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Teste Inaudita 8º A
Teste Inaudita 8º A
Ru i G r á c i o
Ano Letivo 2018/2019
Teste de Avaliação
Português – 8º ano (171580)
Grupo I – Leitura
Parte A
Após uma leitura atenta dos textos a seguir apresentados, responde aos itens que se seguem, de
acordo com as orientações que te são dadas.
Cristo-rei
Há uma velha regra do jornalismo segundo
a qual uma briga na taberna da rua vale mais
como notícia do que uma catástrofe em
qualquer país distante. É a famosa lei da
5 proximidade, uma lei sempre injusta e cruel, a
não ser quando o maior de todos os desastres Tailândia, com o tsunami. Este homem de
acontece à nossa porta. Por causa dessa lei Caxemira, que carrega às costas todo o seu
antiga que não saiu de nenhuma mente 25 mundo, não deve saber nada sobre a lei da
perversa, mas se ajusta à normal atitude dos proximidade. Mas o seu intenso olhar de Cristo e
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0 seres humanos perante os factos, o que se de rei, entre o interrogativo e o acusador, diz tudo
passa no Paquistão só vagamente passa nas o que precisamos de saber sobre o medo e a
rádios, nas televisões e nos jornais. E, no força, o luto e a raiva, a resignação e o abandono.
entanto, a dimensão da tragédia 1 é tal que 30 Tudo sobre a enorme solidão a que está entregue.
ninguém sabe dizer os números. Eram 50 mil
1
5 mortos ontem de manhã, mas dentro de uma
semana podem já ser 150 mil se o socorro não
chegar às montanhas e a todas as cidades
devastadas pelo terramoto. Claro que o
socorro nunca chega à hora certa, como se viu
2
0 em Nova Orleães. Mas chega, em geral, mais
depressa onde há telemóveis e câmaras de TV,
como se viu na
Fernando Madrinha, in Expresso, 15-10-2005
Referência a um forte terramoto que atingiu o Paquistão, o Norte da Índia e o Afeganistão, em 8-10-2005.
1. Classifica as afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F), de acordo com o texto.
a. As notícias com mais vítimas são as que recebem maior destaque nos meios de comunicação. _____
b. A lei da proximidade é uma norma jornalística que permite avaliar a relevância de uma notícia. _____
2. Circula, em cada alínea, a opção que está de acordo com o sentido do texto.
2.1. O jornalista refere a lei da proximidade para…
a. demonstrar que esta lei se aplica em todo o mundo.
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2.5. Neste contexto, a expressão “que carrega às costas todo o seu mundo” (ll. 24-25) significa…
a. que transporta todos os seus pertences.
b. que está preocupado com a situação.
2.6. A expressão “uma lei sempre injusta e cruel” (ll. 5-6) corresponde a…
a. um facto.
b. uma opinião.
Os automobilistas que nessa manhã de Setembro entravam em Lisboa pela Avenida Gago Coutinho,
direitos ao Areeiro, começaram por apanhar um grande susto e, por instantes, foi, em toda aquela área,
um estridente rumor de motores desmultiplicados, travões aplicados a fundo, e uma sarabanda de
buzinas ensurdecedora. Tudo isto de mistura com retinir de metais, relinchos de cavalos e imprecações
guturais em alta grita.
5 É que, nessa ocasião mesma, a tropa do almóada Ibn-el-Muftar, composta de berberes, azenegues
e árabes em número para cima de dez mil, vinha sorrateira pelo valado, quase à beira do esteiro do rio
que ali então desembocava, com o propósito de pôr cerco às muralhas de Lixbuna, um ano atrás
assediada e tomada por hordas de nazarenos odiosos.
Viu-se de repente o exército envolvido por milhares de carros de metal, de cores faiscantes, no meio
de um fragor estrondoso – que veio substituir o suave pipilar dos pássaros e o doce zunido dos
10 moscardos – e flanqueado por paredes descomunais que por toda a parte se erguiam, cobertas de
janelas brilhantes. Assustaram-se os beduínos, volteando assarapantados os cavalos, no estreito espaço
de manobra que lhe era deixado, e Ali-ben-Yussuf, lugar-tenente de Muftar, homem piedoso e temente
a Deus, quis ali mesmo apear-se para orar, depois de ter alçado as mãos ao céu e bradado que Alá era
grande.
