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OPA, BOM TE

VER POR AQUI!

Quem nunca conheceu alguém com diabetes que atire a primeira pedra!

Não tem jeito, o diabetes é uma condição médica extremamente prevalente no nosso
meio e a perspectiva é que o número de doentes permaneça em ascensão.

Com isso, entender o diagnóstico, o tratamento e o manejo das complicações agudas e


crônicas relacionadas ao diabetes é essencial para qualquer médico (nem que seja para
ajudar no tratamento da sua avó!).

Neste material, você terá acesso a um guia completo, prático e atualizado sobre o diabetes
- desde seu diagnóstico, passando pelos hipoglicemiantes orais e insulinoterapia, até o
manejo da cetoacidose diabética e estado hiperglicêmico hiperosmolar.

Esperamos que aproveite!

Boa leitura!
Equipe Medway
ÍNDICE
Quem somos?.............................................................................................................................................................. 4

O que nossos alunos estão falando?................................................................................................................5

Classificação...................................................................................................................................................................6

Diagnóstico.....................................................................................................................................................................6

Tratamento.....................................................................................................................................................................7

Medidas não farmacológicas................................................................................................................................... 7

Medicações não insulina............................................................................................................................................. 7

Insulinoterapia................................................................................................................................................................. 10

Qual medicação escolher?........................................................................................................................................11

Metas de tratamento................................................................................................................................................... 14

Complicações crônicas.......................................................................................................................................... 15

Retinopatia diabética...................................................................................................................................................15

Nefropatia diabética.....................................................................................................................................................17

Neuropatia diabética................................................................................................................................................... 18

Complicações agudas............................................................................................................................................ 19

Cetoacidose diabética (CAD) e estado hiperglicêmico hiperosmolar (EHH).........................19

Hipoglicemia.....................................................................................................................................................................23

Referências.................................................................................................................................................................. 24

Conclusão..................................................................................................................................................................... 25

Anexos............................................................................................................................................................................ 26

Sobre a Medway .............................................................................................................................................................26

Nossos cursos................................................................................................................................................................... 28

Acesse gratuitamente................................................................................................................................................ 30

Ficou alguma dúvida?.................................................................................................................................................32


QUEM SOMOS

Somos um time de médicos formados nas principais instituições de residência do


Brasil.

Conhecemos bem os obstáculos e as dificuldades que surgem durante a preparação para


as provas de residência médica. Justamente por isso, e porque sentimos falta de ter alguém
nos orientando lá atrás, tomamos a decisão de criar a Medway.

Depois de muito estudo, trabalho duro e dedicação total, desenvolvemos cursos exclusivos
e que nos enchem de orgulho. Isso porque, na prática, temos visto esses cursos serem a
chave do sucesso na aprovação de milhares de alunos de Medicina em todo o país.

Em quatro anos de existência, impactamos 16 mil alunos com uma metodologia diferente
da convencional. Leve, objetiva e verdadeira. Sem dúvidas, essa última característica é o
nosso maior diferencial.

Não te enrolamos e nem falamos o que você quer ouvir. Não generalizamos. Te tratamos
com respeito, da forma como gostaríamos de ser tratados.

Muitos nos veem como professores ou mentores. Nós gostamos de nos enxergar como
aqueles veteranos que você admira pelo conhecimento técnico, mas também pela
didática e pelo lado humano.

Se você chegou até aqui, saiba que já nos orgulhamos muito de você ter se conectado com
a Medway. Estamos e estaremos ao seu lado para sermos parceiros em toda a sua jornada
como profissional de Medicina. Até a prova de residência e depois dela. Vamos juntos até
o final!

Boa leitura!
O QUE NOSSOS ALUNOS
ESTÃO FALANDO?
Classificação
O Diabetes Mellitus (DM) é classificado em alguns tipos de acordo com a base fisiopatológica,
nas seguintes categorias:

• Diabetes tipo 1 (DM1): corresponde a 5 - 10% dos casos. Resulta da destruição das células
beta pancreáticas, causando uma deficiência absoluta de insulina. É a apresentação
mais prevalente em crianças e adolescentes. O DM1 ainda se subdivide em:
1. Tipo 1A: causa autoimune, ou seja, os autoanticorpos estão presentes; corresponde a
90% dos casos
2. Tipo 1B: causa idiopática, ou seja, os autoanticorpos estão ausentes
3. Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): é caracterizado por uma destruição
mais lenta das células beta pancreáticas

