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sio bem sucedidos em investigagdes por meio de con- cexitos puramente abstractos e que, em tal caso, deve- Ho empregar 08 seus dons intelectuais noutro objecto; mas aquele que empreende julgar a metafsica, mais ‘inds, redigit uma, deve satisfazer absolutamente as condigées aqui postas, quer aceite a minha solugio, quer 4 contmadiga exaustivamente ¢ a substitua por outra porque io a pode rejeitar—; ¢, finalmente, a obs- ccuridade assim catacterizada (uma desculpa habitual da sa prépria preguiga om impoténcia) tem também a sua utilidade: pois, todos aqueles que, a respeito de todas 4s outras 2? ciéncias observam um siléncio prudente, falam como mestres em questdes de metafisica e deci dem-nas com arrojo, porque a sua ignorincia aqui nio se opde claramente 3 citncia dos outros, mas a princ!- pios criticos genuinos, acerca dos quais se pode, por conseguinte, dizer com elogio: ienavum, foc, peas a pracepbas arcent® Virg) (1) Afssam das colmeiat 0 preguigoos stngios TA 8 PROLEGOMENOS RECOLECCAO PREVIA DAS CARACTERISTICAS DE TODO O CONHECIMENTO METAFISICO § 1. Das fontes da metafisica Se se quiser apseseatar win conbecinento comme ‘itncia, importa, primeito, poder determinar exactamente © seu caricter distintivo, 0 que ele nfo tem de comum ‘com mais nenhum e 0 que, portanto, Ihe & peculiar; fe outo modo, os limites de todas as ‘cidacas Confan- ddem-se ¢ nenhuma delas pode ser tatada a fundo, segundo Que esta peculiaridade consista na diferenga de ‘objecto, ow das fortes de conbesimento, ow ainda do modo cde conbcimento, de algumas ou de todas estas coisas, é sobre ela que se funda acima de tudo 2 ideia da cigacia possivel e do seu dominio. Em primeiro lugar, no tocante as fortes do conheci- ‘mento metafisico, elas’ no podem, ja segundo © seu TAs conceito, set emplticas. Os seus prinelpios 24 (@ que Dpertencem ao $6 08 seus axiomas, mas também os seus Conceitos fundamentas) nunca devem, pois, sex tiados ‘da experitacia: ele deve ser um conhecimento, io fsico, mas metaflsic, isto é, que vai além da experiéa- cia. Portanto, alo Ihe serve de fundamento nem 4 expe- sitncia externa, que € a fonte da fisica propriamente dita, nem a experiencia inter, que constitui o fanda- ‘mento da peicologia emplrica.E, por conseguinte, conbe- cimento « priori-oa de entendimento puro © de rasdo, para. ‘Mas assim ele nada teria de diferente em selagio matemdtica pura; sert. preciso, pois, chamlo conbeci- mento fiasifco puro; para a signidcacto desta expressio, sefiro-me 4 Critica da sizio pura (p. 712 € seg), onde a diferenca destas duas espéces de uso da ri2fo foi exposta, de maneira clara e satisftéria. —E chega quanto as fontes do conhecimento metafisico. § 2. Domodo de conhecimento que unicamente ‘e pode chamar metafisico 2) Da rns sje sitios dso nics em geral © conhecimento metafisico deve simplesmente con- ter julzos « priri; exige-o a peculiaridade das suas /23 fontes. Ora, seja qual for 2 origem dos julzos ou a natu- reza da sua forma légica, existe neles, quanto a0 con- terido, uma diferenga em virtude da qual sio ou simples- mente explivatves, sem nada acrescentar 20 contesido do conhecimento, ou exiessves, aumentando 0 conheci- mento dado; 0s primeiros podem chamar-se julzos anal- ‘eas, € 08 segundos, sintétics. (Os julzos analiticos nada dizem no predicado que io exteja jd pensado realmente no conceito do sujeito, ‘embora néo de modo tio claro e com consciéncia uni- forme. Quando digo: todos 0s corpos sio extensos, nio alarguei minimamente 0 meu conceito de corpo,” mas analise-o apenas, porque a extensio estava pensada real- ‘mente no conceito jf antes do julzo, embora no expres- samente mencionada; o julzo € portanto, analitico. Pelo contsitio, a proposiglo: alguns corpos sio pesados, contém no predicado alguma coisa que nko esti verda- deiramente pensada no conceito geral de corpo, aumenta ‘pois 0 meu conhecimento, ao acrescentar algo a0 meu Conceito; deve, portanto, chamar-se um juizo sintético. ¥) 0 principio coms de todos os juts anatces ¢ 0 Principio de cotraigio ‘Todos os juzos analticos se baseiam inteiramente tno principio de contradicio © sto, por natures, /26 conhecimentos 4 priri, quer