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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL

DO TRABALHO DA SEGUNDA REGIÃO – SÃO PAULO/SP.

Processo TRT/SP nº. 00127200925202000


Acórdão nº. 20100277114 - 06ª Turma

CLAUDIO DE TOLEDO MORALES, por seus procuradores, no


procedimento em destaque, tendo em vista o inconformismo com o V. Acórdão proferido por essa E. Turma, vem,
com fundamento no artigo 896 alínea "a", "b" e "c" da CLT, interpor RECURSO DE REVISTA, conforme
razões anexas, requerendo sejam juntadas aos autos, para apreciação pelo C. Tribunal Superior do Trabalho.

P. Deferimento.
Cubatão, 30 de abril de 2010.

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ENZO SCIANNELLI TATIANA GRANATO KISLAK JOSÉ ABÍLIO LOPES
OAB/SP 98.327 OAB/SP 175.682 OAB/SP 93.357
Processo TRT/SP nº. 00127200925202000
Acórdão nº. 20100277114 - 06ª Turma
RECORRENTE: CLAUDIO DE TOLEDO MORALES
RECORRIDA: BANCO DO BRASIL S/A

RAZÕES DE

RECURSO DE REVISTA

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA TURMA,

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CLAUDIO DE TOLEDO MORALES, inconformado com o V. Acórdão
proferido pela 6ª Turma do C. Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região vem, através desta revista, recorrer da
decisão lhe foi desfavorável, na forma assegurada pela Carta Maior e no Diploma Consolidado, expondo suas
razões conforme segue:

PRELIMINAR

Do Cabimento do Recurso

O presente apelo encontra respaldo no artigo 896, alíneas “a” e “c”, da


Consolidação das Leis do Trabalho, em face de notória afronta ao que preconiza o estatuto adjetivo em apreço. Há
que ressaltar que não se pretende a revisão de provas posto que esta sede não se presta para se proceder ao
reexame de matéria fato probante. Entretanto, em se tratando de matéria exclusivamente de direito com base na
exegese da legislação vigente, neste sentido o processamento do presente recurso não há que encontrar óbice.

Da Tempestividade do Recurso de Revista

Tendo em vista o fato de que a publicação do r. acórdão fora disponibilizada


no Diário da Justiça eletrônico do dia 23/04/2010, o prazo para interposição do Recurso de Revista se encerra,
portanto, em 03/05/2010.

NO MÉRITO

Decidiu a 6ª Turma do E. TRT 2ª Região, em dar provimento parcial ao


recurso do reclamante, para deferir ao mesmo as diferenças salariais em razão do adicional de função.

O v. Acórdão recorrido foi proferido em flagrante afronta aos dispositivos


legais, inclusive da nossa Carta Magna, e divergência jurisprudencial, hipóteses que autorizam o cabimento da
revista.

Mostra-se absolutamente cabível a Revista in casu, pelo que se requer o


reexame da matéria por esse C. TST, sendo oportuno ressaltar, a título de extrema cautela, que o verdadeiro
objetivo da peça recursal não se atém ao reexame dos fatos.

A admissibilidade do apelo extremo, nessa hipótese, tem sido


reiteradamente proclamada, a exemplo do que se destaca:

“Para efeito do cabimento do recurso especial, é necessário discernir entre a apreciação da prova e os
critérios legais de sua valoração. No primeiro caso há pura operação mental de conta, peso e medida,
à qual é imune o recurso. O segundo envolve a teoria do valor ou conhecimento, em operação em que
apura se houve ou não a infração de algum princípio probatório.” (RTJ - 56/67; RSTJ-11/341).

Desta forma, para melhor desenvolvimento da exposição, oferece o


recorrente suas razões de modo articulado, apontando em cada tópico os fundamentos da revista, sendo certo que
cada um deles basta, por si só, para o seguimento da impugnação, nos exatos termos da Súmula 285, do Tribunal
Superior do Trabalho.
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É certo que a falta de regulamentação pelo C. TST, demonstra a
transcendência da presente revista, tendo em conta a sua evidente configuração nesse caso, haja vista que a
matéria discutida é a violação frontal do texto Constitucional e de Lei Federal, bem como divergências
jurisprudenciais, cuja uniformização é imperativo de segurança jurídica, razão pela qual podemos apontar que a
presente revista é juridicamente transcendente.

Com efeito, persistindo a presente situação, a insegurança do jurisdicionado


será manifesta, uma vez que a duplicidade de interpretações de casos idênticos gera desorientação e incertezas,
atritando-se com a função principal do direito que é eliminar as antinomias.

Nesse sentido podemos colacionar o seguinte entendimento:

“Há de se considerar que o Direito do Trabalho é fator de integração social e solução dos conflitos.
Mas o Direito deve ser justo, sem o que pode comprometer a sua função. Logo, o justo não é um fim
do Direito. É condição de legitimidade de todo ordenamento jurídico para que tenha condições de
cumprir suas formalidades. É a legitimação do poder, fator indispensável para a manutenção do
Direito como mecanismo de controle social, entendendo-se por legitimação a existência de razões para
sustentar o poder em padrões aceitáveis de justiça e eqüidade, valores que são suporte de apoio para a
sua manutenção. O Direito é, portanto, instrumento de controle dos conflitos sociais. Nesse sentido é
que se fala em segurança jurídica como função do Direito”.

Da Transação Efetuada

A transação interpreta-se restritivamente (artigo 843 do Código Civil), assim


como os negócios jurídicos benéficos interpretam-se estritamente (artigo 114 do Código Civil). Não pode,
inclusive, a transação produzir os efeitos de coisa julgada, em razão de que não se está homologando acordo em
juízo, mas sendo feito um acordo extrajudicial.

Rafael Bielsa, afirma que o conceito de acesso à justiça condensa um


conjunto de instituições, princípios processuais e garantias jurídicas, assim como também de direções político
sociais, em cuja virtude o Estado deve oferecer e realizar a tutela jurisdicional dos direitos do cidadão
jurisdicionado, em melhores condições possíveis de acesso econômico e inteligibilidade cultural, de modo que tal
tutela não resulte em uma mera retórica, senão uma prática efetiva desse direito-garantia. (Transformación del
Derecho em Justicia, Ideas para uma reforma pendiente, Buenos Aires, La Ley, 1993, p. 44).

O acordo homologado perante a comissão de conciliação prévia não possui


eficácia liberatória geral, mas somente alcança os valores expressamente consignados no respectivo termo. Trata-
se de situação similar àquela examinada pela Súmula 330 do c. TST, cujo posicionamento assegura ao empregado
o direito de pleitear em juízo verbas não quitadas, em consonância com a garantia constitucional do devido
processo legal (art. 5º, XXXV).

O direito de ação não pode sofrer limitação pelo legislador ordinário: ao


cidadão é assegurado o direito de buscar no Judiciário a tutela estatal - a qualquer tempo - independentemente de
qualquer condição; basta ter capacidade jurídica, legitimidade e direito de agir.

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O renomado jurista Manoel Antonio Teixeira Filho, na exegese do texto
constitucional (direito incondicional de ação), conclui, lógica e didaticamente, que não se pode impedir, nem
restringir o direito de ação:

"Consistindo, pois, a ação num direito constitucional, isso significa, em termos concretos, que o legislador
infraconstitucional não poderá, por que motivo seja, impedir ou restringir o exercício desse direito, ainda
que temporariamente, sob pena de colocar-se em manifesto e insustentável antagonismo com a Suprema
Carta Política do País" (in JURIDIÇÃO, AÇÃO E PROCESSO, Editora LTr – SP, nº 01, pág. 43).

"De qualquer forma, o fato de esse princípio estar contido em texto constitucional é de suma relevância para
os indivíduos, para as coletividades e para o próprio regime democrático, porquanto nenhuma norma
infraconstitucional poderá cercear, e, nem mesmo, restringir – sob que argumento seja – o exercício do
direito de ação. ... Como dissemos, são despiciendas as razões pelas quais o legislador infraconstitucional
venha, ainda que ocasionalmente, a restringir ou a impedir o exercício da ação: ao fazê-lo, estará
transgredindo uma das mais provectas e notáveis garantias constitucionais do indivíduo, motivo por que os
juizes deverão se recusar a submeter-se a esse tipo de ato da legislatura" ( in PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO DO TRABALHO, Editora LTr – SP, nº 29, págs. 12 e 14).

"... o princípio da inafastabilidade da jurisdição (direito de ação) está contido no art. 5º, XXXV, do texto
constitucional; sendo assim, o legislador ordinário (infraconstitucional) não poderá, por mais relevante que
lhe pareça o motivo, cercear ou restringir o exercício desse direito de invocar-se a prestação da tutela
jurisdicional, com a finalidade de promover-se a satisfação de interesses ligados a bens ou a utilidades da
vida" (in PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO DO TRABALHO, Editora LTr – SP, nº 2,
pág. 13).

