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~ Edwcagdo ambiental ~ Reflexes eprtieascontempordnces ‘Aeandre de Gosia Patil (8) = = Democratizapio egestio ambien = Em busca do derenolinen sustentével ivimeno a 5 paar do paradigma ecoldgico ~ Reflexdes éti loséficas para o Dados Internacionais de Catalogasio na Pul (Cimara Brasileira do Livro, SP, Bras Leff, Enrique 01-2964 cD-3042 {Indices para catélogo sistematico: Enrique Leff DEDALUS - Acervo - FE ANN 20500023658 SABER AMBIENTAL Sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder Tradugo de je Endlich Orth DA: an vores + epito A st co RT BS qaiie® exemple? pat @ Biblioteca 44256 3-ECONOMIA ECOLOGICA E ECOLOGIA PRODUTIVA* A construcdo da economia ecolégica A crise ambiental coloca em Aci questo os fundament racionalidade econ61 . Por isso surgiram ieee postas, desdeas filosofias da natureza até os novos movimen- tos sociais que buscam integrar a democracia participativa, a descentralizagio econémica e a reapropriagdo da natureza do-se da ci recursos natu: 0 .¢40 ambiental), contrapon- do novos enfoques ao objetivo de internalizar as externalida- reno dos conflitos socioambientais esta mobilizando a re- construgio do processo de produgo em novas bases. A revolugio copemnicana deslocou a Terra do centro do uni 2 so dos fundamentos que sustentam hoje a ordem econémica dominante nos coloca diante do desafio de transformar, a partir de suas bases, o paradigma insustentével da economia, ‘Aresisténcia a esta mudanea paradigmatica levou a eco- nomia neoclissica a ajustar os ciclos econémicos, atribuindo pregos de mercado & natureza, com a esperanca de que as mnereadorias poderio continuar circulando de maneira conti- ‘nua em torno da esfera (perfeita) da ordem econdmice. Por ‘sua vez, a economia ecoldgica esté construindo um novo pa- radigma tebrico, abrindo as fronteirasinterdisciplinares com diferentes campos cientificos (ecologia, demografia, tecno- fermodinamica, antropologia, teoria de sistemas), para valorizar e incorporar as condigdes ecolégicas do desenvol- ‘Yimento, Conseqilentemente surgiram diferentes estratégias conceituais e abordagens metodoldgicas que se fundem no crisol da sustentabilidade. ‘As propostas tedricas da economia ecologica estendem-se também & ecologia humana. Nela floresceram as perspectivas icatravés de fe demografico. Por sua vez, alguns enfoques da antropologia ecolégica estio reduzindo a racionalidade da apropriacto cul- ide energético-soci \égica esto ecologizando (colonizando) a ordem simbélica e social. A bioeconomia de Georgescu-Roegen (1971) fez uma cca radical & economia a partir da perspectiva da segunda lei da termodinamica. Dai surge a concep¢ao do proceso econémico como uma transformagao produtiva de massa € energia sujeitas & degradaglo irreversivel de energia til (que se manifesta em tiltima instancia sob a forma de calor) de a ccesso de degradagio da energia, exacerbado pelori rado de crescimento econdmico, manifesta-se no aquecimen- to global do planeta pela crescente produgio de gases de efei- to estufa e a diminuigdo da capacidade de absorgao de didxi do de carbono, por causa dos processos de desflorestamento, levando a morte entrépica da vida na Terra, A partir de uma visio ecossistémica da produglo, a eco- nomia ecoldgica busca subsumira economia dentro da ecolo- gia, considerada esta como uma teoria mais abrangente, a cién- cia por exceléncia das inter-relagdes. Desta forma sugere-se reordenar a economia dentro da ecologia, introduzindo um conjunto de critérios, condigdes enormas ecoldgicos a serem respeitados pelo sistema econdmico (Passet, 1979). A econo- mia ecol6gica langa um olhar critico sobre a degradago eco- ante dos processos de produgao 10 intercdmbio econémico as con- da pela ldgica do mercado. A protegdo do meio considerada como um custo e condigao do processo econ6: ico, cuji torno dos pr de sua racionalidade ¢ sua valorizagao a curto prazo. A ecologia questiona a economia sem refundar as ba- ses da produgao nos potenciais da natureza e da diversidade cultural. Sem uma nova teoria capaz de orientar o desenvol- vimento sustentivel do subsididrias das pol Nesta busca por intemalizar as condig&es ecoldgicas de uma produgZo sustentavel, a economia ecolégica est fazen- do seu nicho académico, embora ainda nfo definivel por um paradigma tebrico e um programa de pesquisa acabado (Cos- tanza, 1989). A economia ecoldgica ainda nfo cortou 0 cor- + 44 dao umbilical queaprende a economia neocléssica