os conceitos que lhes ser- vem de matéria sejam Ou nfo empicicos. Pois, assim como 0 predicado de um julay anallico alismativo exth jf pensado anteriormente no conceito do sujeito, no pode ser negado por ele sem contradigio, assim também © seu conteirio, num julzo analitico, mas aegativo, seri aegado necessatiamente pelo sujeto e, sem divida, em consequéncia do principio de contradisio. Assim acon- tece com as proposigées: todo 0 corpo é extenso € ‘enhum corpo ¢ inexteaso (simples) por natureza. Eis porque também todas as proposigles analitcas Ho julaos «priori, embora os seus coneeitos sejam empf- ficos, por exempio, 0 ouro € um metal amarelo; para faber lsso, nfo. preciso de mais nenhuma experiéncia além do meu conceito de ouro, o qual implica que este corpo € amazelo e um metal; pois, € nlsto que consiste TA, 3 Ts precisamente 0 meu conccito ¢ eu aio preciso de fazer fada a no ser desmembri-lo, sem buscar outra coisa fora dele. ©) Ot jakgos sitios exigem sm iferete do ) Ok fe ae exe me rine rote Hi julzos sintéticos «posteriori, caja origem € cemplrica; mas também os hd’ que sto certor o prior! © provéem do puro entendimento ¢ da razio, Uns ¢ outros oncordam em que eles nunca podem existir em virtude do axioma fundamental da andlse, isto é, /27 do sim- ples principio de contradisio; exigem ainda um prinel- pio inteimmente diferente, embora sempre devam ser Aerivados de todo o principio, seja ele qual for, em com formidads com o principio de contradic; nada, pois, se deve ‘por a este principio, embora nem tudo dele possa ser derivado, Vou, antes’ de mais, clasificar os julzos sin- téticos. 1) Os juizas emplrcos sio sempre sintéticos. Seria sabsurdo funda na experigacia um julzo analitico, visto gue alo tenho de sait do meu comity para foutular © julzo ¢, por conseguinte, no necessito de um testemunho a . Um corpo é extenso: € uma proposigio cetta @ priori, € mio um julzo empirico. Com efeito, antes de pastar 2 experitacia, eu possuo jf no conceite todas as condigbes do meu jalzo € apenas posto extrait dele 0 predicado segundo o principio de contradigio tomar-me consciente da massidade do julzo, que a expe- ritncia nio me ensinaria, 2). Os jniges mateméticos sto todos sintéticos. Esta proposisio parece ter-se inteiramente subtraldo, avé agora, 4s obserastr dos analy da caso humans, xd ‘mesmo contraporse a todas as suas suposigbes, embora tee cea de'modo incomesavel © mute importante subsequentemente. Porque se constatou que os sacioc!- rnios dos matemiticos procedem todos segundo 2 0 principio de contradicio (0 que exige a natureza de toda 4 cetera apd), também se permuadiam que ot ‘zxiomas eram conhecidos a parti do principio ‘tadigio; mas era um grande erro, porque uma proposi- ‘io sintérica pode, naturalmente, ser apreendida segundo Srprinclpio de contadisio, mas 96 enquanto se preset. Se uma outra proposicio sintética, a partir da qual ela pode ser dedurida, mas nonea em si mesma. Deve, antes de mais, observar-se que 8 proposigées mateméticas igenuinas sio sempre julzos « priori ¢ no empiticos, porque tém em si uma necessidade que no pode ser tirada da experitacia. Mas, se no me quiserem conce- der io, bem, eno reinjo 4 miaka propoigo, 4 ‘matenétice para, cxjo conceit jf implica que no contém ‘um conhecimento emplico, mas um puro conhecimento 4 fr. Polen sates de mai poms qu + propor siglo 7+ 5 = 12 € uma simples proposigio analitica, «que resulta do conceito de uma soma de sete ¢ de cinco, Gn virmade do principio de contadisio. Mas, clhando de mais perto, descobre-se que 0 conceito da soma de 7.€ 3 nfo contém mais nada seato a reunifo de dois ‘nimeros num 86, sem que se pense minimamente 0 que seja esse nico nimero, que compreende os dois. O con- ceito de doze de nenhum modo esti pensado pelo sim- ples facto de eu pensar essa reunifo de sete ¢ de cinco, © por mais que analise longamente 0 meu [29 conceito de uma tal soma possivel, nfo encontrarei, no entanto, af o nimero doze. E preciso ultrapastaf exes conceitos, ‘econ ints que comes sum'dos dois nime- por exemplo, os seus cinco dedos ou (como Segner fa bun astmétcs) cinco poatos;tNaim arsesenta, tina apés outra, 28 unidades do cinco dado pela intuigio a0 conceito de