ‘orar ainda mais intensamente’.
O estresse é No GETSÊMANI (Lucas 22.44)
44Cheio de uma grande aflição, Jesus orava com mais força ainda. O seu suor era como gotas de sangue caindo no chão.
Significado de Agonia: (Sf) Medicina. Conjunto de Fenômenos mórbidos que surgem na fase final de doenças agudas ou
crônicas, e prenunciam a morte próxima, ânsia de morte, grande sofrimento, ansiedade, atribulação angustia aflição náusea,
tormento, derradeiro grau de decadência.
O rico e o mendigo
19Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente.
20Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; 21e desejava alimentar-se das
migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. 22Aconteceu morrer o mendigo e ser levado
pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. 23No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos
e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.
Isaias 1Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? 2Porque foi subindo como renovo perante
ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos
agradasse. 3Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de
quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
4Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido
de Deus e oprimido. 5Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos
traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. 6Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um
se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. 7Ele foi oprimido e humilhado, mas não
abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.
8Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por
causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido. 9Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua
morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.
10Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua
posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. 11Ele verá o fruto do penoso trabalho
de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles
levará sobre si. 12Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto
derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos
transgressores intercedeu.
Jesus entrou em agonia no Getsêmani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra. O único evangelista que
relato o fato é um médico, Lucas. E o faz com a Precisão de um clínico. O suar sangue, ou "hematidrose", é um fenômeno
raríssimo. É produzido em condições
• Uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um
grande medo.
• 2 . O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado
Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas
sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pela e então escorre por todo o corpo até a terra.
Sou um cirurgião e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira
estudei anatomia a fundo. Posso portanto, escrever sem presunção a respeito de morte como aquela.
Jesus entrou em agonia no Getsemani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra.
Um relato sobre a morte de Cristo: O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas. E o faz com a precisão de um
clínico. O suar sangue, ou “hematidrose”, é um fenômeno raríssimo. É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é
necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um
grande medo. O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado
Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue
se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra.
Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador
romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a
uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de
pequenos ossos.
Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por
milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus
reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de
náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.
Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de
capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto
sangra o couro cabeludo). Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser
crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinquenta quilos. A estaca vertical
já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos.
Os soldados o puxam com as cordas. O percurso, é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro,
frequentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa,
escorrega, e lhe esfola o dorso.
Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-
la produz dor atroz. Quem já tirou uma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere à
carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um
puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope, mas ainda não é o fim.
O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre o
braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração
dos pregos. Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apoiam-no sobre o pulso de Jesus, com um
golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo
mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos
dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela
produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é
destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o
nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará
despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé;
consequentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal
da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da
grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o
impede de apoiar-se na madeira.
Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor. Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede.
Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semiaberta e o lábio inferior começa a
pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara,
uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se
produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltoides, os
bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam
tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre
as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não
consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido
pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.
Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos
saem fora de órbita.
Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-
se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais
ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial.
Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.
Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por
ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés. Inimaginável!
Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas ele não pode
enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde, depois de
uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam
um lamento: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”.
Jesus grita: “Tudo está consumado!”. Em seguida num grande brado diz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. E morre.
Em meu lugar e no seu.
Lucas 22:44.
Quando Jesus volta até os apóstolos pela terceira vez, novamente os encontra dormindo. Ele diz: “Numa ocasião como esta,
vocês estão dormindo e descansando!
Vejam! Está se aproximando a hora de o Filho do Homem ser entregue às mãos de pecadores. Levantem-se, vamos embora.
Vejam! Aquele que me trai está chegando.” — Mateus 26:45, 46.
1ª estação – Onde Jesus foi condenado O julgamento de Jesus foi um processo injusto e ilegal. Jesus foi condenado à morte
por causa da inveja de seus acusadores. Jesus foi julgado primeiro pela lei judaica, depois pela lei romana.
Antes mesmo de prenderem Jesus, os líderes religiosos dos judeus já tinham decidido que ele deveria morrer (Lucas 22:1-2). Eles
não queriam matá-lo porque tinha cometido um crime. Eles estavam com inveja e se sentiam ameaçados com a popularidade de
Jesus.
O julgamento do Sinédrio
Na noite em que foi preso, Jesus foi levado para a casa de Anás, o sogro do sumo-sacerdote Caifás.
