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lo Manara/Fegerico Fen. Todos ot dretos reserva, FEDERICO FELLINI & MILO MANARA ‘Historias em quadrinhos sao a fantasmagérica fascinagdo daquelas pessoas de papel, paralisadas no tempo, marionetes sem cordaes, iméveis, incapazes de serem transposias para os filmes, eujo encanto std no ritmo e dinamismo. E wm meio radicalmente diferente de agradar os olhos, wm modo tinico de expresso. O mundo dos quadrinhos pode, em sua generosidade, emprestar roteiros, personagens e historias para 0 éimema, mas nao seu inexprimtvel poder secreto de sugesiao que reside na permanéneia @ imobilidade de wna borboleta nui alfinete. Federico Fettini No inicio, foi como um daqueles sonhos que voce dei- xa guardado na gaveta e tira quando sua imaginacao esta cexcitada para reviver 0 didlogo com o impossivel. A afi nidade de Fellini com os quadrinhos € conhecida por to dos, mas, até agora, jamais — exceto em sua juventude ‘© maestro de Rimini havia cedido suas idéias a um ar tista para transformé-tas em uma graphic novel. Tudo co- megou em 1986, quando o Corriere della Sera setializou VIAGEM A TULUM com o titulo: “Pela primeira vez © grande diretor revela 0 roteiro de seu préximo filme E claro que aquele nao foi o prdximo filme de Fellini. Na verdad, cle concluiu o sexto ¢ ultimo episodio com © comentario: “Nao sei se, e nem quando, vou transpor esta narrativa para a forma de imagens. Mas o [ato de fet aceito 0 convite para publicar a historia antes, me faz suspeitar que eu estava seguindo um instinto inconsciente para deisa-la pendente. E voces, pacientes letores, deve- iar saber de um pequeno segredo: a jornada ¢ a’ miste- sa aventura que originaram este conta, livremente adap- lado a narrativa cinematica, realmente aconteceram””. Fellini expressou 0 desejo de ter alaumas ilustragdes suas incluidas na historia feita por Manara, que, pouco tem- po antes, tinha Ihe dedicado uma agradével homenagem, Senza Titolo. Manara expressou sua afeigao pelo traba- Iho de Fellini varias vezes com referencias visuais em suas ‘obras, ¢ nao foi mera coincidéncia ele ter eriado 0s car- tazes de divulgacao para Intervista e La voce della luna. Depois disso, um sonho tornou-se realidade: Manara pediu a Fellini Se poderia fazer uma graphic novela par- tir de VIAGEM A TULUM, ¢ o diretor aceitou. Muitos esquecem, mas a carreira artistica de Fellini sempre teve lagos com caricaturas e quadrinhos: ele faz excelentes de: senhos, um aspecto de sua arte que prefere minimizar Fellini certamente brigara comigo por ter contado isso, 'No Fim dos anos trinta, quando Fellini saiu de Rimi ni, numa aventura que o manieria permanentemente em Roma, trabalhou para o editor Nerbini (entre outros) em duas publicagdes: a satirica 420 e L’Avventuroso. Du rante 0 faseismo era proibido importar quadrinhos ame- ricanos, mas alguns personagens continuaram sendo pro- duzidos por artistas talianos. Existem lendas sobre Fel- lini ter eserito varias histérias para Flash Gordon, ilus- tradas pelo excepcional Giove Toppi. Ele se lembra de apenas um titulo: Rebo re det Mereuriani. VIAGEM A TULUM termina no inicio de uma nova jornada (um bom pressgio?). Pouco restou do roteiro original de Fellini. O que comegou com uma agradavel edivertida olhadela por sobre o ombro de Manara, evo- luiu através dos episodios para um auténtico set de qua- drinhos, como num estiidio de filmagens. Fellini nao co. locou obsticulos no texto, apenas interieriu — especial ‘mente nos estigios finais — nas decisdes sobre os visuais, dos personagens. Manara se portou com brilhantismo, competéncia & humildade. O resultado esta em suas maos| Permita-me um conselho: leia uma primeira ver como se Fosse uma historia em quadrinhos comum, entao volte e preste atenedo em cada painel, tal qual um enorme afresco. Existe a arte do desenho, a arte de invengao, mas também ha a arte