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Motores de Inducé&o obter um desfasamento entre as correntes do enrolamento principal e do enrolamento auxiliar. Dependendo da técnica utilizada, os motores de indug’o monofasicos podem ser classificados do seguinte modo: * Motor de fase dividida (Split Phase — SP); © Motor de condensador de arranque (Capacitor Start — CS ou Capacitor Start Induction Run — CSIR); © Motor de condensador permanente (Permanent Split Capacitor — PSC); © Motor de dois condensadores (Capacitor Start Capacitor Run ~ CSR ou CSCR); » Motor de pélos sombreados (Shaded Pole). Esta lista nfo esgota 0 tipo de motores monofisicos e, dentro de cada um dos tipos indicados, existem diferengas. Estas dependem das marcas e dos modelos. 2.2.3. MOTOR DE FASE DIVIDIDA (Spit PHASE) O motor de fase dividida ou repartida € 0 motor de indugéo monofasico mais simples. O seu estator, tal como noutros motores monofasicos, ¢ constituido por dois enrolamentos: um enrolamento principal (ruaning), que recebe energia durante todo o tempo de funcionamento do motor, e um enrolamento auxiliar (starting), que se destina a criar 0 campo girante, na fase de arranque, que possibilite a rotag4o do motor. Estes enrolamentos, num motor de dois pdlos, formam entre si um Angulo de 90° eléctricos. Num motor de quatro pdlos, formam um Angulo de 45°. ispositive de sbertura Enrolarnento prinoipal 2a0¥ Enrolamento ausiliar Figura 2.33 — Esquema de ligagdo do motor de fase dividida © ETEP ~ Edigdes Técnicas e Profissionais St Motores Eléctricos © enrolamento principal, possui mais espiras e fio de maior secgdo que 0 enrolamento auxiliar, tem menor resisténcia e maior ou idéntica reactancia indutiva (X,), sendo o quociente reactancia/resisténcia (X/R) mais elevado no enrolamento principal. Estando os enrolamentos ligados em paralelo com a rede, consegue-se, desta forma, que a corrente no enrolamento auxiliar (Ia) esteja em avango (cerea de 30°) em relagito a corrente no enrolamento principal (Ip). Figura 2.34 — Desfasamento entre as correntes nos enrolamentos, Figura 2.35 — Diagrama vectorial do motor de fase dividida, O desfasamento conseguido entre as correntes, embora seja pequeno, é suficiente para colocar em funcionamento motores com baixo binario de arranque. Apés 0 arranque, uma vez que a velocidade passa a ser diferente de zero, 0 enrolamento auxiliar pode ser desligado, seguindo o rotor um dos campos girantes do enrolamento principal. Graficamente, a situago pode ser vista na figura seguinte. 52 ©ETEP —~Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Inducéto M(N.m) Abertura Enr. principal+Enr. auxiliar Ent. auniliar MasMn Figura 2.36 — Binario do motor de fase dividida. Quando o motor atinge entre 70% a 80% da velocidade de sincronismo, o enrolamento auxiliar pode ou nao ser desligado, dependendo do motor. Se o enrolamento auxiliar estiver dimensionado para actuar apenas no arranque, ele tera de ser desligado, caso contrério, como é formado por fio fino, pode queimar. O desligar do enrolamento auxiliar é efectuado por um dispositivo mecdnico (interruptor centrifugo colocado no eixo do motor), ou electricamente, através de relé de intensidade, de relé electrénico ou de outro processo. A inversio do sentido de rotagao do motor é realizada por inversao do sentido da corrente no enrolamento principal ou no enrolamento auxiliar, nao em ambos. O Angulo de desfasamento que se pode obter entre as correntes do enrolamento principal ¢ do enrolamento auxiliar 6 pequeno e, por isso, estes motores tém baixo bindrio de arranque (Ma=Mn) e elevada corrente de arranque (Ia~6 In). Devido a estas caracteristicas, 08 motores de fase dividida so utilizados em aplicagdes que necessitem de baixo bindrio de arranque, tais como: compressores de frigorificos, ventiladores, exaustores, esmeriladoras, etc, 2.2.4. MOTOR DE CONDENSADOR DE ARRANQUE (CAPACITOR START) O binario do motor de fase dividida esta limitado pelo angulo maximo de desfasagem que se consegue entre as correntes no enrolamento principal ¢ auxiliar, Para aplicagdes que exijam um maior bindrio de arranque é necessario aumentar 0 angulo de desfasagem, uma ‘vez que este é proporcional ao binario do motor. O aumento do Angulo de desfasagem é conseguido com a utilizagéio de um condensador em série com 0 enrolamento auxiliar. Se 0 condensador, apés 0 arranque do motor, for desligado, o motor designa-se de “Motor de Condensador de Arranque”. O enrolamento auxiliar deste tipo de motor € normalmente formado por fio de didémetro ‘© ETEP — Edges Técnicas e Profissionais 53 Motores Eléctricos menor e com maior niimero de espiras que o enrolamento principal. Nesta situagdo, possui, relativamente ao enrolamento principal, valor éhmico mais elevado. Apés 0 arrangue, o enrolamento auxiliar deve ser desligado, ele esta dimensionado para funcionar apenas durante alguns segundos, caso contrario queima. Dispositive Cy