dosrecure sos naturais em sua concep¢ao do ambiente como um custo ou um limite (e nfo como um potencial). Mas suas fronteiras estdo se abrindo 4 complexidade emergente, & distribuigdo ceoldgica e a democracia politica, onde travam as lutas $o- Cais pela apropriagdo dos recursos naturais ¢ os servigos am- bientais (Funtowicz e Ravetz, 1994; Martinez 995). Daf surgem diferentes perspectivas da sustentabilidade, des- dea administragdo ea contabilidade ambiental até novas teo- fins que internalizam a natureza e a cultura como potenciais para um desenvolvimento sustentavel (Leff, 1994a; 2000). e@ Conflito de interesses pelo desenvolvimento sustentavel A problemética ambiental converteu-se numa questio ica. Os conflitos socioambientais emer- ‘gem de principios éticos, direitos cultura e lutas pela apro- priaglo da natureza que vio além da intemalizagdo dos cus- fos ecologicos para assegurar um crescimento sustentado. AS i susan anes podem ser ‘contabilizados eregulados pelo sistema econdmico. A pobre- za, a degradagio ambiental, a perda de valores ¢ turais ca eqiiidade i a produ a regeneragio ecolégica, a degradagio entropica de massa ¢ ‘energia, orisco e a incerteza —todas estas “externalidades” ~ Constituem processos incomensurdveis que ndo podem ser reabsorvidos pela economia conferindo-lhes um padrio co mum de medida através dos preos de mercado (Kapp, 1983). 0 discurso e as p jade esto abrin- do um campo heterogéneo de perspectivas alternativas, mar- cado pelo contlito de interesses em tomo da apropriagio da natureza, Nos paises do Norte, suas preocupaydes se concen- tram nos problemas ambientais globais (mudanga climética, aquecimento da Terra, chuva dcida, perda de biodiversidade) 45 que, ompendo os equilibrios ecolégicos do planeta, colocam em perigo a sustentabilidade do sistema econdmico. As con- digdes ecolégicas da produgdo e da preservagdo do ambiente paraos valores do écio gerado pela sociedade pbs: ‘20 mesmo tempo em que uma moral conservacionista se 20 estilo de vida do hiperconsumo, e uma ecologi funda nos principios de uma gestdo local, descent democritica dos recursos (Bookchin, 1989). Certamente as ideologias do conservacionismo ecol6gi- ‘guns deles reivindicaram it ‘seus recursos naturais para impulsionar seu cresci némico e atenuar a brecha que os separa dos atendendo ao convite da comunidade internacio buir para uma solucdo global dos problemas ambientais. ‘Nao obstante o que acabamos de dizer, nos paises pobres esto em andamento novos desenvol 5 ‘gracdo sinergética de processos ecolégicos, culturas e tecno- égicos. O ambiente é constituido de um sistema complexo através da articulagdo de diversas ciéncias e do amélgama de 46 diversos saberes, para conduzir um processo de gest demo- critica e sustentvel dos recursos naturais (Leff, 1986). B assim que dos paises tropicais do Terceiro Mundo emer- ‘ge um novo paradigma de produgdo, baseado no potencial ‘ecoldgico de sua geografia e na pluralidade de suas identida- des étnicas, Este paradigma ambiental promove a sustentabi- lidade a partir de suas bases ecologicas e culturais, através da descentralizago da economia ¢ da diversificagio dos tipos de desenvolvimento, mobilizando a sociedade a reapropri- ar-se de seu patrim6nio de recursos naturais e a autogerir seus processos de produglo. Mas 08 cfcitos da lizagdo econ¢ hoje com processos ecoldgicos em escala planetéria, gerando ‘uma espiral negativa de degradago ambiental que esté alte- rando a dimensio dos proble A complexidade se apt senta como potenciais siner tos destrutivos. Assim, o aquecimento global, produzido pela crescente emissio de gases de efeito estufa, provenientes do crescimento da produgdo para o mercado, esté mudando as condigées climaticas nas quais se desenvolvem pratics dicionais de uso do solo como o rogado, a derrubada ¢ a qué ma, Desta forma, a globalizagao econémica junto com as! dangas ambientais globais esto, deslocando as praticas tradi- ‘cionais de produgio. As formas licionais de uso do fogo deixam de ser priticas sustentiveis ¢ controladas converten- do-se em verdadeitos riscos, provocando incéndios incontro- liveis de pastagens e florestas, encadeando seus efeitos eace- lerando o aquecimento global, as mudangas climaticas, asece, ‘a contaminagao, a perda econdmica de colheitas ¢ a. destrui- fo da biodiversidade, ‘No Sul, o ambientalismo no surge da abundéncia, mas da luta pela sobrevivéncia em condigées de uma crescente degradagao socioambiental. Assim, tanto os camponeses € 