de olhar, que deveriamos cultivar.mais, para nos unirmos a esséncia da imaginagao, Vocé nao vera “Fim” na tiltima pagina. Fellini nunca uusou 0 termo em seus filmes. Ele coniou 6 motivo: “Eu rejeitei essa palavra desde o inicio, Talvez porque quan do era garoto ¢ ia a0 cinema, sempre experimentava uma sensacdo de ‘a festa acabou; voc® tem que ir agora; volte para Sua ligdo de casa...". Além disso, ‘Fim" me paree luma agresso aos personagens, pois cles continuam vi- vos por tras das costas do autor” A isso, aerescento uma esperanga: a auséncia de “Fim”? em VIAGEM A TULUM também implica uma possivel nova incursao de Fellini no reino dos quadrinhos. Atra- vvés de meios desconhecidos, tornei-me o primeiro a ler VIAGEM A TULUM, uma fantastica jornada para os Ieitores de boa vontade, avidos por fazer uma estadia ima- ginativa contra a decadéncia reinante de nossos tempos. Vincenzo Mollica VIAGEM A TULUM VIAGEM A TULUM DE UM ROTEIRO FEITO POR FEDERICO FELLINI PARA UM FILME A SER REALIZADO ADAPTADO PARA OS QUADRINHOS POR MILO MANARA COLORIDO POR CETTINA NOVELLI UM DIA MILO... Um dia Milo Manara, completamente co- ‘me importaria de ver era no Corriere bora fosse dificil para mim entender qua motivos de um desenhista, com imaginagio iP h to distante da cadéncia e do ritmo das hist rias em quadrinhos. Aquela histéria publi cada em capitulos num jornal diario milanés cra a tentativa de mostrar, nas peculiarida: iematografico, as ealmente vivi em uma vi (gum tempo antes, no Mé contrar Carlos Castafieda, eujos livros ha. viam me interessado e perturbado. Pensava é-lo como companheiro e guia para percor rer 8 it ctapas da extraordinaria viagem d realizada por e Castaiieda, com a intencao de prey tese de doutorado sobre as propri plantas psicotrépicas. Mas as coisas pa mim, como justamente contava nessa hist6- ria, aconteceram de maneir: sisti de fazer o filme. Ali fastar qualquer tentacao ou arr. , aceitei 0 convite do jornal para pu- a historia em capitulos, como um fo- Ihetim. Parecia 0 modo mais seguro de congeli-ta numa forma que apagasse, de ma- neira definitiva, da minha fantasia a: ges © propésitos de traduzi-la em fi Houve, de fato, um breve periodo d quando voltei a Roma depois daquela viagi em que, sem querer, me pegava imaginand. as cenas que poderia extrair das recordagoes, descriedes dos lugares, personagens e trechos de didlogos anotados nos meus caderninhos. De fato, seria uma bela historia, fascinante «¢ sugestiva justamente por ser indecifravel: ela ndo se assemelhava a nenhuma outra Contei esse extraordindirio enredo a Tullio Pi- nelli, que ajudou a dar-Ihe um tratamento ci- nematogratfico Mas Milo insistia com seu sorriso, os olhios radiosamente eelestes e a franjinha de cabe- Jos de querubim. Faltava-Ihe apenas a rom- beta dourada. No fim, depois de tentar de tudo para fazé-lo tomar juizo, disse sim. Nao. era tanto a curiosidade de ver 0 que Manara iria fazer. O seu talento garantia a beleza dos desenhos e, depois, eu jd tivera uma prova disso com as ilustragdes feitas para 0 Cor riere della Sera. Mas © meu consentimento deveu-se, talvez, a reflexao de que a tradu- cdo erifica dessa historia removeria para Sempre os ultimos pensamentos sobre a even tualidade de realizar o filme. ‘Ainda assim, nao sei por qual motivo, quis que sob o titulo fosse aecrescentado: **Ente- do de Federico Fellini para um filme a ser rea- lizado™. Pronto, a historia comecou assim, Vincenzo Mollica, presenea tranquilizadora, me convidou a colaborar nesse insdlito em: preendimento. Sugeri a Milo um inicio di rente do original: “Por que ‘gamos a historia em Cinecitti? Vincenzo acompa- nhado de uma garota viria me entrevistar”, Milo comegou a desenhar, e a primeira cena cstava prota. Tive de me esforgar quinho mais para convencé-lo a substituir © personagem do diretor, isto é, eu mesmo, por Marcello Mastroianni Vi pelas primeiras pranchas