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Motores de Corrente Continua © rotor tem uma baixa inéreia, 0 que possibilita arranques, paragens e variagdes de velocidade muito rapidas, assim como mudanga de sentido de rotagao num curto espaco de tempo. Comparativamente com 0 PM DC Motor, este tipo de motor possui um conjunto escovas / colector de menor dimensdo e de melhor qualidade, estando, por isso, estes drgios sujeitos a muito menos desgaste. Também o ruido eléctrico é menor, a velocidade mais suave e a indutancia mais baixa devido a nfo existéncia de ferro no nicleo. ‘A desvantagem do motor Coreless & 0 seu reduzido binario, pois o fluxo magnético, nao sendo o rotor magnético, no é concentrado e tem de atravessar um entreferro maior. Estes motores possuem baixa refrigeragao. O calor gerado nas espiras do rotor, dado que o motor niio possui nticleo de ferro, que dissipa grande parte do calor, quando o mesmo é sujeito a um esforco, aquece rapidamente e pode avariar. Os motores Coreless também so sensiveis ds pancadas. ‘Nos motores com iman no interior do rotor, a abertura entre o iman permanente e a carcaca é muito pequena, por isso, as espiras do rotor esto sujeitas a uma densidade de fluxo elevada, 0 que se traduz num motor mais eficiente. 1.3.4, APLICACOES Os motores Coreless destinam-se a accionamentos onde se pretenda um arranque rapido e velocidades elevadas. Tém grande aplicagiio em equipamentos de modelismo, actualmente equipando a nova geraciio dos servomotores de radiocomando. Também sio utilizados nos teleméveis para provocar a vibragao. Neste caso, o motor pode ter 0 seguinte aspecto: Figura 1.23 ~ Motor para vibragao (Vibrator Motor). Trata-se de um motor Coreless que possui acoplado um peso descentrado na extremidade do veio. Porque hé um desequilibrio no veio, devido ao peso, quando 0 mesmo roda provoca vibraciio. © ETEP ~Edigies Técnicas e Profissionais 21 Motores Eléctricos 1.4. MOTOR DE CC SEM ESCOVAS © motor de CC sem escovas (Brushless DC Motor ow BLDC Motor) & uma maquina eléctrica em que a operagio de comutagao, realizada mecanicamente pelo colector no motor de CC, é aqui efectuada por um comutador electrénico, dai este tipo de motor nao possuir colector nem escovas. 1.4.1. CONSTITUICAO. © motor de CC sem escovas possui um rotor com imanes permanentes, que podem estat colocados no interior ou no exterior do estator, ¢ um estator de material ferromagnético com os respectivos enrolamentos. Esta configuracao, relativamente ao motor de iman permanente, esta invertida. MOTOR INDUSTRIAL stator, a ‘Sensor H2 Rotor com apéios Figura 1.24 — Corte transversal de um motor industrial de CC sem escovas. O estator de um motor de CC sem escovas, para accionamentos industriais, é constituido por ldminas de chapas de ago empilhadas, com os enrolamentos colocados nos entalhes ¢ dispostos axialmente na periferia interna (ver figura seguinte). estator assemelha-se ao de um motor de indugdo, contudo, os enrolamentos sio distribuidos de forma diferente. Os sensores indicados na figura 1.19 detectam 0 campo magnético, sao de efeito de Hall’ destinam-se a informar um controlador electrénico sobre a posigao dos polos do rotor. 2 Os sensores, na presenga de um campo magnéti de tensio de efeito de Hall. . geram aos seus terminais uma tensfo eléctrica, designada © ETEP ~ Edigdes Técnicas ¢ Profissionais Motores de Corrente Continua Figura 1.25 — Estator de um motor industrial de CC sem escovas. Tipicamente, os motores industriais de CC sem escovas tém enrolamentos de trés fases ligadas em estrela, sendo cada fase constituida por varias bobinas respectivos pélos magnéticos. of 8 Figura 1.26 — Enrolamentos ligados em estrela. O rotor de um motor de CC sem escovas é constituido por iman permanente e pode possuir varios pares do pélo, alternadamente N-S. OuTROS MOTORES DE CC SEM ESCOVAS Rotor Estator Carcaga 20 6 Figura 1.27 — Motor para pequenos accionamentos com rotor (iman) no interior do estator. © ETEP ~ Edigdes Técnicas ¢ Profissionais 23 Motores Eléctricos Iman, Figura 1.28 ~ Estator e rotor (iman exterior ao estator) dum motor da ventoinha de PC. Nos motores das ventoinhas de PC, o estator é geralmente constituido por dois pares de polos € respectivas bobinas e o rotor formado por um iman circular (interior ou exterior a0 estator) com os pélos distribuidos de forma equitativa. A electronica do motor é instalada na placa do estator, existindo um sensor magnético de efeito de Hall destinado a detectar a posicaio dos pélos do rotor. Nas modernas ventoinhas, gracas aos elevados niveis de integracao é possivel colocar toda a electrénica, incluindo 0 sensor ¢ 0 driver do motor num ‘nico circuito integrado de quatro terminais. As verses evoluidas deste integrado disponibilizam ainda um sinal de saida que informa sobre o niimero de rotagGes e, para além da protecedo térmica, também detectam a paragem do rotor. As ventoinhas de PC mais baratas tém normalimente chumaceiras simples que se desgastam facilmente, originando folgas, As de melhor qualidade utilizam rolamentos e, devido a melhorias técnicas e novos lubrificantes, operam de forma quase silenciosa e com um maior tempo de