de abertura i—. iamento principal Ens 230 Enrolamento susan Figura 2.37 — Esquema de ligagéio do motor de condensador de arranque. © motor arranca como um motor bifisico, tal como 0 motor com fase dividida e, quando a velocidade atinge entre 70% a 80% da velocidade de sincronismo, poucos segundos apds 0 arranque, um dispositivo desliga 0 enrolamento auxiliar ¢ 0 condensador, passando o motor a funcionar como monofisico. © condensador permite um maior Angulo de desfasagem entre as correntes dos enrolamentos principal ¢ auxiliar (cerca de 90°), proporcionando, deste modo, um bindrio de arranque muito superior a0 do motor de fase dividida. u TR Jw 90° Figura 2.38 — Diagrama vectorial do motor de condensador de arranque Estando 0 condensador de arranque (Star?) bem dimensionado, este motor tem o binario de arrangue que mais se aproxima do bindrio do motor triffsico. Com 0 condensador correcto, © bindrio de arranque mais que duplica em relag&o ao valor do bindrio nominal. 54 © ETEP—Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Indugéo M(N.n) Enr. principal +Enr, ausiliar com Ca ‘. Abertura <7 Enr. auxiliar \ Maz2Mn a ne n(n Figura 2.39 — Bindrio do motor de condensador de arranque. Apés abertura do circuito do condensador, o funcionamento do motor € idéntico ao do motor de fase dividida. Como este motor apresenta um elevado bindrio de arranque (Ma>2 Mn) e uma corrente de arranque relativamente baixa (Ia©5 In), ele pode ser utilizado numa grande variedade de aplicagdes, como: compressores, bombas de Agua, equipamentos rurais, ferramentas ¢ maquinas industriais em geral. Para inverter o sentido de rotagao do motor, troca-se as polaridades da alimentagao do enrolamento auxiliar ou do enrolamento principal (nfio de ambas). 2.2.5. MOTOR DE CONDENSADOR PERMANENTE (PERMANENT SPLIT CAPACITOR) Neste tipo de motor, o enrolamento auxiliar e 0 condensador ficam permanentemente ligados. 53 ot § Be 230u o Enrolamento: auxiliar Figura 2.40 — Esquema de ligacaio do motor de condensador permanente, © ETEP ~ Edigées Técnicas ¢ Profissionais 55 Motores Eléctricos O condensador ¢ do tipo permanente (Run), possui dieléctrico em polipropileno metalizado e, tal como no motor anterior, destina-se a criar um campo girante, na fase de arranque, que possibilite a rotagao do motor. © condensador € dimensionado para a corrente em condigdes normais de funcionamento, como a corrente de arranque é muito superior 4 corrente nominal, um condensador dimensionado para a corrente nominal deixa de o ser para a corrente de arranque. Por isso, © condensador permanente tem valor inferior ao condensador de arranque. Possuindo 0 condensador permanente valor inferior ao condensador de arranque, o binario de arranque deste motor também ¢ inferior ao do motor anterior, mas, como o condensador fica permanentemente ligado, 0 motor apresenta um razoavel bindrio nominal, um factor de poténcia methorado e uma menor vibragao. Este motor pode ter os dois enrolamentos praticamente iguais, sendo, neste caso, o condensador o tinico responsével pela desfasagem entre as correntes. A inversio do sentido de rotagao realiza-se como no motor com condensador de arranque. Construtivamente, o motor de condensador permanente tem uma manutenc%io muito baixa, uma vez que nao utiliza interruptor centrifugo ou outro dispositive para desligar o enrolamento auxiliar. Como 0 binatio de arranque do motor niio é elevado, ele é utilizado em equipamentos que nao necessitem de um grande esforgo no arranque, tais como: ventiladores, exaustores, electrobombas, compressores, serras eléctricas, esmeriladoras, etc. 2.2.6. MOTOR DE Dols CONDENSADORES (CAPACITOR START CAPACITOR RUN) Este motor possui condensador de arranque ¢ condensador permanente, ligados como se mostra a seguir: op Dispositive de sberturs o! & 230y - Enrolamento auniliar Figura 2.41 - Esquema de ligagdio do motor de dois condensadores. 56 © ETEP —Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Indugdo Para ultrapassar a situagao de um s6 condensador nao ser capaz de criar as condigées ideais, no arranque € no funcionamento normal, o motor utiliza dois condensadores: um de maior capacidade, utilizado apenas na fase de arranque (Start), e outro de menor capacidade (Run), para utilizagiio no funcionamento normal Os dois condensadores, na altura do arranque, esto ligados em paralelo, a capacidade total & igual & soma da capacidade do condensador permanente com a capacidade do condensador de arranque. Apés 0 arrangue, 0 condensador de arranque (Ca) € desligado ¢ 0 condensador permanente (Cp) fica ligado em série com o enrolamento auxiliar. A inversio do sentido de rotago faz-se por troca da polaridade da alimentagaio de um dos enrolamentos. Este motor apresenta um bom bindrio de arranque e um bom bindrio nominal, sendo normalmente utilizado em compressores, transportadores, electrobombas, etc. MCN.) Enr, principal +Enr. auxiliar com Ca @ Cp - Abertura