sete. Alarga-selastim realmente o seu con- eeito por meio desta proposigio 7+ 5 = 12 ¢ juntase TA® TAH 20 primeizo coneeito um novo, que nele no extava ppensado, isto é a proposigio stitmética é sempre sin- tética, o que se torna muito mais claro quando se assu- ‘mem’ nimeros algo maiores; percebe-se entio nitida- ‘mente que, se virarmos ¢ revirarmos 4 vontade 0 n0ss0 conceito, funca poderemos, sem recorrer 2 intuigio, ‘mediante a simples anilise dos nossos conceitos, encon- ‘Tio-pouco analitico € um qualquer axioma de geo- mettia pura. Entre dois pontor a linha recta é a mais curta—é uma proposigio sintética, Pois, 0 meu con- eeito do que € recto no contém nenhuma nogio de sgrandeza, mas apenas uma qualidade. O conceito do que € mais curto é portanto, inteiramente acrescentado no pode ser tirado do conceito de linha recta por rnenhuma espécie de anilise. Deve, pois, recorrer-se intuigio, através da qual é unicamente possivel a sintese. ‘Pe’ Alguns outros axiomas, que os gedmetsas pos- tulam, sio certamente analiticos e fundamm-se no princi- pio de contradigio, mas servem apenas, como proposi- ‘es idénticas, para o encadeamento do método, © nio como prineipios; por exemplo, a =a, 0 todo € igual a ai mcsin, ou (a+ L) >, sto 6 o todo é maior que a fut parte, No entanto, também estes, embora vilidos em vvirtude de simples conceitos, sio admitidos em mate- mitica unicamente porque podem ser representados na intuigio. O que aqui nos leva comumente a crer que predicado de tais jul2os apodicticos se encontra ji n0 ‘nosso conceito e que, por conseguinte, o julzo € anall- tico, é simplesmente 2 ambiguidade da expressio. Drw- ‘mes, com eeito, pelo pensamento acrescentar a um dado conceito um certo predicado ¢ esta nevessidade esth jé ligada aos conceitos. Mas, 2 questio nio é 0 que dve- mor acrecentar pelo pentamento 10 conccito dado, mas 0 due nele pensemas reimente, embora apenas de um modo Sbscuro, ¢ entdo tomate claro que o predicado adere necessariamente a esses conceitos, no imediatamente, ‘mas por meio de uma intuigio que se deve acrescentar. § 5. Observagio sobre a divisto geral dos jutzos analiticos e sintéticos Exsia divisio € indispensivel em relagio @ eritica do centendimento humano, ¢ nela mereee, portanto, ser [21 listen; de contro. modo, en io, saheria que ela tinha rnoutro lado uma utilidade considertvel. E af encontro também a sazio por que os fildsofos dogmaticos, que bbuscavam sempre as fontes de julzos metafisicos apenas ta propria metaflsica, mas alo fora dela, nas puras leis da razio, descuraram esta divisio que parece apresen- tarse por si mesma; por que o célebre Walf ou 0 penetrante Baumgarten que segue os seus passos puderain procurar 2 prova do principio de razio suficiente, mani- festamente sintético, n0 principio de contradigio. Em contrapartida, encontro jé nos Ensaios de Locke sobre 0 cotendimento humano uma indicagio para esta divisio. Pois, no livro TV, exp. III, § 9 e seguintes, depois de antes jé ter falado’ das ligagdes das represcata- ‘gbes fs julzos e das suas fontes, das quais ele coloca ‘uma na identidade ou na contradigio Guizos analiticos), © 4 outta, porém, na exsténcia das representagdes num sujeito (ftzos sintéticos), confessa no § 10 que 0 20850 conhecimento (a priori) desta ‘ltima € muito limitado «ese reduz quase a nada. Mas existe no que ele diz acerca deste tipo de conhecimento tio pouco de definido e de ‘eoncentrado em regras que nio é de admirar se ninguém, nem sequer Hume, teve ocasiio de fazer reflexdes sobre proposigdes deste género. Pois, tais prinelpios gers e, rho entanto, determinados /32 nio se aprendem facil mente, de outros, aos quais s6 obscuramente Ihes ocorre- sam, E preciso ai ter chegado atraves da propria relexio, TA. TAS, 3 fem seguida também se encontram noutros lados, onde certamente 0s nio teriam encontrado a principio, por- que mesmo os autores nio sabiam que as suas préprias obsecvagées estava subjaceate uma tal ideia. Os que nunca pensam por si mesmos possuem, no entanto, a perspi Cicia para descobris tudo, depois de thes ter sido reve- lado, no que jf tinha sido dito e onde, no entanto, in- guém antes o podia diviser QUESTAO GERAL DOS PROLEGOMENOS Ba mace posel? sa Se