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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA _________

VARA CÍVEL DA COMARCA DE FORTALEZA/CE

Apenso ao processo nº. XXXXX

Kátia, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da RG nº xxxxxx, e inscrito


no CPF sob o nº xxxxxxxxx, residente e domiciliada no Endereço xxxx, bairro: xxxx, na
cidade de São Luis/Ma, com fulcro nos artigos 674 e seguintes do Novo Código de
Processo Civil, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar em
face da Empresa XY LTDA, CNPJ nº xxxxx, Endereço, bairro: xxxx, Cidade - UF., os
presentes,

EMBARGOS DE TERCEIRO, com fulcro nos artigos 674 e seguintes do


Novo Código Civil, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

I - DOS FATOS

O ora Embargado ajuizou Ação xxxxxxxx em face de Laudelino, em xx.xx.xxxx,


e, que nesta fase processual está na condição de executado, perante a xxxx Vara Cível da
Comarca de Fortaleza/CE., na qual foi reconhecido o seu crédito correspondente a R$
xxxxxx a época.

Durante a tramitação do processo em epígrafe, o Embargado identificou como


propriedade do Devedor Réu na referida ação, o imóvel localizado na cidade de São Luis
- MA, na Endereço: xxxx, matriculado no Oficial de Registro de Imóveis e Anexos da
Comarca de São Luís/MA, matrícula nº xxxxx, constante como proprietária Kátia..., a
embargante.

Em data de xx.xx.xx, a Sra. Kátia, comprou o imóvel, e em data de xx.xx.xx o Sr


Laudelino transmitiu o respectivo imóvel à Sra. Kátia.

A penhora do respectivo bem foi realizada em xx.xx.xx (fls. 204) do processo em


epígrafe, porém, não houve a averbação da constrição na matrícula imobiliária do imóvel,
para presunção absoluta de conhecimento de terceiros o que não foi procedido, facilitando
aos proprietários, a transferência a terceiros, por meio de compra e venda.

O Código de Processo Civil dispõe no parágrafo 4º, do artigo


659, que:

"a penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou


termo de penhora, cabendo ao exequente, sem prejuízo da
imediata intimação do executado (artigo 652, parágrafo 4º),
providenciar, para presunção absoluta de conhecimento por
terceiros, a respectiva averbação no oficio imobiliário, mediante
a apresentação de certidão de inteiro teor do ato,
independentemente de mandado judicial".

É relevante ressaltar, e reiterar que à época da compra do referido bem, não havia
quaisquer constrições ou gravames sobre o bem, de modo que a compra fora realizada de
plena boa-fé e, sendo assim, não deve gerar ônus ao terceiro de boa-fé, que não deu causa
a execução.

Portanto, a Embargante é legítima possuidora do imóvel urbano constante de casa


de morada, localizado na Endereço: xxxxxx, matriculado no Oficial de Registro de
Imóveis e Anexos da Comarca de São Luís/MA, matrícula nº xxxxx, tornando assim, a
penhora totalmente indevida.

Cumpre ressaltar que o referido imóvel é bem de família, sendo o único


pertencente a Embargante, e serve de morada a mesma, razão pela qual a Penhora deverá
ser desconstituída.

II. DO DIREITO

Os Embargos de Terceiro são previstos para revisão de decisões judiciais que


causem prejuízos a sujeito que não compõe a lide, conforme o caput do artigo 674 do
Código de Processo Civil.

Como a Embargante é a legítima proprietária do bem da penhora, sem que tivesse


sido chamada ao processo e, frise-se, firmou contrato de compra e venda em momento no
qual o bem era livre de qualquer constrição, assim o R. juízo deve revogar a penhora
judicial sobre o referente imóvel.

Ficou demonstrado, portanto, por meio de todos os fatos já descritos e


documentados, a Embargante adquiriu o imóvel de boa-fé e está sofrendo lesão grave em
seu patrimônio e direito de propriedade, estando amparada pelo artigo 674 do Novo
Código de Processo Civil, que diz , in verbis :

"Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição


ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os
quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá
requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de
embargos de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive
fiduciário, ou possuidor.

§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:

[...]

II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão


que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à
execução;"

Ademais, deve-se considerar o que prevê o artigo 678 também do NCPC, com o
objetivo de afastar a restrição invasiva imposta sobre o imóvel da Embargante:

"Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o


domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas
constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem
como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o
embargante a houver requerido."

