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M C, E C M G: Étodos Romatográficos Letroforese Apilar E Étodos Ravimétricos
M C, E C M G: Étodos Romatográficos Letroforese Apilar E Étodos Ravimétricos
M C, E C M G: Étodos Romatográficos Letroforese Apilar E Étodos Ravimétricos
Eletroforese Capilar e
Métodos Gravimétricos
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 5
Introdução.................................................................................................................................... 8
Unidade I
Revisão Conceitual.......................................................................................................................... 11
Capítulo 1
Propriedades da matéria.................................................................................................... 12
Capítulo 2
Transporte e transformações da matéria...................................................................... 16
Unidade iI
Métodos Gravimétricos.................................................................................................................. 29
Capítulo 1
Gravimetria Clássica.......................................................................................................... 29
Capítulo 2
Gravimetria Instrumental................................................................................................... 37
Unidade iII
Cromatografia................................................................................................................................ 42
Capítulo 1
Aspectos gerais e cromatografia planar...................................................................... 42
Capítulo 2
Cromatografia a gás........................................................................................................ 49
Capítulo 3
Cromatografia a líquido de alta eficiência.................................................................. 56
Unidade iV
Eletroforese Capilar....................................................................................................................... 60
Capítulo 1
História e Fundamentos...................................................................................................... 60
Capítulo 2
Instrumentação e Aplicação............................................................................................ 66
Unidade V
Detectores e Interpretação dos Resultados................................................................................ 76
Capítulo 1
Sinais em técnicas químicas de separação..................................................................... 76
Capítulo 2
Detectores para sistemas analíticos de separação........................................................ 85
Unidade Vi
Guia Prático de seleção e realização de técnicas..................................................................... 93
Capítulo 1
Gravimetria e pesagens...................................................................................................... 94
Capítulo 2
Cromatografia................................................................................................................... 97
Capítulo 3
Eletroforese capilar........................................................................................................ 107
Referências................................................................................................................................. 110
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Este módulo apresenta algumas ferramentas e técnicas instrumentais essenciais para a
realização de análises químicas forenses. Por meio delas, podemos obter informações
detalhadas acerca da composição de materiais, documentos ou obras de arte.
A gravimetria é, certamente, a primeira técnica analítica aplicada pelo homem. Ela consiste
em examinar um material medindo sua massa, ou, coloquialmente, pesando-o, sendo
uma técnica primordial e fundamental na prática analítica. Apesar da grande evolução
de instrumentos e técnicas, com grande versatilidade e simplificação nas operações
de análise, a gravimetria ainda é utilizada e essencial na elaboração de padrões de
referência empregados em outras técnicas analíticas.
Espera-se, neste momento, que o aluno possua conhecimentos de Química Geral para
acompanhar o curso ministrado. Contudo, os conceitos essenciais serão apresentados,
e aspectos mais fundamentais que não puderem ser retomar serão explicitados ao longo
do texto, bem como serão apresentadas referências selecionadas para estudo.
8
Objetivos
»» Compreender os princípios físico-químicos envolvidos em cada tipo de
análise estudada.
9
10
Revisão Conceitual Unidade I
11
Capítulo 1
Propriedades da matéria
Neste capítulo serão apresentados alguns aspectos sobre as propriedades da matéria que
são imprescindíveis para a compreensão dos fenômenos aqui estudados. A composição
da matéria e algumas de suas propriedades explicam a maneira que elas interagem, e o
que podemos esperar do seu comportamento.
Massa Molar
Em sua essência, a matéria é formada por elementos químicos, cada qual com sua
massa característica. É por meio desta relação fundamental muito bem conhecida,
entre a fórmula de substâncias puras e suas massas, que a gravimetria se baseia. Uma
vez purificado um composto ou elemento de interesse, a pesagem guarda relação direta
com a quantidade de átomos e moléculas em uma amostra.
Interações Intermoleculares
Para realizar a separação e purificação de substâncias para análises, outras propriedades
da matéria são exploradas. Na gravimetria, um conjunto de reações específicas são
conduzidas de forma a se obter um sólido puro. Existem reações específicas descritas
em literatura para os mais diversos elementos (VOGEL etc.); no próximo capítulo desta
unidade revisaremos a forma que estas reações acontecem.
12
Revisão Conceitual │ UNIDADE I
Agora, consideremos que a temperatura seja diminuída e/ou o espaço que elas ocupam
seja menor. A velocidade menor e/ou a maior proximidade entre as moléculas favorecem
que elas interajam umas com as outras. Nesse caso, formam ligações intermoleculares.
Quando moderadas, ainda permitem um grau de movimentação que torna o material
fluido, estado físico definido como líquido. Quando mais intensas, o material se torna
sólido e possui forma definida.
Volatilidade
Cada substância possui uma tendência própria a permanecer em cada estado físico
descrito, a uma dada temperatura. A tendência desta de se converter para o estado
gasoso é denominada volatilidade e varia de acordo com sua estrutura química,
em especial sua massa molecular e polaridade. Em relação à massa, compostos
maiores tendem a se agregar mais do que compostos menores, devido a energia
que precisam para se movimentar livremente. Esta influência é mais considerável
quando comparados compostos de polaridade similares. Este segundo parâmetro, no
entanto, é muito relevante para determinar a volatilidade e será melhor apresentado
a seguir.
13
UNIDADE I │ Revisão Conceitual
Polaridade
Os compostos químicos são formados por átomos, que compartilham elétrons por meio de
ligações químicas de modo a estabilizar sua carga e sua estrutura interna. A distribuição
local dos campos elétricos varia de acordo com a capacidade de estabilizar carga
(eletronegatividade) e com a geometria da molécula, assim cada composto possui uma
polaridade. Quando átomos se distribuem na molécula induzindo um vetor de campo
elétrico local, chamado de dipolo, dizemos que o composto é polar, enquanto compostos
cujas ligações ‘compensam’ e ‘anulam’ os campos locais, dizemos que um composto é
apolar. Consideremos os exemplos abaixo:
Eletronegatividade
A polaridade de uma molécula é determinada pela sua geometria e pela eletronegatividade
dos átomos que a compõe. Tais fatores não serão abordados nesta apostila, no entanto
é sempre bom relembrar a fila de eletronegatividade, por meio da qual pode-se intuir
14
Revisão Conceitual │ UNIDADE I
Desta forma, uma molécula de ácido fluorídrico (H-F), por exemplo, é muito mais polar
do que uma molécula de cloreto de bromo (Cl-Br). Com base nesta fila e na estrutura da
molécula, somos capazes de inferir quais destas são mais ou menos polares.
Assim como uma molécula de água pode formar ligações com outra para estabilizar essa
polaridade, moléculas diferentes podem interagir de modo similar. Portanto, substâncias
polares tendem a interagir melhor com substâncias polares. Isso explica a solubilidade
e a miscibilidade entre diferentes compostos.
15
Capítulo 2
Transporte e transformações da matéria
Agitação térmica
O meio no qual nos encontramos é repleto de moléculas e espécies químicas, e todas elas
apresentam movimento. Uma das formas que este movimento se manifesta é por meio
do calor. Podemos entender, pois, o calor como a intensidade média da movimentação
das moléculas em um meio: quanto mais agitadas elas se encontram, maior a velocidade
média que elas se encontram.
A maneira que este calor se manifesta em cada espécie no ambiente varia de acordo
com suas propriedades. Um aspecto bastante relevante é seu estado físico: moléculas
de gás podem se mover livremente no ambiente no qual se encontram, realizando os
mais diversos tipos de movimentos. Já no caso do líquido, há algumas ligações entre
as moléculas que não permite movimentação livre, mas estas ainda podem apresentar
movimentos de translação, mesmo que limitados. No caso dos sólidos, os movimentos
de translação e rotação são bastante limitados, sendo mais recorrentes om movimentos
de vibração.
16
Revisão Conceitual │ UNIDADE I
Difusão
Suponha que algumas moléculas de uma substância sejam adicionadas em meio a
outra, de forma que elas se misturem livremente. No momento inicial, as moléculas
que adicionamos estão em uma determinada região do espaço, enquanto as moléculas
do meio ocupam outros espaços em seu entorno.
17
UNIDADE I │ Revisão Conceitual
ߜ݊
ܬൌ െܦ
ߜݔ
Em nosso escopo de estudo, não será necessário realizarmos cálculos desta natureza,
mas esta equação pode ser vista como um resumo do parágrafo anterior: o fluxo de
matéria (J) é proporcional a uma constante (D, constante de difusão) e a diferença de
concentração da espécie (n) ao longo do espaço (x). O valor negativo da equação mostra
que o movimento das moléculas se dá do local de maior concentração para o local de
menor concentração.
Transporte Pneumático
Agora, consideremos um material fluido dentro de um tubo, de forma que uma das
extremidades apresente uma pressão positiva em relação à outra. A pressão provoca força no
fluido que o move em direção à região de menor pressão. O modo que este fluido se desloca
depende da velocidade em que se move, bem como de propriedades do fluido e da tubulação,
podendo ser classificado como laminar, turbulento, ou uma transição entre ambos.
Migração
A migração é a forma de transporte de moléculas sob ação de um campo elétrico,
fenômeno explorado na Eletroforese Capilar. Espécies contendo carga positiva ou
18
Revisão Conceitual │ UNIDADE I
negativa são atraídas por polos opostos, seja negativa ou positiva, e possuem velocidades
diferentes de acordo com sua carga e seu tamanho. Particularidades a respeito da
migração de moléculas, bem como o fluxo de um fluido sob campo elétrico em uma
tubulação, serão discutidos posteriormente.
Equilíbrio Químico
Todos os processos físicos e químicos comentados na seção anterior possuem uma
forma pela qual ocorrem. O modelo de equilíbrio reversível é um aspecto central na
ciência hoje, e entendê-lo e intuí-lo é essencial em ciências naturais. Ainda que o leitor
já conheça esse assunto, sempre é relevante revisitá-lo.
Para melhorar a compreensão sobre o assunto, vamos considerar uma situação hipotética
completamente diferente: um estacionamento. A todo o momento, há carros entrando
e saindo do estacionamento, e comumente um mesmo carro entra e sai diversas vezes
em um mesmo estacionamento ao longo do tempo. Contudo, podemos considerar uma
condição regular na qual a quantidade de carros dentro do estacionamento é constante.