• Diabetes tipo 2 (DM2): corresponde a 90 - 95% dos casos de DM. É causado pela
resistência à insulina e à incapacidade do pâncreas do indivíduo secretar quantidade
de insulina suficiente para vencer esta resistência. Como consequência, o pâncreas vai
entrando em exaustão e perdendo, portanto, a capacidade de secreção de insulina
• Diabetes gestacional: hiperglicemia que vai ser diagnosticada durante a gravidez,
geralmente surgindo a partir da 24ª semana
• Outros tipos específicos: relacionados a outras causas específicas, tais como diabetes da
maturidade com início no jovem (MODY), diabetes neonatal, DM induzido por fármacos,
DM relacionados às doenças pancreáticas (pancreatite, traumas, hemocromatose,
fibrose cística), DM secundário às endocrinopatias (síndrome de Cushing, acromegalia,
hipertireoidismo, feocromocitoma)

Diagnóstico
Para o diagnóstico de Diabetes Mellitus, dispomos de três ferramentas: glicemia de jejum,
hemoglobina glicada (HbA1c) e teste oral de tolerância à glicose (TOTG), que consiste
na aferição da glicemia duas horas após sobrecarga com 75g de glicose.

Índice

6
A tabela a seguir resume os critérios diagnósticos do DM:

VALORES PARA DIAGNÓSTICO DE DM DE


ACORDO COM OS TESTES DISPONÍVEIS

NORMAL PRÉ-DM DM

GLICEMIA
< 100 mg/dL 100-125 mg/dL ≥ 126 mg/dL
DE JEJUM

TOTG APÓS 2H < 140 mg/dL 140-199 mg/dL ≥ 200 mg/dL

HbA1c < 5,7 5,7-6,4 ≥ 6,5

Legenda: Critérios diagnósticos de DM. Fonte: Acervo Medway.

Para diagnóstico, precisamos de dois testes alterados, podendo ser dois testes diferentes
numa mesma amostra de sangue (por exemplo, glicemia de jejum e HbA1c) ou o mesmo
teste alterado em duas ocasiões (por exemplo, duas glicemias de jejum > 126 mg/dL).

A única situação na qual podemos fechar o diagnóstico com apenas um exame é quando
o paciente apresenta glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dL + sintomas inequívocos de
hiperglicemia (poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso).

Tratamento
O tratamento do Diabetes Mellitus é composto por medidas não farmacológicas,
medicamentos não insulina e insulinas.

MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS

A base do tratamento consiste em mudanças do estilo de vida (MEV). Quando falamos em


MEV, falamos em reeducação alimentar, atividade física regular, cessação do tabagismo e
manutenção de hábitos saudáveis. Para isso, é fundamental que o paciente com DM seja
acompanhado por uma equipe multidisciplinar.

MEDICAÇÕES NÃO INSULINA

Atenção! Muita gente acaba se perdendo aqui. Afinal, são várias classes, várias medicações.
Por isso, sintetizamos o arsenal terapêutico do DM tipo 2 na tabela a seguir. Confira:

Índice

7
MECANISMO
CLASSE EXEMPLOS DETALHES CONTRAINDICAÇÕES
DE AÇÃO

Intolerância
gastrintestinal
Insuficiência renal
Redução de risco
(TFG < 30 ml/min)
cardiovascular
Biguanidas Metformina Cirrose hepática
Risco de acidose
DIMINUEM A lática (rara)
RESISTÊNCIA Insuficiência cardíaca
descompensada
PERIFÉRICA Pode levar à
À INSULINA deficiência de
Vitamina B12

Retenção hídrica Insuficiência cardíaca


classes III e IV
Glitazonas Pioglitazona
Aumento do
risco de fraturas Osteoporose

AUMENTAM Taxa de Filtração


A SECREÇÃO Glibenclamida; Hipoglicemias Glomerular
Sulfonilureias gliclazida; (TFG) < 30
DE INSULINA
glimepirida Ganho de peso
Cirrose hepática
(LIGAÇÃO AO
RECEPTOR DE
SULFONILUREIA Glinidas
Repaglinida;
Pouca eficácia,
(RECEPTOR (pós- não são mais
nateglinida
prandial) utilizadas
SUR))

Flatulência
DIMINUI A
Doença
ABSORÇÃO Pouco efeito
inflamatória
Inibidor da sobre a glicemia
DE GLICOSE intestinal
alfaglicosi- Acarbose
NO TRATO dase Principal uso
GASTROINTES- Doenças intestinais
atual: Dumping
disabsortivas
TINAL precoce pós
bariátrica

Legenda: Medicamentos antidiabéticos orais - Parte 1. Fonte: Acervo Medway.

