Três Utopias Contemporâneas

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TRES UTOPIAS CONTEMPORANEAS FUNDAGAO EDITORA DA UNESP Prt d Cat Crd Mii én vaxoneles| ices eso Hernan! Botner Sapertendt iinia o ‘an Rothery Joo Las Cardoso Tips Ceca Francis WOLFF TRES UTOPIAS CONTEMPORANEAS Newion La Ses ontor Peo Angelo Pa Renata Jungaiade Souza Rows Mara ete Cava is adunes Anderson Notas Travucho. Mariana Ecnatar 1 2017 Libre Arthime Fayed 162018 Ear Unesp “lu igi Tis pie conten Dios de publica reserads andao Ear a Unesp (FEU) raga 108 01001800 = So Palo SP Te: (exit) 320.7171 Fax er) 32427172 euganot aor em de Capo a aca IP ara por Viger Halo d Sib -CRB/2410 Wwasse Wot rac “rs wopiasontempornes/ rns Wolf rasa por Mariana Eda” So Pal: Era Usp 2018 “rauco de: Lpesontngrines Saw sraas-vares? 1st. ca Marana Tho, 2o1.786 cop 100 cout or afin eaxec ABSu — SUMARIO - Introdugio Morte renascimento das utopias. 7 Noss ansaid opi? / Osis amass {stp pls meso ote topes pis ea Oil aac wk fase i re) Além do bumanismo: a wopia pos humans 25 ‘om lines hone dro plete! {CoD / ms a dri pose Pans masa prevelant dma 2 Aguém do humanism a utopia anise “8 SS ee anes Dies Una ad egies ama 'Noprolongamento do numanismo ropa cosmopoliia.75 ‘Dohone do unin a compli Cotento/ Divide Un ss teria ea Comaplna, eg sprene detemanie ‘Conclusto ~Tansposgio ds roe. ua Referencias bibliog. 17 ~INTRODUCAO - MORTE E RENASCIMENTO DAS UTOPIAS Ercan cansados das stpias Estamos cansados dis utopias ltersas¢ dos devaniosSo- brea Cid ideal as utopias em ago que foram os toualtarsmos do séeulo XX nos nauseam, Os horoes ress de uns nos impe- dom de sonar com os outon Nossas antigas utopias ‘De Pato a Thomas More, de Elenne Cabet a Fourier, as ‘opias lava da rego do presente e do red: “Este 0 mal ‘a comunidade dos homens" Mas ao he cotrapunam of tro nem o posse; elas descevam um inpossvel dsevel “Seria bom vver i". Nioeram programas politicos planejando eos de angle um objeto rcional Conentavar-se em que- feromelbr, Ems val Bem nunca obtido a um Mal menor suman. As wtopas erm revolciondlas, mas em palvas: “Os homens vvem ass sempre viveram asim, deveian wver de uta forma”. Todas as woplascomunistas do séulo XIX foram. 8 PRANCIS WOLF assim. Quando se watava de arregacar as manga, hava um es: Fong pra eriar stn, e durante um certo period, uma pe ‘quer comunidad real mais ou menos em conformidade com © sono. Os wopistas eram revoluindris quando nio eram rea lista, e quando era reaistasnio eram reolucioniis. Nunca ‘isaram eliminaro Mal para sempre ederrubar as comunides pola exstentes para instarat 0 Bem. Por exemplo, Eten ne Cabe, com seu comunisme cto, imaginow a dade ies se Iitia etentoufandar uma colonia cartana er Nev Orleans, fem 1847. Charles Fourie, com Seu faanstérioextava em Busca de ua harmonia universal qu se formar lvemente por ae ‘ode seus membros. O mais rasta de todos, Ssint Simon, Aesreveu uma soiedade raters, cvjos membros mals came: tents industria, ientisas, artista, intlectis,engebetos) tinham a tarefa de administra a Franca da forma mai economia posse a fim de rola um pals prosper, onde reinariam in terest gral eo bem comum, a iberdade, iguldade ea fac secidade seria una grande via Maso sono de uma associa soluta nem uma oposicio de natureza. Hoje sabemos que exist onsciéncia na maioria dos animals superires que hi medos de omunicagio em muiasespéces soca e de ineigincia ns pr ‘mats e que modos de ransmisso de conhecimentos cul: ‘ais em creas