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RR - Principal - Claudio de Toledo Morales
RR - Principal - Claudio de Toledo Morales
P. Deferimento.
Cubatão, 30 de abril de 2010.
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OAB/SP 5.675
ENZO SCIANNELLI TATIANA GRANATO KISLAK JOSÉ ABÍLIO LOPES
OAB/SP 98.327 OAB/SP 175.682 OAB/SP 93.357
Processo TRT/SP nº. 00127200925202000
Acórdão nº. 20100277114 - 06ª Turma
RECORRENTE: CLAUDIO DE TOLEDO MORALES
RECORRIDA: BANCO DO BRASIL S/A
RAZÕES DE
RECURSO DE REVISTA
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA TURMA,
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CLAUDIO DE TOLEDO MORALES, inconformado com o V. Acórdão
proferido pela 6ª Turma do C. Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região vem, através desta revista, recorrer da
decisão lhe foi desfavorável, na forma assegurada pela Carta Maior e no Diploma Consolidado, expondo suas
razões conforme segue:
PRELIMINAR
Do Cabimento do Recurso
NO MÉRITO
“Para efeito do cabimento do recurso especial, é necessário discernir entre a apreciação da prova e os
critérios legais de sua valoração. No primeiro caso há pura operação mental de conta, peso e medida,
à qual é imune o recurso. O segundo envolve a teoria do valor ou conhecimento, em operação em que
apura se houve ou não a infração de algum princípio probatório.” (RTJ - 56/67; RSTJ-11/341).
“Há de se considerar que o Direito do Trabalho é fator de integração social e solução dos conflitos.
Mas o Direito deve ser justo, sem o que pode comprometer a sua função. Logo, o justo não é um fim
do Direito. É condição de legitimidade de todo ordenamento jurídico para que tenha condições de
cumprir suas formalidades. É a legitimação do poder, fator indispensável para a manutenção do
Direito como mecanismo de controle social, entendendo-se por legitimação a existência de razões para
sustentar o poder em padrões aceitáveis de justiça e eqüidade, valores que são suporte de apoio para a
sua manutenção. O Direito é, portanto, instrumento de controle dos conflitos sociais. Nesse sentido é
que se fala em segurança jurídica como função do Direito”.
Da Transação Efetuada
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O renomado jurista Manoel Antonio Teixeira Filho, na exegese do texto
constitucional (direito incondicional de ação), conclui, lógica e didaticamente, que não se pode impedir, nem
restringir o direito de ação:
"Consistindo, pois, a ação num direito constitucional, isso significa, em termos concretos, que o legislador
infraconstitucional não poderá, por que motivo seja, impedir ou restringir o exercício desse direito, ainda
que temporariamente, sob pena de colocar-se em manifesto e insustentável antagonismo com a Suprema
Carta Política do País" (in JURIDIÇÃO, AÇÃO E PROCESSO, Editora LTr – SP, nº 01, pág. 43).
"De qualquer forma, o fato de esse princípio estar contido em texto constitucional é de suma relevância para
os indivíduos, para as coletividades e para o próprio regime democrático, porquanto nenhuma norma
infraconstitucional poderá cercear, e, nem mesmo, restringir – sob que argumento seja – o exercício do
direito de ação. ... Como dissemos, são despiciendas as razões pelas quais o legislador infraconstitucional
venha, ainda que ocasionalmente, a restringir ou a impedir o exercício da ação: ao fazê-lo, estará
transgredindo uma das mais provectas e notáveis garantias constitucionais do indivíduo, motivo por que os
juizes deverão se recusar a submeter-se a esse tipo de ato da legislatura" ( in PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO DO TRABALHO, Editora LTr – SP, nº 29, págs. 12 e 14).
"... o princípio da inafastabilidade da jurisdição (direito de ação) está contido no art. 5º, XXXV, do texto
constitucional; sendo assim, o legislador ordinário (infraconstitucional) não poderá, por mais relevante que
lhe pareça o motivo, cercear ou restringir o exercício desse direito de invocar-se a prestação da tutela
jurisdicional, com a finalidade de promover-se a satisfação de interesses ligados a bens ou a utilidades da
vida" (in PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO DO TRABALHO, Editora LTr – SP, nº 2,
pág. 13).