vida. 1.4.2. PRINCiPIO DE FUNCIONAMENTO Ao contrario de um motor de CC com escovas, a comutago do motor sem escovas é realizada electronicamente. Para que o motor rode, os enrolamentos do estator tém de ser alimentados com tensao DC com uma determinada sequéncia. Deste modo, sao criados sequencialmente pares de pélos N-S no estator que atraem os pélos S-N do rotor, e este entra em rotagao. A sequéncia a aplicar tera de fazer rodar o rotor, num sentido ou noutro; para tal, é necessario conhecer-se a sua posig’o para determinar qual ou quais os enrolamentos que devem ser alimentados. ‘A posig&o do rotor é detectada, tipicamente, por sensores de efeito de Hall, em motores industriais, normalmente trés, dispostos no estator. Sempre que os polos magnéticos do rotor lhes passam perto, estes so actuados ¢ informam a electronica de comando da 24 © ETEP— Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Corrente Continua posigao do rotor. Baseado na combinagio dos sinais fornecidos pelos trés sensores (HI, H2 e H3), 0 controlador electrénico determina a sequéncia de alimentagao a aplicar aos enrolamentos (fases) do estator para que o rotor rode no sentido desejado ¢ a velocidade seleccionada, O circuito de controlo destes motores permite a regulagiio de varios parfimetros do motor, tais como: velocidade, sentido de rotagao e bindrio. ‘Na figura seguinte mostra-se um circuito de comando tipico de um motor Brushless com um estator com trés fases ligadas em estrela. | ri[] Re Hee Gf Figura 1.30 — Circuito de comando de ventilador de PC (IC-ATS276). © ETEP — Edicdes Técnicas e Profissionais 25 Motores Eléctricos Lee co =e aria | . 8 it ae Rigura 1.31 —Diagrama de blocos do IC-ATS276. 1.4.3. VANTAGENS / DESVANTAGENS Os BLDC apresentam uma baixa manutengdo, uma operagao silenciosa, um bom rendimento, uma vida Util longa, gama extensa de velocidades e, devido ao facto de nao possuirem escovas, um desgaste mecanico reduzido e interferéncias electromagnéticas (EMD) muito baixas. Também, porque possuem um rotor mais leve, constituido por imanes permanentes, a sua inércia, comparada com rotores em micleo de ferro, é menor. Isto melhora as caracteristicas de aceleragio, de travagem e a eficiéncia energética. ‘A necessidade de um controlador electronico para funcionarem é a sua desvantagem, uma vez que este aumenta 0 custo do motor. 1.4.4. APLICACOES ‘As aplicagdes dos motores sem escovas incluem entre outras: compressores, bombas, ventoinhas, maquinas de lavar, etc. Actualmente, estes motores, com o respective controlador, também dominam muitas aplicagdes existentes no computador: movimentagiio dos HDs, CDs, DVDs ¢ ventoinhas de refrigeracao. A eficiéncia elevada, baixa manutengio e tamanho pequeno destes motores torna-os especialmente indicados para aplicagdes em que a fiabilidade seja um ponto importante: aviagio, forgas armadas, instrumentos ¢ equipamentos portiteis, aparelhagem médica, instrumentagdo, automatizagao, etc. Devido as suas caracteristicas, os motores de CC sem escovas tém vindo a substituir os motores de CC com escovas em variadissimas aplicagdes. 26 — ©ETEP—Edigdes Técnicas e Profissionais 2. MOTORES DE INDUCAO Os motores de induc&o ou assincronos, conjuntamente com os motores sincronos, séo os principais motores de corrente alternada, Motor Motor »\ assincrono IV ne of ee sincrono iman- Espira erm Agulha magnétics: curto-circuito Figura 2.1 — Principio de funcionamento do motor sincrono ¢ assinerono, Nas experiéncias mostradas na figura, rodando manualmente o iman, cria-se um campo magnético, designado de girante, em torno da agulha magnética ou da espira em curto- -circuito colocada no interior dos pélos N-S do iman. Na experiéncia relativa ao motor sinerono, a agulha magnética é atraida pelos pélos do iman e entra em rotago A mesma velocidade do iman, diz-se que a agulha magnética roda a velocidade de sincronismo (n,). Se em vez da agulha magnética utilizarmos uma espira em curto-circuito no interior do iman, experiéncia relativa ao motor assincrono, a mesma, porque esta sujeita a variagio do fluxo que a atravessa, sera sede de circulagao de uma corrente induzida. Tal corrente, pela Lei de Lenz, tende a opor-se a causa que a produziu, cria um campo magnético que se opde a0 campo magnético girante do estator. Como os campos sao de sinal contrario, ha atracgao entre cles ¢ a espira roda, com um ligeiro atraso em relago ao campo girante do estator. De uma forma geral, uma méquina diz-se sincrona quando roda A velocidade de sincronismo, isto é, a velocidade do rotor ¢ igual 4 do campo magnético girante criado pelo estator. Uma maquina diz-se assinerona quando roda a uma velocidade diferente da velocidade de sincronismo. Estas duas maquinas podem funcionar como gerador ou como motor. No caso da maquina sincrona, temos, respectivamente, 0 gerador sincrono (alternador) ¢ 0 motor sincrono. No caso da maquina assincrona, a utilizagtio como gerador é pouco usual, a sua grande acéio é como motor assinerono. © ETEP — Edigies Técnicas e Profissionais 27 Motores Eléctricos 2. 