De que Alá era grande estava o chefe da tropa convencido, mas não lhe pareceu o momento
oportuno para louvaminhas, que a situação requeria antes soluções práticas e muito tacto. Travou os
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desígnios do adjunto com um gesto brutal, levantou bem alto o pendão verde e bradou uma ordem que
foi repetida, de esquadrão em esquadrão, até chegar à derradeira retaguarda, já muito próxima da
Rotunda da Encarnação: - Que ninguém se mexesse!
E el-Muftar, cofiando a barbicha afilada, e dando um jeito ao turbante, considerava, com ar
perspicaz, o pandemónio à sua volta: - Teriam tombado todos no inferno corânico? Teriam feito algum
20 agravo a Alá? Seriam antes vítimas de um passe de feitiçaria cristã? Ou tratar-se-ia de uma partida de
jinns encabriolados?
Enquanto o árabe refletia, do alto do seu puro-sangue, o agente de segunda classe da PSP Manuel
Reis Tobias, em serviço à entrada da Avenida Gago Coutinho, meio escondido por detrás das colunas de
um prédio, no propósito sábio e louvável de surpreender contraventores aos semáforos, entendeu que
aquilo não estava certo e que havia que proceder.
25 Sentindo-se muito desacompanhado para tomar conta da ocorrência, transmitiu para o posto de
comando, pelo intercomunicador da mota, uma complicada mensagem, plena de números e de cifras,
que podia resumir-se assim:
Uma multidão indeterminada de indivíduos do sexo masculino, a maior parte dos quais portadores
de armas brancas e outros objetos contundentes, cortantes e perfurantes, com bandeiras e trajos de
carnaval, montados em solípedes, tinham invadido a Avenida Gago Coutinho e parte do Areeiro em
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manifestação não autorizada. Dado que se lhe afigurava existir insegurança para a circulação de pessoas
e bens na via pública, aguardava ordens e passava à escuta.
Ao mouro, aquela peonagem toda não se afigurou particularmente ameaçadora, tanto mais que a
turba circundante, de estranhas vestimentas vestida, não parecia exibir armas de qualquer natureza.
Decidiu não se deixar impressionar com os trejeitos pouco amistosos que lhe vinham de dentro dos
objetos metálicos com rodas que havia por toda a parte, nem com as caras que o fitavam por detrás de
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um estranho material transparente.
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Lê o excerto com atenção e responde às questões de forma organizada e completa e coerente.
3. Classifica o narrador deste texto quanto à presença. Apresenta uma frase que apoie a tua
resposta.
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5. “ (…) foi, em toda aquela área, um estridente rumor de motores desmultiplicados, travões
aplicados a fundo, e uma sarabanda de buzinas ensurdecedora. Tudo isto de mistura com retinir de
metais, relinchos de cavalos e imprecações guturais em alta grita.”
7. Caracteriza Ali-ben-Yussuf a partir das frases do texto. Completa a tua caracterização recorrendo
a algumas expressões do texto.
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7.1. Classifica esta personagem, quanto à composição (planas, modeladas e coletivas). Justifica.
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8. Retira do parágrafo seis a melhor expressão onde possamos verificar que o narrador, em
determinadas ocasiões, é subjetivo.
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a) O narrador caracteriza fisicamente Muftar, a barbicha afilada, manto e cota de malha, logo
estamos perante uma autocaracterização.
b) O narrador caracteriza fisicamente Muftar, a barbicha afilada, manto e cota de malha, logo
estamos perante uma heterocaracterização.
c) Quando o leitor faz o retrato de uma personagem através do seu comportamento estamos
perante uma caracterização direta.
d) Quando o leitor faz o retrato de uma personagem através do seu comportamento estamos
perante uma caracterização indireta.
e) Nesta frase «De que Alá era grande estava o chefe da tropa convencido, mas não lhe pareceu o
momento oportuno para louvaminhas (…)» temos um narrador omnisciente porque conhece o
pensamento da personagem.
f) Neste conto as personagens são todas coletivas visto que representam um grupo de indivíduos
com uma só vontade.
10. Das seguintes opções, assinala com uma cruz aquelas que o árabe Ibn-el-Muftar considera como
explicações possíveis para tal confusão:
10.2. Identifica as duas razões que levaram este polícia a comunicar para o posto de comando.
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11. “ (…) não se deixar impressionar com os trejeitos pouco amistosos que lhe vinham de dentro dos
objetos metálicos com rodas que havia por toda a parte, nem com as caras que o fitavam por detrás
de um estranho material transparente.
