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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO (PRPPG)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA E GESTÃO EM EDUCAÇÃO A


DISTÂNCIA

SÍLVIA LETÍCIA DA SILVA FERREIRA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EaD) E INCLUSÃO SOCIAL: Percepções dos docentes da


Unidade Acadêmica de Educação a Distância e Tecnologia (UAEADTec/UFRPE) sobre a
mediação da EaD na formação superior em comunidades tradicionais (indígenas e
quilombolas)

Subprojeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-


Graduação em Tecnologia e Gestão em Educação a Distância.
Linha de Pesquisa: Gestão e Produção de Conteúdos para
Educação a Distância. Possível orientador: Prof. José de Lima
Albuquerque. Projeto de Pesquisa: Desenvolvimento Sustentável e
Educação a Distância.

RECIFE
2021
1

1 INTRODUÇÃO

A modalidade de educação a distância – EaD tem no seu marco histórico indícios de muitas conquistas e
avanços, além de melhorias na maneira em que as aulas são ministradas. Para isso, a EaD pode contar com as novas
tecnologias que foram surgindo, as quais contribuíram auxiliando na prática das aulas a distância e aumentando mais
ainda o número de pessoas com interesse em estudar e fazer um curso superior. “O desenvolvimento de novas
tecnologias digitais resultou em um crescimento exponencial no volume de informações e conhecimentos disponíveis, o
que os tornou mais facilmente acessíveis a mais pessoas em todo o mundo”. (REPENSAR, 2016, p. 28).

Com o advento desses avanços, da disseminação do uso dessas tecnologias trouxe novos rumos para educação
a distância em diversos aspectos através do suporte em ambiente virtuais de aprendizagem via internet. Araújo Jr. e
Marquesi (2009, p. 358) argumentam que “os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) podem ser definidos, na
perspectiva do usuário, como ambientes que simulam os ambientes presenciais de aprendizagem com o uso das TIC”.

Considerando a diversidade da realidade brasileira às dificuldades e às vezes até a impossibilidade de acesso às


tecnologias de informação e comunicação por grande parte da população, em especial as comunidades tradicionais,
percebeu-se a necessidade de investigar como a educação a distância pode potencializar a democratização do ensino
superior e a contribuir com benefícios no desenvolvimento humano profissional, cultural e social brasileiro. Realizar
investigações que atendam aos interesses e demandas da sociedade é uma questão que deveria ser intrínseca aos
currículos educacionais. (QUINTEIRO; FONSECA, 2018, p. 152). Neste sentido, a pergunta norteadora desta pesquisa
é saber quais as percepções dos docentes de graduação da Unidade Acadêmica da Educação a Distância da
Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, quanto a EaD como mediadora da formação superior em
comunidades tradicionais?

Visando levantar dados informacionais sobre a existência de cursos oferecidos às comunidades tradicionais no
território brasileiro na modalidade da educação superior à distância, a pesquisa analisará fontes documentais via
plataformas digitais (artigos de periódicos eletrônicos, e-books, relatórios oficiais, dissertações) além de material
bibliográfico impresso (livros e periódicos), como se encontra as populações tradicionais, suas expectativas em relação
ao ensino superior e seu futuro profissional.

O estudo pretende mostrar os benefícios, desafios, percepções para democratização da Educação a distância
para comunidades tradicionais, destaques para: Quilombolas e Indígenas em Pernambuco. Reforçando a importância da
inclusão à educação da população dessas comunidades, o interesse público em disponibilizar o acesso, as expectativas
se há por parte dessas populações tão vulneráveis às necessidades básicas e as relações entre parcerias com
universidades públicas que darão além do ensino o suporte através dos polos educacionais. No pensamento de Coelho e
Ponciano (2019, p.5) “as diferentes formas de aprendizagens advindas, envolvem saberes, habilidades e
comportamentos, relacionamentos e percepções sobre a participação social e os impactos na sociedade e na educação,
que as instituições, por meio de seus programas, podem alcançar”.