Portanto, ainda que o reclamante tenha celebrado o acordo noticiado em


defesa, o mesmo não impede do conhecimento das matérias pleiteadas nos autos, conforme passa a expor.

Das Horas Extras

Muito embora tenha o Juízo Monocrático e a E. 6ª Turma do TRT 2ª Região


tenham acatado o acordo celebrado, extinguindo sem julgamento do mérito no tocante as horas extras excedentes
à 6ª diária, cabe salientar que deixaram de observar o fato de que o reclamante, constantemente, laborava aos
sábados e, participava de reuniões do banco no período de sexta-feira a domingo e, que tais horas não fizeram
parte do acordo celebrado.

Portanto, é certo que durante essas reuniões, permanecia à disposição da


reclamada, eis que essas eram designadas pela própria reclamada.

Da mesma forma, como de conhecimento comum, o acordo celebrado


somente faz coisa julgada das parcelas ali discriminadas. No caso dos autos, como fora observado pelo Juízo, o
reclamante celebrou acordo em relação às horas extras excedentes à 6ª diária e ao intervalo.

Em momento algum, fora celebrado acordo em relação aos sábados


trabalhados, bem como, em relação às reuniões realizadas em finais de semana, em cidade diversa do
domicílio do reclamante.

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Portanto, as horas de viagem a serviço são consideradas como tempo á
disposição do empregador, portanto devem ser remuneradas.

Sendo certo, ainda, que tais viagens eram feitas após o expediente e em dia
de repouso e feriados. Assim, tais horas devem ser pagas com acréscimo de 50% (no mínimo) para horas de
viagem após o expediente e com acréscimo de 100% para dia de repouso e feriados.

Cabe ressaltar que o fato do reclamante realizar as viagens a serviços fora


confessado pela própria testemunha da reclamada, que assim depôs:

1ª TESTEMUNHA DA RECLAMADA: PAULO BUMBEERS, .... Advertida e compromissada,


inquirida, respondeu: ...; que tem conhecimento que o pessoal da administração e gerencia geral
participa de reuniões ocorridas em hotéis onde permanecem de sexta-feira a domingo sendo que as
mesmas ocorrem de duas a três vezes por semana; que normalmente o gerente geral participa de tais
reuniões acreditando que o reclamante tenha delas participado; ... Nada mais.

No mais, temos que considerar o fato de que, muito embora a reclamada


alegue ter o reclamante exercido cargo de confiança, é público e notório que em estabelecimentos bancários é
comum todos ocuparem o cargo de “gerente”, justamente para afastar o pagamento de horas extras, uma vez que o
reclamante é obrigado a assinar folha de presença.

Na verdade o fato do reclamante haver exercido a função de gerente não


implica que tivesse poderes especiais. A mera nomenclatura de “gerente de módulo” não lhe conferia amplos
poderes de mando e gestão. Para tal, seria necessário que restasse revelado expressamente que o Reclamante tinha
autonomia para fazer qualquer operação na agência, que podia demitir empregados, enfim atuar em nome do
Empregador fora da agência, o que, in casu, não ocorreu.

O reclamante era apenas mais um gerente dentre os gerentes existentes na


agência, subordinado a outros gerentes. Sua liberdade de atuação era limitada, sendo mero executor de
procedimentos operacionais, sem conotação decisória. Não exercia encargos de gestão e nem atividades que
colocasse em risco o próprio empreendimento, de alta fidúcia e confiança, de forma a constituir um longa manus
do empregador.

O reclamante, não contratava nem demitia funcionários, bem como não


participa de decisões importantes, fatos esses que configurariam o cargo de confiança.

Tais fatos foram devidamente confirmados pelo depoimento do preposto da


reclamada, bem como pela testemunha da reclamada, o qual transcrevemos:

DEPOIMENTO DA REPRESENTANTE DO RECLAMADO: ...; que o reclamante se reportava ao


superintendente regional Sr. Paulo Cesar; que o reclamante não poderia demitir funcionários; que o
reclamante poderia fazer compra de materiais dependendo de autorização superior conforme
alçada; .... Nada mais.

1ª TESTEMUNHA DA RECLAMADA: PAULO BUMBEERS, ...; que as compras de materiais para


a agência são feitas por uma central e requisitadas pela agência; que existe uma verba para compra

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de pequenas coisas; que o reclamante não poderia fazer compras em nome da agência havendo um
comitê específico para tal ato; que as demissões são decididas por um comitê. Nada mais.

Dessa forma, impugna as alegações exaradas pela Reclamada devendo,


assim, ser procedente o pedido de horas extras, já que ultrapassada a jornada diária prevista no artigo 58
da CLT.

Da Reparação por Danos Morais

Segundo doutrina de Francesco Santoni, a finalidade histórica e o escopo


primordial do direito do trabalho são oferecer os valores essenciais da pessoa trabalhadora.

Contudo, o empregador viola os preceitos constitucionais, pois a honra e a


imagem de qualquer pessoa são invioláveis (CF, ART. 5º, X), mormente no âmbito do contrato laboral, em que o
hipossuficiente depende da sua força de trabalho para sobreviver. o empregador extrapola o direito potestativo ao
alegar dispensa por justa causa que sequer comprova.

A norma da Constituição Federal de 1988 refere-se à intimidade, à vida


privada, à honra e à imagem das pessoas, que são alguns dos direitos à integridade moral considerados
indispensáveis à personalidade. Direitos esses que o empregador viola, ao despedir o obreiro por justa causa que
sequer comprova.

Frise-se que o recorrente foi alvo de constrangedora humilhação, tendo sido


atingidas: a honra, boa fama e imagem do mesmo.

Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte
ao ofendido.(Grifo nosso)
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o
valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso. (Grifo nosso)

Este artigo e seu parágrafo único, consagram, de forma clara, a fim de dirimir
qualquer conflito que porventura subsista sobre este tema, a responsabilidade de indenização decorrente do dano
puramente moral.

O Direito do Trabalho tem como elemento formador de sua essência a defesa


do respeito à dignidade do trabalhador, pois, analisando-se seu conceito encontra-se esse ramo do direito como
aquele que tem por objeto as normas jurídicas que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam
os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho, em sua estrutura e atividade.

Pode-se notar, em uma analise mais profunda, que, se em algum âmbito do


direito o conceito de dano moral pode ter alguma aplicação é, precisamente, no do trabalho, pois, como já
afirmava Vasquez Vialard ( 1991:554): "A razão de subordinação a que está sujeito o trabalhador na satisfação de
seu débito leva a que a atuação da outra parte, que dirige esta atividade humana, possa menoscabar a faculdade de
atuar que diminui ou até frusta totalmente a satisfação de um interesse não patrimonial".

A respeitabilidade mútua deve ser a guia de ação nas relações entre


trabalhador e empregador, pois, ao se deparar no caráter sinalagmático da contratação, vê-se que a mesma gera
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direitos e deveres para ambos. Empregado e empregador, até pela convivência habitual, estão sempre sujeitos a
sofrer danos, ou então causar este dano, seja ele de caráter moral ou material, e nem por isso estão imunes à
devida reparação, hoje elevada a nível constitucional.

Já afirmava o mestre Arnaldo Süssekind:

"O quotidiano da execução do contrato de trabalho, como o relacionamento pessoal entre o empregado e o
empregador, ou aqueles a quem este delegou o poder de comando, possibilita, sem dúvida, o desrespeito dos
direitos da personalidade por parte dos contratantes. De ambas as partes, convém enfatizar, embora o mais
comum seja a violação da intimidade, da vida privada, da honra ou da imagem do trabalhador" Diz ainda
que: "O dispositivo constitucional (art 5º, X) tem destinação ampla, sem fronteiras predeterminadas, não se
restringindo a relações humanas de certos ramos do Direito".

Segundo Rodolfo Pamplona Filho, dentre outras hipóteses de extinção do


contrato de trabalho que ensejem a indenização por dano moral, destacam-se quatro, quais sejam: a anotação do
motivo da despedida na CTPS; o desligamento de caráter discriminatório; a despedida injuriosa, caluniosa ou
difamatória e a comunicação falsa de abandono de emprego em órgão de imprensa.

Há de ser ressaltado que a Constituição da República em vigor cuida da


proteção à imagem de forma expressa e efetiva, distinguindo a imagem da intimidade, honra e vida privada:

"Art. 5º
(...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
(...)".

Saliente-se que com a violação ao direito à imagem, o corpo e as suas


funções não sofrem alteração física, mas observa-se uma modificação de caráter moral.

A proteção jurídica à imagem é fundamental, pois preserva à pessoa,


simultaneamente, a defesa de componentes essenciais de sua personalidade e do respectivo patrimônio, pelo valor
econômico que representa.