Anás depois enviou Jesus a Caifás, para ser julgado pelo Sinédrio. Durante essa noite os chefes dos sacerdotes e os membros do
Sinédrio interrogaram Jesus e procuraram motivos para o condenar. Mas Jesus se manteve calado e não respondeu às
acusações deles (Marcos 14:60-61).
Então o Sinédrio procurou testemunhas que fizeram falsas acusações contra Jesus. Mas todas as acusações feitas contra Jesus
eram incoerentes. Por isso, perguntaram para Jesus se ele era o Cristo, o Filho de Deus. Ele respondeu que sim e eles
aceitaram isso como prova de blasfêmia (Mateus 26:63-65). Eles bateram em Jesus e o condenaram à morte.
O julgamento romano
De manhã cedo, os líderes religiosos do povo levaram Jesus a Pilatos, o governador romano. Apenas Pilatos poderia ordenar a
morte de Jesus. O Sinédrio não tinha esse direito.
Para convencer Pilatos, os líderes dos judeus acusaram Jesus de promover a rebelião contra o império romano, proibindo as
pessoas de pagar impostos e se declarando rei (Lucas 23:1-2). Pilatos interrogou Jesus mas não encontrou motivo para o
condenar, por isso enviou Jesus para Herodes, o rei da Galileia, porque Jesus era galileu.
Herodes estava curioso para conhecer Jesus e queria ver algum milagre. Ele interrogou Jesus mas Jesus não respondeu.
Herodes então ridicularizou Jesus e o enviou de volta a Pilatos, vestido com um manto bonito, como se fosse um rei (Lucas
23:11-12).
Pilatos entendeu que Jesus era inocente e que os líderes religiosos estavam agindo por inveja. Ele tentou livrar Jesus usando a
tradição de soltar um preso na época da Páscoa. Mas, em vez de escolher Jesus, o povo escolheu um criminoso chamado
Barrabás. Pilatos então decidiu açoitar Jesus como castigo mas isso não acalmou a multidão, que continuou a insistir que Jesus
deveria morrer (João 19:4-6).
Os judeus começaram a dizer que Pilatos não era amigo do imperador, porque estava protegendo Jesus, que estava promovendo
a rebelião contra César (João 19:12). Diante dessa acusação perigosa, Pilatos negou sua responsabilidade pelo destino de Jesus
e o entregou para ser crucificado. Os soldados romanos levaram Jesus e o crucificaram.
O açoite
O soldado romano dá um passo a frente com o flagrum (açoite) em sua mão. Este é um chicote com várias tiras pesadas de couro
com duas pequenas bolas de chumbo amarradas nas pontas de cada tira. O pesado chicote é batido com toda força contra os
ombros, costas e pernas de Jesus. Primeiramente as pesadas tiras de couro cortam apenas a pele. Então, conforme as chicotadas
continuam, elas cortam os tecidos debaixo da pele, rompendo os capilares e veias da pele, causando marcas de sangue, e
finalmente, hemorragia arterial de vasos da musculatura.
As pequenas bolas de chumbo primeiramente produzem grandes, profundos hematomas, que se rompem com as subsequentes
chicotadas. Finalmente, a pele das costas está pendurada em tiras e toda a área está uma irreconhecível massa de tecido
ensanguentado. Quando é determinado, pelo centurião responsável, que o prisioneiro está à beira da morte, então o
espancamento é encerrado.
Então, Jesus, quase desmaiando é desamarrado, e lhe é permitido cair no pavimento de pedra, molhado com Seu próprio
sangue. Os soldados romanos vêm uma grande piada neste Judeu, que se dizia ser o Rei. Eles atiram um manto sobre os seus
ombros e colocam um pau em suas mãos, como um cetro. Eles ainda precisam de uma coroa para completar a cena. Um pequeno
galho flexível, coberto de longos espinhos é enrolado em forma de uma coroa e pressionado sobre Sua cabeça. Novamente, há
uma intensa hemorragia (o couro do crânio é uma das regiões mais irrigadas do nosso corpo).
