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LUIZ ANTONTO SIMAS CABANOS E aR ABIS A maior rebelio popular ocorrida na histéria do Brasil é a Cabanagem. Os cabanos - mesticos, indios destribalizados e negros libertos - se levanta- ram em 1835 contra as precdrias condicées de vida na provincia do Pard ea prerrogativa que a corte tinhade nomear os presidentes das provincias. A situago no Paré jé era explosiva desde pelo me- nos © inicio do perfodo regencial. Em 1831, por exem- plo, houve fortes manifestagées populares, duramen- te reprimidas, em Belém. Em um dos episédios mais draméticos da nossa histéria, 256 rebeldes do levante daquele ano morreram asfixiados no porio do brigue Palhago, onde tinham sido aprisioriados para serem en- viados as distantes fronteiras do Amazonas. A prépria denominacao dada aos rebeldes revelao cardter popular da rebelio paraense. Os revolucioné- ios, em sua imensa maioria, moravam em cabanas nas petiferias de Belém, do Baixo Tocantins, de Santarém ALMANAQUE BRASILIDADES & GUERRAS DO BRASIL ede Obidos. Chegaram a assumir o controle da capi- tal paraense durante quase um ano ~ 2 partir da ago da madrugada de 7 de janeiro de 1835, quando toma- ram os quartéis de Belém e mararam o presidente da provincia e o comandante militar do Pard. A repressio ao levante foi durissima. As tropas do Império, comandadas pelo marechal Francisco José Andréia, perseguiram de forma implacével os rebeldes, que & entrada do exército tinham se digpersado pela flo- esta e pelos rios da regio. A repressao deixow o niime- 10 de 35 mil rebeldes mortos ~ mais de trinta por cento da populacao do Paré. Um relato de Domingos Raiol, testemunha do massacre, ¢ elucidativo do drama: RES: “Rebeldes verdadeiros ou supostos eram procu- rados por toda a parte ¢ perseguidos como animais ferozes! Metidos em troncos ¢ amarrados, softiem su- plicios barbaros, que muitas vezes Ihes ocasionavam a morte. Houve até quem considerasse como padrio de gléria trazer rosérios de orelhas secas de cabanos” No mesmo ano em que explodit a rebeligo no Paré, comecou no Rio Grande do Sul a Guerra dos Farrapos, revolta separatista liderada pelas clizes gatichas que criavam gado ¢ produziam charque, revoltadas com 0 governo central do Império do Brasil, que taxou o char- gue gaticho e criou i charque platino. centivos pata a importacéo do Vale transcrever um pronunciamento feito pelo ba- rio de Caxias, comandante das tropas que combateram 08 separatistas do Sul, 20 final do conflito nos pampas “Reverendo! Precedeu a esse triunfo derramamen- to de sangue brasileiro. Nao conto como troféu des- gracas de concidadios meus, guerreiros dissidentes, mas sinto as suas desditas e choro pelas vitimas como um pai pelos seus filhos. V4 reverendo, va! Em lugar de ‘Te Deum, celebre uma missa de defuntos, que eu, com meu Estado Maior ¢ a a rei amanhi ouvi-la, por alma de nossos irmios iludi- ‘opa que na sua igreja couber, dos que pereceram no combate” ALMANAQUE BRASILIDADES § GUERRAS DO BRASIL Enquanto os cabanos foram perseguidos, corrurae dose mortos que nem bichos na floresta, os fazendeiros gaichos mereceram uma honrosa missa de defuntos com a presenga do Estado Maior das Forgas Armadas do Império. Orelhas secas de cabanos eram exibides como medalhas do triunfo; os estancieiros mereceram 6 choro comovido do marechal, feito 0 pranto de um pai pelos seus filhos. ‘Um pais, dois pesos, duas medidas? QuE DIA & HOSE? 4 31 DE OUTUBRO * DIA DO SACI Em contraposigdo ao crescimento da festa do Dia das Bruxas no Brasil, comemoragio originada das tra- digées celtas de Helloween redefinidas nos Estados Unidos, 0 Congreso Nacional aprovou, em 2003, criago do Dia do Saci, com 0 objetivo de valorizar as tradig6es do folclore brasileiro. A maior festa do saci realizada no pais ocorre em Sao Luiz do Paraitings, cidade em que foi criada a Sociedade de Observadores de Saci (Sosaci), entidade formada para difundir 0 co- nhecimento dos mitos da cultura popular brasileira. oh ee

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