Com isso, este projeto se alia a importância e contribuição que uma oferta de curso na modalidade não
presencial pode trazer para essas comunidades. Sabemos que os desafios serão muitos, porém, mais do que isso é
preciso oportunizar a essas pessoas o direito às necessidades básicas que todo ser humano tem na vida. Podemos citar
no que determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação no Brasil (1996), especificamente no Art. 80 quando declara
2

que, “o Poder Público deve oferecer à EAD sempre que ela for salutar para o crescimento cultural e educacional dos
cidadãos brasileiros”.

A partir de mudança de perfil em universidades, promovendo o conhecimento, transformando e formando


melhor esses grupos, teremos a chance de contribuir no enriquecimento e proteção das culturas desses povos. Pode-se
entender nos argumentos que:

A EAD nas comunidades indígenas servirá para evitar o suposto “atraso” a que ficam condenados os
alunos indígenas pela falta de acesso às fontes de conhecimento e pelas dificuldades territoriais que
impactam na freqüência às aulas e na execução da capacitação de professores. E alguns anos de
investimentos poderão ver nas universidades brasileiras uma mudança de perfil, com mais alunos de
origem indígenas os quais, dotados de melhor formação, poderão contribuir para o enriquecimento e
proteger a cultura de seu povo. (SOUZA; ALMEIDA, 2015, p.8).

Assim como nas comunidades indígenas, as quais são muito restritas as possibilidades de melhorias, nas
comunidades quilombolas do Brasil, o estilo de vida que lhe é oferecido refletem nas suas atitudes, as limitações, às
oportunidades de serviços básicos de saúde e a precariedade de condições de vida, socioeconômicas, saneamento básico
e de saúde contribuem visivelmente. (ALMEIDA; CASOTTI, 2020, p.2). A oportunidade de estudar e ter acesso ao
conhecimento e as tecnologias, através da inclusão social e aos programas voltados para práticas educacionais podem
fazer a diferença nas ações habituais dessas comunidades tradicionais. Espera-se que essa interação traga por meio
virtual a aprendizagem para esses povos, visto que os avanços tecnológicos e o uso de ferramentas de comunicação se
encontram nas novas perspectivas na educação a distância.

Neste sentido, busca-se com este estudo contribuir na potencialização da educação a distância em comunidades
tradicionais situadas no Estado de Pernambuco, que serão representadas em específico por comunidades quilombolas e
indígenas, possibilitando assim agregar valores para todos os envolvidos.

2 PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS (diretos e indiretos)

Diante do proposto neste projeto os beneficiários diretos serão:

 Alunos das comunidades tradicionais que tenham concluído o nível médio e que tenham interesse de fazer o
curso de ensino superior, sendo contemplados com os cursos em EAD diretamente;
 Professores da Unidade Acadêmica da Educação a Distância e Tecnologia - UEADTec da UFRPE, os quais
terão a oportunidade de conhecer melhor o perfil dessa população suas necessidades e compartilhar o
conhecimento através das aulas, ensinamentos promovendo a aprendizagem dos mesmos;

Indiretos:

 As comunidades tradicionais as quais esses alunos estão inseridos avançando na questão educacional e social
na melhoria na disseminação de sua cultura e na construção dos saberes desses povos;
 A Universidade Federal Rural de Pernambuco será beneficiada indiretamente, proporcionando a inclusão
social e digital de grande parte da população dessas comunidades tradicionais.
3

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Investigar as percepções dos docentes de Graduação da UEADTec UFRPE quanto aos fatores de contribuição
e benefícios promovidos pela EaD na formação do superior para comunidades tradicionais em Pernambuco.

3.2 Objetivos Específicos

 Levantar a existência ou não de cursos a distância ofertados em Pernambuco para as comunidades tradicionais;
 Diagnosticar as comunidades atendidas e qual a situação que se encontra essa oferta em Pernambuco;
 Promover a divulgação do uso do programa AVAPOLOS para comunidades com problemas de conectividade
e as ações do MEC nesta perspectiva;
 Analisar a percepção dos docentes da graduação da UFRPE nos cursos da educação a distância quanto à
oferta de cursos para as comunidades tradicionais.

