Professional Documents
Culture Documents
Teaser Revista Criancas Uma Abordagem Transdisciplinar Terceira Edicao v01 20211030
Teaser Revista Criancas Uma Abordagem Transdisciplinar Terceira Edicao v01 20211030
Como a relação corporal com O cérebro do bebê. Que fatores Quando o sono da criança se Aprender (o quê) na pandemia
os pais ajuda o bebê a se influenciam o desenvolvimento torna pesadelo para os pais
desenvolver plenamente infantil saudável?
A dif ícil escuta da criança Equoterapia: um tratamento que Abordagem Pikler – A vida do Por que desenhar nas frutas?
aut is ta vai muito além da reabilitação bebê, para toda a vida
física
SUmÁRIO
COLUNA: UM ENCONTRO QUE
MUDOU MINHA TRAJETÓRIA
BEBÊS PREMATUROS: UMA EU SOU ALGUÉM, EU RESPEITO OS
06 32 56
VINCULAÇÃO ATRAVÉS DA OUTROS E QUERO QUE OS OUTROS
LINGUAGEM O NASCIMENTO AS MEDIDAS PROTETIVAS,
ME RESPEITEM
DE UM SUJEITO AFINAL, PROTEGEM QUEM?
EQUIPE REVISTA CRIANÇAS
CAROL ORUÊ MICHELLE MILFONT DE MEDEIROS SOUZA
34 58
INTRODUÇÃO ALIMENTAR: MAIS
IMPORTANTE DO QUE PARECE E A DIFÍCIL ESCUTA DA ENTREVISTA COM O PROFESSOR
10
JANA WALTER
OSTEOPATIA PARA BEBÊS GLEISSON DO CARMO OLIVEIRA
38 62
A GAGUEIRA SOB O PONTO DE VISTA DA “A EXPERIÊNCIA” DE ESCUTAR AS
12
CLÍNICA COM OS QUE GAGUEJAM
O QUE SIGNIFICA AMAMENTAR KELYNN MIDORI ALVES
NOS DIAS DE HOJE? JULIANA MORI
64
CLARICE RICOBOM COLUNA: HISTÓRIAS INSPIRADORAS
40
SOU GAGO… E PROFESSOR
14
MIGUEL FABRÍCIO DE OLIVEIRA ALVES
VANESSA BOBER
OS DOIS DESMAMES DO BEBÊ
A pré-venda (reserva) da edição estará disponível a partir de 30/10/2021. COLUNA: ESPAÇO ACOLHEDOR
LUCIENE GODOY NA CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS
66
ARTIGO ESCOLHIDO PELA
EQUIPE REVISTA CRIANÇAS ABORDAGEM PIKLER A VIDA DO
42
A PARTICIPAÇÃO SOCIAL DA BEBÊ, PARA TODA A VIDA.
CRIANÇA COMO FERRAMENTA
16
O IMPACTO DE NOSSOS LEILA OLIVEIRA COSTA
DE GARANTIA DE SEUS DIREITOS
Se você pode ajudar uma instituição/pessoa que está em situação socioeconômica desfavorável a ANTEPASSADOS NA HISTÓRIA FAMILIAR:
A CLÍNICA COM BEBÊS E SEUS PAIS
ter acesso a esse conteúdo, converse conosco pelos nossos canais. Nós estamos em contato com JORDANA DE CARVALHO PINHEIRO
68
MARIANE DE FREITAS CORDEIRO COLUNA: ARTE QUE TE QUERO VER
instituições/pessoas que precisam de apoio e cuidaremos para que se aproximem do conhecimento POR QUE DESENHAR NAS FRUTAS?
gerado pela Revista Crianças – Uma Abordagem Transdisciplinar. COLUNA: A PALAVRA E POESIA
44
TEMPO E TRAGÉDIA: UM CONVITE À DAPHNE LAMBROS
18
COMO A RELAÇÃO CORPORAL REFLEXÃO SOBRE A DIFERENÇA
COM OS PAIS AJUDA O BEBÊ A DE FICAR JUNTO E ESTAR JUNTO
SE DESENVOLVER PLENAMENTE
- Escreva um e-mail para revistacriancas@lalalingua.com.br. Coloque o título “Interesse Revista
70
COLUNA: CRÔNICAS DA VIDA COTIDIANA
JANA WALTER
RAQUEL CASSEL A HISTÓRIA DO CAVALO NA JANELA
Crianças – DOAÇÃO – seu nome ou nome da sua instituição” e se apresente; ou entre em E DO MENINO NO CURRAL
contato por telefone/WhatsApp (+55 11 97099-6199). O CÉREBRO DO BEBÊ. QUE FATORES
COLUNA: A CLÍNICA NA PRÁTICA
EDISON HELENO
EQUOTERAPIA: UM TRATAMENTO
INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO
20 46
QUE VAI MUITO ALÉM DA
INFANTIL SAUDÁVEL?