existisse realmente uma metafisca que pudesse afirmarse como citacia, poder-se-ia dizer: aqui esti a smetaflcica, deveic apenas aprendé la ¢ ela convencer- vos itresistivel ¢. invasiavelmente da sua verdade: esta questio seria entio ociosa e apenas restaia a seguinte, a que dita respeito mais a uma prova da nossa perspi- icia do que A demonstsasio da existéncia da propria coisa, 2 saber, como ela é passer e como a razio al procura chegar. Mas, neste cis0, [33 a raxio humana no foi bem sucedida. Nao se pode aptesentar um tinico livzo, tal como se mostra um Euclides, e dizer: cis a metafisica, agui encontrareis o fim mais ‘nobre desta citncia, 0 cconhecimento de um Ser supremo ¢ de um mundo futuro, demonstrado a partir de principios da razio pura. Pois, podem sem divida indicar-n0s muitas pro Posigoes apodicticamene cers © que nunca foram TAs a contestadas; mas todas elas sio analiticas ¢ concemem ‘mais 20s materiais ¢ aos instrumentos de construgio da metafisica do que a extensio do conhecimento que, ro entanto, deve ser com ela 0 nosso verdadeito pro- pésito (§ 2, letra €). Se apresentais, porém, proposigdes sintéticas (por exemplo, o principio da razio suficiente), que nunca demonstrastes a parti da simples sazio, por Conseguinte a priari, como 0 entanto era vossa obriga- fo, mas, que vos sejam apesar de tudo concedidas, chegais sempre, quando delas vos quereis servi para O vyosso fim essencial, a afirmagoes tio inadmissiveis © incertas que, em todos os tempos, uma metafsica con- tradisse a outra quer em relagio as afiemagbes, quer rela- tivamente 48 suas provas, destruindo assim a sua pre- tensio a uma aprovagio duradoira. Mais ainda, as ten- tativas para realizar esta ciéncia foram, sem qualquer divide, a causa primeira do cepticismo que tio cedo surgiu, de uma concepgio em que a razio reage tio vio- Jentamente conta si mesma, que esta 86 poderia ter brotado do total desespero ‘de satisfgio [34 selativa- mente 20s seus objecivos mais importantes Pois, muito antes de se ter comesado 2 interrogar metodicamente a aaturesa, interrogava-ee simplesmente a razio tomada & parte, que era jem certa medida exercida pela experién- cia comum; porque 2 razio est, com efeito, sempre presente em nds, 20 passo que as leis da natureza devern hhabitwalmente ser investigadas de um modo penoso: ¢ 4 metaflsica flutuava assim, 2 mancira de espuma, mas de tal modo que, se a espuma que se tinha extraldo se dissipava, logo outa se formava & superficie; alguns recolhiam-na sempre com avidez 20 passo que outros, fem vez de procurarem nas profundezas a causa deste fenémeno, se afiguravam set sébios porque trogevam do cesforgo instil dos primeiros. © caricter essencial do conhecimento matemitico puro, que 0 distingue de quilquer outy euubeximento 4 priori, € que ele no deve progredix por comaites, mas sempre unicamente atzavés da construgio dos conceitos (Critica, p. 733). Portanto, visto que, Aas suas proposi- gbes, ele deve para li do conceito atingir 0 que 2 intuic Glo contém de correspondente a este conceito, a8 suss Droposigbes no podem e nio devem jamais originar-se mediante um desmembramento dos conceitos, isto €, analticamente, € sio, pois, todas sintétcas. Nio posso deixar de assinalar 2 desvantagem que a egligéneia desta observagio, alia, ficil © de aparéacia insignificant, rouse a filosofia, Quando Hume sentiu em si a voragio digas /2° de um Slésofo de langar 0 seu olbar sobre todo 0 campo do coshecimento puro 4 priori, 20 qual 0 entendimento humano se arrogou tio ‘grandes. possessOcs, separou inconsideradamente uma provincia inteira c, sem divids, a mais importante, a saber, a matemitica pura, ao imaginar que a sua natu- seza, 2 sua constituigio poltica por assim dizer, depen- dia de principios totalmente diferentes, isto é, simples- mente do principio de contradigio; e embora ele nio tenha dividido as proposigdes de um modo tio formal ¢ geral, ov usado as mesmas denominagées, como eu Figo aqui, ez, porém, tanto como se cle tivesse dito: a smatemdtica pura contém apenas proposigdes analitias, mas a mecafisica encerr2 unicamente proposigées sinté ticas a prior, Cometew um grande erro que teve, para toda a sua concepsio, consequéncias decisivas ’lasti- iveis. Se ele aio tivesse cometido tal erro, teria ala gado a sua questio da origem dos nossos julzos sintéticos, muito além do seu conceito metafisico de causalidade, estendendo-a mesmo A possbilidade da matemética « priori; pois cle devia também considerar esta como sin- tética. Mas, neste caso, de nenhum modo teria podido fandamentar as suas proposigées metafisicas na simples experiéncia, porque entio teria igualmente submetido os axiomas da matematica pura & experiéneia, era demasiado TAs APE a clasividente para o fazer. A boa companhia em que entio se teria encontrado 2 metaflsica té-lv-ia preservado do perigo de ser maltratada 36 indignamente, pois of golpes destinados 2 ‘iltima teriam também de atingir 2 primeira, o que nio era nem podia ser a sua inteacio: 6, assim, este homem penetrante teria sido levado a con- sideragOes necessariamente semelhantes aquelas de que ‘agora nos ocupamos, mas que, em virtude do seu estilo de uma beleza inimitivel, teriam ganhado infnitamente. ‘Os julzos genuinamente mtgfiricer #80 todos sintt ticos. Importa distinguir os juizos que pertencem & mitefsica © 05, julz0s meefises propriamente ditos. Entre os primeiros, hé muitos que sio analiticos, mas constituem apenas’ meios pare os julzos metafisicos, para os qais se orients interment o fim, da cian © que sio sempre sintéticos. Pois, se conceitos perte cem i metafiscs, por exemplo, 0 de substincia, entio ‘0 julzos que detivam do seu simples desmembramento integeam-se também necessatiamente na metaflsica; assim, ‘a substincia € 0 que existe apenas como sujeito, etc.; por meio de virios destes julzos analiticos, procuramos aproximar-nos da definigio dos conceitos. Mas, visto {que 1 auilise de umm puro vouceito do entendimento (ais como 08 contém a metafisica) no pode fazer-se de outro ‘modo senio como o desmembramento de qualquer outro conceito, mesmo empirico, que nio pertence A metafsica (for exemplo, o ar € um fiido elistico, cuja elasticidade ‘io suprimida por nenhum grau conhecido do frio), © coneeito /37 é sem divida, genuinamente metafisico, ‘mas nio o julzo analitico: com efeito, esta ciéncia possui algo de particular ¢ de peculiar na produgio dos seus conhecimentos « priori, que se deve distinguir do que ela tem de comum com todos 0s outros conhecimentos do entendimento; assim, a proposigio: «tudo 0 que € subs- tdcia, nas coisas, € constante> constitui uma proposi- ‘glo sintésica e gemuinamente metafisica, Se previamente se reuniram, segundo certos prine- pios, os conccitos « priori, que formam a matéria © 08 instrumentos de construgio da metafsica, a anise des- tes conceitos possui entio um grande valor; pode tam- bbém a mesma expor-se como Uma parte especial (uma espécie de philesrphia difinitia), que unicamente contém proposigdes analiticas pertencentes 4 metafisica, com ‘exclusio de todas as proposigdes sintéticas, que consti- tuem a propria metafisca. Pois, na realidade, essas and- Tises. postem uma utilidade ‘considerivel apenas na metafisca, isto €, selativamente 4s proposigdes sintéti- cas que devem provie da resolugio previa destes con- exits. ‘A conelusio deste parigrafo é, portanto, que a meta- fisica tem propriamente a ver com proposigées sintéticas 4 priori e que 86 clas constituem o seu fim; para o alcan- ‘as, ela precisa naturalmente de muitas andlises dos seus oneeitos, por conseguinte, de julzos analiticos, mas © procedimento ado ¢ ai diferente do que em qualquer outro tipo de conhecimento onde, mediante a andlise, se procura |2# apenas tomar nitidos os conceitos. No entanto, 2 prodasdo do conhecimento « priori, tanto teguado 4 intuigio como scguado os conécitos, © por fim também a de proposigées sintéticas @ prior, justa- ‘mente no conhecimento filoséfico, € que formam 0 contetdo essencial da metafisica Desgostados, pois, do dogmatismo, que nada nos casing, e também do cepticismo, que nada nos promete, nem sequer a tranguilidade de’ uma ignorincia permi- tida, solictados pela importincia do conhecimento de que temos necestidade € desconfiados, em virtude de uma longa experiéncia, de todo 0 que julgamos possui ‘ou que se nos oferece sob o titulo da razio pura, resta- nos apenas uma questio critic, segundo cuja