que me dese- nhava muito bonito. Embora ser retratado daquele jeito fosse um lisonjeio, nao conse- guia parar de imaginar as meus colegas ao me verem robusto e cheio de cabelos. J: ouvia os comen barbeiro, um Icitor apaixonado de historias ‘em quadtinhos, que se altera comigo em dis- cussoes furiosas a cada nova histéria langa- da, “Mas se quiser”” — dizia Milo — *“pos- so fazer voee um pouco mais careca.”” E eu. respondia: “Sim, mas ¢ quando for tomar banho au no mar do Yucatan?... Va por mim, Mastroianni foi definido como o meu alter ego, me representou em varios filmes. Em La citta detle donne, chamava-se Snapo- raz. Alias, esse ¢ justamente 0 nome de um personagem de historia em quadrinhos. Com ele certamente no tera os mesmos proble- mas que teria ao me desenhar em 400 tiras. sempre com o lapis incerto, vacilante pela ceyenttualidade de poder me ofender’”. No fim, Milo desistiu da apotedtica intengdio de me retratar mais belo do que Robert Taylor & Gregory Peck ¢ aceitou a nova solugao: Sna- poraz, meu alter eg0, foi designado por mim. para interpretar um diretor rumo a uma mis- teriosa e extraordindria aventura no pavoroso mundo dos feiticeiros mexicanos. A eysa al tura, eu jd estava preso na engrenagem de uma nova distribuigao de cenas, como num outro filme, Junto a Vincenzo Molliea, se mana apos semana, anotavamos as andan- ss do inirépido e imprudente grupinho de exploradores, substituindo os personagens da historia original por outros inventados para ‘anova versio. Tudo isso enquanto Manara desenhava num ritmo febril, mas nao o su ficiente para ser pontual nas entregas. Des cobri, assim, com um sentimento de admi: ragio, que, por tris de uma histéria em qua drinhos, sempre aparecendo regularmente nas bancas, ha uma formidaivel organizacao, efi cientissima e teenicamente preparada. Como sabemos, ns do cinema pertencemos a uma casa; ¢ 0s desenhistas, 08 roteiristas, 0s co loristas, © 0s letristas, capazes de preencher © baldo com os didlogos escritos em uma lim. pida letra de frma, fazem parte de uma casta de artistas ¢ artestios que fascina e faz fel zes milhocs de leilores de todas as idades Exatamente como nds do cinema estamos convencidos de fazermos 0 mesmo. De re: to, para mim, as historias em quadrinhos nas ceram um pouco antes do cinema. Charlie Chaplin, Buster Keaton, Harry Langdon, Larry Semon (vocés que tém alguns anos & mais, lembram-se deles?), os grandes humo: ristas do cingma, devem muito a Harry Hol- ligan, Felix The Cat, Capitan Cocorieo. E Spielberg, Lucas ¢ eu ndo nos consideramos todos devedores, no rendemos freqiiente ¢ prazerosamente uma festiva homenagem, em {Lantos dos nossos filmes, a Little Nemo, de Winsor MeCay, e aos mundos alucinados ¢ siderais de Moebius e dos seus incandesce {ese geniais colegas da Metal Hurlant? Des- culpem se me cito continuamente: eu mesmo reconstitui Amarcord, remontando a sobrie- dade dos enquadramentos dos lendrios de- senhistas americanos dos anos trinta. A ho: menagem é evidente também em La citta dette donne, onde 0 protagonista Snaporaz e seu dublé Katzone eram um consciente tributo de eto e gratidao a Panciolini, Cagnara, Ar aldo ¢ Petronilla. Toda essa conversa pa- ra dizer que, sugerindo a Milo as sequéncias para VIAGEM A TULUM, telefonando a Cettina Novelli por causa das cores das pran: chas e a diretora Fulvia Serra para justificar uum atraso na entrega, me encontrei no an biente de sempre. Isto é, nos esttidios cine- matograficos de Cinecitta, com os mesmos problemas, acidenies de percurso, necessida des de acomodagao, repentinas mudangas de rota, prazer e alegria da maravilhosa viagem na aventura, na fabula, na invencio. Em si ma, foi uma festa. Pena que acabou. Con vivi longamente ¢ depois abandonei muitos projetos, ¢ varias histdrias e personagens me fizeram (e continuam a fazer) companhia du- rante anos. Por enquanto, esto quietinhos num