epéies de chimpanzee. Por outro lado, no acrditamos mais que 0 Cu sj al ‘do por deuses moras. Para boa pare da Moderidade, 0 Céu& vazi:¢ que chamamos de seclarizario do mundo, epara out parte da Medemadade para qual Des ainda € mest abot, Ee tio inconcebivlment grand, to eleadoe to cstante de 1s que nfo podemos mais nos deinir em rego a Ele. Porta ‘to, no hi nenhuradstneo que nos separ dos animals, mas 20 mesmo tempo hi uma dstncainfnita que aoe separa do alm, Srpem entio as das grandes utopias que hoje se conta em n rizonte humane, De un ado, a wtpia pos humanist herdeza do ideal iter do gso, ea sonha cme um now “a, mas podersa do que jana fo, tunfante sabre sap priaanimalidae e mortldade, De ctr ldo, a utopia anima: Tis € herdeira dis grandes esperanas de Iiberagioeneiva do século XX; ela sonka com um novo “nds uma nova comunida ‘de alm d politica, acomunidade de tees os animals sensives. Sonharos para homem um uo dvino oun destino anna Havera lugar para uma utopia humanista entre essas ‘doas utopias antishumanists? Ainds 6 posivelsonhar para @ ‘ats UrOPIAS CONTEMPORANEAS, a humanidade um destino sua medida? E muito rd para uma nova utopia politica ou sind no & hora para ua utopia ama risa, para elu cosmopelica? ‘Seria pssivel deduce prior esses tts dai ptr de uma Jie ete: nbs nos tornamosindvidues. Mas come Sti os Programas revoluconiio na era doe dios sjeivos? Liver ‘or do Mal. Ns quem? Tales vocte eu, Ou ot habitanes de ‘uma nova Cidade ps poi. (© primeiro tipo de programa seria ode uma tops ibert- rian: 0 Mal sera tudo que obs e limita a ag, 0 peasaen- te 2 vida indviduas a doenca, a velit, a most, em esi animalidade.O diet seria opi de viver melhor, rer ‘mais, iver sempre, Eu tenho ese diet! Quem seriamos ns? Seams apenas, para sempre, eu. Nossa ia sera ma prim "a pesson: ser eu plenamente- Ps-humaniso. (Quanto ao segundo ipo de program, das dus uma. Ou 0s Ibias da nova Cade seria de um nero m0 9 eno a ria Cidade que seria de um ginero ovo 'No primeio eas, 0s indvdos no seriam mais humanos, pois a Cidade seria estendida a toos 0s seres sensvis, O Mal Serio sofimento ou a dominalo. A Chae idea, a Calli de Plo, sera uma Zopl. Todos 0s sees sensives seria dete: ‘ores dos mesmos lies, st de imunidaden Quem seramos nds? Sriaros animals sensvis aos anima senivi. Nota 6 ca seria na Segunda pessou-compaio, cul, Animals 'No segundo caso os indvos seria humans, poi aC dade seria estendid todos os homens. © Mal era guerra. 8 AAcondicao de estrangeio. A Cidade boa, a Calpaide Patio, se: "ia uma Cosmépts. Todos 0s sereshuranosseriam detentores ‘dos mesmos diets, ist de Hbedaes gua. Quem seriamor és? Seramos a humanidade, Nossa ica seria materia pes ‘ea: justia Cosmopalitisme. ALEM DO HUMANISMO: A.UTOPIA POS-HUMANISTA (Come suas das ias 2 utopia ps humanist tem sua 8 lost seuspensadores, profes, pesqusadores, militares, sua so da humanidadee ec, De nossa ts utopias, cla € 2 ue em mais apoio econimicofnancer cok, uma vez que Sus bjeivosfazem parte do programa das grandes empresas do Vale AoSlcio Google, Apple Calico et). Se definirmoso trans: ‘manismo pelo projec de meorament infnito das apaclades ska, intletise moras dos sereshumanos, gragas 8 “con- vergéncia NBIC" (nanociéncias, biotenolo ‘nia cognitvs), aap phan ser de que ese melhoramenteconduzré vita sobre o envehec- ‘menin bilipen emote peanta ao nascimente de ma ns spe: 0s péshumanos. Um dia homem no seri mals nem TT Siena creat CY otc pin ped nb {25 tia Sen