REABILITAÇÃO FÍSICA
72
Se você ou sua instituição tem uma situação socioeconômica que impossibilita a compra da revista, ADÉLIA MARIA DE MIRANDA
ROSANA A. S. CRUZ, SOFIA CICOLO,
COLUNA: CONTOS PARA CONTAR
HENRIQUES-SOUZA UMA, DUAS SEREIAS
converse conosco pelos nossos canais. MARINA CIVITA E ROZZE ANGEL
ELIANE GOMES
22
COMO E O QUE OS BEBÊS NOS COLUNA: A CLÍNICA NA PRÁTICA
74
PROJETO NINHO DO BEBÊ:
- Escreva um e-mail para revistacriancas@lalalingua.com.br. Coloque o título “Interesse Revista ENSINAM COM SEUS MOVIMENTOS COLUNA:
48
“UM NINHO QUE FAÇA DIFERENÇA”
LIVROS PARA LER COM CRIANÇAS
Crianças – GRATUIDADE – seu nome ou nome da sua instituição” e se apresente; ou entre em PESSIA GRYWAC
CIBELE BASTON ANDRADE, CLAUDIA
contato por telefone/WhatsApp (+55 11 97099-6199). Seu caso será avaliado. J. BOUTROS CARVALHO E
EQUIPE REVISTA CRIANÇAS
KARINA BRUNA CALDO ROSSETTI
24 75
QUANDO O SONO DA CRIANÇA SE COLUNA:
TORNA PESADELO PARA OS PAIS FILMES SOBRE CRIANÇAS
COLUNA: A CLÍNICA NA PRÁTICA
JULIANA GONZALEZ CASTRO ASSESSORIA: UMA ESCUTA ATENTA
EQUIPE REVISTA CRIANÇAS
50
E SENSÍVEL AOS EDUCADORES DA
EDUCAÇÃO INFANTIL
26 76
SOBRE CUIDAR DE QUEM CUIDA: JAQUELINE INÊS DE LEMOS COLUNA: ESSE LIVRO É MASSA
VOCÊ TEM QUE LER
A IMPORTÂNCIA DA VALORIZAÇÃO E THIAGO ROSA MENDES
DA SAÚDE MENTAL DOS PAIS UM NOVO PARADIGMA SOBRE O BEBÊ
28
COLUNA: ESSE LIVRO É MASSA
52
UM SERVIÇO DA SOCIEDADE
77
VOCÊ TEM QUE LER
QUE TRANSFORMA VIDAS
A MORTE CHEGOU, E AGORA ? O QUE QUER UMA MÃE
GISELE R. C. PINTO, LARISSA T. SANTA- DIANTE DO SEU BEBÊ?
ALLAN MARTINS MOHR NA E KAMILA ROCHA
BRUNA VASCONCELLOS
78
COLUNA: PAIS E FILHOS
30
COLUNA: ESSE LIVRO É MASSA
54
APRENDER (O QUÊ)
VOCÊ TEM QUE LER
NA PANDEMIA SOBRE TULLY E A MATERNIDADE
PARA MÃES E PAIS PARA EDUCAR A CRIANÇA
MARIA DA PAZ DE CASTRO NUNES
PEREIRA (GUNGA) MILENA BELTRAMI TUDISCO LUCIANA NOVAES RUSSI
EDITORIALPrezados leitores,
expediente
REVISTA CRIANÇAS:
Uma Abordagem Transdisciplinar.
AGRADECIMENTO AOS APOIADORES DO
É com muita alegria que represento, na qualidade de editora-chefe da Revista Volume III - 2021
Crianças – Uma Abordagem Transdisciplinar, uma equipe que trabalhou em uníssono para a
feitura desta publicação. Chegamos à terceira edição da revista! Já são três anos comprometidos
com a transmissão de saberes acerca da infância, enquanto a equipe completa um ano e se
COMPRA ATRAVÉS DE WWW.LALALINGUA.COM.BR
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DOS VOLUMES I E II
(VERSÃO DIGITAL).
Periodicidade anual
FINANCIAMENTO COLETIVO
consolida com pessoas dispostas a mudar a realidade de muitos bebês e crianças, levando A Revista Crianças – Uma Abordagem Transdisciplinar consiste
conhecimento de especialistas, com linguagem acessível, a pais, profissionais e todos aqueles na produção de conhecimento acerca de bebês e crianças e
sua transmissão, com linguagem acessível a todos os públicos.
que se importam com quem é o combustível da nossa proposta. Queremos divulgar conhecimento e trabalhos desenvolvidos
com bebês e crianças pelas diversas especialidades
comprometidas com a infância – sejam elas da saúde, da
Passamos meses expostos aos desafios dos excessos de trabalho e das notícias educação, do direito, entre outras – e a prática transdisciplinar,
desoladoras em meio à pandemia. Além do sofrimento generalizado, gostaria de destacar o incentivar trocas e promover a aproximação entre leitores e
profissionais, em suas respectivas áreas de trabalho.
cenário preocupante no qual as crianças se encontraram, longe da escola, de amigos e, muitas
vezes, dos familiares. Para algumas famílias foi um momento de reaproximação, mas, claro, Autor corporativo
isso não representa a realidade de muitas outras, que, num outro extremo, submeteram suas Lalalingua
crianças à negligência e a maus-tratos. E, em quase vinte meses depois do início da pandemia, Caixa Postal: N° 877 CEP: 12940-970
testemunhamos crianças sendo diagnosticadas apressadamente com algumas psicopatologias, Atibaia - São Paulo/SP
a partir de problemas de linguagem, medos e tantos outros sintomas contemporâneos. Editora-chefe e Jornalista Responsável
Janaina Maria Walter Bahia Olá! Foi a sua contribuição que nos incentivou a chegar até aqui. Nosso sincero agradecimento
A terceira edição traz dezenove artigos inéditos e algumas novas especialidades. aos apoiadores da campanha de financiamento coletivo de 2020.
janawalter_revistacriancas@lalalingua.com.br
As temáticas são em torno de Saúde e Saúde Mental – dos indivíduos e das famílias Direção de arte e design
Arrecadamos R$26.346,95
–, além de Educação e Direito. Aqui constam também os dois artigos, dentre muitos Alberto Múscaria - Caracool Design Studio
submetidos pelo nosso público, selecionados pela equipe. Novas colunas foram criadas: Coordenação Norte-Nordeste
Diana Carneiro
“A palavra e a poesia” e “Pais e filhos”. Elas encontram-se ao lado de tantas outras que
Coordenação de expansão dos quais 52,5% foram doados por nossos apoiadores e 47,5% pela equipe Revista Crianças.
enriquecem nosso olhar para o ser humano (em especial para as crianças), suas vivências Douglas Abreu Pestana
na atualidade e a sociedade. E ainda, um toque especial. Recebemos o ISSN, número que Coordenação Sul- Sudeste
identifica revistas internacionalmente. Nossa publicação impressa passa a ser identificada Eliane Gomes Muito obrigada a todos.
Agenda e Relações Institucionais
pelo código ISSN 2764-1864. Mais um reconhecimento da seriedade desse trabalho.
Elen Fernanda Assunção Chaves
Coordenação Executiva, Assistente Editorial ABAIXO A LISTA DOS NOSSOS APOIADORES. SOMENTE QUEM NÃO PEDIU ANONIMATO!