baii no qual esta esciito: “Filme a ser realizado”. Por exemplo, hi uma histéria muito mais bonita do que VIAGEM A TU LUM, e ela comega assim Federico Fellini (reportagem feita por Vincenzo Mollica em fever ro de 1990) SNAPORAZ, MEU J , COMPANHEIRO M wee if » Marcello Mastroianni ¢ um grande —— amigo. Entre ndés ha o que podemos chamar de harmonia sem pretensées, uma amizade verdadeira baseada na reciproca de obrigagGes, deveres e a retérica do coleguismo. Ser seu amigo ndo € uma questao de ética: trata-se de um meio de coexistir, de encontrar um a9 outro, participar das mesmas piadas, |. embrulhadas e mentiras... Ele éum ator | $23 de verdade, pois, psicologicamente, ihe conduz, sua astiicia dentro da medida i 3 ; ideal para mim PRA c_ y ES QL ee ote Pct fo pane Trwes po CL f aenlens hertsas Rove O plafits vem W reblin a0 he yer ecele == Nés conversamos bastante antes de cada filme, © suficiente para saber quando estamos juntos em uma nova jornada. Eu the conto tudo o que se as veres, nao muito. Marcello nao faz perguntas desagradiveis. Ele chega no set com a curiosidade de um espectador, uma aura de permanente virgindade, e da ao autor a sensacao provocativa de nao saber 0 que vai acontecer na proxima cena, Ele tem um instinto fenomenal para colocar tudo no seu devido lugar. Muito mais talentoso do que imagina, Marcello possui uma modéstia capaz de protegé-lo das armadilhas inerentes a todos os atores: vaidade, exuberdncia excessiva, narcisismo, presuncao et... Eu nao sou M Ele € meu sés Giulietta Masina ¢ Anita EK! também sao. Todos os perso: dirigi sao alter egos (exceto, ello Mastroianni HPRESA DISPERATA / Dat AtenSine yn basco Aan Leek, ao delicada fagas a uma amizade ssejo sem pudor de se culo, Federico Fettini be metRS YY MAS A LENDA FALA wA_teriAMosS —/ 4" D0 BONDINKO cHEGADO. A MAS ELE ESTA DORMINGO. ACHA MESMO? PRA MIM, ESTA SO estigue-se Ee E) TENTE FEGA-LO. ENTAO OS Avides ENCALHADOS NO FUNDO DA PISCINA SAO OS BEM, VELHO SNAPORAZ... VAMOS FAZER OUTRO FILME SUNTOS? MAS, SIM, A HISTORIA DE UMA VIAGEM MISTERIOSISSIMA, “CICHEN-ITZA”, CIDADES mAciCaS QUE HA MILHARES: DE ANOS. VINCENZONE MAIS ADIANTE, TALVEZ. PORQUE ESTE € unt ROTEIRO QUE, NA VERDADE, 4 PRONTO, OS MOTORES ESTO IGADOS. & CARCACE TA PRA ABANDONAR © RUNDO A PISCINA, VAMOS DELXAR O AVIAO DECOLAR. { AEROPORTO DE LOS ANGELES. UM JUMBO CHEGOU DA ITALIA |GAR ELE O DESPACHA EM VIAGENS QUE NA "NUNCA, EU ME DIVIgTO \— E Poupo MINHA “Vi0a, NAO VESO Aa Maurizio, 3 2 uM, AMISO: NAO. ME OLE MUITO. ELE NAO SUPORTA! coNSELO DE ADMINISTRAGKO Raber ne Mare ‘io Robes Miia Jose Rokr ern Rises A ber Dinero isd A ier, Forman 8 Cov, oo fe Pt, Jon Atom Sok, Takes Van Pie, Ord Naas Dieu Een de Revs Fi Bares Pre Dara tater Five csc Dior de Peddie To Robo Si Dee de Making en ali nepacio. ator Unda Lgl De Man aor de re: Heo ea eat: Ste Gs evsre Cai Ba, alo Rake Pogo (he de tee Meer Caps Dita Roos Cov Ashes de Ant Ger Caps, Nao 8 Bran Mas Canard reo ‘Seren de Reda: Cito suo de Lina Prodado urn cin MARKETING Gevat de Gao de Peds ese Maia Mat Gere Pott He ares te set as Wn Poh Apres Liss as Mato (Geena de ia de Imps Do it Via Dyer de Cowan Mae Cis Ss Dien Rem asia Ceca hoe Globe 8 Rudo Cute, 85 Si Paso - SP Ce os Te) 20.160 Toe 5a Novena 19813896 by Mie Nava el Fl, © 1/91 by CORTO MALTESE RCS za Ped Sp. Mae. ANER FEDERICO FELLINI & MILO MANARA Nan | QUEM SABE? ESTOU ‘BRINCANDO, CLARO. TORCO PoR VOCES DE TODO o ‘CORAGAD € DOU UM CONSE-| LHO AO COLEGA SNAPO- RAZ, SE ME PERMITE \| 05” UNICOS CONSELHOS QUE DEVEMOS OUVIR SKO AQUELES NUNCA RECEBIOOS! ESPERO GUE NINOLA, GUE COMTRATE! PRO MEU FILME, INTERESSE TAMBEM A NovA Y= PRODUGAO. TEM. UM OTIMO TEMPERAMENTO. ZY PO A 85) ERA UM EMPREENDIMENTO TALVEZ IMPOSSIVEL, UMA HIS- FICA E RELIGIOSA CONTRAS- BA, Be m0 REOLUCIS TORIA CUJA IDEOLOGIA FILOSO- 7 TENDEMOS A INVAGINAR AS CUTHAS Dum NSDE® cow RueA Al uc eA ERIE A nbs ating biotin SSAA cemas CINENSSES Pos ‘SAM TER APENAS TREVAS E_ 0040 SDERAL! BEM, ITO INTERES: F INFELIZMENTE,O ANTROPO. =f SAN1e maraneceios ( LOGO 00 QUAL PARTE 10° { moesius, 5 DA A OPERAGAO NAO PODE ON JODOROWSK' 10005 8 FRESENTES % ESTAR CONGSCO ESTA 70 SENHOR _SNAPORAZ IDO CHAMADO AD ae SNAPORAZ CHAMADO AQ TELEFONE! 