Download as pdf or txt
Download as pdf or txt
You are on page 1of 13

o que estamos fazendo do nosso futuro?

Como a relação corporal com O cérebro do bebê. Que fatores Quando o sono da criança se Aprender (o quê) na pandemia
os pais ajuda o bebê a se influenciam o desenvolvimento torna pesadelo para os pais
desenvolver plenamente infantil saudável?

A dif ícil escuta da criança Equoterapia: um tratamento que Abordagem Pikler – A vida do Por que desenhar nas frutas?
aut is ta vai muito além da reabilitação bebê, para toda a vida
física
SUmÁRIO
COLUNA: UM ENCONTRO QUE
MUDOU MINHA TRAJETÓRIA
BEBÊS PREMATUROS: UMA EU SOU ALGUÉM, EU RESPEITO OS

06 32 56
VINCULAÇÃO ATRAVÉS DA OUTROS E QUERO QUE OS OUTROS
LINGUAGEM O NASCIMENTO AS MEDIDAS PROTETIVAS,
ME RESPEITEM
DE UM SUJEITO AFINAL, PROTEGEM QUEM?
EQUIPE REVISTA CRIANÇAS
CAROL ORUÊ MICHELLE MILFONT DE MEDEIROS SOUZA

34 58
INTRODUÇÃO ALIMENTAR: MAIS
IMPORTANTE DO QUE PARECE E A DIFÍCIL ESCUTA DA ENTREVISTA COM O PROFESSOR

Esse material é apenas uma


08
MAIS SIMPLES DO QUE SE IMAGINA CRIANÇA AUTISTA COLWYN TREVARTHEN

LUISA HIPÓLITO MICHARKI E INÊS CATÃO ERIKA PARLATO-OLIVEIRA


MARINA KATZ

demonstração do nosso conteúdo.


36 60
COLUNA: A PALAVRA E POESIA
MÚSICA E AUTISMO:
RELAÇÕES E INTERVENÇÕES O CORPO

10
JANA WALTER
OSTEOPATIA PARA BEBÊS GLEISSON DO CARMO OLIVEIRA

A 3ª Edição da Revista Crianças – Uma Abordagem Transdisciplinar


ADRIANA LACOMBE COLUNA: NARRATIVAS DA INFÂNCIA

38 62
A GAGUEIRA SOB O PONTO DE VISTA DA “A EXPERIÊNCIA” DE ESCUTAR AS

será publicada na íntegra somente na versão impressa.


LINGUAGEM - CONSIDERAÇÕES SOBRE A NARRATIVAS INFANTIS

12
CLÍNICA COM OS QUE GAGUEJAM
O QUE SIGNIFICA AMAMENTAR KELYNN MIDORI ALVES
NOS DIAS DE HOJE? JULIANA MORI

64
CLARICE RICOBOM COLUNA: HISTÓRIAS INSPIRADORAS

40
SOU GAGO… E PROFESSOR

Para compra, acesse www.lalalingua.com.br. DESFRALDE(S)

14
MIGUEL FABRÍCIO DE OLIVEIRA ALVES
VANESSA BOBER
OS DOIS DESMAMES DO BEBÊ 
A pré-venda (reserva) da edição estará disponível a partir de 30/10/2021. COLUNA: ESPAÇO ACOLHEDOR
LUCIENE GODOY NA CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS

66
ARTIGO ESCOLHIDO PELA
EQUIPE REVISTA CRIANÇAS ABORDAGEM PIKLER A VIDA DO

42
A PARTICIPAÇÃO SOCIAL DA BEBÊ, PARA TODA A VIDA.
CRIANÇA COMO FERRAMENTA

16
O IMPACTO DE NOSSOS LEILA OLIVEIRA COSTA
DE GARANTIA DE SEUS DIREITOS
Se você pode ajudar uma instituição/pessoa que está em situação socioeconômica desfavorável a ANTEPASSADOS NA HISTÓRIA FAMILIAR:
A CLÍNICA COM BEBÊS E SEUS PAIS
ter acesso a esse conteúdo, converse conosco pelos nossos canais. Nós estamos em contato com JORDANA DE CARVALHO PINHEIRO

68
MARIANE DE FREITAS CORDEIRO COLUNA: ARTE QUE TE QUERO VER
instituições/pessoas que precisam de apoio e cuidaremos para que se aproximem do conhecimento POR QUE DESENHAR NAS FRUTAS?
gerado pela Revista Crianças – Uma Abordagem Transdisciplinar. COLUNA: A PALAVRA E POESIA

44
TEMPO E TRAGÉDIA: UM CONVITE À DAPHNE LAMBROS

18
COMO A RELAÇÃO CORPORAL REFLEXÃO SOBRE A DIFERENÇA
COM OS PAIS AJUDA O BEBÊ A DE FICAR JUNTO E ESTAR JUNTO
SE DESENVOLVER PLENAMENTE
- Escreva um e-mail para revistacriancas@lalalingua.com.br. Coloque o título “Interesse Revista

70
COLUNA: CRÔNICAS DA VIDA COTIDIANA
JANA WALTER
RAQUEL CASSEL A HISTÓRIA DO CAVALO NA JANELA
Crianças – DOAÇÃO – seu nome ou nome da sua instituição” e se apresente; ou entre em E DO MENINO NO CURRAL
contato por telefone/WhatsApp (+55 11 97099-6199). O CÉREBRO DO BEBÊ. QUE FATORES
COLUNA: A CLÍNICA NA PRÁTICA
EDISON HELENO
EQUOTERAPIA: UM TRATAMENTO
INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO

20 46
QUE VAI MUITO ALÉM DA
INFANTIL SAUDÁVEL?
REABILITAÇÃO FÍSICA

72
Se você ou sua instituição tem uma situação socioeconômica que impossibilita a compra da revista, ADÉLIA MARIA DE MIRANDA
ROSANA A. S. CRUZ, SOFIA CICOLO,
COLUNA: CONTOS PARA CONTAR
HENRIQUES-SOUZA UMA, DUAS SEREIAS
converse conosco pelos nossos canais. MARINA CIVITA E ROZZE ANGEL
ELIANE GOMES

22
COMO E O QUE OS BEBÊS NOS COLUNA: A CLÍNICA NA PRÁTICA

74
PROJETO NINHO DO BEBÊ:
- Escreva um e-mail para revistacriancas@lalalingua.com.br. Coloque o título “Interesse Revista ENSINAM COM SEUS MOVIMENTOS COLUNA:

48
“UM NINHO QUE FAÇA DIFERENÇA”
LIVROS PARA LER COM CRIANÇAS
Crianças – GRATUIDADE – seu nome ou nome da sua instituição” e se apresente; ou entre em PESSIA GRYWAC
CIBELE BASTON ANDRADE, CLAUDIA
contato por telefone/WhatsApp (+55 11 97099-6199). Seu caso será avaliado. J. BOUTROS CARVALHO E
EQUIPE REVISTA CRIANÇAS
KARINA BRUNA CALDO ROSSETTI

24 75
QUANDO O SONO DA CRIANÇA SE COLUNA:
TORNA PESADELO PARA OS PAIS FILMES SOBRE CRIANÇAS
COLUNA: A CLÍNICA NA PRÁTICA
JULIANA GONZALEZ CASTRO ASSESSORIA: UMA ESCUTA ATENTA
EQUIPE REVISTA CRIANÇAS

50
E SENSÍVEL AOS EDUCADORES DA
EDUCAÇÃO INFANTIL

26 76
SOBRE CUIDAR DE QUEM CUIDA: JAQUELINE INÊS DE LEMOS COLUNA: ESSE LIVRO É MASSA
VOCÊ TEM QUE LER
A IMPORTÂNCIA DA VALORIZAÇÃO E THIAGO ROSA MENDES
DA SAÚDE MENTAL DOS PAIS UM NOVO PARADIGMA SOBRE O BEBÊ

JULIANA GONZALEZ CASTRO BETÂNIA PARIZZI


COLUNA: POLÍTICAS PÚBLICAS
FAMÍLIA ACOLHEDORA.

28
COLUNA: ESSE LIVRO É MASSA

52
UM SERVIÇO DA SOCIEDADE

77
VOCÊ TEM QUE LER
QUE TRANSFORMA VIDAS
A MORTE CHEGOU, E AGORA ? O QUE QUER UMA MÃE
GISELE R. C. PINTO, LARISSA T. SANTA- DIANTE DO SEU BEBÊ?
ALLAN MARTINS MOHR NA E KAMILA ROCHA
BRUNA VASCONCELLOS