À evidência, a honra e a imagem do trabalhador são abaladas, ao ser-lhe


atribuída conduta ilícita, atingindo sua dignidade e honestidade, face à humilhação e constrangimento causados.
Portanto, os danos morais são devidos pela ofensora pela prática de crime de calúnia, tudo em prol do equilíbrio
social, quando o empregador não comprova a justa causa que alega.

Reconhece a doutrina moderna que:

“o trabalho se tornou o princípio organizador fundamental das relações sociais e, portanto, o meio
pelo qual os indivíduos adquirem existência e identidade social pelo exercício de uma profissão”.

Portanto, como já dissemos, o trabalhador tem sua auto-estima e afirmação


social ditadas pela importância da natureza da atividade especializada que desenvolve, atividade pela qual, como
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já dito, alcança com dignidade a subsistência própria e de sua família, de forma que não pode ser vitimado por
mudanças e práticas discriminatórias que não levem em consideração sua única fonte de trabalho e subsistência.

Assim, por mais que a reclamada encontre argumentos que possam, em


leitura cega dos preceitos legais e normas coletivas, entenderem que a medida tomada é direito assegurada ao
setor econômico, por certo que abusaram do direito – e assim, cometeram ato ilícito – ao impor o ostracismo do
desemprego, ao desrespeitar a dignidade deste trabalhador quanto a sua única fonte de subsistência.

É certo que, por em diversas ocasiões, em reuniões realizadas, o


Superintende Geral, se referia ao reclamante com palavras de baixo calão, além de tentar denegrir a
imagem do mesmo perante os demais funcionários, chamando-o de ignorante, incompetente, etc.

A teoria da culpa é regra geral para fundamentar a responsabilidade civil;


diante, porém, das dificuldades inerentes à prova por causa dos novos inventos e dos perigos advindos da vida
moderna, o novo Código Civil adota a teoria objetiva ou teoria do risco, se a lei o permitir, em casos por ela
especificados.

O novo Código Civil adotou a teoria do risco criado, pelo qual há o dever
de reparar o dano, que surgir da atividade normalmente exercida pelo agente.

Ressalte-se que a personalidade do ser humano é formada por um conjunto


de valores que compõem o seu patrimônio, podendo ser objeto de lesões, em decorrência de atos ilícitos.

A constatação da existência de um patrimônio moral e a necessidade de sua


reparação, na hipótese de dano, constituem marco importante no processo evolutivo das civilizações.

Existem circunstâncias em que o ato lesivo afeta a personalidade do


indivíduo, sua honra, sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes, enfim, causando-lhe mal-estar
ou uma indisposição de natureza espiritual.

Sendo assim, a reparação, em tais casos, reside no pagamento de uma soma


pecuniária, arbitrada pelo consenso do juiz, que possibilite ao lesado uma satisfação compensatória da sua dor
íntima, compensa os dissabores sofridos pela vítima, em virtude da ação ilícita do lesionador.

A personalidade do indivíduo é o repositório de bens ideais que impulsionam


o homem ao trabalho e à criatividade.

As ofensas a esses bens imateriais redundam em dano extra patrimonial,


suscetível de reparação.

Observa-se que as ofensas a esses bens causam sempre no seu titular,


aflições, desgostos e mágoas que interferem grandemente no comportamento do indivíduo.

E, em decorrência dessas ofensas, o indivíduo, em razão das angústias


sofridas, reduz a sua capacidade criativa e produtiva.

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Na relação de trabalho subordinado, porém, este "cerco" recebe tons mais
dramáticos, por força da própria hipossuficiência de um dos seus sujeitos, em que a possibilidade de perda do
posto de trabalho que lhe dá a subsistência faz com que o empregado acabe se submetendo aos mais terríveis
caprichos e desvarios, não somente de seu empregador, mas até mesmo de seus próprios colegas de trabalho.

Com efeito, a conduta abusiva e reiterada, atentatória à dignidade psíquica do


indivíduo, deve ter por finalidade a exclusão da vítima do ambiente.

Em tutela protetiva as condutas desta natureza, dispões a Lei 10.406 de


10/01/2002 (DOU 1101.2002), de aplicação subsidiária no processo do trabalho por conta do disposto no artigo
8º., da CLT, que:

“Artigo 187. – Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelo bons
costumes”.

O dano sofrido pelo reclamante prescinde de demonstração probatória,


decorrendo da própria situação descrita, haja vista a flagrante discriminação a que foi submetido, pelo
procedimento truculento e arbitrário a que foi submetido, tendo em vista a exclusão dos quadros de funcionários
da reclamada, sendo assim, discriminado, recebendo tratamento de forma desigual em comparação aos seus
iguais.

Com medo do desemprego, esse trabalhador se torna dócil e menos


reivindicativo, razão porque o professor sueco, Heins Leymann, em suas pesquisas concluiu que "este tipo de
agressão continuada e silenciosa está acabando com a saúde física e psíquica de centenas de milhares de
trabalhadores no mundo”.(Leymann Heeins, in Lãs 45 señales de peligro).

Além disso, a divulgação do fato, ainda que de forma restrita ao âmbito da


empresa, não deixa de afetar a intimidade da vítima, seja pelos comentários dos colegas de trabalho, seja através
das próprias investigações internas sobre o caso.

A 2ª Turma do TRT reconhece que "a mais importante obrigação decorrente


do contrato de trabalho é a de respeito incondicional à dignidade da pessoa humana do trabalhador".

A jurisprudência trabalhista vem no sentido de punir o empregador, que atua


com atitudes vexatórias e degradantes a seus funcionários, vejamos o entendimento dos Tribunais:

EMENTA: EXPRESSÕES PEJORATIVAS E PRECONCEITUOSAS – Trabalhador que, por


repetidas vezes, é tratado em público por superior hierárquico de forma pejorativa e preconceituosa,
procedimento que beira a discriminação racial, tem assegurado o direito de perceber indenização por
dano moral. (TRT 12ª R – Proc. RO-V 00357-2003-024-12-00-3 – Ac. 08591/04 – 2ª T – Rel. Juiz C. A.
Godoy Ilha – DJSC 10.08.2004).

EMENTA: ASSÉDIO MORAL – PROCEDIMENTO VEXATÓRIO – ABUSO DE DIREITO –


DEVER DE BOA-FÉ E DE SOLIDARIEDADE – DANO E INDENIZAÇÃO – A exigência de que o
empregado percorra diversos setores da empresa, para verificação de pendências e devolução de
material não pode ser aceita sob a justificativa de agilização do processo de dispensa. Ao contrário,
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configura atitude perversa que, deliberadamente, coloca o trabalhador, já desgastado pela perda do
emprego, em situação constrangedora. Trata-se do dever de boa-fé que deve permear o contrato de
trabalho e não se encerra na rescisão. Há que se incentivar atitudes de solidariedade, na dispensa,
que, além de reduzir os efeitos estressantes do processo demissional, impedirão que o demitido
transmita informações negativas sobre a empresa. Há que se observar, ainda, que a defesa do
patrimônio, pelo empregador, é lícita, desde que não transborde os limites necessários e atinja o
patrimônio moral do trabalhador. Configurado o dano moral, a indenização se impõe, também como
medida preventiva da reincidência. Recurso provido, no particular, para condenar o réu ao
pagamento de indenização por dano moral. (TRT 9ª R. – Proc. 06689-2001-652-09-00-4 – (10113-
2004) – Relª Juíza Marlene T. Fuverki Suguimatsu – DJPR 28.05.2004).

EMENTA: ASSÉDIO MORAL – HUMILHAÇÃO POR SUPERIOR HIERÁRQUICO –


CARACTERIZAÇÃO – DANO MORAL – INDENIZAÇÃO – "A humilhação constante do
empregado perante seus colegas, consubstanciada por adjetivação insultosa e jocosa perpetrada por
seu superior hierárquico caracteriza assédio moral, ensejando a reparação do dano correspondente
pelo empregador." (TRT 14ª R. – RO 00295.2003.401.14.00-8 – Prol. Juiz Vulmar de Araújo Coêlho
Junior – DOJT 05.03.2004).