1. MOTORES DE INDUCAO TRIFASICOS Enquanto nos motores convencionais de corrente continua o estator e o rotor necessitam de alimentagao, nos motores assincronos s6 0 estator € alimentado, o rotor recebe energia por indugio, dai, estes motores designarem-se por motores de indugio. O motor indugo trifasico (Three-Phase Induction Motor) ou motor assincrono trifasico é¢ actualmente utilizado na maioria dos accionamentos industriais. Trata-se de uma maquina robusta, de construgao simples, de rendimento elevado, de baixa manutengio, facilmente colocada em servigo, mais barata comparada com outras ¢ com bindrio de arranque que atende & maioria das aplicagées. Figura 2.2 — Motores de indugao triftisicos. Sendo a distribuigéo de energia eléctrica feita em corrente alternada e apresentando o motor de indugdo trifasico uma grande simplicidade, robustez e baixo custo, é 0 motor mais utilizado. Associado a um controlador electrénico de velocidade, ele é adequado para quase todos os tipos de accionamentos industriais. Os tipos basicos de motores de indugio sao os trifasicos e os monofiisicos. Os motores de indugao monofasicos, normalmente poténcias baixas, tém aplicacao, principalmente em accionamentos domésticos. Por outro lado, os motores de indugo trif’sicos sto utilizados na maioria dos accionamentos industriais. 2.1.1. CONSTITUICAO O motor de indugao trifasico industrial é constituido pelos seguintes elementos: 28 © ETEP ~ Edigdes Técnicas ¢ Profissionais Motores de Inducito Caixa de ligagées, Carcaga Estator Figura 2.3 — Constituigao do motor de indugao trifisico. O estator, parte fixa da maquina, é constituido por chapas ferromagnéticas empilhadas isoladas entre si para reduzir as perdas por histerese e as correntes de Foucault. As chapas possuem ranhuras nas quais so colocados os enrolamentos que so alimentados por um, sistema trifasico de correntes. Figura 2.4— Estator. Na sua forma mais simples, 0 estator de um motor trifisico ¢ constituido por trés enrolamentos dispostos a 120° uns dos outros, fase A, B ¢ C. Se cada fase der origem a um pélo magnético, figura 2.5, 0 campo magnético girante, no estator do motor, possui um par de pélos (2 pélos). Se em cada fase existirem duas bobinas ligadas em série, 0 motor possui dois polos magnéticos por fase, figura 2.6, possuindo entio, 0 campo magnético girante, dois pares de polos (4 pélos). Os motores trifisicos industriais usuais possuem dois ou quatro pélos, mas também se fabricam com maior numero pélos. © ETEP ~ Edigdes Técnicas e Profissionais 29 Motores Eléctricos Fase Figura 2.5 — Motor com dois pélos Figura 2.6 — Motor com quatro pélos. O rotor, parte mével da maquina, é constituido, tal como o estator, por pilhas de chapas finas isoladas umas das outras e ranhuradas. O rotor é apoiado no veio de rotagio do motor, que possui rolamentos nos extremos. Entre © estator e 0 rotor existe uma ligeira abertura de ar, designada por entreferro, que deve ser a mais pequena possivel para reduzir a relutancia magnética total do circuito assim aumentar a induc&io e, consequentemente, 0 fluxo magnético (0 ar é muito menos permedvel ds linhas de forea do campo magnetic que o ferro). A careaga, em ferro fundido, ago ou aluminio, destina-se a alojar 0 estator ¢ 0 rotor e também proteger 0s componentes do motor dos efeitos prejudiciais do ambiente em que o mesmo opera. Figura 2.7 — Estator alojado na carcaga. Os rolamentos, montados no eixo do rotor permitem que este gire. Uma ventoinha, montada também no eixo, forga a refrigeracdo do motor. O veio transmite a carga a energia mecinica produzida. 30 @ETEP ~ Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Inducéto 2.1.2. TIPOS DE MOTORES DE INDUCAO TRIFASICOS Dependendo dos elementos condutores colocados nas ranhuras do rotor, fabricam-se motores de rotor em curto-circuito ou em gaiola e motores de rotor bobinado. 2.1.2.1. MOTOR DE ROTOR EM GAIOLA. Caixa de ligagdes, Carcapa —Ventilador Enrolamento do estator, Tampa e suporte do rolamenta lado do velo Rolamento, t Suporte favo Tampa de Gaventiador — Yentllaeso Rotor em gaiala Rolamento Figura 2.8 — Constituigao do motor industrial de rotor em gaiola. E 0 tipo mais comum de motor, trata-se de um motor em que 0 rotor possui, dentro das ranhuras das chapas laminadas do nticleo, barras condutoras, dispostas paralelamente ligadas mecanicamente ¢ electricamente, entre si, nas extremidades, por an¢is condutores (curto-circuitos). Esta disposig&o forma uma espécie de gaiola de esquilo, ilustragdes seguintes, dai este tipo de motor também ser conhecido por motor de rotor em gaiola. Anel Barras Anel Figura 2.9 — Rotor em gaiola. Nos pequenos motores, a gaiola pode ser totalmente moldada, normalmente a aluminio. De referir que as barras da gaiola esto dispostas com uma determinada inclinagiio. A © ETEP —Eiigdes Técnicas e Profissionais 31 Motores Eléctricos finalidade é melhorar as propriedades de arranque e diminuir os ruidos, Um motor de rotor em gaiola é um motor de uma sé alimentacfio, nao necesita de colector nem de escovas. Nao possui, por isso, contactos eléctricos sujeitos a desgaste. Este facto tem como resultado um motor robusto ¢ com uma manuteng&o muito baixa. 