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Figo Preto de Torres Novas
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alcançou as 116 t, enquanto as importações foram condições edafoclimáticas da região e foi ganhando
de 1100 t (INE, 2019). novos terrenos e começando a ter uma grande im-
Para inverter esta tendência, urge aumentar a pro- portância do ponto de vista socioeconómico.
dução e a qualidade da mesma, de modo a poder Esta é uma variedade bífera, não necessitando de
competir, tanto no mercado interno, como no ex- caprificação. A produção de figos lampos é peque-
terno, com um produto de excelência e com custos na na maioria dos anos e a maturação dos figos
de produção controlados. vindimos dá-se no início de agosto. Os frutos são
de pequeno calibre e arredondados ou globosos. A
O figo na região de Torres Novas epiderme é violácea, lisa, com pouco polvilho e com
Torres Novas é uma região tradicionalmente pro- fendilhamento irregular pouco marcado.
dutora de figo, que apresenta algumas vantagens Os frutos apresentam um elevado teor em açúcar,
competitivas, nomeadamente ao nível dos solos e sendo, por isso, uma variedade de elevado rendi-
do clima, dada a proximidade da serra d’Aire, que mento em álcool. De facto, até aos finais da década
tem um papel determinante na moderação da tem- de 70 do século passado, todo o figo era utilizado
peratura e humidade relativa do ar. É de referir a como matéria-prima nas destilarias para a elabora-
especial adaptação de duas variedades de figo, o ção de álcool e alguma aguardente. O surgimento de
Figo Preto de Torres Novas, característico da re- alternativas mais baratas para a produção de álcool,
gião e único, e o Figo Pingo de Mel, com especial como a beterraba, fez com que esse destino comer-
interesse do ponto de vista comercial. cial do figo deixasse de ser rentável (Sousa et al.,
Em particular, a produção do Figo Preto de Torres 2002). A produção de figo seco continuou a fazer-se,
Novas, ou também conhecido como “Mulato” ou mas unicamente para o consumo humano ou animal
“Industrial”, remonta ao princípio do século XIX. e, residualmente, para a produção de aguardente.
Foi nessa altura que começou a implantação do fi- Contudo, o preço da mão de obra para a colheita e a
gueiral torrejano como alternativa à vinha que foi não valorização do figo seco dificultou ainda mais a
muito afetada pela filoxera. Surgiram, assim, vastos continuidade da cultura de uma forma rentável.
figueirais, predominando a variedade Figo Preto Com o intuito de mudar esta situação e melhorar
de Torres Novas, que teve uma boa adaptação às a qualidade e produtividade dos figueirais através
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L* a* b* °Hue
Colorimétricos
29,57 ± 2,46 2,61 ± 0,19 -2,49 ± 0,18 316,41 ± 20,23
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Bibliografia
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Madrid, Espanha: 417-425.
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Figura 5 – Figo Preto de Torres Novas seco, processo
Sousa, R.M.; Rodrigues, A.C.; Dias Pablo, F. (2002). Avalia‑
de secagem ao ar livre e apresentação do produto
ao consumidor (Fonte: https://doceterra.wixsite.com/ ção de variedades de figueira para a produção de figos
doceterra, Rosagro – Sociedade Agrícola, Lda.). lampos. Vida Rural (Agosto): 18-21.
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