9r/™ 7 We < ‘SNAPORAZ,ENCONTRE! lua ESTRANHA MENSA GEM PRA voce Estava /-) | CARRO! 1 1] SERA UM FILME FANTASTICO. 0SEIO BOA SoRTE E (CORAGEM, AQUELA VOZ AO TELEFONE ME \ DISSE QUE NUNCA ENCONTRA- | _FASCINANTE Ri | 0g aNneos vio [ne anon reuio ou Soteea hE GARO' DECIDIR? SEMPRE ACEITE \ atti NAO ACHA COW ALEGRIA TRABALKAR SMT que DevIA UM Fil NI, mr | “oemar A MAS NUNCA. SENT! ——\ “caro | }OTEIRO. © GUE FAZEMOS © AVIAO ATERRISSA EM CANCUN ‘ONDE UM CARRO ESPERA O GRUPO. POREM. NAO E MUITO CONFORTAN- (| TE. VER um PRODUTOR TRO- CAR. SOCOS, SOBRETUDO iRETO SUBAM Ni CARRO! = rif WN) ONDE SERA BAG ws cano Tomar JD (aye BANKO? ~ “all it x yl wi wig TA TELEFONICA PRO. SE- NHOR SNAPORAZ ELE ESIA com vOCES = rE h _ NAO DEVEMOS COMER? SO AGUA? ORA, DESCLLPE, ERA A MESMA ¥OZ, MAIS \ TEM TODA cARA ‘D7 AUTORITARIA 00 gue NUNCA.) DE UM RITUAL INT DISSE GUE DEVEMOS —/ CIATORIO. SAO RE~ ENTRAMOS NUM JOGO ONDE A NOSSA VONTADE NAO CONTA IS NADA GRAS MONACAIS, MAS WAO cREIO Glue / | \ OBEDECERE!. MAS COMO E PossiveL QUE ESTIVESSE NOS ESPERANDO?NGS MES! CHEGA! NBO AGUENTO MAIS ESTA HISTORIA — 7 ews 60 {OE TODOS esses MISTERIOS, CONTROLE-SE! ES £11 JA LHE DOU 0. [AMOS TODOS Mull) NHECMMENTO, SUA Fae wun OTE TERA] Fo esos te cone voce AQUI VAMOS VOLIAR, © UA / ROMO, nace Ua LEO DE ENERGIA IVENCIEL NINGUEM PODERA NOS PREJU- DICAR SE FICAR. FACAM JA 0 GUE EU ORDENAR TODOS DEVEM ME ASUDAR, MENOS A SENKORITA. ‘APASTE-SE! LEVANTEM OS BRAGOS! IMAGINEM QUE SESAM AGAS! TENHO QUE VEN- DIVERTIU-SE BASTANIE? UM SIMPLES %ipAO NOSSA “IMPECABILIDA- De OF GueR TINGuasem PT rasdhante nis nto OBScURA.cA P] vamento 1é-L0 COLOCADO_ NUMA SITUAPAD TAO) PERIGOSA. LEVEZA tem na fora do podemos ficar junt momento. Melhor leveva ¢ destreza de um ilusionista, Federico Feltini A VOZ DA LUA Lee pir ‘CONSELHO DE ADMINSTRACKO Roker net are ‘so Rete Maen. oe Robo ink Rao A Fick DiRETOR Hao A Fie. Fenda A, Cosa, av Barer Pi, Js Aono Sot, ‘ies Vin Fs, Ondo Naga Dee Etc de Rees si ares Po Diet avai ass Costa Die Pabetde Soe Rate Stat menscio Ee est Li Del No hor oe Ane i Pa Reiter Sy Cason Ress: Coa Broan, Po Rois Pood Che Se te: Jou Mens Capps Diamar Rony Cosa ‘sss Arte Gen A; Cans, Mi eo, Mut Cuma de Bo Secret de Rea: Cito Oni Li Prada Eur i Canes MaRxerv Gene de Grp de Pau: Desi Na Nora Cnet de Pade: He Goss bss Anata de rote: Wags Pao Gara de Pama Diva de Ipresa: List & Fas Macao Cnet de Daas de Ingen: Dos Cris Vir Detar de Camara: Maso Co Son Dina Rapes: iors Gate 8 Ronda Cirane, 45 So Palo SP CEP Ose Tel) 440 Teer st aa Cott Tao 1991950 i Maar Fri Fl 191 IAL By CORT MALTESE RCS il Feros Sp, Mino. FEDERICO FELLINI & MILO MANARA (© 1982 by Mio ManataFederics Fel, Todes oe dos nerds, © TERCEIRO OLHO ‘Ao se falar de Fellini, usa-se com frequén- cia 0 adjetivo “visiondrio”, Apesar de tudo, sempre 0 achei ligeiramente ineficaz, deprecia- rio me da um pouguinho a idéia de alguém vagamente alucinado, vitima de mi- ragens criadas por uma fantasia excessiva, que cenxerga coisas onde elas nao existem ¢ nao sie be distinguir entre vigilia e sonho. Eu prefiro associar outro termo a Fellini: transfiguragao. Ele nao nos faz ver monstros no lugar de moi: rnhos de vento; através dele, 0 moinho se trans- figura e revela-se aos nossos olhos com toda plenitude, assumindo sua verdadeira esséncia de Grande Moinho de Vento. Entre todos os cineastas, Fellini é 0 inico a usar a cimera simplesmente como ela &: 0 ter- ceiro olhio, o alho da iluminagao. Ha muitos filmes belissimos de outros diretores, que nos Contam histérias extraordinarias, apaixonantes, {ragicas ou cOmicas, mas para