2.1.2.2. MOTOR DE ROTOR BOBINADO Trata-se de um motor que possui nas ranhuras do rotor, em vez de barras condutoras, enrolamentos que sio ligados a anéis colectores colocados no veio. Estes anéis esto em contacto com escovas que, por sua vez, ligamos os enrolamentos do rotor ao circuito exterior. Enrolamentos *sTexminsis para ligar circuito exterior Figura 2.10 — Rotor bobinado. Este tipo de motor é, normalmente, de poténcia elevada e destina-se a arranques de cargas com elevado binario resistente e grande inércia. Permite arranques suaves ¢ progressivos recorrendo a resisténcias, chamadas rotéricas, ligadas, através das escovas ¢ dos ancis colectores, em série com o enrolamento trifisico do rotor. Enedementos [— pags abies f \ \ pf ty Nw 1 | Figura 2,11 ~ Motor de rotor bobinado, 32 © ETEP ~ Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Inducéo Estas resistencias, apés © arranque, vio sendo progressivamente diminuidas até que motor atinja a sua velocidade nominal. Deste modo, & possivel controlar o bindrio de arranque de uma forma suave. Apesar desta vantagem, para as mesmas especificagdes, o motor de rotor bobinado é mais caro e menos eficiente que o motor de rotor em gaiola, Por esta razao, este tipo de motor s6 é utilizado quando 0 motor de gaiola nfio consegue fornecer 0 binario de arranque pretendido. 2.1.3. PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO Nos motores assincronos trifasicos, 0 estator é formado por um conjunto de trés enrolamentos colocados de forma que entre eles existam angulos de 120°. Li L2 US Figura 2.12 — Ligacdo dos enrolamentos estatéricos. Alimentando os enrolamentos com um sistema de tensdes trifasico, sto criados trés campos magnéticos alternados sinusoidais (H1, H2 e H3), um por enrolamento. Tal como as correntes de alimentagio, estes campos esto desfasados de 120° entre si. Os camros magnéticos, sempre dirigidos segundo o mesmo eixo, so maximos quando a corrente nos enrolamentos também o é. A resultante destes trés campos ¢ um campo magnético girante no interior do estator. e Este campo girante, ao atravessar 0 rotor, provoca uma variagio de fluxo nos condutores da gaiola ou do rotor bobinado, gerando-se, de acordo com a lei de Faraday uma forga electromotriz induzida (f.e.m.) nesses condutores; # Como os condutores do rotor, quer no caso do rotor em curto-circuito quer no caso do rotor bobinado, estao em circuito fechado, os mesmos so percorridos por correntes induzidas. Estas correntes induzidas, de acordo com a lei de Lenz, tém um sentido tal que, pelas suas acces magnéticas, tendem a opor-se 4 causa que Ihes deu origem. Criam um © ETEP ~ Edig&es Técnicas ¢ Profissionais 33 Motores Eléctricos campo magnético em torno dos condutores do rotor cuja resultante € um campo que tende a opor-se ao campo magnético girante criado pelo estator. Para se opor, este campo tera de possuir pélos magnéticos contrarios; Ce j SS ‘Campo magnética Figura 2.13 — Correntes no rotor resultantes da lei de Lenz. © Como © campo do estator & girante, e, sabendo-se que pélos de nomes contrarios se atraem, os pélos do rotor so atraidos pelos pélos do estator € 0 rotor entra em rotacao, tentando acompanhar o campo girante do estator. O rotor nunca consegue alcancar a velocidade do campo girante porque este tipo de motor possui escorregamento. Como se pode constatar, o principio de fancionamento do motor de indugdo baseia-se em leis fundamentais do electromagnetismo: lei de Faraday, lei de Lenz e lei de Laplace. Lei de Faraday Sempre que através da superficie abragada por um circuito tiver ugar uma variagao de fluxo (db /dt), gera-se nesse circuito uma forca electromotriz induzida (e). Se 0 circuito Jor fechado, serd percorrido por uma corrente induzida, ag dt e Lei de Lenz O sentido da corrente induzida é tal que esta, pelas suas acgdes magnéticas, tende a opor- sed causa que lhe deu origem. Lei de Laplace Sobre um condutor rectilineo, percorrido por corrente, merguthado num campo magnético, & exercida uma forga electromagnética que é proporcional & inducéo magnética (B) a que ele este sujeito, & corrente (I) que o percorre e ao seu comprimento (1). F=BIl 34 © ETEP —Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Inducito Resumindo: PRINC{PIO DE FUNCIONAMENTO I ‘Campo magnético girante no estator ¥ © campo magnético induz f.e.m. no rotor ¥ Circulam correntes no rotor que criam um campo magnético ¥ Interacgio entre o campo girante do estator € 0 campo gerado no rotor ¥ O rotor roda 2.1.4. VELOCIDADE DO MOTOR ‘A velocidade sinerona (,) de um motor é aquela que corresponde a velocidade de rotagao do campo girante, Depende do niimero de pélos (p) do motor e da frequéncia (f) da tensio de alimentagdo. O seu valor é dado pela seguinte expressio: f n, — velocidade do campo girante (r-p.m.), (min) n, =120— J~ frequéncia da corrente (Hz) p—niimero de polos do motor ‘A velocidade nominal (7,) do motor de indugo € ligeitamente inferior 4 velocidade do campo girante (velocidade de sincronismo) e varia com a carga mecénica aplicada ao eixo. O motor de indugao possui escorregamento. Da expresso de n, conclui-se, por exemplo, que a velocidade sincrona de um motor de indugtio com quatro pélos, alimentado por uma fonte trifasica de 50 Hz, é de 1500 r.p.m. A velocidade nominal