raat aa ‘Soptodo amen une seep enn rset ee Seniesa Shp Ft n/c eMC ep, oa ‘manifero nem animal. Ee se Uber de seu corpo deficient © sleangard a imortalidade Do homem do fluminismo a0 novo homem da revolugio pés-humanista A flosoia rans-humanista repousa sobre cera represen oda hamanidade e de sua histia, a mesma do hunanismo ‘amin, RETRATO DE UM HOMEM COMO HEROL © homem ¢ um hed trunfnte. Bum semideus que venceu anatureza raas sua ntligtnciaprometeic. Nao exist un e- ‘ano sequer da Tera onde ele no tena eit sua morada ou gue ‘nfo ena sido tansformado por ele. Anaturezaodesproveu, le ‘seproveu, Nasceu nu, sem cure, ciscoe ou pelos vests 2inho. Nasceu sem cfs, carapca, ganas ou press, e amo “Se pox conta propia contr seus predadoves. Nasceu sem abrigo ‘construiuhabitages Suns nics dara rs, semearam as lanices, perfuraram a era para extrait metas energla A na ‘weza Theft pig em plantas e anima, e le 0 domesticou Inventou nova espécisvegetals para se linenare se curs, © ‘spies animals aapzadas a Set uso ou lane. A natrera Ine ‘enviou aos, le inventouo fog eo par-aos ela oprimiu com encase se proveu de remédis vain Ela the deu a dor ara visio do perio, ele inventou os analggscs, Ec [A CONSTATACKO HUMANISTA 2 flosofiatrans-humansta que fandamenta a utopia ps Jhumanistaapoa-se em um fat incontestivel desde o sala XIX: 0 progreso tenico eclentfico, especialmente biomé co, contibua para 0 prolongamento da vida ea melboria das cones de eastncn do homer. Alisa de inven gue de- ‘emos ae sculo passa éimensa:anestesa,vacinas, exames or Imager, radieerapia por rio X, sulfamidss, aspirina,pnilins, anubéticos, pus anticoncepconas, quimiotraps, implan te de éegos etc. A more infant que durante muito tempo fo © flagelo commu da vida humana, clini eonsieravelmente ‘no decorer do séclo. Hoe, mesmo as eriangas mais carents da ‘Asc subssariana im mai chances de sobrevver aoa cinco pi meres anos de vida do que uma cianga ingles em 1918? Ltar Palo mathoramentoeprelongamento da vida humana sempre fee Parte d programa iluminista. “Temas a forte sensai0 de que os progressos da medica prevntva~ que se toaram mas efcaes com 0s progresses {i raso ed onde socal deve fer desparce dene ‘wansmisiveis ou contagisas eas doencas que tem origem nol. ‘ma, nos alimentos ena natureza do trabalho, Nio € dil prov que essa esperanca se estende a quase todas as outas doencas, jas causas temas, verossimilnene,saberemos recnhece ‘um da. Ser que € um absulosupor que ese melhoramenta da ‘spi humana sri capaz de um progress infinite, que cher ‘dae que a morte nip sera mais do que consequenca de ac dente exraoeiniries ou da destruico cada vez mais eta das. orgs ial equea draco do pride entreorascimento essa desiracio no ter um fim assinave?™ ssa intigbs profticas de Condoretganharam uma fr ‘mulaco atualiada no programa hedonisa dos ps humanists “Living longer hath, sare ent hap”. Vive mais terpo, com ‘nals sade com ineigincia mais aguyad © emoges mai cs {quem nao se seniatentad po um programa desses? Em ve: de {albert condo humana por meio da educa oda ct ‘camo deseo humanismo, ou apenas pela “medicna preven tia", como diz Candorcet (hoje itamos “medicinaterapatica fu eparadera") 0 que quer ¢ ampli os limites através da ge ten eda informatica, Y Dee irr bee 3 Condon ae stg dppb hah 9267. REVOLUGAO ANTLHUMANISTA ‘Masa weopia ps hamanista nS iss. algo mito difeen ‘te, Ela comega no ponto exato em que rope cam ¢ humanism do llaminismo. Ea € sua concusi, no dupl sentido