Índice

8
MECANISMO
CLASSE EXEMPLOS DETALHES CONTRAINDICAÇÕES
DE AÇÃO

Principal efeito
colateral: Náusea
Pancreatite aguda?
Perda de
Análogos Liraglutida Carcinoma medular
peso (uso em
da GLP-1 Semaglutida de tireoide?
tratamento
AUMENTAM da obesidade)
TFG < 15 mL
A INCRETINA
(ESTÍMULO À Cardioproteção
LIBERAÇÃO
DE INSULINA Efeitos colaterais
GUIADO (incomuns): Doença Renal Crônica
PELA GLICEMIA) Vildagliptina nasofaringite, (DRC) avançada
Sitagliptina cefaleia, tontura
Inibidores
Linagliptina e diarreia Aumento de internação
da DPP-IV
Saxagliptina por Insuficiência
Alogliptina Risco (duvidoso): Cardíaca (IC)
pancreatite (saxagliptina)
aguda

↓ eventos
cardiovasculares
e progressão
de DRC

Perda de peso

Aumenta risco
DIMINUI de infecção do
REABSORÇÃO trato urinário e
Dapagliflozina candidíase Dapa - TFG < 25
TUBULAR RENAL Inibidores
Empagliflozina Empa - TFG < 30
DE GLICOSE SGLT2
Canagliflozina Efeito diurético Cana - TFG < 45
→ GLICOSÚRIA (aumenta risco
E NATRIURESE de hipotensão)

Risco (baixo)
de cetoacidose
euglicêmica

↑ reabsorção
óssea e risco de
fraturas (Cana)

Legenda: Medicamentos antidiabéticos orais - Parte 2. Fonte: Acervo Medway.

Índice

9
INSULINOTERAPIA

PROPRIEDADES FARMACOCINÉTICAS DAS INSULINAS


DURAÇÃO
INSULINA INÍCIO DE AÇÃO PICO DE AÇÃO DO EFEITO
TERAPÊUTICO
Insulina de Ação Intermediária

NPH 2-4 h 4-10 h 10-18 h

Insulina de Ação Rápida

Regular 0,5-1 h 2-3 h 5-8 h

Análogos de Ação Rápida

Asparte (Novorapid®) 5-15 min 0,5-2 h 3-5 h

Lispro (Humalog®) 5-15 min 0,5-2 h 3-5 h

Glulisina (Apidra®) 5-15 min 0,5-2 h 3-5 h

Análogos de Ação Ultrarrápida

Faster-aspart(Fiasp®) 0-10 min 0,35-2 h 3-5 h


Inalável tecnosfera
12 min 35-55 min 1,5-4,5 h
(Afrezza®)
Análogos de Ação Longa
Glargina (Lantus®,
2:4 h Mínimo 20-24 h
Basaglaro)
Detemir (Levemir®) 1-3 h 6-8 h 12-20 h

Análogos de Ação Ultralonga


Glargina U 300
6h Ausente 36 h
(Toujeo®)
Degludeca (Tresiba®) 2h Ausente 42 h

Insulinas em Pré-misturas
70% NPH/30%
0,5-1 h 3-12 h (duplo) 10-16 h
regular
75% NPL/25% lispro 5-15 min 1-4 h (duplo) 10-16 h

50% NPV/50% lispro 5-15 min 1-4 h (duplo) 10-16 h


70% NPA/30%
5-15 min 1-4 h (duplo) 10-16h
asparte
NPH: protamina neutra Hagedorn; NPL: protamina neutra lispro; NPA: protamina neutra
asparte.
Legenda: Tipos de insulina e suas respectivas características. Fonte: Acervo Medway.

Índice

10
QUAL MEDICAÇÃO ESCOLHER?

O tratamento do DM1 consiste em insulinização plena, pois precisamos mimetizar a


secreção fisiológica de insulina pelo pâncreas.