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Portanto, as horas de viagem a serviço são consideradas como tempo á
disposição do empregador, portanto devem ser remuneradas.
Sendo certo, ainda, que tais viagens eram feitas após o expediente e em dia
de repouso e feriados. Assim, tais horas devem ser pagas com acréscimo de 50% (no mínimo) para horas de
viagem após o expediente e com acréscimo de 100% para dia de repouso e feriados.
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de pequenas coisas; que o reclamante não poderia fazer compras em nome da agência havendo um
comitê específico para tal ato; que as demissões são decididas por um comitê. Nada mais.
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte
ao ofendido.(Grifo nosso)
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o
valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso. (Grifo nosso)
Este artigo e seu parágrafo único, consagram, de forma clara, a fim de dirimir
qualquer conflito que porventura subsista sobre este tema, a responsabilidade de indenização decorrente do dano
puramente moral.
"O quotidiano da execução do contrato de trabalho, como o relacionamento pessoal entre o empregado e o
empregador, ou aqueles a quem este delegou o poder de comando, possibilita, sem dúvida, o desrespeito dos
direitos da personalidade por parte dos contratantes. De ambas as partes, convém enfatizar, embora o mais
comum seja a violação da intimidade, da vida privada, da honra ou da imagem do trabalhador" Diz ainda
que: "O dispositivo constitucional (art 5º, X) tem destinação ampla, sem fronteiras predeterminadas, não se
restringindo a relações humanas de certos ramos do Direito".
"Art. 5º
(...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
(...)".
“o trabalho se tornou o princípio organizador fundamental das relações sociais e, portanto, o meio
pelo qual os indivíduos adquirem existência e identidade social pelo exercício de uma profissão”.
O novo Código Civil adotou a teoria do risco criado, pelo qual há o dever
de reparar o dano, que surgir da atividade normalmente exercida pelo agente.
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Na relação de trabalho subordinado, porém, este "cerco" recebe tons mais
dramáticos, por força da própria hipossuficiência de um dos seus sujeitos, em que a possibilidade de perda do
posto de trabalho que lhe dá a subsistência faz com que o empregado acabe se submetendo aos mais terríveis
caprichos e desvarios, não somente de seu empregador, mas até mesmo de seus próprios colegas de trabalho.
“Artigo 187. – Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelo bons
costumes”.
TRT 2ª Região
TIPO: RECURSO ORDINÁRIO
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DATA DE JULGAMENTO: 12/11/2008
RELATOR DESIGNADO: LUIZ CARLOS GOMES GODOI
REVISOR: LUIZ CARLOS GOMES GODOI
Acórdão nº: 20090088055
Processo nº: 00619200605902000 - Ano: 2007 – Turma: 2ª
DATA DE PUBLICAÇÃO: 20/02/2009
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO. HORAS EXTRAS - CARGO DE
CONFIANÇA - ARTIGO 62, II DA CLT. O fato de a reclamante possuir subordinados podendo sugerir
demissão e promoção, ser responsável por uma das células da área de contratos e créditos, atrai apenas o
disposto no artigo 224, parágrafo 2º da CLT, caracterizando mero exercício de cargo de confiança bancária.
DANO MORAL. Se a simples análise da prova oral produzida pela reclamante basta para constatar
que foi tratada de forma humilhante por seu superior hierárquico, mesmo após mais de vinte anos de
préstimos laborais, sendo que nesse interregno foi guindada a postos mais elevados, certamente por
sua competência e capacidade profissional, não se justifica, a ocorrência de situações vexatórias e
constrangedoras às quais foi submetida. O resultado da atitude leviana da reclamada foi o
constrangimento público e o dano moral. A dignidade, o direito a boa imagem que cada indivíduo
detém e resguarda, em relação à sociedade, a família e a si próprio, foi violentado. A indenização é
devida (artigo 5o incisos V e X da Constituição Federal) e sua fixação, tem como parâmetros a
gravidade do ato e os reflexos na comunidade e na vida dos ofendidos. RECURSO ORDINÁRIO DA
RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. INTERVALO INTRAJORNADA. Diante da ausência de controle de
jornada, bem como do enquadramento da hipótese dos autos ao parágrafo 2º do art. 224 da CLT pelo D.