É importante frisar algo neste modelo: se você contabilizar o movimento dos estacionamentos
pelo número de veículos estacionados, terá a impressão de que praticamente nada acontece
em função do tempo, visto que o número de veículos não varia. No entanto, a dinâmica do
estacionamento ocorre justamente pelo movimento de entrada e saída de veículos, sendo o
número de carros em ambas as portas iguais em uma situação de equilíbrio.
19
UNIDADE I │ Revisão Conceitual
Ainda neste modelo, se soubermos o número total de carros que frequenta o estacionamento,
podemos inferir o tempo médio que cada carro passa estacionado em um dado período,
pela razão entre o número de carros estacionados e o de carros totais.
Agora vamos considerar que está ocorrendo, aos poucos, um êxodo da cidade. Com
moradores saindo da cidade, a quantidade de pessoas no estacionamento é cada vez
menor. Em uma situação extrema, em que todos saíssem da cidade, não haveria mais
ninguém para parar o carro neste estacionamento.
Um químico poderia descrever a situação acima com uma equação envolvendo veículo
(Ve) e vaga (Va) como se fossem reagentes (I), ou ainda, como se fosse a “mudança de
estado” do veículo, de uma forma estática (sólida) para uma forma fluida (líquido)(II)
��(�) � � � ��(�)
As comparações não param por aí. As influências externas no número de vagas ocupadas
também possuem contrapartida em nível molecular, como a temperatura, a pressão ou
até mesmo o transporte das moléculas.
Coloque o recipiente fechado com água na geladeira. Após algum tempo, verá que a
parede de seu recipiente ficou embaçada, com água condensada, logo, aumentamos o
20
Revisão Conceitual │ UNIDADE I
Por outro ponto de vista, podemos dizer que a água líquida sempre forma vapor de água,
com mais ou menos intensidade de acordo com a temperatura. Esse líquido, ao formar
vapor, gera um gás que exerce pressão no sistema, denominada pressão de vapor.
Quando esta temperatura é relativamente alta, a pressão exercida se iguala a pressão
do ambiente, e a formação de líquido é desfavorável. Esta temperatura é denominada
ponto de ebulição.
Agora, se o recipiente for aberto e deixado por dias, especialmente em local bem ventilado,
a água começará a sumir. Esse é o “êxodo” da água para fora da “cidade” (recipiente),
podendo, em caso extremo, “esvaziar o estacionamento” (secar o recipiente).
De acordo com o modelo discutido, podemos prever que a proporção entre a formação
do ácido acético (CH3COOH) e do acetato (CH3COO-) pode ser deslocada por meio
da concentração de H+ na solução, favorecendo a formação da espécie com carga em
menores concentrações de H+. Na prática, isso pode ser equacionado pela lei de ação
das massas, que diz que a razão entre os produtos de reação (multiplicados entre si) e
dos reagentes (multiplicados entre si), chamada constante de equilíbrio é constante,
e varia de acordo com cada reação.
Figura 11. Lei de ação das massas para dissociação do ácido acético.
[� � ] � [��� ���� ]
��
[��� ����]
Vamos entender melhor, numericamente, como funciona este sistema. Para esta
reação, neste meio, a equação apresenta valor de K constante, de forma que o produto
entre [H+] e [CH3COO-] é igual ao produto entre K e [CH3COOH] (o que pode ser
verificado manipulando a equação). Se, por exemplo, o valor de [H+] aumenta, o
valor das outras espécies em solução variam de forma que os produtos indicados
sejam respeitados.
Consideremos, agora, que o K para a equação acima seja 1,8.10-5 mol.l-1, e que tenham
sidos adicionados inicialmente 0,1 mol.l-1 de ácido acético em solução. Qual será a
concentração de [H+] presente da amostra?
21
UNIDADE I │ Revisão Conceitual
Para melhor entendimento deste tipo de processo, recomendo fazer a tabela a seguir.
Abaixo da reação química, são colocadas três linhas: as concentrações iniciais no
sistema, o que se espera formar para atingir o equilíbrio, e o estado final.
CH3COOH H+ CH3COO-
Inicial 0,1 0 0
Formado -x +x +x
Final 0,1 - x x x
Fonte: autor. Neste caso, note que a tabela é montada de acordo com os dados descritos nos parágrafos anteriores.
Para descobrir o valor de [H+] em solução, basta substituir cada elemento pela linha
final, de modo que a equação resolvida para x resultará no valor desejado:
Essa equação pode ser resolvida como um polinômio de segundo grau. No entanto,
como esta constante é muito mais baixa do que a concentração de ácido em solução
(0,1 > 1,8.10-5), podemos simplificar o termo (0,1 - x) como sendo 0,1. Neste caso:
� � = 1,8 ∙ 10��
Agora vamos considerar uma situação diferente: se houver 0,1 mol.l-1 de [H+] junto
a quantidade de ácido inicialmente adicionada, qual vai ser a concentração final de
acetato? Vamos realizar o cálculo utilizando a tabela novamente (Tabela 2).
22
Revisão Conceitual │ UNIDADE I
CH3COOH H+ CH3COO-
Inicial 0,1 0,1 0
Formado -x +x +x
Final 0,1 - x 0,1 + x x
Fonte: autoria própria. Neste caso, note que a tabela é montada de acordo com os dados descritos nos parágrafos anteriores.
Prosseguindo os cálculos:
�� � � � � � ���
Mesmo que você não tenha estudado esta disciplina antes, já deve ter ouvido bastante
se falar sobre pH. Essa importância se deve ao número de equilíbrios e reações que este
íon participa, como é o caso da dissociação do ácido acético, discutida anteriormente.
23
UNIDADE I │ Revisão Conceitual
Vale ressaltar que, também é comum expressar constantes de equilíbrio na forma pK.
Neste caso, pode-se dizer, por exemplo, que o pKa para o ácido acético é 4,75.
Para cada uma das situações que vimos anteriormente, podemos ver que o ácido acético
pode influenciar no pH da solução, bem como o pH da solução pode influenciar na
formação de íons dissociados ou da molécula não dissociada. E, claro, em uma mistura
mais complexa podem ocorrer mais reações paralelas com íons comuns!
Para pensar um pouco: caso eu queira fazer a detecção do íon acetato em uma
análise química, seria interessante a solução apresentar pH baixo ou pH alto?
Por quê?
24
Revisão Conceitual │ UNIDADE I
Além dos equilíbrios supracitados, o ácido carbônico ainda pode formar o gás carbônico,
que vai ao estado gasoso e, em sistemas abertos, é liberado da solução, conforme
equação da figura 20. Note que a constante está representada na forma do negativo de
seu logaritmo, ou seja, o número negativo representa um valor muito elevado para a
formação dos produtos.
Desta forma, quando o carbonato é submetido a um meio bastante ácido, sua protonação
gera a formação de gás e liberação dos íons da amostra, mudando não apenas o estado
de dissociação dos compostos em solução, mas até mesmo sua composição.
Agora mais uma situação: como se comportaria uma solução preparada com 0,1 mol.l-1
de ácido acético adicionada de 0,1 mol.l-1 de íons acetato? Novamente, vamos utilizar a
tabela 3.
Apesar da inversão das variáveis, temos a mesma equação já resolvida acima para os
íons acetato, resultando em 1,8.10-5 mol.l-1 de íons H+. Este resultado também pode ser
expresso em forma de pH = 4,75.
Tabela 3. Formação de íons H+ pela dissociação do ácido acético em presença de íons acetato.
CH3COOH H+ CH3COO-
Inicial 0,1 0 0,1
Formado -x +x +x
Final 0,1 - x x 0,1 + x
Fonte: autor. Neste caso, note que a tabela é montada de acordo com os dados descritos nos parágrafos anteriores.
25
UNIDADE I │ Revisão Conceitual
Esta última solução, contudo, tem uma propriedade bem interessante em seu equilíbrio:
perceba que, caso eu realize uma alteração na concentração de H+ neste sistema, tanto o
ácido não dissociado quanto o íon acetato irão sofrer reações para manter o equilíbrio do
sistema. Vale lembrar que, o efeito também ocorre quando as concentrações de ácido e base
dissociada são diferentes, mas possui mais eficiência quando as concentrações são iguais.
O equilíbrio apresentado, da mesma forma que a dissociação de ácido acético, pode ser
equacionada conforme figura 22.
Figura 22. Lei de ação das massas para formação do cloreto de prata.
[��� ] � [�� � ]
��
[����]
O cloreto de prata forma uma espécie sólida, de forma que sua concentração no meio
pode ser considerada constante. Desta forma, a equação pode ser reescrita conforme
26
Revisão Conceitual │ UNIDADE I
equação XX, sendo que o produto entre a concentração dos íons dissociados será uma
constante, denominada constante de solubilidade (Kps). Nesse caso, pode-se dizer
que a constante de solubilidade da prata é 1,8 . 10-10.
O cálculo da solubilidade do cloreto de prata em água pura pode ser realizado igualando-se
a quantidade de prata e de cloreto na equação, como se mostra na figura a seguir.
1,8 ∙ 10��� � � ∙ ��
� � 1,� ∙ � 10�� ���� ∙ l��
Um pouco mais de atenção deve ser tomada quando o íon possui mais de um cátion
ou ânion. Pode-se considerar a solubilidade do carbonato de prata como exemplo,
representada na figura 25:
Vale lembrar que, bem como a adição de íons acetato ou de íons H+ influenciam
diretamente na concentração de todas as espécies envolvidas no equilíbrio de dissociação
do ácido acético, a presença de um íon que influencie o equilíbrio de solubilidade
interferirá diretamente na solubilidade de um sal em solução. A isto se dá o nome de
efeito do íon comum.
27
UNIDADE I │ Revisão Conceitual
�� � = 8,5 ∙ 10���
Note que no cálculo deste exemplo, o valor (0,1 + x) foi substituído por 0,1, de
forma a simplificar as operações de cálculo. Vale lembrar que, este procedimento de
simplificação, bem como as situações nas quais podem ser aplicadas.
O caso do carbonato de prata mostra bem a como a composição do meio pode influenciar
como cada espécie se comporta em solução. Além da influência da concentração de
carbonato e de prata para a solubilização do carbonato de prata, o pH apresenta um
aspecto muito relevante neste meio.
Em pHs mais baixos, o carbonato é deslocado para a formação de gás carbônico, tornando
a solução menos concentrada de íons carbonato e, consequentemente, aumentando a
solubilidade da prata na solução. Perceba que a adição de ácidos na solução, neste caso, é
efetiva em solubilizar a prata, mesmo em concentrações maiores de carbonato de prata.
