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IntroducaoaAnaliseFuncionaleTeoriaEspectral Novo Traduzido 2018
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IntroducaoaAnaliseFuncionaleTeoriaEspectral Novo Traduzido 2018
net/publication/338213554
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3 authors, including:
Marcelo M. Cavalcanti
Universidade Estadual de Maringá
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Stabilisation of a wave equation with localised memory term and boundary frictional damping View project
All content following this page was uploaded by Marcelo M. Cavalcanti on 28 December 2019.
Vilmos Komornik
Université Louis Pasteur
Département de Mathématique
Maringá
2010
ii INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Ficha Catalográfica
2 Os Teoremas de Banach-Steinhaus e
do Gráfico Fechado 61
2.1 Um Repasso ao Teorema de Baire . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.2 Teorema de Banach-Steinhaus ou da Limitação Uniforme . . . . . 65
2.3 Teorema da Aplicação Aberta e do Gráfico Fechado . . . . . . . . 71
iii
iv INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
2.4 Ortogonalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
2.5 Operadores Não Limitados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
2.6 Adjunto de um Operador Linear Não Limitado . . . . . . . . . . . 89
Índice 475
Apresentação
vii
viii INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Os autores.
Capı́tulo 1
Hans Hahn (1879 - 1934), à esquerda, foi um matemático Austrı́aco que é mais lembrado
pelo Teorema Hahn-Banach. Ele também realizou contribuições importantes no Cálculo
das Variações, desenvolvendo idéias de Weierstrass.
Stefan Banach (1892 - 1945), à direita, foi um matemático Polonês que fundou a Análise
Funcional Moderna e fez maiores contribuições à teoria de espaços vetoriais topológicos.
Além disso, ele contribuiu na teoria de medida e integração e séries ortogonais.
11
12 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Vejamos alguns exemplos. Seja C(a, b) o espaço das funções reais e contı́nuas
em [a, b]. Consideremos:
β
f (λx) = λf (x) = f (x) = β,
f (x)
ou seja, toda forma linear não nula sobre E assume todos os valores reais, isto é,
f (E) = R. Como consequências, podemos escrever que
1) Se f é uma forma linear sobre E e f (x) > α, para todo x ∈ E, então
a) α < 0,
b) f (x) = 0, para todo x ∈ E,
a) α > 0,
b) f (x) = 0, para todo x ∈ E.
FORMAS LINEARES 13
ou seja, f = fα . Logo,
Definamos,
φ : R → R∗
α 7→ fα .
R ≈ R∗ . (1.8)
Definimos
E × F = {(x, y); x ∈ E, y ∈ F }
14 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Lema 1.1 (E × F )∗ ≈ E ∗ × F ∗ .
fE (x) = f (x, 0), para todo x ∈ E e fF (y) = f (0, y), para todo y ∈ F.
ψ : (E × F )∗ → E ∗ × F ∗
f 7→ ψ(f ) = (fE , fF ).
posto que
e como h(0) = e(0) = 0, uma vez que e e h são lineares, temos que
(E × F )∗ ≈ E ∗ × F ∗
Em particular, se E = F = R, então (R2 )∗ ≈ R∗ × R∗ ≈ R × R = R2 . Daı́
resulta que se f é uma forma linear sobre o R2 , então existem α, β ∈ R tais que
f (x, y) = αx + βy; x, y ∈ R.
Se f é uma forma linear sobre E × R, então existe g ∈ E ∗ e α ∈ R tais que
f (x, y) = g(x) + αy, x ∈ E, y ∈ R.
A expressão acima realmente define uma norma sobre L(E, R). De fato, veri-
fiquemos primeiramente a propriedade
(N 1) ||f ||L(E,R) = 0 ⇔ f = 0.
com ||x||E ≤ 1, o que prova que ||f ||L(E,R) + ||g||L(E,R) é uma cota superior para
o conjunto {|f (x) + g(x)|; x ∈ E tal que ||x||E ≤ 1} e portanto
|λf (x)| = |λ||f (x)| ≤ |λ| ||f ||L(E,R) , para todo x ∈ E com ||x||E ≤ 1,
e, portanto
donde
1
||f ||L(E,R) ≤ ||λ f ||L(E,R) ⇒ |λ| ||f ||L(E,R) ≤ ||λ f ||L(E,R) ( se λ ̸= 0).
|λ|
|f (x)|
||f ||L(E,R) = sup |f (x)| = sup
x∈E x∈E ||x||E
∥x∥E =1 x̸=0
temos que
ou seja,
Por outro lado, dado ε > 0, existe y ∈ E tal que ||y||E ≤ 1, y ̸= 0 e |f (y)| >
||f ||L(E,R) − ε. Pondo-se x = y
||y||E então, ||x||E = 1 e, além disso,
|f (y)| 1 1
|f (x)| = = |f (y)| ≥ |f (y)| ( já que ≥ 1).
||y||E ||y||E ||y||E
Assim,
|f (x)| ≥ |f (y)| > ||f ||L(E,R) − ε ⇒ ||f ||L(E,R) − ε < sup |f (x)|.
x∈E
∥x∥E =1
donde
|f (x)|
sup ≤ sup |f (x)|. (1.14)
x∈E ||x||E x∈E
x̸=0 ∥x∥E =1
Por outro lado, dado ε > 0, existe y ∈ E tal que ||y||E = 1 e |f (y)| >
||f ||L(E,R) − ε (note que ||f ||L(E,R) = sup x∈E |f (x)|). Definindo-se x = λ y,
∥x∥E =1
onde λ ∈ R\{0}, resulta que ||x||E = |λ| ||y||E = |λ|. Logo,
| {z }
=1
(1) f é limitada,
(2) f é contı́nua no ponto x = 0,
(3) f é contı́nua em E.
Demonstração:
(1) ⇒ (2) Seja f limitada. Então, de acordo com (1.16) resulta que |f (x)| ≤
||f ||E ′ ||x||E , para todo x ∈ E. Como f (0) = 0 então dado ε > 0 decorre imedia-
tamente que existe δ = ε
||f ||E ′ tal que se ||x||E < δ então |f (x)| < ε, o que prova
a continuidade de f em x = 0.
sup |f (µ x)| ≤ ε,
x∈E
∥x∥E =1
20 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
e, consequentemente,
ε
sup |f (x)| ≤ ,
x∈E µ
∥x∥E =1
2n
@
@
@
@
@
@ -
0 1/n 1
Temos:
∫ 1 ∫ 1/n
||fn || = |fn (t)| dt = | − 2n2 t + 2n|dt
0 0
∫ 1/n
1/n 1/n
= (−2n2 t + 2n) dt = −n2 t2 |0 + 2nt|0 = 1,
0
para todo n ∈ N∗ .
Assim,
||δ0 ||(C(0,1))′ = sup |δ0 (x)| ≥ sup |δ0 (fn )| = sup 2n = +∞,
x∈C(0,1) n n
∥x∥C(0,1) =1
e, portanto,
∑n
onde x = i=1 xi ei e {e1 , · · · , en } é uma base para Rn .
A notação ||x||∞ provém do fato que
donde
1/p
max {|xi |} ≤ [|x1 |p + · · · + |xn |p ]
1≤i≤n
[ ( )p ]1/p
≤ n max {|xi |}
1≤i≤n
√
= p
n max {|xi |}.
1≤i≤n
√
Como limp→+∞ p
n = 1 da desigualdade acima resulta que
1/p
lim [|x1 |p + · · · + |xn |p ] = max {|xi |}.
p→+∞ 1≤i≤n
Definição 1.7 Seja X um conjunto e R uma relação definida entre alguns ele-
mentos desse conjunto. X é dito parcialmente ordenado sob a relação R se as
seguintes condições são satisfeitas entre os elementos de X que são comparáveis
com respeito à R:
(1) Seja a ∈ X. Então aRa (reflexividade)
(2) Sejam a, b, c ∈ X. Então aRb e bRc ⇒ aRc (transitividade)
(3) Para a, b ∈ X se aRb e bRa, então a = b.
Além disso, se dado dois quaisquer elementos de X uma das relações
aRb ou bRa
Exemplo 1: Seja X o conjunto dos números reais e seja R a relação dada por ≤.
É claro que para quaisquer números reais a, b e c
(1) a ≤ a,
(2) a ≤ b e b ≤ c ⇒ a ≤ c,
(3) a ≤ b e b ≤ a ⇒ a = b.
Além disso, dados a, b ∈ R, uma das relações acontece
a≤b ou b ≤ a.
yRa.
Convém notar que necessitamos uma limitação superior para um elemento ser
‘comparável’ a todo membro do conjunto.
Lema 1.11 (Lema de Zorn) Todo conjunto indutivamente ordenado e não va-
zio possui um elemento maximal.
TEOREMA DE HAHN-BANACH 25
H = G + Rx0 ,
H = {x + tx0 ; x ∈ G e t ∈ R}.
Sejam x1 , x2 ∈ G. Então,
Logo,
Definamos
Observemos que h está bem definida, pois dado y ∈ H suponhamos que exis-
tam x1 , x2 ∈ G e t1 , t2 ∈ R tais que y = x1 + t1 x0 e y = x2 + t2 x0 . Então,
x2 −x1
(x1 − x2 ) + (t1 − t2 )x0 = 0. Se t1 − t2 ̸= 0 temos que x0 = t1 −t2 ∈ G, o que é um
absurdo! Logo, t1 = t2 , e portanto, x1 − x2 = 0, isto é, x1 = x2 , provando que
h está bem definida. Além disso, h é linear. De fato, sejam y1 , y2 ∈ H e λ ∈ R.
Temos:
h(x + t x0 ) ≤ p(x + t x0 ),
ou ainda,
Demonstração: Definindo-se
temos que
f (x) ≤ p(x), ∀x ∈ E.
Consequentemente,
o que implica,
ou seja,
||f ||E ′ ≤ ||g||G′ .
Por outro lado, como f (x) = g(x) para todo x ∈ G, temos que
Das duas últimas desigualdades acima concluı́mos que ||f ||E ′ = ||g||G′ .
TEOREMA DE HAHN-BANACH 29
Sendo g claramente linear, resulta que g ∈ G′ e ||g||G′ = ||x0 ||. Pelo Corolário
1.15 existe um prolongamento f0 de g a E tal que f0 ∈ E ′ e ||f0 ||E ′ = ||g||G′ =
||x0 ||. Além disso, como x0 ∈ G, temos ⟨f0 , x0 ⟩ = ⟨g, x0 ⟩ = ||x0 ||2 .
Observação 1.17 Pelo Corolário 1.16 resulta imediatamente que F (x0 ) ̸= ∅ para
todo x0 ∈ E. Além disso, se E ′ é estritamente convexo (o que é sempre verdade
se E é um espaço de Hilbert, ou se E = Lp (Ω) com 1 < p < +∞ e Ω ⊂ Rn ,
aberto, por exemplo), então F (x0 ) é um conjunto unitário. Os espaços estrita-
mente convexos serão estudados posteriormente.
Por outro lado, pelo corolário 1.16, existe uma forma f0 ∈ E ′ tal que ||f0 ||E ′ =
||x|| e ⟨f0 , x⟩ = ||x||2 , ou seja, f0 ∈ F (x). Definamos f1 = f0
||x|| . Então, ||f1 ||E ′ = 1
30 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
||x||
Desta forma, α = µ ∈ {α > 0; αx ∈ C}. Logo, em ambos os casos, temos
quje {α > 0; αx ∈ C} ̸= ∅, qualquer que seja x ∈ E tendo sentido tomarmos o
ı́nfimo deste conjunto.
Propriedades do Funcional p
1) Temos que p(λ x) = inf{α > 0; λαx ∈ C}. Se λ = 0, a identidade segue tri-
vialmente. Agora se λ ̸= 0, pondo β = αλ temos que α = λ β e, consequentemente,
x x
p(λ x) = inf{λ β > 0; ∈ C} = λ inf{β > 0; ∈ C} = λ p(x).
β β
2) Seja ε > 0 e consideremos x, y ∈ E. Então, em virtude da definição do
funcional de Minkowski, existem α, β > 0 tais que x
α ∈ C, βy ∈ C, α < p(x) + ε
2 e
ε
β < p(y) + 2.
α β α β
Como 0 < α+β < 1, 0 < α+β <1e α+β + α+β = 1, vem, pela convexidade
de C, que
α x β y x+y
+ ∈ C, ou seja , ∈ C.
α+β α α+β β α+β
Logo, p(x + y) ≤ α + β < p(x) + p(y) + ε. Pela arbitrariedade de ε segue o
desejado.
3) Como C é aberto e 0 ∈ C temos que existe r > 0 tal que Br (0) ⊂ C.
Consideremos 0 < ρ < r. Então,
qualquer que seja x ∈ E, x ̸= 0 satisfaz
ρ x
ρx
||x|| ∈ B r (0), uma vez que ρx
||x|| = ρ < r. Assim, ||x|| ∈ C e, portanto,
||x||
p(x) ≤ ρ , isto é,
1
p(x) ≤ M ||x||, onde M = .
ρ
4) Seja x ∈ C. Se x = 0, temos que p(x) = 0 < 1. Suponhamos, então, x ̸= 0
e consideremos r > 0 tal que Br (x) ⊂ C. Tomemos ε > 0 tal que 0 < ε < r
||x|| ,
logo ||x + εx − x|| = ε||x|| < r. Assim, x + εx ∈ Br (x) ⊂ C, ou seja, (1 + ε)x ∈ C,
ou ainda, x
1 ∈ C. Donde, p(x) ≤ 1
1+ε < 1. Consequentemente,
1+ε
Reciprocamente, seja x ∈ E tal que p(x) < 1. Então, dado ε > 0 suficientemente
pequeno, temos que existe α > 0 tal que x
α ∈ C e p(x) ≤ α < p(x) + ε < 1. Assim,
α αx + (1 − α)0 ∈ C, ou seja, x ∈ C, o que prova que
{x ∈ E; p(x) < 1} ⊂ C.
32 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
H = {x ∈ E; f (x) = α},
H = {(x, y) ∈ R2 ; ax + by = α}.
H = {(x, y, z) ∈ R3 ; ax + by + cz = α}.
H − a é um subespaço de E. (1.24)
( )
assume todos os valores de R), isto é, f (x1 ) = α1 ̸= 0. Assim, f x1
α1 = 1 e basta
tomarmos x0 = x1
α1 . Então, sempre podemos escolher x0 ∈ E\(H − a) tal que
f (x0 ) = 1. Isto posto, H − a e Rx0 são subespaços de E com (H − a) ∩ Rx0 = {0}.
Obviamente, (H − a) ⊕ Rx0 ⊂ E. Resta-nos mostrar que E ⊂ (H − a) ⊕ Rx0 .
Com efeito, seja x ∈ E e definamos y = x − f (x) x0 . Temos
o que é um absurdo! Logo, para todo x ∈ Br (x0 ) temos que f (x) < α. Seja r1 > 0
tal que Br1 (x0 ) ⊂ Br (x0 ). Note que se x ∈ Br1 (x0 ) temos que x = x0 + r1 z, onde
z ∈ B1 (0). Assim,
ou ainda,
α − f (x0 )
f (z) < < +∞, para todo z ∈ B1 (0).
r1
Logo, sup z∈E |f (z)| < +∞, o que prova que f é limitada e portanto contı́nua.
∥z∥≤1
f (x0 ) − α
f (−z) = −f (z) < , para todo z ∈ B1 (0) ⇒ sup |f (z)| < +∞.
r1 z∈E;||z||≤1
H
A
1) C é convexo. (1.26)
t w + (1 − t) v = t[a1 − b1 + x0 ] + (1 − t)[a2 − b2 + x0 ]
= [t a1 + (1 − t)a2 ] − [t b1 + (1 − t)b2 ] +x0 ∈ A − B + x0 = C,
| {z } | {z }
∈A ∈B
2) C é aberto. (1.27)
x0 ∈
/ C. (1.28)
Aε
A ε
Afirmamos que
Aε é convexo. (1.29)
Notemos que
xn + εn z1n = yn + εn z2n .
Portanto,
1 2
||xn − yn || = εn ||z2n − z1n || ≤ [||z1n || + ||z2n ||] ≤ .
n n
o que implica que xnk → y, onde, como já vimos, y ∈ B. Como A é fechado,
resulta que y ∈ A e, desta forma, A∩B ̸= ∅, o que um absurdo já que tais conjuntos
são disjuntos. Isto prova (1.32). Logo, existe ε0 > 0 tal que Aε0 ∩ Bε0 = ∅. Pela
1a Forma Geométrica do Teorema de Hahn-Banach, existe um hiperplano fechado
de equação [f = α] que separa Aε0 e Bε0 no sentido lato, isto é,
B (fechado)
fechado A hipérbole
Em particular,
De (f ) = {x ∈ E; f (x) ̸= +∞}.
• b) O epigráfico de f é o conjunto
R R
6 6
epi(f )
- -
E E
N (λ, f )
R R
6 6
f f
◦ •
• ◦
- -
x0 E x0 E
V (x0 ) V (x0 )
lim inf f (x) ≥ f (x0 ) ⇔ ∀ε > 0, ∃V (x0 ) tal que f (x) > f (x0 ) − ε, (1.34)
x→x0
∀x ∈ V (x0 ) ∩ E.
FUNÇÕES CONVEXAS E SEMICONTÍNUAS 43
Demonstração: (⇐) Seja ε > 0 dado. Então, existe V (x0 ) tal que f (x) >
f (x0 ) − ε, para todo x ∈ V (x0 ). Assim, existe Brε (x0 ) tal que f (x) > f (x0 ) − ε,
para todo x ∈ Brε (x0 ). Se rε ≥ ε temos que f (x) > f (x0 )−ε para todo x ∈ Bε (x0 )
e, portanto,
[ ]
inf f (x) ≥ f (x0 ) − ε ⇒ lim inf f (x) ≥ f (x0 ).
x∈Bε (x0 ) ε→0 x∈Bε (x0 )
Se rε < ε, temos que f (x) > f (x0 )−ε, para todo x ∈ Brε (x0 ) e 0 ≤ limε→0 rε ≤
limε→0 ε = 0. Assim,
[ ]
inf f (x) ≥ f (x0 ) − ε ⇒ lim inf f (x) ≥ f (x0 ),
x∈Brε (x0 ) ε→0 x∈Brε (x0 )
(⇒) Suponhamos o contrário, ou seja, que exista ε0 > 0 tal que para toda
V (x0 ) exista x ∈ V (x0 ) tal que f (x) ≤ f (x0 ) − ε0 . Em particular, se V (x0 ) =
B1/n (x0 ) temos que existe xn ∈ B1/n (x0 ) tal que f (xn ) ≤ f (x0 ) − ε0 , para todo
n ∈ N∗ , isto é,
Assim,
[ ]
lim inf f (x) ≤ f (x0 ) − ε0 < f (x0 ),
n→+∞ x∈B1/n (x0 )
1◦
- x
0
• −1
f é s.c.i. em R posto que é contı́nua em R\{0} e f (0) = −1 ≤ lim inf x→0 f (x).
Porém, f não é s.c.s. em x = 0.
Analogamente, a função f : R → R dada por
{
1, x ≥ 0,
f (x) =
− 1, x < 0
1•
- x
0
◦ −1
é s.c.s. em R posto que é continua em R\{0} e f (0) = 1 ≥ lim inf x→0 f (x).
Porém, f não é s.c.i. em x = 0.
FUNÇÕES CONVEXAS E SEMICONTÍNUAS 45
Demonstração: Imediata.
Demonstração: (⇒)
(⇒) Para mostrar que N (λ, f ) é fechado, para todo λ ∈ R, basta mostrarmos
que E\N (λ, f ) = {x ∈ E; f (x) > λ} é aberto. Com efeito, seja xo ∈ E\N (λ, f ).
Então, f (x0 ) > λ e existe V (x0 ) tal que λ < f (x), para todo x ∈ V (x0 ), de onde
se conclui que V (x0 ) ⊂ E\N (λ, f ) provando que E\N (λ, f ) é aberto.
(⇐) Supondo que N (λ, f ) fechado, temos que E\N (λ, f ) é aberto e conse-
quentemente dado x0 ∈ E\N (λ, f ), ou seja, f (x0 ) > λ, existe uma vizinhança de
x0 , V (x0 ) tal que V (x0 ) ⊂ E\N (λ, f ), ou seja, f (x) > λ, para todo x ∈ V (x0 ).
Isto conclui a prova.
46 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Exemplos:
R 6epi(f )
(E × R)\epi(f )
λ r
V (x0 , λ)
( x0 ) -
I
@ @
E
πE [Br (x0 , λ)]
Definição 1.35 Sejam E um espaço topológico e {fi }i∈I uma famı́lia de funções
fi : E → [−∞, +∞]. A função φ : E → [−∞, +∞] definida por
Lema 1.36 (Resultado 5) O invólucro superior de uma famı́lia {fi }i∈I , é s.c.i.
é uma função s.c.i..
Demonstração: Definamos
m = inf f (x).
x∈E
Note que m está bem definido, pois como f é própria, f ̸= +∞ (f é não iden-
ticamente +∞) e, portanto, m < +∞. Para cada λ > m, temos que N (λ, f ) =
FUNÇÕES CONVEXAS E SEMICONTÍNUAS 49
∩
Mais além, se x ∈ λ>m N (λ, f ), então f (x) ≤ λ, para todo λ > m. Desta
forma, considerando {λn }n∈N tal que λn > m e λn → m resulta que f (x) ≤ λn ,
para todo n ∈ N, e, consequentemente,
∩
f (x) ≤ m, para todo x ∈ N (λ, f ).
λ>m
Por outro lado, como f (x) ≥ m, para todo x ∈ E, vem que f (x) = m, para
∩
todo x ∈ λ>m N (λ, f ). Assim, existe x0 ∈ E tal que f (x0 ) = inf x∈E f (x) = m.
Exemplos:
Demonstração: (⇒) Sejam (x, λ), (y, µ) ∈ epi(φ) e t ∈ [0, 1]. Então, φ(x) ≤ λ
e φ(y) ≤ µ. Logo,
Então,
R 6
λ
1◦
• -
√ √ x
− λ λ−1
1 1 3 5 1 15
t φ(x) + (1 − t) φ(y) = + = + = 1.
4 4 4 4 16 16
e, assim,
1
φ(t x + (1 − t)y) = φ(1/4) = + 1 > 1 = t φ(x) + (1 − t) φ(y),
16
o que prova o desejado.
Assim,
Mas, como φ(x0 ) > λ0 , a desigualdade acima implica que k < 0. Em particu-
lar, para x ∈ De (φ) resulta que (x, φ(x)) ∈ epi(φ) e, portanto,
donde
⟨ g ⟩ α
− , x − φ(x) < − .
k k
Pondo f = − kg e β = − αk , obtemos
Se x ∈
/ De (φ) temos que φ(x) = +∞ e a desigualdade segue trivialmente.
Logo,
Observação 1.45 Da proposição acima resulta que ⟨f, x⟩ − β < φ(x), para todo
x ∈ E, e, portanto,
Portanto, definindo-se
ou ainda,
Logo, pondo
a2
temos que (x2 )∗ (a) = 4 pois o máximo é assumido quando d
dx (a x − x2 ) = 0, ou
a
seja, em x = 2. Portanto,
a a2 a2
(x2 )∗ (a) = sup(a x − x2 ) = a − = .
x∈R 2 4 4
R 6
φ(x) = x2
a2
y = ax − 4
a2
4
-
a R
2
ou seja,
e, portanto,
J : E → E ′′
x 7→ Jx ,
resulta que
e, assim
ou ainda,
O nosso intuito é provar que φ(x) = φ∗∗ (x), para todo x ∈ E. Suponhamos,
inicialmente que φ ≥ 0 e, tendo (1.38) em mente, admitamos que que exista
x0 ∈ E tal que a igualdade estrita ocorra, ou seja, φ(x0 ) > φ∗∗ (x0 ). Chegaremos a
uma contradição, o que nos garantirá a igualdade para funções φ não negativas, em
um primeiro momento. Com efeito, da hipótese feita, decorre que φ ∗∗(x0 ) < +∞
(observe que é possı́vel que φ(x0 ) = +∞) e (x0 , φ∗∗ (x0 )) ∈
/ epi(φ). Logo, podemos
aplicar a 2a Forma Geométrica do Teorema de Hahn-Banach aos conjuntos epi(φ)
e {(x0 , φ∗∗ (x0 )}, isto é, existem ϕ ∈ (E × R)′ , α ∈ R e ε > 0, tais que
ϕ(x, λ) ≥ α + ε > α > α − ε ≥ ϕ(x0 , φ∗∗ (x0 )), para todo (x, λ) ∈ epi(φ),
⟨f, x⟩ + k λ > α > ⟨f, x0 ⟩ + kφ∗∗ (x0 ), para todo (x, λ) ∈ epi(φ). (1.39)
[note que tomamos ε pois o próximo passo seria uma divisão por k e como k ≥ 0
isto não poderia ser feito], ou seja,
⟨ ⟩
f α
− , x − φ(x) < − , para todo x ∈ De (φ).
(k + ε) k+ε
Assim,
( ) {⟨ ⟩ }
∗ f f
φ − = sup − , x − φ(x)
k+ε x∈E (k + ε)
{⟨ ⟩ }
f α
= sup − , x − φ(x) ≤ − ,
x∈De (φ) (k + ε) k + ε
58 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Por conseguinte,
e, pela arbitrariedade de ε,
o que implica
Mas,
e, portanto,
Desta última identidade e de (1.40) resulta que φ∗∗ (x) = φ(x), para todo
x ∈ E, o que encerra a prova.