78
COLUNA: PAIS E FILHOS

30
COLUNA: ESSE LIVRO É MASSA

54
APRENDER (O QUÊ)
VOCÊ TEM QUE LER
NA PANDEMIA SOBRE TULLY E A MATERNIDADE
PARA MÃES E PAIS PARA EDUCAR A CRIANÇA
MARIA DA PAZ DE CASTRO NUNES
PEREIRA (GUNGA) MILENA BELTRAMI TUDISCO LUCIANA NOVAES RUSSI
EDITORIALPrezados leitores,
expediente
REVISTA CRIANÇAS:
Uma Abordagem Transdisciplinar.
AGRADECIMENTO AOS APOIADORES DO
É com muita alegria que represento, na qualidade de editora-chefe da Revista Volume III - 2021
Crianças – Uma Abordagem Transdisciplinar, uma equipe que trabalhou em uníssono para a
feitura desta publicação. Chegamos à terceira edição da revista! Já são três anos comprometidos
com a transmissão de saberes acerca da infância, enquanto a equipe completa um ano e se
COMPRA ATRAVÉS DE WWW.LALALINGUA.COM.BR
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DOS VOLUMES I E II
(VERSÃO DIGITAL).
Periodicidade anual
FINANCIAMENTO COLETIVO
consolida com pessoas dispostas a mudar a realidade de muitos bebês e crianças, levando A Revista Crianças – Uma Abordagem Transdisciplinar consiste
conhecimento de especialistas, com linguagem acessível, a pais, profissionais e todos aqueles na produção de conhecimento acerca de bebês e crianças e
sua transmissão, com linguagem acessível a todos os públicos.
que se importam com quem é o combustível da nossa proposta. Queremos divulgar conhecimento e trabalhos desenvolvidos
com bebês e crianças pelas diversas especialidades
comprometidas com a infância – sejam elas da saúde, da
Passamos meses expostos aos desafios dos excessos de trabalho e das notícias educação, do direito, entre outras – e a prática transdisciplinar,
desoladoras em meio à pandemia. Além do sofrimento generalizado, gostaria de destacar o incentivar trocas e promover a aproximação entre leitores e
profissionais, em suas respectivas áreas de trabalho.
cenário preocupante no qual as crianças se encontraram, longe da escola, de amigos e, muitas
vezes, dos familiares. Para algumas famílias foi um momento de reaproximação, mas, claro, Autor corporativo
isso não representa a realidade de muitas outras, que, num outro extremo, submeteram suas Lalalingua
crianças à negligência e a maus-tratos. E, em quase vinte meses depois do início da pandemia, Caixa Postal: N° 877 CEP: 12940-970
testemunhamos crianças sendo diagnosticadas apressadamente com algumas psicopatologias, Atibaia - São Paulo/SP
a partir de problemas de linguagem, medos e tantos outros sintomas contemporâneos. Editora-chefe e Jornalista Responsável
Janaina Maria Walter Bahia Olá! Foi a sua contribuição que nos incentivou a chegar até aqui. Nosso sincero agradecimento
A terceira edição traz dezenove artigos inéditos e algumas novas especialidades. aos apoiadores da campanha de financiamento coletivo de 2020.
janawalter_revistacriancas@lalalingua.com.br
As temáticas são em torno de Saúde e Saúde Mental – dos indivíduos e das famílias Direção de arte e design

Arrecadamos R$26.346,95
–, além de Educação e Direito. Aqui constam também os dois artigos, dentre muitos Alberto Múscaria - Caracool Design Studio
submetidos pelo nosso público, selecionados pela equipe. Novas colunas foram criadas: Coordenação Norte-Nordeste
Diana Carneiro
“A palavra e a poesia” e “Pais e filhos”. Elas encontram-se ao lado de tantas outras que
Coordenação de expansão dos quais 52,5% foram doados por nossos apoiadores e 47,5% pela equipe Revista Crianças.
enriquecem nosso olhar para o ser humano (em especial para as crianças), suas vivências Douglas Abreu Pestana
na atualidade e a sociedade. E ainda, um toque especial. Recebemos o ISSN, número que Coordenação Sul- Sudeste
identifica revistas internacionalmente. Nossa publicação impressa passa a ser identificada Eliane Gomes Muito obrigada a todos.
Agenda e Relações Institucionais
pelo código ISSN 2764-1864. Mais um reconhecimento da seriedade desse trabalho.
Elen Fernanda Assunção Chaves
Coordenação Executiva, Assistente Editorial ABAIXO A LISTA DOS NOSSOS APOIADORES. SOMENTE QUEM NÃO PEDIU ANONIMATO!
Milena Beltrami Tudisco
A edição contou com o trabalho de maestro, ou melhor, da maestrina Milena Tudisco, Transmissões nas Redes Sociais
que tomou a gestão das informações e da equipe e fez com que uma melodia harmoniosa Rubens Ramos Categoria - Acima de 300 reais
pulsasse em cada membro da equipe, a quem não me canso de exaltar, sobretudo pelo prazer Agradecimentos:
em dividir um caminho de muitos empreendimentos individuais para o bem coletivo.
Adélia Henrique, Adriana Lacombe, Allan Martins Mohr,
Ressalto que observem no expediente desta revista o nome de todos aqueles que, juntos a nós, Betânia Parizzi, Bruna Vasconcellos, Carol Oruê, Cibele Clínica Horizontes, Jacques Laberge, Luiza Monteiro e Paulo Lemos, Mariângela Mendes de Almeida.
Andrade, Clarice Ricobom, Cláudia Carvalho, Cleyton
transformam sonho em realidade. Mais recentemente, abraçamos mais um colaborador. Ele Angelelli, Daphne Lambros, Edison Heleno, Erika Parlato-
assume a responsabilidade de ampliar nossos caminhos em busca de formação e parcerias: Oliveira, Gisele R. C. Pinto, Gleisson do Carmo Oliveira, Gunga,
Inês Catão, Jaqueline Lemos, Jordana Pinheiro, Juliana
com vocês, nosso coordenador de expansão, Douglas Abreu! Gonzalez Castro, Juliana Mori, Kamila Rocha, Karina Rossetti, Categoria - Entre 100 e 299 reais
Kelynn Midori Alves, Larissa T. Santana, Law Melo, Leila Costa,
Atualmente, o projeto se mantém com os recursos da venda dos exemplares Luciana Novaes Russi, Luciene Godoy, Luiza Mithrki, Mariane
de Freitas Cordeiro, Marina Civita, Marina Katz, Michelle Adela Stoppel, Alessandra Barbieri, Alessandro Oliveira, Ana Lepsch, Andreia Varchaki, Angela Mendonça de
impressos das edições anteriores e com o que restou da campanha de financiamento coletivo Milfont, Miguel Fabrício de Oliveira Alves, Pessia Grywac, Assis Baptista, Aristela Barcellos de Andrades, Maria Carmo C. Silva (Cacau), Cássia Guardado, Clínica em Tempo,
realizada em 2020, para a qual a equipe contribuiu com 47,5% do total arrecadado. Todo o Raquel Cassel, Rosana Cruz, Rozze Angel, Sofia Cicolo, Thiago
Colégio Jaraguá, Daniele Wanderley, Denise Carneiro, Diego Pessoa, Eduardo de Araújo Gomes, Fátima Aparecida
Rosa, Vanessa Bober, Vera Miraglia
faturamento é plenamente destinado para manter a revista circulando e mudando a vida de Gonçalves, Gláucia Galvão, Isabel Alencar, Jandira Kondera, Ken Kobashi, Leila Lima, Lilian Graham, Lucia Helena
Revisão:
muitas pessoas. A equipe trabalha voluntariamente e o faz pelo desejo de fazer a diferença. Romero Costa, Luiz Felipe Monteiro Lemos, Luiz Fernando Tonidandel, Luiza Eugênio e Renato Monteiro, Maria
Juliana de Miranda Monteiro Auxiliadora, Maria Marta Rodrigues Ferreira, Marly Rosa de Oliveira, Mateus de Oliveira Alves, Rafael Hek, Renata
Neste momento, buscamos alternativas para a equação financeira e a sobrevivência do projeto
Diagramação: Silva de Carvalho Albuquerque, Silvia Ferreira, Socorro Trindade, Thamy Cristine Martins.
da revista, enquanto mantemos a chama acesa.
Alberto Muscária
Finalmente, gostaria de agradecer a todos os autores da 3ª edição. Conosco, eles se Vinheta Podcasts: Categoria - Até 99 reais
preocuparam em trazer conteúdos de máxima pertinência, escritos de forma simples e direta, Érick Carvalho Melo - Kilowatt Records
ampliando a possibilidade de nosso alcance. Aqui me despeço em nome de toda a equipe e Alayane Peixoto Pereira, Alba M. R. Sewaybricker Benito, Ana Lúcia Bahia, Ana Paula Brumatti, Ana Rosa Bahia
Website:
desejo uma leitura edificante a todos vocês! Giovannini Ferreira, Antônia Silveira Cavalcante, Belisário de Lima Vieira, Carolina Miralha de Castro, Cecilia Kiguti,
Exitus Marketing Digital Claudia Regina Brandl dos Santos, Dandan Cardô, Daniella Colla e Thiago Maia de Oliveira, Dárcio Duarte de
Um abraço afetuoso, - Jana Walter (Douglas Oliveira e Daniela Oliveira) Oliveira, Denise Feliciano, Dorisnei da Rosa, Eliana Zanatta, Fernando Lamano Ferreira, Henrique Mendonça, Ícaro
NOTA DA EDITORA Fogaça Barbosa, Irene Lafetá Sesana, Jackeline Fusco, Chiaradia Maciel, Jessica Marlene Ramos Nunes, João
Villacorta, Kelly Gião Graciano, Kylse Mara Sado Rocha, Lidi Portella Raeder, Lidiane Hortta, Líria Garcia, Lucas
Você pode reproduzir nossos textos e artigos sem
Jana Walter prévia autorização, desde que cite a fonte (Revista George Pedroso de Almeida, Magda Bahia, Marcela Chanan, Marcilena Toledo, Marcus Phlavio Goes dos Reis,
Crianças: Uma Abordagem Transdisciplinar) e o Maria Alves de Lima Corradi, Maria Inês Seronni Garcia, Marilene Pacheco Santos, Marina Galacini Massari, Marina
Psicanalista, psicóloga, jornalista e administradora de empresas. Especialista em autor do artigo, que se encontra ao final de cada Parmezani del Col de Santi, Miriam Tereza Galli Sorita dos Santos e Benedito Aparecido, Paula Salomão Brock,
Teoria Psicanalítica pela PUC-SP e Psicanálise com Crianças pelo Instituto Sedes texto. Para mais informações e bibliografia, entre em Regina Coeli Lise, Richelle Moura, Rossana de Souza Bragança, Silvana Crivellari, Taísa Martinelli, Tatiana Santos,
contato direto com os autores.
Sapientiae em São Paulo. Master Business em Gestão e Empreendedorismo Social pela Vera Farah Nassif Deluiggi, Vilma Simão da Costa.
FIA São Paulo. Pós-graduada em Avaliação de Programas e Projetos Sociais pela FIA Para sugestão de pautas, temas e entrevistas, escreva
e Responsabilidade Social e Terceiro Setor pela mesma instituição. Membro da Rede para revistacriancas@lalalingua.com.br