05, ‘a se combinam a povos indigenas, como a populagio urbana marginalizada, esto se organizando e lutando em resposta & extrema pobre- za gerada pela destruigao de seus recursos naturais, a degra- dagio de suas condigdes de produgéo ea toe saneamento bésico, Os movimentos am deresisténcia eprotesto contra amargi ¢ reivindicagées por seus direitos culturais, pelo controle de seus recursos naturas, pla autogestio de seus processos pro- dutivos ea autodeterminacao de suas condicdes de vida. Estas de democracia; entrelagam-se com a reivindicagao de suas identidades culturais, com areapropriagdo de conhecimentos € priticas tradicionais e o direito das comunidades para de- senvolver formas alternativas de desenvolvimento, A sustentabilidade aparece como uma necessidade de restabelecer o lugar da natureza na teoria econ6mica e nas priticas do desenvolvimento, intemalizando condi logicas da producdo que assegurem a sobrevivéncia ¢ um bstante, a busca de consen- ‘(CMMAD, 1988) nai lizam eresistema este processo de mudangas hi so como visdes diferenciad: ises, mas dentro de mercado a descentralizagao da economia ¢ & construgio de uma racionalidade ai baseada em principios ndo-mercantis (potenci dade transgeracio- nal, justiga social, diversidade cultural e democracia), a sus- tentabilidade se define através de significados sociais ¢ es- tratégias politicas diferenciados. 8 Eqilidade, distribuigao e sustentabilidade ‘A-economia ecolégica questiona os fundamentos da eco- nomia a partir da percepgdo de seus limites ecoldgicos ¢entré- , abrindo um campo de pesquisa sobre as condigées eco- ‘cas da sustentabilidade, Desta maneira, concentrou seu in- teresse nos problemas de escassez de energia e recursos, na contaminagdo e nos meios tecnolégicos para resolvé-los. As questdes da eqiidade e da distribuiglo sfo consideradas como “problemas de limites” que surgem da pressio que uma popu lagi crescente exerce sobre recursos escass0s ¢ 0 impacto de- sigual da degradacio ambiental (Costanza, 1989), ‘Accondiglio de escassez, base da ciéncia econdmica, pas- sou do processo de substituigao continua de recursos esgote- dos para uma escassez global induzida pela expansio econ6- ‘mica, O conceito de escassez expandiu-se para incluir 0 esg0- tamento de “meta-recursos” (Erlich, 1989), enten -ador da degradagdo dos servigos aml jprodutivo dos ecossistemas. Porém a dest 10 dos recursos nilo sio probl .cnolégicos de apropriacio e za, Os problemas de equida- foram gerados pela acumulagio c: tes que ela alcangasse seus limites ecol6gicos.. cionalidade intrinseca do crescimento econdmico que dest crementar o transfluxo (throughput) de matéria eenergia, ‘and tveseassez plobaliderecursos, resultante da destrui- do ecolégica, da degradacao ambiental e do incremento da entropia (O'Connor, 1988, 1998; Leff, 1994a, 2000). ‘Além dos limites ecol6gicos ao crescimento e de suas pos- siveis solugdes tecnologicas ¢ econémicas, os conflitos ¢ ¢s- tratégias de poder pela apropriagdo da natureza estdo deter- 49 ! | minando as formas sociais sancionadas ¢ legitimadas de aces- 30 ¢ uso dos recursos naturais. Como afirma Martinez Alier cia ndo oferece critérios para avaliar os contfli- 3s dstributivos. Estes nfo podem estabelecer-se a partir de critrios de racionalidade econdmica ou racionalidade ecol6- , porque nenhum sistema de avaliagio pode estabele- independentemente da politica, ‘Ao “naturalizar” os limites do crescimento, a economia ecolégica se separa do campo da ecoloy zit as condigdes ecolégicas da sustent de problemas ambientais demograficos, a distribuicao dos custos sociais e ecolégicos desaparece de seu foco teérico. Como resultado, a economia ecolégica se preocupa em atua~ futuras dos consumidores, mas exclui 0 jade intergeracional, sob 0 falso argumento ‘la economia da abundan- cia (dotando todo cidadio do Pi dois carros), ¢ transfe um problema de sustentabilidade da igdes sociais (Proops, 1989). Desta maneira, as ideologias da pos-escassez (Inglehart, 1991) ¢0 propésito de desmaterializar a produgio (Hinterberger ¢ Seifert, 1995) penetraram nos enfoques da economia ecoldgica ao problema da sustentabilidade. Bioeconomia, produtividade ecotecnolégica € neguentropia ‘A economia ecolégica reconhece a importancia de con- servar a base de recursos ¢ 0s equilibrios ecoldgicos. Entre- tanto, subestimou o potencial produtivo da natureza, particu produtivos e biodiversos ecossiste- sdep censto do capitalismo e pelo proceso de indus fntuitos dos fisiocratas em ver na natureza @ fon He Meek, 1980) foram esquecidos com a legitima- Sia econémica que colocou os fundamentos da ‘dade do capital, na forga de trabalho € ica. O triunfo da racional lade moder- ne ora interrompeu assim a evolugdo de formas alters vvas de etnoecodesenvolvimento. 