EMENTA: ASSÉDIO MORAL – REPERCUSSÕES SOCIAIS – A questão da ofensa à moral


conflagra um subjetivismo oriundo da própria condição de cada indivíduo. Não se sente menos
constrangido o trabalhador que escolhe adotar uma postura conciliadora, preferindo não detonar
uma crise no ambiente de trabalho que fatalmente o prejudicará, pois a questão aqui transcende a
figura do ofendido, projetando as conseqüências pela supressão do seu posto de trabalho a quem dele
eventualmente dependa economicamente. O fantasma do desemprego assusta, pois ao contrário da
figura indefinida e evanescente que povoa o imaginário popular, este pesadelo é real. É o receio de
perder o emprego que alimenta a tirania de alguns maus empregadores, deixando marcas profundas
e às vezes indeléveis nos trabalhadores que sofrem o assédio moral. Exposta a desumanidade da
conduta do empregador, que de forma aética, criou para o trabalhador situações vexatórias e
constrangedoras de forma continuada através das agressões verbais sofridas, incutindo na psique do
recorrente pensamentos derrotistas originados de uma suposta incapacidade profissional. O
isolamento decretado pelo empregador, acaba se expandindo para níveis hierárquicos inferiores,
atingindo os próprios colegas de trabalho. Estes, também por medo de perderem o emprego e cientes
da competitividade própria da função, passam a hostilizar o trabalhador, associando-se ao detrator
na constância da crueldade imposta. A busca desenfreada por índices de produção elevados,
alimentada pela competição sistemática incentivada pela empresa, relega à preterição a higidez
mental do trabalhador que se vê vitimado por comportamentos agressivos aliado à indiferença ao seu
sofrimento. A adoção de uma visão sistêmica sobre o assunto, faz ver que o processo de globalização
da economia cria para a sociedade um regime perverso, eivado de deslealdade e exploração,
iniqüidades que não repercutem apenas no ambiente de trabalho, gerando grave desnível social. Daí a
corretíssima afirmação do ilustre Aguiar Dias de que o ´prejuízo imposto ao particular afeta o
equilíbrio social.´ ao trabalhador assediado pelo constrangimento moral, sobra a depressão, a
angústia e outros males psíquicos, causando sérios danos a sua qualidade de vida. Nesse sentido,
configurada a violação do direito e o prejuízo moral derivante. (TRT 2ª R. – RO 01117 –
(20040071124) – 6ª T. – Rel. Juiz Valdir Florindo – DOESP 12.03.2004).

TRT 2ª Região
TIPO:  RECURSO ORDINÁRIO
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DATA DE JULGAMENTO: 12/11/2008
RELATOR DESIGNADO: LUIZ CARLOS GOMES GODOI
REVISOR: LUIZ CARLOS GOMES GODOI
Acórdão nº:  20090088055
Processo nº: 00619200605902000 - Ano: 2007 – Turma: 2ª
DATA DE PUBLICAÇÃO: 20/02/2009
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO. HORAS EXTRAS - CARGO DE
CONFIANÇA - ARTIGO 62, II DA CLT. O fato de a reclamante possuir subordinados podendo sugerir
demissão e promoção, ser responsável por uma das células da área de contratos e créditos, atrai apenas o
disposto no artigo 224, parágrafo 2º da CLT, caracterizando mero exercício de cargo de confiança bancária.
DANO MORAL. Se a simples análise da prova oral produzida pela reclamante basta para constatar
que foi tratada de forma humilhante por seu superior hierárquico, mesmo após mais de vinte anos de
préstimos laborais, sendo que nesse interregno foi guindada a postos mais elevados, certamente por
sua competência e capacidade profissional, não se justifica, a ocorrência de situações vexatórias e
constrangedoras às quais foi submetida. O resultado da atitude leviana da reclamada foi o
constrangimento público e o dano moral. A dignidade, o direito a boa imagem que cada indivíduo
detém e resguarda, em relação à sociedade, a família e a si próprio, foi violentado. A indenização é
devida (artigo 5o incisos V e X da Constituição Federal) e sua fixação, tem como parâmetros a
gravidade do ato e os reflexos na comunidade e na vida dos ofendidos. RECURSO ORDINÁRIO DA
RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. INTERVALO INTRAJORNADA. Diante da ausência de controle de
jornada, bem como do enquadramento da hipótese dos autos ao parágrafo 2º do art. 224 da CLT pelo D.
Juízo de origem, relevante a prova oral produzida, que confirmou a redução do intervalo para refeição e
descanso. E porque haviam sido contratadas duas horas de intervalo intrajornada, é devida uma hora extra
por dia efetivamente laborado, com adicional de 50%, no período não prescrito. Diante da habitualidade, e
em razão da natureza salarial do título deferido, consoante a Orientação Jurisprudencial 354 da SBDI-1 do
C. TST, devidos os reflexos em descansos semanais remunerados, 13º salários, férias acrescidas de 1/3,
aviso prévio e FGTS acrescido da multa de 40%.

Assim, com fulcro nos artigos 5º, V e X e artigo 114 da Constituição Federal,
652 V da CLT, bem como, no artigo 159 do CC combinado com o artigo 8º, § único da CLT, espera ver
reconhecido e deferido o pedido de indenização compensatória pelos danos causados, esperando ver fixado no
quanto pleiteado.

Do Aviso Prévio – Do PDV

Transcrevemos, inicialmente, a OJ/TST nº. 82:

"A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio".

Seguindo esta OJ 82/TST, o entendimento é de que o obreiro que venha a


aderir ao PDV não perde o direito aos efeitos provocados pela projeção de 30 dias do aviso, inclusive anotação da
CTPS com data de 30 dias após a assinatura do respectivo programa.

Mais, a Súmula 276/TST é bastante inteligente, pois, como que antepondo-se


a estes programas, desde de mar/1988, diz:

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O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa do cumprimento não
exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos
serviços obtido novo emprego.

E, dando suporte a esta inteligência, a CLT, em seu art. 468, diz:

Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições, por mútuo
consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

Este artigo 468 da CLT nos dá elementos que também não autorizam a
retirada, a perca, a eliminação dos efeitos da projeção do aviso àquele empregado que tenha aderido ao PDV, pois
o prejuízo do obreiro se escancararia.

Isto porque a adesão ao PDV se constitui em alteração das condições


contratuais

Nesse sentido, apresentamos:

TST - RECURSO DE REVISTA: RR 758808 758808/2001.0


Relator(a): Lelio Bentes Corrêa
Julgamento: 13/10/2004 - Órgão Julgador: 1ª Turma
Publicação: DJ 10/12/2004.
Ementa: PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. AVISO-PRÉVIO. PRESCRIÇÃO. O período
correspondente ao aviso-prévio concedido ao autor, que aderiu a Plano de Demissão Voluntária,
integra o seu tempo de serviço para todos os efeitos, na forma do artigo 487, § 1º, da CLT. Resulta daí
que o prazo prescricional a que se refere a parte final do artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição da
República somente começa a fluir a partir do término da projeção do aviso-prévio. Recurso
conhecido e provido.

Das Integrações e Incorporações

Inexistem provas nos autos da integração do Adicional por Tempo de


Serviço, Adicional de Função, Adicional Temporário Revitalizado, Gratificação Semestral, Vencimento Padrão,
Participação nos Lucros e Resultados, Vencimento de Caráter Pessoal, pois todos os valores recebidos a tais
títulos, o foram de forma habitual, conforme se verifica dos holerites juntados pelo reclamante, e, pela natureza
salarial, refletem no aviso prévio, férias, gratificação de natal, feriados, DSR’S, verbas rescisórias e FGTS,
viabilizando a providência do pleito contido na proemial.

Dos Honorários Advocatícios

Com relação aos honorários advocatícios não reconhecidos na r. decisão de


1ª Instância, bem como pelo V. Acórdão, a Constituição Federal inovou sobre a matéria, sendo certo que em seu
artigo 133 fez valer os direitos de uma categoria profissional que vem sendo prejudicada, ao contrário do
merecido, pois o advogado representa, sem sombra de dúvidas, peça fundamental entre a Sociedade e o Poder
Judiciário, devendo assim, ser reconhecido o seu trabalho.
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Os honorários advocatícios são devidos ainda que a assistência seja
particular, conforme os artigos 20 e 126 do Código Processo Civil, 8º e 769 da Consolidação das Leis do
Trabalho, art. 4o da Lei de Introdução ao Código Civil, inciso LV do art. 5º e art. 133, ambos da CF/88.

O Estado se obriga a promover os meios necessários para que a parte lesada


seja integralmente ressarcida de seu prejuízo, sendo certo que o entendimento do TST caminha no sentido de que
os honorários advocatícios somente são devidos se o trabalhador reunir duas condições: ser beneficiário de
assistência jurídica gratuita e estar assistido pela sua entidade sindical.

Quanto aos demais, caso não optem pelo advogado que lhes é fornecido pela
sua entidade sindical, só lhes resta o jus postulandi, ranço pernicioso da fase administrativa da Justiça do Trabalho
que lança o trabalhador despreparado os bem treinados e não raro integrantes de grandes corporações advogados
que defendem os empregadores, gerando a desigualdade entre as partes.

No que tange a escolha de advogado particular, esta gera o necessário dever


de remuneração do trabalho do mesmo e acarreta a não consecução da finalidade precípua da atividade
jurisdicional de reparar integralmente a lesão reconhecida, posto que o trabalhador gastará boa parte de seus
créditos para pagar seu patrono, que não pode ser obrigado a trabalhar sem remuneração.