Bebê-SP, do Departamento Psicanálise com Crianças do Instituto Sedes Sapientiae-SP, Os artigos assinados são de
da La Cause des Bébés, em Paris-França. Trabalhou no terceiro setor e em pesquisa responsabilidade dos autores.
com Ricardo Voltolini, na Revista Ideia Sustentável. Mãe do Caio e Igor.

revistacriancas@lalalingua.com.br (11) 96427-0412


Tempo e tragédia: um convite à
reflexão sobre a diferença
de ficar junto e estar junto
Por Jana Walter Editora-chefe da Revista Crianças

Era uma vez uma menina ou um Ah, era mesmo! Mas ele – ou
menino. Ou, talvez, deixa pensar... era eu ela, deixa pra lá –, adorava... pois neste
ou você. momento, ela dizia, nesta língua que não
se sabe bem o nome, que ela o amava,
Gostava muito de brincar!
seu olhar o desejava. Era visto, sentido
Todo dia, ao acordar, olhava e tocado. Ai, que delícia lembrar desses
através da janela, olhos bem abertos. Eram momentos.
grandes, talvez pequenos, talvez nem tanto
Nossa! De repente ele cresceu, isso
COLUNA: A PALAVRA E A POESIA

assim...
é impressionante!
Descia da cama e, logo, sem pensar,
Agora a
o dia já havia começado.
mamãe e o papai
Na hora do café da manhã ficava correm.
procurando nas miudezas da vida a graça,
Ele fica
onde a diferença saltava aos olhos.
pensando que
Era o bafo fedido de quem não eles correm porque
escovou direito os dentes, na pressa de querem ser mais rápidos
viver cada segundo desta vida. que o relógio.
Ou era o cabelo desgrenhado da Será que é uma brincadeira de quem
mamãe que, enlouquecida com o relógio chega primeiro?
familiar, brigava com os segundos,
O tempo foi passando e o relógio
esquecendo de pentear seus cabelos. Diga-
nunca parava...
se de passagem, cabelos meticulosamente
tingidos para esconder a pressa do tempo. Até o dia que ele ganhou o dele.
Era um menino, era uma menina, Sabe, ele nem queria um relógio...,
era um sujeito... mas a mamãe e o papai tinham certeza de
que era necessário.
Que descobriu que o papai adorava
o chulé fedido. Ele não entendeu o que aconteceu,
parecia que estavam em países diferentes,
Que a mamãe suportava com
pois nunca se encontravam.
esforço apneico os puxavantes nos seus
brincos. Sabia que ela os colocava só para Veio a pandemia e aí ferrou: o papai
lhe agradar... tão coloridos e maravilhosos, e a mamãe que ele tinha, evaporaram! Tem
cintilavam aos olhos. Sabia e puxava-os duas pessoas que moram com ele. Decerto
com tanta energia, que alegria! eles o conhecem, pois o chamam “filho”.
Até o dia em que ela os deixou de Ele pensa “Eu não sei bem o que
usar e trocou por outros brinquedos. fazer e parece que eles estão meio perdidos.
Alguém aí tem uma bússola pra emprestar?”
Sua boca fazia um barulho gostoso
na sua barriga e lhe fazia dobrar de tanto
dar risada.
Maldade?

44 REVISTA CRIANÇAS - UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR - ANO III - EDIÇÃO III 45


de gênero ou estado civil. A equipe do serviço irá ne prioritariamente ao convívio em seu lar natural. nas páginas oficiais do serviço, está sendo possível

Família Acolhedora. avaliar as(os) interessadas(os) e leva-se em conta a


rede de apoio existente, que pode ser de familiares,
Somente quando esgotadas todas as possibilidades
de trabalho no retorno à família de origem ocorre
alavancar o trabalho.

Um serviço da sociedade amigas(os), vizinhas(os) etc. Por ser um serviço recente e ainda pouco
a destituição do poder familiar e a criança é enca-
conhecido pela população, é imprescindível sua
As pessoas dispostas a tornarem-se famí- minhada para adoção. Ressalta-se que, nesse caso,
divulgação, uma vez que precisamos de pessoas

que transforma vidas lias acolhedoras passarão por formação com os


profissionais do serviço. É comum que pessoas nos
não há a possibilidade de que a família acolhedora
adote a criança que estiver acolhendo.
comprometidas a tornarem-se famílias acolhedoras.
Atualmente, são 8 famílias atendidas no Serviço Fa-
procurem e questionem o que farão no momento em
COLUNA: POLÍTICAS PÚBLICAS - OS DISPOSITIVOS PÚBLICOS DE SAÚDE EM ATENÇÃO A CRIANÇA

No Brasil, a adoção é realizada por famílias mília Acolhedora Santana, sendo 5 em período de
Por Gisele R. C. Pinto, Larissa T. Santana e Kamila Rocha que o acolhimento familiar se encerra ou afirmem cadastradas no Sistema Nacional de Adoção (SNA). acolhimento e 3 aguardando a chegada da criança.
que não se sentiriam confortáveis em acolher uma Elas são capacitadas e acompanhadas por profissio- O serviço prevê a capacidade de atendimento de até
Família Acolhedora é um serviço de acolhi- ou fragilizados. Em alguns casos, são acolhidos os primeiros coleguinhas na creche, os brinquedos criança sabendo que uma hora ela deixará o lar dessa nais da Vara da Infância e Juventude e ficam à espera 30 famílias. Como irmãos podem ficar juntos na
mento familiar para crianças e adolescentes com vín- temporariamente nesses espaços até retornarem para que chegaram em datas comemorativas, as velas de família. Para participar da ação, é fundamental que
sua família de origem ou, em outros casos, ocorre aniversário, os desenhos e pinturas, aquele abraço de uma criança com um perfil escolhido previamente. mesma família, de acordo com o ECA, o número
culos familiares fragilizados e/ou rompidos. Ocorre se tenha disposição afetiva e emocional, inclusive
por ordem judicial a destituição do poder familiar apertado que você ganhou de alguém que ama. São Dessa forma, as crianças que forem destituídas de suas de crianças recebidas pode superar 30.  No estado
como uma medida protetiva até que as crianças ou e a criança ou o adolescente é colocado(a) em uma para a separação; afinal, trata-se de um acolhi-
lembranças sublimes, não é mesmo?! famílias serão encaminhadas para os(as) pretendentes de São Paulo, são 134 crianças; e, no Brasil, estão
adolescentes possam retornar ao seu lar de origem família substituta, ou seja, de adoção. mento provisório. à adoção desse sistema. acolhidas em lares de famílias 1.405 crianças,
ou, na sua impossibilidade, sejam encaminhadas(os)
para adoção. Diferentemente dos serviços rea-
Em relação à pandemia de covid-19, de
acordo com a pesquisa realizada por Susan Hills,
Contudo, não são todas as pessoas que Enlaces e afetos entre a de acordo com os dados do Sistema Nacional de

lizados em instituições, crianças e adolescentes o Brasil é o segundo país com maior número de
têm ou terão lembranças positivas ao pensar na sua família e a criança Adoção e Acolhimento (SNA).
crianças e adolescentes órfãos na pandemia, atrás
infância. Uma família acolhedora contribui para Os desafios na
são recebidos(as) temporariamente na casa de Transforme vidas. Seja uma família acolhedora!
somente do México. Os dados apontam que cerca que mais crianças tenham vivências satisfatórias e divulgação do serviço de
indivíduos ou famílias que passam por for- Trabalhamos para que no lar da família
levem para a vida adulta lembranças dignas acolhimento familiar
mação, orientação e acompanhamento pela acolhedora haja afeto, carinho, amor e todos coo-
dessa fase, tão estruturante em nossa vida.
equipe técnica do serviço. Abre-se assim perem, de forma geral, para o desenvolvimento da
Tornar-se uma família acolhedora é uma forma
importante possibilidade de a sociedade criança acolhida. Espera-se que a família que recebe a O Serviço Família Acolhedora Santana
de apoiar não só crianças, mas suas famílias fast@institutopilar.org.br
civil comprometer-se com a transformação criança se apegue a ela e ofereça um convívio afetuoso, foi significativamente impactado pelo isolamento
de origem também.
da vida de crianças que estão afastadas de que contribuirá para que a criança se sinta segura e social obrigatório frente à crise sanitária, econômica (11) 2959-8630 ou (11) 97590-2511
suas famílias. cuidada para explorar o mundo e desenvolver suas e social em consequência da pandemia de covid-19.
Quem pode acolher potencialidades. Para que a família possa acolher, Um serviço que estava recém implantado no território @facolhedorasantana
Neste texto, nós, colaboradoras téc- crianças nessa ela também precisa de cuidado e suporte; a equipe da Zona Norte precisaria ser amplamente divulgado
nicas do Serviço Família Acolhedora Santana, modalidade? do serviço acompanhará e orientará os familiares por meio de reuniões, palestras, seminários, panfle- /facolhedorasantana
em São Paulo, abordaremos o contexto e as tagens, eventos públicos, comunitários, redes sociais,
durante todo o período de acolhimento, visando o
dinâmicas específicas do trabalho realizado. Em outubro de 2019, o Instituto Pilar
melhor interesse da criança acolhida. entre outros. Nesse contexto, o uso de ferramentas Serviço Família Acolhedora Santana
implantou o Serviço Família Acolhedora San-
online – entendidas como secundárias na estratégia
tana, atendendo especificamente a primeira Durante o processo de acolhimento familiar,
A realidade no Brasil de divulgação – tornou-se algo central para a captação www.institutopilar.org.br
infância, isto é, crianças de 0 a 6 anos, com a equipe do serviço trabalhará no fortalecimento da
de famílias acolhedoras. Por meio de lives, postagens
É importante pensar que vivemos em o objetivo de ampliação gradativa da faixa família de origem, no intuito de que a criança retor-
educativas, explicativas e reflexivas a respeito do tema
um país com alto índice de desigualdade social. etária para até 17 anos e 11 meses, alinhado
O Brasil é o 7º país mais desigual do mundo à consolidação do serviço no município de
em um ranking com mais de 140 países. Em
São Paulo. Existem quatro serviços na cidade
consequência da histórica desigualdade na
distribuição de renda, em 2019, pessoas em conveniados com a Prefeitura – Zona Sul,
situação de extrema pobreza no Brasil somavam 13,5 de 113 mil infantes perderam o pai, a mãe ou ambos Zona Central, Zona Leste e o nosso, na Zona Norte,
milhões e sobreviviam com até 145 reais mensais. pelo coronavírus, entre março de 2020 e abril de 2021. atendendo toda a abrangência dessa região e com
No primeiro trimestre de 2020, o número de desem- Ainda, se acrescentarmos as crianças e adolescentes escritório localizado no bairro de Santana.
pregados(as) chegou a 12,9 milhões no país. Nesse que eram cuidados(as) por avós e avôs, esse número
contexto, alguns grupos sociais são mais afetados: progride para 130 mil no país. A família acolhedora é uma modalidade
moradores(as) de periferias, de áreas rurais, popu-
lação negra e indígena, LGBTQIA+, quilombolas, Ressaltamos, diante desses dados, que o de acolhimento temporário para crianças que, com
ribeirinhos, entre outros. artigo 23 do Estatuto da Criança e do Adolescente suas famílias de origem, sofrem violações de direitos Gisele Ramos Larissa Turbiani
(ECA) aponta que a falta ou a carência de recursos Santana Kamila Rocha
Ainda segundo o Centro de Estudos Es-
básicos, como acesso à saúde, educação, alimentação Cardoso Pinto
materiais não constitui motivo suficiente para a
tratégicos da Fiocruz, nosso país conta com a 4ª de qualidade, moradia, saneamento básico etc. Tra-
perda ou a suspensão do poder familiar. Técnica assistente social no Serviço Família
maior população carcerária feminina do mundo, e ta-se de um serviço municipal inserido na Política de Acolhedora Santana, cursando especialização
Técnica psicóloga do Serviço Família Acolhedora Ex-técnica do Serviço Família Acolhedora e
muitas dessas mulheres são mães. Em alguns casos, em Garantia dos Direitos e Política de Cuidados
as crianças que nascem ou que já nasceram ficam Um lugar para ser Assistência Social e que dispõe de uma equipe técnica Santana e psicoterapeuta em consultório.
à Criança e ao Adolescente na Universidade
psicoterapeuta.