Milena Beltrami Tudisco
A edição contou com o trabalho de maestro, ou melhor, da maestrina Milena Tudisco, Transmissões nas Redes Sociais
que tomou a gestão das informações e da equipe e fez com que uma melodia harmoniosa Rubens Ramos Categoria - Acima de 300 reais
pulsasse em cada membro da equipe, a quem não me canso de exaltar, sobretudo pelo prazer Agradecimentos:
em dividir um caminho de muitos empreendimentos individuais para o bem coletivo.
Adélia Henrique, Adriana Lacombe, Allan Martins Mohr,
Ressalto que observem no expediente desta revista o nome de todos aqueles que, juntos a nós, Betânia Parizzi, Bruna Vasconcellos, Carol Oruê, Cibele Clínica Horizontes, Jacques Laberge, Luiza Monteiro e Paulo Lemos, Mariângela Mendes de Almeida.
Andrade, Clarice Ricobom, Cláudia Carvalho, Cleyton
transformam sonho em realidade. Mais recentemente, abraçamos mais um colaborador. Ele Angelelli, Daphne Lambros, Edison Heleno, Erika Parlato-
assume a responsabilidade de ampliar nossos caminhos em busca de formação e parcerias: Oliveira, Gisele R. C. Pinto, Gleisson do Carmo Oliveira, Gunga,
Inês Catão, Jaqueline Lemos, Jordana Pinheiro, Juliana
com vocês, nosso coordenador de expansão, Douglas Abreu! Gonzalez Castro, Juliana Mori, Kamila Rocha, Karina Rossetti, Categoria - Entre 100 e 299 reais
Kelynn Midori Alves, Larissa T. Santana, Law Melo, Leila Costa,
Atualmente, o projeto se mantém com os recursos da venda dos exemplares Luciana Novaes Russi, Luciene Godoy, Luiza Mithrki, Mariane
de Freitas Cordeiro, Marina Civita, Marina Katz, Michelle Adela Stoppel, Alessandra Barbieri, Alessandro Oliveira, Ana Lepsch, Andreia Varchaki, Angela Mendonça de
impressos das edições anteriores e com o que restou da campanha de financiamento coletivo Milfont, Miguel Fabrício de Oliveira Alves, Pessia Grywac, Assis Baptista, Aristela Barcellos de Andrades, Maria Carmo C. Silva (Cacau), Cássia Guardado, Clínica em Tempo,
realizada em 2020, para a qual a equipe contribuiu com 47,5% do total arrecadado. Todo o Raquel Cassel, Rosana Cruz, Rozze Angel, Sofia Cicolo, Thiago
Colégio Jaraguá, Daniele Wanderley, Denise Carneiro, Diego Pessoa, Eduardo de Araújo Gomes, Fátima Aparecida
Rosa, Vanessa Bober, Vera Miraglia
faturamento é plenamente destinado para manter a revista circulando e mudando a vida de Gonçalves, Gláucia Galvão, Isabel Alencar, Jandira Kondera, Ken Kobashi, Leila Lima, Lilian Graham, Lucia Helena
Revisão:
muitas pessoas. A equipe trabalha voluntariamente e o faz pelo desejo de fazer a diferença. Romero Costa, Luiz Felipe Monteiro Lemos, Luiz Fernando Tonidandel, Luiza Eugênio e Renato Monteiro, Maria
Juliana de Miranda Monteiro Auxiliadora, Maria Marta Rodrigues Ferreira, Marly Rosa de Oliveira, Mateus de Oliveira Alves, Rafael Hek, Renata
Neste momento, buscamos alternativas para a equação financeira e a sobrevivência do projeto
Diagramação: Silva de Carvalho Albuquerque, Silvia Ferreira, Socorro Trindade, Thamy Cristine Martins.
da revista, enquanto mantemos a chama acesa.
Alberto Muscária
Finalmente, gostaria de agradecer a todos os autores da 3ª edição. Conosco, eles se Vinheta Podcasts: Categoria - Até 99 reais
preocuparam em trazer conteúdos de máxima pertinência, escritos de forma simples e direta, Érick Carvalho Melo - Kilowatt Records
ampliando a possibilidade de nosso alcance. Aqui me despeço em nome de toda a equipe e Alayane Peixoto Pereira, Alba M. R. Sewaybricker Benito, Ana Lúcia Bahia, Ana Paula Brumatti, Ana Rosa Bahia
Website:
desejo uma leitura edificante a todos vocês! Giovannini Ferreira, Antônia Silveira Cavalcante, Belisário de Lima Vieira, Carolina Miralha de Castro, Cecilia Kiguti,
Exitus Marketing Digital Claudia Regina Brandl dos Santos, Dandan Cardô, Daniella Colla e Thiago Maia de Oliveira, Dárcio Duarte de
Um abraço afetuoso, - Jana Walter (Douglas Oliveira e Daniela Oliveira) Oliveira, Denise Feliciano, Dorisnei da Rosa, Eliana Zanatta, Fernando Lamano Ferreira, Henrique Mendonça, Ícaro
NOTA DA EDITORA Fogaça Barbosa, Irene Lafetá Sesana, Jackeline Fusco, Chiaradia Maciel, Jessica Marlene Ramos Nunes, João
Villacorta, Kelly Gião Graciano, Kylse Mara Sado Rocha, Lidi Portella Raeder, Lidiane Hortta, Líria Garcia, Lucas
Você pode reproduzir nossos textos e artigos sem
Jana Walter prévia autorização, desde que cite a fonte (Revista George Pedroso de Almeida, Magda Bahia, Marcela Chanan, Marcilena Toledo, Marcus Phlavio Goes dos Reis,
Crianças: Uma Abordagem Transdisciplinar) e o Maria Alves de Lima Corradi, Maria Inês Seronni Garcia, Marilene Pacheco Santos, Marina Galacini Massari, Marina
Psicanalista, psicóloga, jornalista e administradora de empresas. Especialista em autor do artigo, que se encontra ao final de cada Parmezani del Col de Santi, Miriam Tereza Galli Sorita dos Santos e Benedito Aparecido, Paula Salomão Brock,
Teoria Psicanalítica pela PUC-SP e Psicanálise com Crianças pelo Instituto Sedes texto. Para mais informações e bibliografia, entre em Regina Coeli Lise, Richelle Moura, Rossana de Souza Bragança, Silvana Crivellari, Taísa Martinelli, Tatiana Santos,
contato direto com os autores.