Os Teoremas de Banach-Steinhaus e do
Gráfico Fechado
61
62 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Demonstração: (⇒) Seja A rarefeito, isto é, tal que intA = ∅. Devemos
mostrar que X\A é denso em X. Com efeito, raciocinemos por contradição, ou
seja, que exista x0 ∈ X e ε0 > 0 tal que Bε0 (x0 )∩(X\A) = ∅. Assim, Bε0 (x0 ) ⊂ A,
o que implica que x0 ∈ intA, o que é um absurdo (!) pois intA = ∅.
(⇐) Suponhamos que X\A = X e que A não seja rarefeito, ou seja, que
intA ̸= ∅. Então, existem x0 ∈ A e r0 > 0 tais que Br0 (x0 ) ⊂ intA ⊂ A, o que
implica que Br0 (x0 ) ∩ (X\A) = ∅, o que contraria o fato de X\A ser denso em
X. Logo, intA = ∅.
∪
Demonstração: Como A é de 1a categoria, temos que A = n∈J An e intAn =
∅, para todo natural n ∈ J, com J enumerável. Assim,
( )
∪ ∪ ∪
B =A∩B = An ∩ B = (An ∩ B) = Bn ,
n∈J n∈J n∈J
∪
Demonstração: (1) ⇒ (2) Seja A = n∈J An , onde An é fechado e intAn = ∅
para todo n ∈ J. Então, cada An , para n ∈ J é rarefeito pois An = An e,
portanto, A é de categoria I. Como intA ⊂ A, temos, pela proposição 2.4 que
intA é de categoria I. Como intA é aberto e de categoria I, temos que intA = ∅
pois, caso contrário, se intA ̸= ∅, então, por hipótese, intA seria de categoria II,
o que é um absurdo(!).
∩
(2) ⇒ (3) Seja A = n∈J An , onde, para cada n ∈ J, An é aberto e An = X.
Então,
∩ ∪
X\A = X\ An = (X\An ),
n∈J n∈J
De fato, para cada n ∈ J, seja x ∈ int(X\An ). Então, existe r > 0 tal que
Br (x) ⊂ X\An e, portanto, Br (x) ∩ An = ∅, donde x ∈
/ An , isto é x ∈ X\An , o
que prova (2.1). Logo, int(X\An ) = ∅ e, por hipótese, temos que int(X\A) = ∅,
∪
já que X\A = n∈J (X\An ). Resta-nos provar que A = X. Suponhamos, o
64 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
∩
Pondo-se B = n∈J X\An , temos que X\An é aberto e X\An = X. [Mostra-
se de maneira análoga ao ı́tem anterior]. Por hipótese, B = X. Como B ⊂ X\A,
temos que X\A = X.
(4) ⇒ (1) Seja A ⊂ X tal que A é aberto e não vazio. Logo, X\A é fechado
e X\A ̸= X e portanto X\A ̸= X (note que X\A = X\A). Por hipótese (contra
-positiva), A não é de categoria I e, portanto, A é de categoria II.
( r0 )
[Basta tomarmos n0 ∈ N tal que 2n0 −1 > r0
ε ⇔ n0 > 1 + log2 ε ].
Logo, {xn }n∈N é de Cauchy e como X é completo temos que existe x ∈ X tal
que xn → x em X, quando n → +∞.
Por outro lado, seja n0 ∈ N arbitrário, porém fixado. Então, se n > n0 temos
que xn ∈ Brn0 (xn0 ) ⊂ Brn0 (xn0 ) e consequentemente x ∈ Brn0 (xn0 ) posto que
Brn0 (xn0 ) é fechado. Pela arbitrariedade de n0 ∈ N temos que x ∈ Brn (xn ), para
∩
todo n ∈ N, ou seja, x ∈ n∈N Brn (xn ). Como Brn (xn ) ⊂ An , temos que x ∈ An ,
para cada n ∈ N, ou seja, x ∈ A. Além disso,
Observação 2.8 Do Teorema de Baire concluı́mos que todo espaço métrico com-
pleto é um espaço de Baire.
Demonstração: Definamos
Como as funções f são contı́nuas, temos que Xn,f é fechado para todo n ∈ N
e para toda f ∈ F .
Definamos, agora,
∩
Xn = Xn,f = {x ∈ X; |f (x)| ≤ n, para toda f ∈ F}, para todo n ∈ N.
f ∈F
Então,
Assim,
2M
||Tλ z||F ≤ , para todo λ ∈ Λ, e z ∈ B1 (0),
r
e, então,
para todo x, y ∈ E.
Analogamente,
o que implica a linearidade de T . Sendo {Tn x}n∈N convergente, então, para cada
x ∈ E, existe Mx > 0 tal que
donde
Logo, pelo Teorema de Banach-Steinhaus, existe uma constante C > 0 tal que
ou ainda,
Tb (f ) = ⟨f, b⟩ , onde Tb : G′ → R.
Assim,
⟨ ⟩
f
′
||f ||G′ , b ≤ C, para toda f ∈ G , f ̸= 0(f não identicamente nula),
e para todo b ∈ B.
Logo, pelo Corolário 1.18 do Teorema de Hahn-Banach resulta que
O próximo resultado pode ser denominado ‘resultado dual’ do corolário ante-
rior.
Por hipótese,
Equivalentemente,
Os dois principais resultados que veremos nesta seção são devidos a Banach. Antes
de enunciarmos os Teoremas em questão, precisamos de alguns lemas técnicos que
passamos a comentar.
T C = {T x, x ∈ C}.
t y + (1 − t)y = t T x + +(1 − t) T x
= T (t x) + T ((1 − t)x) = T (t x + (1 − t)x) ∈ T C,
| {z }
∈C
Reciprocamente, sejam y1 , y2 ∈ T (B1 (0)). Logo, 2y1 , 2y2 ∈ 2T (B1 (0)). Como
2T (B1 (0)) é um conjunto convexo, deduzimos que
1 1
y1 + y2 = 2y1 + 2y2 ∈ 2T (B1 (0)).
2 2
Logo, decorre que
Demonstração: Como
∪
+∞
E= nB1 (0),
n=1
∪
+∞
F = nT (B1 (0)).
n=1
∪+∞
De fato, basta mostrarmos que F ⊂ n=1 nT (B1 (0)) uma vez que a outra
inclusão é óbvia. Com efeito, seja y ∈ F . Como T é sobrejetiva, existe x ∈ E tal
que y = T x. Por outro lado, se x ∈ E, temos, em virtude da primeira identidade
acima, que x = n0 z, para algum n0 ∈ N e z ∈ B1 (0). Logo, y = T (n0 z) = n0 T z,
z ∈ B1 (0) e n0 ∈ N, o que implica que
∪
+∞ ∪
+∞
y∈ nT (B1 (0)) ⊂ nT (B1 (0)),
n=1 n=1
TEOREMA DA APLICAÇÃO ABERTA E DO GRÁFICO FECHADO 73
o que mostra o desejado. Assim, F é aberto (posto que é o espaço todo), não vazio,
∪+∞
e pode ser escrito como F = n=1 nT (B1 (0)), onde T (B1 (0)) é, evidentemente,
um subconjunto fechado de F . Pelo corolário 2.9, temos que existe n∗0 ∈ N tal
que int(n∗0 T (B1 (0))) ̸= ∅, ou ainda, int(T (B1 (0))) ̸= ∅. Consideremos, então,
y ∈ int(T (B1 (0))). Logo, existe r > 0 tal que Br (y) ⊂ T (B1 (0)). Seja C ∈ R,
suficientemente pequeno de modo que 6C < r. Logo,
Além disso, como y ∈ T (B1 (0)), resulta que −y ∈ T (B1 (0)). Com efeito, para
cada ε > 0, temos que Bε (y) ∩ T (B1 (0)) ̸= ∅, ou seja, existe x ∈ B1 (0) tal que
||T x − y|| < ε, e, portanto,
isto é, T (−x) ∈ Bε (−y), onde −x ∈ B1 (0), o que prova o desejado. Resulta daı́,
de (2.6) e do lema 2.17 que
Contudo, B6C (y) − y = B6C (0), posto que B6C (y) = y + B6C (0). Assim, deste
fato e da inclusão acima segue, imediatamente, que
B6C (0) ⊂ 2T (B1 (0)) ⇒ 2B3C (0) ⊂ 2T (B1 (0)) ⇒ B3C (0) ⊂ T (B1 (0)),
Demonstração: Pelo lema 2.18, existe C > 0 tal que B3C (0) ⊂ T (B1 (0)).
Segue daı́ que para todo r > 0, tem-se
Logo, dado w ∈ B3rC (0), temos que w ∈ T (Br (0)) e, portanto, dado ε > 0
temos que Bε (w) ∩ T (Br (0)) ̸= ∅, isto é, para todo ε > 0 existe x ∈ Br (0) tal que,
Afirmamos que
C
||y − T z1 || < , pois BC (0) ⊂ T (B1/3 (0)) e y ∈ BC (0).
3
Sejam ε = C
9 e r = 1
9. Analogamente, temos para w = y − T z1 que existe
z2 ∈ B1/9 (0) tal que
C
||(y − T z1 ) − T z2 || < , pois BC/3 (0) ⊂ T (B1/9 (0)) e y − T z1 ∈ BC/3 (0).
9
Por recorrência, obtemos uma sequência {zn }n∈N∗ tal que zn ∈ B1/3n (0) e
C
||y − T (z1 + · · · + zn )|| < .
3n
∑∞ ∑∞
Como ||zn || < 1
3n e 1
= 12 temos que a série n=1 zn converge abso-
n=1 3n
∑n
lutamente. Assim, a sequência { k=1 zk }n∈N∗ converge para x ∈ E, pois E é
Banach. Por outro lado, como
( n )
∑
C
y − T zk < n ,
3
k=1
||y − T x|| = 0 ⇒ y = T x.
∑+∞
Além disso, x = n=1 zn e como
n
∑ ∑ n ∑
n ∑
+∞
1 1 1
zk ≤ ||z k || < , e = ,
3k 3n 2
k=1 k=1 n=1
k=1
TEOREMA DA APLICAÇÃO ABERTA E DO GRÁFICO FECHADO 75
T x + T (Br (0)) ⊂ T U,
isto é,
y + T (Br (0)) ⊂ T U.
Mas de (2.9), existe C > 0 tal que BC (0) ⊂ T (B1 (0)) e, por conseguinte,
BrC (0) ⊂ T (Br (0)). Logo,
Demonstração:
T −1 (y1 + y2 ) = T −1 (T x1 + T x2 ) = T −1 (T (x1 + x2 )) = x1 + x2
= T −1 y1 + T −1 y2 .
(ii) Como T e T −1 são contı́nuos vem que existem M, C > 0 tais que
Demonstração: Seja {xn }n∈N uma sequência de Cauchy em (E; || · ||1 ), onde
|| · ||1 é a norma do gráfico. Então,
Mas, evidentemente
2.4 Ortogonalidade
Comecemos por uma definição.
é denominado ortogonal de M .
Se N ⊂ X ′ é um subespaço vetorial, então o conjunto
é dito o ortogonal de N .
Proposição 2.29
i) M ⊥ é um subespaço fechado de X ′ .
ii) N ⊥ é um subespaço fechado de X.
{f ∈ X ′ ; Jx (f ) = 0} = Jx−1 ({0}),
ou seja,
é fechado, posto que é dado pela imagem inversa de um conjunto fechado, por
uma função contı́nua. Logo,
∩
Jx−1 ({0}) = {f ∈ X ′ ; ⟨f, x⟩ = 0, para todo x ∈ M } = M ⊥ é fechado.
x∈M
{x ∈ X; ⟨f, x⟩ = 0} = f −1 ({0}),
é fechado, e, consequentemente
∩
f −1 ({0}) = N ⊥ é fechado.
f ∈N
ORTOGONALIDADE 79
Proposição 2.30
(i) (M ⊥ )⊥ = M .
(ii) (N ⊥ )⊥ ⊃ N .
M ⊂ (M ⊥ )⊥ . (2.10)
Com efeito, seja x ∈ M . Então, existe {xn }n∈N ⊂ M tal que xn → x quando
n → +∞. Tendo em mente que
(M ⊥ )⊥ ⊂ M . (2.11)
Com efeito, suponhamos que (2.11) não ocorra, isto é, suponhamos que exista
x0 ∈ (M ⊥ )⊥ tal que x0 ∈
/ M . Como {x0 } é compacto e M é fechado, e ambos con-
vexos e disjuntos, vem, pela 2a Forma Geométrica do Teorema de Hahn-Banach,
que existe um hiperplano de equação [f = α] que separa {x0 } e M no sentido
estrito, ou seja,
⟨f, x0 ⟩ ̸= 0.
⟨f, x0 ⟩ = 0,
80 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Portanto,
No entanto, isto não implica que φ ∈ N ⊥ pois φ pode não pertencer a J(X).
Isto ocorre, entretanto, quando X é reflexivo, isto é, quando J(X) = X ′′ .
Proposição 2.32
i) Se M1 ⊂ M2 ⇒ M1⊥ ⊃ M2⊥ .
ii) Se N1 ⊂ N2 ⇒ N1⊥ ⊃ N2⊥ .
i) G ∩ L = (G⊥ + L⊥ )⊥ .
ii) G⊥ ∩ L⊥ = (G + L)⊥ .
G ∩ L ⊃ (G⊥ + L⊥ )⊥ . (2.12)
G ∩ L ⊂ (G⊥ + L⊥ )⊥ . (2.13)
G⊥ ∩ L⊥ ⊃ (G + L)⊥ . (2.14)
G⊂G+L (G + L)⊥ ⊂ G⊥
⇒ ⇒ (G + L)⊥ ⊂ G⊥ ∩ L⊥ ,
⊥ ⊥
L⊂G+L (G + L) ⊂ L
(G + L)⊥ ⊃ G⊥ ∩ L⊥ . (2.15)
i) (G ∩ L)⊥ ⊃ G⊥ + L⊥ .
ii) (G⊥ ∩ L⊥ )⊥ = G + L.
Notações:
Demonstração: De fato, seja x ∈ N (A). Então, existe uma sequência {xn }n∈N ⊂
N (A) tal que xn → x, quando n → +∞. Como {xn }n∈N ⊂ N (A), temos que
Axn = 0, para todo n ∈ N, e, consequentemente, Axn → 0. Logo,
D(A) = C 1 (0, 1)
A : D(A) ⊂ E → F, f 7→ df
dt .
Mostremos, inicialmente, que G(A) é fechado. Com efeito, seja (x, y) ∈ G(A).
Logo, existe {(xn , Axn )} ⊂ G(A) tal que (xn , Axn ) → (x, y) em E × F . Como,
{xn }n∈N ⊂ D(A) e Axn = dxn
dt , para cada n, temos que xn → x em E e dxn
dt →y
em F . Por um resultado bem conhecido, em função das convergências serem
uniformes, (veja, por exemplo [48] Teorema 7.17) resulta que x é derivável e,
dx dx
além disso, dt = y. Logo, y = dt = Ax, o que prova que A é fechado.
No entanto, A não é limitado. De fato, seja
xn = sen nt, n ∈ N.
Notemos que
Logo,
D(Ã)
= {x ∈ E; existe {xn }n∈N ⊂ D(A) tal que xn → x e existe lim Axn } e ,
n→+∞
à é linear , (2.17)
à é fechado. (2.18)
Seja (x, y) ∈ G(Ã). Então, existe {(xn , Ãxn )}n∈N ⊂ G(Ã) tal que xn → x
em E e Ãxn → y em F , quando n → +∞. Então, para cada n ∈ N, existe
{xnm } ⊂ D(A) tal que
1
xn (t) = sen(4nπt).
n
Temos que
1
||xn ||C(0,1) = sup |xn (t)| = ,
t∈[0,1] n
||A||L(D(A),F ) = ||Ã||L(E,F )
e como F é Banach, resulta que existe y ∈ F tal que y = limn→+∞ Axn . Isto
prova que à está bem definido. Mais ainda, à é claramente linear em virtude da
linearidade de A e das propriedades de limite.
Provaremos, a seguir, que à é limitado. Com efeito, seja x ∈ E e {xn }n∈N ⊂
D(A) tal que xn → x em E, quando n → +∞. Como
o que prova a limitação de Ã. Mais ainda, da desigualdade acima concluı́mos que
Assim D(A) ⊂ D(Ã) = E e Ãx = Ax, para todo x ∈ D(A), o que prova o
desejado.
Por outro lado, observemos que
||Ã||L(E,F ) = ||A||L(D(A),F ) .
Consideremos, então, x ∈ E\D(A). Logo, existe {xn }n∈N ⊂ D(A) tal que
xn → x em E, quando n → +∞, e, pela continuidade de B resulta que, Bxn →
Bx em F , quando n → +∞, ou seja, Axn → Bx em F , quando n → +∞.
Consequentemente, de (2.22) e pela unicidade do limite em F concluı́mos que
Bx = Ãx, para todo x ∈ E. Isto conclui a demonstração.
Em outras palavras,
A v
E F R
6
D(A)
A∗ : D(A∗ ) ⊂ F ′ → E ′ , v 7→ A∗ v = fv . (2.26)
Observação 2.44
D(A∗ )
= {v ∈ F ′ ; existe C ≥ 0 tal que | ⟨v, Au⟩ | ≤ C ||u||E , ∀u ∈ D(A)}
= F ′.
Seja (f, g) ∈ G(A∗ ). Então, existe {vn , A∗ vn }n∈N ⊂ G(A∗ ) tal que
.
. Assim, para todo u ∈ D(A), podemos escrever
o que implica que [−f, v] ∈ G(A)⊥ , isto é, J([v, f ]) ∈ G(A)⊥ . Reciprocamente,
seja [f, v] ∈ G(A)⊥ .
Então,
Demonstração:
⟨(x, y), (u, v)⟩ = ⟨(0, y), (u, 0)⟩ = 0, para todo (u, v) ∈ L.
{0} × N (A∗ ) ⊂ G⊥ ∩ L⊥ .
Demonstração:
Demonstração:
(i) A é limitado.
(ii) D(A∗ ) = F ′ .
(iii) A∗ é limitado.
ADJUNTO DE UM OPERADOR LINEAR NÃO LIMITADO 95
Além disso,
Demonstração:
D(A∗ ) = {v ∈ F ′ ; v ◦ A é limitado }.
ou seja,
||Au|| = sup | ⟨Au, v⟩ | ≤ sup ||A∗ || |v|| ||u|| ≤ ||A∗ || |u||, para todo u ∈ E,
v∈F ′ ,||v||≤1 ||v||≤1
97
98 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Nesta seção faremos uma recordação de algumas noções básicas sobre os espaços
topológicos que serão indispensáveis no decorrer deste texto.
Denominamos espaço topológico a um conjunto X munido de uma coleção
τ = {Gα }α de subconjuntos de X, satisfazendo aos axiomas:
(A.1) ∅ e X pertencem à τ .
(A.2) A união arbitrária de elementos de τ pertence à τ .
(A.3) A interseção de um número finito de elementos de τ pertence à τ .
Desta forma, o par (X, τ ) satisfazendo às condições acima é denominado um
espaço topológico e a coleção τ = {Gα }α é denominada uma topologia para X.
Usualmente, nos referimos a X como um espaço topológico, ficando bem entendido
que estamos considerando uma topologia fixa τ para X. Os elementos de τ , isto
é, os Gα , são denominados os abertos de X. Vejamos alguns exemplos.
Demonstração:
(i) Note que ∅, X ∈ τλ para todo λ, o que implica que ∅, X ∈ τ .
∪
(ii) Seja Gα uma união arbitrária, onde os Gα ∈ τ , para todo α. Então,
α ∪
para cada α, Gα ∈ τλ , para todo λ, o que implica que Gα ∈ τλ , para todo λ,
∪ α
isto é, Gα ∈ τ .
α
∩n
(iii) Seja α=1 Gα uma interseção finita onde Gα ∈ τ , para todo α = 1, · · · , n.
Analogamente, para cada α = 1, · · · , n, Gα ∈ τλ , para todo λ, o que implica que
∩n
α=1 ∈ τ . Isto encerra a prova.
∩
Segue da Proposição 3.1 que a topologia τ = τλ satisfaz as seguintes propri-
λ
edades:
(1a ) τ é mais grossa que qualquer τλ , já que τ ⊂ τλ , para todo λ.
(2a ) Se τ ′ é mais grossa que qualquer τλ , então, τ ′ é mais grossa que τ , ou,
dito de outra forma, se existir, τ ′ tal que τ ′ ⊂ τλ , para todo λ, então τ ′ ⊂ τ .
∩
Por causa das propriedades acima, a topologia τ = τλ é denominada o ı́nfimo,
λ ∩
(isto é, a maior limitação inferior) das topologias τλ . Apesar de τ = τλ ser mais
∩ λ
grossa que todas as topologias τλ , temos também que τ = τλ é mais fina que
λ
todas as topologias que são mais grossas que as τλ .
Consideremos, agora, uma coleção C arbitrária de subconjuntos de X. Pelo
exposto acima, existe uma única topologia contendo C que é a mais grossa que
todas as outras topologias que contêm C. Essa topologia é obtida tomando-se a
interseção de todas as topologias que contêm C. Notemos que existe, pelo menos,
102 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Com efeito, seja ϕ a coleção de todas as topologias que são mais finas que
qualquer τi . Tal coleção é não vazia posto que a topologia discreta pertence a ela.
Então, τ é o ı́nfimo, isto é, a maior limitação inferior de ϕ. Em outras palavras: τ é
o menor elemento dentre todas as topologias que são mais finas que todas as τi .
Analogamente e conforme vimos anteriormente, τ , o ı́nfimo das topologias τi , é o
maior elemento da coleção de todas as topologias que são mais grossas que as τi .
∪
Consideremos, agora, C = τi e β a coleção de todas as interseções finitas
i
de elementos de C. Provaremos que β é uma base, e, por conseguinte, que C é
uma sub-base de X. Com efeito, a condição (B.1) acima aludida, é claramente
satisfeita. Para provarmos (B.2), sejam
∩
n ∪ ∩
m ∪
B1 = τi(α) e B2 = τj(δ) ,
α=1 i(α) δ=1 j(δ)
∩
m+n ∪
x ∈ B3 = τj(γ) ,
γ=1 i(γ)
e, evidentemente, B3 ∈ β.
Desta forma, uma topologia τ ∗ é induzida sobre X para a qual β é uma base.
∪
Provaremos que, na verdade, que τ ∗ = τ . De fato, como C = τi ⊂ τ e τ é uma
i
topologia, então, τ é fechada para as uniões arbitrárias de interseções finitas de
elementos de C, ou seja, τ ∗ ⊂ τ . Por outro lado, como τi ⊂ τ ∗ , para todo i, e, pelo
fato de τ ser o menor elemento da coleção de todas as topologias que são mais
∪
finas do que as τi , segue que τ ⊂ τ ∗ . Portanto, τ = τ ∗ , o que prova ser C = τi
∪ i
uma sub-base para a topologia τ . Logo, τ é a topologia gerada por C = τi .
i
Demonstração: Definamos
τ = {φ−1 (V ); V é aberto em Y }.
isto é, V é dada pela união arbitrária de interseções finitas de elementos Gγ(α) de
β. Assim,
∪ m(α)
∩
φ−1 (V ) = φ−1 (Gγ(α) )
α γ(α)=1
ESPAÇOS TOPOLÓGICOS 105
e como os φ−1 (Gγ(α) ) pertencem à topologia de X e pelo fato de toda topologia ser
fechada para interseções finitas e uniões arbitrárias, segue que φ−1 (V ) pertence
também à topologia de X, conforme querı́amos demonstrar.
Consideremos, agora, X um conjunto arbitrário, {Yi , σi }i∈I uma famı́lia de
espaços topológicos e {φi }i∈I uma famı́lia de aplicações φi : X → Yi . Ora,
cada i ∈ I, (conforme Proposição 3.3) induz uma topologia τi sobre X, para a
qual φi é contı́nua. Não é verdade, porém, que uma vez fixado i, todas as φj
sejam contı́nuas sobre o espaço topológico (X, τi ). Uma topologia em X para a
qual todas as φj sejam contı́nuas deve conter todas as τi . Assim, por exemplo,
a topologia discreta contém todas as τi e desta forma, se munirmos X desta
topologia, então, cada φi é evidentemente contı́nua. Assim, o conjunto ϕ das
topologias sobre X para as quais todas as aplicações φi são contı́nuas é certamente
não vazio. Consideremos, então, a mais grossa (menos abertos) topologia de ϕ, isto
é, aquela que possui menos abertos para a qual todas as φi são contı́nuas. Essa
topologia é denominada topologia fraca gerada ou induzida pelas φi . Em verdade,
a topologia fraca é o ı́nfimo de ϕ e, conforme argumentamos anteriormente, ela é
gerada pela união de todas as topologias τi , ou, dito de outra forma, o conjunto
∪
C = τi é uma sub-base da topologia fraca.
i
∪ ∪
C∗ = φ−1
i (Ci ) = {φ−1
i (V ); V ∈ Ci }.
i i
(2) Se para todo x ∈ X, βφi (x) é uma base para a famı́lia das vizinhanças de
∩ −1
φi (x), então, a famı́lia de subconjuntos da forma φi (Vi ), onde Vi ∈ βφi (x) e
i∈J
J ⊂ I é um conjunto finito de ı́ndices, é uma base para a famı́lia das vizinhanças
de x.