Após zombarem dele, e baterem em sua face, tiram o pau de suas mãos e batem em sua cabeça, fazendo com que os espinhos se
aprofundem em sua cabeça. Finalmente, cansado de seu sádico esporte, o manto é retirado de suas costas. O manto, por sua vez,
já havia aderido ao sangue e grudado nas feridas. Como em uma descuidada remoção de uma atadura cirúrgica, sua retirada
causa dor torturante. As feridas começam a sangrar como se ele estivesse apanhando outra vez.
Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador
romanos e Herodes. Pilatos cede e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a
uma coluna do pátio.
A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos. Os
carrascos devem ter sido dois, um de cada lado e de diferentes estaturas. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por
milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus
reagem em um sobressalto de dor. As forças de esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de
náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.
Depois, o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de
capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto
sangra o couro cabeludo).
1 ESTAÇAO
O caminho começa onde funcionava a Corte Romana, onde Jesus foi julgado e condenado a morte pelo procurador romano
Pôncio Pilatos. A corte funcionava no Pretório, quartel-general da guarda romana na Fortaleza de Antônia, que hoje é
assinalado pelo Lions Gate. O exato local na verdade fica em um pátio de um colégio árabe e o acesso não é permitido, porém
se você visitar o local em um fim de semana, quando a escola não está funcionando, é
2ª estação – Onde Jesus toma a cruz
Logo em frente está a segunda estação. Ela na verdade é dividida em duas partes marcadas por duas capelas pequenas. A
Capela da Flagelação, onde Jesus foi flagelado pelos soldados romanos que depois colocaram a coroa de espinhos, e a Capela
da Condenação, que apesar do nome é o local onde Jesus foi açoitado e começou a carregar a cruz. Esse é certamente o local
mais organizado em todas as estações da Via Sacra e o acesso é gratuito, embora exista uma entrada mais controlada.
3ª estação – Jesus cai pela primeira vez
Ao final dessa rua, em uma esquina, existe a marcação do local onde Jesus cai pela primeira vez durante o trajeto em que
carrega a cruz. Foi construído no local uma igrejinha católica armênia restaurada em 1948 com doação de soldados
poloneses onde é possível ver uma imagem que simboliza o momento da queda. A entrada da igrejinha é lateral e fica atrás de
um ponto de observação da polícia local.
4ª estação – Jesus encontra a sua mãe
Imediatamente ao lado da terceira estação está a entrada da Igreja de Nossa Senhora do Espasmo, que marca o local onde
Jesus encontrou a sua mãe Maria ao longo da caminhada com a cruz. A igreja é simples mas bastante visitada devido a sua
localização importante.
5ª estação – Simão Cireneu ajuda Cristo a carregar a cruz
Um pequeno oratório franciscano marca o local onde Simão Cireneu foi obrigado pelos soldados romanos a ajudar Jesus a
carregar a cruz. Perto da entrada da capela existe uma pedra antiga com uma cavidade que muitos acreditam ter sido
formada quando Jesus apoiou a mão ao passar pelo local em seu caminho na Via Dolorosa. O local é pequeno mas marca
uma importante passagem da Via Crucias.
6ª estação – Verônica limpa o rosto de Jesus
Uma pequena capela de Santa Verônica de origem greco-católica marca o local onde Verônica teria enxugado o rosto de
Jesus repleto de sangue e suor. O véu que ela usou para fazer isso ficou marcado com o rosto de Jesus. Também é um espaço
pequeno ao longo do caminho da Via Dolorosa.
7ª estação – Jesus cai pela segunda vez
O Portão do Julgamento da antiga muralha, no qual as acusações dos condenados a morte eram publicadas, era o local por
onde Jesus saiu da cidade em direção ao Calvário. Ao cruzar o portão o peso da cruz fez com que ele caísse da cruz pela
segunda vez. Uma coluna dentro da capela franciscana marca o exato local dessa queda.
8ª estação – Jesus consola as mulheres de Jerusalém
Essa parte é a mais confusa do caminho da Via Dolorosa já que não segue uma ordem lógica pela via, por isso o uso do mapa
é fundamental para achar o ponto. O local é marcado por uma pequena pedra com uma cruz latina na parede do mosteiro
ortodoxo grego de São Cara lampo. A inscrição em letras gregas significa “Jesus Cristo vence”.