Sapientiae em São Paulo. Master Business em Gestão e Empreendedorismo Social pela Vera Farah Nassif Deluiggi, Vilma Simão da Costa.
FIA São Paulo. Pós-graduada em Avaliação de Programas e Projetos Sociais pela FIA Para sugestão de pautas, temas e entrevistas, escreva
e Responsabilidade Social e Terceiro Setor pela mesma instituição. Membro da Rede para revistacriancas@lalalingua.com.br
Bebê-SP, do Departamento Psicanálise com Crianças do Instituto Sedes Sapientiae-SP, Os artigos assinados são de
da La Cause des Bébés, em Paris-França. Trabalhou no terceiro setor e em pesquisa responsabilidade dos autores.
com Ricardo Voltolini, na Revista Ideia Sustentável. Mãe do Caio e Igor.
Era uma vez uma menina ou um Ah, era mesmo! Mas ele – ou
menino. Ou, talvez, deixa pensar... era eu ela, deixa pra lá –, adorava... pois neste
ou você. momento, ela dizia, nesta língua que não
se sabe bem o nome, que ela o amava,
Gostava muito de brincar!
seu olhar o desejava. Era visto, sentido
Todo dia, ao acordar, olhava e tocado. Ai, que delícia lembrar desses
através da janela, olhos bem abertos. Eram momentos.
grandes, talvez pequenos, talvez nem tanto
Nossa! De repente ele cresceu, isso
COLUNA: A PALAVRA E A POESIA
assim...
é impressionante!
Descia da cama e, logo, sem pensar,
Agora a
o dia já havia começado.
mamãe e o papai
Na hora do café da manhã ficava correm.
procurando nas miudezas da vida a graça,
Ele fica
onde a diferença saltava aos olhos.
pensando que
Era o bafo fedido de quem não eles correm porque
escovou direito os dentes, na pressa de querem ser mais rápidos
viver cada segundo desta vida. que o relógio.
Ou era o cabelo desgrenhado da Será que é uma brincadeira de quem
mamãe que, enlouquecida com o relógio chega primeiro?
familiar, brigava com os segundos,
O tempo foi passando e o relógio
esquecendo de pentear seus cabelos. Diga-
nunca parava...
se de passagem, cabelos meticulosamente
tingidos para esconder a pressa do tempo. Até o dia que ele ganhou o dele.
Era um menino, era uma menina, Sabe, ele nem queria um relógio...,
era um sujeito... mas a mamãe e o papai tinham certeza de
que era necessário.
Que descobriu que o papai adorava
o chulé fedido. Ele não entendeu o que aconteceu,
parecia que estavam em países diferentes,
Que a mamãe suportava com
pois nunca se encontravam.
esforço apneico os puxavantes nos seus
brincos. Sabia que ela os colocava só para Veio a pandemia e aí ferrou: o papai
lhe agradar... tão coloridos e maravilhosos, e a mamãe que ele tinha, evaporaram! Tem
cintilavam aos olhos. Sabia e puxava-os duas pessoas que moram com ele. Decerto
com tanta energia, que alegria! eles o conhecem, pois o chamam “filho”.
Até o dia em que ela os deixou de Ele pensa “Eu não sei bem o que
usar e trocou por outros brinquedos. fazer e parece que eles estão meio perdidos.
Alguém aí tem uma bússola pra emprestar?”
Sua boca fazia um barulho gostoso
na sua barriga e lhe fazia dobrar de tanto
dar risada.
Maldade?
Um serviço da sociedade amigas(os), vizinhas(os) etc. Por ser um serviço recente e ainda pouco
a destituição do poder familiar e a criança é enca-
conhecido pela população, é imprescindível sua
As pessoas dispostas a tornarem-se famí- minhada para adoção. Ressalta-se que, nesse caso,
divulgação, uma vez que precisamos de pessoas
No Brasil, a adoção é realizada por famílias mília Acolhedora Santana, sendo 5 em período de
Por Gisele R. C. Pinto, Larissa T. Santana e Kamila Rocha que o acolhimento familiar se encerra ou afirmem cadastradas no Sistema Nacional de Adoção (SNA). acolhimento e 3 aguardando a chegada da criança.
que não se sentiriam confortáveis em acolher uma Elas são capacitadas e acompanhadas por profissio- O serviço prevê a capacidade de atendimento de até
Família Acolhedora é um serviço de acolhi- ou fragilizados. Em alguns casos, são acolhidos os primeiros coleguinhas na creche, os brinquedos criança sabendo que uma hora ela deixará o lar dessa nais da Vara da Infância e Juventude e ficam à espera 30 famílias. Como irmãos podem ficar juntos na
mento familiar para crianças e adolescentes com vín- temporariamente nesses espaços até retornarem para que chegaram em datas comemorativas, as velas de família. Para participar da ação, é fundamental que
sua família de origem ou, em outros casos, ocorre aniversário, os desenhos e pinturas, aquele abraço de uma criança com um perfil escolhido previamente. mesma família, de acordo com o ECA, o número
culos familiares fragilizados e/ou rompidos. Ocorre se tenha disposição afetiva e emocional, inclusive
por ordem judicial a destituição do poder familiar apertado que você ganhou de alguém que ama. São Dessa forma, as crianças que forem destituídas de suas de crianças recebidas pode superar 30. No estado
como uma medida protetiva até que as crianças ou e a criança ou o adolescente é colocado(a) em uma para a separação; afinal, trata-se de um acolhi-
lembranças sublimes, não é mesmo?! famílias serão encaminhadas para os(as) pretendentes de São Paulo, são 134 crianças; e, no Brasil, estão
adolescentes possam retornar ao seu lar de origem família substituta, ou seja, de adoção. mento provisório. à adoção desse sistema. acolhidas em lares de famílias 1.405 crianças,
ou, na sua impossibilidade, sejam encaminhadas(os)
para adoção. Diferentemente dos serviços rea-
Em relação à pandemia de covid-19, de
acordo com a pesquisa realizada por Susan Hills,
Contudo, não são todas as pessoas que Enlaces e afetos entre a de acordo com os dados do Sistema Nacional de
lizados em instituições, crianças e adolescentes o Brasil é o segundo país com maior número de
têm ou terão lembranças positivas ao pensar na sua família e a criança Adoção e Acolhimento (SNA).