Reforçando o entendimento, o Superior Tribunal de Justiça entende que:

"EMBARGOS DE TERCEIRO. IMÓVEL ADQUIRIDO DE


BOA FÉ. PENHORA NÃO REGISTRADA. FRAUDE À
EXECUÇÃO NÃO COMPROVADA. SENTENÇA
REFORMADA. Para que seja caracterizada a fraude à
execução, além da existência prévia de demanda executiva com
citação válida, registro da penhora e indícios de insolvência do
devedor, é imprescindível que haja prova cabal da má-fé e do
conluio entre devedor e o adquirente do bem." (TJ-MG - AC:
XXXXX97398523002 MG, Relator: Marcos Lincoln, Data de
Julgamento: 09/13/2013, Câmaras Cíveis / 11a CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 14/10/2013)

Portanto, a Embargante é parte legitima para a oposição dos Embargos de


Terceiros, visto que não são partes do processo principal e ainda assim tiveram seu imóvel
restringido por ato judicial de penhora, bem este que foi adquirido de boa-fé, não sendo
passível de penhora.

Provada a propriedade e posse do bem penhorado pela Escritura Pública de


Compra e Venda, datada do dia xx de xxxx de xxxx, considera justa a pretensão da
Embargante em ver seu imóvel exonerado da constrição judicial imposta.

Desta forma, tendo em vista que os presentes Embargos encontram assentamento


tanto na legislação brasileira quanto nas Jurisprudências dos Tribunais, requer seja
recebido, reconhecido e provido pelas razões de fato e de direito explanadas.

III. DA MEDIDA LIMINAR

A Medida Liminar é um instituto jurídico que deriva do Poder Geral de Cautela


do Judiciário e tem como finalidade principal a garantia de que o provimento jurisdicional
derradeiro, seja ele qual for, esteja garantido e será plenamente exequível há seu tempo,
mormente porque os possuidores são diretos e de boa-fé, assim, oponível a penhora
indevida do bem, ainda que estivesse desprovido de registro imobiliário em cartório,
conforme súmula 84 do STJ .
O artigo 1.052 do Código de Processo Civil traz em seu disposto a previsão de
suspensão do processo, conforme pode-se verificar abaixo:

"Art. 1.052. Quando os embargos versarem sobre todos os bens, determinará o juiz a
suspensão do curso do processo principal; versando sobre alguns deles, prosseguirá o
processo principal somente quanto aos bens não embargados."

De tal sorte, os requisitos exigidos pelo artigo 273 do CPC (fumus boni iuris e
pericullum in mora), restam amplamente caracterizados, sendo exatamente o caso de
concessão de liminar sem a oitiva do Embargado (inaldita altera pars), com a
consequente expedição do mandado liminar de manutenção de posse do imóvel acima
descrito, bem como seja determinada a suspensão da Ação principal, já que existe prova
inequívoca e verossimilhança das alegações (contrato de compra e venda e Registro do
Imóvel).

"Art. 300 A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo."

Assim, tendo em vista todo o exposto, requer seja deferido o pedido liminar para
que o Meritíssimo Juiz determine a expedição do mandado liminar de manutenção de
posse do imóvel acima descrito, bem como seja determinada a suspensão da Ação
Principal.

IV- DAS INTIMAÇÕES

Requer que as intimações e futuras publicações sejam realizadas em nome de DR.


Nome, inscrito na OAB/UF sob o número xxxxx, sob pena de nulidade nos termos do art.
272, § 5º do CPC/2015.
V- DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Declaram os Requerentes, nos termos do artigo 98, do CPC/2015, e, sob as penas


da lei, não possuírem condições de custear as despesas processuais sem prejuízo do
próprio sustento e de sua família, razão pela qual fazem jus ao deferimento da justiça
gratuita nos termos do § 3º, do Art. 99 do CPC/2015, conforme declaração em anexo.

VI. PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) Sejam recebidos, autuados e processados os presentes embargos de terceiro, com o


apensamento à mencionada Ação;

b) Seja deferida LIMINARMENTE A MANUTENÇÃO DA POSSE do bem


penhorado a Embargante, eis que provada a propriedade e posse do bem, e a boa fé;

c) Seja determinada a suspensão imediata do processo de execução mencionado, até


decisão final de mérito dos presentes Embargos;

d) A citação do Embargado para responder aos termos da presente ação;

e) Seja deferido aos Embargantes o benefício da justiça gratuita, nos termos da Lei nº
1060/50;

f) A condenação do Embargado em custas processual e honorário advocatício a serem


fixados na proporção de 20% sobre o valor da causa;
g) Seja, ao final JULGADO PROCEDENTE o presente pedido, com o levantamento
da penhora realizada sobre o bem de propriedade da Embargante, oficiando-se o órgão
competente.

Protesta provar o alegado, por todos os meios de provas em direito admitidos,


especialmente a documental.

Valor da causa R$ xxxxx

Termos em que,

Pede e espera deferimento.

São Luís, MA, xxxxx de xxxxxx de xxxxx.

NOME DO ADVOGADO

OAB/UF

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