28
Métodos Unidade iI
Gravimétricos
A gravimetria é uma técnica analítica que se baseia na medida da massa de uma dada
substância ou mistura para determinar seu teor em uma amostra. Como já citado
anteriormente, a quantidade de matéria é diretamente proporcional a sua massa, de
forma que sua medida é suficiente para quantificações.
A gravimetria, certamente, é a técnica analítica mais antiga que existe, sendo fundamental
para o desenvolvimento da Química e da ciência, de forma geral. Se, por um lado, a
evolução científica trouxe ferramentas mais convenientes para substituir a gravimetria
em um grande número de análises, ela ainda é fundamental inclusive para a realização
de técnicas instrumentais modernas.
Capítulo 1
Gravimetria Clássica
29
UNIDADE II │ Métodos Gravimétricos
30
Métodos Gravimétricos │ UNIDADE II
pode ser feita por filtragem da amostra em filtro previamente pesado após secagem,
resultando na massa final dos sólidos.
Em muitos casos, a separação de analitos sólidos em matrizes fluidas pode ser realizada
por meio de filtração. Os filtros podem ser feitos de diversos materiais e com poros de
tamanhos variados, escolhidos de acordo com a aplicação. Na determinação de sólidos
em amostras gasosas, é possível se utilizar uma sequência de filtros, de modo a realizar
uma separação de partículas de acordo com o seu tamanho.
Há casos, no entanto, que o analito se encontra em uma forma na qual não pode ser
filtrado, seja como, gás, líquido, ou mesmo alguns sólidos. Neste caso, é possível realizar
a extração do analito da amostra. Para entendermos este processo, precisamos ter em
mente o processo de equilíbrio químico descrito na Unidade I deste curso.
Na extração em fase líquida, um solvente ou solução com maior afinidade pelo analito
é misturado com a amostra. O analito, inicialmente na fase da amostra, é particionado
para o solvente, reduzindo sua concentração na amostra e aumentando no solvente de
extração. Em condições favoráveis, o analito pode ser quantitativamente extraído da
amostra para o solvente. A quantificação gravimétrica pode ser feita pela diretamente,
pela secagem do solvente e posterior pesagem, ou indiretamente, medindo a massa
perdida pela amostra após o processo de extração.
31
UNIDADE II │ Métodos Gravimétricos
Extrato
(será
evaporado
e pesado se
determinação
for direta)
Amostra
(será pesada
se
determinação
Adição de Misturar Separar for indireta
Amostra solvente p/ extrair frações
Fonte: autor.
Em outros casos, é importante tratar a amostra para que o analito a ser pesado seja
purificado previamente a pesagem. Em outros casos, o analito pode se encontrar
dissolvido em fase aquosa, e precisa ser transformado em um sólido.
32
Métodos Gravimétricos │ UNIDADE II
��� � �� � � ������� ↓
É importante lembrar que, a massa a ser pesada nesse caso, de cloreto de prata, é
diferente da massa de íons prata anteriormente presente em solução. Em todos
os casos de gravimetria por precipitação, não se pode esquecer a massa do
contra íon precipitado junto à amostra.
Para garantir bons resultados na gravimetria por precipitação deve-se tomar uma
série de cuidados, explicados abaixo. A não atenção nos aspectos abaixo podem levar a
resultados imprecisos na determinação.
Em alguns casos, é possível que haja presença de outros compostos em solução que
reajam ou interfiram na reação entre o agente precipitante e o analito. Estes compostos
são chamados de interferentes na análise.
Caso haja algum composto em solução que participe de alguma reação consumindo
o agente precipitante ou inibindo a formação da espécie precipitada, a determinação
pode ter erros negativos, levando a resultados subestimados (inferiores a concentração
real na solução). Neste caso, se diz que a espécie provoca interferência positiva.
33
UNIDADE II │ Métodos Gravimétricos
A interferência de chumbo, contudo, não pode ser eliminada pela oxidação com ácido
nítrico concentrado. Entretanto, a constante de solubilidade do cloreto de chumbo
(Kps = 1,7 . 10-4) é consideravelmente menor do que a do cloreto de prata (Kps = 1,8 . 10-10),
de forma que a influência deste analito pode ser eliminada por meio de diluição
adequada da solução, sem comprometer a determinação do cloreto de prata.
Perceba que existem procedimentos que podem ser realizados de forma padrão
para tratamento de amostras. Neste exemplo, a adição de ácido nítrico pode ser
realizada como medida preventiva para evitar interferências, mesmo que não
haja certeza de alguns interferentes na amostra. Já no caso da diluição, deve-se
conhecer bem a amostra para que este tratamento seja realizado apenas em
caso de necessidade.
34
Métodos Gravimétricos │ UNIDADE II
O precipitado, após ser formado nas condições adequadas, segue em sua etapa de
filtração. Após passagem pelo filtro, algumas impurezas podem estar presentes no sólido
filtrado, sendo necessária uma etapa de lavagem com jatos de solução. Vale lembrar que,
a composição da solução utilizada pode influenciar no processo, podendo gerar perdas
de analito por ressolubilização ou contaminação do produto final, pela não remoção das
impurezas ou, em casos extremos, formação de interferentes durante a lavagem.
Após lavagem do precipitado, o filtro deve ser seco antes da pesagem. Esta secagem pode
ser realizada em temperatura ambiente ou sob aquecimento, havendo-se o cuidado de
não induzir nenhuma reação pelo aumento de temperatura do sistema. Após seco, o
filtro é pesado, finalizando a determinação.
A gravimetria clássica, conforme exposta, é uma técnica bastante laboriosa que exige
elevado grau de treinamento laboratorial para sua realização, mesmo apesar da grande
facilidade de operação que as balanças analíticas atuais apresentam. Desta forma, o
uso da gravimetria clássica perdeu em grande parte seu espaço para uso de técnicas
instrumentais mais modernas. Ainda assim, alguns conceitos e aplicações ainda são
essenciais no dia de hoje.
35
UNIDADE II │ Métodos Gravimétricos
Uma das características principais das balanças modernas é sua alta resolução. Quando
se necessita de resultados com alta resolução, a gravimetria ainda pode ser o método
mais preciso em alguns casos.
36
Capítulo 2
Gravimetria Instrumental
37
UNIDADE II │ Métodos Gravimétricos
Uma vez regulados, diferentes correntes de fluxo de gás seguem para a formação de
atmosferas controladas. Neste caso, a presença de três correntes de ar se justificam pela
formação de duas correntes de atmosfera controlada, e uma corrente para estabilização
do sistema, evitando efeitos como contaminação cruzada.
Entrada de vapores (7 e 8)
Após mistura controlada na câmara (6), são gerados dois fluxos de gás de vapores
controlados, que são transportados pelo sistema.
Neste ponto, a amostra é colocada em uma balança de grande precisão para monitoramento
da variação de massa do sistema em função do tempo. Ela fica em contato com um dos
vapores gerados pelo sistema combinado já apresentado, e sua massa é medida em
função do tempo.
38
Métodos Gravimétricos │ UNIDADE II
Uma câmera é um dispositivo que analisa a reflexão da luz incidida sobre uma
amostra, sendo capaz de absorver a luz que lhe é incidida, de forma a registrar a
imagem. Este tipo de dispositivo pode apresentar variações, mas é baseado nos
mesmos princípios dos equipamentos de espectroscopia.
Análises espectroscópicas dos gases formados e das amostras podem ser realizadas
paralelamente neste instrumento por meio da incorporação de sensores extras,
indicados na representação. O princípio de funcionamento e a aplicação de cada um
dos sensores citados (infravermelho e Raman) .
39
UNIDADE II │ Métodos Gravimétricos
40
Métodos Gravimétricos │ UNIDADE II
A detecção, em muitos casos, é realizada por técnicas não gravimétricas. De toda forma,
a aplicação do método de decomposição térmica pode ser vista como uma evolução da
análise gravimétrica.
Apesar do emprego de medidas de massa, esta técnica não guarda relação com a
gravimetria apresentada nesta unidade. Apesar de fugir do tema deste capítulo, este
método de análise será apresentado na Unidade V desta apostila, por sua grande
relevância para detecção em processos de separação cromatográficas e eletroforéticas.
41
Cromatografia Unidade iII
Capítulo 1
Aspectos gerais e cromatografia planar
A cromatografia pode ser vista como uma evolução dos antigos métodos de tratamento
de amostras. Tais métodos, como a filtração para remoção de contaminantes são
descritos em trabalhos gregos e egípcios, além da Bíblia. Alquimistas também utilizavam
métodos como a extração, destilação e amalgamação.
Em 1893, sais inorgânicos foram separados utilizando passagem de água por caulim.
Técnicas de fracionamento de petróleo, desenvolvidas na Alemanha e nos Estados
42
Cromatografia │ UNIDADE III
Essas separações, cuja compreensão físico-química não era plena na época, são
explicadas pelos mecanismos de separação cromatográficos, que vieram a ser propostos
apenas no início do século XX, com os trabalhos de Tswett M.S., que reconheceu
mecanismos de adsorção como responsáveis pela separação e cunhou, pela primeira
vez, a palavra cromatografia, motivos pelos quais o tornam reconhecido pela criação do
método de separação.
43
UNIDADE III │ Cromatografia
neste momento, ocorreram especialmente utilizando fase sólida, até por conta desta
influência direta. Apesar de seu grande reconhecimento hoje em relação a isso, Tswett
não pode experimentar este reconhecimento em vida.
Por outro lado, a data das primeiras separações empregando um dos processos que hoje
compõem as técnicas chamadas “cromatografia”, nas quais se aplica uma amostra com
seus diversos componentes dissolvidos em uma fase móvel e percorrê-la por meio de
uma fase estacionária, ocorrendo a separação devido à migração diferencial, encontra-
se realmente perdida na Antiguidade. (COLLINS, 2009)
Mas, afinal, como ocorre a cromatografia? De que forma o método é capaz de explorar as
interações intermoleculares para diferenciar componentes de uma amostra? Apesar de
haver uma grande variedade de cromatógrafos no mercado, a cromatografia pode ser
realizada, salvo a regra, de duas formas: planar e em coluna. As diversas variedades
de cromatografia podem ser vistas na figura 32. Vale ressaltar que há, dentro destas
categorias, diversas modalidades de cromatografia que podem ser realizadas, sendo
algumas essenciais para a prática analítica e forense. Estas serão apresentadas ao
decorrer do texto.