Tenha-se por certo que por melhores e mais combativos que sejam os
advogados proporcionados pelas entidades sindicais, o trabalhador não pode ser obrigado (CF art. 5º, II) a
escolher o patrocínio dos mesmos para ver reparado, de forma integral, a lesão ao seu direito reconhecida pelo
judiciário, situação delineada pela jurisprudência consolidada do TST.

Logo, nos termos da fundamentação supra e ainda do art. 133 da


Constituição Federal, deferem-se honorários advocatícios no importe de 15% nos moldes da OJ 348 da SDI-1 do
TST.

Veja-se as disposição legais do novo Código Civil:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores
monetários segundo índices oficiais, regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de
advogado, sem prejuízo da pena convencional.

De forma exaustiva e literal, o legislador ordinário colocou em três diversos


dispositivos que os honorários de advogado estão incluídos entre as despesas que o devedor deve pagar ao credor,
em face do descumprimento da obrigação.

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O ilustre magistrado LUIZ EDUARDO GUNTHER é o principal defensor do
cabimento dos honorários advocatícios, contratuais e sucumbenciais, na Justiça do Trabalho. A título
exemplificativo trago decisão de sua relatoria, verbis:

VÍNCULO DE EMPREGO DECLARADO EM JUÍZO – CABIMENTO DA MULTA DO ART. 477-CLT


– "A controvérsia em torno do liame empregatício não afasta o direito do obreiro à multa prevista no artigo
477, parágrafo 8º, da CLT em valor equivalente ao salário, ausente qualquer restrição à penalidade atrelada
ao reconhecimento judicial do vínculo de emprego. Aplicável, ainda, o art. 389 do novo código civil: " não
cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado", assegurando, da forma mais ampla
possível, a reparação. (TRT 9ª R. – Proc. 13322-2001-015-09-00-8 – (27793-2003) – Rel. Juiz Luiz
Eduardo Gunther – DJPR 05.12.2003). grifamos

O Tribunal Superior do Trabalho pronunciou-se sobre a matéria através da


Súmula 219, que diz:

Honorários Advocatícios - Cabimento - Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios,


nunca superiores a 15%, não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida
por Sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do mínimo
legal, ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio
sustento ou da respectiva família.

Como se observa da leitura do Enunciado acima, notamos que existem dois


casos admitidos pelo TST para a condenação em honorários advocatícios. A primeira, cujos fundamentos já
expusemos acima, quando a parte está assistida pelo Sindicato representante de sua categoria profissional, e não
perceba além do dobro do salário mínimo vigente; e o segundo caso, que passamos a analisar, quando a parte
não pode vir a Juízo sem prejuízo de sua manutenção própria e familiar.

Neste particular, cite-se que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que para
a obtenção das benesses da gratuidade judiciária basta tão somente uma declaração firmada pela própria parte, sob
as penas da lei, de que não pode vir a Juízo sem prejuízo de sua mantença pessoal e familiar.

Já houve decisão favorável, no sentido da concessão dos honorários


advocatícios. Vejamos:

SENTENÇA
Autos nº 793/2009 da 4ª Vara do Trabalho de Cubatão
Antonio Serafim Gomes, autor;
Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo, primeira ré;
Fundação Cesp, segunda ré.
...
Indenização por despesas e honorários
Faz-se necessário distinguir, inicialmente, duas espécies de “honorários advocatícios”, que
denominarei, para maior clareza, de honorários materiais, de um lado, e de honorários processuais, de outro.
O Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94), de 1994, já diferenciava expressamente, em seu artigo 22,
honorários oriundos de um contrato livremente pactuado (relação jurídica material entre cliente e advogado)
de honorários oriundos de uma decisão judicial (relação jurídica processual envolvendo a parte contrária):
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“Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos
honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência (grifos
meus).” [Veja-se que os honorários fixados por arbitramento judicial são os devidos pelo cliente
quando não há convenção expressa (§ 1° do mesmo artigo), ou seja, quando há necessidade de
instauração de uma relação jurídica processual para fixar o montante não ajustado na relação
jurídica material entre o advogado e seu cliente.]
Como se vê, os honorários convencionados (de “direito material”) contrapõem-se aos decorrentes de
uma condenação (de “direito processual”), e com eles não se confundem. Tanto é assim que o disposto no
artigo 23 da mesma lei aplica-se apenas a estes últimos, não àqueles:
“Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem
ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo
requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor.”
Estamos diante, portanto, daquilo que se convencionou chamar de um dos efeitos secundários da
sentença: o alcance da decisão extrapola o âmbito das partes da relação jurídica processual, atingindo
terceiros. Nesta hipótese, dos honorários processuais, beneficia o advogado, terceiro interessado na relação
jurídica processual entre autor e réu (outro efeito secundário que se pode citar, a título de exemplo, é a
constituição do crédito previdenciário, em favor da União). Para que uma sentença possua um desses efeitos
secundários, portanto, deve haver lei que o institua.
Feita a distinção entre honorários advocatícios materiais e processuais, cumpre agora analisar suas
conseqüências no processo do trabalho e, especificamente, no presente feito, lide que envolve empregado e
empregador. Inicio pelos honorários advocatícios processuais, passo depois aos materiais.
No processo do trabalho, a jurisprudência consolidou-se no sentido de que a única previsão legal de
condenação em honorários processuais seria aquela expressa no artigo 16 da Lei 5.584/70, que assim dispõe:
“Os honorários do advogado pagos pelo vencido reverterão em favor do Sindicato assistente”.
Trata-se, assim, de uma típica hipótese de efeito secundário da sentença previsto em lei, em prol de
terceiro (o Sindicato da categoria profissional é legalmente obrigado a prestar a assistência judiciária, na
forma do artigo 14, caput e § 1°, e é remunerado em caso de sucumbência).
Assim está redigida a Súmula 219 da Jurisprudência Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho:
“HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE DE CABIMENTO. (incorporada a
Orientação Jurisprudencial nº 27 da SDI-II)
I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca
superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo
a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário
inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita
demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família”.
A Súmula acima transcrita trata especificamente dos honorários advocatícios processuais, ao
circunscrever a discussão aos honorários de sucumbência. Não é por outro motivo que sua redação faz
referências expressas a “condenação ao pagamento de honorários advocatícios” e “sucumbência”, nos
exatos termos do artigo 23 do Estatuto da Advocacia.
Tal interpretação decorre da análise sistemática da legislação, harmonizando o texto da Lei 5.584/70
(na parte em que disciplina a assistência judiciária) com o disposto no artigo 791 da CLT, que faculta a
empregados e empregadores litigarem na Justiça do Trabalho pessoalmente. Assim, em regra, não cabem
honorários processuais no processo que envolva relação de emprego, salvo quando se tratar de beneficiário
da Justiça Gratuita, assistido pelo Sindicato profissional (na modalidade da assistência judiciária), e que será
remunerado pelo empregador vencido. São necessários, portanto, três elementos para que a sentença possa
conter esse efeito secundário específico (a condenação de uma parte a pagar honorários não à parte adversa,
mas ao Sindicato, terceiro estranho à relação processual): ser uma das partes trabalhador beneficiário da
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gratuidade da justiça; assistência judiciária por seu sindicato profissional; haver sucumbência do
empregador (note-se que o segundo elemento, assistência judiciária, abarca o primeiro, benefício da justiça
gratuita, uma vez que só se reconhece a assistência judiciária ao beneficiário da justiça gratuita, dada a
grande similitude entre o § 3° do artigo 790 da CLT e o § 1° do artigo 14 da Lei 5.584/70).
Assim, no que toca aos honorários processuais, decorrentes da sucumbência, não se aplicam ao caso
concreto, uma vez que, apesar de presentes dois dos elementos necessários (trabalhador beneficiário da
justiça gratuita e sucumbência do empregador), falta um deles (assistência judiciária na forma da Lei
5.584/70).
Tratemos, agora, dos honorários advocatícios materiais, também objeto do pedido do autor.
Os honorários materiais são aqueles que o artigo 22 do Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94)
denomina de “convencionados”. Decorrem da relação jurídica material entre cliente e advogado, são de livre
estipulação dos contratantes (diferença essencial com os honorários de sucumbência, fixados na condenação
pelo juiz) e devidos pelo cliente a seu advogado (os de sucumbência são devidos pela parte contrária, que
não tem relação jurídica material com o advogado).
O novo Código Civil abraça a teoria da reparação integral de danos. E trouxe uma novidade, no que
toca à abrangência da indenização no caso das obrigações: o mero inadimplemento obriga o devedor ao
pagamento de honorários advocatícios (entendidos aqui como indenização ao credor, levado a contratar
advogado para a defesa de seu direito violado). Nesse sentido:
“Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado” (grifo meu).
O mesmo preceito é especificado, mais adiante, para os casos de obrigações de pagamento em
dinheiro:
“Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros,
custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional” (grifo meu).
Por fim, os honorários materiais não se confundem com os honorários processuais, como já visto
acima e confirmado por outro dispositivo do mesmo Código:
“Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do
disposto na lei processual” (grifo meu).
Tais preceitos do Código atual, fazendo referência explícita a honorários, não possuíam equivalente na
redação dos artigos correspondentes do Código Civil de 1916:
“Art. 1056. Não cumprindo a obrigação, ou deixando de cumpri-la pelo modo e no tempo
devidos, responde o devedor por perdas e danos.
Art. 1060. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato.
Art. 1061. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, consistem nos juros da
mora e custas, sem prejuízo da pena convencional”.
Eventual indenização por perdas e danos abrangendo os honorários materiais, portanto, distingui-se da
condenação em honorários prevista na legislação processual (os honorários de sucumbência, por mim
chamados de honorários processuais), uma vez que os dispositivos do Código Civil que disciplinam o
descumprimento de obrigações introduziram no rol dos danos os honorários advocatícios
independentemente daqueles previstos na legislação processual.
Em suma: norma de direito material introduzida com o novo Código Civil prevê a indenização dos
honorários convencionados como item integrante das obrigações a serem assumidas pelo devedor
inadimplente.
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A legislação trabalhista nada dispõe acerca do tema honorários materiais. O artigo 791 da CLT e a Lei
5.584/70 são normas de direito processual, tratando portanto dos honorários processuais. Está caracterizada
omissão da legislação especializada.
Assim dispõe a norma celetista para os casos de omissão:
“Art. 8º. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais
ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e
outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho e, ainda, de
acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum
interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.
Parágrafo único. O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que
não for incompatível com os princípios fundamentais deste”.
Logo, para reparação integral do dano sofrido pelo autor, faz ele jus ao recebimento de indenização
pelas despesas havidas com os honorários convencionados (os honorários materiais a que me referi acima).
Não se tratando de efeito secundário da sentença (tal parcela se destina ao reclamante, não a seu advogado),
não há possibilidade de execução autônoma dessa verba pelo advogado, nos termos do artigo 23 do Estatuto
da Advocacia (que se refere aos honorários de sucumbência, não deferidos).
Quanto ao montante, é fato notório que o costume, nesta Região, é mesmo o de se ajustar honorários
no percentual de 30% sobre o valor da execução, restando deferida a indenização por despesas havidas nesse
percentual.
...