Demonstração:
106 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
e pelo fato de
{ −1 }
φ−1 ∗
i0 (Aj,λ ) ∈ φi0 (A); A ∈ Ci0 ⊂ C ,
Agora, como τ é a topologia mais grossa para a qual todas as φi são contı́nuas,
então já temos que τ ⊂ τ ∗ . Portanto, resta-nos mostrar a outra inclusão, isto é,
τ ∗ ⊂ τ . Na verdade, é suficiente provarmos que C ∗ ⊂ C. Com efeito, lembremos
que
∪ ∪
C∗ = {φ−1
i (A); A ∈ Ci } e C = {φ−1
i (A); A ∈ σi }.
i i
βφi (x) e J ⊂ I, é um conjunto finito de ı́ndices, é uma base para a famı́lia das
vizinhanças de x. De fato, seja U uma vizinhança aberta de x. Então, U ∈ τ .
Logo, ( )
∪ ∩
U= φ−1
i (Aλ,i ) ,
λ i∈Jλ
Assim,
∩ ∩
φ−1
i (Vi ) ⊂ φ−1
i (Aλ0 ,i ) ⊂ U,
i∈Jλ0 i∈Jλ0
∩
e, evidentemente, x ∈ i∈Jλ0 φ−1
i (Vi ), o que encerra a prova.
prα : X → Xα
x 7→ prα (x) = x(α),
para todo α ∈ A.
Esta topologia no produto cartesiano é frequentemente denominada topologia
de Tychonoff.
ψ φi
(Z, θ) (X, τf raca ) (Yi , τi )
onde Bλ,i ∈ τi e Jλ é um conjunto finito de ı́ndices, para todo λ. Daı́ vem que
[ ( )]
∪ ∩
ψ −1
(U ) = ψ −1
φ−1
i (Bλ,i )
λ i∈Jλ
[ ]
∪ ∩ ( )
= ψ −1
◦ φ−1
i (Bλ,i )
λ i∈Jλ
[ ]
∪ ∩ ( )
= (φi ◦ ψ)−1 (Bλ,i ) .
λ i∈Jλ
Definição 3.8 A topologia fraca σ(E, E ′ ), sobre E, é a topologia menos fina (ou
mais grossa) em E para a qual são contı́nuas todas as aplicações φf , f ∈ E ′ .
Definindo-se
Observação 3.11
Assim,
(iii) Se xn ⇀ x, então,
Definamos
Tn : E ′ → R, f 7→ Tn (f ) = ⟨f, xn ⟩ .
ou seja,
Mas,
(iv) Temos
quando n → +∞.
∑
m(f )
f= αi gi .
i=1
∑
m(f )
∑
m(f )
⟨f, xn ⟩ = αi ⟨gi , xn ⟩ → αi ⟨gi , x⟩ = ⟨f, x⟩ , quando n → +∞. (3.4)
i=1 i=1
114 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
3||x|| ||x||
ε ε ε ε
< LM + 3 + L||x|| < 3M M + 3 + = ε,
Demonstração: Já vimos que σ(E, E ′ ) é mais grossa que a topologia forte.
Assim, todo aberto fraco é um aberto forte.
A TOPOLOGIA σ(E, E ′ ) 115
Reciprocamente, temos que mostrar que todo aberto forte é um aberto fraco.
Com efeito, sejam U um aberto na topologia forte, x0 ∈ U e r > 0 tais que
Br (x0 ) ⊂ U . Como E tem dimensão finita, E admite uma base {e1 , · · · , en }
tal que ||ei || = 1, i = 1, · · · , n. Então, dado qualquer x ∈ E podemos escrever
∑n
x = i=1 xi ei . Devemos construir uma vizinhança V de x0 na topologia fraca
σ(E, E ′ ) tal que V ⊂ U , ou seja, de acordo com a proposição 3.10, devemos exibir
um conjunto finito de funções {fi }i∈I ⊂ E ′ (e, portanto, I é um conjunto finito
de ı́ndices) e ε > 0 tais que
Consideremos as aplicações
∑
n
fi : E → R, x 7→ xi , onde x = xi ei , i = 1, · · · , n.
i=1
O fato de {e1 , · · · , en } ser um conjunto l.i. faz com que as funções fi estejam
bem definidas. De fato,
∑
n ∑
n ∑
n
Se x = x i ei = yi ei ⇒ (xi − yi )ei = 0 ⇒ xi = yi , i = 1, · · · , n.
i=1 i=1 i=1
Tome x ∈ V . Temos
n
∑ ∑ n
r
||x − x0 || = ⟨fi , x − x0 ⟩ ei ≤ | ⟨fi , x − x0 ⟩ | < n = r,
n
i=1 i=1
fraca σ(E, E ′ ) é estritamente menos fina do que a topologia forte, ou seja, exis-
tem abertos na topologia forte que não são abertos na topologia fraca. Conside-
remos o seguinte resultado.
Proposição 3.17 Se dim E = +∞, então a bola B1 (0) não é aberta na topologia
fraca σ(E, E ′ ).
pois
No entanto,
Temos que g é contı́nua com g(0) = ||x0 || < 1 e lim g(t) = +∞. Logo, pelo
t→+∞
Teorema do Valor Intermediário, existe t0 ∈ R+ \{0} tal que g(t0 ) = 1, ou seja,
||x0 + t0 y0 || = 1 e, assim, (x0 + t0 y0 ) ∈
/ B1 (0), o que prova (3.9). De (3.8) e (3.9)
resulta que V " B1 (0), o que finaliza a prova.
A TOPOLOGIA σ(E, E ′ ) 117
P'$
PPx0
PP •PPP
P•P
PPPPP
0 PP PPx0 + ty0
&% P•P PP
y0 PP PPP
PP
PPP
P
P
P
Demonstração:
σ(E,E ′ )
Seja x0 ∈ E tal que ||x0 || < 1. Provaremos que x0 ∈ S , isto é, prova-
′
remos que dada V , uma vizinhança de x0 em σ(E, E ), V ∩ S ̸= ∅. Com efeito,
sempre podemos obter, conforme Proposição 3.10, que
temos que g é contı́nua em [0, +∞) com g(0) = ||x0 || < 1 e lim g(t) = +∞.
t→+∞
Novamente, pelo Teorema do Valor Intermediário, existe t0 ∈ R+ \{0} tal que
||x0 + t0 y0 || = 1. Assim, (x0 + t0 y0 ) ∈ V ∩ S, o que implica que V ∩ S ̸= ∅,
σ(E,E ′ )
e prova que S ⊂ {x ∈ E; ||x|| ≤ 1} ⊂ S . Obtemos a igualdade (3.10) se
provarmos que {x ∈ E; ||x|| ≤ 1} é fechado na topologia σ(E, E ′ ). Porém, este
resultado decorre do Teorema 3.21.
118 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Consideremos
Temos que
• (i) x0 ∈ V.
Temos que N (λ, φ) é convexo, uma vez que φ é convexa e, além disso, é
fechado na topologia forte pois φ é s.c.i. na topologia forte. Logo, de acordo com
o lemma 1.33 (Resultado 3), N (λ, φ) é fechado na topologia forte e pelo teorema
3.21 resulta que N (λ, φ) é fechado na topologia fraca σ(E, E ′ ).
Observação 3.24
Definição 3.26 A topologia fraco ∗, designada por σ(E ′ , E), é a topologia mais
grossa sobre E ′ para a qual todas as funções Jx , x ∈ E, são contı́nuas.
fn → f em E ′ ⇔ ||fn − f ||E ′ → 0,
fn ⇀ f em σ(E ′ , E ′′ ) ⇔ ⟨ξ, fn ⟩ → ⟨ξ, f ⟩ , para todo ξ ∈ E ′′ ,
∗
fn ⇀ f em σ(E ′ , E) ⇔ ⟨Jx , fn ⟩ → ⟨Jx , f ⟩ , para todo x ∈ E.
∑
n
I : E → Rn , x 7→ (x1 , · · · , xn ), onde x = xi ei e,
i=1
∗
I ∗ : [Rn ] → E ∗ , onde ⟨If , x⟩ = ⟨f, (x1 , · · · , xn )⟩ , com x ∈ E
∑n
tal que x = xi ei ,
i=1
A TOPOLOGIA FRACO ∗ σ(E ′ , E) 123
∗
são isomorfismos. Além disso, como [Rn ] = Rn e E ∗ = E, resulta que I ∗ ◦ I
é um isomorfismo de E em E ′ . Assim, dim E = dim E ′ = n. De maneira
análoga, concluı́mos que dim E ′ = dim E ′′ = n. Assim, dim E = dim E ′ = dim E ′′
e, por conseguinte, J(E) = E ′′ , ou seja, J : E → E ′′ é sobrejetiva [note que
pelo Teorema do Núcleo e da Imagem dim N (J) + dim Im(J) = dim E = n.
Como J(x) = 0 se, e só se, x = 0, pois J é injetiva, então dim N (J) = 0,
e, consequentemente, dim Im(J) = n, isto é, J(E) = E ′′ ]. Logo, σ(E ′ , E ′′ ) =
σ(E ′ , E) e, como já vimos que as topologias forte e fraca coincidem em espaços
de dimensão finita, segue o desejado.
isto é,
∑
n
λ < α < λ φ(x) + λi φi (x), para todo x ∈ X.
i=1
∑n
Como G(x) = λ φ(x) + i=1 λi φi (x), x ∈ X é uma forma linear sobre X e
α < G(x), para todo x ∈ X, segue que G(x) = 0, para todo x ∈ X, bem como
α < 0 (veja o inı́cio da seção 1). Assim,
∑
n
λ φ(x) + λi φi (x) = 0, para todo x ∈ X.
i=1
124 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
∑n [ ]
λi
φ(x) = φi (x), para todo x ∈ X,
−λ
i=1 | {z }
=λ∗
i
Logo, f
φ(f ) ∈ V e, além disso,
( )
f φ(f )
φ = = 1, o que é um absurdo (!) pois |φ(f )| < 1, ∀f ∈ V.
φ(f ) φ(f )
A TOPOLOGIA FRACO ∗ σ(E ′ , E) 125
Logo, de (3.12) e pelo lema 3.32 existem λ1 , · · · , λn ∈ R tais que para toda
f ∈ E ′ tem-se
⟨ ⟩
∑
n ∑
n ∑
n
φ(f ) = λi Jxi (f ) = λi ⟨f, xi ⟩ = f, λi xi = ⟨f, x⟩ = ⟨Jx , f ⟩ ,
i=1 i=1 i=1
∑n
o que implica que φ = Jx , onde x = i=1 λi xi . Isto encerra a prova.
H = {f ∈ E ′ ; ⟨f, x⟩ = α},
H = {f ∈ E ′ ; ⟨φ, f ⟩ = α},
V = {f ∈ E ′ ; | ⟨f − f0 , xi ⟩ | < ε; i = 1, · · · , n} ⊂ E ′ \H,
Afirmamos
V é convexo.
H = {f ∈ E ′ ; ⟨f, x⟩ = α},
BE ′ = {f ∈ E ′ ; ||f ||E ′ ≤ 1}
∏
Demonstração: Consideremos X = x∈E Xx , onde Xx = R, para todo x ∈ E.
Recordemos que os elementos do produto cartesiano X são todas as funções
f : E → R, x 7→ fx = ⟨f, x⟩ ∈ Xx = R.
prx : X → R, f 7→ prx (f ) = fx .
Assim, prx |E ′ é contı́nua se, e só se, Jx é contı́nua. Desta forma, a topologia
induzida pela famı́lia {prx }x∈E em E ′ é equivalente à topologia induzida pela
famı́lia {Jx }x∈E . Definamos, para cada x ∈ E
TP
Trivialmente temos que BE ′ ⊂ BE ′ . Resta-nos provar que
TP
BE ′ ⊂ BE ′ . (3.18)
TP
Consideremos g0 ∈ BE ′ . Devemos mostrar que:
(i) g0 : E → R é linear.
A TOPOLOGIA FRACO ∗ σ(E ′ , E) 129
V = {g ∈ X; | ⟨g − g0 , xi ⟩ | < ε, i = 1, · · · , n}.
V = {g ∈ X; | ⟨g − g0 , z⟩ | < ε, z ∈ {0}}.
V = {g ∈ X; | ⟨g − g0 , x⟩ | < ε}.
e f ∈ V ∩ BE ′ . Então,
o que implica que g0 ∈ E ′ e, além disso, ||g0 ||E ′ ≤ 1, o que prova os itens (ii) e
(iii) acima ficando provado (3.18).
Logo, BE ′ é compacta na topologia produto. Como a topologia produto coin-
cide com a topologia fraco ∗ σ(E ′ , E) em E ′ , decorre que BE ′ é compacto na
topologia fraco ∗ σ(E ′ , E).
ESPAÇOS REFLEXIVOS 131
(i) Para todo ε > 0, existe xε ∈ E tal que ||xε || ≤ 1, e | ⟨fi , xε ⟩ − αi | < ε,
i = 1, · · · , n.
∑ n ∑ n
(ii) βi αi ≤ βi fi , para todo β1 , · · · , βn ∈ R.
i=1 i=1 E′
| ⟨fi , xε ⟩ − αi | < ε, i = 1, · · · , n.
onde β = (β1 , · · · , βn ).
132 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Logo,
n n
∑ ∑
βi αi − βi ⟨fi , xε ⟩
i=1 i=1
n
∑
≤ (βi αi − βi ⟨fi , xε ⟩)
i=1
∑
n
≤ |βi αi − βi ⟨fi , xε ⟩| ≤ ε||β||Rn ,
i=1
ou seja,
n n
∑ ∑
βi αi ≤ βi ⟨fi , xε ⟩ + ε||β||Rn
i=1 i=1
∑n
≤ || βi fi ||E ′ ||xε ||E + ε||β||Rn
i=1
∑n
≤ || βi fi ||E ′ + ε||β||Rn .
i=1
ou ainda,
∑
n ∑
n
βi ⟨fi , x⟩ < γ < βi αi , para todo x ∈ BE .
i=1 i=1
Logo,
n
∑ ∑ n
βi ⟨fi , x⟩ < γ < βi αi , para todo x ∈ BE
i=1 i=1
n
∑ ∑n
⇒ sup ⟨βi fi , x⟩ ≤ γ < βi α i ,
x∈E;||x||E ≤1 i=1
i=1
J J
E E′ E ′′ E ′′′
'$ '$
BE J(BE )
&% &%
V = {η ∈ E ′′ ; | ⟨η − ξ, fi ⟩ | < ε, i = 1, · · · , n},
onde fi ∈ E ′ e ε > 0. Devemos mostrar que existe x ∈ BE tal que Jx ∈ V , isto é,
x ∈ BE ⇒ Jx ∈ BE ′′ , ou seja J(BE ) ⊂ BE ′′ .
BE ′′ ⊂ J(BE ).
ESPAÇOS REFLEXIVOS 135
J(BE ) = BE ′′ .
Jf : E ′′ → R, ξ 7→ Jf (ξ) = ⟨ξ, f ⟩ .
J(BE ) = BE ′′ . (3.25)
136 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Afirmamos que
J(E) = E ′′ . (3.26)
||·||E ′′
Com efeito, seja y ∈ J(E) . Então, existe {xn }n∈N ⊂ E tal que Jxn → y
em E fortemente. Logo, {Jxn }n∈N é de Cauchy em E ′′ e como ||Jx||E ′′ = ||x||E
′′
Demonstração: Pelo fato de φ ̸= +∞, existe a ∈ A tal que φ(a) = λ0 < +∞.
Consideremos o conjunto de nı́vel associado a λ0 , isto é,
N (λ0 , φ) = {x ∈ A; φ(x) ≤ λ0 }.
Como φ é convexa e s.c.i. temos, em virtude dos lemas 1.33 e 1.42 que N (λ0 , φ)
é convexo e fechado. A seguir, provaremos que
Se A for limitado, nada temos a provar posto que N (λ0 , φ) ⊂ A. Se A não for
limitado, suponhamos, por contradição, que N (λ0 , φ) não seja limitado. Então,
existe {xn }n∈N ⊂ N (λ0 , φ) tal que ||xn || → +∞ quando n → +∞, ou seja,
Existe {xn }n∈N ⊂ N (λ0 , φ) tal que φ(xn ) ≤ λ0 , para todo n ∈ N e ||xn || → ∞.
Mas, por hipótese, lim φ(x) = +∞, o que é uma contradição, pro-
||x||→+∞, x∈A
vando o desejado em (3.28).
Logo, N (λ0 , φ) é um conjunto convexo, fechado e limitado de E. Pelo corolário
3.45 resulta que N (λ0 , φ) é compacto na topologia fraca σ(E, E ′ ). Resulta daı́,
do fato que φ é s.c.i. na topologia fraca σ(E, E ′ ), e, em virtude do lema 1.39, que
existe x0 ∈ N (λ0 , φ) tal que φ(x0 ) ≤ φ(x), para todo x ∈ N (λ0 , φ). Além disso,
se x ∈ A\N (λ0 , φ) vem que φ(x) > λ0 ≥ φ(x0 ) (x0 ∈ N (λ0 , φ)). Logo,
D(A∗ ) = {v ∈ F ′ ; v ◦ A é limitado } ,
A∗ : D(A∗ ) ⊂ F ′ → E ′ ,
v 7→ A∗ v = fv .
D(A∗∗ ) = {ξ ∈ E ′′ ; ξ ◦ A∗ é limitado } ,
A∗∗ : D(A∗∗ ) ⊂ E ′′ → F ′′ ,
ξ 7→ A∗∗ ξ = fξ .
Demonstração: (i) Para mostrar este item usaremos o corolário 1.29. Seja,
′′
então, φ ∈ F tal que ⟨φ, v⟩F ′′ ,F ′ = 0, para todo v ∈ D(A∗ ) ⊂ F ′ . Como F é
reflexivo, temos que φ se identifica com um elemento de F pelo isomorfismo J e,
desta forma, podemos então dizer que φ ∈ F . Logo, ⟨v, φ⟩F ′ ,F = 0, para todo
v ∈ D(A∗ ). Afirmamos que
φ ≡ 0 em F. (3.29)
140 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
⟨f, u⟩ + ⟨v, Au⟩ < α < ⟨v, φ⟩ , para todo u ∈ D(A). (3.30)
Definamos
Φ : G(A) ⊂ E × F → R
(u, Au) 7→ Φ(u, Au) = ⟨f, u⟩ + ⟨v, Au⟩ .
Como Φ é uma forma linear definida sobre G(A), que é um subespaço vetorial,
e tal que, em virtude de (3.30), Φ(u, Au) < α, então, Φ ≡ 0 em G(A). Resulta
daı́ que
(ii) Pelo ı́tem (i) faz sentido definirmos A∗∗ : D(A∗∗ ) ⊂ E → F , pois, pela
reflexividade, E ≡ E ′′ e F ≡ F ′′ . Consideremos a aplicação J definida em (2.29)
dada por
J(G(A∗ )) = G(A)⊥ .
J(G(A∗∗ )) = G(A∗ )⊥ .
Além disso,
⊥
[J(G(A∗ ))]
= [x, y] ∈ E × F ; ⟨[−A∗ v, v], [x, y]⟩ = 0, para todo v ∈ D(A∗ )
| {z }
≡E ′′ ×F ′′
= {[x, y] ∈ E × F ; ⟨A∗ v, x⟩ = ⟨v, y⟩ , para todo v ∈ D(A∗ )} .
Assim,
⊥
[x, y] ∈ [J(G(A∗ ))] ⇔ ⟨[−A∗ v, v], [x, y]⟩ = 0, para todo v ∈ D(A∗ )
⇔ ⟨−A∗ v, x⟩ + ⟨v, y⟩ = 0, para todo v ∈ D(A∗ )
⇔ ⟨[v, A∗ v], [y, −x]⟩ = 0, para todo v ∈ D(A∗ )
⇔ [y, −x] ∈ G(A∗ )⊥
( )
⇔ [x, y] ∈ J G(A∗ )⊥ ,
X\A = ∅. (3.32)
De fato, suponhamos, por contradição, que (3.32) não ocorra. Como X\A é
aberto e por ser {An } uma base, então, para todo x ∈ X\A existe Anx ∈ An tal
que
x ∈ An ∩ F ⊂ A ∩ F = U,
| {z }
=Bn
144 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
e pela definição de supremo, temos que, para cada n ∈ N, existe xn ∈ E tal que
||xn || = 1, e além disso,
1
||fn ||E ′ < |⟨fn , xn ⟩| ≤ ||fn ||E ′ . (3.37)
2
Seja L0 o espaço vetorial sobre Q gerado pelos {xn }n∈N , isto é, L0 é o conjunto
das combinações lineares finitas, com coeficientes em Q, de elementos de {xn }n∈N .
Afirmamos que:
L0 é enumerável. (3.38)
Λn = [x1 , · · · , xn ]
Φ : Λn → Qn
∑n
x 7→ (α1 , · · · , αn ) onde x = i=1 αi xi
∪
é bijetora, e consequentemente Λn é enumerável. Além disso, L0 = Λn , o que
n∈N
prova (3.38) já que L0 é dado pela união enumerável de conjuntos enumeráveis.
Consideremos, agora, L o espaço vetorial sobre R gerado pelos {xn }n∈N . Afir-
mamos que
L0 é denso em L. (3.39)
ESPAÇOS SEPARÁVEIS 145
De fato, seja y ∈ L. Devemos mostrar que existe y0 ∈ L0 tal que ||y−y0 ||E < ε,
∑n
para ε > 0 dado. Com efeito, como y ∈ L, y = i=1 αi xi , αi ∈ R. Sejam ε > 0 e
(r1 , · · · , rn ) ∈ Qn tais que
ε
||(r1 , · · · , rn ) − (α1 , · · · , αn )||Rn < ,
n
o que é possı́vel já que Qn = Rn . Segue daı́ que
n
∑ ∑ n
ε
||y − y0 ||E = (ri − αi )xi ≤ |ri − αi | ||xi ||E < n = ε,
| {z } n
i=1 i=1
=1
Logo, de (3.40) e (3.41) resulta que ||fn0 ||E ′ < 2ε, o que implica que
Pela arbitrariedade de ε > 0 segue que ||f ||E ′ ≡ 0, ou seja, f = 0, o que prova
o desejado. Isto conclui a prova do teorema.
é denso em Lp (Ω), 1 ≤ p < +∞, onde C0 (Ω) é o espaço das funções contı́nuas
146 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
d : BE ′ × BE ′ → R+ (3.42)
∑
+∞
1
(f, g) 7→ d(f, g) = n
|⟨f − g, xn ⟩| .
n=1
2
∑
+∞
1 ∑
+∞
1
d(f, g) = n
|⟨f − g, x n ⟩| ≤ ||f − g|| E ′
n
< +∞.
n=1
2 n=1
2
Podemos supor, sem perda da generalidade (de acordo com a proposição 3.29),
que V é da forma
Como {xn }n∈N é denso em BE , para cada i ∈ {1, · · · , n}, existe ni ∈ N tal
que
ε
||zi − xni ||E < . (3.44)
4
∑
+∞
1 1
r > d(f, f0 ) = n
|⟨f − f0 , xn ⟩| ≥ n |⟨f − f0 , xn ⟩| , para todo n ∈ N,
n=1
2 2
V = {f ∈ BE ′ ; | ⟨f − f0 , xi ⟩ | < ε, i = 1, · · · , k},
∑
k
1 ∑
+∞
1
< ε + ||f − f0 ||E ′ ||xn ||
n=1
2n 2n | {z } | {z }
n=k+1
≤2 ≤1
∑
+∞
1 ∑
+∞
2
< ε +
n=1
2n 2n
n=k+1
∑
+∞
1 1 r r
≤ ε+ =ε+ < + = r,
2n−1 2k−1 2 2
n=k+1
Com efeito,
∩
+∞ ∩
+∞
Como Vn ⊂ Un , então Vn ⊂ Un = {0}, pois de (3.48),
n=1 n=1
1
0 ≤ d(f, 0) < , ∀n ⇒ f ≡ 0,
n
o que prova (3.50).
∪
Seja L0 o subespaço gerado por D sobre Q. Então, L0 = Ln , onde
n∈N
{ n }
∑
Ln = αi xi ; xi ∈ D e αi ∈ Q .
i=1
L0 = L. (3.51)
Afirmamos que
L = E. (3.52)
Com efeito, basta mostrarmos que se f ∈ E ′ é tal que ⟨f, x⟩ = 0, para todo
x ∈ L, então f ≡ 0 em E. Consideremos, então, f ∈ E ′ tal que ⟨f, x⟩ = 0, para
todo x ∈ L e, suponhamos, por contradição, que f não é identicamente nula em
E, ou seja, que existe x0 ∈ E tal que ⟨f, x0 ⟩ =
̸ 0. Seja x ∈ D. Logo, x ∈ L e, por
hipótese, ⟨f, x⟩ = 0, ou seja
Por outro lado, como f não é identicamente nula em E, temos que ||f ||E ′ ̸= 0
e, portanto, de (3.53) resulta que
⟨ ⟩
f
, x = 0 para todo x ∈ D.
||f ||E ′
f ∩
+∞
∈ Vn = {0},
||f ||E ′ n=1
150 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Corolário 3.61 Sejam E um espaço de Banach separável e {fn }n∈N uma sequência
limitada de E ′ . Então, existe uma subsequência {fnk }k∈N de {fn }n∈N que con-
verge na topologia fraco∗ σ(E ′ , E).
De fato:
Corolário 3.61 ⇒ Observação 3.62.