com sua família extensa. Contudo, em outros casos, guardado na memória formada por assistentes sociais e psicólogas(os), que de Brasília.
há mulheres que não têm uma rede de apoio que visam garantir a convivência familiar e comunitária,
cuide de seus filhos e/ou filhas, e eles(as) podem Para falarmos sobre esse assunto, é impor- conforme estabelecido no ECA, às crianças que são
ser encaminhados(as) a instituições públicas de tante pensarmos na nossa própria infância. Quando encaminhadas para acolhimento.
acolhimento como SAICA (Serviço de Acolhimen- você tinha 5, 6, 7 anos... e alguém te ensinou uma (11) 94143-3948 (11) 97506-7287 (11) 98378-3229
to Institucional para Crianças e Adolescentes) e brincadeira nova, a primeira vez que viu o mar ou Para inscrever-se, é necessário ter a partir
Casa Lar. Esses espaços também acolhem crianças quando conheceu um lugar diferente, andou na de 18 anos, possuir fonte de renda e residir na giselecardosopsi@gmail.com lariturbiani@gmail.com rochha.kamila@gmail.com
e adolescentes com vínculos familiares rompidos terra descalço, a primeira vez que empinou pipa, região de abrangência do serviço. Não há restrição

52 REVISTA CRIANÇAS - UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR - ANO III - EDIÇÃO III 53


Sobre Tully e
processo. Penso que é aqui que entra o destaque aos
A importância da relação terceiros que podem cuidar do cuidador principal Quem poderia contribuir
mãe-bebê e o desafio das das crianças e lhe dar uma pausa: o pai é uma figura nesse processo de

a maternidade para mães e pais


condições em que preferencial, embora não seja a única opção. Os cuidados?
avôs e avós e outros dispositivos podem aparecer
ela se inicia em cena também. O filme Tully é um sensível e honesto retrato
A relação mãe-bebê é estruturante na da maternidade real, com sua positividade e nega-
vida do novo ser que chega ao mundo e que irá A realidade do contexto tividade. Serve menos para exaltar a parte sublime
Por Milena Beltrami Tudisco integrar uma família e a cultura. A mãe (ou figura da maternidade, mas principalmente para mostrar
materna) é detentora de uma parte fundamental
social no Brasil seus desafios, o desgaste para a mulher e os riscos
Essa é uma nova coluna lançada nesta Edi- que ele seja remanejado para uma outra instituição, sabemos quem ela é verdadeiramente. Seu olhar é nessa relação; ela apresentará o mundo e o con- A família de Marlo pode muito bem repre- psíquicos. Destaco também os riscos que corre a
ção III da Revista Crianças. Aqui, queremos falar pela sua “peculiaridade”. O irmão de Marlo e a cunha- vazio, seus passos e gestos são cada vez mais cansados, texto ao bebê. Mas para poder ocupar esse lugar sentar uma boa fatia da população brasileira. É muito transmissão da vida psíquica entre gerações e seus
de Pais e Filhos, nem só de pais e nem só de filhos. da percebem a situação periclitante em que Marlo cumprindo a rotina desgastante da bebê que acabou tão importante e estruturante na vida dos bebês e comum que os cuidados com filhos e a casa sejam desdobramentos sociais de longo prazo. No filme,
Escolhi falar a partir de reflexões sobre o filme Tully. se encontra. Eles têm maior poder econômico que de nascer. São cenas repetidas de trocas de fraldas, crianças, a mulher precisa de algumas condições plenamente ou em grande parte desempenhados estamos encantados com Tully, uma personagem
Vou examiná-lo sob a ótica das relações, na tentativa o casal principal e se oferecem para pagar o serviço amamentação e extração de leite materno. Marlo especiais. Não é em qualquer cenário que essas pela mãe, que também trabalha fora de casa. O perspicaz, bela e que traz vida ao campo árido em que
de tocar mães, pais e profissionais. Recomendo de babá noturna, para ajudar com os cuidados da grita, parecem tentativas de espantar a raiva, para condições estarão disponíveis e o desfecho pode ser pai muitas vezes é ausente na vida da família. Nem Marlo está inserida. Mas Marlo (e sua família) está
que todos aqueles que desejam realizar um projeto nova criança, prestes a nascer. Marlo inicialmente então imediatamente recorrer a silêncios protetores. amargo, como no filme. sempre é possível receber apoio diário da comuni- mesmo em real perigo de desintegração; esse é o toque
familiar assistam a Tully, de preferência antes de o resiste à generosa oferta. Até que uma situação de ansiedade extrema faz com dade – família estendida e amigos próximos – na genial do roteiro. Mais do que isso é spoiler demais.
projeto ser colocado em prática. Explorarei alguns que ela se renda à oferta do irmão: resgata na bolsa atenção com os filhos, seja porque moram longe ou A vida real chama e deixo provocações
pontos que mais me sensibilizaram, principalmen- A rotina extenuante de o contato da babá noturna. porque as configurações atuais das relações sociais (ou convites).
te pela lembrança da minha própria vivência da cuidados com um bebê Tully, a babá, demora a entrar na trama, mas
não propiciam mais esse “espírito” comunitário. A
maternidade. Deixo convites e provocações ao fim. Quem aí se habilita a cuidar do cuidador
recém-nascido e os ocupa a cena. Quando chega na casa de Marlo, é fácil
escola tem suas limitações e não oferece atendimento
e participar com um pouco de sua vitalidade nesse
integral às crianças, principalmente àquelas com
De que nos conta cuidados com a mãe para o público ser tocado por sua energia jovem e
desafios maiores. E a renda familiar não é suficiente processo de cuidados à mãe e ao bebê? Papais, por
entusiasmada. Tully logo se interessa pela pequena favor, poderiam considerar o convite? Estado e
para terceirizar serviços de babá ou mesmo cuidados
o filme TULLY O enredo então irá seguir por um bom Mia e se localiza na bagunça da casa. Ela oferece a
específicos de saúde. Esses elementos, somados às legisladores, por gentileza, poderiam pensar e
tempo em torno de Marlo, às voltas com o cuidado chance de que Marlo possa dormir em seu próprio
Tully foi lançado em 2018 e é estrelado exigências sobre a figura materna (e toda a culpa agir sobre a questão?
de Mia, a bebê que acabou de nascer, e dando conta quarto, mesmo que precise adentrar a privacidade
por Charlize Theron e Mackenzie Davis. O roteiro de tudo o mais: filhos maiores e casa. O ritmo de associada a isso), e os cuidados minguados voltados
do casal para levar Mia até lá para ser alimentada
é de Diablo Cody e a direção, de Jason Reitman. É a si conferem um estado acentuado de sobrecarga à
COLUNA: PAIS E FILHOS