crianças e adolescentes órfãos na pandemia, atrás
infância. Uma família acolhedora contribui para Os desafios na
são recebidos(as) temporariamente na casa de Transforme vidas. Seja uma família acolhedora!
somente do México. Os dados apontam que cerca que mais crianças tenham vivências satisfatórias e divulgação do serviço de
indivíduos ou famílias que passam por for- Trabalhamos para que no lar da família
levem para a vida adulta lembranças dignas acolhimento familiar
mação, orientação e acompanhamento pela acolhedora haja afeto, carinho, amor e todos coo-
dessa fase, tão estruturante em nossa vida.
equipe técnica do serviço. Abre-se assim perem, de forma geral, para o desenvolvimento da
Tornar-se uma família acolhedora é uma forma
importante possibilidade de a sociedade criança acolhida. Espera-se que a família que recebe a O Serviço Família Acolhedora Santana
de apoiar não só crianças, mas suas famílias fast@institutopilar.org.br
civil comprometer-se com a transformação criança se apegue a ela e ofereça um convívio afetuoso, foi significativamente impactado pelo isolamento
de origem também.
da vida de crianças que estão afastadas de que contribuirá para que a criança se sinta segura e social obrigatório frente à crise sanitária, econômica (11) 2959-8630 ou (11) 97590-2511
suas famílias. cuidada para explorar o mundo e desenvolver suas e social em consequência da pandemia de covid-19.
Quem pode acolher potencialidades. Para que a família possa acolher, Um serviço que estava recém implantado no território @facolhedorasantana
Neste texto, nós, colaboradoras téc- crianças nessa ela também precisa de cuidado e suporte; a equipe da Zona Norte precisaria ser amplamente divulgado
nicas do Serviço Família Acolhedora Santana, modalidade? do serviço acompanhará e orientará os familiares por meio de reuniões, palestras, seminários, panfle- /facolhedorasantana
em São Paulo, abordaremos o contexto e as tagens, eventos públicos, comunitários, redes sociais,
durante todo o período de acolhimento, visando o
dinâmicas específicas do trabalho realizado. Em outubro de 2019, o Instituto Pilar
melhor interesse da criança acolhida. entre outros. Nesse contexto, o uso de ferramentas Serviço Família Acolhedora Santana
implantou o Serviço Família Acolhedora San-
online – entendidas como secundárias na estratégia
tana, atendendo especificamente a primeira Durante o processo de acolhimento familiar,
A realidade no Brasil de divulgação – tornou-se algo central para a captação www.institutopilar.org.br
infância, isto é, crianças de 0 a 6 anos, com a equipe do serviço trabalhará no fortalecimento da
de famílias acolhedoras. Por meio de lives, postagens
É importante pensar que vivemos em o objetivo de ampliação gradativa da faixa família de origem, no intuito de que a criança retor-
educativas, explicativas e reflexivas a respeito do tema
um país com alto índice de desigualdade social. etária para até 17 anos e 11 meses, alinhado
O Brasil é o 7º país mais desigual do mundo à consolidação do serviço no município de
em um ranking com mais de 140 países. Em
São Paulo. Existem quatro serviços na cidade
consequência da histórica desigualdade na
distribuição de renda, em 2019, pessoas em conveniados com a Prefeitura – Zona Sul,
situação de extrema pobreza no Brasil somavam 13,5 de 113 mil infantes perderam o pai, a mãe ou ambos Zona Central, Zona Leste e o nosso, na Zona Norte,
milhões e sobreviviam com até 145 reais mensais. pelo coronavírus, entre março de 2020 e abril de 2021. atendendo toda a abrangência dessa região e com
No primeiro trimestre de 2020, o número de desem- Ainda, se acrescentarmos as crianças e adolescentes escritório localizado no bairro de Santana.
pregados(as) chegou a 12,9 milhões no país. Nesse que eram cuidados(as) por avós e avôs, esse número
contexto, alguns grupos sociais são mais afetados: progride para 130 mil no país. A família acolhedora é uma modalidade
moradores(as) de periferias, de áreas rurais, popu-
lação negra e indígena, LGBTQIA+, quilombolas, Ressaltamos, diante desses dados, que o de acolhimento temporário para crianças que, com
ribeirinhos, entre outros. artigo 23 do Estatuto da Criança e do Adolescente suas famílias de origem, sofrem violações de direitos Gisele Ramos Larissa Turbiani
(ECA) aponta que a falta ou a carência de recursos Santana Kamila Rocha
Ainda segundo o Centro de Estudos Es-
básicos, como acesso à saúde, educação, alimentação Cardoso Pinto
materiais não constitui motivo suficiente para a
tratégicos da Fiocruz, nosso país conta com a 4ª de qualidade, moradia, saneamento básico etc. Tra-
perda ou a suspensão do poder familiar. Técnica assistente social no Serviço Família
maior população carcerária feminina do mundo, e ta-se de um serviço municipal inserido na Política de Acolhedora Santana, cursando especialização
Técnica psicóloga do Serviço Família Acolhedora Ex-técnica do Serviço Família Acolhedora e
muitas dessas mulheres são mães. Em alguns casos, em Garantia dos Direitos e Política de Cuidados
as crianças que nascem ou que já nasceram ficam Um lugar para ser Assistência Social e que dispõe de uma equipe técnica Santana e psicoterapeuta em consultório.