Quando falamos em insulinização plena, falamos em esquema basal-bolus, ou seja,


vamos usar uma insulina de ação intermediária, longa ou ultra longa para exercer o papel
da basal e uma insulina de ação rápida ou ultrarrápida para os bolus (que são os momentos
prandiais).

É como é o tratamento do DM2?

A medicação de primeira escolha é a Metformina (desde que não haja contraindicações,


claro). Entretanto, em algumas situações, já devemos iniciar uma segunda medicação,
independente do controle glicêmico. Veja a tabela a seguir:

Legenda: Tratamento do DM2 em pacientes com doença cardiovascular aterosclerótica. Fonte: Diretriz Oficial
da Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/tratamento-farmacologico-da-
hiperglicemia-no-dm2/.

Índice

11
Legenda: Manejo do paciente com DM2 e doença renal. Fonte: Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de
Diabetes. Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/doenca-renal-do-diabetes/.

Índice

12
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA + DM2

INIBIDOR DE SGLT2 + METFORMINA independente da HbA1c

Se HbA1c acima da meta:

INIBIDOR DE SGLT2 + METFORMINA + 3ª FÁRMACO

Se HbA1c acima da meta:

INIBIDOR DE SGLT2 + METFORMINA + 3ª FÁRMACO + 4º FÁRMACO OU INSULINA

Observações:

• ICFEr (FE < 40%): dapagliflozina, empagliflozina e canagliflozina estão recomendadas

• ICFEp (FE > 40%): empagliflozina

• Os agonistas do GLP1 são a opção preferida para se associar como 3º fármaco,


por potencialmente reduzirem hospitalização por IC

• Não associar iDPP-4 com agonista do GLP1

Legenda: Manejo do paciente com DM2 e insuficiência cardíaca. Fonte: Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de
Diabetes. Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/doenca-renal-do-diabetes/.

Caso o paciente não tenha complicações cardiovasculares ou renais, a escolha do segundo


fármaco vai depender do perfil do paciente (se há outras comorbidades, condição
financeira etc.).

Índice

13
DM2 SEM COMPLICAÇÕES CARDIOVASCULARES OU RENAIS
TRATAMENTO INICIAL: PACIENTE ASSINTOMÁTICO PACIENTE SINTOMÁTICO

HbA1c < 7,5% HbA1c 7,5% - 9,0% HbA1c > 9,0% HbA1c > 9,0%

MONOTERAPIA: TERAPIA DUPLA: TERAPIA BASEADA


METFORMINA TERAPIA DUPLA: METFORMINA + AD EM INSULINA
METFORMINA + AD ou terapia baseada (com ou sem metfomina)
Se após 3m, em insulina
hbA1c > 7%:

Se HbA1c após 3m Quando clinicamente


acima da meta: estável, TERAPIA
INTENSIFICAÇÃO DUPLA com MET+AD,
deve ser considerada

TERAPIA TRIPLA:
METFORMINA + 2 AD
ou terapia baseada em insulina

Se HbA1c após 3m
acima da meta:
INTENSIFICAÇÃO

TERAPIA QUÁDRUPLA:
METFORMINA + 3 AD
ou terapia baseada em insulina

Legenda: Fluxograma para início de tratamento do diabetes em pacientes sem complicações cardiovasculares
ou renais. Fonte: Diretriz Brasileira de Diabetes (2022).

METAS DE TRATAMENTO

O quadro a seguir resume as metas terapêuticas do paciente com DM. De uma maneira
geral, seremos mais tolerantes e flexíveis quando estivermos diante de um paciente idoso
com comorbidades importantes.

Índice

14
PACIENTES
IDOSO IDOSO IDOSO MUITO CRIANÇA E
DM1 OU
SAUDÁVEL COMPROMETIDO COMPROMETIDO ADOLESCENTE
DM2

Evitar sintomas
HbA1c < 7,0 < 7,5 < 8,5 de hipo ou < 7,0
hiperglicemia

GLICEMIA DE
JEJUM E PRÉ- 80-130 80-130 90-150 100-180 70-130
PRANDIAL

GLICEMIA 2
HORAS PÓS- < 180 < 180 < 180 < 180
PRANDIAL

GLICEMIA
90-150 90-150 100-180 110-200 90-150
AO DEITAR

TIR 70-180
> 70% > 70% > 50% > 70%
mg/dL

HIPOGLICEMIA
< 4% < 4% < 1% 0 < 4%
< 70 mg/dL

HIPOGLICEMIA
< 1% < 1% 0 0 < 1%
< 54 mg/dL

Legenda: Metas do controle glicêmico. TIR: “Time in Range” (tempo no alvo, para os que usam aparelho de
monitorização contínua da glicemia. Fonte: Diretriz Brasileira de Diabetes (2022).