do temo. ‘uma ideoogia revluconiia Redemos reconneca pelo sn tagma “desde sempre". Desde sempre, o homer dependeu das limitacSes de sua codigo natural. Doravant, cep dos mcioe téenios pra libenar-se dela. E preciso libero. Desde sempre, ‘homer fl umn animal «pode tomate um des” A ibertago ‘no sed econdmica nem politica: er ténicae individual Caras 3s nanoeiecias € 4 informa, tornou-se posivel Iibertarse da animalidade do Homer: nascent, doen, eh fermidadesemvelhacment, morte. Seposemos, devemon Oho _mem pote se tornar um super home se aceitar se apenas uma maquina. Un clorgue, Ele pode e tomar um deus, se levarasé- rio sua propria natureza maguinal. O "ps-hamane™ ser, na ver ade, uma espcie de “human” cj fares vit, sensors © Imelctuais no sero mais elzadas por simples udimentares {rps maturas, mas por pebteses de rendimemt ilimitado, que ermitiro a aquisiio de noas apie , portato, a expansion do campo ds liberdades de aco individual, sem a restries da ‘ta duragio david, das doen, da degeneragio de bgiosete- ‘ios, do mero restito de seidos eds capaci iitadas (a roomie nsighocie ssa utopia pode se realizar graas ao cruzamento de duas profeciasavtoreaizadoras: a humanizaio da miquinae @ ma ‘quinzago do humano. AMUMANIZAGAO DA MAQUINA Quer se qucira ou ao, dizem os teroprofeas, a capaci= ade de itlgicia arc dis miguinas no parade crese. ‘Apoiados na seeleraao continsa da velocidad de cillo dos Samkondtores ~2chamads conjctra de Moore ~ © na exe ds progressos da roi, ca boogie snesee das formas de vid arias, podemos calcula 0 momento em que as ‘miuinasdeshancaro a hamanidade,Trt-se ds Singulariage, «jo concito foi poplarizado por Ray Kurzweil: india o momen: ‘ (20457) em que as miquias sero capazes de se reprogramar Sesinhase aumentar suas capaciades 20 infnt,escapando do Controle daquces(prenizes de fetieiro) qu a conceberam.O homer, com seus hes de newrénio,n ser mai do que um ano deensinobisco dante do computador, cmparével a uma ‘medusa (otocentos ncuénis) diane do cerebro humano. De- ‘vemos aguardarcom esperanga oda em que os ros romarao 9 Controle de nossa exstnca, ou devemos tee, como tema © {stots Stephen Hawhing que er 2014s preocupaa com os riscos do desenvlsimentaimitado da niga artical? De todo modo, desde fdevemos concer dios 208 obi, emo ‘oneedemos a qualquer iniviu dotado de personalidad at roma ea todos 0s ciao de nosa Replica liberal e univers [A MAQUINIZAGAO DO HUMANO Auropiaimplica que a mstina pare de se reparadora ou e+ rapeucca ese tome desentovedora €melhortva (enhacone) (Ocrtrio tradicional da medica era a aide agua co servi ecuperila A sade é um dos ror coneetor ue #0 0 mesmo tempo nermatives edescrtvos. omumente ees io lama coisa ou outra. Concetos como “grande” ou “ipido™ dzem ‘coro so cos, mat nip diem como eas deer se, com a2 ‘conceit de "belo" on "bem. Mas sade dem Sr ¥v0 pet= tite dein o que cle deve ser eo que ee Desde a Rlsofia ea Tin ne 0 eat ps nn ii tic clots pai cho ame ‘ip qe en ser snlghraa e ‘la se sein cal yer mus ses on inn oto cw lic pelea ar ‘ea eps Clans dpe ‘retina D000, Rese In 2 ancis wou medicines, estar com (boa) sae, para ser humano, no ‘Capen a estar doent, nl ter dor, ose sent malo si lesmente eset “em, mas estar tol eperetamente redo {ge ele pode ser poder ver, ouvir, sent, andar, core, copula, fina fl, acinar et, como um ser humane na fora dai ‘de. No ter lft dos ces, visio do falco ou a capacidade de clelo dos computadores te as capaciades dew ser hu ‘mano no