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 A Educação a Distância: breve panorama histórico

No contexto histórico da EaD ocorreram vários processos para que ela esteja como estar na atualidade,
primeiro as aulas iniciaram sendo ministradas por correspondências, com as melhorias tecnológicas essas aulas puderam
ser transmitidas pelo rádio e pela televisão, depois com o surgimento das universidades abertas, tele e videoconferência
via telefone, satélite, cabo e redes de computadores e, com a chegada da internet, as aulas passaram a ser ofertadas por
meios virtuais. Sem dúvida, entenda-se que a modalidade de uma educação a distância promove a integração da
tecnologia da informação e comunicação, conhecimento, ensino e aprendizagem, através das práticas e métodos
desenvolvidos e constantemente adaptados às necessidades informacionais através do tempo.

Para Moore (2013, p. 29) “a educação a distância, em termos gerais, permite muitas novas oportunidades de
aprendizado para um grande número de pessoas. Além do acesso [...] ela permite um maior grau de controle para o
aluno em relação à instituição de ensino, com consequências no que a instituição se propõe a ensinar e no modo como
ensina”.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação no Brasil (Lei nº 9394/1996) em 2005 o Planalto cria um Decreto de
nº 5622/2005 que regulamenta a lei, vejamos o que diz a respeito da EAD:

Modalidade educacional na qual a medição didático-pedagógica nos processos de ensino e


aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com
estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
(BRASIL, 2005).
4

Para um melhor entendimento, apontamos aqui alguns conceitos de estudiosos sobre EAD e o percurso desta
modalidade no Brasil, que estão relacionados ao tema proposto neste subprojeto:

Mello (2019, p.17) nos relata que “a EaD se refere a uma modalidade de ensino, a qual não deve ser
considerada uma metodologia educacional. Desta forma, a mesma não é outro tipo de educação, mas, outra modalidade,
a qual, ainda, pode proporcionar inovações das práticas pedagógicas”.

Felix (2019, p.22) salienta que “os conceitos de educação a distância são diversificados na visão de vários
autores, porém há uma característica em comum, a de que a EaD ocorre por meio de atividades acadêmicas com a
construção de conhecimento entre professores e alunos, com o auxílio de ferramentas tecnológicas em lugares
diferentes”.

Costa (2017, p.65) em seus argumentos diz que a EaD “é uma forma de ensino-aprendizagem mediada por
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) que permitem que o professor e o estudante estejam em ambientes
físicos diferentes”.

Diante do que foi exposto, a utilização de recursos digitais, seja na prática da aprendizagem através das
atividades de educação a distância, sejam recursos para atividades laborais em casa e de capacitação profissional pelas
instituições de ensino superior tem sido utilizado bastante dessas ferramentas que colaboram para o bom andamento das
atividades em ambientes virtuais.Podemos dizer que a modalidade de educação a distância contribui na relação da
administração do tempo pelo aluno, o processo de autonomia por ele na realização das suas atividades no momento que
as considere própria, isso claro, respeitando as limitações determinadas para o andamento das atividades do curso, desde
o diálogo com os pares na troca de informações e no desenvolvimento das produções coletivas e colaborativas.A EaD se
destaca pela flexibilidade, seja de horários e pelas formas de estudo, sendo a uma boa opção para pessoas que trabalham
durante todo o dia ou pessoas de comunidades em regiões geográficas distantes e com dificuldade de acesso presencial
aos estudos.

4.2 A Educação a Distância em Comunidades Tradicionais e a Democratização do Ensino


Superior

As comunidades tradicionais aqui serão representadas pela comunidade quilombola e pela comunidade
indígena. Sabe-se que priorizar o acesso à educação superior para essas comunidades é ter políticas públicas
educacionais de natureza social e é papel do Estado. A democratização da educação esteve em pauta desde o Brasil
Império, sendo atualizada em cada fase da história segundo as necessidades que emergem da própria sociedade. Nesse
sentido, a pauta atual é o desenvolvimento da educação na modalidade de ensino a distância. (APARECIDO;
ZAMBON, 2020, p.2).