S77 Ene ausiliar | Maz2,5Mn } a ne ntmin') Figura 2,42 — Binario do motor de condensador de arranque € permanente. Possuindo 0 motor dois condensadores e dispositive de abertura do circuito do condensador de arranque, 0 seu custo é mais elevado. Not: A regulagao de velocidade nos motores de indug’o monofisicos, tal como nos motores de indugio trifisicos, s6 & possivel por variag%o da frequéncia da corrente de alimentaciio ou por alteracao do ntimero de pares de pélos do estator. © ETEP ~ Edigdes Técnicas ¢ Profissionais 37 Motores Eléctricos 2.2.7. MOTOR DE POLOS SOMBREADOS (S74DED PotE MoTor) Este motor, também designado por motor com espiras de sombra, motor de campo distorcido, ou motor de pélo dividido, tem um processo de arranque diferente dos motores estudados atras. Espiras, Rotor Estator Espiras Enrolamento Figura 2.43 — Motor de pélos sombreados. Espiras de cobre: Aree sbragada pelas espiras: —|~ Area néo abracada pelas espiras Estator ——- Espiras de cobre Enrolemento Alimentagaio Figura 2.44 — Vista em corte do motor. 58 OETEP—Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Inducéto O motor possui um estator com um enrolamento e um rotor em gaiola, que pode ser totalmente moldado. Nao tem condensador de arranque nem dispositivo de abertura do enrolamento auxiliar, 0 que torna a sua construgao eléctrica e mecanicamente muito simples, sendo, por isso, um motor de baixo custo. Na sua constituigao possui uma ou duas espiras (anéis) de cobre em curto-circuito (espiras de sombra) implantadas, diametralmente opostas, numa pequena Area de cada pélo do estator. O fluxo criado no estator (@), pelo seu enrolamento, divide-se em duas partes; 0 que nao atravessa as espiras (®,) e 0 que as atravessa (2), ver figura 2.45. © fluxo ©», ao passar no interior das espiras, origina nestas uma corrente induzida, cujo efeito magnético tende a opor-se 4 causa que Ihe deu origem (lei de Lenz), ou seja, é criado no interior das espiras um fluxo (®,) com sentido que tende a contrariar as variagdes do. fluxo ®3, Como consequéncia, o fluxo que passa no interior das espiras atrasa-se relativamente ao fluxo principal. Quando o fluxo indutor () aumenta, figura 2.45, a corrente induzida nas espiras tem um sentido que ctia no seu interior um fluxo que vai diminuir 0 fluxo indutor (©)-©.). Na parte n&io abracada pela espira, o fluxo é reforgado (®,+®,). Depois, quando 0 fluxo indutor diminui, figura 2.46, a corrente eléctrica induzida cria no interior da espira um flaxo que vai reforcar o fluxo indutor (+0), sendo o fluxo no exterior da espira diminuido (©)-®,). Figura 2.46 — Fluxos nos pélos do estator — diminuigao de ©, © ETEP ~ Edigdes Técnicas e Profissionais 59 Motores Eléctricos ae" ose [_a7oe | 360" O° 48" a0* 136") 180" Figura 2.47 — Corrente de alimentagio ¢ fluxo magnético. Sendo o motor alimentado pela corrente indicada na figura anterior e sendo o fluxo proporcional a corrente, de 0° a 90° hé um aumento de fluxo, 0 que provoca a diminuigao do campo magnético na zona abracada pela espira e 0 aumento fora dessa zona. O campo magnético, no pélo, é mais intenso fora da zona da espira do que na zona da espira. Em 90°, 0 fluxo atinge o seu valor maximo, nesse momento n&o ha variaco, ndo sendo, por isso, na espira, gerado fluxo. O campo magnético n&o sofre distorgdio, distribui-se uniformemente por todo 0 pélo. De 90° a 180° o fluxo diminui, © que provoca um reforco do campo no interior da espira € uma diminuigdo fora dessa zona. O campo magnético no pélo é mais intenso na zona da espira do que fora dessa zona. Sendo 0 motor alimentado com corrente alternada sinusoidal, na alternancia seguinte 0 efeito repete-se, mudando o fluxo de sentido. Com este processo, em cada pélo do estator, criam-se fluxos ligeiramente desfasados entre si. A resultante destes fluxos origina um campo magnético que se desloca ao longo das faces dos pélos do estator, ver figura seguinte. Deste modo, consegue-se criar um pequeno campo girante mas suficiente para movimentar motores de fracos binarios. O sentido de rotagtio do motor de pélos sombreados depende do lado em que se situam as espiras ¢, consequentemente, este motor apresenta um tinico sentido de rotagao. Quanto ao desempenho, estes motores apresentam baixo bindrio de arranque, baixo rendimento, baixo factor de poténcia e elevado escorregamento. Os motores com pélos sombreados s&o fabricados para pequenas poténcias e, pela sua simplicidade, robustez e baixo custo, so ideais em aplicagdes onde os requisitos de binario de arranque sejam baixos: pequenas bombas de égua, nomeadamente a que retira a agua do tambor da maquina de lavar, compressores ventiladores, desumidificadores, exaustores, unidades de refrigeragao, secadores de roupa ¢ de cabelo, etc. 60 G ETEP —Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Indugao Figura 2.48 — Campo girante do motor de pélos sombreados, de acordo com a figura 2.47. © ETEP —Edigdes Técnicas e Profissionais 61 Motores Eléctricos 2.2.8. CONDENSADORES PARA MOTORES 2.2.8.1. CONDENSADORES DE ARRANQUE (Cota) Os classicos sao fabricados em tecnologia "electrolitica", nao sto polarizados e apresentam normalmente a forma de tubo de aluminio. Os modemos fabricam em tecnologia de filme de polipropileno metalizado com dieléctrico seco e auto-regenerante. Os condensadores de arranque esto dimensionados para funcionarem apenas no momento de arranque, so fabricados para servigo intermitente e com especificagdes préprias para arranque de motores. Motores de 1,1 kW € normal possuirem um condensador de arranque entre 50 WF € 100 UF, com tensao de trabalho de 450 V~. 