Juízo de origem, relevante a prova oral produzida, que confirmou a redução do intervalo para refeição e
descanso. E porque haviam sido contratadas duas horas de intervalo intrajornada, é devida uma hora extra
por dia efetivamente laborado, com adicional de 50%, no período não prescrito. Diante da habitualidade, e
em razão da natureza salarial do título deferido, consoante a Orientação Jurisprudencial 354 da SBDI-1 do
C. TST, devidos os reflexos em descansos semanais remunerados, 13º salários, férias acrescidas de 1/3,
aviso prévio e FGTS acrescido da multa de 40%.
Assim, com fulcro nos artigos 5º, V e X e artigo 114 da Constituição Federal,
652 V da CLT, bem como, no artigo 159 do CC combinado com o artigo 8º, § único da CLT, espera ver
reconhecido e deferido o pedido de indenização compensatória pelos danos causados, esperando ver fixado no
quanto pleiteado.
"A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio".
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O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa do cumprimento não
exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos
serviços obtido novo emprego.
Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições, por mútuo
consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Este artigo 468 da CLT nos dá elementos que também não autorizam a
retirada, a perca, a eliminação dos efeitos da projeção do aviso àquele empregado que tenha aderido ao PDV, pois
o prejuízo do obreiro se escancararia.
Quanto aos demais, caso não optem pelo advogado que lhes é fornecido pela
sua entidade sindical, só lhes resta o jus postulandi, ranço pernicioso da fase administrativa da Justiça do Trabalho
que lança o trabalhador despreparado os bem treinados e não raro integrantes de grandes corporações advogados
que defendem os empregadores, gerando a desigualdade entre as partes.
Tenha-se por certo que por melhores e mais combativos que sejam os
advogados proporcionados pelas entidades sindicais, o trabalhador não pode ser obrigado (CF art. 5º, II) a
escolher o patrocínio dos mesmos para ver reparado, de forma integral, a lesão ao seu direito reconhecida pelo
judiciário, situação delineada pela jurisprudência consolidada do TST.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores
monetários segundo índices oficiais, regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de
advogado, sem prejuízo da pena convencional.
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O ilustre magistrado LUIZ EDUARDO GUNTHER é o principal defensor do
cabimento dos honorários advocatícios, contratuais e sucumbenciais, na Justiça do Trabalho. A título
exemplificativo trago decisão de sua relatoria, verbis:
Neste particular, cite-se que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que para
a obtenção das benesses da gratuidade judiciária basta tão somente uma declaração firmada pela própria parte, sob
as penas da lei, de que não pode vir a Juízo sem prejuízo de sua mantença pessoal e familiar.
SENTENÇA
Autos nº 793/2009 da 4ª Vara do Trabalho de Cubatão
Antonio Serafim Gomes, autor;
Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo, primeira ré;
Fundação Cesp, segunda ré.
...
Indenização por despesas e honorários
Faz-se necessário distinguir, inicialmente, duas espécies de “honorários advocatícios”, que
denominarei, para maior clareza, de honorários materiais, de um lado, e de honorários processuais, de outro.
O Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94), de 1994, já diferenciava expressamente, em seu artigo 22,
honorários oriundos de um contrato livremente pactuado (relação jurídica material entre cliente e advogado)
de honorários oriundos de uma decisão judicial (relação jurídica processual envolvendo a parte contrária):
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“Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos
honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência (grifos
meus).” [Veja-se que os honorários fixados por arbitramento judicial são os devidos pelo cliente
quando não há convenção expressa (§ 1° do mesmo artigo), ou seja, quando há necessidade de
instauração de uma relação jurídica processual para fixar o montante não ajustado na relação
jurídica material entre o advogado e seu cliente.]
Como se vê, os honorários convencionados (de “direito material”) contrapõem-se aos decorrentes de
uma condenação (de “direito processual”), e com eles não se confundem. Tanto é assim que o disposto no
artigo 23 da mesma lei aplica-se apenas a estes últimos, não àqueles:
“Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem
ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo
requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor.”