Podemos refletir então: quais ações estão sendo utilizadas hoje no Brasil quanto a oferta de cursos em EAD para
essas comunidades? Quais legislações orientam as políticas educacionais? Como está o cenário da EAD como
modalidade democrática de ensino para as comunidades tradicionais?O que aborda o Plano Nacional da Educação
(PNE) e a situação da EAD para esses povos?O que regulamenta a LDB para o Ensino Superior para essas comunidades
tradicionais? Estas são algumas questões que serão discutidas e respondidas ao longo do desenvolvimento do estudo.
5

Considerando as adversidades encontradas no caminho para implantação da educação a distância, podemos


citar alguns desafios que devem ser encarados como estímulo e assim superados. Podemos citar entraves como: Psico-
socio-culturais, operacionais, tecnológicos, sociais, metodológicos, legislação, formação de equipe técnica; logística,
culturais, sociais, além de outros específicos enfrentados por organizações de governo. (EDUCAÇÃO, 2006, p.17).

Neste sentido, percebemos a existência de vários desafios para a EaD, principalmente no âmbito da inclusão,
da acessibilidade e outros fatores. Com isso, não podemos deixar que a exclusão esteja presente nas comunidades
tradicionais. É importante que a educação a distância seja pensada e ofertada para esses povos, configurando assim, a
democratização e inclusão social para essas comunidades de outras etnias. O Ministério da Educação – MEC define
etnia como:

De acordo com o artigo 2º do Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, os quilombos são


“grupos étnico-raciais segundo critérios de auto atribuição, com trajetória histórica própria, dotados
de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a
resistência à opressão histórica sofrida”. As comunidades quilombolas no Brasil são múltiplas e
variadas e se encontram distribuídas em todo o território nacional, tanto no campo quanto nas cidades.
(BRASIL, 2003).

De acordo com a Fundação Cultural Palmares do Ministério da Cultura, existem no Brasil 3.754 comunidades
quilombolas em Pernambuco 1951. Já o censo do IBGE de 2010, nos informa que há 305 diferentes etnias indígenas no
país.2 Segundo informações no site do MEC, em 2009 algumas propostas foram lançadas no 1º Congresso Brasileiro de
Acadêmicos, Pesquisadores e Profissionais Indígenas, realizado na Universidade de Brasília, sobre o interesse pela
criação de universidades em áreas indígenas, concessão de bolsas de estudos para pesquisadores da área, entre outros
assuntos. Mostra-se que essas comunidades estão dispostas a lutar pelos direitos.

Vejamos o que diz a LDB (1996) os Art. 78 e 79, incisos 1º ao 3º sobre a assistência de educação a distância as
comunidades indígenas:

Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de fomento à cultura
e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de
educação escolar bilíngüe e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a
reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e
científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias.
Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no provimento da educação
intercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo programas integrados de ensino e pesquisa.
§ 1º Os programas serão planejados com audiência das comunidades indígenas.
§ 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos Planos Nacionais de Educação, terão os
seguintes objetivos:
I - fortalecer as práticas sócio-culturais e a língua materna de cada comunidade indígena;
II - manter programas de formação de pessoal especializado, destinado à educação escolar nas
comunidades indígenas;
III - desenvolver currículos e programas específicos, neles incluindo os conteúdos culturais
correspondentes às respectivas comunidades;

1
Dados retirados do site: http://www.palmares.gov.br/?page_id=37551
2
Dados retirados do site: http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-
sao#:~:text=Hoje%2C%20segundo%20dados%20do%20censo,no%20pa%C3%ADs%20274%20l%C3%ADnguas%20ind%C3%AD
genas.
6

IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático específico e diferenciado.


§ 3º No que se refere à educação superior, sem prejuízo de outras ações, o atendimento aos povos
indígenas efetivar-se-á, nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta de ensino e de
assistência estudantil, assim como de estímulo à pesquisa e desenvolvimento de programas
especiais.

Apesar da expressão da educação a distância não ser citada, há uma oferta de cursos ligados a educação
superior a comunidades indígenas, porém de modalidades presencial.

O Ministério da Educação oferece uma plataforma de educação a distância chamada AVAMEC que é o
Ambiente Virtual de Aprendizagem, sendo este um ambiente virtual colaborativo de aprendizagem que permite a
concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de ações formativas, como cursos a distância,
complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio
educacional a distância ao processo ensino-aprendizagem. Assim, identificamos cada vez mais, o surgimento de novos
incentivos para a melhoria da qualidade dos estudos nos cursos a distância.