momento em qe elas encontram em sa plenitude ogo, a reparagio das enfermiades natura ou acidentls por proteses, os emédis contra oF efeitos do envethecimeno dos ‘rg oeffaguecimen dae facldades amb fazer parte sos objtvosraiionais da medicina. ‘Mas as press em questo no tanshumanisme ¢ poranto, a utopia pehumanita io so as que permite aos suds ov- ‘aos coos enxega aos paralias andar estas, no undo, so [pens aconinaago natural dor als com lentes crredivas, que ‘Sriram em Veneza no sco XVI ou das comeas acts, ‘qv data do sul XVI francs, ov dis bengal, que so ime Tova A topa comes. pari do momento que ve quer melo tara fangs patra, endo corg as dsfunescansadas pla ade cu pels deficinclas, Nose rata mais de mais restauraros seotidseansads ou defeiuoses, ov revigorar as capaciades i ‘as ments, pions or moras esis mulpicarodesempe- ‘no por dez, Abas limites da condo humana: revindcar {itera moro", iit limita os implantes de 6 tos atfiaise As modifcagdes genta. Segundo Aubrey de Grey, due dig a Furlgo Methusela(insato de gerontolo {9a de Mountain View, na Califenia), 0 corpo humano € como ‘om carro do qual basta tocar as Pas para conser indefn mente. A vida a verdade, € apenas ma questo de manuten- Sus funges animal, Nascimento? Gags ds prspectivasabertas pela clonagem e pela ectoginese isto + prociacio completa de {om ser humana em um Gero atc ~ seo fim donascimen to. Doengat? Grass boteenologiase&nanamedcingserofim. dis downs. Mote? Gras is técnica de pouing= sto 20a Imazenamento da consi em materials nalerves, dos quai chip de silico 6 apenas uma prfiguraio sero fim da more ‘Nespresso "morte natural” ni teri mais nenhum seni. Contexto A flosoia rans-humanista esti liga creunstancalmente 0 formidive progresso das botecnologis (gendmica, engena- fia genética, transpénese exc) ocorride na Califia pos anos 1980 Mas 0 desenvolvimento da utopia caeeu no contest i telecual da Modernidade dscrito ns Inteduclo deste lira. Ro demos caracteriz-lo por cinco 05. Esse meio & herder da contracultura liberia dos anos 1870, que foi mareada pelo triunfo do hedonismo (iver sem tempo moro, gra sem osticulos” pelo impéro dos diets Inividuae (8 proibide prob). Depois de atravessra flow aber, a Weologa liberal da nova economia biotecnolgica tornou-seliberarana "Tata-se de um meio intelectual ateu soimplca a emosio das grandes interdigestradiconais que estm sobre a vida ‘mana (eugensmo, abort, manipulates genética etc), of da «renga na unicidade da humanidade no centro da "iiagSo" (oo ‘mem no é mai concebda como “um impérioem um imp", sim como “um animal gual 20 outros") a rina da na morta Tidade da alma na possblidade da salvags ou danago teas: eed eee Secrets oe EN cece Stethoscope ec eee ene ‘eomtmce do Emad de seu opel reriie na gestion. 4 dana € neste mundo, €o enelhcimentoinelutve:€ na “Tera quetemos de nos salvar e nos tornarimortis. Essa uopia nace no momento em que a biologi dstrona a ‘sca como cenciapredominane.O século XX foo skculo da fi sic (felativdade gral, mecinica quan), cus tei estavam gatas grandes medos (em especial oda bomba atomic) 058 culo XX! ser oda biolosiameleculr, da biooga genética eda bolgiaevolucionsta cuas tears esto lgadas a cetos medos (manpages genéccas) ea grandes esperancas(engenhai née) que elas susctam nas incias metas. ‘Do pontode vista metaisicn, a utopia epousa sobre um mo- smo materialist (a natureza € feta de ura ina substi) do ponto de vista epistemelgico, ela se fundamenta em uma concep mecancista