LENGUA Y GRAMATICA PORTUGUESA 3 - Compressed

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Intertextualidade

I
Intertextualidade
segundo Beaugrande e Dressler (1997)
• É uma propriedade constitutiva de qualquer
texto, e o conjunto das relações explícitas ou
implícitas que um texto mantém com outros
textos.
• Quando o produtor cria o novo texto, ele nem
sempre o constrói a partir de ideias inéditas, mas
como resultado daquilo que já foi apreendido em
outros textos.
• A recepção desse mesmo texto depende
também, por parte do recebedor, do
conhecimento proveniente de outros textos.
Exemplo de intertextualidade

Gênero: publicidade → Referente extraído do


conto/filme Branca de Neves.
Intertextualidade
de acordo com Fiorin (2006)
• É qualquer referência a o Outro, tomado como
posição discursiva: paródias, alusões, citações,
reprodução de modelos, etc.
• Segundo o autor, existe uma distinção entre as
relações dialógicas entre enunciados e aquelas
que se dão entre textos.
• Por tanto, existirá relação dialógica sempre que
seja uma relação de sentido (interdiscursiva). Ao
passo se designará intertextualidade unicamente
nos casos em que a relação discursiva seja
materializada em textos.
Exemplo de interdiscursividade

Gênero: publicidade → Não é possível recuperar um


texto empírico para repor o referente.
Marcuschi (2002)
• Quando um gênero tem uma determinada
função, mas se utiliza da forma de outro,
constrói-se o fenômeno da intertextualidade
inter-gêneros ou intergenericidade.
• A Linguística de Texto defende que as mesclas
acontecem quando se misturam dois elementos
genéricos distintos: a estrutura de um gênero A e
o propósito (função) de um gênero B, o que
culminará na identificação do gênero B, já que o
propósito é o seu principal elemento definidor.
Exemplo de intergenericidade

Forma do Gênero A (cartaz/poster de filme) + Propósito de


Gênero B (publicitar o produto) = Gênero B (publicidade)
Vamos tentar diferenciar os seguintes
exemplos
Vamos tentar diferenciar os seguintes
exemplos
Vamos tentar diferenciar os seguintes
exemplos
Vamos tentar diferenciar os seguintes
exemplos
Bibliografia
 BEAUGRANDE DE, Robert-Alain, DRESSLER, Ulrich Wolfgang. Introducción a la linguística del texto.
Barcelona:Ariel, S.A., 1997.

 BETH, Brait. Bakhtin outros conceitos chave. São Paulo: Contexto, 2006.

 Lima-Neto, V. D., & Araújo, J. C. (2012). Por uma rediscussão do conceito de


intergenericidade. Linguagem em (dis) curso, 12(1), 273-297.

 MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A.


R.; BEZERRA, M.A. (Orgs.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
As relações semânticas no texto
sinalizadas pela conexão
A coesão que se dá através dos mecanismos
de conexão, chamada de coesão conectiva,
envolve, de acordo com Marcuschi, dois tipos
de operadores:

 OPERADORES ARGUMENTATIVOS
 OPERADORES ORGANIZACIONAIS
 Oposição → mas, porém, contudo, no entanto
 Causa → porque, pois, já que
 Fim → a fim de que, para que, com o propósito
 Condição → se, a menos que, desde que,
contanto que
 Conclusão → logo, assim, portanto
 Adição → e, nem só, bem como, mas também..
 Disjunção → ou
 Exclusão → nem
 Comparação → mais do que, menos do que
 De espaço e tempo textual:
-em primeiro lugar, em segundo lugar,
finalmente,
-como vimos anteriormente, como já
mencionamos
-no próximo capítulo..
 Metalinguísticos:
-por exemplo, isto é, ou seja
-quer dizer, por outro lado,
-repetindo, em outras palavras
-com base nisso, segundo fulano..
 De acordo com Antunes (2005), na atividade
de recepção e produção dos textos, o
importante não é ocupar-se da classificação
dos conectores com suas respectivas
nomenclaturas, mas ocupar-se do tipo de
relação de sentido estabelecida.
 É fundamental entender a função dos
conectores como elementos de ligação de
subpartes dos textos (orações, períodos,
parágrafos ou até blocos do texto); e como
elementos indicadores de relações de sentido
e orientações argumentativas.
É estabelecida sempre que em um segmento
é expressa a causa da conseqüência indicada
em outro segmento (oração, período). Essa
relação se expressa linguisticamente pelas
conjunções:
 Porque
 Uma vez que
 Visto que
 Já que
 Dado que
 como
 Como ninguém se interessou pelo
projeto, não houve alternativa a não
ser cancelá-lo.
 Já que você não vai, eu também não
vou.
 “Tanto fiz que agora tanto faz” (Saia
Rodada)
É estabelecida quando um segmento expressa
a condição, e esse tipo de relação implica
sempre um valor de causa hipotética,
havendo uma proximidade entre a relação
causal e condicional.
 Se
 Caso
 Desde que
 Contanto que
 Amenos que
 Salvo se /exceto se...
 “Senão houvesse pesquisas, todas as grandes
invenções e descobertas científicas não
teriam acontecido” (Marcos Bagno)
 Expressa o tempo a partir do qual são localizados
os eventos ou ações, podendo envolver tempo
anterior, posterior ou simultâneo, habitual ou
proporcional.
 Quando
 Enquanto
 Apenas / mal / assim que /logo que
 Antes que
 Depois que
 Até que
 Sempre que / Todas as vezes que
 Desde que
 “Desde que nasceu, há 84 anos, João
Gomes da Silva vive em Marmeleiro”
(Jornal de Beltrão)
 Desde que o homem começou a explorar
os recursos do planeta, vem provocando
impactos sobre o meio ambiente. (Le
Monde Diplomatique Brasil)
 Desde que a minha vida saiu dos
trilhos, sinto que posso ir a qualquer
lugar. (Zack Magiezi) ...
 “Um projeto educativo comprometido com a
democratização social atribui a escola a
função de contribuir para garantir a todos os
alunos o acesso aos saberes linguísticos
necessários para o exercício da cidadania.
Essa responsabilidade é tanto maior quanto
menor for o grau de letramento das
comunidades em que vivem os alunos” PCN
Dentro das relações de temporalidade o
encadeamento pode ser de dois tipos:
 Sequência temporal: aquela que exprime a
ordem temporal que o enunciador percebeu
para os acontecimentos.

 Sequência textual: relacionada à ordem


temporal em que os elementos vão se
organizar dentro do texto
 Relacionada a coerência entre o texto e os fatos da
realidade,eles funcionam como ordenadores que
orientam o ouvinte ou leitor do texto, para facilitar
seu processamento global:

“Durante todo o século XIX, quando ampliava-se a


cidadania e universalizava-se a educação básica nos países
desenvolvidos, o Brasil permanecia uma sociedade
escravocrata. Fomos o último país ocidental a abolir a
escravidão africana; a extensão da cidadania à maioria da
população, constituída por escravos, ex-escravos e seus
descendentes, só começou a se colocar como problema real
no início deste século.”
 Ela está relacionada com a coerência interna ao texto,
organizando a ordem em que os tópicos aparecem:

Na realidade, a idéia ou, melhor dito, algumas idéias que


subjazem ao uso atual do conceito de aprendizagem
significativa contam com inúmeros antecedentes na
história do pensamento educacional. Podemos nos remeter
em primeiro lugar, à tradição centrada na criança dos
movimentos pedagógicos renovadores do séculos, (...). Em
segundo lugar, cabe mencionar a tradição, mais recente,
da hipótese da aprendizagem por descobrimento, (...).Em
terceiro lugar, podemos citar as propostas pedagógicas
inspiradas nas teses que podem ser sintetizadas na
seguinte afirmação: o "princípio fundamental dos métodos
ativos: compreender é inventar ou reconstruir por
reinvenção" (Piaget, 1974).
http://www.pbh.gov.br/smed/cape/artigos/textos/cesar
QUANDO:
Temporalidade anterior:
Quando + pretérito (perfeito ou imperfeito do
indicativo)
Temporalidade posterior:
Quando + futuro do subjuntivo (sentido hipotético)
Temporalidade habitual:
Quando + presente do indicativo (com valor de
“toda vez que”)
ENQUANTO:
Simultaneidade no passado (enquanto + pret
imperf do ind) e no presente (+pres do indicativo)
Temporalidade posterior (+ futuro do subjuntivo)
 Se manifestam quando um dos segmentos
explicita o propósito ou objetivo pretendido
pelo outro, e é sinalizada na superfície
textual pelos conectivos para que e a fim de
que:
 Segundo Santos (2010) “para que a idéia
defendida nos PCN possa ser aplicada, é
necessário que o foco do ensino saia das
regras pré- estabelecidas para se basear na
análise de textos, visando à compreensão e a
produção”
*Para que + presente ou pretérito do subjuntivo
 Ela pode ocorrer de duas maneiras:
➔Sendo sinalizado pelo ou exclusivo, o que
implica que os dois segmentos se excluem
mutuamente não admitindo que ambas
alternativas sejam verdadeiras:
“Todo escrito é útil ou nocivo: um dos dois”
(Yourcenar, 1983)
“De acordo com a utilização os meios de
formação de massa podem promover o
desenvolvimento do indivíduo (...) ou então
tornar-se o novo ópio das massas”
(UNESCO, 1976)
A alternância pode ser inclusiva, sem os
elementos se excluírem, pelo contrário: eles
e somam:
 É estabelecida quando um segmento expressa que algo foi
realizado de acordo com o que foi detalhado em outro,
através dos conectivos: conforme, consoante, como,
segundo:
“Segundo os organizadores, o objetivo é fazer um
"esquenta" para uma greve geral, que deverá ser chamada
como forma enfrentamento à retirada de direitos
trabalhistas e sociais proposta pelo governo não eleito de
Michel Temer.”