Complicações crônicas
Sabemos que a hiperglicemia crônica pode levar a complicações micro e macrovasculares,
que são:
• Complicações macrovasculares - aterosclerose acelerada, IAM, AVC e DAOP
• Complicações microvasculares - retinopatia, nefropatia e neuropatia diabéticas

RETINOPATIA DIABÉTICA

Quando rastrear?
DM 1: após cinco anos do diagnóstico.
DM2: logo a partir do diagnóstico.
Periodicidade: anualmente (se normal).

Como rastrear?
Exame de fundo de olho.

Índice

15
A retinopatia diabética pode ser classificada em:
1. Ausência de retinopatia - exame de fundo de olho (FO) sem alterações
2. Retinopatia diabética não proliferativa (RDNP) leve - presença de microaneurismas
e mais nada
3. Retinopatia diabética não proliferativa (RDNP) moderada - presença de
microaneurismas e outras alterações, mas que não se classificam como RDNP grave.
4. Retinopatia diabética não proliferativa (RDNP) grave - presença de pelo menos um
dos achados de gravidade a seguir:
• Mais de 20 pontos de hemorragia em cada quadrante
• Veias em rosário em, pelo menos, dois quadrantes
• Anormalidades microvasculares retinianas (IRMAs) importantes em, pelo menos, um
quadrante
5. Retinopatia diabética proliferativa - definida pela presença de neovascularização
retiniana, hemorragia vítrea ou hemorragia pré-retiniana

Legenda. A: Exemplo de retinopatia diabética não proliferativa (RDNP) leve (apenas com microaneurismas). B:
RDNP moderada, com exsudatos algodonosos e hemorragias, além dos microaneurismas. C: RD proliferativa.
Observe a neovascularização no disco óptico. D: Edema macular, mostrando uma fóvea borrada, com exsudatos
duros. Fonte: Acervo Medway.

Índice

16
NEFROPATIA DIABÉTICA

Quando rastrear?
DM 1: Após cinco anos do diagnóstico.
DM2: Logo a partir do diagnóstico.
Periodicidade: Anualmente (se normal)

Como rastrear?
Relação albumina creatinina na urina (RAC), considerada positiva quando ≥ 30
mg/g de creatinina.

A lesão renal que ocorre pelo DM pode ser classificada em estágios, conforme a seguir:

Estágio 1 - hiperfiltração glomerular


Nesta fase, também ocorre aumento do tamanho renal, secundário à hipertrofia e
hiperplasia dos túbulos e glomérulos, estimulados por fatores de crescimento. Em resumo:
aumento da TFG e hipertrofia renal.

Estágio 2 - alterações estruturais
Ocorrem mudanças na histologia renal - espessamento da membrana basal glomerular
(MBG) e proliferação mesangial. Por causa dessas mudanças, a TFG que era aumentada,
volta a níveis normais. Discreto aumento da PA, mas com função renal normal e sem
albuminúria aumentada.

Estágio 3 - nefropatia incipiente


O glomérulo começa a perder sua coesão e passa a filtrar partículas maiores que, em
situações normais, não são filtradas - a mais importante na prática é a albumina. Isso
resulta no que chamamos de albuminúria.

Estágio 4 - nefropatia estabelecida


Presença de albuminúria mais intensa, além de redução da função renal e elevação da PA.
Importante ressaltar que esta fase já é irreversível.

Estágio 5 - DRC dialítica


É o estágio final da nefropatia diabética, quando o rim já perdeu toda a sua função e o
paciente precisa de terapia renal substitutiva (diálise).

Índice

17
NEUROPATIA DIABÉTICA

Quando rastrear?
DM 1: Após cinco anos do diagnóstico.
DM2: Logo a partir do diagnóstico.
Periodicidade: Anualmente (se normal)

Como rastrear?
Anamnese + exame físico (com, pelo menos, dois testes. Por exemplo,
monofilamento e diapasão).