Acrescemos, ainda, recentes decisões proferidas pelo E. TRT 2ª Região:

Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região


Processo TRT/SP nº. 00096.2008.254.02.00-9 – 4ª Turma
Acórdão n°. 20100108932
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. JUSTIÇA DO TRABALHO. CABIMENTO
O reclamante pleiteia honorários advocatícios, no importe de 20% da condenação (fls. 20).
Os princípios do acesso à Justiça, da ampla defesa e do contraditório (artigo 5 o, incisos XXXV e LV da
Constituição Federal) pressupõem a defesa técnica do trabalhador, por profissional qualificado, não sendo
possível restringir o direito do mesmo em optar pela nomeação de advogado particular, nos termos do art.
133 da Carta Magna. Em que pese a inaplicabilidade do princípio da sucumbência e a possibilidade do jus
postulandi no Processo do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios tem amparo no princípio da
restituição integral, expresso nos artigos 389, 404 e 944 do Código Civil.
Ressalte-se que a Lei 10.288/2001 revogou o art. 14 da Lei 5.584/70, de modo que o deferimento de
honorários advocatícios não está restrito aos casos em que o reclamante está assistido pelo sindicato.
A Lei 10.537/2002 revogou a Lei 10.288/2001, mas não previu efeito repristinatório, de modo que o art. 14
da Lei 5.584/70 não ressurgiu no mundo jurídico.
Dessa forma, os honorários advocatícios na Justiça do Trabalho, atualmente, estão regulados pela Lei
1.060/50 e pelo Código Civil de 2002.
Segundo o art. 389 do Código Civil, os honorários advocatícios são devidos no caso de descumprimento da
obrigação, seja de natureza civil ou trabalhista.
O art. 404 do mencionado diploma legal determina que as perdas e danos sejam pagas juntamente com os
honorários advocatícios. Por fim, o art. 944 traduz o princípio da restituição integral, a qual deve abranger
as despesas havidas com advogado particular, para ver reconhecidos os direitos trabalhistas sonegados.

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Por tais fundamentos e revendo posicionamento anterior, reformo a sentença para incluir na condenação os
honorários advocatícios, ora arbitrados em 15% da condenação, nos termos do art. 11, parágrafo 1 º da Lei
1.060/50.
Frise-se que os descontos fiscais e previdenciários não serão deduzidos para o fim de apuração dos
honorários advocatícios, nos termos da OJ 348 da SDI I do C. TST.
Cumpre ressaltar que os honorários ora deferidos serão direcionados ao reclamante, e não aos seus patronos,
pois visam ressarcir as despesas ocorridas com o advogado particular.
Ivani Contini Bramante
Desembargadora Federal do Trabalho
Relatora

Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região


Processo TRT/SP nº. 00558200725502003 - 4ª Turma
Acórdão n°. 20100143320
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS: A redação da Súmula 219, do TST, autoriza o entendimento de que
duas são as circunstâncias para a condenação em honorários advocatícios na Justiça do Trabalho: a
percepção inferior a dois salários mínimos e a assistência sindical; ou o trabalhador encontrar-se em
situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva
família. Essa interpretação do texto da Súmula 219 guarda maior harmonia com o princípio da proteção,
basilar no Direito do Trabalho.
Outrossim, os honorários advocatícios são devidos na espécie. A despeito do entendimento contido na OJ nº
305, da SDI-1, do TST, e diante dos termos da Súmula 219, do TST, hierarquicamente superior à
mencionada orientação jurisprudencial, procede o pedido de honorários advocatícios, ora fixados em 15%
do valor da condenação.
Com efeito, a redação da Súmula 219, do TST, possibilita o entendimento segundo o qual haveria duas
circunstâncias para a condenação em honorários advocatícios na Justiça do Trabalho:
1) a percepção inferior a dois salários mínimos e a assistência sindical; ou
2) o trabalhador encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio
sustento ou da respectiva família. (hipótese dos autos).
Esta interpretação do texto sumular guarda maior harmonia com o princípio da proteção que é basilar no
Direito do Trabalho.
WILMA NOGUEIRA DE ARAÚJO VAZ DA SILVA
Desembargadora Relatora

