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PARTE 1

Funções Reais de Variável Real

Curso: Lic. Engenharia Informática

Unidade curricular: Análise Matemática

Ano letivo: 2022/2023

Docente: Gonçalo Leitão

Coordenador(a) da área disciplinar: Graça Tomaz

Data: 20 de setembro de 2022

MODELO EA.076.01
FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL

I. Definição de função e noções básicas

Uma função é uma correspondência entre elementos de um conjunto A e elementos de


um conjunto B. Para que uma correspondência f seja uma função, a cada valor x do
conjunto A corresponde um e um só valor y do conjunto B.

Cada elemento x de A denomina-se por objeto e o elemento y de B, associado ao


elemento x de A, é denominado imagem de x. O conjunto A é designado por domínio e
B é designado por conjunto de chegada. Ao conjunto de todas as imagens chama-se
contradomínio.

Importa referir que uma correspondência para ser considerada uma função, todos os
elementos do domínio precisam estar associados a um único elemento do
contradomínio.

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Uma função f: A → B é classificada como injetiva se para quaisquer dois objetos
diferentes do seu domínio corresponderem imagens diferentes no seu contradomínio.
Isso quer dizer, quaisquer que sejam x1 e x2 diferentes e pertencentes ao domínio da
função então f(x1) é diferente de f(x2).

Função injetiva Função não injetiva

Uma função designa-se como sobrejetiva se todos os elementos do conjunto de


chegada forem imagem de pelo menos um elemento do domínio, ou seja, se o
contradomínio e o conjunto de chegada coincidirem.

Função sobrejetiva Função não sobrejetiva

Sempre que uma função satisfizer simultaneamente as duas condições, injetiva e


sobrejetiva, a função diz-se bijetiva.

II. Funções reais de variável real e suas propriedades

Uma função real de uma variável real é uma função que tem por domínio o conjunto
dos números reais IR ou um seu subconjunto e cujo contradomínio é também o conjunto
IR ou um seu subconjunto.

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Sendo f uma função real de variável real, a cada valor x do domínio corresponde um e
um só valor y do contradomínio que é dado pela expressão analítica y=f(x).

O gráfico que representa uma função real de variável real f é o conjunto de pontos
P=(x,y) tal que x pertence ao domínio de f e y é dado pela função f, ou seja, y=f(x). A
variável x designa-se por independente e y é a variável dependente.

Designa-se por zero de uma função f(x) a todo o valor da variável independente x que
tem por imagem o valor zero, isto é, o zero de uma função f é todo o valor de x,
pertencente ao domínio dessa função, tal que f(x)=0. Graficamente, o zero de uma
função é todo o valor das abcissas dos pontos de interseção do gráfico de f com o eixo
Ox.

Os zeros da função f são: x=0, x=3, x=6.

Notar que x=11 não é zero da função f porque esse valor não pertence ao domínio de f.

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Uma função f(x) diz-se que tem um extremo quando possui algum máximo ou algum
mínimo.

 f(a) é um máximo relativo ou local de f em x=a se f(a) ≥ f(x) para todo o valor x
pertencente ao domínio de f e na vizinhança de a. Neste caso, x=a diz-se
maximizante;
 f(b) é um mínimo relativo ou local de f em x=b se f(b) ≤ f(x) para todo o valor x
pertencente ao domínio de f e na vizinhança de b. Neste caso, x=b diz-se
minimizante;

A função possui um máximo local em x=a e um mínimo local em x=b.

Uma função f(x) de domínio D diz-se monótona num intervalo A, com A ⊂ D, se f for
crescente (em sentido lato ou estrito) ou decrescente (em sentido lato ou estrito) nesse
intervalo. Quando existe uma constante k tal que f(x)=k para todo o x pertencente ao
intervalo A, diz-se ainda que f é constante. Referir ainda que, quando uma função é
crescente (ou decrescente) em sentido lato num intervalo A, pode existir um intervalo
B, com B ⊂ A, onde a função é constante.

Função crescente em [0 , 2] e [8,12]; Função decrescente em [2 , 8]

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Uma função f(x) de domínio D diz-se limitada se existe um número real positivo L, tal
que para todo o valor x pertencente ao domínio de f, -L ≤ f(x) ≤ L. Estas duas
desigualdades podem ser escritas como |f(x)| ≤ L.

Função limitada (vermelho); Função ilimitada (azul)

Uma função f é considerada par quando f(-x)=f(x), qualquer que seja o valor de x
pertencente ao domínio de f.
Uma função f é considerada ímpar quando f(-x)=-f(x), qualquer que seja o valor de x
pertencente ao domínio de f.
Graficamente, uma função par produz simetria em relação ao eixo Oy, enquanto uma
função ímpar produz simetria em relação à origem do referencial cartesiano.