2.2.8.2. CONDENSADORES PERMANENTES (Cun) Sao condensadores secos auto-regenerantes em tecnologia de filme de polipropileno metalizado. Estes condensadores sio para uso continuo e para tensdes de trabalho, normalmente, de 450 V~. Motores de 1,1 kW é normal possuirem um condensador permanente entre 30 pF e 40 uP, com tensao de trabalho de 450 V~. Cuidado! Apesar de, hoje em dia, os condensadores possuirem normalmente uma resisténcia interna de descarga, antes de qualquer intervengao no motor ou no automatismo, deve-se assegurar que os condensadores estiio descarregados. 2.2.9. DISPOSITIVOS DE LIGACAO DO ENROLAMENTO AUXILIAR Sio dispositivos mecanicos, electromecdnicos ou electrénicos, que ligam o enrolamento auxiliar durante a fase de arranque do motor. 2.2.9.1. INTERRUPTOR CENTRIFUGO Dispositivo mecénico acoplado a0 veio do motor. Quando 0 motor atinge uma determinada velocidade (70% a 80% da velocidade nominal), um contacto eléctrico, actuado mecanicamente pela forga centrifuga, afasta-se e abre o circuito do enrolamento auxiliar. O interruptor centrifugo € tipicamente usado em motores industriais. 62 ©ETEP—Bdigdes Técnicas ¢ Profissionais Motores de Inducito 2.2.9.2. RELE DE INTENSIDADE Relé cuja bobina é ligada em série com o enrolamento principal do motor, sendo o contacto do relé ligado no circuito do enrolamento auxiliar. ‘Ao ligar-se 0 motor, a elevada corrente de arranque faz com que o relé atraque e feche 0 contacto que alimenta o enrolamento auxiliar (em série com o condensador, se este existir). O motor arranca, a corrente baixa ¢ o relé desatraca por acco de mola, abrindo 0 contacto do enrolamento auxiliar. © relé de intensidade € utilizado, tipicamente, nos motores dos compressores dos frigorificos. av ° Enrolarnento ‘uor Figura 2.49 — Esquema de ligagao do relé de intensidade. 2.2.9.3. RELE ELECTRONICO Dispositivo electrénico em que o elemento de ligagdo do enrolamento auxiliar ¢ um triac. Ao ligarse 0 motor, 0 triac torna-se condutor e mantém-se nesse estado por breves segundos. Existem modelos de relés electronicos em que © tempo de ligacdo pode ser regulado pelo utilizador. 2.2.9.4. TERMISTOR PTC Trata-se de uma solugdo que utiliza uma resisténcia com coeficiente de temperatura positivo (PTC) em série com o enrolamento auxiliar. A elevada corrente de arranque, a0 atravessa-la, aquece-a, fazendo com que a sua resisténcia, num curto intervalo de tempo, passe de um valor éhmico muito reduzido para um valor dhmico bastante elevado, TEP ~ Edigdes Técnicas ¢ Profissionais 63 Motores Eléctricos desligando, praticamente, 0 enrolamento auxiliar. Contudo, este intervalo de tempo é suficiente para o motor realizar o arranque. Apés 0 arranque, a corrente na PTC baixa mas é suficiente para a manter numa temperatura em que a sua resisténcia continua elevada. Tendo a PTC um valor elevado de resisténcia, a corrente que passa no enrolamento auxiliar é baixa. PTC, Enrolarento principal 230 Enrolamento ausiliar Figura 2.50 —Esquema de ligagao da PTC. 2.2.10. PLACA DE CARACTERISTICAS A placa de caracteristicas, fixada no corpo do motor, informa, nomeadamente, sobre 0 fabricante e sobre os valores nominais do motor. Motors CLF P55 IEC 34-1 We 055 cos G 055 Va 240 TS80 AL rin 1365, He 50 | ae CRU 2 va @ Figura 2.51 ~ Exemplo de uma placa de caracteristicas de motor monofisico. De referir que a poténeia (nominal) indicada na placa da maquina é a poténcia til fornecida pelo veio do motor (Pz) € no a poténcia absorvida (P.). Para se determinar a poténcia eléctrica, divide-se a poténcia mecfnica pelo rendimento da maquina. 