A neuropatia diabética pode ocorrer das mais diversas formas possíveis, acometendo
nervos somáticos e/ou autonômicos, únicos ou múltiplos.

As principais apresentações da neuropatia diabética são:

1. Polineuropatia simétrica distal



É a forma mais comum da neuropatia diabética, podendo acometer tanto fibras nervosas
finas, quanto fibras grossas.

Caracteriza-se por dor, parestesias, queimação, hiperalgesia, alodinia, perda de sensação


tátil, térmica e dolorosa, disautonomia com disidrose, pele ressecada, rachaduras e
disfunções vasomotoras, com reduzido fluxo sanguíneo e membros frios (acometimento
das fibras finas). Além disso, posteriormente, observamos, por acometimento das
fibras grossas, fraqueza muscular, redução da sensibilidade vibratória, diminuição da
propriocepção, ataxia e redução de reflexos.

O início é insidioso, progressivo, simétrico e ascendente (começa com acometimento em


bota e luva). Os sintomas pioram à noite e predominam em membros inferiores, pois os
nervos mais longos são afetados primeiro.

2. Neuropatia focal

Consiste no acometimento de um nervo isolado. Ocorre mais comumente em pacientes


mais velhos, tem início súbito e ocorre de forma aguda.

Pode acometer qualquer nervo, sendo os mais comuns os nervos cranianos II, IV, V e VI,
nervo cervical, ulnar, mediano e fibular.

3. Neuropatia autonômica

A neuropatia autonômica, como já diz o nome, trata-se do acometimento das fibras do
sistema nervoso autônomo e pode acometer os mais diversos sistemas inervados por estas
fibras. Pode ser:

Índice

18
• Neuropatia autonômica cardiovascular (NAC)

Clinicamente, o paciente apresenta redução da variabilidade da frequência cardíaca


(FC não reduz com manobras vagais, como inspiração profunda ou Valsalva), podendo
apresentar também hipotensão ortostática.

• Gastrointestinal

Ocorre um prejuízo na motilidade do trato gastrointestinal, o que gera um quadro de


retardo do esvaziamento gástrico e sensação de plenitude precoce e empachamento.
Além disso, o paciente também pode apresentar um quadro tanto de diarreia quanto de
constipação.

• Urogenital

Pode cursar com quadro de incontinência urinária e distúrbio da micção, mais comumente
um quadro compatível com bexiga neurogênica. Também pode causar disfunção erétil
(nos homens) e dispareunia (nas mulheres).

• Hipoglicemia assintomática

Esta é uma manifestação muito preocupante da neuropatia autonômica. Com a disfunção


do sistema nervoso autônomo, o paciente vai perdendo os sintomas simpáticos e
parassimpáticos que ocorrem na hipoglicemia.

Complicações agudas
CETOACIDOSE DIABÉTICA (CAD) E ESTADO HIPERGLICÊMICO
HIPEROSMOLAR (EHH)
Os critérios diagnósticos dessas duas complicações são:

DIFERENÇAS DAS DEFINIÇÕES DE CETOACIDOSE DIABÉTICA


E ESTADO HIPEROSMOLAR HIPERGLICÊMICO
ESTADO HIPEROSMOLAR
CETOACIDOSE DIABÉTICA
HIPERGLICÊMICO

Glicemia > 200 mg/dL Glicemia > 600 mg/dL

Acidose metabólica (pH < 7,3 e HCO3- < 15


pH > 7,3
mEq/L) com ânion gap aumentado

Cetonemia positiva (ou cetonúria 4+) Osmolaridade > 320 mOsm/L

Legenda: Diferenças das definições de cetoacidose diabética e estado hiperglicêmico hiperosmolar. Fonte:
Acervo Medway.