Se {fn }n∈N ⊂ BE ′ , então, {fn }n∈N é limitada e portanto existe {fnk }k∈N ⊂
{fn }n∈N tal que {fnk }k∈N converge na topologia fraco∗ σ(E ′ , E).
Observação 3.62 ⇒ Corolário 3.61.
Se {fn }n∈N é limitada,{ então
} existe M > 0 tal que ||fn ||E ′ ≤ M , para todo
n ∈ N, o que implica que M fn
⊂ BE ′ e, por conseguinte, {fn }n∈N ⊂ M BE ′ .
n∈N
Como BE ′ é seqüencialmente compacta na topologia σ(E ′ , E) vem que M BE ′
∗
também o é. Assim, existem {fnk }k∈N ⊂ {fn }n∈N e f ∈ E ′ tais que fnk ⇀ f . 2
Teorema 3.63 Seja E um espaço de Banach reflexivo. Seja {xn } uma sucessão
limitada em E. Então, existe uma subsequência {xnk }k∈N que converge na to-
pologia fraca σ(E, E ′ ). Equivalentemente, BE é sequencialmente compacta na
topologia σ(E, E ′ ).
∪
De fato, temos que M1 = Λn , onde Λn = [x1 , · · · , xn ] sobre Q, ou seja, o
n∈N
subespaço gerado por {xn }n∈N sobre Q, é enumerável e denso em M0 . Logo, é
também denso em M (note que M1 = M0 e M0 = M ). Assim, M é separável.
152 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
( )1/2
Exemplo: Considere E = R2 . Com a norma ||x||2 = |x1 |2 + |x2 |2 E é
uniformemente convexo enquanto que com a norma ||x||1 = |x1 | + |x2 | E não
é uniformemente convexo. Podemos nos convencer disso observando as figuras
abaixo
6 6
'$
- -
&%
Figura 3.5: À esquerda bola unitária de E para || · ||2 enquanto que à direita bola
unitária para a norma || · ||1 .
BE ′′ = J(BE ), (3.55)
pois, de (3.55) resulta que mBE ′′ = J(mBE ), para todo m ∈ N o que implica o
desejado. Entretanto, como J(BE ) é um subconjunto fechado de E ′′ , temos que
J(BE ) = J(BE ). Resulta daı́ e de (3.55) que é suficiente provarmos que
Mas, Jx ||ξ||E ′ = J(||ξ||E ′′ x) e como ||x||E ≤ 1, então ||ξ||E ′′ ||x||E ≤ ||ξ||E ′′ <
1, o que implica que x = x ||ξ||E ′′ ∈ BE ′′ e, assim, dado ε > 0 e ξ ∈ BE ′′ , existe
x ∈ BE tal que ||Jx − ξ||E ′′ < ε, mostrando que J(BE ) = BE ′′ . Desta forma,
provar (3.56) é o mesmo que provar que
resulta que
δ
||ξ||E ′′ − < | ⟨ξ, f0 ⟩ |, para algum f0 ∈ E ′ com ||f0 ||E ′ = 1. (3.59)
2
V = {η ∈ E ′′ ; | ⟨η − ξ, f0 ⟩ | < δ/2}.
||Jx − ξ|| ≤ ε,
como queremos demonstrar em (3.57). Suponhamos o contrário, isto é, que ||Jx−
E ′′
ξ|| > ε. Isto implica que ξ ∈
/ Bε (Jx) = Jx + εBE ′′ e, consequentemente,
′′
ξ ∈ [E \(Jx+εBE ′′ )] = W . Pelo Teorema de Alaoglu temos que BE ′′ é compacta
na topologia σ(E ′′ , E ′ ) o que implica que Jx + εBE ′′ é compacto na topologia
σ(E ′′ , E ′ ) e, portanto é fechado nesta topologia. Logo, W é aberto na topologia
σ(E ′′ , E ′ ) e obviamente W é uma vizinhança de ξ. Como ξ ∈ W e ξ ∈ V resulta
que V ∩ W ̸= ∅ além de V ∩ W ser uma vizinhança fraca de ξ em σ(E ′′ , E ′ ).
Novamente, pelo lema de Goldstine, existe x ∈ BE tal que Jx ∈ V ∩ W . Contudo,
como Jx, Jx ∈ V , resulta que
{ {
| ⟨Jx, f0 ⟩ − ⟨ξ, f0 ⟩ | < δ/2 | ⟨f0 , x⟩ − ⟨ξ, f0 ⟩ | < δ/2
⇒ ,
| ⟨Jx, f0 ⟩ − ⟨ξ, f0 ⟩ | < δ/2 | ⟨f0 , x⟩ − ⟨ξ, f0 ⟩ | < δ/2
e, consequentemente,
E ′′
Mas, como Jx ∈ W , então Jx ∈ E ′′ \Bε (Jx) , o que implica que Jx ∈
/
E ′′
Bε (Jx) , e, consequentemente, ||Jx − Jx||E ′′ > ε. Segue daı́ e da identidade
acima que
Logo, por (3.61) e (3.62) chegamos a uma contradição ficando provado (3.57).
Isto conclui a prova do teorema.
o que implica
( )
yn + y 1 ||xn ||E
lim sup ≤ lim sup +1
n 2 2 n λn
E
[ ( ) ]
1 ||xn ||E
= lim sup +1
2 n λn
1
≤ (1 + 1) = 1,
2
ou seja,
yn + y
lim sup ≤ 1. (3.66)
n 2 E
ESPAÇOS UNIFORMEMENTE CONVEXOS 157
ou seja, dado ε > 0 devemos exibir n0 ∈ N tal que ||yn − y||E < ε, para todo
n ≥ n0 . Suponhamos, por contradição, que (3.68) não ocorra. Então existirá
ε0 > 0 tal que, seja qual for o n ∈ N, teremos ||yn − y||E ≥ ε0 . Como yn , y ∈ BE ,
pela convexidade uniforme de E resulta que existirá δ0 > 0 tal que
yn + y
2 < 1 − δ0 , para todo n ∈ N,
E
Os Espaços de Hilbert
Jacques-Louis Lions (1928 - 2001), à direita, foi um matemático Francês que fez
contribuições importantes na teoria de equações diferenciais parciais e controle es-
tocástico, além de outras áreas. Ele recebeu o prêmio SIAM’s John Von Neumann
em 1986.
159
160 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
e, portanto
é um espaço de Hilbert.
( )1/2
ε2
Tomando δ = 1 − 1 − 4 deduzimos que
u + v
2 < 1 − δ,
H
(a) Existência.
o que prova (4.4). Sendo H um espaço de Hilbert deduzimos que {vn }n∈N é conver-
gente para um elemento u ∈ H. Contudo, sendo K fechado, e como {vn }n∈N ⊂ K
segue que vn → u. A continuidade da norma implica que d = ||f − v||.
Demonstração 2:
164 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Consideremos, como antes, {vn }n∈N uma sequência minimizante para (i), isto
é,
vn ⇀ u fracamente em H ⇒ vn − f ⇀ u − f fracamente em H.
||u − f || ≤ lim inf ||vn − f || = d = inf ||v − f || ≤ ||v − f ||, para todo v ∈ K,
n∈N v∈K
ou seja,
(f − u, v − u) ≤ 0, para todo v ∈ K,
obtendo (ii).
(ii) ⇒ (i).
Reciprocamente, suponhamos que exista u ∈ K tal que
(f − u, v − u) ≤ 0, para todo v ∈ K.
ou seja,
(f − u1 , u2 − u1 ) + (f − u2 , u1 − u1 ) ≤ 0,
(u1 , u1 − u2 ) − (u2 , u1 − u2 ) ≤ 0,
isto é
PK : H → K
f 7→ PK (f ) = u.
PROJEÇÃO SOBRE UM CONVEXO FECHADO 167
(f1 − Pk f1 , PK f2 − PK f1 ) + (f2 − PK f2 , PK f1 − PK f2 ) ≤ 0, ∀v ∈ K.
(PK f1 − PK f2 , PK f1 − PK f2 ) ≤ (f1 − f2 , PK f1 − PK f2 ) ,
Se ||PK f1 − PK f2 || ̸= 0, então
(f − u, v) ≤ 0, para todo v ∈ M.
(f − u, v) = 0 para todo v ∈ M.
PM : H → M
f 7→ PM (f ) = u
ou seja,
PM (λ f ) = λPM (f ).
O TEOREMA DA REPRESENTAÇÃO DE RIESZ-FRÉCHET 169
Além disso,
||f || = ||φ||H ′ .
T : H → H′ (4.13)
f 7→ T f,
definida por
Por outro lado, notemos que se f ̸= 0 (é não identicamente nula), então
⟨ ⟩
f
||f ||2 = (f, f ) = ⟨T f, f ⟩ = T f, ||f ||
||f ||
≤ ||f || sup | ⟨T f, v⟩ | = ||f || ||T f ||H ′ ,
v∈H,||v||≤1
ou seja,
T H = H ′, (4.18)
T H é denso em H ′ , (4.20)
T :H → V′
f 7 → T f,
definida por
⟨T f, v⟩V ′ ,V = (f, v), para todo v ∈ V.
Prova de (4.21).
De |v| ≤ C||v||, para todo v ∈ V e da desigualdade de Cauchy-Scwarz chegamos
a
||T f ||V ′ = sup | ⟨T f, v⟩ | = sup |(f, v)| ≤ C|f |,
v∈V,||v||=1 v∈V,||v||=1
Por outro lado, seja h ∈ H. Como V é denso em H, existe {hν }ν∈N ⊂ V tal
que
hν → h em H quando ν → +∞. (4.25)
172 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
(f − g, hν ) → (f − g, h) .
(f − g, h) = 0, para todo h ∈ H.
V ,→ H ≡ H ′ ,→ V ′ (4.28)
onde as imersões são contı́nuas e densas. Neste caso, dizemos que H é o espaço pivô.
Observemos que com esta identificação podemos escrever
de (4.28) vem que H ′ ≡ V ′ , o que é um absurdo. Isto mostra que não se pode fa-
zer as duas identificações simultâneas, devendo-se escolher apropriadamente uma
delas.
Definição 4.12 Seja H um espaço vetorial com produto interno (·, ·) e norma
| · |. Dizemos que uma forma bilinear a : H × H → R é
ψu : H → R
(4.30)
v 7 → ⟨ψu , v⟩ = a(u, v).
174 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
A:H→H
u 7→ A(u) = fu , onde
⟨ψu , v⟩H ′ ,H = (fu , v), para todo v ∈ H.
ou, equivalentemente, de (4.30) e (4.31)
a(u, v) = (Au, v), para todo u, v ∈ H. (4.32)
Afiramos que:
A é linear. (4.33)
onde a constante α > 0 provêm da coercividade de a(u, v). Isto prova (4.34).
Na sequência, mostraremos que
A é contı́nua. (4.35)
OS TEOREMAS DE LIONS-STAMPACCHIA E LAX-MILGRAM 175
Seja ρ > 0 uma constante que será fixada mais adiante. Da última desigual-
dade resulta que
ou ainda,
S:K→K (4.40)
v 7→ Sv = PK (ρf − ρAv + v).
tal que Su = u, ou seja, existe um único u ∈ K tal que u = PK (ρf −ρAu+u) com
ρ > 0 nas condições acima mencionadas. Isto prova a primeira parte do teorema.
(b) Suponhamos, agora, que a(u, v) seja também simétrica. Provaremos que
os problemas
{
Existe um único u ∈ K tal que
(1)
a(u, v − u) ≥ ⟨φ, v − u⟩H ′ ,H , para todo v ∈ K,
e
Existe um único u ∈ K tal que
{ }
(2) 1 1
a(u, u) − ⟨φ, u⟩H ′ ,H = v∈K
min a(v, v) − ⟨φ, v⟩H ′ ,H ,
2 2
são equivalentes. De fato.
(1) ⇒ (2)
Como a(u, v) é simétrica e estriramente positiva, graças a coercividade, define
um novo produto interno em H cuja norma associada é a(u, u)1/2 . Além disso,
que as normas a(u, u)1/2 e |u| são equivalentes em H pois
√ √
α|u|2 ≤ a(u, u) ≤ C |u|2 ⇒ α|u| ≤ a(u, u)1/2 ≤ C|u|, ∀u ∈ H.
|{z} |{z}
coerc. cont.
u = PK g, e
a(g − u, g − u)1/2 = min a(g − v, g − v)1/2 .
v∈K
178 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Daı́,
e pelo fato de
resulta que
(2) ⇒ (1)
Para mostrarmos esta implicação, basta retrocedermos com o que fizemos na
ida, ou seja, suponhamos que exista um único u ∈ K tal que
{ }
1 1
a(u, u) − ⟨φ, u⟩ = min a(v, v) − ⟨φ, v⟩ .
2 v∈K 2
Daı́ chegamos a
Mas, como ⟨φ, v⟩ = a(g, v), para todo v ∈ H concluı́mos que a(u, v − u) ≥
⟨φ, v − u⟩, para todo v ∈ K. Isto finaliza a prova.
ou ainda,
τ : H′ → K
φ 7→ u é Lipschtiziana.
o que prova a identidade a(u, w) = ⟨φ, w⟩, para todo w ∈ H. O resto da de-
monstração decorre da aplicação imediata da segunda parte do teorema de Lions-
Stampacchia.
J :K→R
1
v 7→ J(v) = a(v, v) − ⟨L, v⟩ .
2
Aplicando-se o Teorema de Lions-Stampacchia, temos que
{
Existe um único u ∈ K tal que
a(u, v − u) ≥ ⟨L, v − u⟩ , para todo v ∈ K.
H = ⊕E n .
n
ou seja,
∑
n
|Sn u|2 = |uk |2 , para todo u ∈ H e n ∈ N. (4.47)
k=1
Por outro lado, pelo corolário 4.9, temos que PEn se caracteriza por:
{
Dado f ∈ H, e tomando-se fk = PEk f, tem-se
fk ∈ H e (f − fk , v) = 0, para todo v ∈ Ek .
ou seja,
∑
n
(u, Sn u) = |uk |2 , para todo n ∈ N e u ∈ H. (4.48)
k=1
Agora, considerando que H = ⊕En , temos que o espaço gerado pelos {En }n∈N ,
n
que designaremos por F , é denso em E. Portanto, dados ε > 0 e u ∈ H, existe
u ∈ F tal que
ε
|u − u| < , (4.50)
2
o que implica que
ε
|Sn u − Sn u| = |Sn (u − u)| ≤ |u − u| < ,
2
e, por conseguinte,
∑
+∞
lim Sn u = u ⇒ u = un , para todo u ∈ H.
n→+∞
n=1
∑
n
|Sn u|2 = |uk |2 , para todo u ∈ H e n ∈ N.
k=1
Definição 4.19 Sejam H um espaço de Hilbert com produto interno (·, ·) e norma
| · | e {en }n∈N , uma sequência de elementos de H tal que
Proposição 4.20 Sejam H um espaço de Hilbert e {en }n∈N uma base Hilbertiana
de H. Então,
∑
+∞ ∑
+∞
2
u= (u, en ) en e |u| = 2
|(u, en )| .
n=1 n=1
184 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Analogamente,
(u, en ) = t (en , en ) = t.
Consequentemente,
∑
+∞ ∑
+∞
u = (u, en ) en + (u, ek ) ek ⇒ u = (u, ek ) ek
k=1,k̸=n k=1
Teorema 4.21 Todo espaço de Hilbert separável admite uma base Hilbertiana.
D = {v1 , v2 , · · · , vn , · · · }
∪+∞
Logo, β = n=1 βn é um subconjunto ortonormal e enumerável de H. Além
disso, o subespaço gerado por β é denso em H. β é a base Hilbertiana procurada
de H.
186 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Capı́tulo 5
Teoria Espectral
Frigyes Riesz (1880 – 1956), à esquerda, foi um matemático nascido em Gyor, Áustria-
Hungria (agora Hungria) e faleceu em Budapest, Hungria. Ele foi reitor e professor da
Universidade de Szeged. Riesz fez contribuições fundamentais no desenvolvimento da
Análise Funcional e seu trabalho teve um número de aplicações importantes em Fı́sica.
Seu trabalho foi construı́do baseado em ideias introduzidas por Fréchet, Lebesgue, Hil-
bert e outros. Ele também tem algumas contribuições em outras áreas incluindo a Teoria
Ergódica e ele deu uma prova elementar do principal teorema ergódico.
Erik Ivar Fredholm (1866 - 1927), à direita, foi um matemático Sueco que estabeleceu a
teoria moderna de equações integrais. Seu trabalho publicado em 1903 na revista Acta
Mathematica é considerado um dos principais marcos no estabelecimento da teoria de
operadores.
187
188 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
é denominada hermitiana.
Convém notar que se a(u, v) é uma forma sesquilinear que verifica a condição
de simetria, ou seja, a(u, v) = a(v, u), para todo u, v ∈ E, então a(u, v) é identi-
camente nula. De fato, dados u, v ∈ E e λ ∈ C, por um lado
Segue daı́ que a(u, v) = 0, pois, caso contrário, λ = λ, para todo λ ∈ C, o que
é um absurdo.
Logo, a única forma sesquilinear simétrica é a identicamente nula, isto é, a
trivial. Como consequência disto não faz sentido falarmos em formas sesquili-
neares simétricas no contexto das formas sesquilineares.
Proposição 5.6 Sejam E um espaço vetorial complexo e a(u, v) uma forma ses-
quilinear. Então, a(u, v) é hermitiana se e somente se a(u) é real.
o que implica
Consequentemente,
2a(u, v) i = β + α i e − 2a(v, u) i = β − α i,
|a(u, v)|2 = |α|2 |a(v, v)| |a(v, v)| = a(u, u) a(v, v).
Pondo-se
Também,
2
λ a(u, v) = t eiθ q eiθ = t q eiθ eiθ = t q eiθ = t q. (5.12)
Definição 5.10 Sejam E um espaço vetorial complexo e a(u, v) uma forma ses-
quilinear de E. a(u, v) é denominada um produto interno em E se for hermitiana
e estritamente positiva.
(P 1) (u, u) ≥ 0 e (u, u) = 0 ⇔ u = 0.
(P 2) (λ u, v) = λ(u, v).
(P 3) (u + v, w) = (u, w) + (v, w)
(P 4) (u, v) = (v, u).
Observação 5.11 Note que as condições (iii) e (iv) da definição 5.1 não neces-
sitam ser englobadas às quatro condições acima, pois decorrem das mesmas. Com
efeito, para todo u, v, w ∈ E temos
f :E×E →R (5.15)
1( )
(u, v) 7→ f (u, v) = ||u + v||2 − ||u − v||2 .
4
Provaremos, a seguir, que f satisfaz as seguintes propriedades: Para todo
u, v, w ∈ E e α ∈ R, temos
Φ:E×E×E →R
(u, v, w) 7→ Φ(u, v, w),
definida por
Provaremos que
1[ ]
f (u + v, w) = ||u + v + w||2 − ||u + v − w||2 ,
4
1[ ]
f (u, w) = ||u + w||2 − ||u − w||2 ,
4
1[ ]
f (v, w) = ||v + w||2 − ||v − w||2 .
4
Logo,
Φ(u, v, w)
= ||u + v + w||2 − ||u + v − w||2 − ||u + w||2 + ||u − w||2
−||v + w||2 + ||v − w||2 ,
ou seja,
Φ(u, v, w) =
2||u + w||2 + 2||v||2 − ||u + w − v||2 − 2||u − w||2 − 2||v||2
+||u − w − v||2 − ||u + w||2 + ||u − w||2 − ||v + w||2 + ||v − w||2 ,
ou seja,
Φ(u, v, w) (5.19)
= ||u + w||2 − ||u + w − v||2 − ||u − w||2 + ||u − w − v||2
−||v + w||2 + ||v − w||2 .
2Φ(u, v, w)
= ||u + w + v||2 − ||u − w + v||2 − ||u + w − v||2 + ||u − w − v||2
−2||v + w||2 + 2||v − w||2
[ ] [ ]
= ||u + w + v||2 + ||u − w − v||2 − ||u − w + v||2 + ||u + w − v||2
−2||v + w||2 + 2||v − w||2 ,
ou seja,
2Φ(u, v, w)
[ ] [ ]
= ||u + (w + v)||2 + || − u + (v + w)||2 − ||(v − w) + u||2 + ||(v − w) − u||2
−2||v + w||2 + 2||v − w||2 . (5.20)
2Φ(u, v, w)
( ) ( )
= 2 ||u||2 + ||v + w||2 − 2 ||v − w||2 + ||u||2 − 2||v + w||2 + 2||v − w||2
= 2||u||2 + 2||v + w||2 − 2||v − w||2 − 2||u||2 − 2||v + w||2 + 2||v − w||2 = 0,
• Prova de (ii).
De maneira análoga, definamos a função auxiliar
φ:R→R
α 7→ φ(α) = f (α u, v) − α f (u, v),
Com efeito,
• Se α = 0, então
1[ ]
φ(0) = f (0, v) = ||v||2 − || − v||2 = 0 ⇒ φ(0) = 0.
4
• Se α = −1, então
• Se α = 1, então
φ(n) = f (n u, v) − n f (u, v)
= f (sign (u + · · · + u), v) − n f (u, v)
| {z }
n parcelas
= sign (f (u, v) + · · · + f (u, v)) − n f (u, v)
| {z }
n parcelas
= sign |n| f (u, v) − n f (u, v)
= n f (u, v) − n f (u, v) = 0,
ou seja,
(·, ·) : E × E → C (5.25)
[u, v] 7→ (u, v) = f (u, v) + i f (u, i v),
(u + v, w) = f (u + v, w) + i f (u + v, i w)
= f (u, w) + f (v, w) + i f (u, i w) + i f (v, i w)
= [f (u, v) + i f (u, i w)] + [f (v, w) + i f (v, i w)]
= (u, w) + (v, w),
ou seja,
Logo,
ou seja,
isto é,
(i u, v) = f (i u, v) + i f (i u, i v)
= f (v, i u) + i f (u, v)
= i f (u, v) − f (u, i v)
= i f (u, v) + i2 f (u, i v)
= i [f (u, v) + i f (u, i v)] = i (u, v),
ou seja,
(λ u, v) = ((α + i β)u, v) = (α u + β i u, v)
= (α u, v) + (β i u, v)
= α (u, v) + i β (u, v)
= (α + i β) (u, v) = λ (u, v),
ou seja,
a:H ×H →C
(u, v) 7→ a(u, v) = (u, v).
ou ainda,
|(u, v)|2 ≤ (u, u) (v, v) = ||u||2 ||v||2 ⇒ |(u, v)| ≤ ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H,
|a(u,v)|
Com efeito, seja a ∈ S. Temos que ||u|| ||v|| ≥ 0, para todo u, v ∈ H tal que
u, v ̸= 0 e portanto
|a(u, v)|
||a|| = sup ≥ 0.
u,v∈H;u,v̸=0 ||u|| ||v||
|(a + b) (u, v)| |a(u, v) + b(u, v)| |a(u, v)| |b(u, v)|
= ≤ +
||u|| ||v|| ||u|| ||v|| ||u|| ||v|| ||u|| ||v||
|a(u, v)| |b(u, v)|
≤ sup + sup
u,v∈H;u,v̸=0 ||u|| ||v|| u,v∈H;u,v̸=0 ||u|| ||v||
= ||a|| + ||b||,
Daı́,
||a|| = inf{C > 0; |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H}. (5.37)
Desta forma, ||a|| ≤ C, para todo C > 0 tal que |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para
todo u, v ∈ H. Assim, tomando-se o ı́nfimo obtemos
||a|| ≤ inf{C > 0; |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H}. (5.38)
o que implica que ||a|| ∈ {C > 0; |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H}.
Consequentemente,
||a|| ≥ inf{C > 0; |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H}. (5.39)
De fato, como
resulta que
Observação 5.17 De acordo com o que vimos acima, se a(u, v) é uma forma
sesquilinear limitada, podemos escrever
( )
u v ||u|| ||v||
2C ||u|| , 2C ||v|| = +
2C ||u|| 2c ||v||
1 1 1
= + = < δ1 .
2C 2C C
Em particular,
Observação 5.20 Decorre dos ı́tens (i) e (iii) da Proposição acima que os con-
ceitos de forma sesquilinear contı́nua e forma sesquilinear limitada são equivalen-
tes.
resulta que
1
|a(u, v)| ≤ [|a(u + v, u + v)| + |a(u − v, u − v)| (5.46)
4
+ |a(u + i v, u + i v)| + |a(u − i v, u − i v)|]
C[ ]
≤ ||u + v||2 + ||u − v||2 + ||u + i v||2 + ||u − i v||2 ,
4
onde C > 0 é uma constante que provém da limitação de a(u, v) na diagonal.
Como H é um espaço de Hilbert, temos que é válida a identidade do parale-
logramo e, portanto,
( )
||u + v||2 + ||u − v||2 = 2 ||u||2 + ||v||2 ,
( ) ( )
||u + i v||2 + ||u − i v||2 = 2 ||u||2 + ||i v||2 = 2 ||u||2 + ||v||2 .
Logo,
|a(u, u)|
sup ≤ C, para todo C ∈ B,
u∈H;u̸=0 ||u||
2
|a(u,u)|
uma vez que sup ||u||2 é cota inferior para B. Definamos:
u∈H;u̸=0
|a(u, u)|
α= sup e β = inf B.
u∈H;u̸=0 ||u||
2
α=β (5.48)
resulta que
ou seja,
1
a(v, v) + a(v, u) = [a(u + v, u + v) − a(u − v, u − v)] .