Nesse cenário educacional contemporâneo não podemos deixar de salientar que as comunidades tradicionais
enfrentam além dos desafios da falta de necessidades básicas, a impossibilidade e a limitação de acesso pela falta de
recursos tecnológicos de conectividade. No mercado há algumas soluções tecnológicas que oferecem a possibilidade de
ter acesso à informação, acesso a cursos na modalidade EaD. O AVAPOLOS é uma ferramenta que leva a internet a
lugares aonde ela não chega ou é limitada com a conectividade. Esta ferramenta foi desenvolvida pelo Centro de
Ciências Computacionais da Universidade Federal do Rio Grande – FURG, em parceria com a SeaD, o projeto foi
iniciado pela CAPES, sendo uma solução de código aberto (Open Source) soba licença de GPLv3. Trata-se da
instalação automática e disponibilização de um pacote de serviços de apoio a EAD com dados acessíveis aos alunos
mediante a uma rede local, ou seja, intranet. (PROJETO, 2020). Temos com isso uma ferramenta tecnológica que
poderá agregar contribuições relevantes para prática da educação a distância nas comunidades tradicionais.

4.3 A Inclusão Social da Educação nas Comunidades Tradicionais

As comunidades tradicionais ou populações tradicionais são consideradas segundo o Decreto Federal nº. 6.040
de 7 de fevereiro de 2000 da Constituição Federal (1988), “ São grupos que possuem culturas diferentes da cultura
predominante na sociedade e se reconhecem como tal”. Por possuir suas formas próprias de organização social, eles
ocupam e utilizam o território e recursos naturais condicionando sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e
econômica, através da tradição geram e transmitem conhecimento, inovações e práticas. Estima-se que no Brasil, cerca
de 4,5 milhões de pessoas fazem parte de comunidades tradicionais3, correspondendo 25% do território nacional.

No Brasil as políticas de inclusão voltadas para as instituições federais são representadas pelos programas
como REUNI, PNAES e a Política de Cotas, essas políticas de democratização devem priorizar o setor público, pois
este, prima a formação de qualidade através da pesquisa e extensão. A maior atribuição da educação superior brasileira
é oferecer o ensino superior de modo democrático e igualitário e com qualidade.

3
Dados retirados do site: http://www.ecobrasil.eco.br/30-restrito/categoria-conceitos/976-comunidades-ou-populacoes-tradicionais
7

Nesse sentido, pode-se dizer que:

O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), aprovado em 2007: o Ministério da Educação


(MEC) estabelece um plano que conjuga programas para a educação básica e a educação superior,
mediante leis, decretos, resoluções e portarias [...] REUNI e fortalece o Programa Universidade para
Todos (PROUNI) e o Fundo de Financia- mento Estudantil (FIES). Presente está a ideia de inclusão
social, a fim de contemplar “os excluídos pelo filtro de natureza econômica. (PAULA, 2017, p.308).

Vejamos o que diz a autora sobre a iniciativa do Programa de Bolsa Permanência, referente a Portaria 389 de
09/05/2013 do Governo Federal:

O Programa expressa a intenção de contribuir para a permanência e diplomação dos estudantes de


graduação das IFES (em especial indígenas e quilombolas) em situação de vulnerabilidade
socioeconômica, reduzir problemas provocados por evasão e promover ações complementares com
vistas ao desempenho acadêmico. Define que, entre outros critérios, o candidato à bolsa possua renda
familiar per capita não superior a 1,5 salário mínimo e esteja matriculado em curso com carga horária
média superior ou igual a 5 horas diárias. (PAULA, 2017, p.308).

Diante do exposto, vimos que a inclusão desses povos desfavorecidos socialmente nas instituições depende da
intensificação de políticas públicas educacionais que possam diminuir as profundas desigualdades sociais ainda
existentes no Brasil. Sendo preciso também que as universidades federais se reestruturem internamente a partir de novas
práticas pedagógicas, rompendo preconceitos e desmontando as inflexibilidades do sistema, tornando-as prontas para
receber este novo perfil de população historicamente desassistida do ensino superior.

