Professional Documents
Culture Documents
Manobras
Manobras
Capítulo V
MANOBRAS
5.1 – INTRODUÇÃO
Todos nós queremos enroscar em térmicas e voar por longas horas ou longas distâncias.
No entanto, para esta realização, é preciso compreender e enfrentar turbulência e colapsos com
experiência e preparo.
Este capítulo tem por objetivo oferecer suporte teórico e técnico ao seu conhecimento
prático.
A responsabilidade por acidentes de qualquer natureza é de inteira responsabilidade do
piloto, lembrando que sempre que o piloto se perguntar “se já verificou tudo” e a resposta for “acho
que sim”, PARE e verifique tudo de novo!!!
No vôo de parapente se um colapso ainda não aconteceu, vai acontecer. Portanto, esteja
preparado para saber reagir. Um colapso é perfeitamente normal ocorrer, pois estamos voando em
um tecido maleável e deformável. É mais assustador o ruído produzido pelo tecido deformado do
que a situação propriamente dita.
85
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
5.3 - ORELHAS
Apesar de considerarmos uma manobra elementar, é bastante importante manter uma
determinada calma e segurança por parte do piloto na hora de executar as “orelhas”.
O fechamento de orelhas é a forma de descida mais segura em situações quem exigem
tal procedimento.
Esta manobra consiste em dobrar para dentro e por baixo as duas pontas da vela
(estabilizadores). Assim, reduz-se a área projetada, diminuindo o risco de colapsos maiores e
conseqüentemente, aumentando a pressão interna, porém fazendo o parapente ter uma taxa de
descida maior.
Pode-se chegar a uma taxa de queda de aproximadamente 4m/s com o uso de orelhas, e
ainda associar ao uso do acelerador, o que aumenta ainda mais a taxa de queda.
86
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
5.4 - ACELERADOR
É um dispositivo montado nos tirantes do parapente onde, ao ser acionado, o piloto
diminui o ângulo de ataque, em relação ao deslocamento do vôo (vento relativo), aumentando a sua
velocidade horizontal e vertical, por isto recebe o nome de acelerador.
Acelerador
87
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
Acionado com os pés através de um “degrau” que é ligado por uma linha até o grupo de
tirantes “A, B e C” (dependendo do parapente, às vezes só os tirantes “A” e “B”). Possui curso de
deslocamento pequeno e aumenta ligeiramente a velocidade horizontal (em média de 5 a 10 km/h a
mais que a velocidade máxima) servindo como uma alternativa para a progressão em ventos fortes
ou quando se quer chegar mais rápido a outra zona de ascendência (térmica).
Rotação
involuntária
Vôo equilibrado
Bombear o lado Freio e gire do lado
fechado para exterior para
Autorrotação acelerar a abertura manter a trajetória
Fazer espiral
Se não sair
girar o tirante
dianteiro
Abrir
Soltar os freios
Parachutagem
Freio muito
progressivo
UFF ! !
Aproximação
88
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
Todo curso de manobra S.I.V. é feito com orientação de instrutores qualificados e sob
rigorosas condições de segurança (normalmente sobre grandes extensões de água para o caso de uma
pane real).
5.5.2 - B-STALL
Consiste em descaracterizar o perfil aerodinâmico, através de uma deformação pelas
linhas do tirante “B”. Provoca um friso no intradorso e uma depressão no extradorso, anulando a
velocidade horizontal, causando o descolamento do fluxo de ar sob o extradorso, por conseqüência,
a entrada em queda vertical.
O B-STALL ou Estol de B pode ser usado quando não se consegue a taxa de queda
desejada através do fechamento de orelhas. Podemos chegar nas taxas de afundamento de 7 m/s.
Neste caso, não estamos voando para frente e sim caindo (parachutando).
Vôo normal
Trajetória
89
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
Vôo normal
Tirante “B” puxado
Mantemos assim, segurando os tirantes “B”, até a decisão de voltar a voar novamente.
Soltar simetricamente contando um, dois, três, já, e o piloto deverá empurrar ambos os
tirantes “B” para cima. Iremos pendular novamente para frente e para trás até estabilizar num vôo
reto (conforme o parapente, há necessidade do piloto intervir para sair da parachutagem, acelerando
ou adiantando os tirantes “A”. Jamais freie!!!).
90o 180o
270o 360o
91
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
5.5.5 - CRAVETE
Esta manobra hoje está em desuso, pois coloca toda a estrutura do parapente a enormes
esforços e expõe o piloto desnecessariamente ao risco. Na maioria dos parapentes atuais, esta
manobra não é recomendada.
É executada com o colapso das linhas internas do elevador frontal (tirante “A”),
normalmente uma linha do meio de cada lado, pode se dizer que é o contrário do procedimento para
se fazer orelha. Precisa ser simétrico e executado com precisão.
O parapente perde as células do meio em função do estol das linhas centrais e voa com
as extremidades, normalmente provocando um movimento para frente e para trás, similar a um
remador. Basta soltar as linhas e o parapente retoma o vôo normal.
Podem acontecer outros colapsos na saída do cravete, quando o parapente tenta retomar
sua condição normal de vôo.
É uma manobra que causa um esforço muito grande em pontos críticos do equipamento.
Causa perda de altura e dirigibilidade, pois não temos comando, o parapente não tem direção
definida e esta manobra deve ser feita por pilotos bastante experientes, em total condição de
segurança.