64 OETEP—Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Inducéto 2.2.11. CAIXA DE LIGACOES (Motor industrial) A caixa de ligacédes possui no seu interior, tanto para os motores trifisicos de uma velocidade como para os motores monofiisicos actuais, uma placa com seis bornes. Estes bornes destinam-se a ligar entre si os enrolamentos do motor e efectuar a ligaciio & rede eléctrica. A marcagao dos bornes deve ser feita de acordo com a norma internacional TEC 34-8 (EN 60034-8): enrolamento principal (running), identificado com as letras "UI" e "U2", € enrolamento auxiliar (starting), com as letras "Z1" ¢"Z2". Contudo, alguns fabricantes utilizam nos motores monofisicos as placas de bornes dos motores trifasicos ¢ as letras destes. A utilizacio de placas com seis bores, nos motores monofisicos, possibilita, de uma forma simples, por alterago de shunis, colocar facilmente o motor a funcionar num sentido de rotagao ou noutro. Os esquemas de ligacao esto, normalmente, desenhados na parte interior da tampa da caixa de ligagdes. Para além dos bornes respeitantes aos enrolamentos, a caixa também possui um borne para ligacéo & terra. Esta ligago & obrigatoria e deve ser realizada de acordo com a regulamentagaio em vigor no pais. Os condutores dos cabos que ligam na placa de bornes devem possuir secg%io adequada a corrente de alimentagao do motor e serem equipados com terminais adaptados a sec¢’io dos condutores ¢ aos parafusos da placa. 2.2.12. LIGAGAO DE Morores MonorASICos 2.2.12.1. MOTORES DE CONDENSADOR PERMANENTE (Cp) viguz /\ ow wef men ui Principal wi | | ua N Figura 2,52 — Placa de bornes do fabricante CEG, rotacéio num sentido, © ETEP — Edicdes Técnicas e Profissionais 65 Motores Eléctricos Rot. B cp —t-—_ w2 pu2 wa uz v2 6. ® 4 Gy v Auli cp G_ ® j va Gn Prince cD ce ws ut N La N Figura 2.53 — Placa de bornes do fabricante CEG, rotagiio em sentido oposto. Nas figuras anteriores, porque o fabricante utiliza placas de bornes de motores triffsicos, 08 terminais das bobinas tém as seguintes designagdes: ¢ Enrolamento principal: U1 — WI ¢ Enrolamento auxiliar: —V1—W2 2.2,12.2. MOTORES DE CONDENSADOR PERMANENTE (Cp) E DE ARRANQUE (Ca) FQ) Rot. A wag Gi Principal I I ua N Figura 2.54 — Placa de bones do fabricante CEG, rotagaio num sentido, 66 ©ETEP ~ Edigdes Técnicas e Profissionais Motores de Inducio int Ca si cp WE uz ca —- a vu. Principal wa. | | a N Figura 2.55 — Placa de bornes do fabricante CEG, rota¢ao em sentido opesto. A ligacao do condensador de arranque pode ser efectuada com um interruptor de comando manual ou automaticamente com interruptor centrifugo, relé de intensidade, relé electronico ou através de um automatismo. 2.2.12.3. MOTORES ANTIGOS Em motores antigos € possivel que as placas possuam quatro bornes (figura seguinte) com as letras indicadas. Auxiliar’ a< @ e fed G Figura 2.56 ~ Placa de bornes antiga. © ETEP ~ Edigdes Técnicas e Profissionais 67 Motores Eléctricos Nestes motores, 0 condensador est ligado internamente ao enrolamento auxiliar. Para efectuar a ligagéo a rede, deve-se identificar primeiro os terminais dos enrolamentos, do condensador e do interruptor centrifago. Cuidado! © condensador dos motores de monofisicos pode reter carga, que se manifesta nos terminais do motor, mesmo que 0 motor esteja parado. Notas: * A inversio do sentido de rotagao dos motores monofasicos, em geral, faz-se trocando a alimentagdo do enrolamento auxiliar. Esta operagio s6 deve ser efectuada apés paragem do motor. Utilizando-se para esta operagao um automatismo, a mesma é feita, por contactores, apés se retirar os shunts da placa de bornes. © Na rede de distribuicaio piblica de BT, o valor maximo permitido da corrente de arranque de motores monofiisicos em locais habitacionais é de 45 A, quer a rede seja aérea ou subterranea. Em outros locais, 0 valor é de 100 A para rede aérea © 200 A para rede subterranea. Esta limitagdo destina-se a atenuar perturbagées na rede que, de outro modo, podiam ser fonte de problemas para o funcionamento de outros equipamentos a ela ligados. 68 — CETEP ~Edigdes Técnicas e Profissionais 3. MOTOR UNIVERSAL O motor universal (Universal Motor) é uma maquina eléetrica similar a um motor série de CC mas projectada para operar em corrente alterna monofisica. Figura 3.1 — Motor universal, 3.1. CONSTITUICAO © motor universal possui um estator ¢ um rotor com os enrolamentos ligados em série através do comutador (colector). _——— Le— a (om \| ee \ JA oe eee” Neel Figura 3.2 — Constituig4o do motor universal. 3.2. PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO Quando o enrolamento do estator ¢ alimentado, cria um campo magnético que atravessa 0 enrolamento do rotor. Como © enrolamento do rotor é alimentado em série com o enrolamento do estator, os condutores que esto situados sob um mesmo polo do estator © ETEP ~ Edigdes Técnicas e Profissionais, 69 Motores Eléctricos sdo percorridos por correntes com 0 mesmo sentido, sendo, portanto, segundo a lei de Laplace, sujeitos a forgas com um mesmo sentido. Os condutores situados sob 0 outro pélo silo sujeitos a forcas iguais mas com sentido oposto. As duas foreas criam um binario que faz girar o rotor (ver capitulo 1.1.2 — funcionamento do motor de CC). Como a alimentacio alternada sinusoidal, em cada periodo ha inversio do sentido do campo magnético do estator ¢ da corrente no rotor, contudo, como os enrolamentos do estator ¢ do rotor estéo ligados em série, a inversio acontece em simultineo, logo, o bindrio nao inverte e a maquina roda continuamente no mesmo sentido. Para reduzir as perdas por correntes de Foucault