à Criança e ao Adolescente na Universidade
psicoterapeuta.
com sua família extensa. Contudo, em outros casos, guardado na memória formada por assistentes sociais e psicólogas(os), que de Brasília.
há mulheres que não têm uma rede de apoio que visam garantir a convivência familiar e comunitária,
cuide de seus filhos e/ou filhas, e eles(as) podem Para falarmos sobre esse assunto, é impor- conforme estabelecido no ECA, às crianças que são
ser encaminhados(as) a instituições públicas de tante pensarmos na nossa própria infância. Quando encaminhadas para acolhimento.
acolhimento como SAICA (Serviço de Acolhimen- você tinha 5, 6, 7 anos... e alguém te ensinou uma (11) 94143-3948 (11) 97506-7287 (11) 98378-3229
to Institucional para Crianças e Adolescentes) e brincadeira nova, a primeira vez que viu o mar ou Para inscrever-se, é necessário ter a partir
Casa Lar. Esses espaços também acolhem crianças quando conheceu um lugar diferente, andou na de 18 anos, possuir fonte de renda e residir na giselecardosopsi@gmail.com lariturbiani@gmail.com rochha.kamila@gmail.com
e adolescentes com vínculos familiares rompidos terra descalço, a primeira vez que empinou pipa, região de abrangência do serviço. Não há restrição
sua vida é ditado pelas obrigações que acumulou na madrugada. Marlo tenta escapar à sedução da
um filme que me dá a chance de olhá-lo por vários como mãe, esposa e dona de casa. Ela parece ter mãe. Fica complicado afastar-se das preocupações
babá – ela está desconfiada –, mas acaba por aceitar
ângulos: um deles, mais óbvio, seria pelo sofrimento se perdido de si mesma. No raro tempo livre que a proposta. Com o passar dos dias, o que se vê é Tully
do dia-a-dia e, então, sonhar. Longe de fontes de TULLY
da mulher e pelos riscos de doenças psíquicas no tem, ela está em frente à TV comendo qualquer vitalidade psíquica para si e para suas relações, é (sinopse)
cada vez mais interessada por Marlo: ela a enxerga e Do ponto de vista fisiológico, para produzir
pós-parto. Para representar sua personagem, Charlize coisa disponível e assistindo a séries de sexo. Ela um trabalho árduo colocar-se como protagonista e
escuta profundamente. Está curiosa sobre Marlo e leite, a mulher precisa de hormônios equilibrados,
Theron ganhou 23 kg e sua interpretação é intensa. tem um interesse particular por sereias (aliás, é um realizar satisfatoriamente sua função estruturante O filme é, antes de tudo, um olhar sensível para
sua história, seus gostos; lhe direciona perguntas que uma boa alimentação e hidratação e, preferencial- a maternidade e seu impacto sobre a vida da
Escolho falar sobre as relações e sua importância sonho com uma sereia que prenuncia o rompimento na sociedade.
parece que há muito Marlo não ouve. O filme cresce mente, estar com baixo nível de estresse. Para poder mulher. Charlize vive o papel de Marlo, que está
na sustentação da vida. da bolsa para o nascimento de Mia). Em resumo, junto com o encontro das personagens femininas. oferecer os tantos cuidados em ciclos repetidos que o prestes a dar à luz seu terceiro filho. Ao longo
Quando pensamos em crianças pe- Para mim, Tully é a personificação da magia bebê requer – banhos, trocas de fralda, colo, peito – das cenas, ela transmite ansiedade e desgaste ao
quenas, é quase indissociável a figura materna das relações cuidadosas e responsáveis, como ela precisa de energia. Mas não é difícil entender, para lidar com a dura rotina do bebê, as demandas
se tivesse em si um pozinho de pirlimpimpim. quem já é mãe, que comida e água não garantem que de seus outros dois filhos e seu marido. Certo
ao seu lado. Logo evocamos toda a positividade
dia, ganha de presente de seu irmão algumas
relacionada à relação mãe-bebê: a imagem da E no embalo de uma, duas, várias noites bem tudo funcione bem. Somos sobretudo seres relacio-
horas do serviço de uma babá (Tully), para que
nutriz, do aleitamento, as trocas amorosas, os dormidas – e nutrida por essa relação significativa nais. “A relação é um espaço da realidade psíquica cuide das crianças durante a noite. Embora um
olhares e gestos, a voz baixinha, brincadeiras com Tully –, Marlo parece que vai ampliando seus específica e é uma das principais condições para pouco hesitante, Marlo é surpreendida por Tully.
de “cadê-achou” e outras tão importantes que espaços internos para si mesma e para outros. a formação do sujeito do inconsciente.”, segundo É no convívio entre as personagens femininas
passam de geração em geração, as mãos leves e Suas relações na família e fora vão se restaurando. René Kaës em seu livro “As alianças inconscientes”. que o filme cresce.