Cromatografia
em Papel
Planar
Cromatografia em Camada Delgada
(CCD)
Thin Layer Chromatography (TLC)
Cromatografia
Cromatografia a gás (CG)
Gas Chromatography (GC)
Cromatografia Tradicional
Coluna
a líquido
Fluido Cromatografia a
Supercrítico Líquido de Alta
Eficiência (CLAE)
High
Performance
Liquid
Chromatography
(HPLC)
44
Cromatografia │ UNIDADE III
extremidade é colocada em contato com um solvente ou uma mistura, de forma que ela
seja absorvida pelo suporte, passando pela amostra.
Quando este processo se inicia, o líquido flui pela superfície, “arrastando” a amostra
para uma de suas extremidades (processo chamado de eluição). Este é o momento em
que a separação ocorre: cada componente da amostra se move diferentemente.
Esta forma de cromatografia, ainda muito utilizada para fins preparativos, não é
prática para realização rotineira de análises. Os cromatógrafos, quase onipresentes
em laboratórios químicos, são capazes de realizar este processo com maior eficiência e
45
UNIDADE III │ Cromatografia
Injetor
Fase
Móvel Detector
Fase Estacionária
Fonte: Autoria do autor, composição e adaptação das seguintes imagens, disponíveis em: <https://pixabay.com/
pt/tubo-fluido-l%C3%ADquido-laborat%C3%B3rio-305154/. https://pixabay.com/pt/erlenmeyer-qu%C3%ADmica-
bal%C3%A3o-297345/>; <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Signal_processing.png>.
Injetor: este é o ponto no qual ocorrerá a injeção da amostra a ser analisada. A forma de
realizar a injeção variará de acordo com a configuração do experimento a ser realizado,
sendo em alguns casos possível fazê-la de forma manual ou automática.
Fase móvel: se trata de uma substância ou composto fluído, gás ou líquido, dependendo
do tipo de cromatografia, que será propulsionado pela fase estacionária, sendo o
modo de propulsão variável de acordo com o tipo de cromatografia. Bem como a fase
estacionária, irá interagir diretamente com a amostra e pode ter composições diversas,
a serem otimizadas de acordo com a análise a ser realizada.
Neste caso, a amostra é inserida no injetor. Ela começa a ser carregada pela fase móvel,
fluindo pela fase estacionária. Os componentes da amostra começam a interagir tanto
com a fase móvel quanto com a fase estacionária, de acordo com a sua estrutura em
com a de cada um de seus componentes. Durante a eluição os compostos passam pelo
detector, em um momento definido, sendo identificados e quantificados.
46
Cromatografia │ UNIDADE III
Coluna Planar
Injeção Deposição da amostra sobre placa.
Fonte: autor.
Agora vamos olhar com mais atenção no processo de separação. Vamos considerar
uma substância A particionando-se no meio, em equilíbrio entre a fase estacionária
e a fase móvel.
Figura 36. Equilíbro de particionamento entre fases.
ܣሺ௦௧ሻ ֖ ܣሺ×௩ሻ
47
UNIDADE III │ Cromatografia
48
Capítulo 2
Cromatografia a gás
De forma geral, o cromatógrafo a gás possui as mesmas partes descritas na figura 35,
sendo a fase móvel um gás inerte, que fluirá pela coluna, que é a fase estacionária.
Contudo, o equipamento possui algumas características específicas que serão abordadas
nos próximos parágrafos.
Gás de arraste
O gás de arraste utilizado na cromatografia a gás tem função principal de transportar as
espécies a serem separadas para o detector. Lembrando que gases não apresentam fortes
interações moleculares, o gás não influenciará pouco nos parâmetros de separação,
sendo desejável então que este seja inerte e puro. A escolha do gás, contudo, é bastante
relevante de acordo com o detector a ser utilizado. Tais aspectos serão discutidos na
Unidade V desta apostila, dedicada a detecção e tratamento dos dados de análise.
Injetor
A injeção da amostra na cromatografia a gás é uma etapa de grande influência na qualidade
da análise. Primeiramente, deve-se garantir que a amostra esteja em fase gasosa quando
inserida na coluna, para evitar que esta sofra danos. A quantidade de amostra também
é crítica, sendo que a volumes muito grandes de amostra podem exceder a capacidade
da coluna, e variações na quantidade injetada podem influenciar até mesmo no tempo
e qualidade da análise. Considerando que esta análise é utilizada para fins qualitativos
e quantitativos, é necessário garantir, pois, o máximo de reprodutibilidade no processo
de injeção.
49
UNIDADE III │ Cromatografia
Os injetores cromatográficos podem assumir formas diferentes. Uma das mais comuns,
o injetor split/splitless, é apresentada na figura 39. Ele possui um septo, pelo qual a
amostra será inserida utilizando-se uma agulha. A amostra é inserida em uma câmara
de volatilização, aquecida a uma temperatura controlada para garantir que a espécie se
encontre em estado gasoso quando inserida na coluna.
Nesta câmara há três portas para fluxo de gás: a entrada do gás de arraste, a entrada da
coluna e uma saída para descarte de amostra (Válvula Split). Quando a válvula split está
fechada, toda a amostra injetada é inserida na coluna. Porém, em casos que é necessário
injetar um volume muito pequeno na coluna, esta válvula é regulada de forma a inserir
na coluna uma quantidade controlada e reprodutível de amostra. O sistema possui
também uma purga do septo, para impedir que algum resíduo indesejado do septo se
mistura à amostra.
Em alguns casos, tratamentos prévios são realizados com a amostra para análise de
seu conteúdo volátil. Na técnica por headspace, uma amostra líquida é aquecida em
recipiente fechado com septo, sendo coletada a fração gasosa em sua parte superior,
conforme mostra figura 40.
50
Cromatografia │ UNIDADE III
Entrada Septo
Gá́ s de Purga do
Arraste Septo
Por outro lado, fluxo muito baixo de gás de arraste torna o tempo de análise muito
longo, o que é indesejável também não só pelo tempo de análise em si, mas também por
permitir que os compostos sofrem dispersão ao longo da separação por conta de efeitos
de difusão, o que também torna a separação menos eficiente.
A situação acima nos induz a pensar que deve existir um fluxo de gás para que a separação
seja ótima. Esta situação pode ser descrita pela equação de Van Deemter, que relaciona
a altura de um prato teórico (H) em função de parâmetros intrínsecos do sistema (A), do
coeficiente de difusão dos analitos eluídos (B), da resistência à transferência de massa
dos analitos entre as fases (C), e da velocidade do fluxo da fase móvel (u) conforme
apresentado abaixo.
Uma vez que a ordem de grandeza para cada um dos valores A, B e C é similar na
maioria das situações, a vazão do equipamento é otimizada e mantida constante em
sua operação, sendo os outros parâmetros de separação otimizados de acordo com
cada amostra.
52
Cromatografia │ UNIDADE III
Figura 42. Relação entre altura de prato teórico e vazão de fase móvel.
53
UNIDADE III │ Cromatografia
Coluna Cromatográfica
No início do desenvolvimento da cromatografia a gás, as colunas eram tubos recheados
com substrato sólido, similar a cromatografia clássica de coluna apresentada no início
desta unidade. Este tipo de coluna, ainda utilizada para fins preparativos, deu espaço a
colunas capilares nos equipamentos de análise mais modernos.
A fase estacionária nas colunas capilares, que pode ser líquida (Wall Coated Open
Tubular column, WCOT) ou sólida (Porous Layer Open Tubular column, PLOT), se
encontra nas paredes internas dos capilares, não preenchendo totalmente o tubo.
Desta forma, a pressão exercida sobre ela para o fluxo é menor, o que também permite
tubos mais longos para a separação. Tais fatores, combinados, aumentam a bastante à
eficiência de separação da coluna cromatográfica.
54
Cromatografia │ UNIDADE III
Detector
Ao final do processo de separação, alguma propriedade física ou química das substâncias
separadas precisam ser medidas, de forma a identificar o composto analisado.
Para tanto, um detector é utilizado, e seus resultados são registrados.
55
Capítulo 3
Cromatografia a líquido de alta eficiência
Vale ressaltar que, o cromatógrafo a líquido, salvo a regra, não possui forno com temperatura
controlada. É possível entender aqui a principal diferença entre cromatografia a líquido
56
Cromatografia │ UNIDADE III
Os solventes típicos para eluição em HPLC, bem como para quais tipos de compostos
eles são utilizados, estão resumidos na unidade VI.
Degaseificador (2)
O Cromatógrafo para realização da HPLC é um sistema projetado para operar com líquidos
e utiliza alta pressão. A presença de bolhas no sistema pode ser extremamente prejudicial
para o equipamento, comprometendo outras partes do instrumento como bombas e
coluna, bem como causando problemas para detecção. O desgaseificador não apenas
evita que ar entre no sistema, mas inclusive elimina os gases dissolvidos nos solventes.
Esta parte do sistema realiza a mistura dos solventes e propulsiona a fase móvel pelo
sistema. A maneira de realizar esta mistura pode ser diferente, envolvendo válvulas
comutando a entrada dos diferentes solventes, em diversas arquiteturas, ou até mesmo
se utilizando mais de uma bomba.
Devido às características físicas do sistema, é necessário que a bomba consiga exercer grande
quantidade de pressão. Para tanto, as bombas padrão para uso em HPLC são bombas de
infusão (que são câmaras comprimidas por um pistão, similares a uma seringa).
Vale lembrar que, a velocidade da fase móvel também influenciará a separação de acordo
com a equação de Van Deemter (vista no capítulo anterior), visto que os termos da
equação (velocidade de fluxo, parâmetros da coluna, coeficiente de difusão e resistência
a transporte de massa) também são parâmetros nas separações em fase líquida.
O injetor comutador é uma placa móvel com canais, montada sob uma placa perfurada.
De acordo com a posição da placa inferior, os canais da placa interligam furos diferentes,
permitindo o fluxo de fluidos por caminhos diferentes.
57
UNIDADE III │ Cromatografia
Fonte: autor.
Sigamos agora pelo exemplo da figura 44. Quando na posição 6’, a amostra injetada no
comutador completa a alça de amostragem, enquanto a fase móvel flui para o detector.