Estamos diante, portanto, daquilo que se convencionou chamar de um dos efeitos secundários da
sentença: o alcance da decisão extrapola o âmbito das partes da relação jurídica processual, atingindo
terceiros. Nesta hipótese, dos honorários processuais, beneficia o advogado, terceiro interessado na relação
jurídica processual entre autor e réu (outro efeito secundário que se pode citar, a título de exemplo, é a
constituição do crédito previdenciário, em favor da União). Para que uma sentença possua um desses efeitos
secundários, portanto, deve haver lei que o institua.
Feita a distinção entre honorários advocatícios materiais e processuais, cumpre agora analisar suas
conseqüências no processo do trabalho e, especificamente, no presente feito, lide que envolve empregado e
empregador. Inicio pelos honorários advocatícios processuais, passo depois aos materiais.
No processo do trabalho, a jurisprudência consolidou-se no sentido de que a única previsão legal de
condenação em honorários processuais seria aquela expressa no artigo 16 da Lei 5.584/70, que assim dispõe:
“Os honorários do advogado pagos pelo vencido reverterão em favor do Sindicato assistente”.
Trata-se, assim, de uma típica hipótese de efeito secundário da sentença previsto em lei, em prol de
terceiro (o Sindicato da categoria profissional é legalmente obrigado a prestar a assistência judiciária, na
forma do artigo 14, caput e § 1°, e é remunerado em caso de sucumbência).
Assim está redigida a Súmula 219 da Jurisprudência Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho:
“HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE DE CABIMENTO. (incorporada a
Orientação Jurisprudencial nº 27 da SDI-II)
I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca
superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo
a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário
inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita
demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família”.
A Súmula acima transcrita trata especificamente dos honorários advocatícios processuais, ao
circunscrever a discussão aos honorários de sucumbência. Não é por outro motivo que sua redação faz
referências expressas a “condenação ao pagamento de honorários advocatícios” e “sucumbência”, nos
exatos termos do artigo 23 do Estatuto da Advocacia.
Tal interpretação decorre da análise sistemática da legislação, harmonizando o texto da Lei 5.584/70
(na parte em que disciplina a assistência judiciária) com o disposto no artigo 791 da CLT, que faculta a
empregados e empregadores litigarem na Justiça do Trabalho pessoalmente. Assim, em regra, não cabem
honorários processuais no processo que envolva relação de emprego, salvo quando se tratar de beneficiário
da Justiça Gratuita, assistido pelo Sindicato profissional (na modalidade da assistência judiciária), e que será
remunerado pelo empregador vencido. São necessários, portanto, três elementos para que a sentença possa
conter esse efeito secundário específico (a condenação de uma parte a pagar honorários não à parte adversa,
mas ao Sindicato, terceiro estranho à relação processual): ser uma das partes trabalhador beneficiário da
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gratuidade da justiça; assistência judiciária por seu sindicato profissional; haver sucumbência do
empregador (note-se que o segundo elemento, assistência judiciária, abarca o primeiro, benefício da justiça
gratuita, uma vez que só se reconhece a assistência judiciária ao beneficiário da justiça gratuita, dada a
grande similitude entre o § 3° do artigo 790 da CLT e o § 1° do artigo 14 da Lei 5.584/70).
Assim, no que toca aos honorários processuais, decorrentes da sucumbência, não se aplicam ao caso
concreto, uma vez que, apesar de presentes dois dos elementos necessários (trabalhador beneficiário da
justiça gratuita e sucumbência do empregador), falta um deles (assistência judiciária na forma da Lei
5.584/70).
Tratemos, agora, dos honorários advocatícios materiais, também objeto do pedido do autor.
Os honorários materiais são aqueles que o artigo 22 do Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94)
denomina de “convencionados”. Decorrem da relação jurídica material entre cliente e advogado, são de livre
estipulação dos contratantes (diferença essencial com os honorários de sucumbência, fixados na condenação
pelo juiz) e devidos pelo cliente a seu advogado (os de sucumbência são devidos pela parte contrária, que
não tem relação jurídica material com o advogado).