92
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
20 100
40 100
0 100
100% (mínima)
20 100
40 100
0
% 25%
40%
50%
100%
O vôo com excesso de freio é o sintoma, é o sinal que precede uma situação de spin
negativo; tentar girar uma térmica com raio muito pequeno e fechado de curva ou tentar apertar uma
curva contra a encosta para não perder o lift – estas são situações que exigem um limite mínimo de
velocidade. Se o piloto soltar um dos freios e a resposta do equipamento não for previsível, pode
estar com um problema. A negativa é uma situação que não se tem controle, não se pode prever os
acontecimentos, os balanços e chacoalhos. Portanto, evite voar próximo da velocidade mínima.
93
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
Durante o vôo normal, podemos ser acertados por correntes de ar com direções
diferentes, desde que se tenha feito uma avaliação metereológica para isto (horário térmico e
turbulento).
O ar está subindo em um lado da vela e descendo do outro, em seus 10 a 12 metros de
envergadura e fatalmente irá forçar o ar interno a sair por algum lugar.
O parapente fecha uma parte (de 30 a 70%) de um dos lados. Os parapentes saídas de
escola e intermediários tendem a voltar por si só ao vôo normal, entretanto, a interferência do piloto
ajuda a acelerar a abertura. Já alguns parapentes performance e de competição não reabrem e
precisam da interferência do piloto.
O piloto pode provocar um colapso assimétrico, puxando um dos tirantes “A” para
baixo, manobra que deve ser feita sob a supervisão de um instrutor habilitado e em condições de
segurança.
94
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
Impedir que o parapente entre em giro, faz parte do procedimento do piloto para reabrir
o parapente. Fique calmo, pois o parapente pode voar com menos da metade de sua área inflada.
No caso de uma fechada violenta, primeiramente o piloto terá que conter o giro do
parapente. Para isso, deve aplicar um pouco de freio no lado do parapente que ficou aberto,
evitando o giro. Em seguida, deve reabrir o lado fechado, acionando o freio do lado fechado longa e
progressivamente, até que o parapente reabra. Bombadas fortes e curtas não surtem efeito. Todos os
movimentos devem ser progressivos.
Para colapsos de 30, 40, 60 ou 70 % de área fechada, controle o vôo e recupere a vela
como descrito acima.
Esteja preparado para uma perda considerável de altura.
É a partir de uma ação violenta ou tardia nos comandos que uma situação de colapso
controlável conduz a situações irrecuperáveis.
As fechadas fazem parte do vôo de parapente. O ruído provocado pela deformação do
tecido (fechada) assusta o piloto, mas mantenha a calma e controle a situação. Lembre-se que você
está voando em um tecido flexível e o ar ao redor nunca é totalmente estável.
95
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
5.6.3 – TWIST
O Twist ou torção no eixo vertical do piloto pode acontecer quando ao decolar de costas
(decolagem invertida), o piloto gira para o lado contrário de sua torção, ou ainda, em uma situação
turbulenta sofre um colapso assimétrico de grandes proporções e cai na selete antes de controlar a
pane.
Para retomar o vôo normal, o piloto precisa intervir na situação, tentar distorcer o giro,
forçar a inversão da rotação. É bem complicado tentar pilotar e pousar de costas para o
deslocamento de vôo.
Aconselha-se a não utilizar os comandos do parapente nesta situação, pois, como os
tirantes estão torcidos, o comando depois de acionado pode ficar preso na torção dos tirantes e não
voltar a sua condição inicial, mantendo o comando mesmo depois do piloto soltá-lo. Assim, com os
comandos presos, o piloto aciona o comando para realizar uma curva e o parapente descreve uma
espiral positiva.
Tente desfazer o twist e depois retome os comandos. Caso não haja altura de segurança,
não pense, acione o paraquedas reserva!!!
twist
96
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
Cheque o pino-trava antes de cada decolagem, evitando que por descuido, o reserva caia
durante o vôo, provocando sérios acidentes.
A cada 6 meses ou no máximo um ano, o pára-quedas de emergência deve ser aberto e
inspecionado, redobrado por uma pessoa de confiança, de preferência com você acompanhando.
Os problemas advindos do reserva dobrado por muito tempo sem inspeção são:
magnetização das costuras e adesão dos gomos do tecido, apodrecimento do elástico das linhas,
acúmulo de detritos no container e enroscamento de linhas.
A queda de um paraquedas reserva nunca será a mesma, portanto, não há “treino” para
descidas com reservas.
97
CUESTA PARAPENTE – Capítulo V – Técnicas de Pilotagem – Manobras
5.8 - CONCLUSÕES
Este capítulo descreve várias situações que não devem ser provocadas.
E, se executadas, devem ser mediante a supervisão de um instrutor qualificado, sob todas
as normas e totais condições de segurança.
Todos os equipamentos, especificamente o parapente, não foram concebidos para
acrobacias ou manobras extremas. No entanto, todos os testes do equipamento são feitos sob
extremo rigor técnico e condições máximas de segurança.
Esteja atento aos limites do equipamento, às recomendações no manual do fabricante e
não se exponha ao risco sem necessidade.
Você tem o resto da vida pra voar, se a condição não estiver favorável naquele dia, volte
outro dia.
Lembre-se: uma simples fratura lhe tira o prazer de voar por, no mínimo, um mês.
Edson
Décio
Mauro
Marcel e
Bárbara
98