Quando o comutador é chaveado, a fase móvel passa pela alça de amostragem e a
carrega para o detector.
O uso de alça de amostragem não apenas permite que a amostra seja colocada no fluxo
da fase móvel, mas também garante que o volume de solução injetado seja sempre o
mesmo (pois define, pelo seu tamanho, o volume de solução).
Pré-Coluna (8)
Coluna (9)
Quando se utiliza uma coluna contendo um composto polar em sua fase estacionária
(por exemplo, sílica) e se realiza a eluição com um solvente apolar (por exemplo,
clorofórmio), denominamos a técnica de Cromatografia por fase normal. Este nome
se dá pelo desenvolvimento histórico da técnica, sendo uma das primeiras modalidades
de HPLC empregada.
58
Cromatografia │ UNIDADE III
Existe também uma vertente cromatográfica cuja coluna possui poros de tamanho
controlado, e a interação entre os analitos e os poros se dá fisicamente, de forma a reter
melhor partículas menores que se possuem maior probabilidade de se encaixarem nos
poros. Esta técnica, predominantemente utilizada para análise de compostos de alta
massa molecular, é denominada Cromatografia por exclusão.
Detector (10)
59
Eletroforese Unidade iV
Capilar
A Eletroforese Capilar (Capillary Electrophoresis, CE) é uma técnica de separação,
em alguns aspectos, comparável à Cromatografia. Uma amostra líquida é propulsionada
por um tubo por meio de um processo de eluição, que provoca a separação de substâncias
presentes na amostra, detectadas e quantificadas ao final do processo.
Capítulo 1
História e Fundamentos
Nesta modalidade, uma amostra a ser analisada é injetada em uma placa de gel
(compostos por agarose ou poliacrilamida, por exemplo) e é aplicado um campo elétrico
entre suas extremidades. Moléculas contendo carga são atraídas para os polos opostos,
60
Eletroforese Capilar │ UNIDADE IV
de acordo com seu tamanho e carga. As moléculas separadas são visualizadas como
bandas ao longo do gel, de maneira similar a cromatografia em papel.
A eletroforese em gel, muito importante para fins de comparação entre amostras, não se
mostra muito precisa para quantificação de componentes, além de ser um procedimento
demorado. O aumento do campo elétrico, a fim de acelerar as partículas e diminuir o
tempo de análise, gera aquecimento da placa devido ao efeito Joule e não pode ser
explorado de maneira intensa.
Nesta modalidade, uma amostra a ser analisada é injetada em uma placa de gel
(compostos por agarose ou poliacrilamida, por exemplo) e é aplicado um campo elétrico
entre suas extremidades. Moléculas contendo carga são atraídas para os polos opostos,
de acordo com seu tamanho e carga. As moléculas separadas são visualizadas como
bandas ao longo do gel, de maneira similar a cromatografia em papel.
A eletroforese em gel, muito importante para fins de comparação entre amostras, não se
mostra muito precisa para quantificação de componentes, além de ser um procedimento
demorado. O aumento do campo elétrico, a fim de acelerar as partículas e diminuir o
tempo de análise, gera aquecimento da placa devido ao efeito Joule e não pode ser
explorado de maneira intensa.
61
UNIDADE IV │ Eletroforese Capilar
Atualmente, pelo menos a metade de todas as separações são realizadas por eletroforese,
uma vez que esta técnica é utilizada de forma padrão para as separações de proteínas
do sangue e digestão de DNA. Ela é tão rotineira nos dias de hoje em biomedicina e
disciplinas relacionadas que raramente é mencionada nos resumos e títulos de artigos
onde é uma tecnologia básica, por exemplo, sequenciamento de DNA. Mesmo assim, é
mencionado pelo nome em quase tantos artigos quanto a cromatografia. No entanto,
com o desenvolvimento da eletroforese capilar 1981, a eletroforese retornou como um
tema substancial de interesse para a química analítica. (PERRETT, 1998)
Com estas vantagens, a eletroforese capilar vem ganhando muito espaço e é hoje
uma técnica fundamental em laboratórios de análises químicas, mesmo apesar de
ser uma técnica criada mais recentemente do que as técnicas cromatográficas. Ela foi
fundamental no sequenciamento do DNA no projeto Genoma, e vem encontrando cada
vez mais aplicações analíticas.
Relembrando conceitos
A eletroforese é uma aplicação de uma das propriedades de uma pilha eletroquímica.
Os fenômenos presentes em uma pilha e suas implicações serão melhores estudados
na disciplina QF3, mas alguns conceitos essenciais para entendimento da técnica são
revisados aqui. Para tanto, considere uma pilha de Daniell.
Nesta imagem temos duas placas metálicas, uma de zinco (Zn) e uma de cobre (Cu),
denominadas eletrodos, imersas, respectivamente, em soluções de sulfato de zinco
e sulfato de cobre, denominadas eletrólitos. Estas duas placas estão ligadas por
um condutor metálico e as duas soluções estão ligadas por um tubo contendo um sal
dissolvido (por exemplo, cloreto de potássio, KCl), cujas pontas não deixam líquido
fluir, mas permite a passagem de pequenas moléculas, denominada ponte salina.
62
Eletroforese Capilar │ UNIDADE IV
Nesta pilha ocorre o seguinte fenômeno: o zinco metálico (Zn0) possui maior tendência
para fornecer elétrons do que o Cobre, formando zinco oxidado (Zn2+) em solução.
O cobre oxidado (Cu2+), por sua vez, possui maior tendência a receber elétrons do que o
Zn2+. Desta forma, o zinco fornece elétrons para o cobre, formando Zn2+ e Cu0 no sistema,
de forma que a placa de zinco seja corroída e a solução de zinco fique mais rica em metal,
bem como formando cobre metálico e deixando a solução de cobre menos rica em metal.
Frisamos que uma explicação aprofundada no fenômeno de pilha está fora do escopo
desta apostila, sendo abordada de maneira mais dedicada na apostila QF3. Neste momento
é importante entendermos o que acontece dentro da ponte salina. Ou seja, a aplicação
do campo elétrico entre os dois reservatórios, além de ter realizar as reações, provoca
movimento de íons na ponte salina.
63
UNIDADE IV │ Eletroforese Capilar
Frisamos que uma explicação aprofundada no fenômeno de pilha está fora do escopo
desta apostila, sendo abordada de maneira mais dedicada na apostila QF3. Neste
momento é importante entendermos o que acontece dentro da ponte salina. Ou seja, a
aplicação do campo elétrico entre os dois reservatórios, além de ter realizar as reações,
provoca movimento de íons na ponte salina.
Agora precisamos considerar a seguinte situação: se, ao invés de um sal puro como
cloreto de potássio, houvesse uma mistura de íons na ponte salina, eles todos se
moveriam da mesma forma em função do campo elétrico exercido nas extremidades da
ponte salina?
Se pensarmos em cada íon como uma partícula carregada no vácuo, a força aplicada
no corpo (Fef) é proporcional ao campo elétrico (E) e a carga da partícula (q) de acordo
com a equação:
A situação que os íons se encontram, contudo, não é o vácuo. Desta forma, existem
forças de resistência ao fluxo que as partículas enfrentam ao se mover em solução.
A resistência ao fluxo das partículas neste meio é chamado de arraste por fricção (Ffr),
e é equacionado de acordo com o raio iônico hidratado da partícula (r), a viscosidade do
meio (ƞ) e a velocidade da partícula (v):
Nesse contexto, a força aplicada pelo campo elétrico é contraposta pelo arraste por
fricção. Visto que a partícula sofre mais arraste em velocidades maiores, haverá uma
velocidade específica na qual as forças se anulam, e ela trafegará com velocidade
constante, conforme equação apresentada na figura 50.
64
Eletroforese Capilar │ UNIDADE IV
A separação eletroforética ocorre, pois, justamente porque cada íon diferente deve
se mover com uma velocidade constante e diferente em um determinado meio.
Considerando um meio de viscosidade constante, temos que a mobilidade de um íon
é relacionada à sua carga (diretamente proporcional), e a seu raio iônico hidratado
(inversamente proporcional).
65
Capítulo 2
Instrumentação e Aplicação
Para entendermos melhor como funciona a eletroforese do ponto de vista prático, vamos
começar observando com mais atenção para o instrumento, cujas partes essenciais são
representadas.
Nele, dois reservatórios são ligados por um capilar contendo uma solução e monitorado
por um detector em um ponto específico. No processo de separação, um potencial elétrico
é aplicado entre os dois reservatórios, de forma a fazer a solução e os analitos fluírem
pelo capilar. Desta forma, o movimento diferente de cada espécie será responsável pela
sua separação, de acordo com a teoria explicada acima.
Contudo, o movimento descrito não explica todo o fluxo de solução em uma corrida
eletroforética. Outro fenômeno que deve ser considerado quando falamos do movimento
de espécies em eletroforese capilar é o fluxo eletrosmótico. As paredes internas do
capilar, tipicamente formadas por sílica, são ionizadas em contato com a solução de
eletrólito aquoso, de acordo com o equilíbrio:
66
Eletroforese Capilar │ UNIDADE IV
Como se pode imaginar, esse equilíbrio é deslocado para a direita em soluções com pH
mais alto, sendo mais relevante em soluções com pH > 3.
67
UNIDADE IV │ Eletroforese Capilar
Esta mobilidade aparente, maior do que na eletroforese em gel por conta dos campos
elétricos maiores e da presença do fluxo eletrosmótico, permitem que as separações em
CE sejam muito mais rápidas do que separações em gel.
Perceba também que, em alguns casos, a mobilidade aparente de um íon pode ser
positiva mesmo se ele tem mobilidade negativa, ou seja, eventualmente íons negativos
sejam atraídos a um polo negativo.
Apesar de ser possível, em alguns casos, analisar ânions que movem em contraposição
do fluxo eletrosmótico, também é possível modificar a superfície interna do capilar de
sílica de modo a induzir a formação de íons positivos em sua superfície pelo uso de
surfactantes catiônicos, aqui chamados de inversores de fluxo. A figura pode ser
melhor compreendida quando comparada com a figura a seguir já apresentada (note a
seta de fluxo em direção oposta nas duas figuras).
As três substâncias apresentam afinidade por prótons em meio aquoso, sendo o pKa
das espécies relativamente próximos, como se pode ver na figura. O tamanho das
moléculas também difere: o TRIS é muito menor do que as outras moléculas estudadas
neste sistema.