O novo Código Civil abraça a teoria da reparação integral de danos. E trouxe uma novidade, no que
toca à abrangência da indenização no caso das obrigações: o mero inadimplemento obriga o devedor ao
pagamento de honorários advocatícios (entendidos aqui como indenização ao credor, levado a contratar
advogado para a defesa de seu direito violado). Nesse sentido:
“Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado” (grifo meu).
O mesmo preceito é especificado, mais adiante, para os casos de obrigações de pagamento em
dinheiro:
“Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros,
custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional” (grifo meu).
Por fim, os honorários materiais não se confundem com os honorários processuais, como já visto
acima e confirmado por outro dispositivo do mesmo Código:
“Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do
disposto na lei processual” (grifo meu).
Tais preceitos do Código atual, fazendo referência explícita a honorários, não possuíam equivalente na
redação dos artigos correspondentes do Código Civil de 1916:
“Art. 1056. Não cumprindo a obrigação, ou deixando de cumpri-la pelo modo e no tempo
devidos, responde o devedor por perdas e danos.
Art. 1060. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato.
Art. 1061. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, consistem nos juros da
mora e custas, sem prejuízo da pena convencional”.
Eventual indenização por perdas e danos abrangendo os honorários materiais, portanto, distingui-se da
condenação em honorários prevista na legislação processual (os honorários de sucumbência, por mim
chamados de honorários processuais), uma vez que os dispositivos do Código Civil que disciplinam o
descumprimento de obrigações introduziram no rol dos danos os honorários advocatícios
independentemente daqueles previstos na legislação processual.
Em suma: norma de direito material introduzida com o novo Código Civil prevê a indenização dos
honorários convencionados como item integrante das obrigações a serem assumidas pelo devedor
inadimplente.
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A legislação trabalhista nada dispõe acerca do tema honorários materiais. O artigo 791 da CLT e a Lei
5.584/70 são normas de direito processual, tratando portanto dos honorários processuais. Está caracterizada
omissão da legislação especializada.
Assim dispõe a norma celetista para os casos de omissão:
“Art. 8º. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais
ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e
outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho e, ainda, de
acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum
interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.
Parágrafo único. O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que
não for incompatível com os princípios fundamentais deste”.
Logo, para reparação integral do dano sofrido pelo autor, faz ele jus ao recebimento de indenização
pelas despesas havidas com os honorários convencionados (os honorários materiais a que me referi acima).
Não se tratando de efeito secundário da sentença (tal parcela se destina ao reclamante, não a seu advogado),
não há possibilidade de execução autônoma dessa verba pelo advogado, nos termos do artigo 23 do Estatuto
da Advocacia (que se refere aos honorários de sucumbência, não deferidos).
Quanto ao montante, é fato notório que o costume, nesta Região, é mesmo o de se ajustar honorários
no percentual de 30% sobre o valor da execução, restando deferida a indenização por despesas havidas nesse
percentual.
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Por tais fundamentos e revendo posicionamento anterior, reformo a sentença para incluir na condenação os
honorários advocatícios, ora arbitrados em 15% da condenação, nos termos do art. 11, parágrafo 1 º da Lei
1.060/50.
Frise-se que os descontos fiscais e previdenciários não serão deduzidos para o fim de apuração dos
honorários advocatícios, nos termos da OJ 348 da SDI I do C. TST.
Cumpre ressaltar que os honorários ora deferidos serão direcionados ao reclamante, e não aos seus patronos,
pois visam ressarcir as despesas ocorridas com o advogado particular.
Ivani Contini Bramante
Desembargadora Federal do Trabalho
Relatora
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Outrossim, afasta-se igualmente o argumento de que, no âmbito trabalhista, há lei própria regulando a
aplicação dos honorários de sucumbência, estritamente na hipótese traçada na Lei 5.584/70. Aqui,
tecnicamente, constata-se que houve revogação do art.14 da Lei 5.584/70, que disciplinava a matéria, pela
Lei 10.288/01, que, à época de sua edição, regulou inteiramente a matéria ali tratada, nos seguintes termos:
"Lei nº 10.288/01:
Art. 1º O art. 789 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º
de maio de 1943, passa a vigorar acrescido do seguinte § 10:
"Art. 789 § 10. O sindicato da categoria profissional prestará assistência judiciária gratuita ao
trabalhador desempregado ou que perceber salário inferior a cinco salários mínimos ou que
declare, sob responsabilidade, não possuir, em razão dos encargos próprios e familiares, condições
econômicas de prover à demanda."