sua vida é ditado pelas obrigações que acumulou na madrugada. Marlo tenta escapar à sedução da
um filme que me dá a chance de olhá-lo por vários como mãe, esposa e dona de casa. Ela parece ter mãe. Fica complicado afastar-se das preocupações
babá – ela está desconfiada –, mas acaba por aceitar
ângulos: um deles, mais óbvio, seria pelo sofrimento se perdido de si mesma. No raro tempo livre que a proposta. Com o passar dos dias, o que se vê é Tully
do dia-a-dia e, então, sonhar. Longe de fontes de TULLY
da mulher e pelos riscos de doenças psíquicas no tem, ela está em frente à TV comendo qualquer vitalidade psíquica para si e para suas relações, é (sinopse)
cada vez mais interessada por Marlo: ela a enxerga e Do ponto de vista fisiológico, para produzir
pós-parto. Para representar sua personagem, Charlize coisa disponível e assistindo a séries de sexo. Ela um trabalho árduo colocar-se como protagonista e
escuta profundamente. Está curiosa sobre Marlo e leite, a mulher precisa de hormônios equilibrados,
Theron ganhou 23 kg e sua interpretação é intensa. tem um interesse particular por sereias (aliás, é um realizar satisfatoriamente sua função estruturante O filme é, antes de tudo, um olhar sensível para
sua história, seus gostos; lhe direciona perguntas que uma boa alimentação e hidratação e, preferencial- a maternidade e seu impacto sobre a vida da
Escolho falar sobre as relações e sua importância sonho com uma sereia que prenuncia o rompimento na sociedade.
parece que há muito Marlo não ouve. O filme cresce mente, estar com baixo nível de estresse. Para poder mulher. Charlize vive o papel de Marlo, que está
na sustentação da vida. da bolsa para o nascimento de Mia). Em resumo, junto com o encontro das personagens femininas. oferecer os tantos cuidados em ciclos repetidos que o prestes a dar à luz seu terceiro filho. Ao longo
Quando pensamos em crianças pe- Para mim, Tully é a personificação da magia bebê requer – banhos, trocas de fralda, colo, peito – das cenas, ela transmite ansiedade e desgaste ao
quenas, é quase indissociável a figura materna das relações cuidadosas e responsáveis, como ela precisa de energia. Mas não é difícil entender, para lidar com a dura rotina do bebê, as demandas
se tivesse em si um pozinho de pirlimpimpim. quem já é mãe, que comida e água não garantem que de seus outros dois filhos e seu marido. Certo
ao seu lado. Logo evocamos toda a positividade
dia, ganha de presente de seu irmão algumas
relacionada à relação mãe-bebê: a imagem da E no embalo de uma, duas, várias noites bem tudo funcione bem. Somos sobretudo seres relacio-
horas do serviço de uma babá (Tully), para que
nutriz, do aleitamento, as trocas amorosas, os dormidas – e nutrida por essa relação significativa nais. “A relação é um espaço da realidade psíquica cuide das crianças durante a noite. Embora um
olhares e gestos, a voz baixinha, brincadeiras com Tully –, Marlo parece que vai ampliando seus específica e é uma das principais condições para pouco hesitante, Marlo é surpreendida por Tully.
de “cadê-achou” e outras tão importantes que espaços internos para si mesma e para outros. a formação do sujeito do inconsciente.”, segundo É no convívio entre as personagens femininas
passam de geração em geração, as mãos leves e Suas relações na família e fora vão se restaurando. René Kaës em seu livro “As alianças inconscientes”. que o filme cresce.
ágeis da mãe com os cuidados da prole... É nesse A sua irritação com o choro do bebê e com a Contudo, para estar disponível aos relacionamentos
clima delicado que começa o filme Tully: uma demanda das crianças vira ternura e cuidados. – aqueles pré-existentes ou novos, incluindo filhos
cena entre a protagonista Marlo e seu filho caçula, O seu embate com a diretora da escola de Jonah recém-nascidos –, é necessário lidar com uma parte
Jonah. Ela cuida do menino e está prestes a dar é arrefecido – ela recua e segue buscando um profunda em nós. Isso diz respeito a todo ser humano
à luz. A cena é embalada por uma música suave local melhor para o filho. Até Craig sai ganhando e não somente às mães. Mas como abrir e oferecer
e nos dá a sensação de que seremos lançados ao e tem uma agradável noite de sexo apimentado uma espécie de espaço interno para um outro A pesquisa O Brincar nas Favelas Brasileiras,
universo encantador do vínculo entre mães e com sua esposa. ocupar e a partir disso as relações se sustentarem? de 2021, entrevistou 816 mães, moradoras de favelas
filhos. Esquecemos por um momento das agruras Não falo aqui sobre cumprir obrigações sociais em São Paulo, Recife e Porto Alegre. Para 66% das
no processo de tornar-se mãe e das exigências Parece-me que Tully trouxe Marlo de ou representar papéis, mas sobre a construção mães, o cuidado com as crianças é a atividade que
sociais sobre a figura materna. Mas não demora volta – afastou o esvaziamento e a exaustão em de relações significativas que asseguram a vida. mais ocupa o tempo. 86% têm a sensação de que, com
para que sejamos devidamente colocados de que Marlo se encontrava. Marlo recuperou a a pandemia, o tempo se tornou ainda mais escasso
O filme mostra de forma muito sensível
volta ao cenário real em que vive a protagonista. sua capacidade de sonhar. Estou falando aqui que é preciso um certo encantamento. É o pozinho
para cuidar de si. 63% das mães disseram ter difi- Milena Beltrami Tudisco
culdade para ajudar as crianças nos estudos, e 50%,
Em resumo, Marlo é casada com Craig. de algo bem específico, como sonhar seu bebê de pirlimpimpim de Tully que resgata Marlo. Marlo
em encontrar tempo para brincar com as crianças. Coordenadora Executiva da Revista Crianças –
Ele é focado em seu trabalho na área de tecnologia recém-nascido e as crianças maiores, sonhar sabe que as coisas não vão bem para ela, está com-
Quando estão ocupadas em outros afazeres, 88% das Uma Abordagem Transdisciplinar. Psicanalista
e, durante as noites, recorre aos jogos de vídeo ser a mãe que cuida de suas crianças, sonhar pletamente atordoada com a sua rotina, mas tem “a
mães recorrem às telas como um importante apoio. em formação. Membro do Departamento
game, que o distraem da pressão da rotina. O a relação com seu esposo, sonhar e desejar ser esperança de uma transformação de realidade”, Formação em Psicanálise do Instituto Sedes
A escola e a creche tinham participação importante
casal está na casa dos quarenta anos e espera o como bem coloca René Kaës ao definir a modalidade Sapientiae, em São Paulo. Graduada Engenheira
quem se é. Fica evidente o valor de Tully na vida como espaço de brincar, sendo assim apontadas por
seu terceiro filho. Sarah, a filha mais velha, dá de negatividade relativa em “As alianças inconscien- Química pela Escola Politécnica da USP, possui
de Marlo, que, com seus cuidados, pode apro- 50% das mães. Mas, após a pandemia, a participação
pouco trabalho, se comparada com o segundo tes”. Amparada pelo interesse genuíno da babá por ela MBA pelo Insper-SP e especialização em
ximar-se de si mesma, de sua história e de suas caiu para 9%. Sobre o perfil dessas mães: 83% são Marketing pela FDC (São Paulo). Experiente
filho, Jonah, que precisa de atenção especial em e um pouco de descanso, ela entra em contato com
próprias escolhas, abrindo espaço para novos mulheres negras e 78% se declaram chefe de família; em gestão de projetos, trabalha como consultora
casa e na escola. Craig está longe de enxergar suas dores, sua inquietação e insatisfação, e passa a
acontecimentos. É lindo ver a transformação que 30% delas estão desempregadas. A renda média em gestão empresarial e em economia circular de
a situação de esgotamento em que a esposa se sonhar uma mudança a partir da qual ocupa novos
ocorre. Mas Marlo está verdadeiramente em perigo; das mães com rendimento é de R$ 827,25 (25% embalagens. Casada com Felipe, mãe do Arthur
encontra, absorto em seu universo e em suas lugares em suas principais relações. Fica evidente e mãe afetiva da Bianca e do Rafa.
menor que um salário mínimo). As configurações
próprias preocupações; ele pouco participa da o filme não acaba bem para Marlo. Entendemos no a importância do sono e, por outro lado, que a
familiares predominantes são mãe e filhos ou mãe,
rotina da casa e das crianças. A comunidade de apoio Marlo faz tudo, carrega o mundo em suas costas, fim da trama a engenhosidade do roteiro que nos foi privação de sono e a sobrecarga da rotina, tão
filhos e marido.
de Marlo é escassa. A escola de Jonah a pressiona para mas ela mesma não é nada – não vemos Marlo, não apresentado. Mas não vou seguir aqui dando spoilers. comuns na maternidade real, jogam contra esse

54 REVISTA CRIANÇAS - UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR - ANO III - EDIÇÃO III 55


O Corpo
Por Jana Walter
Editora-chefe da Revista Crianças

O corpo para o poeta é poesia,


chama que cintila e aquece.
O corpo para o ator é presença,
é espaço, é expressão...
O corpo é tecitura,
onde os fios que o enodam
A PALAVRA E A POESIA

desenham sua forma.


E o estar no mundo
ganha consistência de real:
eu existo!
O corpo é partitura,
onde a musicalidade ressoa:
eu ouço!
Sim, o corpo é amálgama:
eu sou!
É onde ser e estar se fazem presentes.
É um timbale potente.
O corpo é linguagem,
pois quando faltam as palavras
ele grita:
Você me vê?