5 METODOLOGIA

Para os processos metodológicos será uma pesquisa aplicada que nos argumentos de Cervo, Bervian e Silva
(2007, p.60) ”o investigador é motivado pela necessidade de contribuir para fins práticos mais ou menos imediatos,
buscando solução para problemas concretos; e descritiva Gil (2008, p. 28) nos relata que “pesquisas deste tipo têm
como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento
de relações entre variáveis”. Ainda nas palavras de Cervo, Bervian e Silva (2007, p.62) “a pesquisa descritiva em suas
diversas formas, trabalha sobre dados ou fatos colhidos da própria realidade”.

Quanto aos procedimentos serão: documental, onde a fonte de coleta de dados está restrita a documentos,
escrita ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato
ou fenômeno ocorre, ou depois. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p 174); bibliográfica que se caracteriza por um
apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer
dados atuais e relevantes relacionados com o tema. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p 158); e pesquisa de
campo “estuda-se um único grupo ou comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação de
seus componentes”. (GIL, 2008, p. 57).

A pesquisa se desenvolverá por meio de uma abordagem qualitativa, pois conforme Richardson (2017) “A
abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma
8

forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social”. Ainda de acordo com Marconi e Lakatos (2017,
p.269) a pesquisa qualitativa “preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a
complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes,
tendências e comportamento, etc”.

Os sujeitos da pesquisa serão os Professores dos cursos de Graduação da Unidade Acadêmica de Educação a
Distância e Tecnologia – UEADTec da UFRPE e as Comunidades Tradicionais Quilombolas e Indígenas.

Quanto aos instrumentos de coleta de dados, pretende-se realizar entrevista semiestruturada com os líderes das
comunidades quilombolas e indígenas. Permitindo um diálogo que constantemente abrirá novos rumos e novas
perguntas deverão ser feitas e encadeadas, evitando-se assim a interrupção abrupta da narrativa, diálogo fluente e
interessante para o entrevistado, que deverá se sentir bem com a curiosidade do entrevistador. (FARIAS FILHO;
ARRUDA FILHO, 2015, p.133).

Será aplicado um questionário com perguntas abertas, fechadas e de múltipla escolha com os docentes da
Graduação da UEADTec UFRPE, via formulário digital do Google, e possivelmente diários de campo nas
comunidades. O uso desse instrumento possibilita medir com mais exatidão o que se deseja, é o meio de obter respostas
às questões por uma fórmula que o próprio informante preenche. Todo ele deve ter natureza impessoal assim
assegurando de maneira uniforme na avaliação de uma situação para outra, uma de suas vantagens é a de os
respondentes se sentirem mais confiantes devido o anonimato, possibilitando coletar informações e respostas mais reais,
o que talvez não possa acontecer na entrevista, deve ainda ser limitado em sua extensão e finalidade. (CERVO;
BERVIAN; SILVA, 2007, p. 53).

Para a análise de dados, utilizaremos a análise de conteúdo na pesquisa documental, tendo como objetivo
primeiro de interpretar os fenômenos apresentados pelo pesquisador, os quais tanto a pessoa como a sociedade não
compreendem, pressupõe a compreensão da análise do discurso, entendendo tanto a expressão como o significado, em
que o texto, a fala, é um meio de expressão, dando sentido às palavras. (CAMPOS, 2018, p.323 e 325).

Conforme Bardin (2011) a “análise dos dados a partir da análise de conteúdo é um meio de explicitar e
sistematizar o conteúdo a partir das informações encontradas”. Sendo a organização da análise baseando-se na pré-
análise, na exploração do material e no tratamento dos resultados [ ...]. (CAMPOS, 2018, p. 344). Pretende-se realizar a
transcrição dos dados fornecidos pelos sujeitos participantes para que tenhamos subsídios relevantes e agregadores para
a construção do produto final da pesquisa.
9

6 CRONOGRAMA

2021
Atividades

Maio

Ago.

Nov.
Mar.

Dez.
Abr.
Fev.

Out.
Jun.
Jan.