2
Resulta daı́, do fato que a(u, v) é limitada na diagonal de H ×H e da identidade
do paralelogramo que
1
|a(u, v) + a(v, u)| ≤ [|a(u + v, u + v)| + |a(u − v, u − v)|]
2
C[ ]
≤ ||u + v||2 + ||u − v||2
2
C[ ( )]
= 2 ||u||2 + ||v||2 ,
2
ou seja,
( )
|a(u, v) + a(v, u)| ≤ C ||u||2 + ||v||2 , para todo u, v ∈ H, (5.50)
Como a(u, v), a(v, u) em (5.51) são complexos, temos que existem θ, δ ∈ [0, 2π]
tais que a(u, v) = |a(u, v)|ei θ e a(v, u) = |a(v, u)|ei δ . Tomemos, em particular,
i(θ−δ)
λ=e 2 . Então, |λ| = 1 e de (5.51) vem que
i(−θ+δ)
i(θ−δ)
e 2 |a(u, v)|ei θ + e 2 |a(v, u)|ei δ ≤ 2C,
ou ainda,
i(θ+δ)
2 i(θ+δ)
e |a(u, v)| + e 2 |a(v, u)| ≤ 2C,
Assim,
||a|| ≤ inf B = β.
Agora, como
{ }
|a(u, u)|
; u ∈ H tal que u ̸
= 0
||u||2
{ }
|a(u, v)|
⊂ ; u, v ∈ H tal que u, v ̸= 0 ,
||u|| ||v||
então
|a(u, u)| |a(u, v)|
sup ≤ sup = ||a||. (5.53)
u∈H;u̸=0 ||u|| 2
u,v∈H;u,v̸=0 ||u|| ||v||
(i) A é contı́nuo em H.
(ii) A é contı́nua no ponto 0 ∈ H.
(iii) A é limitado em H.
(iv) A é Lipschitziano em H.
Além disso, se u = 0, temos que ||A u|| = 0 = C||u||. Desta forma concluı́mos
que ||Au|| ≤ C ||u||, para todo u ∈ H.
(iii) ⇒ (iv). Suponhamos A limitado em H, isto é, existe C > 0 talq que
||au|| ≤ C ||u||, para todo u ∈ H. Então, se u, v ∈ H, face a linearidade de A,
resulta que
a:H ×H →C
(u, v) 7→ a(u, v), onde,
a(u, v) = (Au, v), para todo u, v ∈ H. (5.58)
o que prova ser A uma forma sesquilinear. Além disso, como o produto interno é
uma forma sesquilinear, hermitiana, estritamente positiva, então, pela desigual-
dade de Cauchy-Schwarz e de (5.56), obtemos
|a(u, v)| = |(Au, v)| ≤ ||Au|| ||v|| ≤ ||A|| ||u|| ||v|| para todo u, v ∈ H, (5.59)
||A|| ≥ inf{C > 0; |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H} = ||a||, (5.60)
OPERADORES LINEARES LIMITADOS 215
Como
{ } { }
|(Au, v)| |(Au, Au)|
; u, v ∈ H e u, v ̸= 0 ⊃ ; u ∈ H e u, Au ̸= 0 ,
||u|| ||v|| ||u|| ||Au||
vem que
Como
{ } { }
||Au|| ||Au||
; u ∈ H e u, Au ̸= 0 ⊂ ; u ∈ H, u ̸= 0 ,
||u|| ||u||
resulta que
||Au|| ||Au||
sup ≤ sup . (5.62)
u∈H;u,Au̸=0 ||u|| u∈H;u̸=0 ||u||
||Au|| ||Au||
≤ sup , para todo u ∈ H tal que u, Au ̸= 0,
||u|| u∈H;u,Au̸=0 ||u||
||Au|| ||Au||
≤ sup , para todo u ∈ H, u ̸= 0,
||u|| u∈H;u,Au̸=0 ||u||
e, consequentemente,
||Au|| ||Au||
sup ≤ sup . (5.63)
u∈H;u̸=0 ||u|| u∈H;u,Au̸=0 ||u||
||Au|| ||Au||
sup = sup = ||A||. (5.64)
u∈H;u,Au̸=0 ||u|| u∈H;u̸=0 ||u||
216 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Assim, de (5.61) e (5.64) resulta que ||a|| ≥ ||A|| e daı́ e de (5.60) concluı́mos
que ||a|| = ||A||.
(II) Seja, agora, a(u, v) uma forma sesquilinear limitada de H. Definamos,
para cada u ∈ H, u ̸= 0, a seguinte aplicação:
fu : H → C (5.65)
v 7→ ⟨f u, v⟩ = a(u, v).
Pondo-se, para u ̸= 0, k = ||a|| ||u|| > 0, então |⟨f u, v⟩| ≤ k ||v||, para todo
v ∈ H. Desta forma, f u, é, para u ̸= 0, uma forma linear limitada de H. Se
u = 0, f u ≡ 0 e é trivialmente uma forma linear limitada de H. Do exposto
acima, e para cada u ∈ H, temos que f u é uma forma linear limitada de H. Pelo
Teorema de Representação de Riesz, para cada u ∈ H, existe um único wu ∈ H
tal que
A:H→H (5.68)
u 7→ Au = wu , onde wu é dado pelo teorema de Riesz.
⟨f u1 , v⟩ = ⟨f u2 , v⟩, para todo v ∈ H, ou ainda, (v, wu1 ) = (v, wu2 ), para todo
v ∈ H, onde wu1 e wu2 são dados pelo Teorema de Riesz. Resulta da última
identidade em particular para v = wu1 − wu2 que wu1 = wu2 , o que prova que
Au1 = Au2 .
Consideremos, agora, u, v ∈ H. Temos, de (5.67) e (5.68) que,
∀v ∈ H.
Assim, (A(λ u1 ) − λ Au1 , v) = 0 para todo v ∈ H, o que implica que
A(λ u1 ) = λ A(u1 ),
o que nos leva a ||Au|| ≤ ||a|| ||u||, para todo u ∈ H tal que Au ̸= 0 e u ̸= 0. Se
u = 0, temos que Au = 0 e, portanto, ||Au|| = ||a|| ||u|| = 0. Se Au = 0 temos
que ||Au|| = 0 ≤ ||a|| ||u||. Do exposto vem que
o que prova ser A limitado. De modo análogo ao que foi feito em (I), temos que
||A|| = ||a||.
218 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
F : S(H) → L(H)
a 7 → F (a) = A,
Demonstração:
(i) F está bem definida.
Seja, a1 , a2 ∈ S(H) tais que a1 = a2 . Então, a1 (u, v) = a2 (u, v), para todo
u, v ∈ H e portanto,
o que implica que F (a1 )u = F (a2 )u, para todo u ∈ H, donde F (a1 ) = F (a2 ).
(ii) F é injetora.
Sejam a1 , a2 ∈ S(H) e suponhamos que F (a1 ) = F (a2 ). Então, A1 = A2 onde
a1 (u, v) = (A1 u, v) e a2 (u, v) = (A2 u, v) para todo u, v ∈ H. Como A1 = A2 ,
(A1 u, v) = (A2 u, v), para todo u, v ∈ H e, desta forma, a1 (u, v) = a2 (u, v), para
todo u, v ∈ H, ou seja, a1 = a2 .
(iii) F é linear.
Sejam a1 , a2 ∈ S(H) e λ ∈ C.
CONJUNTOS ORTONORMAIS COMPLETOS 219
(a) Temos, F (a1 + a2 ) = A3 , onde (a1 + a2 )(u, v) = (A3 u, v), para todo
u, v ∈ H, ou seja,
Além disso, u
||u|| ∈
/ A, pois, caso contrário, de (5.70) e, em particular, terı́amos
( )
u u
0= , = 1,
||u|| ||u||
o que é um absurdo.
{ }
Logo, M = ||u||u
∪ A é um conjunto ortonormal em H contendo A estrita-
mente, o que é uma contradição.
Reciprocamente, suponhamos que para todo u ∈ H tal que u ⊥ A tenhamos
u = 0 e, por contradição, suponhamos que A não seja completo. Então, existe
B, conjunto ortonormal em H, tal que A está contido propriamente em B. Logo,
existe w ∈ B\A. Então,
é trivialmente ortonormal em H.
Consideremos, então, A um conjunto ortonormal em H. Se A não é completo,
então existe B ortonormal em H tal que A ⊂ B. Seja S a coleção de todos os con-
juntos ortonormais que contêm A. S é não vazio pois B ∈ S. É claro que a coleção
S é parcialmente ordenada pela inclusão de conjuntos. Mostraremos agora que
todo subconjunto de S totalmente ordenado tem uma limitação superior em S, ou
seja, S é indutivamente ordenado. Poderemos, então, aplicar o Lema de Zorn, que
garante que todo conjunto não vazio indutivamente ordenado tem um elemento
maximal, para obtermos um conjunto ortonormal maximal. Consideremos, então,
T = {Aα }α∈I ,
∪ ∪
Logo, Aα é uma cota superior para T . Mostraremos que Aα ∈ S, ou
∪
α∈I ∪ α∈I
seja, que Aα é ortonormal em H. De fato, sejam u, v ∈ Aα . Isto implica
α∈I α∈I
que existem Aα e Aβ tais que
u ∈ Aα e v ∈ Aβ .
u, v ∈ Aβ .
(u, v) = 0 ⇒ u ⊥ v.
∪
Se tivéssemos suposto que Aβ ⊂ Aα , concluirı́amos o mesmo. Logo, Aα é
α∈I
ortonormal em H e portanto
∪
Aα ∈ S.
α∈I
222 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
∪
Logo, o conjunto Aα é uma limitação superior para T em S. Pelo Lema
α∈I
de Zorn existe um elemento maximal A em S. Assim, A é ortonormal e completo
pois se existir B ∈ S tal que A ⊂ B, então, por ser A maximal, A = B. Isto
conclui a prova.
∑
+∞
(1) v= (u, vν )vν , isto é série converge para um vetor v ∈ H.
ν=1
∑
n
Sn = (u, vν )vν .
ν=1
Temos, das propriedades de produto interno e pelo fato de A = {vν }ν∈N ser
ortonormal, que
0
2 ( )
∑n ∑ n ∑n
≤ ||u − Sn || = u −
2
(u, vν )vν = u − (u, vν )vν , u − (u, vν )vν
ν=1 ν=1 ν=1
( ) ( n ) ( n )
∑n ∑ ∑ ∑
n
= (u, u) − u, (u, vν )vν − (u, vν )vν , u + (u, vν )vν , (u, vν )vν
ν=1 ν=1 ν=1 ν=1
( ) ( )
∑
n ∑
n ∑
n
= ||u||2 − (u, vν )vν , u − (u, vν )vν , u + (u, vν )(u, vν ) (vν , vν )
ν=1 ν=1 ν=1
| {z }
=1
∑
n ∑
n ∑
n
= ||u|| −
2
(u, vν )(vν , u) − (u, vν )(vν , u) + |(u, vν )| 2
Aqui [A] representa o subespaço gerado por A. Logo, existe {Sn }n∈N ⊂ [A] tal
que Sn → v em H quando n → +∞. Isto significa que v ∈ [A].
(4) Temos, para cada µ ∈ N, de acordo com o ı́tem (1), que
(u − v, vµ ) = (u, vµ ) − (v, vµ )
(∞ )
∑
= (u, vµ ) − (u, vν )vν , vµ
ν=1
= (u, vµ ) − (u, vµ ) = 0,
(u − v, wn ) = 0, para todo n ∈ N.
224 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
ou seja, u − v ⊥ [A].
(3) É claro que se u = v, então, em virtude de (2), u ∈ [A]. Reciprocamente,
suponhamos que u ∈ [A]. Como de (2) temos que v ∈ [A], então, uma vez que [A]
é subespaço resulta que
u − v ∈ [A]. (5.74)
u − v ⊥ [A]. (5.75)
(u − v, u − v) = 0 ⇒ u = v,
u ⊥ [A],
u ⊥ [A]. (5.76)
Como [A] = H, por hipótese, resulta de (5.76) que (u, v) = 0, para todo v ∈ H,
e, em particular, que
0 = (u, u) = ||u||2 ,
[A] ̸= H.
u − v ⊥ [A],
u−v
= 0,
||u − v||
o que é um absurdo. Em vista disso, podemos dizer que A não é completo pois
{ }
u−v
A ∪ A,
||u − v||
Contudo,
n 2 ( n )
∑ ∑ ∑
n ∑
n
(u, vν )vν = (u, vν )vν , (u, vν )vν = |(u, vν )|2 ,
ν=1 ν=1 ν=1 ν=1
u ⊥ A. (5.81)
(1) A é completo.
(2) u ⊥ A ⇒ u = 0.
∑
+∞
(3) u∈H⇒u= (u, vν )vν .
ν=1
(4) [A] = H.
∑
+∞
(5) ||u||2 = |(u, vν )|2 .
ν=1
∑
+∞
(6) Para todo u, w ∈ H, (u, w) = (u, vν )(w, vν ).
ν=1
Observação 5.38 A Proposição 5.30 nos garante que todo espaço de Hilbert H,
não trivial, admite um conjunto ortonormal completo, não necessariamente enu-
merável. Contudo, se tal conjunto for enumerável, são válidas as equivalências
dadas no Teorema 5.37. Surge então uma pergunta natural: Quando é que um
espaço de Hilbert admite um conjunto ortonormal enumerável e completo? Por
exemplo, quando H é separável pois todo conjunto ortonormal é no máximo enu-
merável (ver demonstração adiante no lema 5.71).
Denomina-se base Hilbertiana à toda sucessão {vν }ν∈N de elementos de H tais
que
Logo, todo espaço de Hilbert separável admite uma base Hilbertiana, conforme
já tı́nhamos provado no Teorema 4.21 para espaços de Hilbert reais.
228 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
No que segue nesta seção seja H um espaço de Hilbert com produto interno (·, ·)
e norma || · || = (·, ·)1/2 .
Demonstração:
Definindo-se
vn + vm
|| − u|| ≥ inf ||v − u|| = d,
2 v∈M
SUBESPAÇOS FECHADOS E O TEOREMA DA PROJEÇÃO 229
resultando que
o que acarreta que {vn }n∈N é uma sequência de Cauchy em H,e, portanto, con-
verge. Sendo M fechado e como {vn }n∈N ⊂ M , existe v0 ∈ M tal que vn → v0
quando n → +∞. Logo
d = ||u − v||.
Consideremos, então,
w = v − u.
230 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
w ⊥ M. (5.86)
e, por conseguinte,
é dado por ∆ = 4|(w, z)|4 > 0, o que garante a existência de raı́zes reais distintas
e, consequentemente existe β entre tais raı́zes tal que f (β) < 0, o que prova (5.89),
o que é uma contradição com (5.88), ficando provado (5.86). Isto termina a prova.
( )⊥
Demonstração: De acordo com a proposição 5.43(ii), temos que M ⊂ M ⊥ .
Supo-nhamos, por contradição, que a inclusão seja própria, ou seja, admitamos
( )⊥ ( )⊥
que M $ M ⊥ . Então, pela proposição 5.40 existe w ∈ M ⊥ tal que w ̸= 0
⊥ ⊥
( ⊥ )⊥ ⊥
e w ⊥ M , isto é, w ∈ M . Assim, w ∈ M ∩ M e como M é subespaço, da
⊥
( ⊥ )⊥
proposição 5.43(i), que ∈ M ∩ M = {0}, e, portanto, w = 0, o que gera uma
( )⊥
contradição. Logo, a inclusão não pode ser própria e devemos ter M = M ⊥ ,
conforme querı́amos demonstrar.
(( ) )⊥
⊥
Corolário 5.46 Sejam H um espaço de Hilbert e S ⊂ H. Então, S ⊥ = S⊥ .
( )⊥
Demonstração: De acordo com a proposição 5.43(ii), S ⊥ é um subespaço
( ⊥ )⊥
fechado contendo S e, desta forma, S contém o menor subespaço fechado
SUBESPAÇOS FECHADOS E O TEOREMA DA PROJEÇÃO 233
M + N = {u + v; u ∈ M, v ∈ N }, (5.94)
M ⊥ N,
então,
M ∩ N = {0}. (5.95)
já que (uν − uµ ) ⊥ (vν − vµ ), para todo ν, µ ∈ N. Como {wν }ν∈N é de Cauchy,
resulta de (5.96) na passagem ao limite que {uν }ν∈N e {vν }ν∈N são sequências de
Cauchy em H. Logo, existem u, v ∈ H tais que
uν → u e vν → v em H. (5.97)
wν = uν + vν → u + v ∈ M + N,
H = M ⊕ M ⊥.
N = M + M ⊥.
M ⊂ N e M ⊥ ⊂ N.
ADJUNTO DE UM OPERADOR LINEAR LIMITADO 235
N ⊥ ⊂ M ⊥ ∩ M = {0}.
Portanto,
N ⊥ = {0},
fv : H → C
u 7→ ⟨f v, u⟩ = a(u, v).
De maneira análoga ao que já foi feito anteriormente, mostra-se que f v ∈ L(H)
e portanto, pelo Teorema de Representação de Riesz, existe um único wv ∈ H tal
que
⟨f v, u⟩ = (u, wv ) , para todo u ∈ H.
A∗ : H → H
(5.98)
v 7 → A∗ (v) = wv ,
ou seja,
ou seja,
e, portanto,
Resulta daı́ que (A∗∗ u − Au, v) = 0, para todo u, v ∈ H e, portanto, A∗∗ u = Au,
para todo u ∈ H, ou ainda, A∗∗ = A, o que prova o desejado.
(Au, u) (Au, u)
m= inf e M = sup .
u∈H;u̸=0 ||u||2
u∈H;u̸=0 ||u||
2
Então,
(Au, u)
m≤ ≤ M, para todo u ∈ H, u ̸= 0.
||u||2
|(Au, u)| = |a(u, u)| ≤ ||a|| ||u||2 = ||A|| ||u|| 2, para todo u ∈ H.
Assim,
e, desta forma,
(Au, u)
−||A|| ≤ ≤ ||A||, para todo u ∈ H, u ̸= 0.
||u||2
(Au, u) (Au, u)
−||A|| ≤ inf ≤ sup ≤ ||A||, para todou ∈ H, u ̸= 0,
u∈H;u̸=0 ||u||2 u∈H;u̸=0 ||u||
2
ou seja,
−||A|| ≤ m ≤ M ≤ ||A||,
(Au, u) (Au, u)
|M | ≥ M = sup ≥ , para todo u ∈ H, u ̸= 0.
u∈H;u̸=0 ||u||2 ||u||2
OPERADORES COMPACTOS - O TEOREMA ESPECTRAL PARA
OPERADORES SIMÉTRICOS 239
(Au, u)
|M | ≥ |m| ≥ −m = − inf para todo u ∈ H, u ̸= 0.
u∈H;u̸=0 ||u||2
Assim,
|(Au, u)|
|M | ≥ , para todo u ∈ H, u ̸= 0,
||u||2
|(Au, u)|
sup ≤ |M |,
u∈H;u̸=0 ||u||2
(Au, u) (Au, u)
|m| ≥ −m = − inf ≥− , para todo u ∈ H, u ̸= 0.
u∈H;u̸=0 ||u|| 2 ||u||2
(Au, u) (Au, u)
|m| ≥ |M | ≥ M = sup ≥ , para todo u ∈ H, u ̸= 0.
u∈H;u̸=0 ||u|| 2 ||u||2
Assim,
|(Au, u)|
|m| ≥ para todo u ∈ H, u ̸= 0.
||u||2
Logo,
|(Au, u)|
sup ≤ |m|,
u∈H;u̸=0 ||u||2
ou seja, ||A|| ≤ |m| = max{|M |, |m|}, o que prova o desejado em (5.101). Assim,
de (5.100) e (5.101) fica provado o desejado.
H = {φν : K → C; x ∈ K 7→ (x, uν ), ν = 1, 2, · · · }.
Temos:
para todo ν ∈ N e x, y ∈ K.
Assim, dado ε > 0, existe δ = ε > 0 tal que
se ||x − y|| < δ ⇒ |φν (x) − φν (y)| < ε, para todo ν ∈ N. (5.102)
||φν || = sup |φν (x)| = sup |(x, uν )| ≤ sup ||x|| ||uν || ≤ C, ∀ν ∈ N, (5.103)
x∈K x∈K x∈K
Em particular,
ou seja,
ou ainda,
o que implica
Por outro lado, temos que {Am0 uk,k } é convergente, e portanto, de Cauchy.
Logo, existe n0 ∈ N tal que para todo k, l > n0 resulta que
ε
||Am0 uk,k − Am0 ul,l || < . (5.107)
3
então
λ wk → u, quando k → +∞ (5.112)
Seja v = u
λ. Então, ||v|| = 1 e de (5.112) vem que λ wk → λ v. Sendo A
limitado resulta que A(λ wk ) → A(λ v), de onde resulta que Awk → Av. Desta
última convergência, de (5.111), (5.112) e do fato que u = λ v concluı́mos que
Av = λ v, o que encerra a prova.
Hλ = {u ∈ H; Au = λu}
Dividindo cada elemento {φn }n∈N por sua norma, obtemos finalmente uma
subsucessão de vetores {en }n∈N tais que
||Aen − Aem ||2 = ||A(en − em )||2 = ||λ(en − em )||2 = |λ|2 ||en − em ||2 .
Contudo,
Logo,
o que implica que {Aen }n∈N não possui subsucessão alguma convergente, o que
contradiz o fato que A é um operador compacto. Assim, a multiplicidade do valor
próprio λ ̸= 0 é finita.
u1
v1 = ,
||u1 ||
v2 = u2 − (u2 , v1 )v1 ,
v3 = u3 − (u3 , v1 )v1 − (u3 , v2 )v2 ,
..
.
vn = un − (un , v1 )v1 − (un , v2 )v2 − · · · − (un , vn−1 )vn−1 ,
..
.
H2 = {u ∈ H; (u, v1 ) = 0} e definamos H1 = H.
OPERADORES COMPACTOS - O TEOREMA ESPECTRAL PARA
OPERADORES SIMÉTRICOS 247
{ }
Então, λvν ′′ é limitada e, como A é compacto, existirão uma subsucessão da
ν
ou seja, {vν ′ } não é de Cauchy. Isto nos leva a uma contradição provando que
lim λν ′ = 0.
ν ′ →+∞
lim |λν | = 0
ν→+∞
uma vez que {|λν |} é uma sucessão decrescente e limitada de números reais e por-
tanto covergirá para o seu ı́nfimo, que, neste caso, é zero. Do exposto concluı́mos
que
lim λν = 0
ν→+∞
∑
ν−1
wν = u − (u, vi )vi . (5.114)
i=1
∑
ν−1 ∑
ν−1
Awν = Au − (u, vi )Avi = Au − λi (u, vi )vi
i=1 i=1
∑
ν−1 ∑
ν−1
= Au − (u, Avi )vi = Au − (Au, vi )vi .
i=1 i=1
OPERADORES COMPACTOS - O TEOREMA ESPECTRAL PARA
OPERADORES SIMÉTRICOS 249
∑
ν−1
(wν , vj ) = (u, vj ) − (u, vi )(vi , vj ) = 0, j = 1, 2, · · · , ν − 1,
i=1
∑
ν−1
||wν ||2 = ||u||2 − |(u, vi )|2 ,
j=1
e, por conseguinte,
(ν −1 ) ν −1
∑0 ∑
0
pois
implicando que (v, vν ) = 0 para todo ν ∈ N, já que estamos admitindo que
(λ − λν ) ̸= 0,, para todo ν ∈ N. De (5.113) resulta que
∑
Av = λν (v, vν )vν = 0,
ν
Auν → Au. Contudo, como para cada ν ∈ N, Auν = 0, vemk que Au = 0, o que
prova que u ∈ N (A) e portanto N (A) é um subespaço fechado de H. Assim, de
acordo com o Teorema 5.49, sendo A limitado, podemos escrever que
é convergente em H. Definindo-se
∑
w =u− (u, vν )vν ∈ H, (5.120)
ν
Aw = Au − Au = 0, (5.123)
252 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Segue daı́ e de (5.118) que a representação dada em (5.119) é única. Isto encerra
a prova.
∑
+∞
u=w+ (u, vν )vν .
ν=1
OPERADORES COMPACTOS - O TEOREMA ESPECTRAL PARA
OPERADORES SIMÉTRICOS 253
u ∈ N (A) ∩ N (A)⊥ ,
[{vν }ν∈N ] = H,
Lema 5.71 Seja H um espaço de Hilbert separável. Então, todo conjunto orto-
normal em H é enumerável (no máximo).
B √2 (x) ∩ A = {x}.
2
u ⊥ eµ , para todo µ.
Por outro lado, como H = N (A) ⊕ N (A)⊥ , então, existe um único w ∈ N (A)
e um único v ∈ N (A)⊥ tais que
u = v + w. (5.129)
H = N (A) ⊕ N (A)⊥ .
uma vez que [vν0 ] é um subespaço fechado de H. Segue daı́ que dado u ∈ H,
⊥
existem únicos w1 ∈ [vν0 ] e z1 ∈ [vν0 ] tais que
u = w1 + z1 .
ou seja,
∑
u = (u, vν0 )vν0 + w + (u, vν )vν .
ν̸=ν0
⊥
Contudo, (u, vν0 )vν0 ∈ [vν0 ], w ∈ [vν0 ] (pois w ∈ N (A), N (A) ⊥ N (A)⊥ e
∑ ⊥ ⊥
vν0 ∈ N (A)⊥ ) e ν̸=ν0 (u, vν )vν ∈ [vν0 ] (pois vν ⊥ vν0 , para todo ν ̸= ν0 e [vν0 ]
é um subespaço fechado). Logo, pela unicidade da representação vem que
∑
(u, vν0 )vν0 = w1 e w + (u, vν )vν = z1 .