e, deste modo, baixar 0 aquecimento, neste motor, é obrigatério que o seu circuito magnético seja laminado. © motor universal, quer funcione em corrente continua, quer funcione em corrente alternada, possui reacg’o magnética do induzido. Esta reacedio distorce 0 campo magnético indutor e origina o aparecimento de arcos eléctricos entre as laminas do colector e as escovas. Para minimizar este efeito, que degrada o colector e principalmente as escovas, em algumas maquinas, existe, em série com o enrolamento do estator e do rotor, um terceiro enrolamento, designado de enrolamento de compensagiio. A finalidade, tal como no motor DC, € criar um campo magnético contrario ao campo de reaceaio do induzido, repondo o campo inicial. O motor com este enrolamento designa-se de motor série monoféts seguinte). ico compensado (figura Enralament sompensacao Indutor on _t Induzido Alimentagia oo] Figura 3.3 — Esquema de ligagao do motor série compensado. Embora a poténcia do motor universal seja, normalmente, baixa, a velocidade de rotagao em vazio pode atingir valores bastante elevados (varios milhares de r.p.m.). A inversio do sentido de rotagao é obtida por troca da polaridade da tensio de alimentagaio do enrolamento do estator ou do rotor, nao de ambos. O controlo da velocidade do motor é obtido por variagio da tensfo aplicada: quanto maior a tensdo, maior a yelocidade. Este controlo pode ser realizado electronicamente por um circuito de variagaio do Angulo de fase ou por um circuito de PWM (Modulacao de Largura de Impulso). 70 © ETEP —Edigoes Técnicas e Profissionais Motor Universal 3.3. APLICACOES Os motores universais nfo so adequados para aplicagdes que requeiram velocidade constante, conforme se pode verificar pela curva do binario do motor (figura seguinte) M n Figura 3.4 — Curva do binario em fungao da rotagao. Curva idéntica 4 do motor série de CC, a relagdo entre o binario e a velocidade ¢ inversa, quando uma cresce a outra diminui, a velocidade depende da carga. Assim, para bindrios muito pequenos, 0 motor tende a “embalar” (atingir velocidades muito elevadas), podendo 08 enrolamentos do rotor ser destruidos pela forca centrifuga. Por esta razfio, nao devem ser utilizados motores deste tipo quando ha a possibilidade, durante o funcionamento, de o veio ficar sem carga. Em méaquinas pequenas 0 perigo nao existe porque os atritos jé constituem bindrio resistente suficiente para que tal nao acontega. O custo do motor universal é relativamente baixo e, como é compacto e fornece um bom binario de arranque, tem grande utilizagao em situagdes onde é necessario alto binario & baixo peso, como é 0 caso de ferramentas eléetricas portateis: berbequins, aparafusadoras, serras, etc. Também tem grande utilizagio em electrodomésticos como: aspiradores, secadores de cabelo, trituradoras, varinhas magicas, moinhos de café, etc. Actualmente, também sao utilizados por alguns fabricantes no accionamento do tambor das maquinas de lavar. ‘A sua grande desvantagem & possuir colector e escovas, érgiios sujeitos a desgaste e, consequentemente, susceptiveis a avarias. © ETEP — Edigdes Técnicas ¢ Profissionais 71 4. MOTORES SINCRONOS Este tipo de motor designa-se de sincrono porque o rotor roda 4 mesma velocidade do campo magnético girante do estator, roda 4 velocidade de sincronismo. Esta é a principal caracteristica do motor sincrono. ‘A velocidade, tal como no motor de indugao triftsico, s6 depende da frequéncia da tensio de alimentagao e do nimero de pélos do motor. Os motores sincronos de poténcias elevadas, ilustragdo seguinte, podem atingir valores de varios milhares de kW. Devido as suas caracteristicas de funcionamento, sao utilizados, maioritariamente, em grandes accionamentos industriais. Figura 4.1 — Motor sinerono de poténcia elevada. O motor sincrono, como qualquer maquina eléctrica rotativa, é constituido por um estator e por um rotor. © estator ¢ formado por um enrolamento que cria pélos magnéticos quando alimentado, sendo o rotor constituido por iman permanente ou electroiman. Neste tiltimo caso, o rotor é alimentado por tensdio continua externa. Fabricam-se motores sincronos com poténcias de fracgio do Watt (fracciondt valores de milhares de kW. s) até 4.1. MOTOR SINCRONO MONOFASICO Os motores sincronos monofisicos (figura seguinte) fabricam-se, normalmente, para pequenas poténcias. ©ETEP — Edigdes Técnicas e Profissionais 73 Motores Eléctricos Figura 4.2 — Motores sincronos de pequena poténcia. 4.1.1. PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO, © motor sincrono monofisico (Synchronous Single-Phase Motor), tal como o motor de indugiio monofisico, necessita de um artificio para arrancar, uma vez que 0 seu bindrio de arranque é nulo. Na figura seguinte representa-se esquematicamente, na sua forma basica, um motor sincrono monofasico com rotor de iman permanente. Alimentando os enrolamentos do estator com tens&o alternada monofisica, 0 rotor fica sujeito a um campo magnético varidvel que, embora mude de sentido, tem sempre a mesma direcg4o. Nestas circunstancias, o rotor néio roda, apenas vibra. in i Figura 4.3 — Motor monofasico, Caso o rotor seja colocado manualmente em movimento, dependendo do impulso. 