da vida as propredades do vivente si e- duties s propriedades de seus materia ‘ras humanismo e pés-humanismo pressupser, poran- ‘0, ua tila redo conclu: das propia da humane (onsciénc,imeligénca,linguagem) i animalidade: da ania Iida a bidcco(borcnologias);e do bitico ao mecinico In versamente, essa reduo implica uma triplaposibilidade de ‘onsirutismo tecolgico: pee cir um vvente a pari do ‘mecinico,pode-eeriar a animalidae a partir do bitco € sk ‘malar humano pela informa inguagem, pela intligencia arial (ineligéni) plas newrocincias(Consieni). Poe Indio, ambém se pode empreender uma quart constr, fibiea tecnologia do tans‘humano (melhorament do huma- no) edo ps-humano (superar do humane). COD. Divides [Nocntano, emosvrias rane losis para dviar que tum dae homem perderdo contol sobre as miqunas ou que © computador per substitu 0 cerebro Essa cencas se baseiam na idea de qu 0 funcionamento do espitito humano pode ser explicalo como 9 cérebro de um ‘computador por um conjunto de algrtmos. Portant, poeria ser replica nafomma formic. Mas io cao, Represent: ms pensnento eo cap eo tame parton Cou ‘xe tm abo neohome es migun gu djs tent ima do mem Deca ame se oma seu compo como upc eno Ea se suo un corpo como prs un carey meu tae ma formar modo ndecomponel Quando me coo sole una lest, aio acon com costa de rss rar em am «oe sit dx Su ex questa no meu capo esta. E once ¢ tecnica reise faba ame min ineigete qu ea capes de ence o campo mundi deg Mas €tecnicamene ease até mes nonce car uma miguina qe tks dor de dente Ov eon a fee prescivem da coscienc, poraue preside do oro mas dor det, nus 9 sentient Se ul Aen do esument cm coro mane ‘sas de conics omieraos nro do pase en, ies. Nossa melissa ilipn da sts. Nona i nua cpa ig {rustas,porgue € uma és “da primeira pessoa”. Or, éverdade {que todos ns procuramos evar o soffimentotememos a dese ergo da velice edesjanos reardar nossa morte © msi Pomel Ese fosseposelsatsizer noo desj, todos ov cada tim, porque eeusar esse possive?Aspraros ns divinzar tan to quanto posse, como j sabi Patio e Aristiees Muto bem. Eno porque nos cus isso? ETICAS DA PRIMEIRA PESSOA, DA SEGUNDA PESSOA, DA TERCEIRA PESSOA ‘Devemos sting as xcas conformea posi do bem pe- tei por asuele que age- Ha és poses poses. edernos lagi sano ao nooo proprio bam (ou eam o intuit de dimi- ir nossosprprios male) e, neste at, Somos 20 mesmo ten po agente ¢beneiciris da aio, Esa uma ica da primeira estos. Roderos air isando ao bem de alguém (oct woos), ‘u com ointuito de alviar us males, soins emia, , ree eas, somos agentes moras, mas 0 beneiio€ © our, am pacente moral, A ditngh entre 08 agentes moras" 08 spaces moras” € ma partcularidade das éicas de segunda pests, For exemplo, seas do cuidado (ae cur) ou de neo definem o qudro detain da aco medica, pofessoral ‘upvc. Eas tm us nade bem determinada: cura do pcene, 2 autonomia da rings ete. Por dim, podemos git ‘Meee Sec ae, Se Sb Als visando ao bem de terceros (cles, elas) ou de uma comunidad or aqua no estamos envolids (ou na qual ccuparos a mes: ma posicio que qualquer um): esse caso, os benefcirios so ‘os indviduos (como € deontologia do juz) ou acomunida ‘deem seu conjunc (como devera sera deontoleia do poitic). Bs Ris as oes pease merely aie pote pressupdem uma posiio de imparclidadeou newaidae. Em uma éica da primeira pessoa, queremos nosso proprio bem, vsamos 2 nosso desenvlvimento e fliidade. Esse ob- jetvo pode ser epost, mas ndo necessariament: pot exemplo, demos