PROCESSO TRT/SP NO. 00449200925302005 - 4ª TURMA – Acórdão nº. 20100320680


DESPESAS COM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RESSARCIMENTO. Procede a pretensão de
ressarcimento dos gastos com advogado, pela aplicação no campo trabalhista, do princípio da restitutio in
integrum incorporado em diversos dispositivos do nosso ordenamento jurídico (artigos 389, 404 e 944 do
Código Civil). A indenização por perdas e danos repara os prejuízos do autor, advindos do dispêndio com os
honorários do causídico contratado, com suporte no caput do art.404 do CC. Isto se dá, porque os
honorários, na prática, são extraídos do montante dos créditos da condenação, resultando em evidente
redução dos títulos a que faz jus o reclamante. Ademais, a contratação de advogado, pela parte, atende: a)
ao disposto no art.133 da CF, que se compatibiliza com o a garantia constitucional ao exercício da ampla
defesa (efetivo, e não meramente formal); b) à nova realidade das relações de trabalho, com a
complexidade que lhe é inerente, a exigir a presença de profissional habilitado a enfrentar os desafios
técnicos do processo; c) a necessidade de reparar o hipossuficiente pela perda patrimonial decorrente dos
gastos destinados a remunerar tais serviços, em atenção ao princípio da restituição integral. Por fim, embora
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não se trate aqui de aplicar a sucumbência, afasta-se o argumento (equivocado, diga-se) de que no âmbito
trabalhista, há lei própria regulando estritamente a incidência de honorários (Lei 5.584/70). Em verdade,
constata-se que houve revogação do art.14 dessa Lei, com a edição da Lei 10.288/01, por sua vez revogada
pela Lei nº 10.537/02, que passou a regulamentar o disposto nos arts. 789 e 790 da CLT, não havendo em
nosso ordenamento jurídico o efeito represtinatório tácito. Recurso obreiro provido, no particular.
...
VOTO
...
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – PERDAS E DANOS.
Revendo posição anterior, entendo procedente a pretensão, pela possibilidade (e necessidade) de aplicação
ao processo trabalhista do princípio da restitutio in integrum incorporado em diversos dispositivos do nosso
ordenamento jurídico.
Dispõe o art. 404 e parágrafo único do CC:
"Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros,
custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena
convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar."
O instituto das perdas e danos é compatível com o processo do trabalho. Tem suas origens e construção
visando reparar os prejuízos sofridos pelo credor com relação às perdas, ou seja, o dano emergente (damnus
emergens), bem como o que relativamente deixou de lucrar em função dos créditos que deixou de receber,
ou seja, o lucro cessante (lucrum cessans). Neste compasso, a indenização por perdas e danos passa a
reparar os prejuízos do autor, advindos do dispêndio com pagamento dos honorários advocatícios do
causídico contratado, como expressamente consignado no caput do art.404 do CC. Isto se dá, porque os
honorários advocatícios, na prática, são extraídos do montante a ser recebido pelo autor dos créditos de
condenação, resultando em evidente redução dos títulos trabalhistas a que faz jus, ferindo, assim, o referido
princípio da restituição integral dos danos, preconizado pelos artigos 389, 404 e 944 do CC.
Ora, se a reparação integral dos danos é plenamente aplicável aos títulos de natureza civil, que não possuem,
necessariamente, tratamento especial, com maior razão deve ser aplicado aos créditos trabalhistas, que
possuem feição superprivilegiada, em razão de sua natureza alimentar.
A faculdade conferida ao juiz no parágrafo único do art.404 do CC, supra transcrito, refere-se à condenação
em indenização suplementar, nas hipóteses em que os juros de mora não cobrirem os prejuízos e tampouco
existir pena convencional. Como visto, o exercício desta faculdade está direcionado ao Juiz, valorando o
caso concreto, e tem aplicação específica às hipóteses previstas no parágrafo único do art.404 do CC. Tal
não se confunde com o traçado no caput desse mesmo artigo, que dispõe sobre a condenação em perdas e
danos e que não erige qualquer necessidade de requerimento da parte nesse sentido, podendo ser aplicada de
ofício pelo magistrado, em observância ao princípio da restituição integral ao trabalhador.
A hipótese não configura aplicação subsidiária de norma não regulada pela CLT. Isto porque o art. 769
Consolidado restringe-se à aplicação subsidiária do regramento processual não disciplinado no corpo da
CLT, sendo certo que o disposto no art.404 do CC regula instituto de direito material, concernente à forma
de reparação por perdas e danos, nas obrigações em dinheiro. O Código Civil, de forma geral, regula
matérias de natureza civil, per si aplicáveis no âmbito de todos os demais ramos do Direito, inclusive o
trabalhista, sempre que os institutos regulados façam-se necessários para solução dos casos submetidos ao
crivo judicial. Neste sentido pontua o art. 8º da CLT.
A persistência do jus postulandi das partes em matéria trabalhista, decorrente do disposto no art. 791 da
CLT - hoje uma excrescência meramente formal já que não alcança expressão estatística nesta Justiça
especializada - deve ser compatibilizada: a) com o disposto no art. 133 da CF, que preconiza ser o advogado
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indispensável à administração da Justiça; b) com a crescente tecnicidade dos processos trabalhistas, cujo
manejo deve ser confiado a profissionais capacitados a respaldar os litigantes com vistas ao exercício do
direito constitucional de ampla defesa, contribuindo, inclusive, com os princípios da celeridade e efetividade
das decisões judiciais. O Direito existe para regular a vida em sociedade e não o contrário. A CLT foi
editada em 1943, época em que o trabalhador sequer contemplava o direito de "ação", mas possuía mero
direito de "reclamação" contra o empregador. Hoje, é pacífico o reconhecimento do direito de "ação" para o
exercício de suas prerrogativas nas diversas áreas da vida social, juridicamente reguladas. Todavia, a
humanidade contou com enormes avanços sociais desde 1943, não ficando o Direito do Trabalho fora desse
contexto. O Direito do Trabalho não é um mero conjunto de normas e princípios que regulam as relações de
trabalho e o exercício da demanda judicial. Mais que isso, segue sendo uma conquista dos trabalhadores, e
para que se expresse como tal, tem que acompanhar toda a evolução econômica, tecnológica e social, que
acarretou profundas mudanças nas relações e nas formas de trabalho e, consequentemente, em suas
regulamentações.
Neste compasso, a complexidade das demandas constitui um desafio técnico intransponível para o leigo,
tornando imprescindível a presença do advogado, no acompanhamento integral das ações (e não apenas a
partir do recurso de revista), de modo a conferir eficácia ao exercício do direito de ação, compatibilizando-o
com o extenso arcabouço fático e jurídico que constitui a marca das atuais relações laborais. Com efeito,
somente o advogado familiarizado com as lides trabalhistas está capacitado a proceder ao enquadramento
dos fatos à lei na formulação das iniciais, a selecionar, ler e interpretar as normas coletivas, efetuar a análise
prévia do ônus de prova para fins de seleção dos elementos de convicção a serem carreados aos autos, a
atuar nas audiências, a refutar provas, laudos, e intervir prontamente nos incidentes processuais.
Nesse contexto, é inegável que o jus postulandi caiu no vazio pelo desuso, já que não responde ao desafio
técnico do processo trabalhista, embora ainda conste do texto consolidado, sendo raras as hipóteses em que
a parte demanda em causa própria, e quando isto acontece, via de regra são advogados atuando em demanda
na qual são autores.
Não se trata, todavia, de incorporar, de modo simplista e indiferenciado, o princípio da sucumbência, no
processo trabalhista.
O Direito do Trabalho tutela direitos especialíssimos em face de sua natureza alimentar, cuja postulação
comporta tratamento diferenciado, que deve ser observado.
O trabalhador não demanda em pé de igualdade com aquele que contrata seus serviços, seja em relação de
emprego ou em outras relações de trabalho, hoje abrangidas pela competência ampliada desta Justiça
Especializada. É conhecida a posição de hipossuficiência do trabalhador em face dos empreendimentos
negociais, cada vez maiores e mais complexos na atualidade, formando grupos ou grandes corporações de
empresas, aparelhadas com departamentos jurídicos próprios ou terceirizados, especializados na formulação
de suas defesas. Evidente o desnível de força do trabalhador que lhe presta serviços, por remuneração ou
salário fixo, devendo ser lembrado que a grande maioria da população ganha salário em torno do mínimo
legal. Não se desconhece que há ações oriundas de trabalhadores de todos os ramos e todos os níveis
sociais, assim como há empresas que lutam com dificuldade. Razoável supor, todavia, que o desequilíbrio
de forças se reproduz em todos os níveis. Assim, mesmo os grandes executivos, com altos salários, ficam
em posição de desvantagem de força na disputa com seus empregadores, e que as empresas têm como
incluir no preço dos seus produtos e serviços, o custo do gasto com defesa jurídica, o que não ocorre com os
trabalhadores, vez que dispõem apenas de sua força de trabalho e não têm como repassar tal desembolso.
A Justiça do Trabalho não pode estar alheia à realidade, e mais precisamente, ao fato de que exceção feita
ao empregador pessoa física, micro e pequenos empresários, as demais empresas embutem no preço de seus
produtos o valor dos gastos e custos com ações judiciais de todos os tipos, inclusive as trabalhistas. Essa
desigualdade deve ser observada e apreciada, caso a caso, como exige a melhor aplicação do Direito.