Função par Função ímpar

Uma função f: IR → IR diz-se periódica de período T (com T um número real) se


f(x+T)=f(x) para todo o x pertencente a IR. As funções trigonométricas são exemplos de
funções periódicas.

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III. Função composta e função inversa

Dada uma função g: A → B e uma função f: B → C, a função composta de f com g é


representada por fog (lê-se: f após g).
A função g vai do domínio A para o contradomínio B e a função f vai do domínio B ao
contradomínio C. Assim, o contradomínio da função g é o domínio da função f. A função
composta faz corresponder diretamente o domínio A ao contradomínio C.

Para determinar uma função composta aplica-se uma função no domínio da outra,
substituindo a variável x pela lei da outra função.
Considerando as funções,
f(x)=2x+3 e g(x)=5x,
então,
fog(x)=f(g(x))=f(5x)=2(5x)+3=10x+3

Sendo Dg e Df os domínios de g e de f respetivamente, então o domínio da função


composta, fog(x) será dado por:
Dfog={ x ∈ IR : x ∈ Dg Λ g(x) ∈ Df }

Dada uma função injetiva f: A → B, a função inversa de f troca os conjuntos e associa a


cada elemento de B com os de A. A função inversa é representada por f-1: B → A. Se
f(a)=b então f-1(b)=a.

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Para determinar a lei da função inversa é necessário inverter as variáveis, ou seja,
resolve-se a lei da função em ordem à variável independente x.
Considerando a função,
f(x)=2x+3
tem-se,
y=2x+3
então,
x=(y-3)/2

Comparando os gráficos de duas funções inversas, é sempre possível encontrar um eixo


de simetria entre elas.

IV. Funções elementares

 Função Afim: ( )= + ( a – declive b – ordenada na origem )

Representação gráfica

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 Função Quadrática: ( )= + +
A representação gráfica da função quadrática tem de considerar o sinal do
binómio discriminante ( b² - 4ac ) que é representado pela letra grega delta (∆).

Para determinar os zeros da função, caso existam, aplica-se a fórmula resolvente:


− ±√ −4
=
2
Notar ainda que,
- Se a > 0, a função tem um ponto mínimo;
- Se a < 0, a função tem um ponto máximo;

 Função Exponencial: ( )= (com a positivo e diferente de 1)

Representação gráfica

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Propriedades:
- Domínio IR; Contradomínio IR+;
- Não tem zeros; É injetiva; É monótona;

 Função logarítmica: ( ) = log (com a positivo e diferente de 1)

A função logarítmica e a função exponencial são mutuamente inversas, ou seja,


log = ⇔ =

Exemplos:

log 16 = 2 ; log / ( )=3

Representação gráfica

Propriedades:
- Domínio IR+; Contradomínio IR;
- Zero em = 1; É injetiva; É monótona;

Notação:
log = log
ln = log (número de Neper, e=2,71828185…)

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 Função seno: ( ) = sen

Representação gráfica

Propriedades:
- Domínio IR;
- Contradomínio [-1 , 1], isto é, -1 ≤ sen(x) ≤ 1, onde x é um número real;
- O período da função seno é 2π e corresponde à parte da curva do gráfico
no intervalo [0 , 2π];
- O seno é uma função ímpar, sen(-x)=-sen(x);

 Função cosseno: ( ) = cos

Representação gráfica

Propriedades:
- Domínio IR;
- Contradomínio [-1 , 1], isto é, -1 ≤ cos(x) ≤ 1, onde x é um número real;
- O período da função cosseno é 2π e corresponde à parte da curva do gráfico
no intervalo [0 , 2π];
- O cosseno é uma função par, cos(-x)=cos(x);

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 Função tangente: ( ) = tan

Representação gráfica

Propriedades:
- Domínio D = {x ∈ IR : x ≠ π/2 + kπ com k ∈ Z};
- Contradomínio IR;

- tan = ;

- A função tangente existe somente se cos x ≠ 0;


- O período da tangente é π e corresponde à parte da curva do gráfico no
intervalo ]-π/2 , π/2[;
- A tangente é uma função ímpar, tan(-x)=-tan(x);

 Função cotangente: ( ) = cot

Representação gráfica

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Propriedades:
- Domínio D = {x ∈ IR : x ≠ kπ com k ∈ Z};
- Contradomínio IR;

- cot = ; cot =
- A função cotangente existe somente se sen x ≠ 0;
- O período da cotangente é π e corresponde à parte da curva do gráfico no
intervalo ]0 , π[;
- A cotangente é uma função ímpar, cot(-x)=-cot(x);

 Outras funções trigonométricas:

- Secante: sec =

- Cossecante: cossec =

 Tabela dos ângulos notáveis:

 Fórmulas:
- Relação fundamental da trigonometria:

- Relações auxiliares da trigonometria:

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 Função arco seno: ( ) = arcsen

O arco seno é a função inversa da restrição principal da função seno, ou seja,


= arcsen( ) ⇔ sen( ) =

Representação gráfica

Propriedades:
- Domínio [-1 , 1]; Contradomínio [-π/2 , π/2];

 Função arco cosseno: ( ) = arccos

O arco cosseno é a função inversa da restrição principal da função cosseno, ou


seja,
= arccos( ) ⇔ cos( ) =

Representação gráfica

Propriedades:
- Domínio [-1 , 1]; Contradomínio [0 , π];

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 Função arco tangente: ( ) = arctan

O arco tangente é a função inversa da restrição principal da função tangente, ou


seja,
= arctan( ) ⇔ tan( ) =

Representação gráfica

Propriedades:
- Domínio IR; Contradomínio ]-π/2 , π/2[;

 Função arco cotangente: ( ) = arccot

O arco cotangente é a função inversa da restrição principal da função


cotangente, ou seja,
= arccot( ) ⇔ cot( ) =

Representação gráfica

Propriedades:
- Domínio IR; Contradomínio ]0 , π[;

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V. Limites de funções

Uma função f(x) tem limite L quando x tende para um ponto a de acumulação do
domínio da função, e escreve-se,

lim ( ) =

se dado um qualquer > 0, existe um > 0 tal que, para qualquer pertencente ao
domínio de , a condição abaixo seja satisfeita:

0<| − |< ⇒| ( )− |<

Graficamente, significa que, à medida que x se aproxima do número real a (mas x≠a) o
valor de f(x) fica cada vez mais próximo do número real L.

A definição de limite é ainda extensível aos casos em que → ±∞, representando-se


por,

lim ( )=
→±

LIMITES LATERAIS

- Se f(x) tende para um número real L quando x tende para a, mas por valores inferiores,
diz-se que L é o limite à esquerda de f(x) quando x tende para a e representa-se por,

lim ( )=

- Se f(x) tende para um número real L quando x tende para a, mas por valores superiores,
diz-se que L é o limite à direita de f(x) quando x tende para a e representa-se por,

lim ( )=

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Exemplos:

lim ( ) = −1 lim ( ) = −1
→ →

lim ( )=1 lim ( ) = +∞


→ →

lim ( ) = −1 lim ( ) = −1
→ →

lim ( )=1 lim ( )=0


→ →

TEOREMAS FUNDAMENTAIS

Teorema 1: O limite de uma função, quando existir, é único.

Teorema 2: O limite de uma função constante é a própria constante.

Teorema 3: Uma função tem limite num dado ponto se e só se os limites laterais
nesse ponto forem iguais.

ALGEBRA DOS LIMITES

Sejam duas funções ( ) e ( ) tais que:

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INDETERMINAÇÕES

O cálculo de limites pode conduzir a algum dos casos que são designados por
indeterminação, os quais terão de ser resolvidos. Os casos de indeterminação são:

Os casos de indeterminação podem ser resolvidos recorrendo a técnicas de factorização


ou de evidenciação, ou ainda, aplicando algum dos chamados limites notáveis.

ALGUNS LIMITES NOTÁVEIS

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Exemplos:

( )
a) lim =4 b) lim =2 c) lim =
→ → →

VI. Funções contínuas

Definição: Uma função real de variável real diz-se contínua no ponto x=a se e só se,

(i) ( ) está definida num intervalo aberto contendo a;


(ii) lim ( ) existe;

(iii) lim ( ) = ( ) ;

Nota: Se f(x) não é contínua no ponto x=a então diz-se que é descontínua em a ou que
a é um ponto de descontinuidade da função.

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Exemplo: Verificar que a função seguinte é contínua para x=2 quando k=-1.

Resolução: lim ( ) = (2) = 2 + 2 e lim ( )=0


→ →

então, 2 + 2 = 0 ou seja, = −1

Definição: Uma função real de variável real diz-se contínua se só se é contínua em todos
os pontos do seu domínio.

Definição: Uma função real de variável real diz-se contínua no intervalo ] a , b [ se e só


é contínua em todos os pontos desse intervalo.

Definição: Uma função real de variável real diz-se contínua no intervalo [ a , b [ se e só


se é contínua em todos os pontos do intervalo aberto e contínua à direita de
a, isto é, lim ( )= ( ).

Definição: Uma função real de variável real diz-se contínua no intervalo ] a , b] se e só


se é contínua em todos os pontos do intervalo aberto e contínua à esquerda
de b, isto é, lim ( )= ( ).

Teorema de Bolzano: Se f é uma função contínua no intervalo fechado [a , b] e k


compreendido entre f(a) e f(b), então existe um valor c
pertencente ao intervalo aberto ]a , b[ tal que f(c)=k.

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