ν̸=ν0
Pν : H → [vν ]
u 7→ Pν u = (u, vν )vν ,
isto é,
∑
(ii) ν≥0 Pν = I.
Com efeito, para todo u ∈ H, de (5.119) temos que
∑
u=w+ (u, vν )vν , w ∈ N (A),
ν
∑
(iii) A = ν≥0 λ ν Pν .
De fato, para todo u ∈ H temos, de acordo com o teorema 5.66(ii),
∑ ∑ ∑
λν Pν u = λν Pν u = λ0 P0 u + λν (u, vν )vν = Au.
| {z }
ν≥0 ν≥0 =0 ν≥1
Observação 5.73 Seja A ∈ L(H) um operador tal que dim(Im(A)) < +∞.
Então A é compacto.
De fato, seja L ⊂ H um conjunto limitado. Então, existe M > 0 tal que
||x|| ≤ M , para todo x ∈ L. Sendo A limitado resulta que
Lema 5.74 Seja {An }n∈N uma sucessão de operadores de L(H), de imagem fi-
nita (ou seja, dim(Im(An )) < +∞ para todo n) e consideremos A ∈ L(H) tal
que ||An − A|| → 0 quando n → +∞. Então A é compacto.
onde {λν }ν∈N converge para zero e {vν }ν∈N é um sistema ortonormal de H.
Então, A é compacto e simétrico.
Tem-se dim(Im(A)) < +∞, para todo n ∈ N. Pela observação 5.73 temos,
para cada n ∈ N, que An ∈ Lc (H). Provaremos que
An → A em L(H). (5.131)
Como A da forma que foi definido é linear e contı́nuo temos de (5.134) que
o que prova (5.131). Pelo lema 5.74 segue que A é compacto. Além disso, A é
simétrico pois para todo u, v ∈ H resulta que
(+∞ ) +∞
∑ ∑
(Au, v) = λν (u, vν )vν , v = λν (u, vν )(vν , v),
ν=1 ν=1
( )
∑
+∞ ∑
+∞ ∑
+∞
(u, Av) = u, λν (v, vν )vν = λν (v, vν )(u, vν ) = λν (vν , v)(u, vν ),
ν=1 ν=1 ν=1
u − λAu = v, (5.135)
ou ainda,
(I − λA)u = v,
Logo,
w1 = w2 . (5.141)
• i) λ ̸= 1
λν , para todo ν ∈ N.
• ii) λ = 1
λν0 , para algum ν0 ∈ N.
ou seja,
∑ λλν
u=v+ (v, vν )vν , (5.142)
ν
1 − λλν
dimN (A − λν0 I) = r.
Então, pela proposição 5.64, r < +∞. Como Avν0 = λν0 vν0 temos que vν0 ∈
N (A−λν0 I) e, portanto, podemos completar o conjunto {vν0 } de modo a obtermos
uma base para N (A − λν0 I) posto que vν0 ̸= 0. Tal completamento será feito de
modo a obtermos, nessa base, o máximo de elementos de {vν } possı́veis. Seja
{vν0 , u1 , · · · , ur−1 } tal base. Sem perda de generalidade, podemos supor tais
vetores ui unitários pois se eles não o forem, basta unitarizá-los que eles ainda
continuam formando uma base para N (A − λν0 I).
Provaremos que
Observemos que as sequências {λ∗ν }ν∈N e {vν∗ }ν∈N tem as mesmas propriedades
das sequências {λν }ν∈N e {vν }ν∈N . De fato,
∑
v) Au = λ∗ν (u, vν∗ )vν∗ , para todo u ∈ H.
ν
Seja u ∈ H e definamos
∑
ν−1
wν = u − (u, vi∗ )vi∗ .
i=1
Portanto,
∑
ν−1 ∑
ν−1
= ||u||2 − (u, vi∗ )(u, vi∗ ) − (u, vi∗ ) (vi∗ , u)
i=1 i=1
| {z }
=(u,vi∗ )
(ν−1 )
∑ ∗ ∗
∑
ν−1
∗ ∗
+ (u, vi )vi , (u, vi )vi
i=1 i=1
∑
ν−1 ∑
ν−1 ∑
ν−1
= ||u||2 − |(u, vi∗ )|2 − |(u, vi∗ )|2 + |(u, vi∗ )|2 ,
i=1 i=1 i=1
o que implica
∑
ν−1
||wν ||2 = ||u||2 − |(u, vi∗ )|2 .
i=1
Assim, ||wν ||2 ≤ ||u||2 , ou seja, ||wν || ≤ ||u||. Se wν0 = 0, para alguma ν0 ,
então
∑
ν−1
u= (u, vi∗ )vi∗ ,
i=1
∑
ν−1 ∑
Au = λ∗i (u, vi∗ )vi∗ = λ∗ν (u, vν∗ )vν∗ ,
i=1 ν
||Awν ||
temos que |λ∗ν | ≥ ||Azν ||. Assim, ||Azν || = ||wν || , ou seja,
Assim, {vν∗ }n∈N é uma sequência nos moldes do Teorema 5.66 e tal que
Mas, da proposição 5.68 resulta que {vν }ν∈N e {vν∗ }ν∈N são completos em
N (A)⊥ . Pelo fato de {vν }ν∈N ser ortonormal completo temos, por definição,
que {vν }ν∈N é maximal em N (A)⊥ e de (5.144) temos uma contradição ficando
provado (5.143). Portanto,
ui ∈ {vν }ν∈N , i = 1, 2, · · · , r − 1.
Como λ = 1
λν0 e λν = λν0 para todo ν = ν0 , · · · , ν0 + r − 1, temos que
∑ λν
ν0∑
+r−1
Au = (v, vν )vν + λν0 (u, vν )vν .
1 − λλν ν=ν
ν̸=ν0 ,··· ,ν0 +r−1 0
∑ λλν ∑
r−1
λ Au = (v, vν )vν + λ λν0 ai vν0 +i .
1 − λλν i=0
ν̸=ν0 ,··· ,ν0 +r−1
i = 0, · · · , r − 1.
∑ λλν
u=v+ (v, vν )vν . (5.147)
ν
1 − λλν
ii) Se λ = 1
λν0 , para algum ν0 ∈ N, a equação 5.135 tem pelo menos uma
solução u se, e somente se, v é ortogonal à vν0 , vν0 +1 , · · · , vν0 +r−1 , onde r é a
multiplicidade de λν0 . Além disso, a equação tem infinitas soluções u e todas são
da forma
∑ λν ∑
r−1
u = v + λ (v, vν )vν + ci vν0 +i , (5.148)
1 − λλν i=0
ν̸=ν0 ,··· ,ν0 +r−1
onde ci ∈ C, i = 0, 1, · · · , r − 1.
266 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
∑ λλν
(v, vν )vν ,
ν
1 − λλν
converge em H.
Para tal, mostraremos que a sequência das somas parciais é de Cauchy. Temos,
para ν > µ,
ν 2
∑ λλ ∑ µ
i λλi
||Sν − Sµ || 2
= (v, vi )vi − (v, vi )vi
1 − λλ i 1 − λλi
i=1 i=1
2
∑
ν λλi
= (v, vi )vi
i=µ+1 1 − λλi
∑
ν
λλi 2
1 − λλi |(v, vi )| .
2
=
i=µ+1
Asiim,
∑
ν
||Sν − Sµ ||2 ≤ C 2 |(v, vi )|2 .
i=µ+1
∑+∞
Como pela Desigualdade de Bessel, i=1 |(v, vν )|2 ≤ ||v||2 < +∞, temos que
∑ν
i=µ+1 |(v, vi )|2 → 0 quando µ, ν → +∞, o que implica que |§ν − Sµ || → 0,
quando ν, µ → +∞. Logo faz sentido a expressão dada em (5.147).
Consideremos, então,
∑ λλν
u=v+ (v, vν )vν . (5.149)
ν
1 − λλν
A ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 267
Logo,
( )
∑
ν
λλi
Au = Av + A lim (v, vi )vi
ν→+∞
i=1
1 − λλi
∑
ν
λλi
= Av + lim (v, vi )Avi .
ν→+∞
i=1
1 − λλi
e, portanto,
∑ ∑ λλ2ν
Au = λν (v, vν )vν + (v, vν )vν
ν ν
1 − λλν
∑( λλ2ν
)
= λν + (v, vν )vν
ν
1 − λλν
∑ λν
= (v, vν )vν ,
ν
1 − λλν
λν = λν0 , ν = ν0 , · · · , ν0 + r − 1,
λν ̸= λν0 , ν ̸= ν0 , · · · , ν0 + r − 1.
Mostraremos que
Como λ = 1
λν0 e λν = λν0 para ν = ν0 , · · · , ν0 + r − 1, temos que
(v, vν ) = 0, ν = ν0 , · · · , ν0 + r − 1.
Logo,
∑ ∑ λλ2ν
Au = λν (v, vν )vν + (v, vν )vν
1 − λλν
ν̸=ν0 ,··· ,ν0 +r−1 ν̸=ν0 ,··· ,ν0 +r−1
∑
r−1
+ λλν0 ci vν0 +i
| {z }
i=0
=1
∑ [ ] ∑
r−1
λλ2ν
= λν + (v, vν )vν + ci vν0 +i
1 − λλν i=0
ν̸=ν0 ,··· ,ν0 +r−1
∑ λν ∑ r−1
= (v, vν )vν + ci vν0 +i ,
1 − λλν i=0
ν̸=ν0 ,··· ,ν0 +r−1
o que prova que a equação (5.135) possui pelo menos uma solução, quaisquer que
sejam ci ∈ C. Portanto, a equação (5.135) possui uma infinidade de soluções.
Resta-nos mostrar que qualquer solução de (5.135) é dada da forma (5.148). Com
efeito, seja u0 solução de (5.135). Então, se u é dada na forma (5.148) temos que
ou seja,
1
A(u0 − u) = (u0 − u) = λν0 (u0 − u).
λ
Logo,
temos que
Assim,
∑
r−1
u0 = u + k0 vν0 +i ,
i=0
isto é,
∑ r−1 (
∑ )
λν ki
u0 = v + λ (v, vν )vν + ci + vν0 +i .
1 − λλν i=0
λ
ν̸=ν0 ,··· ,ν0 +r−1
Como ci + ki
λ ∈ C, resulta que a demonstração do teorema está concluı́da.
Antes de demostrarmos o principal resultado deste parágrafo, a Alternativa
de Riesz-Fredholm, provaremos alguns resultados preliminares necessários na de-
monstração do mesmo.
d
d ≤ ||v − w0 || ≤ .
1−ε
definamos
v − w0
u= .
||v − w0 ||
Lema 5.78 (Teorema de Riesz) Seja E um espaço vetorial normado tal que
BE = {u ∈ E; ||u||E ≤ 1} é compacta. Então E é de dimensão finita.
En = [v1 , · · · , vn ] , n ∈ N.
Então, a coleção {En }n∈N é formada por subespaços de E que possuem di-
mensão finita e tais que En−1 En , para todo n ∈ N∗ . Em virtude do lema
A ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 271
1
≤ d(un , En−1 ) ≤ ||un − um ||,
2
posto que um ∈ Em ⊂ En−1 . Assim,
1
||un − um || ≥ , se m < n; para todo m, n ∈ N.
2
Desta forma, {un } não possui subsequência convergente pois, caso contrário,
se existisse {unk } ⊂ {un }, com {unk } convergente, então {unk } seria de Cauchy
e portanto existiria k0 ∈ N tal que ||unk1 − unk2 || < 12 , para todo k1 > k2 ≥ k0 ,
o que geraria um absurdo. Logo, {un } é uma sequência limitada (pois ||un || = 1
para todo n ∈ N) tal que não possui nenhuma subsequência convergente, o que
é um absurdo pois, por hipótese, BE é compacta na topologia forte. Concluı́mos
então que E é de dimensão finita.
Demonstração: Seja d = inf ||u − v||. Então, existe {vn } ⊂ M tal que
v∈M
||u − vn || → d, quando n → +∞. Sejam m, n ∈ N. Temos:
Logo,
Como vn +vm
2 ∈ M resulta que
vn + vm
− u ≥ inf ||v − u|| = d.
2 v∈M
Assim,
2
vn + vm
− − u ≤ −d2 .
2
Portanto,
Demonstração:
a) Definamos E1 = N (I − λA). Observemos que N (I − λA) é um subespaço
fechado de H e portanto E1 , munido da norma de H, é um espaço de Hilbert.
Afirmamos que
temos que u ∈ A(λBE ). Logo, BE1 ⊂ A(λBE ) ⊂ A(λBE ), o que prova (5.152).
Mas, pelo fato de λBE ser limitado e A compacto resulta que A(λBE ) é compacto.
Logo, BE1 é compacto posto que é fechado e está contido em um compacto. Pelo
lema 5.78 concluı́mos que E1 é de dimensão finita.
b) Seja {fn } ⊂ Im(I − λA) tal que fn → f em H. Devemos mostrar que
f ∈ Im(I − λA), ou seja, provaremos que
Com efeito, como {fn } ⊂ Im(I − λA) temos que, para cada n ∈ N, fn =
un − λAun , onde {un } ⊂ H. Podemos supor, sem perda de generalidade, que
un ∈
/ N (I − λA), para todo n ∈ N, pois, caso contrário, temos duas possibilidades
a considerar:
(i) Existe uma infinidade de n ∈ N tais que un ∈ N (I − λA).
(ii) Existe apenas um número finito de n ∈ N tais que un ∈ N (I − λA).
Se (i) acontece, garantimos a existência de uma subsequência {unk } ⊂ {un }
tal que {unk } ⊂ N (I − λA), isto é, unk = λAunk . Desta forma, fnk = 0 para
todo k ∈ N. Mas, pelo fato de {fnk } ⊂ {fn } e fn → f em H resulta que fnk → f
em H e, portanto, f ≡ 0 = 0 + λA0, ou seja, f ∈ Im(I − λA).
Se (ii) ocorre, existem n1 , · · · , nk0 tais que uni ∈ N (I − λA), i = 1, · · · , k0 .
Seja n0 = max{ni ; i = 1, · · · , k0 }. Então, a sequência vn = un0 +n , n ∈ N é
tal que fn = vn − λAvn → f e vn ∈
/ N (I − λA), para todo n ∈ N. Logo, o
mesmo procedimento usado para un ∈
/ N (I − λA), para todo n ∈ N pode ser
usado para vn . Desta forma, suponhamos, então, sem perda de generalidade que
un ∈
/ N (I − λA), para todo n ∈ N. Com isto em mente, definamos
Afirmamos que:
De fato, suponhamos, por contradição, que {||vn − un ||} não seja limitada.
Então, existe uma subsequência {||unk − vnk ||} de {||vn − un ||} tal que
Definindo-se
un − vn
wn = , n ∈ N,
||un − vn ||
resulta que
Por outro lado de (5.157) e pelo fato de A ser compacto, existe uma sub-
sequência de {wnk }, que continuaremos denotando por {wnk }, tal que
Como
uma vez que A é contı́nuo. Logo, de (5.158) resulta que z − λAz = 0, ou seja,
z ∈ N (I − λA). No entanto,
Assim
Em particular,
Ainda,
Portanto,
A1 : E1 → E1
u 7→ A1 u = Au,
Logo,
Portanto,
1
≤ d(um , Em+1 ) ≤ || − (un − λAun ) + (um − λAum ) + (un − um )||
2
= ||λAun − λAum || = |λ| ||Aun − Aum ||,
278 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Desta forma, qualquer subsequência {unk } de {un } é tal que {Aunk } não é
de cauchy e, portanto, não pode ser convergente. Logo, existe uma sequência
limitada {un } tal que {Aun } não possui subsequência convergente, o que é um
absurdo, uma vez que A é compacto. Daı́ concluı́mos que Im(I − λA) = H o que
prova o desejado.
d) Provaremos que dim N (I − λA) = dim(I − λA∗ ). Temos, pelo item (a) que
ambas as dimensões são finitas. Sejam, então,
Afirmamos que
d∗ ≤ d. (5.161)
H = N (I − λA) ⊕ [N (I − λA)]⊥
P : H → N (I − λA)
u 7→ P u = w, onde u = w + v.
A ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 279
Como estamos supondo que d < d∗ , existe uma aplicação Λ linear, injetiva
e não sobrejetiva de N (I − λA) em N (I − λA∗ ). De fato, sejam {v1 , · · · , vd } e
{v1∗ , · · · , vd∗ }, bases de N (I − λA) e N (I − λA∗ ), respectivamente. Definamos a
seguinte aplicação:
Λ : N (I − λA) → N (I − λA∗ )
v 7→ w,
∗
onde se v = a1 v1 + · · · + ad vd , então, w = a1 v1∗ + · · · + ad vd∗ + 0 · vd+1 + · · · + 0 · vd∗∗ .
Temos que:
• Λ é linear.
Com efeito,
• Λ é injetiva.
De fato,
Λ ◦ P : H → N (I − λA∗ ),
280 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
S = λA + (Λ ◦ P ) : H → H.
N (I − S) = {0}.
u − λAu = 0 e (λ ◦ P )u = 0.
Mas, pelo item (b) temos que Im(I − λA) = [N (I − λA∗ )]⊥ e, portanto,
u − λAu ∈ [N (I − λA∗ )]⊥ . Como vd∗∗ , (Λ ◦ P )u ∈ N (I − λA∗ ) temos que vd∗∗ −
(Λ ◦ P )u ∈ N (I − λA∗ ). Resulta daı́ e do fato que
que vd∗∗ − (Λ ◦ P )u = 0, ou seja, vd∗∗ = (Λ ◦ P )u, o que é um absurdo posto que já
mostramos que não existe v ∈ N (I − λA) tal que Λv = vd∗∗ . Tal contradição veio
da suposição que d < d∗ . Logo, d∗ ≤ d. Seja, agora,
Demonstração: (i) Suponhamos que (I) e (II) não tenham soluções únicas
para algum w, z ∈ H. Então, existem u1 , u2 soluções de (I) e v1 , v2 soluções de
(II) tais que u1 ̸= u2 e v1 ̸= v2 . Definamos: u = u1 − u2 e v = v1 − v2 . Então,
u, v ̸= 0 e u e v são soluções de (III) e (IV ), respectivamente. Portanto (III) e
(IV ) admitem soluções não nulas. Além disso, pelo teorema 5.81 (a) e (d), temos
que N (I − λA) possui dimensão finita e dim[N (A − λI)] = dim[N (I − λA∗ )].
Logo, o número de soluções linearmente independentes é finito e o mesmo para
ambas as equações.
(ii) Pelo item (b) do teorema 5.81 temos que Im(I − λA) é fechado e Im(I −
λA) = N (I − λA∗ )⊥ . Assim, a equação (I) admite solução ⇔ w ∈ Im(I − λA) ⇔
w ∈ N (I − λA∗ )⊥ ⇔ w ⊥ N (I − λA∗ ) ⇔ w é ortogonal a toda solução de (IV ).
(iii) Lembrando que A∗ ∈ Lc (H) e A∗∗ = A, concluı́mos, em virtude do
teorema 5.81 (b) que Im(I − λA∗ ) é fechado e Im(I − λA∗ ) = N (I − λA∗∗ )⊥ =
N (I − λA)⊥ . Assim, a equação (II) admite solução ⇔ v ∈ Im(I − λA)⊥ ⇔
v ⊥ N (I − λA) ⇔ v é ortogonal a toda solução de (III).
Demonstração:
Como A é compacto simétrico temos pelo teorema 5.66 que existe {λν }ν∈N ⊂ R
tal que tal sequência contém todos os auto valores de A.
(i) Se λ ̸= 1
λν , para todo ν ∈ N, temos, pelo teorema 5.76 que u − λAu =
v possui solução única para cada v ∈ H. Se λ = 1
λν0 para algum ν0 , temos
que u − 1
λν0 Au = 0, para u = vν0 ̸= 0 e o número de soluções linearmente
independentes é finito posto que dim N (I − 1
λν0 A) é finito.
1
(ii) Se λ = λν0 , para algum ν0 , o resultado decorre do teorema 5.76. Se
λ ̸= 1
λν , para todo ν ∈ N, temos que u − λAu = v possui uma única solução e
u − λAu = 0 não possui solução diferente da trivial, pois, {λν }ν∈N coleciona todos
os auto-valores não nulos. Assim, decorre trivialmente o resultado.
ψ : L(E, F ) → L(F ′ , E ′ )
A 7→ A∗ ,
onde
ϕ : L(H, H ′ ) → L(H ′ , H)
A 7→ A∗ ,
ϕ : L(H) → L(H)
A 7→ A∗ ,
OPERADORES NÃO LIMITADOS 283
passa a ser anti-linear, posto que devido a essa identificação temos que ⟨u′ , v⟩H ′ ,H
= (u, v)H , para todo u ∈ H ′ e v ∈ H, e o produto interno é anti-linear na segunda
componente. Desta forma é necessário tomarmos o cuidado quando identificarmos
H com H ′ pois, neste caso, (λA)∗ = λA∗ , para todo λ ∈ C.
Observação 5.86 Dizemos que A é limitado se existe uma constante c > 0 tal
que ||Au|| ≤ c||u||, para todo u ∈ D(A).
Notemos que podemos ter operadores lineares não limitados que sejam limita-
dos. Basta que tais operadores satisfaçam simultaneamente a definição acima e
a condição de limitação.
vetorial dado por D(A + B) = D(A) ∩ D(B). Além disso, se E, F e G são espaços
de Banach e A e B são operadores de F em G e E em F , respectivamente, então
A ◦ B é um operador de E em G cujo domı́nio é o subespaço vetorial dado por
D(A ◦ B) = {u ∈ D(B); Bu ∈ D(A)}.
Demonstração: Notemos que se u ∈ D(A), então existe {un }n∈N ⊂ D(A) tal
que un → u em E e, portanto, {un }n∈N é de Cauchy em E. Por outro lado, pela
linearidade e limitação de A, temos,
à : D(A) → F
u 7→ Ãu = lim A(un ), onde lim un = u.
n→+∞ n→+∞
Notemos que
• Ã está bem definida pois se {un }, {vn } ⊂ D(A) são tais que un → u e
vn → u em E, então, un − vn → 0 e, pela linearidade e limitação de A,
A(un − vn ) = Aun − Avn → 0 em F . Logo, lim Aun = lim Avn .
n→+∞ n→+∞
= λ1 Ãu + λ2 Ãv.
• Ã é limitada. Com efeito, seja u ∈ D(A). Então, existe {un } ⊂ D(A) tal
que un → u em E e,
• ||Ã|| = ||A||. De fato, de (5.163) temos que ||Ã|| ≤ ||A||. Por outro lado,
H = D(A) ⊕ [D(A)]⊥ .
286 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
 : H → H
u 7→ Âu = Ãv,
o que prova a linearidade de Â. Além disso, notemos que  é limitado pois se
u ∈ H então podemos escrever u = v + w e ||u||2 = (v + w, v + w) = ||v||2 + ||w||2 ,
ou seja,
( )1/2
||u|| = ||v||2 + ||w||2 .
Logo,
ou seja
ou seja, ||Â|| ≥ ||A||, de onde concluı́mos que ||Â|| = ||A||, e encerra a prova.
OPERADORES NÃO LIMITADOS 287
Definindo-se vn = un
||un || , para todo n ∈ N∗ , então, do exposto acima
Existe {vn } ⊂ H tal que ||vn || = 1 e ||Avn || > n, para todo n ∈ N∗ . (5.165)
fn : H → C
u 7→ fn (u) = (u, Avn ).
Temos,
|fn (u)| = |(u, Avn )| = |(Au, vn )| ≤ ||Au|| ||vn || = ||Au||, para todo u ∈ H,
Então,
||Avn ||2 = (Avn , Avn ) = fn (Avn ) ≤ ||fn || ||Avn || ≤ C ||Avn ||, para todo n ∈ N∗ ,
ou seja,
isto é, n < C, para todo n ∈ N∗ , o que é uma contradição. Isto encerra a prova.
Como estamos interessados nos operadores autoadjuntos (simétricos) e não
limitados, que é o caso dos operadores diferenciais, como consequência do Teorema
5.90 nos vemos obrigados a trabalhar com operadores que estão definidos num
subespaço próprio de H.
D(A∗ ) (5.167)
= {v ∈ H; existe v ∗ ∈ H tal que (Au, v) = (u, v ∗ ), para todo u ∈ D(A)}.
Do fato de D(A) ser denso em H concluı́mos que para cada v ∈ D(A∗ ), existe
um único v ∗ ∈ H tal que (Au, v) = (u, v ∗ ), para todo u ∈ D(A). Com efeito,
suponhamos que existe v ∈ D(A∗ ) para o qual existam v1∗ e v2∗ pertencentes a H
tais que
Assim, (u, v1∗ ) = (u, v2∗ ), para todo u ∈ D(A), ou seja, (u, v1∗ − v2∗ ) = 0,
para todo u ∈ D(A). Pela densidade de D(A) em H vem que se u ∈ H, existe
{un } ⊂ D(A) tal que un → u quando n → +∞. Como (un , v1∗ − v2∗ ) = 0,
para todo n ∈ N, segue que, na situação limite obtemos (u, v1∗ − v2∗ ) = 0, para
todo u ∈ H. Em particular, tomando u = v1∗ − v2∗ resulta que ||v1∗ − v2∗ || = 0
e, portanto, v1∗ = v2∗ . Sendo assim, para cada v ∈ D(A∗ ) associamos um único
v ∗ ∈ H satisfazendo
Além disso, D(A∗ ) ̸= ∅ posto que 0 ∈ D(A∗ ) pois (Au, 0) = 0(u, 0), para todo
u ∈ D(A). Mais além, D(A∗ ) é um subespaço vetorial de H. Com efeito, sejam
v1 , v2 ∈ D(A∗ ) e λ1 , λ2 ∈ C. Então, existem v1∗ , v2∗ ∈ H tais que
Logo,
Desta forma, para (λ1 v1 + λ2 v2 ) ∈ H, existe (λ1 v1∗ + λ2 v2∗ ) ∈ H tal que
o que implica que (λ1 v1 + λ2 v2 ) ∈ D(A∗ ), para todo v1 , v2 ∈ D(A∗ ) e para todo
λ1 , λ2 ∈ C.