0 motor pode ser levado a rodar num sentido ou noutro. © motor sincrono monofisico por si s6, ndo tem sentido de rotagdo definido e, como qualquer outro motor sincrono, para funcionar, o seu rotor teré de alcangar a velocidade de sineronismo. 74 © ETEP —Edigdes Técnicas e Profissionais Motores Sincronos Para ser possivel o arranque do motor € necessirio criar-se um campo girante. Este ¢ obtido, tal como nos motores monofisicos, por meio de pélos sombreados ou de um. enrolamento auxiliar colocado a 90° eléctricos com o enrolamento principal. Outro processo que se pode utilizar, em motores de poténcia reduzida, é a assimetria no campo magnético do estator. Os motores sincronos monofiisicos de baixa poténcia possuem um rotor de iman permanente. Alimentando-se o estator e utilizando-se um dos processos de arranque atras referidos, © motor arranca e sineroniza com um dos campos girantes da alimentagao monofisica. © pélo N do iman € atraido pelo pélo S do campo girante ¢ vice-versa, funcionando o motor a velocidade sinerona. Os motores sincronos monofiisicos também podem rodar em ambos os sentidos. Na figura 4.4 mostra-se um processo de inversio de marcha. ul wl Figura 4.4— Motor monofisico com dois sentidos de rotacao. Neste caso, 0 estator é constituido por dois enrolamentos iguais, sendo o condensador utilizado para provocar o desfasamento entre as correntes nos enrolamentos, criando assim © campo magnético girante necessirio a rotagdo do motor, num sentido ou nowtro, dependendo da posigaio do comutador. Electricamente, pode-se variar a velocidade de rotacéo utilizando-se um conversor de frequéncia. Mecanicamente, utilizando-se engrenagens, € possivel reduzir a velocidade de rotacao do motor. Figura 4.5 — Motor sincrono com engrenagens (motor do prato de microondas). TEP — EdigOes Técnicas e Profissionais 75 Motores Eléctricos 4.2. MOTOR SiNCRONO TRIFASICO 4.2.1. PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO O motor sincrono trifasico (Synchronous Three-Phase Motor) possui um estator semelhante ao do motor de inducdo trifisico; trés enrolamentos, fases A, B e C, dispostos com Angulos de 120° entre si. Estes enrolamentos, tal como estudado para 0 motor de indugao trifasico, criam um campo magnético girante quando alimentados por um sistema de tensées trifisico. Se o rotor do motor for constituido por um iman permanente, e a inércia do proprio e da carga aplicada ao veio for pequena, 0 iman entra em rotag&o e alcanga a velocidade do campo girante. LA nan semaene LS sy, Campo magnetica girante B Figura 4.6 — Motor sincrono trifasico de iman permanente. O iman tem o seu proprio campo magnético que interage com o campo magnético girante do estator. O pélo N ¢ atraido pelo pélo S e vice-versa, os polos do rotor “engrenam” com 0s polos do campo girante do estator ¢ rodam em sincronismo com este. Este tipo de motor designa-se por: Motor Sincrono Trifisico de Iman Permanente (PM Three-Phase Synchronous Motor). © utilizado em movimentagdes que ndo exijam grande bindrio e apresenta como vantagem o facto de rodar com velocidade constante e uma baixa manutengio, uma vez que nao possui escovas nem colector. Em motores de média/alta poténcia, 0 rotor de iman permanente é substituido por um rotor formado por um enrolamento — enrolamento de campo — com varios pélos magnéticos (electroimanes). Esta disposig%o possibilita a criagdo de fortes pélos magnéticos no rotor. Possuindo estes motores arranque auténomo, 0 rotor do motor, para além dos electroimanes, possui uma estrutura idéntica 4 do motor de indugao de gaiola, sendo o enrolamento da gaiola, neste caso, designado por enrolamento amortecedor. Este tipo de motor sincrono necessita de uma fonte de corrente continua, designada de excitatriz, para alimentar o enrolamento de campo que magnetiza os pélos do rotor. 76 © ETEP ~Edigdes Técnicas e Profissionais Motores Sincronos 4.2.2. TIPOS DE EXCITATRIZES O enrolamento do rotor pode ser alimentado através de um sistema mecénico com escovas (excitatriz estética) ou através de um sistema sem escovas (brushless) e com controlo electrénico (excitatriz girante), 1. Excitatriz com escovas (estatica) Trata-se do sistema classico. Neste tipo de excitatriz, o enrolamento de campo & alimentado através de anéis colectores e escovas. Este sistema, uma vez que possui contactos deslizantes, est4 sujeito a desgaste e avarias. Também exige uma manutengdio mais frequente para limpeza do pé resultante do desgaste das escovas. ‘Anéis colectores Figura 4.7 — Motor sincrono com escovas. 