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12. Explicita as diferenças que o narrador nos traça entre Manuel Reis Tobias e Ibn-el-Muftar, dando
atenção aos dois últimos parágrafos.
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Aristides de Sousa Mendes disse “Quando se salva uma vida, salva-se o mundo inteiro”.
Só um herói pode ter um comportamento e um pensamento semelhante.
O que é ser herói? Será que o mundo precisa de heróis? Onde os podemos encontrar?
Comenta estas frases e responde às questões, dando a tua opinião sobre pessoas como Aristides de
Sousa Mendes.
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Bom trabalho!!!
A professora, Paula Ferreiro
CORREÇÃO
I. Teste de compreensão oral retirado do caderno do professor do manual Diálogos 7, da Porto
Editora, no caderno do professor, págs. 10-11 (com adaptações).
1-c; 2-a; 3-b; 4-c; 5-d; 6-b; 7-a; 8-d; 9-b; 10-a
1. Ouve atentamente o conto “Sirva-se, minha túnica”. De seguida escolhe a alínea que completa
corretamente cada uma das afirmações (10 pontos cada).
2. Afanti apresenta-se… 7. O anfitrião, quando viu Afanti com a túnica nova,
a. com a barba comprida e um barrete, montado …
num burro magro. ___ a. convidou-o a sentar-se. ___
b. com a barba branca da idade e montado num b. pensou tratar-se de outra pessoa. ___
burro velho. ___ c. elogiou o seu aspeto. ___
c. com a barba suja e um barrete, montado num d. apresentou-o aos convidados. ___
burro magro. ___
d. com a barba comprida e um barrete, montado 8. Quando o anfitrião disse a Afanti que comesse o
num burro velho. ___ que quisesse, este…
a. respondeu que não tinha fome. ___
3. O objetivo de Afanti é… b. fez-se rogado, para mostrar que ainda estava
a. viajar e conhecer pessoas. ___ ofendido. ___
b. ridicularizar e criticar os grandes senhores. ___ c. serviu-se da travessa que estava mais perto de
c. conquistar o apoio dos grandes senhores. ___ si._
d. rir-se e aproveitar-se dos grandes senhores. ___ d. disse à sua própria túnica que se servisse. ___
4. Um dia, Afanti foi a uma festa vestindo… 9. Afanti quis criticar o grande senhor por…
a. uma túnica rota. ___ a. desperdiçar comida que fazia falta aos pobres. _
b. uma túnica emprestada e velha. ___ b. discriminar as pessoas pela sua aparência. ___
c. uma túnica em mau estado. ___ c. não o ter convidado a sentar-se à sua mesa. ___
d. uma túnica velha e suja. ___ d. não gostar da sua túnica. ___
5. O dono da casa… 10. Qual deste provérbios sintetiza a moral do conto?
a. pediu-lhe que saísse. ___ a. Toda a gente é pessoa. ___
b. disse-lhe que mudasse de túnica. ___ b. Cada um é senhor em sua casa. ___
c. emprestou-lhe uma túnica. ___ c. Roupa esfarrapada não cobre nada. ___
d. expulsou-o rudemente. ___ d. Quem muito fala pouco acerta. ___
Certo dia, Afanti compareceu a uma festa de um grande senhor com a túnica num péssimo
estado. O anfitrião, mal o viu naqueles preparos, expulsou-o, enquanto incentivava:
─ Que atrevimento! Como ousa entrar em minha casa com a roupa nesse estado?
Afanti não ficou nada impressionado com a rudeza do anfitrião e também não se deu por
vencido. Correu a casa de um vizinho, pediu-lhe emprestada uma túnica nova, envergou-a, com todo
o à-vontade, e depois regressou à festa.
O anfitrião, ao vê-lo todo aperaltado, deu-lhe as boas-vindas, convidando-o a sentar-se numa
mesa à sua escolha, enquanto dizia:
Afanti não se fez rogado; mal ouviu o convite aproximou a manga da túnica da travessa e
disse:
─Já que apenas respeita a minha túnica, é lógico que a deixe comer, não lhe parece?
Contos da Terra do Dragão, rec., adapt. etrad. de Wang Suoying e Ana Cristina Alves, Ed. Caminho,
2000