Fellini o cinema 6 outra coisa. Ele apenas liga o terceiro olho ce assiste a transformacao do universo, fazendo- nos participar dee. Eu sempre o enxerguei assim, como uma es pécie de Prometeu, eapaz de roubar 0 Fogo dos deuses para Ieva-lo aos homens; o artista que dotou a humanidade do terceiro olho. Uma re- ligido... mais ou menos, ‘A trama, 0 enredo e a vicissitude t8m uma importancia relativa em Fellini. O relevante € este maravilhoso revelar de todas as coisas, a comovente descoberta de esséncias secretas, a iguracdo universal que une todos, ais, plantas ¢ objetos, numa plo- rosa exibicao de si, num animismo puro de re- ciproca adoragao & panico, Entretanto, considerar esta mudanga quase tum simples pretexto representava para mim, de- senhista, uma dificuldade enorme ao enfrentar VIAGEM A TULUM. Eu mesmo deveria ser © terceiro olho, Nem tentei isso, De resto, ti nha que abandonar a hipdtese de ‘0s modos fellinianios, transpondo-os para o de- senho. Mas se me deta conta da dificuldade in- superavel, Fellini jé a havia resolvido. Desde 0s primeiros desenhos que the mostrei, comecei a assistir, prendendo a respiraga0, uma delicada alquimia. Fellini estava extravasando docemente seu espirito, das imagens ao didlo- 120 € dos didlogos as agdes. Pouco a pouco, mi- nnhas dificuldades se desvaneciam como a né- voa. A distribuigdo das cenas deixou de ser um simples pretexto, e tornou-se ela mesma: cor- poe imagem transfigurando-se. A mim s6 res- tou continuar a desenhar camo sempre fizera, Gradualmente, 0 motor passou a girar ¢ este avid, que parecia imével atolado num panta- no sob quilOmetros de lama ¢ agua, comegou a vibrar, a elevar-se. Quando a histéria termi- ‘nou, 0 motor cantou plenamente e nds voamos. alegres em diregio a lua, Milo Manara STORYBOARD if Za f \ / a) _ cy - a ) 1 9) e a ao nea Ty | Ny _ Ca ANG ~\ Wt AY PN AN N A _-f i TALVEZ NAO, MAS PARECE CONHECER BEM 05 NOSSOS BEM DOU HUMILOEMENTE AS. S_BOAS- IDAS. ESTA MESMIO_CONVENCIDA DE Pot COMg SE FAL \ SSA PUPILA cor DE RUBIE A PRA SABER GUE 7 CARACIERISTICA QUE REVELA| Fup Aca (0 SEXO. DE NOITE: ELA MUDA, HERNANDEZ PODERIA PASSAR DIAS E-NOITES CONTANDO HISTORIAS. ESTE E UM DOS MOTIVOS PELO QUAL DECIDI_DEMITI-LO. HOSE € 0 GLTIMO DA GUE PRESTA SERVICO. EM MEU HOTEL! EAP ‘DE COR. Cu ESTOUSENDO. BISBILHOTEIRO DEMAIS, TE- MERARIA AMIGA” 19 DIA DA FESTA ‘DOS FALCOES, PRA Di- VERTIEC AMIAN'E A MEUS VINTE E-SEIS laos, at NHA MAE Se TRANSFOR | MAVA NAN FALCAO. POR QUE AS PIRAMIDES ASTECAS, AO CONTRARIO DAS EGIRCIAS, TEM. ESCADAS QUE DA BASE, LEVAM "00 O GUE FEZ DESDE QUE MEU: AUS ME LEGARAM A GESTAD DA TOR RE DE BABEL. MAS VOCE NAO DEVE ESPANTAR ESSES ILUSTRES HOSPEDES GUE JA ESTAO BASTANTE RESSABIADOS COM TUDO 0 GUE ESTA ACONTECENDO E@ DEVEMOS ADMITIR NAO E atUITO COMUM: ANTIQUISSIMA CINILIZAGAO. ERA 0 SiMBOLO DA UNIAO ENTRE A TERRA EO CEU, AO QUAL TODOS SE ENCAMINHAVAM E ONDE TODOS ERAM RECEBIDOS. EIS POR QUE ‘A PIRAMIDE ASTECA TEM ESCADA. 7 6 UI QUE il reonbn Ses eQ Sates, ese MAS. SOBRETUDO € MMPRUDENITE! DENTRO DE UMA HISTORIA PRA LA De, EXCENTRI- CONCORDO com voce, INCOMPREENSIVEL. FOI CARO SNAPQRAZ. MAIS ESTE O MOTIVO PELO QUAL QUE EXCENTRICA. NAO FIZ O FILME. EU » ‘ABANCONE!, ASSIM como yocE Pn BON NONE: ‘AGORA DEVE ABANDONAR Ben CITE, Ce SENORITA.” © TELEFO- NEMA NAO ‘AGRADOU? BY. UM GRANDE FEITICEIRO. Wis GS, alle €S1A Mult DOENTE, Ving A ALDEIA FICA NO CORACAO Re CANGA 10 ANTES 60 COMO EU! INVEJAVA, DESDE GAROTINHO, FLASH GORDON & MANDRAKE. AGORA ESTOU VOAN- COMO ELES! ESTE cHuvisco DIAGUA GUE ACARICIA A MINKA FRONTE ME ‘SUSSURRA CONTROLE-SE, EMILIANO. AMIGOS, OFEITICEIRO GENNARO ASSUMIL A FORMA DAQUELA CACHOEIRA A NOSSA FRENTE. VAMOS NOS APROXWMAR DELA. DEVE DAR UMA MENSAGEM AD FORASTEIRO, SENOR SMAPORAZ Ue ELES NAO ERAM UMA RACA, NAO ERAM UM POVO, MAS HOMERS PRENDENDO-AS NOS INFINITOS COAGULOS QUE DIFERENCIAM AS: MATERIAS QUE NOS CERCAIM NO UNIVERSO € QUE