68
Eletroforese Capilar │ UNIDADE IV
Vamos pensar a respeito do pKa de cada uma destas moléculas. Em pH próximo a 8,6,
a cocaína possui grau de ionização igual a 0,5, ou seja, se apresenta dividida igualmente
entre sua forma neutra e protonada. Tal divisão ocorre, para as moléculas de Lidocaína
e TRIS em pH próximo a 8,0. Vale lembrar que, esta divisão acontece em um equilíbrio
dinâmico, conforme apresentado na Unidade II desta apostila, ou seja, na prática é
como se observássemos um agrupamento de moléculas com carga fracionária. A esta
mobilidade dependente do grau de ionização se dá o nome de mobilidade efetiva,
descrita pela equação da figura 58:
69
UNIDADE IV │ Eletroforese Capilar
Em pHs mais baixos do que 7,5, as três moléculas discutidas aqui majoritariamente
estarão em sua forma protonada, sendo que a molécula de TRIS se transporta mais
rapidamente por ter um menor raio hidrodinâmico. Já em pHs maiores do que 9,
todas as moléculas descritas se encontram desprotonadas e, consequentemente, sem
carga. Em pHs intermediários, contudo, a mobilidade efetiva será intermediária.
Para que entendamos melhor, a mobilidade efetiva das três espécies estudadas, em
função do pH.
Este gráfico permite visualizar em qual situação deve ocorrer uma melhor separação
entre estes componentes. Em pHs mais altos (acima de 10), podemos ver que a
mobilidade efetiva das espécies é praticamente nula, situação na qual sua mobilidade
aparente é igual a do fluxo eletrosmótico, e elas não serão separadas. Em pHs mais
baixos (abaixo de 6), será possível separar o tampão TRIS das outras espécies
estudadas, contudo a cocaína e a lidocaína apresentarão mobilidade muito semelhante,
dificultando sua separação.
Em meio a todo o contexto acima, a eletroforese se mostra uma técnica muito versátil
e poderosa, e pode-se realizar de formas diferentes dependendo do problema analítico
a ser resolvido, e até mesmo não se limita a separação de amostras contendo íons.
Características relevantes sobre a operação e a montagem do equipamento, bem como
as diferentes formas que a técnica pode se apresentar e suas aplicações serão descritas
a seguir.
70
Eletroforese Capilar │ UNIDADE IV
Desta forma, o eletrólito utilizado em CE deve conter íons para condução elétrica e ser
robusto frente a variações de pH e de composição induzidas pelas espécies formadas
71
UNIDADE IV │ Eletroforese Capilar
durante sua eletrólise. Para tanto, comumente se utilizam soluções aquosas com forte
capacidade tamponante, sendo o pH escolhido e ajustado de acordo com a separação a
ser realizada.
Também pode-se dizer que a escolha do eletrólito influencia a etapa de detecção ao final
da análise, sendo alguns tampões mais favoráveis do que outros para alguns detectores
específicos.
Conforme falado anteriormente, a superfície interna do capilar pode ser ativada e/ou
modificada quimicamente. Para tanto, é adicionado um componente no eletrólito de
corrida ou em algum outro eletrólito a ser utilizado previamente, e ele é propulsionado
para o capilar pela aplicação do potencial, ocorrendo o fluxo eletrosmótico.
A injeção da amostra pode ser realizada de diversas formas, sendo duas mais comuns:
por hidrodinâmica e eletrocinética. Na injeção hidrodinâmica, uma pressão positiva
é aplicada no frasco de amostra, de forma a induzir o fluxo de amostra por pressão para
o capilar. Já na injeção eletrocinética, aplica-se uma diferença de potencial entre o
frasco da amostra e o frasco de eletrólito na outra extremidade do capilar, de forma que
o fluxo eletrosmótico insira a solução no capilar.
72
Eletroforese Capilar │ UNIDADE IV
A injeção hidrodinâmica pode ser realizada com a gravidade como força motriz
para geração de pressão, colocando o frasco de amostra e a entrada do capilar
em altura conveniente.
A forma de eletroforese mais comum e mais próxima do que foi discutido até
agora é a Eletroforese Capilar de Zona (Capillary Zone Electrophoresis, CZE).
Nesta modalidade, injeta-se a amostra no capilar já previamente preenchido com
eletrólito de corrida. A diferença de potencial então é aplicada entre as extremidades
do capilar, de forma que as espécies presentes na amostra migrem em zonas distintas,
de acordo com suas mobilidades aparentes.
Em algumas situações, a coluna capilar pode ser preenchida com uma matriz polimérica.
Neste caso, denominado Eletroforese Capilar em Gel (Capillary Gel Electrophoresis,
CGE), a coluna com gel provoca também um efeito de separação por tamanho, sendo
especialmente interessante para macromoléculas orgânicas como proteínas e sequências
de DNA, visto que moléculas de tamanhos diferentes frequentemente apresentam relações
muito próximas entre carga molecular e raio hidrodinâmico (pois uma macromolécula
maior apresenta maior número de cargas pontuais).
73
UNIDADE IV │ Eletroforese Capilar
Também é possível realizar a eletroforese capilar com uma coluna recheada de forma
similar a cromatografia, em técnica chamada Cromatografia Eletrocinética Capilar
(Electrokinetic Chromatography, EKC). Esta técnica se diferencia da cromatografia
pelo modo de propulsão do eluente: neste se utiliza fluxo eletrosmótico ao invés de
bombeamento pneumático do eletrólito.
Apesar de ser um método eletroforético, a separação aqui pode ser entendida como um
processo cromatográfico, contendo particionamento de amostra entre fase estacionária
e fase móvel. Neste caso, o processo de partição permite separação entre espécies
neutras de acordo com as interações descritas.
É interessante comparar a EKC com a MEKC, sendo que uma se vale de interações
entre a coluna e o eletrólito de corrida, enquanto a outra se vale da interação
entre o eletrólito de corrida e as micelas. Apesar de serem interações de natureza
diferente, conceitualmente as duas técnicas são bastante próximas.
74
Eletroforese Capilar │ UNIDADE IV
Veja que, nesta técnica, é possível realizar a pré-concentração dos analitos, ou seja, as
espécies analisadas se distribuem em um volume menor de amostra. Isso favorece a
detecção posterior dos compostos analisados.
75
Detectores e
Interpretação dos Unidade V
Resultados
Como visto anteriormente, os métodos apresentados realizam a separação de componentes
de uma mistura complexa e identificam cada um dos componentes isoladamente de
modo a realizar a análise. Mas como funciona este detector? Como é o resultado que se
espera obter ao final de um processo de separação? De que forma este resultado pode
ser interpretado?
Capítulo 1
Sinais em técnicas químicas de separação
Ao olharmos para esta tira, podemos notar diferentes manchas em diferentes distâncias
da camada delgada. De acordo com a discussão do Capítulo 3, podemos ver que há
uma mistura de compostos inseridas na superfície e cada um deles interage de forma
76
Detectores e Interpretação dos Resultados │ UNIDADE V
diferente com ela. Além do ponto de injeção (escurecido, à esquerda), se veem três
zonas distintas, sendo a primeira quase mesclada à segunda e a terceira mais à direita.
A posição e intensidade destas plumas na camada delgada pode ser estimada. Pode-se
ver quatro regiões com analito: uma na posição de injeção (~28 mm), à esquerda,
outras duas quase sobrepostas (em ~64 mm e ~74 mm), ao meio e uma última região
à esquerda (~100 mm). As manchas maiores e mais intensas, como se deve imaginar,
correspondem aos compostos em maiores concentrações.
A intensidade do tom acinzentado das manchas acima pode ser lido via software para
tratamento de dados. A imagem foi lida ponto a ponto e a intensidade de cor foi colocada
em um gráfico, como mostra a figura 52. O gráfico apresentado é a forma mais comum
de representação de dados de separação e a ela se dá o nome de cromatograma.
Quando a separação é realizada por técnica de eletroforese, dá-se ao gráfico resultante
o nome de eletroferograma.
Fonte: Criação do autor, CCD com design inspirado em figura adaptada de <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:TLC_
black_ink.jpg>. Gráfico de Intensidade de sinal x Posição foi realizado por meio de dados hipotéticos simulados.
É interessante notar que, a ordem dos picos da figura 66, correspondente a leitura
do detector da figura 65, é invertida em relação à ordem que vemos na tira: neste
77
UNIDADE V │ Detectores e Interpretação dos Resultados
cromatograma, os picos que aparecem antes são aqueles que tem menor interação com
a fase estacionária e eluem mais rapidamente pelo equipamento.
Quando há componentes mal separados de uma amostra, eles se apresentarão como picos
muito próximos ou mesmo como um pico único na análise, como pode ser observado no
cromatograma de camada delgada discutido no começo dessa unidade. Esta separação
entre picos é chamada de resolução, pode ser calculada considerando os tempos de
retenção de cada substância e a largura de seu pico, conforme seguinte equação:
� � ���� � ��� )
�� =
��� � ���
Fonte: Criação do autor, o gráfico que compõe a imagem foi realizado por meio de dados hipotéticos simulados (soma de
funções gaussianas e ruído aleatório).
78
Detectores e Interpretação dos Resultados │ UNIDADE V
Nesta equação, a resolução (Rs) é calculada em função do tempo de retenção dos dois
analitos (tR1 e tR2) e da largura de seus picos na base (wb1 e wb2). Na prática analítica,
recomenda-se que estes picos possuam uma resolução maior do que 1,5 para realizar
sua quantificação.
As curvas cheias dos sinais indicam o sinal proveniente da injeção de amostras. Salvo a
regra, espera-se que o sinal obtido seja linearmente correlacionado a concentração de
amostra medida. Esta correlação matemática pode ser equacionada por meio de uma
regressão linear, de forma que a concentração de amostras, diferentes das dos padrões,
podem ser calculados a partir da interpolação do resultado de sua leitura na equação
obtida.
Esta correlação linear obtida, para técnicas de separação, é uma equação de primeiro
grau com intercepto em zero, ou seja, considera-se que o sinal de uma amostra sem
analito seja nulo (as implicações do sinal do branco serão discutidas nos parágrafos
posteriores). Desta forma, o sinal se relaciona diretamente com a concentração, sendo
ponderado por uma constante, na qual denominamos sensibilidade. Quanto maior for
a constante k em Sinal = k ∙ Canalito, maior a capacidade de se diferenciar concentrações
próximas, visto que, variações pequenas de analito renderão variações grandes de sinal.