ágeis da mãe com os cuidados da prole... É nesse A sua irritação com o choro do bebê e com a Contudo, para estar disponível aos relacionamentos
clima delicado que começa o filme Tully: uma demanda das crianças vira ternura e cuidados. – aqueles pré-existentes ou novos, incluindo filhos
cena entre a protagonista Marlo e seu filho caçula, O seu embate com a diretora da escola de Jonah recém-nascidos –, é necessário lidar com uma parte
Jonah. Ela cuida do menino e está prestes a dar é arrefecido – ela recua e segue buscando um profunda em nós. Isso diz respeito a todo ser humano
à luz. A cena é embalada por uma música suave local melhor para o filho. Até Craig sai ganhando e não somente às mães. Mas como abrir e oferecer
e nos dá a sensação de que seremos lançados ao e tem uma agradável noite de sexo apimentado uma espécie de espaço interno para um outro A pesquisa O Brincar nas Favelas Brasileiras,
universo encantador do vínculo entre mães e com sua esposa. ocupar e a partir disso as relações se sustentarem? de 2021, entrevistou 816 mães, moradoras de favelas
filhos. Esquecemos por um momento das agruras Não falo aqui sobre cumprir obrigações sociais em São Paulo, Recife e Porto Alegre. Para 66% das
no processo de tornar-se mãe e das exigências Parece-me que Tully trouxe Marlo de ou representar papéis, mas sobre a construção mães, o cuidado com as crianças é a atividade que
sociais sobre a figura materna. Mas não demora volta – afastou o esvaziamento e a exaustão em de relações significativas que asseguram a vida. mais ocupa o tempo. 86% têm a sensação de que, com
para que sejamos devidamente colocados de que Marlo se encontrava. Marlo recuperou a a pandemia, o tempo se tornou ainda mais escasso
O filme mostra de forma muito sensível
volta ao cenário real em que vive a protagonista. sua capacidade de sonhar. Estou falando aqui que é preciso um certo encantamento. É o pozinho
para cuidar de si. 63% das mães disseram ter difi- Milena Beltrami Tudisco
culdade para ajudar as crianças nos estudos, e 50%,
Em resumo, Marlo é casada com Craig. de algo bem específico, como sonhar seu bebê de pirlimpimpim de Tully que resgata Marlo. Marlo
em encontrar tempo para brincar com as crianças. Coordenadora Executiva da Revista Crianças –
Ele é focado em seu trabalho na área de tecnologia recém-nascido e as crianças maiores, sonhar sabe que as coisas não vão bem para ela, está com-
Quando estão ocupadas em outros afazeres, 88% das Uma Abordagem Transdisciplinar. Psicanalista
e, durante as noites, recorre aos jogos de vídeo ser a mãe que cuida de suas crianças, sonhar pletamente atordoada com a sua rotina, mas tem “a
mães recorrem às telas como um importante apoio. em formação. Membro do Departamento
game, que o distraem da pressão da rotina. O a relação com seu esposo, sonhar e desejar ser esperança de uma transformação de realidade”, Formação em Psicanálise do Instituto Sedes
A escola e a creche tinham participação importante
casal está na casa dos quarenta anos e espera o como bem coloca René Kaës ao definir a modalidade Sapientiae, em São Paulo. Graduada Engenheira
quem se é. Fica evidente o valor de Tully na vida como espaço de brincar, sendo assim apontadas por
seu terceiro filho. Sarah, a filha mais velha, dá de negatividade relativa em “As alianças inconscien- Química pela Escola Politécnica da USP, possui
de Marlo, que, com seus cuidados, pode apro- 50% das mães. Mas, após a pandemia, a participação
pouco trabalho, se comparada com o segundo tes”. Amparada pelo interesse genuíno da babá por ela MBA pelo Insper-SP e especialização em
ximar-se de si mesma, de sua história e de suas caiu para 9%. Sobre o perfil dessas mães: 83% são Marketing pela FDC (São Paulo). Experiente
filho, Jonah, que precisa de atenção especial em e um pouco de descanso, ela entra em contato com
próprias escolhas, abrindo espaço para novos mulheres negras e 78% se declaram chefe de família; em gestão de projetos, trabalha como consultora
casa e na escola. Craig está longe de enxergar suas dores, sua inquietação e insatisfação, e passa a
acontecimentos. É lindo ver a transformação que 30% delas estão desempregadas. A renda média em gestão empresarial e em economia circular de
a situação de esgotamento em que a esposa se sonhar uma mudança a partir da qual ocupa novos
ocorre. Mas Marlo está verdadeiramente em perigo; das mães com rendimento é de R$ 827,25 (25% embalagens. Casada com Felipe, mãe do Arthur
encontra, absorto em seu universo e em suas lugares em suas principais relações. Fica evidente e mãe afetiva da Bianca e do Rafa.
menor que um salário mínimo). As configurações
próprias preocupações; ele pouco participa da o filme não acaba bem para Marlo. Entendemos no a importância do sono e, por outro lado, que a
familiares predominantes são mãe e filhos ou mãe,
rotina da casa e das crianças. A comunidade de apoio Marlo faz tudo, carrega o mundo em suas costas, fim da trama a engenhosidade do roteiro que nos foi privação de sono e a sobrecarga da rotina, tão
filhos e marido.
de Marlo é escassa. A escola de Jonah a pressiona para mas ela mesma não é nada – não vemos Marlo, não apresentado. Mas não vou seguir aqui dando spoilers. comuns na maternidade real, jogam contra esse
60
POR QUE DESENHAR
NAS FRUTAS?
Por Daphne Lambros
Quando eu era criança, ouvi muito Uma vez, ganhei o tão sonhado kit de enxergam um desenho, uma ilustração, sempre
minha mãe dizer para mim: “Pare de desenhar canetinhas (pilot ou canetas hidrográficas). Foi me encantam e me fazem desenhar cada vez
nas minhas frutas!”, “Deixe sua irmã em paz, ela o máximo! E aí, minhas telas se ampliaram: mais, aprender mais a linguagem delas. A
não é um papel!”. Isso acontecia semanalmente! minha irmã, quatro anos mais nova, não riqueza que elas nos trazem e a perspectiva
Eu sempre amei desenhar. Desde pequena. escapava. E desenhei muito nela. Na perninha, que nos mostram é algo fundamental para o
no braço e na barriga. Claro que minha mãe meu trabalho.
Minha memória “artística” mais antiga
não gostava nadinha da ideia. Ainda mais que
é de quando íamos nos mudar e eu tinha 4 anos. Agora, adulta e mãe, aprendi que
as canetinhas eram à base de álcool e a tinta se
O pessoal da mudança retirou um dos móveis temos que sempre dar espaço para as crianças
fixava na pele, bem mais do que hoje em dia.
e, atrás dele, estava um pedaço de parede todo expressarem o que precisam. Na minha casa,
desenhado por mim! A arte foi descoberta por O tempo passou, fiz alguns cursos por anos, tive uma parede em que minha filha
acaso e, depois disso, meus pais perceberam pontuais de desenho e até passei na faculdade podia desenhar, fazer colagem, rabiscar e pintar
que teriam uma filha colorida! de desenho industrial, mas optei por fazer o que quisesse. Era muito interessante. E tenho
publicidade, pois já tinha um grupo de certeza que, apesar de minha mãe querer me
COLUNA: ARTE QUE TE QUERO VER
68
A história do cavalo na janela
e do menino no curral
Por Edison Heleno
Sou o quarto, de uma família de onze me acompanhou, dócil como se estivesse enten- me traria muita complicação, pois limpar o piso
filhos, nascido na década de 40, na comunidade de dendo e concordando com meu intento. Guiado de tábua “in natura”, ou os móveis, seria tarefa
“Helenos”, localizada entre as cidades de Cipotânea pelo cabresto, não empacou em momento algum. demais para mim. Foi quando me apressei e pus
e Rio Espera, a 7 km de Cipotânea, Minas Gerais. Nem quando entramos pela porta da cozinha, nem fim à minha façanha. Hoje sei que foi por sorte,
quando saímos do piso entijolado e atravessamos dada a espessura das tábuas do piso e o diâmetro
A manutenção da fazenda em que vivia
uma sala de jantar com piso de madeira. Cada pisada exagerado dos barrotes, que o cavalo não ficou
gerava uma série de tarefas diárias para todos, inclu-
sua nas tábuas do assoalho produzia um som grave atolado no assoalho e nem vazou para o porão.