 “Militantes União Nacional dos Estudantes (UNE) também


estavam no ato, já que a classe trabalhadora "é uma
grande aliada dos estudantes na luta contra o Michel
Temer", conforme declarou Luana Correa, presidenta da
entidade.” (Brasil de Fato, 22/09/16)
 *Conformidade na produção discursiva: Introdução de
vozes sociais e de personagens
 Ocorre sempre que um segmento funciona
como termo complementar de outro, quer
dizer, quando uma oração é sujeito,
complemento ou aposto de outra, e vem
sinalizada linguísticamente por que, se e
como.
➔SUJEITO: “É possível que você, falante da
língua portuguesa, possa não saber nada
sobre seu próprio idioma?”
➔COMPLEMENTO
 “Não quero dizer com isso que não temos o
direito de gostar mais, ou menos, do falar
de uma região ou de outra, do falar de um
grupo social ou de outro.”
 “A Constituição brasileira estabelece que
"ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante''.
Sendo assim, interpreto eu que qualquer
pessoa que for vítima de preconceito
linguístico pode buscar a lei maior da nação
para se defender”
(MARTA SCHERRE, linguista e pesquisadora do CNPQ)
➔APOSTO
“Durante anos os brasileiros cresceram ouvindo
três afirmações de que Deus nasceu por aqui:
o Brasil não tem furações ou terremotos, o
brasileiro é um homem cordial e nesta
terra não existe racismo” (Isto é, 1997)
 Manifesta-se quando uma oração delimita ou
restringe o conteúdo de outra, e essa relação
é sinalizada pelo pronome relativo que:
 “No sentido mais comum, o termo gramática
designa um conjunto de regras que devem
ser seguidas por aqueles que querem falar e
escrever corretamente. (...)Num segundo
sentido, gramática é um conjunto de regras
que um cientista dedicado ao estudo de fatos
da língua encontra nos dados que analisa a
partir de uma certa teoria e de um certo
método” (Sírio Possenti, 1983)
É estabelecida quando mais um item é
introduzido num conjunto ou, do ponto de
vista argumentativo, quando mais um
argumento é acrescentado a favor de
determinada conclusão. Os conectores
articulam termos ou frases cujos conteúdos
se adicionam, e são: e, ainda, também, não
só...mas também, além de, nem...
“Os benefícios de um bom café da manha vão
além de um corpo mais esbelto. Alimentar-se
de forma saudável nas primeiras horas do dia
também protege contra a diabetes e evita a
formação de pólipos intestinais”. (Veja, 2005)