60
POR QUE DESENHAR
NAS FRUTAS?
Por Daphne Lambros

Quando eu era criança, ouvi muito Uma vez, ganhei o tão sonhado kit de enxergam um desenho, uma ilustração, sempre
minha mãe dizer para mim: “Pare de desenhar canetinhas (pilot ou canetas hidrográficas). Foi me encantam e me fazem desenhar cada vez
nas minhas frutas!”, “Deixe sua irmã em paz, ela o máximo! E aí, minhas telas se ampliaram: mais, aprender mais a linguagem delas. A
não é um papel!”. Isso acontecia semanalmente! minha irmã, quatro anos mais nova, não riqueza que elas nos trazem e a perspectiva
Eu sempre amei desenhar. Desde pequena. escapava. E desenhei muito nela. Na perninha, que nos mostram é algo fundamental para o
no braço e na barriga. Claro que minha mãe meu trabalho.
Minha memória “artística” mais antiga
não gostava nadinha da ideia. Ainda mais que
é de quando íamos nos mudar e eu tinha 4 anos. Agora, adulta e mãe, aprendi que
as canetinhas eram à base de álcool e a tinta se
O pessoal da mudança retirou um dos móveis temos que sempre dar espaço para as crianças
fixava na pele, bem mais do que hoje em dia.
e, atrás dele, estava um pedaço de parede todo expressarem o que precisam. Na minha casa,
desenhado por mim! A arte foi descoberta por O tempo passou, fiz alguns cursos por anos, tive uma parede em que minha filha
acaso e, depois disso, meus pais perceberam pontuais de desenho e até passei na faculdade podia desenhar, fazer colagem, rabiscar e pintar
que teriam uma filha colorida! de desenho industrial, mas optei por fazer o que quisesse. Era muito interessante. E tenho
publicidade, pois já tinha um grupo de certeza que, apesar de minha mãe querer me
COLUNA: ARTE QUE TE QUERO VER

Já que eu não poderia desenhar mais


amigos que tinha amado! Iniciei minha vida educar para desenhar somente nos lugares
nas paredes, sempre tinha papéis, lápis e lápis
profissional sendo diretora de arte da minha apropriados – como o papel –, ela achava bem
de cor à vontade para eu desenhar. Minha mãe,
própria agência de comunicação. Minha sócia criativo que eu desenhasse naquelas laranjas,
arquiteta, sempre incentivava, mas tinha os
era fera em escrever textos, ou seja, a dupla bananas, mamões...
materiais dela, que eu não podia mexer – afinal,
certa. Desenvolvi uma habilidade em fazer
eram as ferramentas do seu trabalho! Então,
layouts com computador. Era o início da
cada uma tinha o seu.
publicidade no mundo digital!
Naquele tempo, fiz terapia ocupacional,
Depois disso, fui fazer uma
pois não tinha tanta coordenação motora;
especialização em desenho gráfico, em Milão,
porém, mesmo assim, sempre desenhava. E,
na Itália. Foi bem interessante para me inserir
aos poucos, fui gostando cada vez mais do que
mais ainda no mundo das artes. Mas o que
eu fazia e percebendo que desenhar me deixava
esta vivência realmente me proporcionou foi
sempre muito feliz e realizada!
conhecer a ilustradora milanesa Alessandra
Eram desenhos simples de criança, Ceriani, que desenhava para revistas e jornais
mas gostava muito dos traços e de colorir. da Europa. Fiz um estágio com ela, que me
E embora amasse desenhar, não era muito convidou para finalizar seus trabalhos. Foram
caprichosa. Sempre quis ver o resultado final anos de puro desenho e aprendizado. DAPHNE LAMBROS
pronto logo. Até hoje sou assim. Talvez por isso Publicitária formada em Curitiba/PR, com
Voltando ao Brasil, me dediquei de
meus desenhos não sejam realistas. São mais especialização em design gráfico e ilustração
novo à direção de arte e também à parte de feita no IED em Milão/Itália. Trabalhou em
desenhos infantis. Como se ainda fossem feitos
marketing de um grupo de academias. Ali, várias agências de propaganda, na área de criação
por uma criança de 7 anos!
tinha uma certa liberdade para poder criar (1994 até 2003). Trabalhou como produtora local
para as Olimpíadas de Atenas, Turim e Copa do
Nos mudamos de novo, e aí, o telefone e desenhar bastante. E em 2015 a jornalista Mundo da Alemanha. No Brasil, coordenou, de
– que naquela época não era sem fio – ficava Danielle Sommer me convidou para fazer um 2007 até 2019, o departamento de marketing
ao lado da fruteira na cozinha. Junto dele, livro com ela. E assim nasceu meu primeiro e comunicação do grupo Academia Gustavo
livro impresso: Tem Alguém na Barriga da Borges. Atualmente, está especializando-se
tinha sempre um bloquinho com caneta para
em desenhos de livros infantis. “Escolhi essa
anotar recados de quem ligava. E aquilo era Mamãe (Ed. Inverso). profissão pois amo desenhar e colorir! E me
uma delícia! Ficava no telefone com minhas faz muito bem deixar o mundo um pouco
Isso reabriu meus sonhos de sempre mais colorido”. Tem um programa semanal
amigas, corria para atendê-lo, para poder
desenhar! Hoje, tenho mais de doze livros no Instagram #desenhodecasa, que ensina às
ficar desenhando não no bloquinho de papel,
infantis publicados, dou aulas de desenhos crianças desenhos bem simples e fáceis, para
e sim nas frutas! As laranjas, o mamão, melão, estimular a segurança delas em desenhar. Tem
para crianças no Instagram e virtuais também,
sempre tinham uns bichos saindo deles, umas mais de 10 livros infantis ilustrados no mercado
participo do programa “Como desenhar” no brasileiro e europeu. E mais 2 prestes a sair!
carinhas felizes! Até nas bananas, apesar da
canal do YouTube da @fafacomta, e vi (de novo)
casca mole, dava sempre pra colocar mais pintas
que realmente amo desenhar para crianças,
e manchas. Minha mãe devia dar risada, mas
desenhos de crianças. www.desenhosdadaphne.com.br
por questão de ter que educar, dizia que não
podia, que nas frutas eu não deveria desenhar. A pureza e simplicidade nos traços,
@daphdraw
E sim, no papel. as perguntas que elas fazem, o modo como

68
A história do cavalo na janela
e do menino no curral
Por Edison Heleno

Sou o quarto, de uma família de onze me acompanhou, dócil como se estivesse enten- me traria muita complicação, pois limpar o piso
filhos, nascido na década de 40, na comunidade de dendo e concordando com meu intento. Guiado de tábua “in natura”, ou os móveis, seria tarefa
“Helenos”, localizada entre as cidades de Cipotânea pelo cabresto, não empacou em momento algum. demais para mim. Foi quando me apressei e pus
e Rio Espera, a 7 km de Cipotânea, Minas Gerais. Nem quando entramos pela porta da cozinha, nem fim à minha façanha. Hoje sei que foi por sorte,
quando saímos do piso entijolado e atravessamos dada a espessura das tábuas do piso e o diâmetro
A manutenção da fazenda em que vivia
uma sala de jantar com piso de madeira. Cada pisada exagerado dos barrotes, que o cavalo não ficou
gerava uma série de tarefas diárias para todos, inclu-
sua nas tábuas do assoalho produzia um som grave atolado no assoalho e nem vazou para o porão.
sive para as crianças. Fazia parte da rotina apartar as
e bem alto, era “ploc ploc ploc ploc”. Atravessamos
vacas leiteiras de seus bezerros, desempalhar e de- Não tirei uma self ou uma foto da cena:
bulhar milho, abastecer não tinha sequer uma má-
COLUNA: CRÔNICAS DA VIDA COTIDIANA

o moinho, recolher o quina fotográfica naqueles


fubá, pilar arroz, cui- tempos, ainda mais um
dar dos cavalos, entre celular. Além disso, penso
outras atividades. que não se deve registrar
suas peraltices. Meu cavalo
Com a au-
foi meu único cúmplice, ele
sência de brinquedos
jamais narraria o ocorrido
industrializados, cons-
ao meu pai, que, com toda
truía meus próprios
certeza, se tomasse conhe-
brinquedos. Muitas
cimento do feito, não seria
vezes não me sentia
nada carinhoso comigo.
suficientemente satis-
Guardo comigo a imagem
feito com a construção
e os afetos da minha proeza.
de brinquedos, então
me dispunha a realizar Eu queria apenas
alguns testes, artes ou a imagem de um cavalo
peraltices. A exemplo carregando uma casa no
de outras realizadas pescoço, como no sonho.
anteriormente, agora Sr. Edison sob a janela em que posicionou o cavalo. A propriedade não pertence mais aos Helenos.
Acabei vivendo também a
era a vez de trocar de troca de posições entre dois
posição com um cavalo - Edison no curral e um também a sala principal e nos posicionamos em amigos. Só nós dois vivemos e vimos a experiência.
cavalo na janela da casa. Na fila dos desejos, este frente à janela central. Somente eu posso contá-la, como faço hoje.
estava em primeiro lugar, aguardando apenas a
Amarrei uma corda no cabresto para alon-
oportunidade para sua realização.
gá-lo até o piso do curral. Cuidadosa e lentamente,
Enfim chegou o momento, o dia! Antes deslizei a ponta da corda sobre a soleira da janela.
que meu pai me escalasse, me ofereci e prontamente Desci ligeiro a escada de madeira que dava para o
me foi concedida a incumbência de ficar sozinho curral e, através da corda, realizei o ajuste do cavalo
tomando conta da fazenda, enquanto o restante da na posição desejada. A imagem ficou perfeita, era
família acompanhava as comemorações do jubileu aquilo mesmo que eu queria, era o sonho se tor-
de São Caetano na cidade. Era sete de agosto. A nando realidade: o cavalo estava na janela! Com
operação era arriscada, mas a vontade de realizá-la olhar fixo naquela imagem, e procurando o melhor
era muito maior, e era uma oportunidade rara: ponto para observá-la, de costas fui me afastando
ninguém em casa, só eu ali, os cavalos pastando da parede em direção ao centro do curral. Ângulo EDISON HELENO
próximos da casa, as tarefas do dia já cumpridas. encontrado; a cena era puro deleite de criança.
Pensei: “Hoje vou ver o cavalo naquela janela!”. Administrador de Empresas. Trabalhou como
Então, ali, daquele ponto, fui interrompido professor de contabilidade e como diretor de
Era de onde eu gostava de observar quem passava
por um passo em uma lama fria e malcheirosa. colégio na cidade de Contagem, entre outros.
pela estrada e o movimento no curral. “Hoje é ele Pai de Raphael e Thaiz.
Tirei os olhos da janela e, olhando para o chão,
quem vai ficar lá no meu lugar e eu no lugar dele!”.
pude perceber que era um alerta para me apressar
Agindo com toda calma e liberdade, me no desmonte daquela cena. O aviso não vinha do
sentindo o dono da fazenda, descalço como sempre céu, mas do intestino de um animal bem parecido sonheleno@gmail.com
andava, com uma cuia de fubá molhado em uma com o meu cúmplice. Pensei comigo: “Encerre! O
das mãos e o cabresto na outra, fui ao encalço do cavalo pode fazer dentro da casa o que a vaca fez /edisonheleno
meu parceiro. Ele foi amigavelmente capturado e no curral quando da ordenha desta manhã.”. Isso

70
CLARA E A BORRACHINHA - ELIANE GOMES
COLUNA COLUNA
O COMEÇO DA VIDA
ILUSTRAÇÕES POR REBECA SIMONE

Clara é uma curiosa menina que gosta de acertar sempre e fica muito triste Um dos maiores avanços da neurociência é ter descoberto que os bebês são muito mais
quando isso não acontece. Ela não gosta de errar. E quem gosta? Vamos entrar do que uma carga genética. O desenvolvimento de todos os seres humanos encontra-
no quarto da Clara e descobrir que um encontro pode fazer essa menininha se na combinação da genética com a qualidade das relações que desenvolvemos e
entender suas imperfeições e saber que errar pode abrir possibilidades antes nem do ambiente em que estamos inseridos. O Começo da Vida convida todo mundo a
imaginadas. refletir como parte da sociedade: estamos cuidando bem dos primeiros anos de vida,
que definem tanto o presente quanto o futuro da humanidade? Pois “Se prestarmos
atenção ao início da história (do bebê), podemos mudar toda a história.”