Índice

19
O tratamento dessas duas complicações agudas (CAD e EHH) consiste em três pilares
fundamentais:
• Hidratação
• Avaliação de potássio
• Insulinoterapia

Hidratação

Reposição volêmica agressiva:


1000 a 1500mL de SF 0,9% na 1ª hora

Sem hipotensão ou
Choque hipovolêmico
discreta hipotensão

Calcular Na+ corrigido:


1000 mL/h até estabilização
Na+ + [1,6 x (glicose
hemodinâmica
sérica – 100/100)]

Na+ corrigido Na+ corrigido


< 135 mEq/L ≥ 135 mEq/L

NaCl 0,9% NaCl 0,45%


250 a 500 mL/H 250 a 500 mL/H

Glicemia ≤ 200-250:
NaCl 0,45% com 5% glicose
(250-500mL/h)

Legenda: Hidratação no manejo das complicações agudas. Fonte: Acervo Medway.

Índice

20
Avaliação de potássio

Potássio

< 3,3 mEq/L > 5,2 mEq/L

3,3-5,2
mEq/L
Não dar insulina Dar insulina

Dar insulina
1 ampola de KCl 19,1%
Não dar K+
em 1 L SF 0,9%

Medir K+ sérico Medir K+


após 1 hora sérico após 2/2h

1 ampola de KCl 19,1% (25 mEq)


em cada 1 L SF 0,9%

Medir K+ sérico após 2/2h

Manter K+ sérico entre 4,0-5,0 mEq/L


Legenda: Avaliação do potássio no manejo das complicações agudas. Fonte: Acervo Medway.

Índice

21
Insulinoterapia

Insulinoterapia

Insulina regular
bolus 0,1 U/Kg IV

Manter em BIC 0,1 U/Kg/h


ou 0,14 U/Kg/h se não
foi feito bolus inicial

Veloc
50 mg/dL/h
Glicemia capilar 1/1h x2

Alvo de queda: Veloc


70 mg/dL/h
5-70 mg/dL a cada hora ÷2

Glicemia ≤ 200 mg/dL: NaCl 0,45%


com 5% glicose (250-500 mL/h)‡

Legenda: Insulinoterapia no manejo das complicações agudas. Fonte: Acervo Medway.

E o bicarbonato de sódio na CAD?

Só há indicação de bicarbonato na CAD quando o paciente apresenta uma acidose


ameaçadora à vida, ou seja, quando o pH for menor que 6,9.

Índice

22
Quais são os critérios de resolução?

CRITÉRIOS DE RESOLUÇÃO DA CAD:

• pH > 7,3
• Ânion gap ≤ 12
• Bicarbonato ≥ 15
• Cetonemia < 0,6 mmol/L

CRITÉRIOS DE RESOLUÇÃO DO EHH:

• Osmolaridade plasmática < 310 mOsm/kg


• Melhora do nível de consciência
• Glicemia < 250 mg/dL

Atenção! Após o paciente apresentar os critérios de resolução, só vamos desligar a bomba


de insulina, pelo menos, uma a duas horas depois de ter administrado uma dose da insulina
basal por via subcutânea.

HIPOGLICEMIA

Hipoglicemia, por definição, é quando a glicemia plasmática encontra-se < 70 mg/dL.

A American Diabetes Association classifica a hipoglicemia em três níveis:

Nível 1: Glicemia < 70 mg/dL e > 54 mg/dL

Nível 2: Glicemia < 54 mg/dL

Nível 3: Paciente com alteração de estado mental e/ou incapacidade física,


necessitando de assistência de outra pessoa para recuperação

E como é o tratamento da hipoglicemia?

Paciente consciente e alimentando-se


Administrar 15 g de carboidrato de absorção rápida e reavaliar a glicemia em 15 minutos. Se
não houver reversão da hipoglicemia, repetir o processo.

Paciente em jejum intencional e com acesso venoso pérvio


Administrar 30 mL de glicose 50%, diluídos em 100 mL de SF 0,9% EV. Reavaliar em cinco
minutos. Se não houver reversão da hipoglicemia, repetir o processo.

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Paciente em torpor ou inconsciente e sem acesso venoso pérvio
Administrar uma ampola de glucagon por via IM ou SC.

Referências
1. ADS. American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes. 2022.
2. EVANS, K. Diabetic Ketoacidosis: update on management. Clinical Medicine, v. 19, n. 5:
396-8, 2019.
3. SBD. Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes. 2019-2020. ______. ______. 2022.
Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/.
4. VILAR, L.; et al. Endocrinologia Clínica. Guanabara Koogan. 7. ed., 2021.

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CONCLUSÃO

E aí, gostou deste material?