solugio podemos orientar a nossa atitude Futura: E a metafbica Serdadeiramente posbe? Mas esta questio a0 deve admai- rer TA® tit como resposta objecgdes cépticas a certs afirmagies de uma qualquer metafisica real (pois, ainda nio accita- ‘mos neahuma), mas ser respondida a partir do conceito ainda problemitio de uma tal cifacia, Na Critica da regio pura, eratei esta questio de modo sintético, isto é investiguei na propria razio pura ¢ Procure detemina, segundo prncpion, neta mesma te, tanto os elementos como as leis do seu uso puro. Este trabalho € dificil e exige um leitor decidido a pene tar pouco 4 ponco /39 pelo pensamenta nim siema ‘que io pée como fundamento nenhum dado 2 nfo ser 4 propria sazio e que procura, pois, sem se apoiar em ‘qualquer facto, tis 0 conhecimento 2 parti dos seus germes originais. Em conerapastida, os prolgémenor deve apenas set exercicios preparstdrios; devem mostrar 0 ‘que hi que fazer para, se possivel, realizar uma ciéncia, sais do que expor essa propria ‘ciéacia. Devem, por conseguinte, fundarse em alguma coisa que jé s¢ conhece seguramente, a partir da qual se possa partir ‘com confanga ¢ subir até as fontes que ainda nio se ‘conhecem ¢ cuja descoberta nos explicari nfo s6 0 que fe sabia, mas 20 mesmo tempo nos fark ver um con- juato de muitos conhecimentos, todos provenicates das mesmas fontes. O procedimento metédico dos prolez6- menos, sobretudo dos que devem preparar para uma ametafisica futur, seré, pois, analitico. ‘Acontece, porém, flizmeate que, embora no pos- samos supor que a tetafisica enguanto ciéncia ¢ real, Enos, n0 entanto, possivel afirmar com confianga que certos conhecimentos sintéticos puros a priori sio reais © dados, a sabes, a matematica para ¢ a fisica pura; com feito, estas duss cigacias conitm proporighes reconhe- idas, de modo geral, como verdadeiras se bem que independentes da. experiéncia, quer pela simples raxdo ‘com uma certeza apodictica, quer pelo consentimento ‘universal fundado na experiencia. Possuimos, pois, pelo ‘menos algum conhecimento sintético [4° w priori inds- sti «io devemosinerogaraos se ee € postal ois € real), mas apenas como el é possi, a fim de poder detivar do principio da possibilidade do conhecimento dado também a possibilidade de todos os outzos. yA» jae QUESTAO GERAL DOS PROLEGOMENOS Como & possivel um conhecimento pela razlo ‘pura? Gs Yimosacima diferenga coniderivel entre os jlnos analltcos ¢ 08 julzos sintéticos, A possibilidade das posigSes analiticas podiaser_facilmente spend pois, funda-se simplesmente no principio de contradigio. ‘A possibilidade de proposigées sintéticas a posteiri, isto 6 das que sio tiradas da experiéncia, também nio precisa de uma explicagio particular; pois a experiéncia ‘do € sendo uma continua adiclo (sntese) das percepgbes. Restam-nos apenas proposighes sintéticas « prior, cuja possibilidade deve ser procurada ou examinada porque cela tem de fandarse_noutros principios diferentes do principio de contradigio. [#1 Mas, no temos de procurar aqui posibildade de tis proposigées, isto é de nos interrogarmos se elas sio possivels. Pols, hd bastantes ¢ sto dadas real- yaa mente com uma cetezaindiscutivel ¢, visto que 0 metodo, aque agora seguimos, deve ser analico, o nosso pont de partida seri que este conhecimento racional sinté- tico, mas puro, é real; no entanto, devemos em sexuida invstigor © fundamento desta possibilidade ¢ interto- gatos como este conhecimento ¢ possivel a fim de estar- mos em situacio de determinar, segundo os principios da sua possiblidade, as condigées do seu uso, 0 seu mito e os seus limites. O problema verdadeito expresso cam nina precisio escoldsiea, de que rida. depende, € pois: ‘Como sio posses propoiessntticas 2 priosi? Det-lhe acima, por amor da. popularidade, uma expressio um pouco diferente, 20 chamar-lhe uma ques- tao do conhecimento por zazio pur, 0 que entio podia fazer sem prejulzo para o disceraimento procurado; Visto que aqui se trata unicamente da metalisica © das suas fontes, lembrar-se constantemente, espero, segundo (© que precedentemente foi recordado, que, 20 falarmos ‘aqui de conhecimento por purt razi0, sunca se refere © conhecimento analitico, mas apenas’ o coabecimento