do motor é ligeiramente inferior devido a0 escorregamento. © ETEP ~ Ediigties Técnicas e Profissionais 35 Motores Eléctricos 2.1.5. PERDAS NO MOTOR Em funcionamento como motor, a maquina absorve poténcia eléctrica da rede e fornece poténcia mecanica no veio. Este € 0 modo de funcionamento mais comum da maquina assincrona As perdas que ocorrem num motor si, essencialmente, as seguintes: * Perdas eléctricas; © Perdas magnéticas; * Perdas mecinicas. As perdas eléctricas aumentam acentuadamente com a carga aplicada a0 motor. Estas perdas sao devidas ao efeito de Joule, 0s condutores dos enrolamentos aquecem devido ao aumento da corrente. Podem ser reduzidas aumentando a secgio dos condutores. As perdas magnéticas ocorrem nas laminas de ferro do estator e do rotor. Sao devidas ao efeito de histerese e as correntes induzidas (correntes de Foucault), variam com a densidade do fluxo e a frequéncia. Estas perdas podem ser reduzidas através do aumento da seceo do ferro no estator e no rotor, do uso de laminas delgadas e do melhoramento dos materiais ferromagnéticos. As perdas mecénicas sto devidas, essencialmente, ao atrito das partes méveis: rolamentos, ventilagao e perdas devido a oposi¢ao do ar. Podem ser reduzidas usando elementos com baixo atrito e aperfeigoando os sistemas de yentilacao. Motor i) Poténci Electric Oo Perdas Figura 2.14 —Perdas no motor O motor eléctrico transforma a poténcia eléctrica (P..) absorvida em poténcia mecanica (Prec) € uma pequena percentagem em perdas. As perdas, que so inerentes ao processo de transformagao, rendimento. io quantificadas através do O rendimento do motor de indugao trifisico € normalmente superior a 80%. 36 © ETEP — Edigbes Téenicas e Profissionais Motores de Indugdo A poténcia mecanica traduz-se, basicamente, no binario que 0 motor produz no veio do Pat " rotor. > Pmec Figura 2.15 — Poténcia eléctrica/mecanica, 2.1.6. PLACA DE CARACTERISTICAS A placa de caracteristicas dos motores industriais, fixada no corpo do motor, informa sobre o fabricante, sobre os valores nominais do motor e outros. ABB Mot ABB srarmonnsen 3GQA091101-ASA 6205(03 ie 6205/03] IP 55 He[Wmin [_ KW |_ cose 220-2408 [50 | 2850 [7.5 ‘380-420Y [50 | 2850 | 1 4ao-asoy_|60 | 3420 | 4. No 329 1111711 5 73 Figura 2.16 — Exemplo de placa de caracteristicas de motor trifésico. De referir que a poténcia (nominal) indicada na placa da maquina & a poténcia util fornecida pelo veio do motor (Prec) € no a poténcia absorvida (P.,). Para se determinar a poténcia eléctrica divide-se a poténcia mecanica pelo rendimento da maquina. 2.1.7. CAIXA DE LIGACOES A caixa de ligagdes dos motores industriais possui no seu interior, para os motores trifésicos de uma velocidade, uma placa com seis bores, marcados de acordo com a norma IEC 34-8 (EN 60034-8). Estes bornes destinam-se a ligar entre si os enrolamentos do motor ¢ efectuar a ligagao A rede eléctrica © ETEP ~ Edigoes Técnicas e Profissionais 37 Motores Eléctricos A disposi¢ao dos bornes permite, no motor trifisico, através de shunts, colocar facilmente © motor a funcionar com os enrolamentos ligados em estrela ou em triangulo, Os esquemas de ligacao esto, normalmente, desenhados na parte interior da tampa da caixa de ligagdes. Para além dos bomes dos enrolamentos e do borne para a ligagdo a terra, a caixa pode também conter ligagdes para sondas térmicas e outros dispositivos. Placa de Bornes — norma IEC 34-8 uz 1 vi wt Figura 2.17 — Placa de bornes Placa de Bornes (marcagio antiga) Figura 2.18 — Placa de bornes ~ marcagio antiga. Os condutores dos cabos que ligam na placa de bornes devem possuit seceaio adequada & corrente de alimentagao do motor € serem equipados com terminais adaptados a sec¢ao dos condutores e aos parafusos da placa, A ligacdo a terra do motor & obrigatéria e deve ser realizada de acordo com a regulamentagao em vigor no pais 38 ©ETEP~Edigdes Técnicas ¢ Profissionais Motores de Inducio 2.1.8. ARRANQUE DE MOTORES TRIFASICOS Para que 0 motor entre em funcionamento, o seu binério de arranque ter de ser superior a0 binério resistente (carga accionada + atritos). Iniciada a marcha, 0 motor aumenta progressivamente a sua velocidade, ao mesmo tempo que a corrente, elevada no arranque (cerca de 6 In), diminui gradualmente. O motor estabiliza a sua velocidade quando o bindrio motor iguala o binério resistente. Aumentando grandemente a corrente na fase de arranque, é necessario, excepto em motores de baixa poténcia que podem arrancar directamente a partir da rede eléctrica, utilizar-se um método que reduza a corrente absorvida durante o arranque do motor. De entre esses métodos, 0 mais utilizado, por ser simples e barato, é o arranque estrela— triangulo; todavia, nos dias de hoje, recorre-se cada vez mais a electronica para limitar a cortente de arranque, utilizando-se para tal arrancadores electronicos. 