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Outrossim, afasta-se igualmente o argumento de que, no âmbito trabalhista, há lei própria regulando a
aplicação dos honorários de sucumbência, estritamente na hipótese traçada na Lei 5.584/70. Aqui,
tecnicamente, constata-se que houve revogação do art.14 da Lei 5.584/70, que disciplinava a matéria, pela
Lei 10.288/01, que, à época de sua edição, regulou inteiramente a matéria ali tratada, nos seguintes termos:
"Lei nº 10.288/01:
Art. 1º O art. 789 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º
de maio de 1943, passa a vigorar acrescido do seguinte § 10:
"Art. 789 § 10. O sindicato da categoria profissional prestará assistência judiciária gratuita ao
trabalhador desempregado ou que perceber salário inferior a cinco salários mínimos ou que
declare, sob responsabilidade, não possuir, em razão dos encargos próprios e familiares, condições
econômicas de prover à demanda."
Ocorre que, posteriormente, foi editada a Lei nº 10.537/02, que passou a regulamentar o disposto nos arts.
789 e 790 da CLT, sem recepção do conteúdo da Lei nº 10.288/01, em relação ao acréscimo do §10º do
art.789 da CLT, que foi revogado, portanto, a teor do disposto no art.2º, § 1º da LICC:
"Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue:
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior."
A Lei nº 10.537/02 não conferiu efeito repristinatório ao art.14 da Lei 5.584/70 e a nossa legislação não
acolhe esse efeito de forma automática, sem que haja expressa disposição legal nesse sentido, a teor do
disposto no art.2º, § 3º da LICC:
"§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência"
Assim, a condenação em honorários advocatícios no âmbito da Justiça do Trabalho, atualmente, não mais
conta com a exigência de assistência do sindicato da categoria ao trabalhador, e tampouco a assistência
judiciária gratuita somente é admissível quando prestada pelo sindicato da categoria, nem limitada àqueles
que percebam menos que a dobra do mínimo legal, eis que esta regulamentação era prevista no art.14 da Lei
nº 5.584/70, que foi revogada pela Lei nº 10.288/01 que, por sua vez, foi revogada pela Lei 10.537/02, sem
renovação de seu teor. Logo, no que concerne à assistência judiciária gratuita, atualmente, resta apenas o
teor da Lei 1.060/50, que disciplina sua concessão àqueles que alegarem que não possam demandar sem
prejuízo de seu sustento, hipótese que exclui a condenação em honorários de sucumbência e ainda autoriza a
condenação da parte adversa, quando vencida, ao pagamento de honorários de sucumbência no importe de
15% sobre o valor da condenação (art.11, § 1º, da Lei. nº 1.060/50).
Assim, entendo que a contratação de advogado, pela parte, atende: a) ao comando constitucional disposto
no art.133 da CF, que se compatibiliza com o caráter técnico do processo e a garantia constitucional ao
exercício da ampla defesa (efetivo, e não meramente formal)); b) à nova realidade das relações de
trabalho, com a complexidade que lhe é inerente, e que exige a presença do profissional habilitado a
enfrentar os desafios técnicos do processo; c) a necessidade de reparar o hipossuficiente pela perda
patrimonial decorrente dos gastos destinados a remunerar tais serviços, em atenção ao princípio da
restituição integral de seus direitos trabalhistas.
Por fim, a presente questão refere-se à reparação de danos ao autor com as perdas e danos decorrentes do
pagamento dos honorários advocatícios com o patrono contratado, não guardando relação com a
condenação em honorários de sucumbência, consoante disciplinados na IN 27 do C. TST, tampouco com o
teor do entendimento da Súmula nº 219 do C.TST, que corresponde a hipótese diversa.
Assim, a pretensão procede em parte, para condenar a reclamada a pagar diretamente ao autor (e não ao
advogado) indenização por perdas e danos relativos às despesas com honorários advocatícios, no importe de
15% do valor da condenação, ante a ausência de contrato de honorários estipulando de forma diversa.
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Nesse sentido, a jurisprudência:
"TIPO: RECURSO ORDINÁRIO
DATA DE JULGAMENTO: 06/10/2009
RELATOR(A): IVANI CONTINI BRAMANTE
REVISOR(A): WILMA NOGUEIRA DE ARAUJO VAZ DA SILVA
ACÓRDÃO Nº: 20090880727
PROCESSO Nº: 01882-2008-064-02-00-4 ANO: 2009 TURMA: 4ª
DATA DE PUBLICAÇÃO: 16/10/2009
PARTES:RECORRENTE(S):APS Estacionamentos Ltda.
Marcos Tadeu Vanni
EMENTA:JUSTA CAUSA. A justa causa, caracterizada como a mais grave das penalidades para
o trabalhador, por afastá-lo da atividade produtiva e dele retirar seu sustento, somente deve ser
aplicada quando não restar mais qualquer dúvida sobre sua culpa na ocorrência imputada.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. JUSTIÇA DO TRABALHO. CABIMENTO. Os princípios do
acesso à Justiça, da ampla defesa e do contraditório (artigo 5o, incisos XXXV e LV da Constituição
Federal) pressupõem a defesa técnica do trabalhador, por profissional qualificado, não sendo
possível restringir o direito do mesmo em optar pela nomeação de advogado particular, nos termos
do art. 133 da Carta Magna. Em que pese a inaplicabilidade do princípio da sucumbência e a
possibilidade do jus postulandi no Processo do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios
tem amparo no princípio da restituição integral, expresso nos artigos 389, 404 e 944 do Código
Civil. Além disso, a Lei 10.288/2001 revogou o art. 14 da Lei 5584/70, não havendo óbice legal para
a condenaçãoem honorários advocatícios, nos casos em que o reclamante não estiver assistido pelo
sindicato, nos termos da Lei 10.537/2002, que acrescentou o parágrafo 3º ao art. 790 da CLT."
Reformo.
Do exposto,
ACORDAM os Magistrados da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região em:
conhecer dos apelos interpostos, rejeitar a alegação de coisa julgada, litispendência, litigância de má-fé e
prescrição total e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO aos apelos das rés e DAR PROVIMENTO
PARCIAL ao recurso do autor para acrescer à condenação o pagamento de honorários advocatícios por
perdas e danos, tudo na forma da fundamentação, constante do voto do Relator.
RICARDO ARTUR COSTA E TRIGUEIROS
Redator Designado

Juntamos os entendimentos:

HONORARIOS ADVOCATICIOS - Parcela devida, mesmo desassistido do Sindicato. A Lei nº 5584/70,


art. 14, confere obrigação ao Sindicato prestar assistência ao empregado, mas não obriga a este só ser
assistido pelo Sindicato da Categoria. Ac. nº 681/02 - Julg.: 18.02.02. TRT 7ª Região - nº 176/02 - Publ.
DOJT/7ªRG: 25.04.02. Rel. Juíza: Maria Irisman Alves Cidade – MAIORIA

1.775. Honorários advocatícios deferidos, pouco importando a falta de formulação expressa, ante pedido
implícito (art. 293 do CPC) e princípio de sucumbência (art. 20 do mesmo Código). Omissão sanada, via
embargos de declaração (art. 535, II, CPC), ressaltando-se que a verba honorária é corolário da presença
indispensável do advogado nos processos judiciais (art. 133 da CF/1988). E que sem advogado não há como
assegurar-se a ampla defesa, com os meios a ela inerentes, direito fundamental de aplicação imediata (art.
5º, LV e § 1º, da CF) (TRT-RJ, AR 183/87, Azulino de Andrade, Ac. G. II). (Nova Jurisprudência em
Direito do Trabalho de Valentin Carrion - 1990 - Editora Revista dos Tribunais Ltda)
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1.779. Em face à indispensabilidade do advogado na justiça (art. 133 da nova CF), devidos são os
honorários (TRT-RJ, RO 9.195/88, Menandro de Carvalho, Ac. 3ª T.). (Nova Jurisprudência em Direito do
Trabalho de Valentin Carrion - 1990 - Editora Revista dos Tribunais Ltda)

1.780. Honorários advocatícios são devidos por força do art. 133 da CF (TRT-RJ, RO 9.195/88, Carlos de
Brito, Ac. 3ª T.). (Nova Jurisprudência em Direito do Trabalho de Valentin Carrion - 1990 - Editora Revista
dos Tribunais Ltda)

“Ante o princípio da sucumbência, os honorários advocatícios se fazem devidos pelo vencido na


causa.” Ac.TRT 1ª Reg.3ª T (RO4424/89), Rel. Juiz Roberto Davis DO/RJ 9/7/90, p. 43.

“Havendo sucumbência, são devidos os honorários advocatícios”. (Art.20, do CPC). Ac. TRT 1ª Reg. 3ª
T (RO 8620/ 89), Rel. Juiz Roberto Davis, DO/RJ 13/9/90, p. 110.

“Ante o art. 133 da Constituição, que torna indispensável a atuação do advogado, em todas as causas,
e à luz do art. 20 do CPC, que impõe ao Juiz condenar o vencido no pagamento de honorários
advocatícios, estes se fazem devidos ainda que as partes não os tenha, expressamente cobrado”. Ac.
(unânime) TRT 1ª Reg. 3ª T (RO 790/89), Rel. Juiz Roberto Davis, DO/RJ 9/3/90, p. 106.

Considerando que os honorários advocatícios atendem ao princípio


constitucional da ampla defesa, não se pode falar em acesso ao judiciário, devido processo legal e ampla defesa
sem que as partes possam escolher o causídico de sua confiança. E a remuneração do advogado, nesta modalidade
de ação, decorrerá da sucumbência da parte.

Requer, por fim, se digne V. Exa. Determinar a notificação e/ou publicação


pela IMPRENSA OFICIAL, que lhe seja dirigida perante este D. Tribunal, sejam feitas em nome destes
subscritores, Dr. José Abílio Lopes, OAB/SP nº. 93.327; e Dr. Enzo Sciannelli, OAB/SP nº. 98.327, ambos
com escritório profissional sito à Rua Silva Jardim n°. 201, Vila Mathias, Santos/SP, CEP 11015-021, anotando-
se assim tal ocorrência na capa e contracapa dos autos.

Por todo o exposto, os recorrentes esperam que sejam acolhidas e providas as


presentes Razões da Revista para que, ao final, seja reformado o V. Acórdão, na forma da fundamentação, como
medida da mais pura J U S T I Ç A ! ! !

P. Deferimento.
Cubatão, 30 de abril de 2010.

ENZO SCIANNELLI TATIANA GRANATO KISLAK JOSÉ ABÍLIO LOPES


OAB/SP 98.327 OAB/SP 175.682 OAB/SP 93.357

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