Agora vamos observar a linha pontilhada no gráfico à esquerda. Esta curva se trata da
injeção de uma alíquota de solução que não contém a substância que quero identificar,
isto é, o branco. Como se pode observar, ele não tem medida absolutamente nula.
Mesmo nas condições ideais de análise, o sinal do branco ainda possui variações
aleatórias devido a ruídos presentes na medida, decorrentes de fenômenos naturais
aleatórios. A contabilização do branco, pois, é uma medida da variação do sinal do meu
procedimento de análise, independente da variação de concentração de meu analito.
Esse dado será utilizado para caracterizar o método, como será visto adiante.
80
Detectores e Interpretação dos Resultados │ UNIDADE V
A partir do sinal obtido por diversas injeções do branco, posso estimar qual o nível
de variação médio e sua distribuição. A partir destes dados, posso estimar que só será
possível detectar substâncias em amostras cujo sinal seja certamente maior do que o
sinal do branco. Considera-se que o branco possui distribuição normal, e se conclui que
o nível mínimo de concentração que pode ser observado é três vezes a média do sinal do
branco dividido pela sensibilidade do método, conforme equação seguinte:
ܵ
ܦܮൌ ͵ ή
݇
A este nível mínimo de concentração que pode ser estimado dá-se o nome de limite
de detecção. Este limite pode variar bastante de acordo com o método utilizado, e,
em alguns casos, há demandas críticas de métodos cada vez mais sensíveis. Em valor
próximo ao limite de detecção, é possível afirmar a presença do analito na amostra,
porém, estimar o valor de concentração encontrado ainda é muito incerto. Desta forma,
pode-se calcular, também, um limite de quantificação para o método a partir destes
desvios, convencionado como dez vezes a razão entre o sinal do branco e a sensibilidade
do método, conforme equação:
ܵ
ܳܮൌ ͳͲ ή
݇
81
UNIDADE V │ Detectores e Interpretação dos Resultados
Em alguns casos, as substâncias a serem analisada podem não ser adequadas para uma
determinada técnica de análise e/ou de detecção da forma que elas se encontram na
amostra. Ainda assim, é possível realizar uma reação química com estes compostos
para formar uma espécie detectável de acordo com a técnica analítica utilizada. A esse
tipo de estratégia se dá o nome de derivatização da amostra.
Detectores
Os sinais apresentados nesta unidade foram medidos pela intensidade em escala de
cinza das manchas da tira. Podemos imaginar, no entanto, uma cromatografia de uma
82
Detectores e Interpretação dos Resultados │ UNIDADE V
Fonte: Criação do autor, leituras foram realizadas em software de tratamento matricial de dados GNU Octave. O Gráfico
corresponde às leituras das cores da imagem correspondente após edição em software CamScanner. Figura inspirada a parti
de resultado verificado em <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:TLC_black_ink.jpg>.
Apesar de não serem detectores específicos, ou seja, capazes de identificar uma única
substância, sua capacidade de detectar propriedades diferentes (no caso, absorção de
luz em cores diferentes) fornece informações mais aprofundadas a respeito da amostra.
Alguns detectores podem fornecer resultados bem seletivos, apresentando propriedades
específicas de moléculas.
83
UNIDADE V │ Detectores e Interpretação dos Resultados
Cromatograma
Intensidade
Espectro de massa
dos picos resolvidos
Separação
Cromatográfica Análise por espectrometria de massas
84
Capítulo 2
Detectores para sistemas analíticos
de separação
A escolha do detector mais apropriado para a técnica de análise a ser realizada é essencial
para o sucesso de uma análise química. Dentre os fatores que influenciam diretamente
a escolha do detector, são de grande relevância:
Este texto não pretende, de forma alguma, esgotar o assunto, dada a grande complexidade
dos temas, tanto pelo número de detectores existentes no mercado, quanto pelas
peculiaridades de cada detector. Como já falado anteriormente, alguns dos detectores
citados aqui são assuntos de outro módulo do curso (QF3).
Para facilitar a apresentação, vamos fazer algumas separações, de acordo com o tipo de
equipamento utilizado.
Cromatografia a Gás
Impressionantemente, o primeiro detector desenvolvido para cromatografia a gás
se valia da análise de alíquotas colhidas por borbulhamento em uma solução e
quantificados por titulação, isto é, pela adição de quantidade conhecida de uma solução
até completar reação estequiométrica. Mesmo sem nos aprofundarmos na técnica de
titulação aqui (explicada no módulo QF3 do curso), podemos ver o quanto este método,
ainda realizado de forma manual, era trabalhoso.
Hoje em dia existem detectores dos mais variados tipos, integrados e automatizados
na operação do instrumento. Sem preocupação com uma perspectiva histórica, seguem
apresentados alguns dos mais utilizados nos dias atuais.
85
UNIDADE V │ Detectores e Interpretação dos Resultados
~30 mL / min H2
~300 mL / min ar
~30 mL / min N2
A emissão de elétrons pode ser modulada de forma diferente. Em uma variação desta
técnica, uma pérola de rubídio ou césio é aquecida em posição acima da chama, de
modo a emitir elétrons por um efeito chamado emissão termoiônica. Quando compostos
contendo nitrogênio ou fósforo chegam à chama, os íons formados são adsorvidos
na superfície da pérola, diminuindo a função trabalho (energia necessária para
termoionização), aumentando o sinal. Este detector é chamado detector termiônico
86
Detectores e Interpretação dos Resultados │ UNIDADE V
Ainda utilizando detecção com chama, o sinal observado pode ser diferente. É possível
utilizar um detector fotométrico e examinar a luz emitida pela chama ao invés da
corrente. Este detector por fotômetro de chama (Flame Photometric Detector,
FPD) pode ser mais específico, visto que é possível selecionar a frequência da luz a ser
medida, e oferece boas respostas para diversos compostos orgânicos contendo átomos
como enxofre e fósforo. Já o detector por emissão atômica (Atomic Emission
Detector, AED) é capaz de monitorar simultaneamente mais de uma frequência de
luz, tendo aplicação mais abrangente. A construção destes detectores e suas aplicações
serão tema abordado no módulo QF3.
A detecção por ionização ainda pode ser realizada por técnicas diferentes. Ao invés da
chama, a ionização das amostras pode ser provocada por luz ultravioleta, sendo um
detector de fotoionização (Photoionization detector, PID). Este detector, que não
tem necessidade de gases adicionais para a sua operação, frequentemente é utilizado
para detecção de compostos orgânicos voláteis (COVs) em áreas contaminadas e
frequentemente é acoplado como detector em cromatografia a gás..
87
UNIDADE V │ Detectores e Interpretação dos Resultados
Outro método de detecção diferente, que não envolve ionização dos compostos
analisados, é o detector por condutividade térmica (Thermal Conductivity
Detector, TCD). Neste, uma resistência elétrica é colocada em duas câmaras com fluxo
de gás, sendo uma o fluxo da coluna cromatográfica e outra o gás de arraste puro, como
referência. Quando a composição do eluente da coluna muda, a estabilização térmica
da câmara muda, alterando a corrente que passa pela resistência da primeira câmara.
O esquema do detector é apresentado na figura 74.
88
Detectores e Interpretação dos Resultados │ UNIDADE V
Este detector sofre muita influência do ambiente (temperatura, pressão, fluxo de fase
móvel), não pode ser utilizado com eluição por gradiente e possui baixa sensibilidade,
89
UNIDADE V │ Detectores e Interpretação dos Resultados
mas ainda é bastante útil para amostras que não podem ser detectadas por outros
detectores, descritos e explicados a seguir.
Além das propriedades óticas, a medida de propriedades elétricas é muito relevante para
a detecção em métodos de separação para líquidos. O detector por condutividade
elétrica mede a capacidade de uma amostra em conduzir corrente elétrica sob ação
de um potencial alternado, seus fundamentos serão explicados no módulo QF3 deste
curso. Sua utilização é mais recorrente em cromatografia por troca iônica e CE.
91
UNIDADE V │ Detectores e Interpretação dos Resultados
O C4D ganhou rapidamente espaço no mercado, sendo popular em especial para CE,
pela praticidade em interfacear o detector com o capilar de separação. Vale lembrar
que, para a eletroforese, baseada na separação por mobilidade iônica, este detector é
praticamente universal.
Outras medidas também utilizadas como forma de detecção acoplada são: amperometria
e a voltametria, cujos fundamentos serão explicados com mais profundidade no módulo
QF3. Nestas, um potencial é aplicado entre a solução eluída e um eletrodo de trabalho,
que induz reação de oxidação ou redução no analito com o qual entra em contato.
Cromatografia Planar
Tradicionalmente, a detecção em cromatografia planar ou em camada delgada é realizada
visualmente, conforme apresentado no exemplo do início da unidade. Em casos que o
analito não seja diretamente observável, após eluição, estratégias de derivatização são
amplamente utilizadas, bem como também se realiza a observação da fluorescência da
placa quando submetida à radiação ultravioleta.
92
Guia Prático
de seleção e Unidade Vi
realização de
técnicas
Tão importante quanto conhecer os princípios de cada técnica e suas potencialidades é
saber selecionar métodos e controlar parâmetros para uma boa análise. Complementando a
apresentação conceitual realizada nas unidades anteriores, esta unidade traz um guia
prático para a utilização das técnicas de análise estudadas.
É importante ressaltar que, as técnicas apresentadas neste curso são complexas, a ponto
de existirem pesquisadores especializados em cada uma delas ou em sua operação,
dedicando seu trabalho em desenvolver e adaptar métodos para os mais diversos
analitos em diversas matrizes. Contudo, este guia é um ponto de partida para a seleção
e realização de um método, permitindo maior aprofundamento posterior, bem como
permite identificar eventuais problemas de análise e potenciais soluções.
Ressalta-se aqui que este guia, em nenhum momento e em nenhum aspecto, substitui
os guias e manuais originais de quaisquer equipamentos e insumos, de forma que
recomendamos contato direto com os fornecedores em caso de dúvidas ou maiores
informações a respeito de um componente específico.