Ocorre que, posteriormente, foi editada a Lei nº 10.537/02, que passou a regulamentar o disposto nos arts.
789 e 790 da CLT, sem recepção do conteúdo da Lei nº 10.288/01, em relação ao acréscimo do §10º do
art.789 da CLT, que foi revogado, portanto, a teor do disposto no art.2º, § 1º da LICC:
"Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue:
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior."
A Lei nº 10.537/02 não conferiu efeito repristinatório ao art.14 da Lei 5.584/70 e a nossa legislação não
acolhe esse efeito de forma automática, sem que haja expressa disposição legal nesse sentido, a teor do
disposto no art.2º, § 3º da LICC:
"§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência"
Assim, a condenação em honorários advocatícios no âmbito da Justiça do Trabalho, atualmente, não mais
conta com a exigência de assistência do sindicato da categoria ao trabalhador, e tampouco a assistência
judiciária gratuita somente é admissível quando prestada pelo sindicato da categoria, nem limitada àqueles
que percebam menos que a dobra do mínimo legal, eis que esta regulamentação era prevista no art.14 da Lei
nº 5.584/70, que foi revogada pela Lei nº 10.288/01 que, por sua vez, foi revogada pela Lei 10.537/02, sem
renovação de seu teor. Logo, no que concerne à assistência judiciária gratuita, atualmente, resta apenas o
teor da Lei 1.060/50, que disciplina sua concessão àqueles que alegarem que não possam demandar sem
prejuízo de seu sustento, hipótese que exclui a condenação em honorários de sucumbência e ainda autoriza a
condenação da parte adversa, quando vencida, ao pagamento de honorários de sucumbência no importe de
15% sobre o valor da condenação (art.11, § 1º, da Lei. nº 1.060/50).
Assim, entendo que a contratação de advogado, pela parte, atende: a) ao comando constitucional disposto
no art.133 da CF, que se compatibiliza com o caráter técnico do processo e a garantia constitucional ao
exercício da ampla defesa (efetivo, e não meramente formal)); b) à nova realidade das relações de
trabalho, com a complexidade que lhe é inerente, e que exige a presença do profissional habilitado a
enfrentar os desafios técnicos do processo; c) a necessidade de reparar o hipossuficiente pela perda
patrimonial decorrente dos gastos destinados a remunerar tais serviços, em atenção ao princípio da
restituição integral de seus direitos trabalhistas.
Por fim, a presente questão refere-se à reparação de danos ao autor com as perdas e danos decorrentes do
pagamento dos honorários advocatícios com o patrono contratado, não guardando relação com a
condenação em honorários de sucumbência, consoante disciplinados na IN 27 do C. TST, tampouco com o
teor do entendimento da Súmula nº 219 do C.TST, que corresponde a hipótese diversa.
Assim, a pretensão procede em parte, para condenar a reclamada a pagar diretamente ao autor (e não ao
advogado) indenização por perdas e danos relativos às despesas com honorários advocatícios, no importe de
15% do valor da condenação, ante a ausência de contrato de honorários estipulando de forma diversa.
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Nesse sentido, a jurisprudência:
"TIPO: RECURSO ORDINÁRIO
DATA DE JULGAMENTO: 06/10/2009
RELATOR(A): IVANI CONTINI BRAMANTE
REVISOR(A): WILMA NOGUEIRA DE ARAUJO VAZ DA SILVA
ACÓRDÃO Nº: 20090880727
PROCESSO Nº: 01882-2008-064-02-00-4 ANO: 2009 TURMA: 4ª
DATA DE PUBLICAÇÃO: 16/10/2009
PARTES:RECORRENTE(S):APS Estacionamentos Ltda.