2.1.8.1, ARRANQUE ESTRELA-TRIANGULO Neste tipo de arranque, os trés enrolamentos do estator do motor de rotor em gaiola sao, na fase de arranque, ligados em estrela e de seguida em triangulo. Para ser possivel as duas ligagdes, os seis terminais dos enrolamentos tém de estar acessiveis na caixa de ligagdes. Caso estejam disponiveis apenas trés terminais, os enrolamentos j4 esto internamente ligados € nao € possivel realizar o arranque estrela— triangulo. A ligagdo dos enrolamentos em estrela e, de seguida, em triangulo permite a realizagao do arranque do motor em duas fases: 1. O motor arranca com os seus enrolamentos ligados em estrela, a corrente de arrangue € reduzida de 1/3 da corrente absorvida relativamente ao arranque em triéngulo. O bindrio de arranque também é reduzido de 1/3 do binario de arranque em triangulo. 2. Apés o arranque e atingida uma velocidade de cerca de 85% da velocidade nominal, os enrolamentos so ligados em triangulo, funcionando o motor a poténcia nominal. Com este processo consegue-se limitar a elevada corrente absorvida durante o arranque dos motores a valores que nao sejam prejudiciais A conservagao das instalacdes que os alimentam e atenuar perturbagdes no funcionamento de outros equipamentos ligados 4 mesma fonte de energia. Na rede de distribuigaio piblica portuguesa de BT, o valor maximo permitido da corrente de arranque de motores triftsicos em locais habitacionais ¢ de 60 A, quer a rede seja aérea ou subterranea. Em outros locais, o valor é de 125 A para a rede agrea e 250 A para a rede subterrénea. 0 arranque estrela-triangulo, na rede piiblica de BT, sé € possivel em motores cuja tenstio indicada na placa de caracteristicas, correspondente & ligagao em triangulo, seja >400 V. ©ETEP - Edigdes Técnicas ¢ Profissionais 39 Motores Eléctricos Praca de bores ut=u2=us=UclV3 P=V3Uclicosu. u 2. p11 ad Figura 2.19 — Ligaco dos enrolamentos em estrela. aca de Bornes. we w2Q v2 Meiz=13=n V3 o UtsU2=U3=Uc J j y UO vig) wi P=VBUclicosu u vu——__1_}_}__ w——_______1_|_ pe —___________|_ Figura 2.20 — Ligagdo dos enrolamentos em tridngulo. 2.1.8.2. ARRANQUE COM ARRANCADORES ELECTRONICOS Em aplicagdes em que 0 motor trabalhe A sua velocidade nominal pode-se utilizar, para realizar arranques suaves (soff start), atrancadores electrénicos. Estes eliminam os ineonvenientes dos métodos de arranque clissicos. Possuem normalmente controlo da corrente de arranque, regulagao do tempo de arranque e de paragem e regulagao do binario de arranque. Os arrancadores evitam os choques mecénicos (saltos repentinos), como acontece no arranque estrela~iridngulo, na aceleragao das méquinas, aumentando consideravelmente os intervalos de manutengo, o que contribui para uma maior vida ditil dos equipamentos. A redugao de custo dos arrancadores tem vindo a permitir a expanso do seu uso nos mais variados tipos de aplicagdes. Por outro lado, quando ha necessidade de se regular a velocidade de um motor de indugao, utilizam-se variadores de velocidade. Estes controlam a frequéncia ¢ a tensio aplicadas a0 motor, permitindo o arranque suave e a regulago da velocidade durante o funcionamento do motor. 40 ©ETEP—Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Indugéo 2.1.8.3, INVERSAO DE MARCHA A inverso do sentido de rotagao, com os enrolamentos ligados em estrela ou em triéngulo, € obtida por troca de duas das fases que alimentam 0 estator do motor. Esta troca implica que o campo girante rode em sentido contrario. we v2 TRIANGULO TRIANGULO ESTRELA ESTRELA. i ™=™ Figura 2.21 — Inverstio de marcha. 2.1.9. APLICAGOES O motor de indugdo trifasico de rotor em gaiola é actualmente o motor mais usado na industria, dada a sua grande robustez, baixo prego e arranque facil (pode mesmo ser directo, em motores de baixa poténcia). Também, porque a sua alimentago ¢ facil, através de corrente alternada trifaisica, e 0 facto de no possuir colector nem escovas, niio produz faiscas nem desgaste destes drgios, tendo por isso uma manuteng&o muito reduzida. Associados a controladores electrénicos de velocidade, os motores de indugo trifasicos tendem a assumir um papel de primazia nos accionamentos eléctricos industriais. O accionamento de maquinas ¢ equipamentos mec4nicos, por motores eléctricos, 6 um assunto de extraordinaria importancia econdmica. No campo de accionamentos industriais, avalia-se que entre 70% e 80% da energia eléctrica consumida, pelo conjunto de todas as indistrias, seja transformada em energia mecanica através de motores eléctricos. Destes, os mais utilizados sao os motores de induct trifasicos em gaiola. © ETEP — Edigdes Técnicas e Profissionais 4L Motores Eléctricos 2.1.10. MOTORES TRIFASICOS ALIMENTADOS EM MONOFASICO Em locais onde se disponha de equipamentos com motores de inducdo trifésicos mas a alimentaggio seja monofisica é possivel, com o auxilio de condensadores, colocar a funcionar os motores trifisicos, desde que a sua poténcia seja pequena, a partir da rede monofasica (230 V). A utilizagao do condensador origina, tal como se pode constatar no capitulo referente aos motores de indugdo monofisicos, um campo girante que vai possibilitar a rotagao do motor, Dispondo 0 motor triffisico de trés bobinas, com seis bornes acessiveis, existem varias hipoteses de ligago das mesmas para se obter um funcionamento de acorde com os principios do motor monofisico, sendo uma solugo eficiente a que se mostra a seguir. Placa do bornes Ut U2 WE Wt Vira? zn L N Figura 2.22 - Motor com seis bornes acessiveis. Ligando desta forma as trés bobinas do motor trifasico, obtém-se dois enrolamentos; um principal formado pela bobina V1-V2 e outro auxiliar formado pelas outras duas bobinas ligadas em série. Ligando um condensador permanente, de valor adequado, em série com 0 enrolamento auxiliar, como se mostra, temos uma ligagéio e um funcionamento idéntico ao motor monofasico de condensador permanente. Como no motor monofisico, a inversdo do sentido de rotagao é efectuada por invers sentido da corrente num dos enrolamentos. fio do A seguir mostram-se outras ligagSes que podem ser realizadas em motores com trés ou seis bornes acessiveis na caixa de ligagdes. Caso 0 motor possua trés bornes, internamente, os enrolamentos podem estar ligados em tridngulo ou em estrela. 