Set.
Jul.
Participação nas disciplinas X X X X X X X X X
Levantamento bibliográfico X X X X X X X X X X
Elaboração do projeto X X X X X X X
Reuniões com o orientador X X X X X X X X X
Adaptação do projeto X X X
2022
Atividades

Maio

Ago.

Nov.
Mar.

Dez.
Abr.
Fev.

Out.
Jun.
Jan.

Set.
Jul.
Levantamento bibliográfico X X X X X X X X X X X X
Entrevista X X
Aplicação do questionário X X X
Coleta dos dados X X X
Análise dos Dados X X X
Reuniões com o orientador X X X X X X X X X X
Submissão de artigos X X
Participação em Eventos X X
Adaptação do Projeto X X X
Qualificação do Projeto X
Escrita da Dissertação X X X X X X X X X
Revisão da Dissertação X

Defesa da Dissertação X

7 RESULTADOS ESPERADOS

 Espera-se com este estudo, identificar um número significativo de comunidades tradicionais atendidas por
programas de ensino superior a distância;
 Contribuir somando as demais publicações que se preocupam em mostrar nos seus estudos a importância da
inclusão educacional superior e digital nas comunidades tradicionais em Pernambuco;
 Ampliar conhecimentos a partir desse levantamento de dados sobre a oferta de cursos de nível superior para
desenvolvimento das comunidades e elevar a sua cultura;
 Conhecer as percepções dos professores da Graduação que atuam na Unidade Acadêmica em Educação a
Distância e Tecnologia UEADTec da UFRPE quanto a ofertar cursos para essas comunidades;
 Contribuir para que a UFRPE amplie seu papel social dentro dessas comunidades tradicionais.
 Motivar a produção científica nessa temática em alunos da EAD UFRPE.
10

8 PRODUTOS (benefícios e impactos)

Benefícios:

 A formação superior de alunos das comunidades tradicionais, sua inserção no cenário tecnológico,
desenvolvimento de habilidades práticas de ensino e aprendizagem. O impacto que trará para essas
comunidades será a possibilidade de competir no mercado de trabalho, garantindo uma educação inicial e
continuada, a partir do comportamento e comprometimento da população aqui estudada.

Impactos:

 A ideia do produto será a construção de possíveis guias ou tutoriais ou manuais para os professores e para os
alunos das comunidades tradicionais, com o propósito de contribuir no conhecimento das necessidades sobre
as comunidades. Porém, os produtos só serão definidos após o recolhimento de dados concretos que justifique
a elaboração dos materiais propostos.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Claudio Bispo de; CASOTTI, Cezar Augusto. Estilo de vida da população afrodescendente: revisão
integrativa. Journal of nursing and health, v.10, n. esp. 2020. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/342795117_Estilo_de_vida_da_populacao_afrodescendente_revisao_integrati
va_Afro-descendant_population_lifestyle_integrative_review. Acesso em: 12 jan. 2021.

APARECIDO, Cristina Tischer Ranalli; ZAMBON, Marcelo Socorro. Democratização da educação e a expansão do
ensino a distância no Brasil: uma reflexão da meta 12 do plano nacional da educação 2014-2024. Teoria & Prática:
Revista de Humanidades, Ciências sociais e Cultura, Limeira, SP, v.2, n.1, Jan-jun. de 2020. Disponível em:
http://isca.edu.br/revista/index.php/revista/article/view/24/19 Acesso em: 08 jan. 2021.

ARAÚJO Jr, Carlos Fernando de; MARQUESI, Sueli Cristina. Atividades em ambientes virtuais de aprendizagem
parâmetros de qualidade. In: LITTO, Fredric Michael; FORMIGA, Manuel Marcos Maciel (Orgs.). Educação a
distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p. 358-368.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 48.ed. Brasília, D.F.: Câmara dos Deputados, 2015. 112
p. (Série Textos Básicos; 121.).

BRASIL. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5622.htm. Acesso em: 08 jan. 2021.

BRASIL. Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003. Regulamenta o procedimento para identificação,


reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos
quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4887.htm#:~:text=Regulamenta%20o%20procedimento%20para%
20identifica%C3%A7%C3%A3o,Ato%20das%20Disposi%C3%A7%C3%B5es%20Constitucionais%20Transit%C3%
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