CHAMAMOS VIDA. MATANDO € SAQUEANDO ALGUNS |] VIDENTES, PRA SALVAR SELIS CONHECIMEN- TOS, ELES DECIDIRAM IRRADIAR- SE PELO ‘MUNDO. MAS TALEO TEMPO ANA NRO TENHA cue gg ADO € 05 “ NOVOS VIDENT WAM 0510S Ka C if Bh Aco rss Taceacaal TERMINAR? Bus GUER DIZER, QUANDO MGg | COMECA? cOMECA aa fl CHEGA, CONTINUA OU RECOMECA? Para me ater & grandiosidade do Mago de Ri- mini, talvez devesse retornar ao inicio de tudo, ‘ou A condicao das artes gémeas, o cinema ¢ as histérias em quadrinhos. As datas oficiais fa- lam claro: La Sortie des Usines Lumiere, 0 pri meiro filme dos irmaos Lumiére, foi apresen- tado no Grande Café de Paris, em 28 de de. zembro de 1895, e Yellow Kid, a primeira hii toria em quadrinhos de Richard Felton e Out- cault, aparecen na edigo dominical do New York World em 7 de julho de 1895. Ambos os meios baseados nas imagens, um estatico ¢ 0 outro dindmico, cresceram paralelamente, tensificando suas diferengas em vez de aplaci- las. Seu eventual encontro constituiu-se de um meio narrativo posterior: a animagao. Federico Fellini nasce apaixonadissimo pe- las historias em quadrinhos e, numa etapa de sua viagem da Romania natal a Roma capital, se interessa mais diretamente por elas em Flo” renga, junto 4 Nerbini, editora de O Aventu- oso, umm semancirio no qual pudemos ver, com cores mais lindas e vivazes do que 0s originais, os herdis americanos de Alex Raymond (Flash Gordon, Agenie Secreto X-9 ¢ Jim das Selvas) de Lee Falk, Phil Davis e Ray Moore (Man- drake ¢ Fantasma). Uma das muitas lendas fellinianas (o pedprio Mago de Rimini, as vezes, declara: “A lenda di que...”) afirma que Federico, depois do bani mento oficial de todas as hist6rias em quadri nnhos americanas por parte do Ministério da Cul- tura Popular, teria roteirizado uma continua- ‘cdo das aventuras de Flash Gordon com arte do timo Giove Topi. Nos meus tempos dizia-se, inclusive, que aps 0 ostracismo ministerial, Fel- lini as teria desenhado. A historia em quadri- mnhos restard, de qualquer forma, um elemento nao negligenciével da cultura felliniana. Ble sempre seguit € admirou suas evolugdes, assim ‘como as citou sem falsos escriipulos. VIAGEM A TULUM, entretanto, no re- monta a 1938, 0 ano da expulsfo das historias ‘em quadrinhos dos suplementos juvenis italia nos. Mas tampouco onterh ou anteontem nos levam a 1965, quando Felini enviou ao produ- tor Dino De Laurentiis uma longa carta com a proposta de filme intitulado A Viagem de G. Masiorna. OG" quer dizer Giuseppe. Gia seppe Mastorna é um violoneelista que se en- contra num avido em plena tempestade de ne- ve. Ha panico a bordo € o piloto esta em grax ves dificuldades. Logo depois, todavia, numa paz repentina eirreal, 0 avido aterrssa na pra a de uma grande igreja gética. Uma caminho- nete leva 0s passageiros atordoados, através de ras desertas, castigadas pelo vento e a neve fi na, até um motel de onde nao se pode telefo- nar porque todas as linhas esto interrompidas, © assim por diante 6 depois de muitas incompreensdes ¢ desen- contros, G, Mastorna descobrird que esté mor- to. A Viagem de G. Mastorna é, em suma, uma viagem ao além-tmulo. Isso logo inquietou o supersticioso Dino De Laurentis. A seqin dos eventos daria razao as superstigdes. Duran. tesua preparaeao, o filme sofreu uma série im- pressionante de desvios, contratempos aciden- tes que renovaram ¢ reforgaram as lamentacOes dde De Laurentiis quanto ao pretensioso enre- do, Num dia de 1966, quase a0 término da ‘montagem dos grandes Cenérios, Fellini teve um pesadelo perturbador: por alguns momentos viu desabartijolo por tijolo © Duomo di Colo- nia, no qual era inspirada uma das construgdes. Os maus sonhos se multiplicaram e Fellini ter- minou por escrever a De Laurentisdizendo que nao queria mais fazer A Viagem de G. Mas- forna. O produtor pediv-Ihe uma enorme quan- tia como indenizacao por perdas ¢ danos. Hou ve, em seguida, reaproximagées