9ª estação – Jesus cai pela terceira vez
A última estação ainda fora da Basílica é certamente a mais emocionante até aqui. O local onde Jesus caiu pela terceira vez é
marcado por uma coluna onde uma cruz de madeira fica apoiada. A vista da cúpula da Basílica do Santo Sepulcro ao fundo
promove uma imagem linda e mostra que estamos nos aproximando do ápice da Via Crucis, que são as últimas estações que
ficam dentro do complexo da Basílica.
10ª estação – Vestes de Jesus são retiradas
No pátio externo, mas já dentro do complexo da basílica do Santo Sepulcro se inicia a fase final da Via Dolorosa. A charmosa
capela da Divisão das Vestes fica no alto de uma escada e marca o ponto onde Jesus foi despojado de suas vestes.
11ª estação – Jesus é pregado na cruz
Já na parte interna na Basílica, siga logo após a entrada subindo uma escada do lado direito (apesar de ser quase impossível
ignorar a emocionante Pedra da Unção logo a frente, deixe para fazer ela no momento certo da Via Dolorosa. Logo ao chegar
ao andar superior um mosaico no teto marca o local onde Jesus foi pregado na cruz. Essa estação é escura e costuma estar
lotada pela fila da 12ª estação, imediatamente ao lado, que é uma das mais procuradas por todos.
12ª estação – Crucificação e morte de Jesus
Um dos lugares mais simbólicos de toda Via Dolorosa, e um dos mais emocionantes para mim, é o local onde a cruz de Jesus
foi erguida. Um buraco embaixo do altar marca onde seria o ponto exato que a cruz foi erguida. A fila para esse momento
costuma ser desorganizada e o tumulto não deixa você sentir ainda mais a emoção desse momento, mas eu fiquei arrepiado
no momento em que entrei debaixo do altar e toquei o disco prateado que envolve o buraco. Há também placas de mármore
em cada lado do altar que simbolizam onde ficaram as cruzes dos ladrões crucificados a esquerda e a direita de Jesus.
Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado a multidão feroz, o entrega para ser crucificado.
Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da cruz; pesa uns 50 quilos. A estaca vertical já está plantada
sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o
puxam com as cordas. O percurso é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, frequentemente cai
sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega e lhe
esfola o dorso.
Finalmente, para ganhar tempo, os soldados escolhem um homem na multidão, Simão, que vinha do campo, e puseram-lhe a
estaca sobre suas costas, para que a levasse após Jesus.
Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas sua túnica está colada nas chagas e tirá-
la produz dor atroz. Quem já tirou uma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido
adere á carne viva; ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos
dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope, mas ainda não é o fim. O sangue começa a
escorrer.
Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pó e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz.
Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos. Os
carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apóiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro
de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi
lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e
espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro.
A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos:
provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso
permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de
violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício
que durará horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé;
consequentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço
horizontal da cruz sobre a estaca vertical.
Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos
penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na
madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam as pontadas agudas de dor.
Pregam-lhe os pés. O pé esquerdo agora é empurrado para trás contra o pé direito, e com ambos os pés estendidos, dedos dos
pés para baixo, um cravo é batido através deles, deixando os joelhos dobrados moderadamente. A vítima agora é crucificada.
Enquanto ele cai para baixo aos poucos, com mais peso nos cravos nos pulsos a dor insuportável corre pelos dedos e para
cima dos braços para explodir no cérebro – os cravos nos pulsos estão pondo pressão nos nervos medianos. Quando ele se
empurra para cima para evitar este tormento de alongamento, ele coloca seu peso inteiro no cravo que passa pelos pés.
Novamente há a agonia queimando do cravo que rasga pelos nervos entre os ossos dos pés.
AS HORAS NA CRUZ
Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semiaberta e o lábio
inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estendo sobre a
ponta de uma vara uma esponja embebida em bebida ácida em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz.
Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se
acentuado: os deltoides, os bíceps esticados e levantados, os dedos se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A
isto que os médicos chamam tetânica, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas
imóveis; em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço e os respiratórios.
A respiração se faz, pouco a pouco, mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o
ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho,
depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico. Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não
podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita.
Mas o que acontece? Lentamente, com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés.
Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-
se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Por que este esforço? Porque Jesus
quer falar: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem". Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo e a
asfixia recomeça.
Foram transmitidas sete frases pronunciadas por Ele na cruz: cada vez que quer falar, devera elevar-se tendo como apoio o
prego dos pés. Que tortura!