93
Capítulo 1
Gravimetria e pesagens
Apesar de aspecto chave na gravimetria, a pesagem não é o único ponto que deve
ser cuidado durante a análise. Para realização da gravimetria por precipitação, são
realizadas diversas etapas laboratoriais, apresentadas no fluxograma da figura 76. Ao
lado do fluxograma, colocam-se alguns campos para preenchimento manual, que podem
ser utilizados no estudo de métodos ou mesmo prática laboratorial, por meio de cópia
simples desta folha. Como referência inicial para a busca de métodos gravimétricos
indicados para análise elementares, indica-se a consulta de VOGEL, 2002.
Por exemplo, para calcular a massa molar do fosfato de cálcio (Ca3(PO4)2), soma-se a
massa de cada elemento (Cálcio, fósforo e oxigênio) multiplicada pelo índice no canto
inferior esquerdo do composto. Os parênteses indicam multiplicação distributiva, como
na matemática. O cálculo se apresenta logo abaixo.
95
UNIDADE VI │ Guia Prático de seleção e realização de técnicas
A tabela periódica possui uma série de outras informações relevantes que podem
ser consultadas. As informações nela contidas e consultas mais aprofundadas
estão fora do escopo deste curso.
Início
Derivatizante adicionado:
Derivatização _________________________
(Adição de reagente seletivo para
formação de produto de interesse)
Tratamento
Temperatura (°C) e tempo (h):
térmico
_________________________
Fonte: autor.
96
Capítulo 2
Cromatografia
Nome da Fase
R
Estacionária
-OH Sílica
-C8H17 C8 ou Octil
-C3H6-CN Cianopropil
-C3H6-NH2 Aminopropil
-C3H6-O-CH2-CHOH-CH2OH Diol
97
UNIDADE VI │ Guia Prático de seleção e realização de técnicas
Apesar de sua simples execução, existe um grande número de variáveis que influenciam
decisivamente no processo de separação. A otimização sistemática destes parâmetros é
bastante útil para o trabalho do analista, e um fluxograma apresentando estas variáveis
e uma sequência otimizada de estudo se encontra na figura 80.
Seleção do Modo de
Desenvolvimento
Para problemas de determinação mais complexos, cada variável precisa ser otimizada.
Para maior aprofundamento no assunto indicam-se referências para consulta (WILSON
I. et. al., 2000).
S
Problema para
Cromatografia
Planar?
Utilize
N S Desenvol-
vimento
Amostra contém
múltiplo
hidrocarbonetos
automati-
aromáticos ou compostos
Utilize HPLC zado!
isoméricos?
S Utilize
Amostra com grande Fase
variabilidade de Reversa
polaridade? (RF)
S
Amostra muito polar ou Utilize
contém homólogos? placas de
alumina
Utilize RF
S com
Amostra contém tampão
principalmente compostos aquoso ou
dissociáveis? parea-
mento
iônico
N
Utilize placas de
alumina
99
UNIDADE VI │ Guia Prático de seleção e realização de técnicas
Fase Clorofórmio
Polar CN
< 2000 normal (V)
Fase (IV)
Reversa C-8
Fase (III)
Não Iônico Reversa C-18
(IV)
Perceba que o fluxograma acima possui, para amostras enquadradas em cada uma
das classificações propostas, as condições iniciais para desenvolvimento do método.
Elas englobam o método cromatográfico, a coluna utilizada e até mesmo a mistura de
100
Guia Prático de seleção e realização de técnicas │ UNIDADE VI
solventes a ser testada. Para questão de clareza na tabela apresentada, alguns solventes
são indicados com caracteres romanos, e sua correspondência se encontra na tabela 6.
Mistura Fórmula
(I) n-heptano/Clorofórmio nC7H16/CHCl3
Como falado no Capítulo 3 e pode ser visto acima, grande parte das análises atuais são
realizadas com cromatografia por fase reversa, sendo em muitos casos um bom ponto de
partida para o desenvolvimento de método para amostra desconhecida. Segue, na tabela
7, uma sugestão de parâmetros iniciais para teste de método em amostra desconhecida.
Variável (Isocrática).
%B 5-100% B em 20 minutos (Gradiente).
5-80% B se A for tampão Fosfato (Gradiente).
101
UNIDADE VI │ Guia Prático de seleção e realização de técnicas
uma boa resolução dos picos em um tempo mínimo (ou minimamente aceitável)
de análise.
Mo
Ti
do
O A po
ti va T A
T de
mi li E de di
zar pH H
ar M ti
F se
P Co vos
%B pa
B lu
ra
na
ção
Caso a separação não seja possível mesmo com todos estes estudos, é provável que haja
outro modo de separação cromatográfica diferente da cromatografia em fase reversa
que deve funcionar melhor para a amostra estudada.
102
Guia Prático de seleção e realização de técnicas │ UNIDADE VI
Formato de pico defeituoso Frita bloqueada ou Vazio na coluna. Substituir frita, lavar coluna.
Interações com os Silanois da coluna. Usar aditivos (aminas), mudar pH, usar colunas “end-capped”*.
Gradiente começando com muita força. Começar gradiente com menor proporção de solvente B
Faixa muito ampla de Ácidos e bases ou bases e neutros em solução. Utilizar pareamento iônico.
tempos de retenção Polaridades muito abrangentes para método isocrático. Usar gradiente de eluição.
Eficiência de separação muito baixa. Usar colunas maiores ou com partículas menores.
*”end-capped” column: coluna de sílica tratada para inibir ionização de grupos silanois
Fonte: adaptado de WILSON I., et. al., 2000.
103
UNIDADE VI │ Guia Prático de seleção e realização de técnicas
Otimização Temperatura 1. T inicial (Tmin) 20°C menor que a temperatura de eluição do 1° componente.
Programada 2. T final (Tmáx) 20°C maior que a temperatura de eluição do último componente.
3. Para misturas simples, aumento de 10°C/min, ou 1 a 2°C/min para misturas complexas.
»» Inicialmente alta (350°C)
Temperatura do Injetor/Detector
›› Ajustar para ~25°C > Tmáx separação.
Divisão de injeção »» Split, com razão entre 1:50 e 1:100.
Detector »» Universal (Detector por Ionização de Chama, FID).
104
Guia Prático de seleção e realização de técnicas │ UNIDADE VI
As colunas com ligações mais próximas são mais parecidas, sendo as interações
dipolo-dipolo e ligações de hidrogênio mais fracas para os grupos mais ao alto do
esquema. Os últimos dois grupos, separados dos da parte de cima, possuem maiores
interações dipolo-dipolo, porém menor afinidade para realizar ligações de hidrogênio.
105
UNIDADE VI │ Guia Prático de seleção e realização de técnicas
Interferência
Causa Possível Sugestão
no sinal
Determine causa do dano. Pode ser por impurezas do gás ou temperaturas excessivas.
Deriva de linha Dano à coluna
Troque a coluna
base (para cima)
Deriva no fluxo de gás Limpe ou troque o regulador de pressão. Ajustar pressão.
Saída da coluna distante do
Reinstalar a coluna. Atenção a distância especificada no manual.
detector (FID, NPD, FPD)
Vazamento de ar (gera ruído em
Eliminar vazamento.
ECD e TCD)
Gases incorretos ou vazão
incorreta de gases (FID, NPD, Verificar composição e pureza dos gases. Reajustar vazão.
Ruído FPD)
Injetor contaminado Limpar injetor. Substituir liner de entrada, septo e lacres.
Aquecer a coluna ao máximo especificado para eliminar impurezas. Cortar primeiros 10
Coluna contaminada
cm da coluna. Se não resolver, substitua a coluna.
Problemas no detector Limpar e substituir peças conforme necessário.
Problemas na placa do detector Consulte representante do cromatógrafo.
Pontos espúrios
Distúrbios elétricos Desligue o cromatógrafo e o mova. Se necessário, usar regulador de tensão.
(spikes)
Variações ambientais
Tete correlacionar com algum evento do ambiente.
(Temperatura, Tensão na linha)
Controle de temperatura
Ler temperatura do detector.
inadequado
Flutuação
Contaminação no gás de arraste Mudar o gás e/ou os filtros de purificação.
Injetor contaminado Limpar injetor. Substituir liner de entrada, septo e lacres.
Aquecer a coluna ao máximo especificado para eliminar impurezas. Cortar primeiros 10
Coluna contaminada
cm da coluna. Se não resolver, substitua a coluna.
106
Capítulo 3
Eletroforese capilar
Parâmetro Configurações
Sílica fundida.
Coluna 30 a 50 cm comprimento.
50 a 75 um diâmetro interno.
Lavar com NaOH 0,1M 30 min.
Condicionamento Lavar com água por 15 min.
Lavar com tampão de corrida por 15 min.
Tensão Aplicada 10-30kV
Temperatura 20-25°C.
Injeção Hidrodinâmica (0,5 p.s.i. por 3s) ou Eletrocinética (2-5 nL).
Detecção UV-Vis 200-230nm ou condutométrica.
107
UNIDADE VI │ Guia Prático de seleção e realização de técnicas
Como visto na unidade IV, a influência do pH do meio no grau de ionização dos analitos
permite a manipulação da mobilidade efetiva dos analitos de forma a favorecer a
separação. Desta forma, uma dos parâmetros de otimização mais importantes da CZE
é a composição do eletrólito suporte.
Além dos efeitos ligados ao pH, outras substâncias podem influenciar a separação
em equilíbrios secundários, podendo ser utilizadas como aditivos em separações
eletroforéticas, como pode ser visto na tabela 13.
108
Guia Prático de seleção e realização de técnicas │ UNIDADE VI
Aditivos Função
Minimizam interações com parede do capilar.
Sais inorgânicos
Induzem conformação de proteínas.
Éteres Coroa Formação de complexos de inclusão (mudando de espécies).
Modificam EOF.
Solubilizam orgânicos.
Solventes Orgânicos
modificam solvatação de íons.
reduzem interações com parede do capilar.
Ureia Complexante para proteínas por ligação de hidrogênio.
Íons Metálicos Modificam mobilidade de ânions e EOF.
Ácidos Alcanossulfônicos Modificam parede do capilar, formação de pares iônicos.
Polímeros de Celulose Modificam parede do capilar e EOF.
Surfactantes Catiônicos Inversor de fluxo de EOF.
Ácidos Orgânicos Formação de pares iônicos.
109
Referências
HELLER, M.; VITALI, L.; SIQUEIRA, M. A.; SAKO, A. V. F.; PIOVEZAN, M.; MICKE,
G. A. Capillary Electrophoresis with UV Detection to Determine Cocaine on Circulated
Banknotes.
110
Referências
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Sites
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