sintéico ('. {28 imponiva inpei ur, com 9 pogo ru do conhecineno, carat expected, Hl tormadis clay, [0 remon- (ando a infladia da clini, afo scm posterormente eacontadas Jngucentes e impréprias que um certo uso aove e mais ‘otra ainda algun tso de se confandir com 0 antiga # (0 imétodo amlitizo, enquanto oposto a0 mtodosiattco, €iatei- ‘método de cio, enpregam-se muita vex sper propriges ‘aeticar andlie mattis € do sm exemplo; e er melhor fami nde ng a Sng mon iy Ono de alta dig xmbem unt pate asia de Tope € cate logis sere, pot Opoupio 42 Da solugio deste problema depende a persistén- cia ou a queda da metafisica ¢, por conseguinte, toda a sua existéncia. Por mais que alguém apresente as suas afirmagtes metafisicas com 0 maior brilho possivel, © acumule raciocinios sobre maciocinios até a0 esmaga- mento, se ele mio conseguiu antes responder a essa {questo de um modo satisfatéro, tenho o direito de dizer: tudo isto € filosofia vi e sem fandamento, falsa sabedo- sia, Falas pela razio pura e pretends, por assim dizer, criar conhecimentos a priori nao x6 20 analisar coneeitos jf dados, mas também a0 alegar novas conexdes que ‘alo se fundam no principio de contradigio e que, no fentanto, presumes aperceber independentemente de toda 4 experiéncia; como chegas a tal resuleado © como que- res justficar-te de tais pretens6es? /+> Nio posso permi- tite 0 apelo ao assentimento da razio geral da huma- nidade, pois € um testemunho cujo prestigio se funda unicamente no rumor public. ‘Gena sis mii sis (orci) (*) or indispensivel que seja 2 resposta a esta questo € tien mut ile v's us pin pal por que, durante muito tempo, nio se tentou dar- “lhe uma reaposta comsiste em que nem sequer 2e imagi nou que ma senethane questo pos sr post, una segunda razio € que, no entanto, uma tesposta sitisfa- tna a eta questo cxige sina relesdo mulo mals per sistente, mais profunda © mais penosa do que alguma ‘vex o exigiu a mais extensa obra de metafisica que, desde 8 primeima aparigio, prometeu a imortalidade 20 seu autor. Por isso, todo o leitor penetrante deve, se reflect ccuidadosamente nas condigbes deste. problema, assus- tado a principio pela sua dificuldade, té-lo por insolivel, Aileen, sem que verdadeinmente se considere que os eodheci- ‘menton 2 cis pestencenes jam analiioe ou iatcoe (Gy O que me movtas nfo o creo e ee deterive. jae yaa, e 6 8 nio houvesse realmente esses tais conhecimentos sintéticos puros « prier, por absolutamente impossivel; foi o que acontecea a David Hume que, 0 catanto, estava muito longe de se representar a questio com uma tal generalidade, como aqui € ¢ deve ser 0 caso, se € que a resposta deve ser decisiva para toda a metafisica. Pois, como € posstvel, dizia esse homem subtil /+4, que, quando um conceito me € dado, eu possa ir além dele e lhe ligue outro conceito que ai no esth contido, como se the pertencesse meestariamente? Sé a experiéacia nos pode fornecer tais conexdes (cis o que ele conclula desta dificldade, que considerava uma. impossbilidade), ¢ toda essa pretensa necessidade ou, 0 que é a mesma coisa, todo 0 conhecimento « priori a ela adserito, nio € ais do que um longo habit de achar verdad uma coisa ¢ por conseguinte, de considerss como objec- tra a necetiende subject " Se 0 letor se queizar da fadiga e do esforgo que eu Ihe darei pela solugio do problema, entio deve apenas tentar resolvélo de um modo mais simples. Pode ser «que entio se sinta obrigado para com aquele queempreen- dea em seu lugar um trabalho de tio profunda invest- gefio © manifectert entes alguma admirasio pela facili dade que, dada a natureza do assunto, the foi ainda possivel dar solugio. Por isso, custowlhe anos de esforgo o resolver este problema em toda a sua generali- dade (a0 sentido que 08 mateméticos dio a esta palavra, isto 6 de modo suficiente em todos os casos) e 0 poder finalmente exp6-lo numa forma analitica, como 0 leitor agui a encontrars, Por conseguinte, todos os metaisicos estio, solene- mente ¢ em conformidade com a lei, suspensos das suas fanges até que teaham respondido /4% de modo satis- fat6tio & pengunta: Como sao poses conbecimentas tnt ‘cot a priori? Pois, 36 nesta tesposta consistem as cxe- denciais que devem apresencar, se