Do exposto, fica bem definida a seguinte aplicação:
A∗ : D(A∗ ) ⊂ H → H (5.169)
v 7→ A∗ v = v ∗ ,
onde (Au, v) = (u, v ∗ ), para todo u ∈ D(A), que é linear pois, de (5.168) resulta
que
(Au, v) = (u, A∗ v), para todo u ∈ D(A) e para todo v ∈ D(A∗ ). (5.170)
Observação 5.93 Quando A ∈ L(H) não existe distinção entre operadores simé-
tricos e auto adjuntos. No entanto, se A é não limitado, todo operador auto
adjunto é simétrico mas nem sempre a recı́proca é verdadeira pois pode ocorrer
que A ( A∗ ; isto é, D(A) ( D(A∗ ) e A = A∗ em D(A). De modo a ilustrar tal
fato, consideremos o exemplo abaixo.
Exemplo
OPERADORES NÃO LIMITADOS 291
Inicialmente, notemos que T1∗ está bem definido pois D é denso em L2 (0, 1)
posto que as funções testes estão contidas em D.
Mostremos que T1∗ ⊆ T2 . De fato, seja y ∈ D(T1∗ ) e ponhamos y ∗ = T1∗ y.
Então, pela relação de adjunção; para todo x ∈ D temos que (T1 x, y)L2 (0,1) =
(x, y ∗ )L2 (0,1) , ou seja,
∫ 1 ∫ 1
−ix′ (t)y(t)dt = x(t)y ∗ (t)dt.
0 0
Usando integração por partes e do fato que x(0) = x(1) = 0 decorre que
∫ 1 ∫ 1 ∫ t
x(t)y ∗ (t)dt = − x′ (t)Y ∗ (t)dt, onde Y ∗ (t) = y ∗ (s)ds.
0 0 0
∫1 ∫1
Além disso, como 0
x′ (t)dt = x(1) − x(0) = 0 decorre que 0
cx′ (t)dt = 0;
para toda constante c.
Sendo assim, segue que
∫ 1 ∫ 1
′ ′
[x (t)Y ∗ (t) − ix (t)y(t)]dt = 0, ou ainda, x′ (t)[Y ∗ (t) + iy(t)]dt = 0.
0 0
292 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
∫1
Mais além, 0
x′ (t)[Y ∗ (t) + iy(t) + c]dt = 0, ∀x ∈ D.
∫t ∫1
Por outro lado, seja z(t) ∈ L2 (0, 1) e definamos Z(t) = 0
z(t)dt − t 0
z(t)dt.
Temos que Z ∈ D e, portanto, em particular,
∫ 1
Z ′ (t)[Y ∗ (t) + iy(t) + c]dt = 0,
0
isto é,
∫ 1 ∫ 1
{z(t) − z(t)dt}[Y ∗ (t) + iy(t) + c]dt = 0.
0 0
∫1
Se tomarmos c de tal maneira que 0
[Y ∗ (t) + iy(t) + c]dt = 0, então
∫ 1
z(t)[Y ∗ (t) + iy(t) + c]dt = 0, ∀z ∈ L2 (0, 1),
0
ou seja,
(z, Y ∗ (t) + iy(t) + c)L2 (0,1) , ∀z ∈ L2 (0, 1).
∫t
Logo, Y ∗ = −iy − c, donde 0
y ∗ (s)ds = −iy(t) − c, ou ainda, y ∗ (t) = −iy ′ (t).
Como y ∗ ∈ L2 (0, 1), segue que Y ∗ é absolutamente contı́nua, ou seja, y é
absolutamente contı́nua e y ′ ∈ L2 (0, 1). Por conseguinte, y ∈ D2 e, portanto,
D(T1∗ ) ⊂ D(T2 ) = D2 e T1∗ y = T2 y.
Resta provar que D(T2 ) ⊂ D(T1∗ ); ou ainda, que se y ∈ D(T2 )∃y ∗ ∈ L2 (0, 1)
∗
tal que (T1 x, y)L2 (0,1) = (x, yL 2 (0,1) para todo x ∈ D(T2 ). Com efeito,
∫ 1 ∫ 1 ∫ 1
′
−ix (t)y(t)dt = −i[− x(t)y ′ (t)dt] = x(t)[−iy ′ (t)]dt,
0 0 0
Por outro lado, temos |u|2 + (Au, u) = (f, u) e, portanto, |u|2 ≤ (f, u) ≤ |f ||u|.
Logo, |u| ≤ |f |.
Sendo assim, o operador (I + A)−1 : H → D(A) dado por (I + A)−1 f = u é
um operador linear limitado de H em H e ||(I + A)−1 ||L(H) ≤ 1.
Demonstremos, agora, que A é fechado. Com efeito, seja {un } ⊂ D(A) tal
que un → u e Aun → f em H, então un + Aun → u + f . Logo, un = (I +
A)−1 (un + Aun ) → (I + A)−1 (u + f ). Da unicidade do limite, concluı́mos que
u = (I + A)−1 (u + f ) ∈ D(A) e, consequentemente, (I + A)u = u + f ∴ Au = f ,
o que prova o desejado.
Finalmente, suponhamos que para algum λ0 > 0 tenhamos Im(I + λ0 A) = H.
λ0
Demonstremos que para todo λ > 2 temos que Im(I + λA) = H. De maneira
análoga ao que foi feito no item (ii) para todo f ∈ H existe um único u ∈ D(A)
tal que u + λ0 Au = f e o operador f 7−→ u se designa por (I + λ0 A)−1 e verifica
||(I + λ0 A)−1 ||L(H) ≤ 1.
294 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
λ0 λ0
⇐⇒ u = (I + λ0 A)−1 [ f + (1 − )u].
λ λ
Pelo Teorema do ponto fixo de Banach tal equação será verificada se a aplicação
λ0 λ0
(I + λ0 A)−1 [ f + (1 − )I] : D(A) ⊂ H → H,
λ λ
for uma contração estrita, ou seja, seja u1 , u2 ∈ D(A) então
λ0 λ0 λ0 λ0
||(I + λ0 A)−1 [ f + (1 − )u1 ] − f + (1 − )u2 ]||
λ λ λ λ
λ0 λ0
≤ ||(I + λ0 A)−1 ||L(H) |1 − |||u1 − u2 || ≤ |1 − |||u1 − u2 ||.
λ λ
isto é,
(u1 , v1 + Av1 ) = (u1 + Au1 , v1 ) ∴ (u1 , v) = (u, v1 ).
OPERADORES NÃO LIMITADOS 295
Por outro lado, lembremos que D(A) ⊂ D(A∗ ), no caso em que A é simétrico.
Resta-nos, portanto, provar que D(A∗ ) ⊂ D(A). De fato, seja u ∈ D(A∗ ) e,
ponhamos f = u + A∗ u. Temos, para v ∈ D(A), que
Mas,
Sendo assim,
( )
u, [(λA∗ ) − (λA)∗ ]v = 0, para todo u ∈ D(A), v ∈ D(A∗ ).
Consequentemente,
((A + B)u, v) = (u, (A + B)∗ v), para todo u ∈ D(A + B). (5.172)
Assim,
Afirmamos que
D(B ∗ A∗ ) ⊂ D((AB)∗ ).
∗
(Au, v) = (u, vA )∀u ∈ D(A) e (Bu, A∗ v) = (u, vB
∗
), ∀u ∈ D(B).
298 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
ou seja,
((AB)u, v) = (u, (B ∗ A∗ )v), para todo u ∈ D(B) tal que Bu ∈ D(A). (5.173)
Seja v ∈ D(B ∗ ). Então, existe v ∗ ∈ H tal que (Bu, v) = (u, v ∗ ), para todo
u ∈ D(B) e, portanto, em particular, (Bu, v) = (u, v ∗ ), para todo u ∈ D(A).
Como Bu = Au, para todo u ∈ D(A) temos que
e, portanto,
vν → v e A∗ vν → w em H.
De (5.178) e (5.179) resulta que (Au, v) = (u, w), para todo u ∈ D(A) e
∗
A v = w, o que encerra a prova.
Denotaremos por H 2 ao produto cartesiano de H por H e por [u, v] os ele-
mentos de H 2 , ou seja,
quando n → +∞.
Pelo fato de G(A) ser fechado concluı́mos que [u, v] ∈ G(A), ou seja, u ∈ D(A)
e Au = v.
Reciprocamente, suponhamos que A seja um operador fechado e consideremos
{wn }n∈N ⊂ G(A) tal que wn → w em H 2 . Logo, wn = [un , Aun ], onde un ∈ D(A),
para todo n ∈ N e w = [u, v] com un → u e Aun → v em H. Pelo fato e A ser
fechado, u ∈ D(A) e v = Au. Assim, [u, v] = w ∈ G(A).
Definição 5.101 Seja A um operador injetivo de H tal que D(A) seja denso em
H. Dizemos que A é unitário se A∗ = A−1 , onde A−1 : Im(A) ⊂ H → H.
||Au||2 = (Au, Au) = (u, A∗ (Au)) = (u, A−1 (Au)) = (u, u) = ||u||2 , ∀u ∈ D(A),
ou seja,
( )
(U [u1 , v1 ], [u2 , v2 ]) = [u1 , v1 ], U −1 [u2 , v2 ] , para todo [u1 , v1 ], [u2 , v2 ] ∈ H 2 ,
isto é,
( )
(V [u1 , v1 ], [u2 , v2 ]) = [u1 , v1 ], V −1 [u2 , v2 ] , para todo [u1 , v1 ], [u2 , v2 ] ∈ H 2 ,
e, consequentemente, U 2 = I e V 2 = −I.
⊥
[V (G(A))] = G(A∗ ),
Portanto,
ou seja,
([Au, −u], [v, A∗ v]) = 0 para todo u ∈ D(A) e para todo v ∈ D(A∗ ),
OPERADORES NÃO LIMITADOS 303
ou ainda, de (5.180),
(V [u, Au], [v, A∗ v]) = 0, para todo u ∈ D(A) e para todo v ∈ D(A∗ ). (5.181)
⊥
G(A∗ ) ⊂ [V (G(A))] . (5.182)
⊥
w ∈ [V (G(A))] = {[v1 , v2 ] ∈ H 2 ; ([v1 , v2 ], [Au, −u]) = 0, para todo u ∈ D(A)},
temos que
ou seja,
⊥
[V (G(A))] ⊂ G(A∗ ). (5.183)
||T [uν , vν ] − T [uµ , vµ ]|| = ||T ([uν , vν ] − [uµ , vµ ])|| = ||[uν , vν ] − [uµ , vµ ]|| ,
então, N = H ⊖ M.
Com efeito, seja w ∈ N . Então, PN w = w e, portanto, w ∈ H ⊖ M . Recipro-
camente, seja v ∈ H ⊖ M . Logo, existe u ∈ H tal que v = PN u ∈ N .
OPERADORES NÃO LIMITADOS 305
H = T (M ) ⊕ T (N ).
H = T (M ) + T (N ).
Proposição 5.109 Seja A um operador injetivo de H tal que D(A) e Im(A) são
densos em H. Então, existe (A∗ )−1 e (A∗ )−1 = (A−1 )∗ .
Provaremos que
U G(A) = U (G(A)),
e, portanto,
( )
V G(A−1 ) = V (U (G(A))) = V U (G(A)),
H 2 = U V (G(A)) ⊕ G((A−1 )∗ ).
H 2 = V (G(A)) ⊕ G(A∗ ).
G((A−1 )∗ ) = U G(A∗ ).
OPERADORES NÃO LIMITADOS 307
Mas,
ou seja,
resulta daı́ e da observação 5.105 que [D(A∗ )]⊥ ̸= {0}. Logo, existe v ̸= 0 tal que
v ∈ [D(A∗ )]⊥ . Afirmamos que
Com efeito, seja [u, v] ∈ V (G(A∗ )). Então, [u, v] = [A∗ z, −z], para algum
z ∈ D(A∗ ). Logo,
([0, v], [u, w]) = ([0, v], [A∗ z, −z]) = −(v, z) = 0, pois z ∈ D(A∗ ) e v ∈ [D(A∗ )]⊥ .
Desta forma, [0, v] ⊥ [u, w] para todo [u, w] ∈ V (G(A∗ )) o que prova (5.191).
Por (5.185) temos que
H 2 = V (G(A)) ⊕ G(A∗ ).
H 2 = V (G(A)) ⊕ G(A∗ ).
308 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
H 2 = V (G(A∗ )) ⊕ G(A∗∗ ).
Assim, D(A∗ ) = H e
i) D(A) = H.
ii) A é limitado.
iii) D(A∗ ) = H.
iv) A∗ é limitado.
A ⊆ Ã implica que D(A) ⊂ D(Ã). Mas como D(A) é denso em H temos que
D(Ã) também é denso em H. Portanto, existe (Ã)∗ e (Ã)∗ ⊆ A∗ , de onde resulta
que
(A∗ u, v) = (u, A∗∗ v), para todo u ∈ D(A∗ ) e para todo v ∈ D(A∗∗ ).
ou seja,
fato de B ser uma extensão de A temos que D(A) ⊂ D(B). Por outro lado, como
D(A) é denso em H, D(B) também o é. Portanto, B é um operador fechado de H
com domı́nio D(B) denso em H. Logo, pela proposição 5.110 tem-se que existe
B ∗∗ e B ∗∗ = B. Além disso, como A ⊆ B, então, B ∗ ⊆ A∗ (veja proposição
5.97(iv)) o que implica que A∗∗ ⊆ B ∗∗ = B, o que conclui a prova.
Suponhamos, por contradição, que A∗ não seja limitado. Então, existe uma
sucessão {vν }ν∈N de vetores de D(A∗ ) tal que
Temos, então, uma sequência {fν }ν∈N de funcionais de H tais que para cada
ν ∈ N, tem-se
Portanto, existe w ∈ H tal que {A∗ vν }ν∈N converge para w. Notando que A∗
é fechado, segue que v ∈ D(A∗ ) e A∗ v = w, o que prova o desejado.
pois, por hipótese, A é simétrico. Daı́ segue que v ∈ D(A∗ ) e A∗ v = Av, ou seja,
de onde concluı́mos que (Au, v) = (u, Av), para todo u, v ∈ D(A), ou seja, A é
simétrico. Isto conclui a prova.
A + λI é simétrico. (5.195)
o que implica
V ,→ H, (5.197)
V é denso em H. (5.198)
Seja
Definamos:
gu : V → C (5.201)
v 7→ gu (v) = a(u, v)
g˜u : H → C,
A : D(A) → H (5.205)
u 7→ Au = fu .
D(A) (5.206)
= {u ∈ V ; existe f ∈ H que verifica a(u, v) = (f, v), para todo v ∈ V }.
A : D(A) → H
u 7→ Au,
onde
ou seja,
Devido a este fato, já que estamos interessados em operadores A não limitados,
no que segue nesta seção, faremos a hipótese que H é de dimensão infinita e,
portanto, V também o será, já que se V tivesse dimensão finita então V = V
(pois seria fechado) e como V = H terı́amos que V = H, o que é um absurdo.
Também, em toda esta seção, faremos a hipótese que V , H e a(u, v) estão nas
condições (5.197), (5.198) e (5.199). Neste contexto, diremos que o operador A é
definido pela terna {V, H; a(u, v)} e denotaremos tal fato escrevendo
Esta condição será fundamental na teoria que vamos construir ao longo das
próximas seções.
Demonstração:
CONSTRUÇÃO DE OPERADORES NÃO LIMITADOS 319
gf : V → C
v 7→ gf (v) = (f, v)
ou seja,
são equivalentes. Portanto, basta resolvermos um dos problemas (A), (B) ou (C),
acima. Em verdade, resolveremos o problema (C). Assim, o Teorema resultará
se provarmos que
A é um isomorfismo. (5.213)
onde α > 0 é a constante de coecividade de a(u, v). Logo, supondo que Av = 0 re-
sulta de (5.214) que v = 0, o que prova a injetividade do operador A. Provaremos,
a seguir, a sobrejetividade do mesmo. Antes, porém, provaremos que
AV é fechado. (5.215)
o que implica
Contudo de (5.216) resulta que {Avν } é uma sequência de Cauchy posto que
é convergente e de (5.217) vem então que {vν } também é de Cauchy em V . Logo,
existe v ∈ V tal que
V = AV ⊕ AV ⊥ .
AV ⊥ = {0}. (5.220)
o que implica que w = 0, o que é uma contradição. Logo, fica provada a afirmação
em (5.220), o que prova que V = AV , ou seja, A é sobrejetor. Isto prova (5.213)
e consequentemente o teorema.
gf : V → C (5.221)
v 7→ gf (v) = (f, v).
||T f || = ||gf ||V ′ = sup |gf (v)| = sup |(f, v)| (5.222)
v∈V ;||v||=1 v∈V ;||v||=1
T :H→V (5.223)
f 7→ T f,
onde
u = A−1 T f. (5.224)
f T f = Au u = A−1 T f
A
Pondo,
u = A−1 w,
CONSTRUÇÃO DE OPERADORES NÃO LIMITADOS 323
então,
Proposição 5.129 Seja A um operador definido pela terna {V, H, a(u, v)} nas
condições (5.197), (5.198) e (5.199). Suponhamos também que a(u, v) verifica
a condição de coercividade em (5.209). Então, D(A) é denso em H e A é um
operador fechado de H.
H = D(A) ⊕ D(A)⊥ ,
⊥
já que D(A) = D(A)⊥ . Para concluirmos que D(A) é denso em H, basta
provarmos que
De acordo com o teorema 5.126, existe u0 ∈ D(A) tal que Au0 = f . Temos,
de (5.226) e de (5.207) que
Em particular,
uν → u em H e Auν = fν → f em H. (5.227)
324 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
T fν → T f em V. (5.228)
A−1 T fν → A−1 T f em V,
uν → A−1 T f em V.
uν → A−1 T f em H. (5.229)
u = A−1 T f,
u ∈ D(A) e Au = f.
Convém notar que se a(u, v) for coerciva, então A∗ possuirá todas as propri-
edades que foram obtidas para A no Teorema 5.126 e na proposição 5.129 . Em
verdade, temos o seguinte resultado.
CONSTRUÇÃO DE OPERADORES NÃO LIMITADOS 325
Proposição 5.130 O operador A∗ definido pela terna {V, H; a∗ (u, v)}, com a(u, v)
coerciva, é o adjunto de A definido pela terna {V, H, a(u, v)}.
Provaremos que
Logo, de (5.232) e (5.235) resulta que v ∈ D(A1 ), o que prova (5.234). Reci-
procamente, provaremos que
ou ainda,
a∗ (u, v) = a(u, v) ⇒ A∗ = A.
Proposição 5.132 Seja A um operador definido pela terna {V, H; a(u, v)} nas
condições (5.197), (5.198) e (5.199). Suponhamos que V está contido estrita-
mente em H e que a(u, v) seja coerciva. Então, A é um operador não limitado
de H.
α ||u||2 ≤ |a(u, u)| = |(Au, u)| ≤ |Au| |u| ≤ C |u|2 , para todo u ∈ D(A).
Daı́,
vν → v em H. (5.238)
vν → w em V, (5.239)
Exemplo 1: Sejam
V = H 1 (Rn ), H = L2 (Rn ),
∑n ∫ ∫
∂u ∂v
a(u, v) = dx + uv dx; u, v ∈ H 1 (Rn ).
R n ∂xi ∂xi R n
i=1
Mostraremos que
D(A) = M e A = −∆ + I. (5.240)
Com efeito, seja u ∈ D(A). Então, por (5.206) vem que u ∈ H 1 (Rn ) e existe
f ∈ L2 (Rn ) tal que
n ∫
∑ ∫ ∫
∂u ∂v
dx + uv dx = f v dx, para todo v ∈ H1 (Rn ).
i=1 Rn ∂xi ∂xi Rn Rn
D(A) ⊂ M. (5.241)
(−∆u + u, φν ) = a(u, φν ).
328 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
M ⊂ D(A). (5.245)
∂d
2u
(ξ) = (2πiξj )2 û(ξ),
∂xj2
Assim, pelo Lema de Lax Milgram, existe uma solução u do seguinte problema
{
Dado f ∈ L2 (Ω), existe um único u ∈ H01 (Ω) tal que
(5.249)
a(u, v) = (f, v) para todo v ∈ H01 (Ω).
−∆u = f em D′ (Ω),
Com efeito, seja u ∈ D(A). Então, existe f ∈ L2 (Ω) tal que a(u, v) = (f, v),
para todo v ∈ H01 (Ω). Donde, tomando-se φ ∈ C0∞ (Ω), resulta que ⟨−∆u, φ⟩ =
⟨f, φ⟩, o que implica que −∆u = f ∈ L2 (Ω) e, portanto, u ∈ {u ∈ H01 (Ω); ∆u ∈
L2 (Ω)}. Reciprocamente, seja u ∈ H01 (Ω) tal que ∆u ∈ L2 (Ω). Assim, para toda
φ ∈ C0∞ (Ω), obtemos
Agora, se v ∈ H01 (Ω), então existe {φν }ν∈N ⊂ C0∞ (Ω) tal que φν → v em
H01 (Ω). Logo, para cada ν ∈ N tem-se
(−∆u, φν ) = a(u, φν ),
V = H 1 (Ω), H = L2 (Ω),
∑n ∫ ∫
∂u ∂v
a(u, v) = dx + uv dx, u, v ∈ H 1 (Ω),
i=1 Ω ∂x i ∂xi Ω
Fazendo v percorrer C0∞ (Ω) resulta que −∆u + u = f . Logo, temos determi-
nado uma solução u do problema
{
Dado f ∈ L2 (Ω), existe um único u ∈ H 1 (Ω) tal que
(5.254)
− ∆u + u = f quase sempre em Ω.
( )′
Identificando-se o L2 (Γ) com o seu dual L2 (Γ) , via Teorema de Riesz, temos
a cadeia de imersões contı́nuas e densas
( )′
H 1/2 (Γ) ,→ L2 (Γ) ,→ L2 (Γ) ,→ H −1/2 (Γ).
⟨γ1 u, γ0 v⟩H −1/2 (Γ),H 1/2 (Γ) = 0, para todo v ∈ H 1 (Ω) (5.257)
γ1 u = 0. (5.258)
CONSTRUÇÃO DE OPERADORES NÃO LIMITADOS 333
que é uma solução fraca do problema (5.252). Temos, a partir daı́, uma nova
caracterização de D(A)
Temos que A1 é um operador simétrico. Com efeito, sabemos que C0∞ (Ω)
é denso em L2 (Ω). Agora, para todo u, v ∈ C0∞ (Ω) temos que, em virtude da
fórmula de Green que
(A1 u, v) = (−∆u + u, v)
∫ ∫
= − ∆uv dx + uv dx
Ω Ω
n ∫
∑ ∫
∂u ∂v
= dx + uv dx
i=1 Ω
∂xi ∂xi Ω
∫ ∫
= − u∆v dx + uv dx
Ω Ω
= (u, −∆v + v) = (u, A1 v).
B :V →V′ (5.260)
u 7→ Bu, onde Bu : V → C é definido por
⟨Bu, v⟩V ′ ,V = a(u, v).
Notemos que a aplicação acima está bem definida. Com efeito, em virtude da
continuidade de a(u, v), temos
V ,→ H ,→ V ′ .
EXTENSÕES DO OPERADOR DEFINIDO PELA TERNA {V, H, a(u, v)} 335
||B||L(V,V ′ ) = ||a||L(V ) ,
onde
então,
então, pelo fato de A ser fechado, resulta que D(A) é um espaço de Hilbert.
Com efeito, seja {uν }ν∈N uma sequência de Cauchy em D(A). Temos, para todo
ν, µ ∈ N,
Como
resulta que
D(A) ,→ V. (5.266)
Com efeito, para todo u ∈ D(A) temos, pela coercividade de a(u, v) que
1 1 1 1 ( 2 )
||u||2 ≤ |a(u, u)| = |(Au, u)| ≤ |Au| |u| ≤ |u| + |Au|2 ,
α α α 2α
ou seja,
D(A) ,→ V ,→ H ≡ H ′ ,→ V ′ ,→ (D(A))′ .
EXTENSÕES DO OPERADOR DEFINIDO PELA TERNA {V, H, a(u, v)} 337
Definamos
A∗ : H → (D(A))′ (5.267)
u 7→ A∗ u, onde A∗ u : V → C é definido por
⟨A∗ u, v⟩(D(A))′ ,D(A) = (u, Av).