4 desprovida de uma teoria do valor (Leff, 1980; Nared ‘Martinez Alier e Schlip- so 1951; Altvater, 1993). A teoria econémica nfo cont aaryeios abjetivos para mediras equivalencias pars o nee Sdmbio de valores de uso (menos ainda paraamedi¢fo devar Jores nfo-econdmicos). Os pregos de mercado sto sinais fal- gos da escassez. de recursos ¢ do potencial da natureza; no ‘podem servir de indicadores para uma determinagao racional dos fatores prod iemalizar os custos das eX- cal gico deixou de ser “a alternative” (Baro, aa rantieeol6gico,abrindo o campo construcio de um novo sno (Leff, 1994a, 2000; O*Connor, 1998). conomia deve ser reconstruida. va teoria da Isto levanta a produgio qu: desenvolvimento su xxos processos ambientais gerados pelo poten gico de diferentes regides, mediado pelos va pelos interesses sociais das populagdes: 3s sistemas simb6l ¢ as priticas produtivas, através dos Jos potenciais da natureza; as itos de acesso ¢ apro- gica e a reciclagem do lixo. 31 ‘A “bioeconomia” de Georgescu-Roegen reconhece 0s li: mites impostos pela segunda lei da termodindmica ao objeti- vo deumcrescimento sustentivel; mas nio oferece umanova medida de valor nem um modo alternativo de produgdo. © potencial de auto-orgenizagio da natureza e a produtividade priméria dos ecossistemas foram subvalorizados e desconhe~ cidos, Desta maneira, a racionalidade econdmica gerou uma ‘erescente apropriacdo destrutiva da produtividade ecol6gica imando a0 mesmo tempo © potencial da energia solar concentrou-se em seu uso tecnolégico e limitou-se por causa dos custos atuais dos eole- tores solares e da concorréncia com outras fontes de energie. Entretanto, foram bloqueadas outras perspectives de desen- volvimento e aproveitamento da capacidade das florest picais biodiversas e de sistemas agroflorestais como res e transformadores biolégicos da energia radiat deenergia ede recursos naturais, rare revertera degradagiio entrépi izagio da natureza ¢ pelo processo de ‘Opotencial de formagao de biomassa através da foto tese pode converter-se na base de um paradigma alte deprodugdo. A produtividade prim ioe espa 0 ddevidosos neal, Penagany, 43 besoin 268 bana se retangeees Oia pcci 0 Wdose cultura cap 1994a, cap. 75 2000). Por outro lado, © manejo produti és de processos de vo dos ecossistemas, regeneracio seletiva ou de sistemas os agrofloestais e agroecolicos, pode os naturais € Uma eeatsfatores com altos niveis de produi- permanente de recurs cago de novas biotecnol dae primaria dos ecossistemas natura, $ aarvessidades fundamentais de populagbes crescents. pet tamalgamando a produtividade ecol s turais e com o potencial cientifico-teenologico Suimonsebreo eel dese ine roe dem ro 3 Ecologia politica e ecologia produtiva Em contraste com a economia ecolégica, a ecologia politi careconhece as lutas populares pea eqlidade epela democra- cia€ os movimentos ambientalistas que se opSem & capitaliza- go da natureza, reclamando o controle direto de seu patrimé- nio de recursos naturais. A resisténcia social a degradagao am- biental ea resposta dos danos ecoldgicos mobiliza a internali- zaglo dos custos ecolégicos que ndo sio contabilizados pelos instrumentos econémicos e pelas normas ecolégicas. processo de reapropriagao soci ica sustentivel fo entrépica, incrementando a produtividade eco ampliando a contribuigo da produgéo neguentr6pica de bio- massa no processo produtivo global. Este paradigma esté sendo intemnalizado por grupos indigenas e camponeses erm 4 suas lutas para recuperar o controle de seus processos produ~ tivos, o que incu’ a autogestéo da biodiversidade na qual ha- bitam eas biotecnologias que geraram como saberes € técni- cas paraatransformagio do meio no qual coevoluiram atra~ vvés da historia (Hobbelink, 1992; Leff, 1995). ‘Acconstrugio deste paradigma ecoprodutivo permitiria ¢s- tabelecer novos equill ecolégicos e dar bases de sustenta- cos. Além disso permitiriaaliviar a idade de vida de uma populagdo cres~ sso descentralizado de produgo, ‘desenvolvimento, em harmonia lturais de cada regio. pobreza e melhorara qual cente através de um proce aberto a diversos tipos de ‘com as condigdes ecoldgicas ¢ cul 35

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