Atraídas pelo sangue que escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas Ele não pode
enxotá-las. Pouco depois, o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde. Todas
as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: "Deus meu, Deus meu,
porque me abandonastes?". Jesus dá seu último suspiro: "Está tudo consumado!", e em seguida, "Pai, nas tuas mãos
entrego o meu espírito". E morre. Em meu lugar e no seu.
Neste ponto, outro fenômeno ocorre. Enquanto os braços se cansam, grandes ondas de cãibras percorrem seus músculos,
causando intensa dor. Com estas cãibras, vem a dificuldade de empurrar-se para cima. Pendurado por seus braços, os
músculos peitorais ficam paralisados, e o músculos intercostais incapazes de agir. O ar pode ser aspirado pelos pulmões, mas
não pode ser expirado. Jesus luta para se levantar a fim de fazer uma respiração. Finalmente, dióxido de carbono é
acumulado nos pulmões e no sangue, e as cãibras diminuem. Esporadicamente, ele é capaz de se levantar e expirar e inspirar
o oxigênio vital. Sem dúvida, foi durante este período que Jesus consegui falar as sete frases registradas:
Jesus olhando para os soldados romanos, lançando sorte sobre suas vestes disse: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem. " (Lucas 23:34)
Ao ladrão arrependido, Jesus disse: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso." (Lucas 23:43)
Olhando para baixo para Maria, sua mãe, Jesus disse: “Mulher, eis aí teu filho. “E ao atemorizado e quebrantado
adolescente João, “Eis aí tua mãe.” (João 19:26-27)
O próximo clamor veio do início do Salmo 22, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Ele passa horas de dor sem limite, ciclos de contorção, câimbras nas juntas, asfixia intermitente e parcial, intensa dor por
causa das lascas enfiadas nos tecidos de suas costas dilaceradas, conforme ele se levanta contra o poste da cruz. Então outra
dor agonizante começa. Uma profunda dor no peito, enquanto seu pericárdio se enche de um líquido que comprime o
coração.
Lembramos o Salmo 22 versículo 14 “Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se
como cera, derreteu-se dentro de mim.”
Agora está quase acabado - a perda de líquidos dos tecidos atinge um nível crítico - o coração comprimido se esforça para
bombear o sangue grosso e pesado aos tecidos - os pulmões torturados tentam tomar pequenos golpes de ar. Os tecidos,
marcados pela desidratação, mandam seus estímulos para o cérebro.
Lembramos outro versículo do profético Salmo 22 “Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao
céu da boca; assim, me deitas no pó da morte.”
Uma esponja molhada em “posca”, o vinho azedo que era a bebida dos soldados romanos, é levantada aos seus lábios. Ele,
aparentemente, não toma este líquido. O corpo de Jesus chega ao extremo, e ele pode sentir o calafrio da morte passando
sobre seu corpo. Este acontecimento traz as suas próximas palavras - provavelmente, um pouco mais que um torturado
suspiro “Está consumado!”. (João 19:30)
Sua missão de sacrifício está concluída. Finalmente, ele pode permitir o seu corpo morrer.
Com um último esforço, ele mais uma vez pressiona o seu peso sobre os pés contra o cravo, estica as suas pernas, respira
fundo e grita seu último clamor: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lucas 23:46).
A Morte de Cristo
Aparentemente, para ter certeza da morte, um soldado traspassou sua lança entre o quinto espaço das costelas, enfiado para
cima em direção ao pericárdio, até o coração. O verso 34 do capítulo 19 do evangelho de João diz: "E imediatamente verteu
sangue e água." Pela direção da lança até o mediastino, é de se supor que tenha havido lesão pleural, pericárdica e do
coração e dos vasos da base, o que justifica haver jorrado água (líquido proveniente das serosas) e sangue.
Lembramos o Salmo 22 versículo 14 “Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se
como cera, derreteu-se dentro de mim.” O momento em que Cristo recebe uma lancetada no hemotórax direito):
E atesta a causa mortis: Jesus morreu de parada cardiorrespiratória decorrente de hemorragia e perda de fluidos corpóreos
(choque hipovolêmico), isso combinado com choque traumático decorrente dos castigos físicos a ele infligidos. Para se chegar
a esse ponto é preciso, no entanto, que antes se descreva e se explique cada etapa de seu sofrimento.