2. Excitatriz sem escovas (brushless) Motores sincronos com sistema de excitago brushless possuem uma excitatriz girante, normalmente localizada num compartimento na parte de tras do motor. A excitatriz funciona como um gerador de corrente alternada, O seu rotor esta localizado no eixo do motor e é formado por um enrolamento trifasico. O estator fixado a carcaga € formado por um enrolamento, com polos alternados N-S, que é alimentado por uma fonte de tensiio continua externa. A tensiio trifésica gerada no rotor de excitatriz é rectificada e utilizada para alimentar o enrolamento de campo do rotor do motor sincrono. Rodando o rotor da excitatriz solidério com 0 rotor do motor sincrono, nao ha necessidade de escovas nem de colectores para transferir a energia de um para o outro. Com este proceso, controla-se a tensdo de alimentagao do enrolamento de campo do rotor do motor sincrono, através da tensao aplicada no estator da excitatriz. Esta solugdio evita 0 uso de escovas ¢ de anéis colectores na constituigao do motor, 0 que se traduz numa maquina com uma baixa manutengao. © ETEP — Edigoes Técnicas e Profissionais. 77 Motores Eléctricos 4.2.3, ARRANQUE DO MOTOR Devido a inércia do rotor e ao binario resistente da carga, 0 motor, para a frequéncia da rede (50 Hz), nao & capaz de arrancar e alcangar a velocidade do campo girante, tem necessidade de um sistema auxiliar que o leve até proximo da velocidade de sincronismo. De entre os sistemas de arranque temos: * Arranque como motor de indugiio trifaisico (arrangue assincrono); © Arranque com a ajuda de um motor auxiliar; © Arranque utilizando um conversor de frequéncia. O principal método para o arranque do motor sincrono ¢ 0 da partida assincrona, Para efectuar este arranque, © motor, para além do enrolamento de campo, possui gaiola de esquilo no rotor. Neste método, 0 motor arranca como motor de indugdo trifésico, dai a gaiola de esquilo, e acelera até ao ponto onde o binario do motor iguala 0 bindrio resistente da carga, tipicamente este ponto ocorre em torno de 95% da velocidade de sincronismo. Nesse momento, a corrente de excitagdo é aplicada ao enrolamento do rotor, sendo entdo criados nestes polos magnéticos N-S. O rotor sincroniza com o campo girante do estator e 0 motor passa a funcionar como sincrono. Para além de possibilitar 0 arranque do motor, a gaiola também efectua o amortecimento das oscilagdes no modo de funcionamento sincrono. Nos motores com escovas, para ligar a tens%io DC ao rotor, utiliza-se um relé. Nos motores brushless, & 0 proprio circuito electrénico que se encarrega dessa tarefa. O enrolamento da gaiola do rotor, para além de actuar no arranque do motor, também garante estabilidade na velocidade perante variacdes bruscas de carga. Independentemente das variagdes da carga e desde que esta se mantenha dentro da limitacao do bindrio maximo do motor, a rotagao do motor sincrono mantém-se constante. Isto acontece porque os pélos do rotor permanecem “engrenados” ao campo magnético girante produzido pelos enrolamentos do estator. Desta forma, 0 motor sincrono mantém a velocidade constante, tanto nas situagdes de sobrecarga como nos momentos de queda de tensao. O sentido de rotagdo do motor sincrono trifisico é obviamente o do campo girante imposto pela tenséio de alimentacao do estator. Para inverter o sentido de rotago, tera de se inverter o sentido do campo girante. Para isso, basta trocar a ligagdo de duas das fases que alimentam o estator. 78 ©ETEP - Edigs Motores Sincronos Figura 4.8 — Rotagao num sentido. Figura 4.9 — Rotacao em sentido contrario. O motor convencional com electroiman no rotor tem como desvantagem, relativamente ao motor com iman permanente, a necessidade de uma fonte de tensio continua. A vantagem & possuir um bindrio muito superior. Relativamente ao motor assincrono, um motor sincrono roda a velocidade constante, ¢ esta néio varia com a carga, como acontece com o motor assincrono. 4.2.4, APLICACOES Devido as suas caracteristicas, os motores sincronos s&o maioritariamente utilizados em sistemas de movimentagao que necessitem de rotagaio a velocidade constante. Os motores sincronos monofasicos so utilizados em accionamentos de baixo binario, tais como: pequenas bombas, ventiladores, periféricos informaticos, ete. Os grandes motores sincronos, devido as suas caracteristicas, sao utilizados em accionamentos industriais, nomeadamente na industria pesada. Sao bastante eficientes em aplicagdes que necessitem de bindrio elevado, corrente de arranque baixa, velocidade constante com variagdes da carga ¢ alto rendimento. O motor sincrono também possibilita o melhoramento do factor de poténcia das instalagdes onde ¢ utilizado. Se 0 rotor do motor for "sobreexcitado”, isto 6, se 0 campo magnético do rotor for superior a um determinado valor, 0 motor comporta-se como um condensador, podendo, por isso, ser utilizado para correce’o do factor de poténcia em instalacdes industriais. © ETEP —Edigdes Técnicas ¢ Profissionais 79

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