42 ©ETEP ~Edigdes Técnicas e Profissionais, Motores de Indugéo LigagSo em triangulo Placa de bornes utwe 2a0v viu2 wt, v2 Figura 2.23 — Ligag%o em tridngulo, funcionamento monofiisico. O sentido de rotagiio do motor pode ser invertido mudando 0 terminal do condensador que esté ligado & rede (ver figuras seguintes): Placa de bornes Placa de bornes w2Q v2Q vat v4 ut wit Rotaco num sentido Rotagao em sentido contrario Figura 2.24 —Ligagdo em tridingulo, inversio de marcha. © EVEP ~ Edigdes Técnicas Profissionais 43 Motores Eléctricos Ligagao em estrela ws Placa de bores. shovi u2,vaw2, 4 Figura 2.25 — Ligacdo em estrela, funcionamento monofisico. Placa de bornes Placa de bornes. Rotace num sentido Rotagao em sentido contrario Figura 2.26 — Ligagao em estrela, inversio de marcha. 2.1.10.1. DIMENSIONAMENTO DO CONDENSADOR (valores empiricos) Cada kW de poténcia do motor, para a tensio da rede de 230 V, requer um condensador permanente de, aproximadamente, 60 1F a 70 UF (cada | cv necesita de um condensador de, aproximadamente, 50 uF). Atengao! ¢ Em todas as montagens apresentadas 0 condensador utilizado é do tipo permanente e, devido aos efeitos de sobretenses a que esta sujeito, em consequéncia de fenémenos de 44 ©RTEP - EdigGes Técnicas e Profissionais Motores de Inducdo ressonancia, para tenses de trabalho de 450 V~; © Apesar de, actualmente, os condensadores possuirem uma resisténcia interna de descarga, antes de qualquer intervengo no motor ou no automatismo, deve-se assegurar que o condensador esta descarregado. Notas: # As solucées apresentadas podem nao funcionar bem com determinados motores. Nesse caso, é necessario experimentar outros valores de capacidade; ¢ Alimentando motores trifasicos com tensio monofasica de 230 V, o binario de arranque € significativamente reduzido relativamente ao bindrio em trifasico. No caso do binario ser insuficiente, pode-se, dentro de determinados limites, para conseguir 0 arranque do motor, aumentar 0 valor da capacidade do condensador; Num motor trifisico, funcionando com alimentagao monofasica, a sua poténcia desce relativamente a poténcia com alimentagio trifasica. Cuidado! Ter em conta que ao ligar-se um motor trifasico em monofasico, a corrente de alimentagaio e nos enrolamentos do motor, dependendo da forma como estes forem ligados, pode aumentar relativamente a ligago em trifasico, mesmo estando o condensador bem dimensionado. Ha assim necessidade de se reajustarem as proteccdes do motor. Também, devido a fenémenos de ressonincia, que podem ocorrer, a corrente nos enrolamentos pode aumentar de forma significativa. Antes da ligagao definitiva de um motor trifisico alimentado em monofésico, deve-se ensaiar a montagem em carga e efectuar as leituras necessarias, caso contrario, os enrolamentos do motor podem ser sujeitos a um aquecimento exagerado e, consequentemente, a sua deterioragao. © ETEP — Edigdes Técnicas ¢ Profissionais 45 Motores Eléctricos 2.2. MOTORES DE INDUCAO MONOFASICOS Os motores de indugao monofisicos (Single-Phase Induction Motors) sao assim chamados porque os seus enrolamentos so alimentados por tensiio monofisica (230V). Estes motores so menos utilizados na industria que os seus homélogos trifisicos, mas ocupam um espago importante nos motores de pequena poténcia. Os motores de indugdo monofasicos sao a alternativa aos motores de inducdo trifasicos onde no se dispde de alimentacao trifasica, como é, geralmente, o caso de instalagdes residéncias ¢ comércio. Tém aplicagao, por exemplo, em: méquinas de lavar, frigorificos, bombas de Agua, yentiladores, ar condicionado, sistemas de frio, ferramentas eléctricas, etc. Figura 2.27 — Motor de indugao monofasico industrial. Para a mesma poténcia, relativamente ao motor trifasico, o motor de indugao monofasico ¢ mais volumoso, apresenta menor bindrio de arranque e nominal, possui rendimento e factor de poténeia inferiores e, para as mesmas poténcias, um prego mais elevado. Também possui vibragdo mecdnica (ruido) superior. Contrariamente ao motor trifasico, que arranca directamente a partir da rede eléctrica, 0 motor monofasico necessita de um enrolamento auxiliar para arrancar por si. 46 OETEP ~ Edigdes Técnicas ¢ Profissionais, Motores de Inducao 2.2.1. CONSTITUICAO © motor monofiisico tem uma constituigtio interna semelhante 4 do trifisico, com a diferenca de que o estator, na sua forma mais simples, tem apenas um enrolamento, formado por duas bobinas alimentadas por fase (L) e neutro (N) da rede. Figura 2.28 — Estrutura simplificada do motor de indug30 monofisico. O rotor é constituido por um micleo ferromagnético do tipo gaiola de esquilo, nao sendo o rotor bobinado utilizado nestes motores. 