“Se somos a favor do MST, e se ouvimos de um


líder a palavra ‘ocupação’, entendemos
‘ocupação’.Mas, se somos contra o MST e
ouvimos um líder dizendo ‘ocupação’ lemos
‘invasão’ (Sírio Possenti, 2009)
 “Oconceito de tradução cultural
torna-se mais complexo quando não
apenas a comunicação é considerada,
mas também as transformações
sofridas pelo contato (ou choque!)
entre as duas culturas”
 (Scheyerl, Ramos, orgs. 2008)
A relação de oposição se manifesta pelas
conjunções que tradicionalmente são
classificadas como concessivas ou
adversativas porém, mas, contudo, todavia,
no entanto, entretanto, embora, se bem
que, ainda que, mesmo que, se bem que.
Essa relação implica um conteúdo que se
opõe a algo explicitado ou implicado em um
enunciado anterior.
 Concessivas e Adversativas: ambas
expressam relações de oposição. A
diferença está na direção argumentativa que
cada uma expressa.
→Com as adversativas, a expectativa
levantada no primeiro enunciado não é
mantida:
“Ele é um bom aluno, mas costuma faltar às
aulas”
(vale mais o argumento contrário)
 →Com as concessivas, prevalece o
argumento a favor:
“Ele é um bom aluno, mesmo que costume
faltar às aulas”
Portanto, a diferença está na direção
argumentativa que uma e outra expressam:

“A dificuldade para escrever é comum em


profissionais de todas as áreas. Muitas vezes,
no entanto, ela é agravada por causa de
equívocos” (Veja, 2005)
“Mas, o que é, afinal, o tal do internetês? O
Google surpreende porque suas primeiras
informações são sobre um léxico
especializado para falar de informática e
seus derivados. Mas o sentido mais restrito,
que está em questão quando se discute
linguagem, é bem outro” (Possenti, 2009)
 Asrelações adversativas introduzidas pelos
conectivos mas, porém, no entanto,
contudo, etc; exigem uso do indicativo, o
passo que as relações concessivas marcadas
pelos conectivos mesmo que, ainda que, ou
embora exigirão o uso de subjuntivo (em
presente ou passado, mas nunca em futuro)
 Ocorre quando um segmento tem a
finalidade de justificar, explicar ou
esclarecer um outro segmento anterior.
Muito frequente em tipos de discurso
explicativos, essa relação vem marcada na
superfície textual pelos conectivos porque,
pois, isto é,quer dizer, ou seja. Por vezes,
essas expressões introduzem também
reformulações ou correições de algo
anteriormente dito
“O livro Aula de português: encontro e
interação traz uma reflexão em torno das aulas
de Português, sobre a leitura, a escrita e a
reflexão da língua. Já no início do livro, a
autora, Irandé Antunes, faz uma critica aos
professores que ensinam gramática de forma
descontextualizada, ou seja, trabalham a língua
com frases soltas, isoladas.”

(http://keylapinheiro.blogspot.com.ar/2010/04/aula-de-portugues-
encontro-e-interacao.html)
*Desde uma análise dos mecanismos de coesão por reiteração,
podemos identificar ocorrência de paráfrases marcadas por esses
organizadores.
*Recurso argumentativo que permite a reformulação de conceitos
chave por parte do autor do texto, expressando sua própria
interpretação.
“A Língua Portuguesa deve ser vista como ela
realmente é, uma língua de alto grau de
diversidade causado pela grandeza de nosso
Brasil, fazendo com que ela se modifique em
cada região, e “Esse caráter individual da fala é
responsável pela diversidade e da língua…”,ou
seja, o fato de que em grande parte do Brasil a
língua predominante ser a Portuguesa, não quer
dizer que ela tenha uma unidade, pois a idade, o
grau de escolarização, a situação
socioeconômica e outros fatores resultarão na
fala de um indivíduo que é conseqüência desse
emanharado de coisas.”
Marcos Bagno
Ela acontece sempre que em um segmento se
expressa uma conclusão que se obteve a
partir de fatos ou conceitos expressos no
segmento anterior. Essa relação é sinalizada
por logo, portanto, pois, por conseguinte,
então, assim:

“Nossa grande vantagem: TODOS SABEMOS


PORTUGUES! Não precisamos, portanto,
partir de zero”
(Carlos Alberto Faraco, 2003)
O conector de conclusão, como qualquer
outro, pode vir subentendido não aparecendo
a articulação entre os segmentos na
superfície textual. No entanto, nosso
conhecimento prévio é mobilizado para
legitimar a interpretação. Originam-se assim,
o que chamamos de orações justapostas nas
quais é necessário preencher um vazio por
parte do intérprete que se apóia em seu
conhecimento de mundo, mais do que se
conhecimento linguístico.
 Antunes, I. ( 2005) Lutar com palavras:
coesão e coerência. Parábola.
 Marcuschi, Luiz A. (2008). Produção textual,
análise de gêneros e compreensão. São
Paulo, Brasil: Parábola.

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