tém alguma coisa ‘para nos oferecer em nome da razio pura; & falta dela, hada mais podem esperar sento ser despedidos por pessoas sess, uj ana vezes foram eaganns, sem otro exame do que eles propoem. ‘Se, pelo contritio, quiserem exercer a sua profistio rio como cifwria, mas como uma arfe propria para per- suadir 0 que ¢ salutar e adequado 20 senso comum, ro se Ihes pode legitimamente impedir tal oficio. Tetio fentio 4 linguagem modesta de uma fé racional, confes- facko que nso lher € permitido, nem sequer coyectrar menos ainda saber alguma coisa, sobre 0 que ultrapassa os limites de toda a experiéncia possivel, mas apenas ‘adnitir (ao para 0 uso especulativo a que, pois, devem enunciar, mas para o uso simplesmente pritico) o que potsivel e mesmo indispensével para a conduta do enten~ dimento e da vontade na vide. $6 assim podetio ter 0 nome de homens wteis ¢ sibios ¢ tanto mais quanto ‘mais renunciarem 20 de metafisicos; pois estes querem ter filésofos expeculativos e visto que, quando se trata de julzos @ priori, nio é possivel exporse a probabilida- des /4@ iasipidas (porque o que se pretende reconhecer i prior é por isto mesmo declarado necessirio), nfo se thes pode’ permitir jogar com vonjecturas, mas 2 sua afrmagio deve ser citacia, ou entio nfo é nada. ode dizer-se que toda a filosofia transcendental, que precede necessariamente toda a metafsica, nfo é em si fnesma senfo a solugio completa da questio aqui posta, ‘mas numa ordem sistemética e com tiqueza de pormeno- res, que, por conseguinte, nio se possui até agora rnenhuma flosofia transcendental: com efeito, o que leva ‘0 seu nome é, na realidade, uma parte da metafisica; essa ciéncia deve, porém, primeiramente tornar posstvel ‘4 métafisca e, por conseguinte, precedéla, Nio € pre- ciso, pois, admirarse se uma ciéncia intera e privada, além disso, de todo o socorro das outras ciéncias, port onseguinte, tuma ciéncia inteitamente nova, € necessé- TAwe TA‘ sia para responder de maneira sufciente a uma s6 ques- to, se a resposta A mesma estd associada ao esforgo © & dificuldade, mais ainda, 2 uma cera obscuridade, ‘Ao abordarmos agora esta solugio, e segundo o método analitco em que pressupomos que tas conheci- ‘mentos pela pure razio sio reais, podemos apenas refe- rir-nos a duas cifaias do conhecimento tedtico (0 tinico de que aqui se fala) a saber, a matemdtca pura e a fica bara |#7, pois s6 elas nos podem apresentar os objectos ‘na intuigio © mostrar-nos, por conseguinte, ce nelae ocorresse um conhecimento @ priori, a verdade ou a conformidade do mesmo com 0 objecto, in omit, isto 6 2 sua propria reaidade, 2 pastir do qual se poderia, catio, remontar por via analitica até ao fundamento da sua possibilidade. Isso facilita muito a tarefa, pois 2s considerages gerais nfo s6 al se aplicam 20s factos, mas deles partem, 20 passo que, no procedimento sintético, devem ser detivados de conceit, totalmente im absract. Mas, para se clevar destes conhecimentos puros 4 riori, reais © 20 mesmo tempo fundados, a um conhe- Cimento possivel, que procurimos, isto é a uma meta- fisica enquanto ciéncia, precisamos de compreender tam- bbem, na nossa questio principal, o que ocasiona a meta fisica © constitai o seu fundamento enquanto conheci- ‘mento a priori dado wnicamente de modo natural, embora, de uma verdade suspeita, cuja claboragio sem qualquer investigasio critica sobre a sua possbilidade € j4 comu- ‘mente chamada metafisica, numa palavra, a disposigio natural para uma tal ciéncia; ¢ assim a questio trans- cendental capital, dividide em outras quatro, seri suces- sivamente resolvida: [#8 3) Como & pone! « matimtice pare? 2) ine in «nr me? tel « efit om rah 3 Come 4 pal metic nants iii? Tae, Vvése qu, emboa ssolugio destes problemas deva represent prncipamente © coneido cncneal dae tia late no enanto igo de expecta qu, por #9, mreece a atngio, a sbehy bust propia ne #8 foots das clei dada im de asim explore e edi O'oen poe de conberer alguna coisa «prs estas Seca cram Set mdse non ae Sos ents, elo cach ao qne Concern 2 8 0 e200 tito eda um prolcia supeion evade dx Sha orga comm, fosece tanhen oat de onbor Thonn a sun peop stor,

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