O FIO DE FILOMENA - MICHELE GIACOMITTI


ILUSTRAÇÕES POR LADY BRUNIERE
TERRITÓRIO DO BRINCAR
Filomena é uma menina muito curiosa e esperta! Logo no início dessa história
ela descobre que entre ela e a mãe há um fio muito potente. Mas, puxa, será que
LIVROS PARA LER

O documentário dá o devido lugar de importância ao brincar. Assume o brincar


quando a mamãe sai de perto, vai passear com as amigas, trabalhar ou jantar
COM CRIANÇAS

infantil como narrativa que sustenta uma história na íntegra. Os adultos ficam de fora
com o papai, o fio se rompe e elas se separam? Nessa história, os necessários

Filmes sobre
das imagens, mas o espectador adulto certamente se sentirá representado. Brincar é
distanciamentos na vida de mãe e filho, sustentados e conduzidos pelo precioso
uma linguagem singular do sujeito, mas é na transição das imagens que aparecem
fio do amor, não são sinônimo de rompimento, e atribuem ainda mais valor aos
as semelhanças na essência do brincar livre de qualquer criança. Diferentes culturas
lindos encontros dessa dupla!
são registradas pelo Brasil: comunidades rurais, indígenas, quilombolas, das grandes

crianças
metrópoles, do sertão e do litoral. Um convite aos adultos para se (re)conectarem com
sua história e suas brincadeiras. E uma mina de criatividade para os pais e as crianças.
O MENINO E O MAR - LULU LIMA
ILUSTRAÇÕES POR LALAN BESSONI

KUBO E AS CORDAS MÁGICAS


Duas crianças. Ele morre de medo do mar. Ela encontra poesia em cada grão de
areia. Ele olha para o mar, mas não consegue enxergar sua beleza. Ela enxerga a
vida de um modo completamente diferente, que termina por conquistar a todos Kubo vive com sua mãe em uma pequena vila no Japão. Ele não tem um dos olhos.
nós. É deste encontro, envolto pelo abraço do mar, que nasce uma das histórias Para manter o lar, o jovem trabalha como contador de histórias na rua. Um certo dia,
mais sensíveis que você vai ler. Preparado para dar esse mergulho? um espírito vingativo do passado aparece e faz com que todos os tipos de deuses e
monstros o persigam. Kubo então deverá encontrar uma armadura mágica, que foi
usada pelo seu falecido pai, um lendário guerreiro samurai. Começa um épico de
aventura entrelaçado por uma fábula familiar. Uma história mitológica, marcada pela
relação íntima com a natureza e a morte.
A PERIGOSA VIDA DOS PASSARINHOS PEQUENOS - MÍRIAM LEITÃO
ILUSTRAÇÕES POR RUBENS MATUCK

Sabiás, andorinhas, beija-flores, coleirinhos e tantos outros vivem soltos, em MINHA VIDA DE ABOBRINHA
meio à natureza, na fazenda Brejo Novo. Mas a vida deles não é fácil: além
do medo dos humanos e das aves maiores, eles sofrem com a falta de árvores
para construir novos ninhos. Plantadores natos, eles carregam em seus bicos Apelidado Abobrinha pela mãe, Icare, um sensível menino de nove anos, é levado para
as sementes, espalhando-as pela terra; contudo, os bois e agricultores sempre um orfanato depois que sua mãe morre. Deslocado neste novo universo, aos poucos
acabam destruindo as mudas assim que elas começam a crescer no pasto ao lado ele começa a se relacionar com as outras crianças num contexto de segurança: eles são
da fazenda. Os passarinhos então se reúnem e decidem chamar a atenção dos cuidados por uma equipe preparada e bastante afetuosa. As crianças espontaneamente
donos da propriedade para o seu problema e promovem um concerto na casa compartilham suas histórias familiares e os motivos de estarem no local. O policial
principal! O livro encanta e nos sensibiliza para as maravilhas da flora e fauna responsável pelo encaminhamento de Abobrinha continua a lhe fazer visitas frequen-
brasileiras e os riscos que correm pela ação humana. temente e Camille, uma nova menina admitida no orfanato, se aproxima dele. Assim,
as amizades vão se dando e um ambiente de confiança vai se fortalecendo. Um filme
Uma história de superação e esperança. Miriam Leitão, jornalista reconhecida, sobre dores e reparações. Deixe os lencinhos do lado do sofá!
nos dá uma grande contribuição na sua estreia na literatura infantil.

COMO ESTRELAS NA TERRA - TODA CRIANÇA É ESPECIAL

A ORQUESTRA DA LUA CHEIA - JENS RASSMUS (AUTOR E ILUSTRADOR)


TRADUÇÃO POR SOFIA MARIUTTI O filme indiano conta a história do menino Ishaan Awasthi, de 9 anos, que é incom-
preendido pela sua família e pela escola, que trata suas dificuldades escolares e de
aprendizagem como algo da ordem do comportamento. Ao ser reprovado, o pai decide
Era hora de dormir, mas Ana não estava com sono. Inquieta, ela resolveu plantar
transferi-lo para um internato. Lá, um professor de Arte percebe a dificuldade do me-
bananeira na sala de sua casa. E assim, do nada, uma coisa muito estranha
nino – que troca letras e inverte fonemas, apresentando dificuldade em ler e escrever,
aconteceu. Ana “caiu” no teto, e descobriu que naquele mundo de cabeça para
associada à dislexia – e começa a desenvolver estratégias para ensinar Ishaan, usando a
baixo existiam muitos seres encantadores. Com eles, Ana faz uma linda viagem
arte como forma de expressão. Isso faz toda a diferença na vida do garoto, que começa
nas páginas deste livro-objeto, em que até mesmo as palavras viram de ponta-
a sentir-se mais motivado a aprender.
cabeça.

74 REVISTA CRIANÇAS - UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR - ANO III - EDIÇÃO III 75


Um novo paradigma sobre o bebê O que quer uma mãe diante do seu bebê?
Resenha do livro O bebê nosso professor, de Colwyn Trevarthen Resenha do livro O Sorriso da Gioconda, de Catherine Mathelin
Por Betânia Parizzi Por Bruna Vasconcellos

possa ocorrer, “a subjetividade deve estar ção separam-se onde se unem. E o bebê, como ponto evocador de através do relato de casos clínicos vivencia-
presente em todos os envolvidos, inclusive dotado de tantos saberes, já nos ensina sentimentos ainda mais dos por ela, a importância da atuação do
no bebê”. O bebê, antes de ter condições de sobre a musicalidade da voz e do corpo. intensos (culpa, tristeza, psicanalista nos serviços de neonatologia,
compartilhar os códigos da língua vigente Musicalidade que nos torna humanos... medo, raiva, fracasso, seja no contato com os pais, seja com a
com a comunidade, cria uma “lingua”, dentre outros) por parte equipe médica e, inclusive, no atendimento
Torna-se, portanto, extremamente
que lhe permite “expressar necessidades e da mãe, que termina por ao próprio bebê.
importante que o conhecimento produzido
desejos como um falante natural do grupo precisar “nascer”, também
por Trevarthen seja integrado às relações Na representação da ambivalência
a que pertence”, fazendo desse código “um prematuramente, para a
afetivas e profissionais com o bebê. O contida no sorriso da Gioconda, o livro
veículo de expressão de sua singularidade”, função a ser desempenha-
trabalho “constante e insistente” do autor retrata a necessidade de reinvenção do
ora como receptor, ora como provocador
COLUNA:ESSE LIVRO É MASSA, VOCÊ TEM QUE LER

