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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE FORTALEZA/CE

SAULO, já qualificado nos autos da ação penal nº ..., que lhe move a Justiça
Pública, por seu advogado que esta subscreve, não se conformando com a respeitável
sentença que a condenou pela prática do delito previsto no artigo 155, caput, c/c artigo
14, inciso II, ambos do Código Penal, vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, dentro do prazo legal, interpor RECURSO DE APELAÇÃO com fulcro
no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal.

Requer seja recebida e processada a presente apelação e encaminhada, com as


inclusas razões, ao E. Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local, data.
Advogado, OAB
RAZÕES DE APELAÇÃO

Processo nº: XXXXXXXXXXXXX

Apelante: Saulo

Apelada: Justiça Pública

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Douto Representante do Ministério Público

Em que pese o indiscutível saber jurídico do MM. Juiz “a quo”, impõe-se a reforma
da respeitável sentença proferida contra o ora apelante, pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas.

I – DOS FATOS

Saulo foi denunciado, processado e condenado pelo Juízo de primeiro grau pela
prática do crime de furto tentado (artigo 155, caput, c/c artigo 14, inciso II, ambos do
Código Penal), por ter tentado subtrair uma carteira do bolso da vítima, não logrando
êxito porque a vítima esquecera a carteira em casa. A pena foi fixada em 4 meses de
reclusão, em regime inicialmente fechado, em razão da reincidência de Saulo.

II – DO DIREITO

(APRESENTAÇÃO DA TESE) A condenação de Saulo pela prática de tentativa de


furto mostra-se indevida.
Vejamos.

(PREMISSA MAIOR) Consoante dispõe o artigo 17 do Código Penal, “não se pune a


tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto, é impossível consumar-se o crime”. Trata-se do crime impossível, que leva à
atipicidade da conduta do agente, por ausência absoluta de lesividade ao bem jurídico.

(PREMISSA MENOR) No caso em apreço, Saulo agiu na tentativa de subtrair uma


carteira do bolso da vítima. Ocorre que o Apelante não logrou subtrair a carteira da
vitima simplesmente porque ela não a trazia consigo. Dessa forma, a consumação
revelava-se impossível por absoluta impropriedade do objeto.
(CONCLUSÃO) Verifica-se, portanto, a atipicidade material da conduta em apreço,
razão pela qual a sentença de primeiro grau deve ser reformada, com a absolvição do
ora apelante.

(APRESENTAÇÃO DA TESE) Subsidiariamente, caso não seja acolhida a tese de


desclassificação, de rigor a fixação de regime inicial menos gravoso para o
cumprimento da pena privativa de liberdade.

(PREMISSA MAIOR) De acordo com a Súmula 269 do Superior Tribunal de Justiça,


“é admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a
pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais”. Assim,
ainda que o condenado seja reincidente, pode iniciar o cumprimento da pena corporal
em regime semiaberto, desde que a pena não ultrapasse quatro anos e sejam
favoráveis as circunstâncias judiciais.

(PREMISSA MENOR) No caso em pauta, apesar de Saulo ser reincidente, foi


condenado a uma pena de somente 4 meses de reclusão, que é a pena mínima para o
delito de furto tentado (artigo 155, caput, c/c artigo 14, inciso II e parágrafo único,
ambos do Código Penal), fato indicativo de que todas as circunstâncias judiciais lhe
são favoráveis.

(CONCLUSÃO) Destarte, também neste ponto merece reforma a sentença,


determinando-se o início do cumprimento da pena privativa de liberdade em regime
inicialmente semiaberto.

(APRESENTAÇÃO DA TESE) Por fim, igualmente não merece prosperar o


entendimento de que não é cabível, in casu, a substituição da pena privativa de
liberdade por restritivas de direitos.

(PREMISSA MAIOR) Os requisitos para a substituição da pena privativa de


liberdade por restritivas de direitos estão previstos no artigo 44 do Código Penal. Tal
dispositivo legal prevê, em seu §3º, que “se o condenado for reincidente, o juiz poderá
aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja
socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática
do mesmo crime”.
Portanto, veda-se a concessão do benefício caso a medida não se mostre socialmente
recomendável ao reincidente específico.

(PREMISSA MENOR) Ocorre que Saulo não é reincidente específico, já que


responde nestes autos pelo cometimento de furto tentado e a sua condenação anterior
diz respeito ao delito de estelionato.

(CONCLUSÃO) Desta feita, verifica-se que, diferentemente do quanto decidido em


primeiro grau, Saulo faz jus à concessão do benefício em questão.
III – DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja o presente recurso conhecido e provido, com a absolvição
do ora apelante, com fulcro no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal.
Subsidiariamente, caso mantida a condenação, pugna-se pela fixação do regime
inicialmente semiaberto, com a substituição da pena privativa de liberdade por
restritivas de direitos, nos termos do artigo 44 do Código Penal. Por fim, pleiteia-se a
concessão do direito de recorrer em liberdade.

Local, data.
Advogado
OAB

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