2.2.2. PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO Por ter somente uma fase de alimentag&o, este motor, quando se alimenta o estator, a corrente alternada produz um campo magnético que, em vez de ser girante como nos motores triffisicos, é pulsante. Este campo magnético, embora a sua intensidade varie e mude de sentido, esta sempre na mesma direcedo. Havendo variacao do fluxo nos condutores do rotor, geram-se, de acorde com a lei de Faraday, forgas electromotrizes induzidas (f.e.m.) nesses condutores. Como os condutores esto em curto-circuito, os mesmos sao percorridos por correntes induzidas. Estas correntes induzidas, de acordo com a lei de Lenz, tém um sentido tal que, pelas suas acgdes magnéticas, tendem a opor-se & causa que Ihes deu origem. Ou seja, no rotor vai ser gerado um campo magnético que tende a opor-se ao campo magnético do estator. Para se opor, os dois campos tém de possuir polos contrarios. Como 0 campo do estator ndo roda, 0 campo do rotor, que se Ihe opée, também nao. O rotor vibra mas néio roda, Contudo, da teoria dos campos electromagnéticos sabe-se que um campo magnético originado por uma corrente alternada sinusoidal é equivalente a dois campos girantes de iguais valores rodando em sentido contrario ¢ 4 mesma velocidade, sendo o binario do motor igual 4 soma dos bindrios de cada um dos campos girantes. Ver figura seguinte. ‘© ETEP — Edigdes Técnicas e Profissionais 47 Motores Eléctricos Bindro sentido norarto Binatio resultante 7 Binario sentido anti-horatio Figura 2.29 — Curvas dos binarios do motor de indugio monofisico, Note-se que, com o motor parado (n=0), 0 bindrio resultante (soma do bindrio sentido horario com o binario sentido anti-horario) é zero, os dois bindrios tem o mesmo valor mas sinais contrérios, logo, © bindrio de arranque (bindrio resultante) ¢ nulo, 0 motor niio arranca. Contudo, se manualmente colocarmos o rotor a rodar num dos sentidos de rotagiio (n#0), hd um desequilibrio nos binérios, conforme se pode verificar pelo grafico, ¢ 0 rotor, se a inércia ¢ 0 atrito no forem elevados, aumenta gradualmente a sua rotagao até atingir a velocidade de funcionamento. © rotor pode, por isso, rodar num sentido ou no outro, conforme o sentido do impulso inicial. Esse impulso, na pritica, nfo é manual, ele é originado por um segundo enrolamento, designado por enrolamento auxiliar, ligado ou néo em série com um condensador e disposto, num motor de 2 pélos, fisicamente a 90° do enrolamenio principal. ip=Ipsenwt igelasentwtsu) 280 Enrolamento auxliat Enrolamento principal Figura 2.30 — Enrolamento principal e enrolamento auxiliar, 48 GO ETEP—Edigdes Técnicas e Profissionais, Motores de Inducéto A finalidade deste segundo enrolamento é provocar um desfasamento entre as correntes do enrolamento principal (Ip) e do enrolamento auxiliar (la), de forma que o campo magnético resultante seja girante e diferente de zero em n=0, possibilitando assim o arranque do motor. O desfasamento entre as correntes no enrolamento principal ¢ auxiliar € conseguido pela diferenca construtiva dos dois enrolamento e, também, com a ajuda de um condensador. Com este processo de arranque o motor funciona como se possuisse uma alimentagao biffasica, com correntes desfasadas entre si de um Angulo <90°. Quanto maior o Angulo de desfasagem entre as correntes no enrolamento principal e auxiliar, maior seré o binario do motor. Figura 2.31 — Exemplo de desfasamento de 90° entre as correntes. Estando a corrente no enrolamento auxiliar em avango, significa que 0 campo magnético por ela gerado tem o seu valor maximo antes do valor maximo do campo magnético do enrolamento principal. Nesta situagdo, em cada alternfncia, os méximos dos pélos magneéticos estatéricos, de cada um dos enrolamentos, acontecem em momentos diferentes. Se 08 enrolamentos forem alimentados com as correntes mostradas na figura 2.31, primeiro acontece 0 maximo do campo magnético do enrolamento auxiliar e, 90° apés 0 maximo do campo magnético do enrolamento principal. Com a inversio das alternancias, os maximos dos campos magnéticos acontecem pela mesma ordem, mas os pélos invertem a polaridade. ‘A resultante destes dois campos magnéticos é um campo girante que roda num dos sentidos, em n=0 possui bindrio, 0 que torna possivel o arranque do motor. Ver figura seguinte. © ETEP ~ Edigdes Técnicas e Profissionais 49 Motores Eléctricos 135 180° 25° s i az = Figura 2.32 — Funcionamento do motor monofésico considerando as correntes desfasadas de 90°. Apés 0 arranque, 0 enrolamento auxiliar pode ser desligado, seguindo 0 rotor © campo girante do enrolamento principal que roda nesse sentido. Na fase de arranque, o motor funciona como se a sua alimentagio fosse bifasica, Na pritica, para além do enrolamento auxiliar, outros elementos podem ser utilizados para se 50 © ETEP —Edigdes Técnicas e Profissionais

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