e desmentidos, intervengdes de outros produtores estrangeiros ¢ italianos. O Livro dos Sonhos, onde Fellini desenha e comenta sua atividade onirica, se en~ cheu de despeitos, espantos e ressentimentos muito coloridos e’sugestivos. Num dia de 1967 Fellini se sentiu mal, mui to mal. Foi levado as pressas para a Clinica Sal- vador Mundie De Laurentiis, cético sobre a doenga, mandou médicos até li fisealizar. Vol taram com caras pesarosas € mas noticias € 0 produtor napolitano explodiu em solucos. Quando, finalmente, Federico voltou 8 vida pa- blica, Alberto Grimaldi, um outro produtor de Napoles, rico gragas aos filmes de Sergio Leo- ne, que descjava trabalhar com Fellini, adqui- re todo o projeto. Segundo a lenda, De Lau- rentiis teria se ajoelhado para agradecer a Sd0, Genaro e que Alberto Grimaldi pretendia rea- lizar também 4 Viagem de G. Mastorna, mas © filme foi adiado para sempre. No entanto, a idéia da grande Viagem continuou a visitat Fellini. Em Toby Dammit, o episodio fellinia- no de 7rés Passos no Delirio, em 1967, encon- tramos varias semethangas com A Viagem de G. Mastorna na chegada do avido e no desem- barque de Terence Stamp num crepiisculo ir- real de Fiumicino e numa orgia de gente que ndo parece deste mundo. © Fellini Satyricon & uma das trés grandes viagens feitas por um visiondrio figurativo neste século. A primeira foi realizada por Winsor MeCay, nas paginas dominicais do New York Herald, com a série de historias em quadrinhos dedicada aos devaneios oniricos de Little Ne- ‘mo, em competigao direta com Sigmund Freud, nha interpretacao dos sonhos. Em 1934 foi a vez de Alex Raymond, com a série Flash Gordon para a King Features Syndicate. A terceira ‘ocorre em 1969, por Fellini, numa romanida- de degradada, quase pior que a moderna, si- twada entre o Slumberland de Little Nemo e 0 Planeta Mongo de Flash Gordon... e assim por diante. Em cada novo filme de Fellini sempre hou- ve alguns trechos, motivos e alusdes de A Via- gem de G. Mastorna. Isso acontece também nesta histdria em quadrinhos, que substitui um ‘outro filme adiado para sempre (talvez. um mo- do diferente de contrabandear A Viagem de G. ‘Mastorna sob o titulo VIAGEM A TULUM). Na tentativa de frear a fuga do chapéu do Ma_ uo de Rimini, @ bela garota loura aprofunda- se no pantano de Cinecitta, e se encontra, « do ou tarde, diante do avido fatal. E, novamen- te, a terrivel viagem volta a ser proposta. Des- ta vez, Fellini nao foi picado pela mania de tro- car de intérprete, ou encontrar algum outro, além de Marcello Mastroianni, como fazia nos tempos de A Viagem de G. Mastorna. Aqui, Marcello esta dentro do aviao submerso e cha- ‘ma-se Snaporaz, como Fellini voltaria a deno- mind-lo em A Cidade das Mulheres. Contudo, a despeito dos anos passados, 0 sugestivo Raf faell6 vindo de Milo Manara restituiu-the mi- lagrosamente a beleza quase insuportavel do inicio, quando compunha com Sofia Loren a dupla’ mais diferente e irresistivel do mundo. Manara desejou muito esta historia em qua: drinhos, como um evento na sua generosissima ce excémtrica vida de desenhiista, e Federico Fel- lini aderiu com cordialidade e empenho, tal qual um cimplice. Junto, eem meio aeles, atuou co- ‘mo intermedirio irrenuncidvel Vincenzone, 0 “‘garoto gordo”, Vincenzo Mollica, sem o qual, provavelmente, VIAGEM A TULUM niio che gariaatermo. Mas chegou? Chegou pata fica Ou chegou para continuar? Ou recomecar? Isto nao se pode dizer. la nave va tem cin. 0 ou seis finais, chega e recomeya (como, de resto, A voz da lua), ow talvez recomece sem znem mesmo ter necessidade de chegar. Corto ‘Maltese, a certa altura, anunciou que ia publi: car a illima histéria. Mas os niimeros seguin. tes, se os abrir quando estiverem com a alma em paz, mostrarao algumas paginas lampejan- tes com Snaporaz e Federico, Oreste del Buono

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