É normal que você se sinta inseguro na hora de manejar um paciente com diabetes e, mais
ainda, se precisar prescrever medicamentos com os quais nunca teve contato! E está tudo
bem! É muita informação para memorizar!

Este material foi produzido para contribuir com você nos momentos de dúvida ou
insegurança, assim como para que possa fazer aquela consulta rápida nos corredores do
hospital durante o internato ou enquanto espera o próximo atendimento do dia no seu
plantão.

A Medicina é repleta de conteúdo e, muitas vezes, você pode sentir alguma confusão no
meio de tanta informação. É normal que você esqueça um ou outro diagnóstico ou até
mesmo as condutas que precisa tomar quando realiza determinado diagnóstico. Não
somos máquinas, não é mesmo?

Por isso, criamos diversos materiais como este para que você possa ter um acesso fácil
e rápido a informações confiáveis, direto ao ponto e com o essencial sobre cada tema
abordado!

Para conferir nossa biblioteca digital, é só acessar a Academia Medway e conferir nossa
seção de Ebooks.

Esperamos que tenha gostado!

Estamos juntos até o final!

Equipe Medway

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SOBRE A MEDWAY

A Medway existe para ser a marca de confiança do Médico. Estamos sempre com você,
principalmente durante a jornada de aprovação para a residência médica.

Acreditamos que um ensino de qualidade faz toda a diferença na carreira do profissional


de medicina e impacta de forma positiva a assistência lá na ponta.

Só nos últimos 3 anos, aprovamos 3.600 alunos na residência médica em todo o Brasil,
sendo 61% deles no estado de SP. Em 2022, quase 50% dos aprovados nas instituições
mais concorridas de São Paulo (USP-SP, USP-RP, Unifesp, Unicamp e Iamspe) foram
alunos Medway.

Conseguimos isso unindo alguns elementos que são as nossas marcas registradas:
proximidade com os alunos, aulas e professores excelentes, estudo direcionado e
uma plataforma com mais de 41 mil questões comentadas, personalizável para suas
necessidades.

Seguimos focados em acompanhar você rumo à aprovação na residência médica dos


seus sonhos, seja na Bahia, em Minas Gerais, no Paraná, em São Paulo ou em instituições
espalhadas pelo Brasil (Enare).

Com a Medway, o R1 é logo ali!

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NOSSOS CURSOS

As melhores técnicas de organização e de estudos para as


provas de residência médica, incluindo dicas para direcionar o
seu mindset rumo à aprovação e dashboards para gerenciar o
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estatísticos, aulas específicas por instituição e simulados para
que você foque no conteúdo que realmente cai na prova que
vai prestar, seja em São Paulo, na Bahia, em Minas Gerais, no
Paraná ou Enare.

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Curso de preparação anual para a fase teórica das provas de
residência médica, incluindo as mais concorridas do estado de
São Paulo, como USP, Unifesp e Unicamp. Conheça as opções:
• Extensivo Base (1 ano): fundamentos teóricos para quem
está no 5º ano da faculdade e vai iniciar a sua preparação
• Extensivo São Paulo (1 ano): ideal para quem quer passar
na residência em São Paulo. Oferece acesso ao Intensivo São
Paulo, liberado a partir do segundo semestre
• Extensivo Programado (2 anos): a opção mais completa e ro-
busta para quem busca se preparar de forma contínua desde
o quinto ano. É composto por 3 cursos: Extensivo Base no pri-
meiro ano e Extensivo São Paulo e Intensivo São Paulo no
segundo
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online, banco com mais de 40 mil questões comentadas, si-
mulados originais, mapa de estudos, revisões programadas
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Disponíveis em todas as plataformas de áudio e também no
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com especialistas de diversas áreas que mandam o papo
reto sobre como é cada residência.
• Projeto R1: dicas de estudos, preparação e entrevistas
inspiradoras com quem já passou na residência.

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Blog da Medway

Informe-se com artigos sobre editais, concorrências, notas de


corte, atualizações nos processos seletivos, especialidades e
medicina de emergência.

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que você precisar, seja uma dica de estudos, um desabafo ou uma dúvida
em relação aos cursos ou ao conteúdo. Estamos com você até o final,
combinado?

Nós adoramos falar com você. Se quiser ou precisar, é só nos chamar no


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Grande abraço e sucesso na sua jornada!

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