COLUNA:ESSE LIVRO É MASSA, VOCÊ TEM QUE LER


revela “o quanto ainda há para ser estudado da. Por outro lado, coabi-
do outro. lugar do analista, das funções materna
e construído”, nesta área de conhecimento. tam, nessa mesma mulher,
e paterna e da visão sobre a fragilidade
Assim, o bebê e seus pais se co- sentimentos favoráveis,
do bebê prematuro. É exatamente no
municam a partir de uma rede complexa, como os de esperança e
não entendimento que reside a perma-
“construída e sustentada em sistemas mul- ternura, por exemplo. É
nente busca por respostas que nos fazem
timodais receptivos e expressivos”. O bebê nesse contexto de um nas-
avançar para novas questões. Catherine
recorre a gestos, movimentos corporais e cimento tão peculiarmen-
sons vocais que exprimem “seu interesse demonstra que não podemos parar de
te difícil, que, através do
ou desinteresse para com o objeto ou para nos interrogar. Isso vale para os pro-
olhar, a mãe pode capturar
com o outro”. Não apenas no ambiente fissionais, para os pais e para os bebês.
e sustentar seu bebê, no
familiar, mas também na clínica, com desejo de que ele suporte
ênfase na clínica psicanalítica, é possí- BETânia Parizzi e sobreviva ao inesperado
vel escutar o bebê e aprender com ele o e traumático nascimento
que “lhe afeta”, a partir de seu discurso Professora Associada da Escola de Música da
UFMG. Pós-Doutora pela Université Paris- fora de tempo.
corporal e sonoro-vocal. Esta colocação Diderot, Doutora em Ciências da Saúde pela
O bebê nosso professor é o único emblemática justifica plenamente o título Faculdade de Medicina da UFMG. Mestre e Segundo a autora,
especialista em Educação Musical pela UFMG
texto de Colwyn Trevarthen traduzido do livro! O bebê nos oferece as pistas e e Bacharela em Piano pela mesma instituição. diante dos impasses vividos
para o português. Este livro, com a co- cabe a nós – profissionais da saúde, da Atua na Graduação e na Pós-graduação da nessa conjuntura de nasci-
Escola de Música da UFMG, onde desenvolve
laboração de Kenneth J. Aitken e Maya educação, pais – segui-las e decifrá-las! pesquisas sobre as relações entre música,
mentos difíceis, o serviço
Gratier, foi publicado em 2019, pela Edi- Os quatro capítulos do livro abor- cognição e desenvolvimento humano, com de neonatologia (represen-
ênfase no desenvolvimento cognitivo-musical
tora Instituto Langage, com tradução de dam temas recorrentes – subjetividade e tado pela equipe médica) tem participação
nos primeiros anos de vida, nas relações O que uma mãe espera do seu bebê?
Erika Parlato-Oliveira, Gabriela Araújo e intersubjetividade, comunicação, interação entre música e autismo e na formação do marcante e essencial não só nos cuidados
professor de Música. Coordena o Grupo de E se esse bebê, além de tudo, nasce pre-
Marie-Christine Laznik, inaugurando a adulto-bebê, musicalidade, voz e corpo –, com o bebê, mas, também, na atenção à
Pesquisa MUSICOG - Música, Cognição e maturamente? É na metáfora do sorriso
Coleção Bebê-Sapiens. mas que se apresentam, a cada momento, Desenvolvimento Humano (CNPq). Tem atuado família, que, como dito, encontra-se imersa
na concepção, direção artística e performance da Gioconda (obra de arte mais conhecida Bruna Vasconcellos
A apresentação do livro, intitula- em um entrelaçamento diverso e singular. em diversos e divergentes sentimentos.
de concertos voltados para bebês. Dentre suas como Mona Lisa del Giocondo, a mais Psicóloga clínica. Realiza atendimentos
da O bebê que nos fala, escrita por Eri- principais publicações estão os livros O bebê Desta forma, é possível que a instituição
Afirmo que a leitura desta obra nos e a Música (2020), Musiquês: é uma língua ou
notável e famosa pintura de Leonardo da presenciais e on-line a bebês, crianças,
ka Parlato-Oliveira, apresenta Colwyn exerça o que chamamos em psicanálise adolescentes, adultos e brasileiros no exterior.
instiga e emociona. A relação da musicali- uma música? (2018); Musicalização na Escolar Vinci), que a autora do livro “O Sorriso Psicóloga da prefeitura do Recife. Especialista
Trevarthen como um pesquisador, cuja regular: formando professores e alunos (2016); de função paterna, atuando como me-
dade da voz com a construção do humano, PianoBrincando (1993, 2020), além de artigos
da Gioconda”, Catherine Mathelin, traz a em Intervenções Clínicas na Abordagem
produção transdisciplinar de mais de 40 diadora da relação dual que se estabelece Psicanalítica e Psicanálise com Bebês (em
tão presente no texto, tem sido evocada por sobre música, cognição e educação musical. reflexão sobre essa questão. Sabemos que andamento).
anos, apoiada em pesquisas e em teorias cientistas, filósofos, artistas e pensadores. entre a mãe e o bebê, impedindo que os
não existe relação humana sem que senti-
de autores consagrados, aponta e reforça A palavra e a voz são expressões humanas sentimentos ambivalentes da genitora a
mentos contraditórios convivam na busca
um novo paradigma sobre bebê: “uma primordiais. A palavra é, essencialmente, prejudiquem no estabelecimento do vín-
betaniaparizzi@hotmaI.com por algum equilíbrio. Quando falamos da brunavasconcellos.psi@gmail.com
criatura inventiva, criador de sentidos a expressão de um pensamento ou ideia, culo primário com seu filho, tão esperado
dupla mãe-bebê, a ambivalência se torna
e de interatividade com o outro”, por e a voz, expressão de uma emoção. “A voz (31) 99790-4641 e, ao mesmo tempo, tão provocador de (81) 99121-1682
fundante deste encontro.
meio de trocas intersubjetivas. Esse novo trêmula que afirma, afirma com palavra angústias e inseguranças diversas.
paradigma se fundamenta no pressuposto @betaniaparizzi É nessa perspectiva que a autora @brunavasconcellos.psi
e nega com a voz”, como nos diz José Gil No citado livro, Catherine destaca,
de que, para que a troca intersubjetiva em “O Espaço Interior”. A ideia e a emo- traz o nascimento de um bebê prematuro

76 REVISTA CRIANÇAS - UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR - ANO III - EDIÇÃO III 77


Para educar a criança
Resenha do livro O Voo dos que ensinam e aprendem:
uma escuta poética, de Severino Antônio e Katia Tavares
Por Luciana Novaes Russi

do aprender”. Há também considerações as concepções e as práticas de Educar, edu-


teóricas que acompanham a autora em car-se”, vividas pelos autores, com textos
sua prática, “no chão e no céu da escola”, também de autoria de alunos, crianças e
sobre Aprendizagem Mediada e Modifi- adolescentes. Revela-se aqui uma ideia
cabilidade Cognitiva (Feuerstein). Mestre matriz do trabalho desses autores: “Existe
em Educação, as vivências e reflexões da uma poética natural da infância”.
autora revelam também ressonâncias de
Nessa obra, os textos convidam o
uma formação sempre atenta a todas as
leitor a “uma escuta poética da educação”,
dimensões do humano, como a Pedagogia
desde suas epígrafes, a cada capítulo mais
Waldorf e o Aconselhamento Biográfico.
COLUNA:ESSE LIVRO É MASSA, VOCÊ TEM QUE LER

inspiradoras, com pensamentos de Janusz


Educar a escuta da Infância é expressão
Korczak, Miguel de Cervantes, Holderlin,
síntese desta parte da obra.
Edgar Morin, Alícia Fernandez. Obra reco-
Na parte II — Educar a sensibili- mendada a educadores, pais, profissionais
dade, educar a inteligência — Severino que trabalham com crianças e jovens em
Antônio reúne uma “Constelação: Tes- busca de uma abordagem que também
situras, Travessias” de suas vivências em os leve a educar-se. Recomenda-se em
sala de aula e na formação de professores. especial para aqueles que buscam viver
Doutor em Educação, há cinco décadas as dimensões primordiais da Infância — a
conduz alunos e professores a redesco- empatia, o brincar livremente, a imagi-
brirem sua linguagem e autoria, o prazer nação criadora, o contar histórias, a lin-
de ler e (re)escrever o texto da existência. guagem nascente — por amar a Infância
Como o autor nos convida a refletir em e as infâncias, e por querer, assim, fazer
Como educar as crianças? Como “Etimologias: educar, ensinar, aprender”, sua parte na criação do futuro.
preservar o primordial da Infância? O que em seu nascimento as palavras revelam
cabe a nós, educadores, pais e profissionais sabedorias esquecidas: “Educar traz o sen-
da Infância? tido de cuidar, nutrir, cultivar, vindos do
educare, assim como traz a ideia matriz
Há mais de quatro décadas, Severi-
de conduzir, vinda do educere...”. Nessas
no Antônio e Katia Tavares transformam
décadas de trabalho em sala de aula e
essas questões em práticas em sala de aula,
no encontro entre educadores, famílias e
experiências na formação de professores,
comunidades, o autor tem vivido experi-
convivência com famílias e comunidades,
ências, com ressonâncias da filosofia, da
sempre em profundos encontros humanos.
arte, da literatura e da poesia, “para educar
Em mais esta obra feita em parceria, o casal Luciana Novaes Russi
a sensibilidade, a inteligência, a imagi-
de educadores traz ideias matrizes de seu
nação”, propondo “um novo olhar, uma
trabalho em uma antologia de textos novos Mestre em Educação pela PUC de Campinas. Há
nova escuta poética. Uma nova educação mais de 20 anos trabalha com leitura e redação,
e antigos organizados em três conjuntos: comunicação e linguagem; com experiências nos
poética”. O reencantamento da razão e
educar, educar-se; educar a sensibilidade, Ensinos Fundamental e Médio, e atualmente no
do conhecimento e da aprendizagem, a Ensino Superior. É membro da Comunidade
educar a inteligência; convivência criadora.
redescoberta da linguagem e da autoria, em Severino Antônio e Katia Tavares nos estudos
da Pedagogia Poética para as Crianças.
Na parte I — Educar, educar-se no especial a linguagem nascente e criadora
chão e no céu da escola — Katia Tavares da Infância e de sua voz, são questões caras
reúne textos nascidos do seu trabalho para o autor, compreendidas na proposta inrussi@uol.com.br
como Professora, Coordenadora do Ensino de poetizar o pedagógico.
Fundamental, Assessora e Psicopedagoga (12) 98149-1226
Na parte III — Convivência cria-
na Educação Infantil. São diálogos em que
dora — Katia Tavares e Severino Antônio @inrussi
convida crianças, pais e professores, a cada
apresentam “trabalhos que tornam visíveis
início de semestre, para mais um “voo

78
Siga a Revista Crianças
uma abordagem transdisciplinar
nas Redes Sociais

Revista Crianças /revistacriancas

@revistacriancas Revista Crianças

PARTICIPE DOS GRUPOS


Grupo do Whatsapp Grupo do Facebook

Clique nos ícones para acessar

www.lalalingua.com.br

You might also like