Marcos Tadeu Vanni
EMENTA:JUSTA CAUSA. A justa causa, caracterizada como a mais grave das penalidades para
o trabalhador, por afastá-lo da atividade produtiva e dele retirar seu sustento, somente deve ser
aplicada quando não restar mais qualquer dúvida sobre sua culpa na ocorrência imputada.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. JUSTIÇA DO TRABALHO. CABIMENTO. Os princípios do
acesso à Justiça, da ampla defesa e do contraditório (artigo 5o, incisos XXXV e LV da Constituição
Federal) pressupõem a defesa técnica do trabalhador, por profissional qualificado, não sendo
possível restringir o direito do mesmo em optar pela nomeação de advogado particular, nos termos
do art. 133 da Carta Magna. Em que pese a inaplicabilidade do princípio da sucumbência e a
possibilidade do jus postulandi no Processo do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios
tem amparo no princípio da restituição integral, expresso nos artigos 389, 404 e 944 do Código
Civil. Além disso, a Lei 10.288/2001 revogou o art. 14 da Lei 5584/70, não havendo óbice legal para
a condenaçãoem honorários advocatícios, nos casos em que o reclamante não estiver assistido pelo
sindicato, nos termos da Lei 10.537/2002, que acrescentou o parágrafo 3º ao art. 790 da CLT."
Reformo.
Do exposto,
ACORDAM os Magistrados da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região em:
conhecer dos apelos interpostos, rejeitar a alegação de coisa julgada, litispendência, litigância de má-fé e
prescrição total e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO aos apelos das rés e DAR PROVIMENTO
PARCIAL ao recurso do autor para acrescer à condenação o pagamento de honorários advocatícios por
perdas e danos, tudo na forma da fundamentação, constante do voto do Relator.
RICARDO ARTUR COSTA E TRIGUEIROS
Redator Designado
Juntamos os entendimentos:
1.775. Honorários advocatícios deferidos, pouco importando a falta de formulação expressa, ante pedido
implícito (art. 293 do CPC) e princípio de sucumbência (art. 20 do mesmo Código). Omissão sanada, via
embargos de declaração (art. 535, II, CPC), ressaltando-se que a verba honorária é corolário da presença
indispensável do advogado nos processos judiciais (art. 133 da CF/1988). E que sem advogado não há como
assegurar-se a ampla defesa, com os meios a ela inerentes, direito fundamental de aplicação imediata (art.
5º, LV e § 1º, da CF) (TRT-RJ, AR 183/87, Azulino de Andrade, Ac. G. II). (Nova Jurisprudência em
Direito do Trabalho de Valentin Carrion - 1990 - Editora Revista dos Tribunais Ltda)
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1.779. Em face à indispensabilidade do advogado na justiça (art. 133 da nova CF), devidos são os
honorários (TRT-RJ, RO 9.195/88, Menandro de Carvalho, Ac. 3ª T.). (Nova Jurisprudência em Direito do
Trabalho de Valentin Carrion - 1990 - Editora Revista dos Tribunais Ltda)
1.780. Honorários advocatícios são devidos por força do art. 133 da CF (TRT-RJ, RO 9.195/88, Carlos de
Brito, Ac. 3ª T.). (Nova Jurisprudência em Direito do Trabalho de Valentin Carrion - 1990 - Editora Revista
dos Tribunais Ltda)
“Havendo sucumbência, são devidos os honorários advocatícios”. (Art.20, do CPC). Ac. TRT 1ª Reg. 3ª
T (RO 8620/ 89), Rel. Juiz Roberto Davis, DO/RJ 13/9/90, p. 110.
“Ante o art. 133 da Constituição, que torna indispensável a atuação do advogado, em todas as causas,
e à luz do art. 20 do CPC, que impõe ao Juiz condenar o vencido no pagamento de honorários
advocatícios, estes se fazem devidos ainda que as partes não os tenha, expressamente cobrado”. Ac.
(unânime) TRT 1ª Reg. 3ª T (RO 790/89), Rel. Juiz Roberto Davis, DO/RJ 9/3/90, p. 106.
P. Deferimento.
Cubatão, 30 de abril de 2010.
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