achar que nosso maior bem 6frgosamente ito a0 bem de to homem e, portant, sé seremos completamente fe aes em uma Cidade feliz: ou que s6 nos enters reaizados ra companhia de amigos que se sntam fizes ou que ajam de rmaneira “eoreta” ete Essas asso, em sua malo, éteas ‘igs. De todo modo, uma cada primeira pessoa io tem 2 finalidade dese usta (como uma ica da terceia esse) ou tenerosa (como uma ética da segunda pessoa), anda que pei ‘eas jstas ou comportamentos generosos contsbuam par al cangarmos 0 objetivo que consideramos © mais eleva: nosso prprioBem © QUE REALMENTE QUEREMOS? Serum deus € wma situac iveivel. se vot & um deus. nso rem dus vantagens: voc €atarquico (beta as mesmo) «imental (no tem nada a temer, Mas serum deus eazpovca Sausfaco.. se voct € um homem. Isso tem dois inconenien tes oct € autiruic (st socio) eimortal (no tem nada a dese. impossvel imaginar que o futuro durardetemamente spenas por nds mesmos Pi, supondo-se que nds (e nossa ila sejamos um desses prvilegiados que podem se proteaer das doeneas eds vlhice,veriamos desparetrprogressivamen- te nossas redes de sociabilidade, veriamos moter todos 0s se es que conheceros e que no poser arcar com um bant de eawcrs woure juventude, penderamos sucessivamente notsos amigo, cole- fs de wabaho, conecidos,conldadios et. 150 € um futuro Invejve? Mesmo o iberiio que diz msanropo, mesmo 0 Nbertarano que se iz um animal apoltico, querendo ou ni continua sendo um animal socal. Porque nem a engenhariage- ‘tea nem a ineligencia umenadaconaeguem mda isso, ‘demos er apenas um amontoaco de aminodids, mas vveros ‘elas socalzadas. Embora ej animals sciais, um dia os homens poderio romper com sua animalidade, mas nem por ‘sso romper com su sciaidade, Logo, uma utopia individ lista € contradict picuoacreditava qu a sabedorla consist em econo um deus ene os homens” A sabeora do pr-humanisa € quae ‘gual: conse em serum deus entre os homens. (Ese “quate” fz {oda a dierenea) A mairia das moras anise especialmente eplarisa, defini 0 Bem humano por um modelo més ae Tedade¢ pra ala o que a sade € par corp um estado de ‘quire eum pono de perfec que pale st alana por ta dein ds necessdades e uma terapéutica da paxes— Isto, satisfazendo todos 0 posses dseos fo que 6 €psivel se fevem modests) eapsrguando todos os nossostemores (0 que 66 poste se nos Iibertrmos do medo da more qu para nos 0 naa). Vile gue © mesmo para a ia ps-humanista. Mas, por esse“quase” a uepa subvert toaimente os valores dasabe- ova ania uansride ods a normas da sade Para um me ‘co fbf ang, ao que vse a medicina tans humanist fo merece ser chamado de side: para es € denca E 0 bje- tio dupa pshumanists nto €sabedoria, mas loucur. POS 2 topa po humanisa no visa sent ve, cui, andar, corer, ‘opal, emocenarse. ama. ar faciciar da mehr mane ‘rapouin, em confoemiade com a plen reir da natura humana, mas, 0 contro, sent ver, owir e acecnar mer, ‘muito melhor en Suma, la Ws iver mas, mult mals, nna ‘mente mas do que qualquer ser human. ‘On, pra um sibo da Anciguidae, sso loucura po das raabes corelacionadas: do o que leva um Sera ulrapassar tus iis natrasam mal ~ 806 uma era via ano para Aristteles come para Epicara do mesmo mao que aside & um conceit descriinoe norma, anaturess de um ser € seu sereseu bem, oqueele eo que ee deve et Nio hi nada melhor Para um homer do que ser plenamente homer. Mas sabemos ‘que 05 ps humansiasndo econhecem uma rare humana

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