sive para as crianças. Fazia parte da rotina apartar as
e bem alto, era “ploc ploc ploc ploc”. Atravessamos
vacas leiteiras de seus bezerros, desempalhar e de- Não tirei uma self ou uma foto da cena:
bulhar milho, abastecer não tinha sequer uma má-
COLUNA: CRÔNICAS DA VIDA COTIDIANA
70
CLARA E A BORRACHINHA - ELIANE GOMES
COLUNA COLUNA
O COMEÇO DA VIDA
ILUSTRAÇÕES POR REBECA SIMONE
Clara é uma curiosa menina que gosta de acertar sempre e fica muito triste Um dos maiores avanços da neurociência é ter descoberto que os bebês são muito mais
quando isso não acontece. Ela não gosta de errar. E quem gosta? Vamos entrar do que uma carga genética. O desenvolvimento de todos os seres humanos encontra-
no quarto da Clara e descobrir que um encontro pode fazer essa menininha se na combinação da genética com a qualidade das relações que desenvolvemos e
entender suas imperfeições e saber que errar pode abrir possibilidades antes nem do ambiente em que estamos inseridos. O Começo da Vida convida todo mundo a
imaginadas. refletir como parte da sociedade: estamos cuidando bem dos primeiros anos de vida,
que definem tanto o presente quanto o futuro da humanidade? Pois “Se prestarmos
atenção ao início da história (do bebê), podemos mudar toda a história.”
infantil como narrativa que sustenta uma história na íntegra. Os adultos ficam de fora
com o papai, o fio se rompe e elas se separam? Nessa história, os necessários
Filmes sobre
das imagens, mas o espectador adulto certamente se sentirá representado. Brincar é
distanciamentos na vida de mãe e filho, sustentados e conduzidos pelo precioso
uma linguagem singular do sujeito, mas é na transição das imagens que aparecem
fio do amor, não são sinônimo de rompimento, e atribuem ainda mais valor aos
as semelhanças na essência do brincar livre de qualquer criança. Diferentes culturas
lindos encontros dessa dupla!
são registradas pelo Brasil: comunidades rurais, indígenas, quilombolas, das grandes
crianças
metrópoles, do sertão e do litoral. Um convite aos adultos para se (re)conectarem com
sua história e suas brincadeiras. E uma mina de criatividade para os pais e as crianças.
O MENINO E O MAR - LULU LIMA
ILUSTRAÇÕES POR LALAN BESSONI
Sabiás, andorinhas, beija-flores, coleirinhos e tantos outros vivem soltos, em MINHA VIDA DE ABOBRINHA
meio à natureza, na fazenda Brejo Novo. Mas a vida deles não é fácil: além
do medo dos humanos e das aves maiores, eles sofrem com a falta de árvores
para construir novos ninhos. Plantadores natos, eles carregam em seus bicos Apelidado Abobrinha pela mãe, Icare, um sensível menino de nove anos, é levado para
as sementes, espalhando-as pela terra; contudo, os bois e agricultores sempre um orfanato depois que sua mãe morre. Deslocado neste novo universo, aos poucos
acabam destruindo as mudas assim que elas começam a crescer no pasto ao lado ele começa a se relacionar com as outras crianças num contexto de segurança: eles são
da fazenda. Os passarinhos então se reúnem e decidem chamar a atenção dos cuidados por uma equipe preparada e bastante afetuosa. As crianças espontaneamente
donos da propriedade para o seu problema e promovem um concerto na casa compartilham suas histórias familiares e os motivos de estarem no local. O policial
principal! O livro encanta e nos sensibiliza para as maravilhas da flora e fauna responsável pelo encaminhamento de Abobrinha continua a lhe fazer visitas frequen-
brasileiras e os riscos que correm pela ação humana. temente e Camille, uma nova menina admitida no orfanato, se aproxima dele. Assim,
as amizades vão se dando e um ambiente de confiança vai se fortalecendo. Um filme
Uma história de superação e esperança. Miriam Leitão, jornalista reconhecida, sobre dores e reparações. Deixe os lencinhos do lado do sofá!
nos dá uma grande contribuição na sua estreia na literatura infantil.
possa ocorrer, “a subjetividade deve estar ção separam-se onde se unem. E o bebê, como ponto evocador de através do relato de casos clínicos vivencia-
presente em todos os envolvidos, inclusive dotado de tantos saberes, já nos ensina sentimentos ainda mais dos por ela, a importância da atuação do
no bebê”. O bebê, antes de ter condições de sobre a musicalidade da voz e do corpo. intensos (culpa, tristeza, psicanalista nos serviços de neonatologia,
compartilhar os códigos da língua vigente Musicalidade que nos torna humanos... medo, raiva, fracasso, seja no contato com os pais, seja com a
com a comunidade, cria uma “lingua”, dentre outros) por parte equipe médica e, inclusive, no atendimento
Torna-se, portanto, extremamente
que lhe permite “expressar necessidades e da mãe, que termina por ao próprio bebê.
importante que o conhecimento produzido
desejos como um falante natural do grupo precisar “nascer”, também
por Trevarthen seja integrado às relações Na representação da ambivalência
a que pertence”, fazendo desse código “um prematuramente, para a
afetivas e profissionais com o bebê. O contida no sorriso da Gioconda, o livro
veículo de expressão de sua singularidade”, função a ser desempenha-
trabalho “constante e insistente” do autor retrata a necessidade de reinvenção do
ora como receptor, ora como provocador
COLUNA:ESSE LIVRO É MASSA, VOCÊ TEM QUE LER
78
Siga a Revista Crianças
uma abordagem transdisciplinar
nas Redes Sociais
www.lalalingua.com.br