A aplicação acima está bem definida. Com efeito, para todo u ∈ H e para
todo v ∈ D(A) temos
( )1/2
| ⟨A∗ u, v⟩ | = |(u, Av)| ≤ |u| |Av| ≤ |u| |v|2 + |Av|2 = |u| ||v||D(A) , (5.268)
o que prova que A∗ u ∈ (D(A))′ . Além disso, para todo u, v ∈ D(A), supondo que
a(u, v) seja hermitiana, obtemos, em virtude da observação 5.131, que
⟨A∗ u, v⟩D(A)′ ,D(A) = (u, Av) = (Au, v) = ⟨Au, v⟩D(A)′ ,D(A) , para todo u, v ∈ D(A),
A∗ u = Au, para todo u ∈ D(A), o que prova que A∗ estende A. Observamos que
em D(A) as normas
( )1/2
|||u|||D(A) = |Au| e ||u||D(A) = |u|2 + |Au|2 , (5.269)
ou ainda,
donde
• B é sobrejetiva.
Seja f ∈ V ′ . Então, pelo Lema de Lax-Milgram, existe um único u ∈ V tal
que
• A∗ é sobrejetiva.
Seja f ∈ (D(A))′ . Logo, por Lax-Milgram, existe um único w ∈ D(A) tal
que
No que segue, H será um espaço de Hilbert com produto interno (·, ·). Seja S
um operador fechado de H com domı́nio D(S) ⊂ H. Então, conforme vimos
anteriormente, munindo D(S) do produto interno
R(λ, S) = (S − λI)−1
σ(S) = C\ρ(S).
Também,
C = ρ(S) ∪ σ(S).
340 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Sendo S fechado, então, para todo λ ∈ ρ(S) temos que R(λ, S) ∈ L(H). Com
efeito, em verdade provaremos que
yn = (S − λI)xn . (5.276)
Por outro lado, para todo x ∈ D(S) temos, pela continuidade de R(λ, S) que
Logo,
ou seja,
x ∈ D(S) e (S − λI)x = y,
CONSEQUÊNCIAS DA ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 341
Au − λu = f, (5.281)
Au − λ0 u = f + (λ − λ0 )u,
ou ainda,
(A − λ0 I)u = f + (λ − λ0 )u.
u = (A − λ0 I)−1 [f + (λ − λ0 )u].
G:H→H (5.282)
u 7→ G(u) = (A − λ0 I)−1 [f + (λ − λ0 )u].
o que prova que a bola aberta Br0 (λ0 ) ⊂ ρ(A) e consequentemente que ρ(A) é
aberto.
(ii) Segue de (i) imediatamente que o conjunto σ(A) é fechado posto que
σ(A) = C\ρ(A). Afirmamos que:
Au − λu = f, (5.284)
ou equivalentemente
1
u= (Au − f ).
λ
Definamos a aplicação
F :H→H
1
u 7→ F u = (Au − f ).
λ
F é claramente contı́nua. Agora, dados u, v ∈ H, temos
1 1
|F u − F v| = |Au − Av| ≤ ||A|| |u − v| < |u − v|.
|λ| |λ|
onde
ou ainda,
Donde,
Logo, u ∈ D(B), o que prova que D(A) = D(B). Mais além, de (5.291) e
(5.292) resulta, pela densidade de V em H que
De (5.285) vem que b(u, v) é coerciva em V . Logo, pelo teorema 5.126 e por
(5.290) resulta que o problema
{
u ∈ D(A)
Au + α0 u = f,
possui uma única solução u, para cada f ∈ H. Pela observação 5.127 u é da forma
u = B −1 T f.
−1
G(α0 ) := (A + α0 I) : H → D(A) (5.293)
−1
B −1 T f = B −1 f = (A + α0 I) f = G(α0 )f, para todo f ∈ H. (5.294)
Como b(u, v) é coerciva e B é o operador definido pela terna {V, H; b(u, v)},
temos que D(B) é denso em H e B é um operador fechado ( conforme proposição
5.129). Resulta, portanto, de (5.290) que D(A) é igualmente denso em H e A é
CONSEQUÊNCIAS DA ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 345
Sendo A fechado, resulta que D(A) munido do produto interno dado em (5.295)
é um espaço de Hilbert.
Provaremos, a seguir, que o operador G(α0 ) definido em (5.293) é um operador
compacto de H em H. Para isso, provaremos primeiramente que
e depois que
ou ainda,
Seja {uν }ν∈N ⊂ H tal que |uν | ≤ M , para todo ν ∈ N, onde M é uma
constante positiva. Como G(α0 ) ∈ L(H, D(A)) temos que
e, portanto, ||G(α0 )uν ||D(A) ≤ K, para alguma K > 0 e para todo ν ∈ N. Agora,
como ||v|| ≤ C1 ||v||D(A) , para algum C1 > 0 e para todo v ∈ D(A) então,
c
Resulta da última desigualdade e do fato que V ,→ H, que existe uma sub-
sequência {uµ } de {uν } e v ∈ H tais que
Donde,
ou seja,
ou seja,
Logo,
Donde
Donde,
( )
(G(α0 )f, g) = (A + α0 I)−1 f, (A∗ + α0 I)v = (u, A∗ v + α0 v)
= (Au + α0 u, v) = (f, Sg),
ou seja,
S = G∗ (α0 ). (5.305)
Au + λu = f ⇔ Au + α0 u + λu − α0 u = f ⇔ (A + α0 I)u + (λ − α0 )u = f,
A∗ v + λv = g ⇔ A∗ v + α0 v + λv − αo v = g ⇔ (A∗ + α0 I)v + (λ − α0 )v = g,
ou seja, {
Au + λu = f ⇔ u + (λ − α0 )G(α0 )u = G(α0 )f,
(5.306)
A∗ v + λv = g ⇔ v + (λ − α0 )G∗ (α0 )v = G∗ (α0 )g.
O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES AUTO-ADJUNTOS NÃO
LIMITADOS 349
(l1′ ) u − (α0 − λ)G(α0 )u = G(α0 )f (l2′ ) v − (α0 − λ)G∗ (α0 )v = G∗ (α0 )g,
(l3′ ) φ − (α0 − λ)G(α0 )φ = 0, (l4′ ) ψ − (α0 − λ)G∗ (α0 )ψ = 0.
Das relações (5.307) e (5.308) e do corolário 5.82 segue a parte que resta do
teorema. Em verdade, temos o seguinte diagrama:
(l1 ) tem pelo menos uma solução ⇔ (l1′ ) tem pelo menos uma solução
⇕ ⇕
f é ortogonal a todas as soluções ψ de (l4 ) ⇔ G(α0 )f é ortogonal a todas as
soluções ψ de (l4′ )
(l2 ) tem pelo menos uma solução ⇔ (l2′ ) tem pelo menos uma solução
⇕ ⇕
∗
g é ortogonal a todas as soluções φ de (l3 ) ⇔ G (α0 )g é ortogonal a todas as
soluções φ de (l3′ )
350 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
ρ(T ) = {λ ∈ C; T − λI é bijetor}.
σ(T ) = C\ρ(T ).
V P (T ) = {λ ∈ C; N (T − λI) ̸= {0}}
(i) 0 ∈ σ(T ).
(ii) σ(T )\{0} = V P (T )\{0}.
O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES AUTO-ADJUNTOS NÃO
LIMITADOS 351
Eν = [u1 , u2 , · · · , uν ] .
e, consequentemente,
∑
ν ∑
ν
λν+1 uν+1 = T (uν+1 ) = αi T (ui ) = αi λ i ui ,
i=1 i=1
ou seja,
∑
ν ∑
ν ∑
ν
λν+1 αi ui = αi λi ui ⇔ αi (λi − λν+1 )ui = 0.
i=1 i=1 i=1
αi (λi − λν+1 ) = 0, i = 1, 2, · · · , ν.
Como a sequência {λν }ν∈N∗ é formada por números complexos distintos, re-
sulta que
αi = 0, i = 1, 2, · · · , ν. (5.310)
Além disso,
∑ν
De fato, seja w ∈ Eν . Então, w = i=1 αi ui e, portanto,
∑
ν ∑
ν
(T − λν I)w = T w − λν w = αi λi ui − λν αi ui
i=1 i=1
∑
ν−1
= αi (λi − λν )ui + λν αν uν − λν αν uν
i=1
∑
ν−1
= αi (λi − λν )ui ,
i=1
ou seja,
∑
ν−1
(T − λν I)w = αi (λi − λν )ui ∈ Eν−1 .
i=1
Desta forma, observando (5.311), vem do Lema de Riesz (lema 5.77) que dado
ε = 12 , para cada ν ≥ 2, existe wν ∈ Eν tal que ||wν || = 1 e d (wν , Eν−1 ) ≥ 21 .
Por outro lado, seja ν > µ ≥ 2. Temos:
T (wν ) T (wµ )
λν − λµ (5.313)
[ ]
T (wν ) − λν wν T (wµ ) − λµ wµ
= − + wν − wµ
λν λµ
( ) ( )
wν wµ
= (T − λν I) − (T − λµ I) − wµ + wν .
λν λµ
wµ
Como wν ∈ Eν e wµ ∈ Eµ , segue que wν
λν ∈ Eν e λµ ∈ Eµ e, portanto, de
(5.312) vem que
( ) ( )
wν wµ
(T − λν I) ∈ Eν−1 e (T − λµ I) ∈ Eν−1 , por (5.314).
λν λµ
Além disso, como wµ ∈ Eµ , temos por (5.314) que wµ ∈ Eν−1 e pelo fato de
Eν−1 ser um subespaço vetorial, segue que
( ) ( )
wν wµ
(T − λν I) − (T − λµ I) − wµ ∈ Eν−1 . (5.315)
λν λµ
354 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
wν
= ||wν || 1 = 1 ≤ M, para todo ν ∈ N∗ .
λν |λν | |λν |
{ } { } { ( )}
w w
Como T ∈ Lc (H), existe uma subsequência λµµ ⊂ w ν
λν tal que T λµµ
é convergente
{ ( )}em H, o que é uma contradição com (5.316), pois de (5.316) vem
w
que T λµµ não possui nenhuma sequência de Cauchy e portanto não possui
subsequência convergente. Logo, λ = 0, o que encerra a prova.
Ou σ(T ) = {0}.
Ou σ(T )\{0} é finito e não vazio.
Ou σ(T )\{0} = {λν }ν∈N tal que λν → 0, ν → +∞.
λ ∈ En0 ⊂ ∪n∈N∗ En ,
o que prova (5.317). Como cada En é finito ou vazio e σ(T )\{0} é infinito segue
de (5.317) que σ(T )\{0} é enumerável. Resta-nos, agora, enumerar σ(T )\{0} de
modo a formar uma sequência que converge para zero.
Notemos que:
1 1
≤ |λ| < ≤ |λ|∗ , para todo λ∗ ∈ En .
n+1 n
Por outro lado, como {λν }ν∈N∗ é um conjunto infinito de σ(T ), que é por
sua vez um conjunto compacto, garantimos a existência de uma subsequência
{λνk } ⊂ {λν } tal que λνk1 ̸= λνk2 se k1 ̸= k2 e {λνk } ⊂ σ(T )\{0} ( posto que
{λν } ⊂ σ(T )\{0}) tal que λνk → λ. Pelo lema 5.140, concluı́mos que λ = 0 e,
desta forma,
λνk → 0, (5.320)
o que implica
|λνk | → 0, (5.321)
inf |λν | = 0.
ν∈N
Consideremos:
O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES AUTO-ADJUNTOS NÃO
LIMITADOS 357
c
• V e H espaços de Hilbert tais que V ,→ H com V denso em H e dim(H) =
+∞.
Au − λu = f (5.323)
Por outro lado, seja f = 0. Como G(α0 )f = 0 e a equação (l1′ ) só possui uma
única solução para cada f ∈ H, temos que u = 0 é a única solução da equação
(l1′ ), isto é,
1
u = 0 ⇔ G(α0 )u = u.
(α0 + λ)
Portanto,
1
não é valor próprio de G(α0 ). (5.326)
(α0 + λ)
1
∈
/ σ(G(α0 )),
α0 + λ
ou ainda,
1
∈ ρ(G(α0 )). (5.327)
α0 + λ
u = G(−λ)f. (5.328)
( )−1
Como G(α0 ) é compacto e G(α0 ) − 1
α0 +λ I é contı́nuo (por (5.327)), segue
de (5.331) que
Logo,
Com efeito, seja λ ∈ C tal que exista u ̸= 0 tal que Au = λu, ou seja, λ é
valor próprio de A. Então, λ ̸= −α0 , pois A + α0 I é um operador injetivo e, desta
forma, −α0 não é valor próprio de A. Logo, se u ̸= 0 é tal que Au = λu, então,
Au+α0 u = (λ+α0 )u, isto é, (A+α0 I)u = (λ+α0 )u. Como G(α0 ) = (A+α0 I)−1 ,
temos que u = (λ + α0 )G(α0 )u e portanto
1
G(α0 )u = u. (5.335)
λ + α0
Logo, 1
(λ+α0 ) é uma valor próprio de G(α0 ). Seja {βν } a coleção dos autovalores
de G(α0 ). Pelo que vimos anteriormente, {βν } é no máximo enumerável, βν ̸= 0
e se {βν } é infinito, então βν → 0 quando ν → +∞. Como 1
λ+α0 é um autovalor
de G(α0 ), temos que existe ν ∈ N tal que 1
λ+α0 = βν , ou seja,
1 1 − α0 βν
= λ + α0 ⇔ λ = ,
βν βν
e, assim,
{ }
1 − α0 βν
λ∈ ; onde βν é a coleção dos autovalores de G(α0 ) . (5.336)
βν
1
u = (A + α0 I)G(α0 )u = (A + α0 I)u,
(λ + α0 )
Observação 5.144 Se A é o operador definido pela terna {V, H, a(u, v)} de acordo
com (5.287) temos pela proposição 5.143 que se λ ∈ C, então λ ∈ ρ(A) ou λ é
valor próprio de A. Supondo-se, na demonstração da referida proposição, que λ
não fosse valor próprio de A obtı́nhamos, (conforme (5.332)), que (A − λI)−1 ∈
Lc (H). Analogamente, se λ ∈ ρ(A∗ ) resulta que (A∗ − λI)−1 ∈ Lc (H).
Observação 5.145 Seja A o operador definido pela terna {V, H, a(u, v)} de acordo
com (5.287). Então, novamente, de acordo com a proposição 5.143, obtemos os
seguintes resultados:
• De (i) vem que C = ρ(A) ∪ V P (A), onde V P (A) é o conjunto dos valores
próprios de A e ρ(A) ∩ V P (A) = ∅. Assim, σ(A) = V P (A) e, portanto,
O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES AUTO-ADJUNTOS NÃO
LIMITADOS 363
Demonstração:
(i) Consideremos o operador B definido pela terna {V, H; b(u, v)} onde
conforme (5.288). Pelo fato de b(u, v) ser coercivo temos pela proposição 5.129
que
Além disso, pelo fato de a(u, v) ser hermitiana, temos que b(u, v) também o é,
pois
Logo,
(Bu, v) = b(u, v) = b(v, u) = (Bv, u) = (u, Bv), para todo u, v ∈ D(B). (5.341)
ou seja,
Afirmamos que:
e, portanto,
1
u = (λν + α0 )G(α0 )u, donde G(α0 )u = u (λν ̸= −α0 ,
(λν + α0 )
pois − α0 ∈ ρ(A)).
u = βν (A + α0 I)u ⇒ u = βν [Au + α0 u] ,
ou seja,
(1 − α0 βν )
Au = u = λν u, portanto u ∈ LA ,
βν
o que prova que (5.350). Sendo assim, de (5.347) e (5.350) temos que
(G(α0 )f, f ) = (v, (A + α0 I)v) = (v, Bv) = (Bv, v) = b(v, v) ≥ α||v||2 > 0,
ou seja,
Desta forma,
Pelo fato de A ser auto-adjunto, temos que (Au, ων ) = (u, Aων ) = λν (u, ων )
e, portanto, substituindo tal expressão em (5.357) obtemos
∑
Au = λν (u, ων )ων . (5.358)
ν
e, então,
∑ 2
λ2ν |(u, ων )| < +∞.
ν
Seja
∑
n
Sn = λν (u, ων )ων .
ν=1
quando n, m → +∞, uma vez que de (5.359) a série é convergente. Logo, {Sn }n
é de Cauchy e, desta forma, como H é completo, existe z ∈ H tal que
∑
z= λν (u, ων )ων .
ν
Pondo g = z + α0 u, então
∑ ∑
g = λν (u, ων )ων + α0 (u, ων )ων (5.360)
ν ν
∑
= (λν + α0 )(u, ων )ων .
ν
Como λν = 1−α0 βν
βν temos que λν = 1
βν − α0 o que implica λν + α0 = 1
βν .
Substituindo esta última expressão em (5.360) obtemos
∑ 1
g= (u, ων )ων ,
ν
βν
Observação 5.147
c
Sejam (V, || · ||) e (H, | · |) espaços de Hilbert tais que V é denso em H, V ,→ H
e dim H = +∞. Seja a(u, v) uma forma sesquilinear, contı́nua e hermitiana em
V tal que existem α0 , α ∈ R, com α > 0 de modo que
Com efeito, notemos inicialmente, que munido do produto interno dado em (5.363)
D(B) é um espaço de Hilbert, pois pela Proposição 5.129 temos que B é um opera-
dor fechado. Portanto, se mostrarmos que os produtos internos dados em (5.363)
e (5.364) são equi-
valentes, então D(B) é um espaço de Hilbert munido com ambos produtos inter-
nos. De fato, seja u ∈ D(B). Temos
1
|u|2 ≤ C1 ||u||2 ≤ C1 b(u, u) = C2 (Bu, u) ≤ C2 |Bu| |u|,
α
o que implica
Portanto,
donde,
( )1/2 ( )1/2
||u||D(B) ≤ 1 + C22 |Bu| = 1 + C22 |u|1 , para todo u ∈ D(B).
Também,
( )1/2
|u|1 = |Bu| ≤ |u|2 + |Bu|2 = ||u||D(B) , para todo u ∈ D(B),
Assim, τν = b(ων , ων ) > 0, para todo ν. Resta-nos, portanto, provar que {ων }
é um sistema completo em V , ou seja, as combinações lineares finitas dos ων ′ s é
um conjunto denso em V . Inicialmente, afirmamos que:
1
||u||2 ≤ b(u, u),
α
O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES AUTO-ADJUNTOS NÃO
LIMITADOS 371
ou seja,
1
||u|| ≤ C0 |u|2 , C0 = √ . (5.366)
α
o que prova a afirmação em (5.365). Então, basta provarmos que {ων } é completo
em V com V munido do produto interno (·, ·)2 . Para isto, usaremos o critério:
(u, ων )2 = 0 para todo ν implica que u = 0. Suponhamos, então, que (u, ων )2 = 0
para todo ν, ou seja, b(u, ων ) = 0, para todo ν. Como b é hermitiana, temos que
temos que τν (u, ων ) = 0, para todo ν. Sendo τν > 0, segue que (u, ων ) = 0 para
todo ν e do fato de {ων } ser completo em H resulta que u = 0, o que prova o
desejado.
(ii) Temos que os produtos internos (5.363) e (5.364) são equivalentes em D(B)
e, portanto, se {ων } for completo em D(B) com um dos produtos internos o será
com o outro. Seja, então, v ∈ D(B) tal que (ων , v)1 = 0, para todo ν. Logo,
0 = (Bων , Bv) = τν (ων , Bv) = τν (Bων , v) = τν2 (ων , v), para todo ν.
|Bων |2 = (Bων , Bων ) = τν2 (ων , ωµ ) = τν2 |ων |2 = τν2 , para todo ν,
e, assim, |Bων | = τν , para todo ν, (desde que τν > 0). Isto completa a prova.
Observação 5.149
Exemplos:
c
Como H01 (Ω) ,→ L2 (Ω) e a(u, v) define um produto interno em H01 (Ω) equiva-
lente ao produto interno induzido por H 1 (Ω), vem do Teorema 5.146, proposição
5.148 e da observação 5.149 que existe uma sequência {ων }ν∈N de autovetores de
−∆ tal que:
Além disso, λν = ||ων ||2H 1 (Ω) > 0 e λν → +∞ quando ν → +∞. Assim, fica
0
resolvido o problema de valores e vetores próprios
{
w ∈ D(−∆)
− ∆w = λw.
Notemos ainda que ||ων ||D(−∆) = | − ∆ων |L2 (Ω) = λν |ων |L2 (Ω) = λν o que
implica
D(B) = {u ∈ H 2 (Ω); γ1 u = 0} e B = −∆ + I.
D(A) = D(B) e B = A + I,
Também, pelo Teorema Espectral, existe uma sequência {ων }ν∈N de autove-
tores de −∆ que constituem um sistema ortonormal completo em L2 (Ω). Obser-
vemos, ainda, que
λν = λν |ων |2L2 (Ω) = λν (ων , ων )L2 (Ω) = (λν ων , ων )L2 (Ω) = (Aων , ων )L2 (Ω)
= a(ων , ων ) ≥ 0.
Se B é o operador definido por b(u, v) = a(u, v) + α0 (u, v), já vimos que
B = A + α0 I. Supondo que A e B estejam nas condições i)- v) acima, temos, em
virtude do Teorema Espectral que a) se verifica. Assim,
o que implica
Portanto, {ων }ν∈N também forma uma coleção de vetores próprios de B cujos
valores próprios são τν = λν + α0 .
onde m ∈ N∗ .
ν=1
ν=1
E = {ν ∈ N∗ ; 0 ≤ |λν | ≤ 1} ,
CÁLCULO FUNCIONAL - RAIZ QUADRADA 377
2(m+1)
é um conjunto finito. Por outro lado, é fácil verificar que λν ≤ λ2m
ν , para
2(m+1)
todo ν ∈ E. Contudo, para cada ν ∈ E, existe Cν ≥ 1 tal que λ2m
ν ≤ Cν λν .
Seja C = max{Cν , ν ∈ E}. Então,
ν ≤ Cλν
λ2m , para todo ν ∈ E.
2(m+1)
2(m+1)
Mas, se ν ∈
/ E, temos que |λν | > 1 e, portanto, λ2m
ν < Cλν , pois C ≥ 1.
Daı́ resulta que
ν ≤ Cλν
λ2m 2(m+1)
, para todo ν ∈ N∗ .
ν=1
λm+1
ν (u, ων )ων = λν (u, λm m
ν ων )ων = λν (u, A ων )ων (5.375)
= λν (Am u, ων )ων .
∑n
Como H é um espaço de Hilbert, para se concluir que Sn = ν=1 λm+1
ν (u, ων )ων
é convergente, basta mostrar que {Sn } é de Cauchy. De fato, se k < n, então
n 2
∑ ∑
n
|Sn − Sk | =
2
λν (u, ων )ων =
m+1
λν2(m+1) |(u, ων )|2 .
ν=k+1 ν=K=1
∑
n
λ2(m+1)
ν |(u, ων )|2 → 0, quando k, n → +∞.
ν=k+1
ou seja,
∞
∑
λ2ν |(Am u, ων )|2 < +∞.
ν=1
Pelo item (ii) do Teorema Espectral temos que Am u ∈ D(A), isto é, u ∈
D(Am+1 ), logo,
Observação 5.152
Note que λν pode ser zero e quando isto acontece não está definido λ0ν .
Agora, pondo
∑
n
An u = λν (u, ων )ων ,
ν=1
obtemos
( )
∑
n ∑
n
(An u, u) = λν (u, ων )ων , u = λν (u, ων )(ων , u)
ν=1 ν=1
∑
n ∑
n
= λν (u, ων )(u, ων ) = λν |(u, ων )|2 ≥ 0, pois λν ≥ 0, ∀ν ∈ N.
ν=1 ν=1
Consequentemente,
lim (An u, u) ≥ 0,
n→+∞
|(An u, u) − (Au, u)| = |(An u − Au, u)| ≤ |An u − Au| |u| → 0 quando n → +∞,
C = a0 I + a1 A + · · · + ak Ak .
Afirmo:
{ ∞
}
∑
D(C) = u ∈ H; p(λν ) |(u, ων )| < +∞ .
2 2
(5.378)
ν=1
380 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
e, portanto,
ν=1 ν=1
{ ∞
}
∑
= u ∈ H; ν |(u, ων )| < +∞ .
λ2k 2
ν=1
Ora,
[ ]2
p(λν )2 = a0 + a1 λν + · · · + ak λkν ≥ a2k λ2k
ν , para todo ν ∈ N,
ν=1 ν=1
ou seja,
∞
∑
ν |(u, ων )| < +∞, pois ak ̸= 0.
λ2k 2
ν=1
ν=1
ν=1
∞
∑
h(A)u = h(λν )(u, ων )ων , para todo u ∈ D(h(A)).
ν=1
Afirmamos que
ou seja,
Logo,
(∞ ) (∞ )
∑ ∑
h(λν )(u, ων )ων , v = (u, ων )ων , v ∗ para todo u ∈ D(h(A)),
ν=1 ν=1
∑∞ ∞
∑
h(λν )(u, ων )(ων , v) = (u, ων )(ων , v ∗ ), para todo u ∈ D(h(A)).
ν=1 ν=1
ou ainda,
|h(λk )|2 |(v, ωk )|2 = |(ωk , v ∗ )|2 = |(v ∗ , ωk )|2 , para todo k ∈ N.
o que prova que v ∈ D(h(A)) donde se conclui (5.388). Do exposto fica provado
que h(A) é auto-adjunto, o que finaliza a prova.
∑
∞
Contudo, como u ̸= 0 e u = (u, ων )ων , temos que existe ν0 ∈ N tal que
ν=1
(u, ων0 ) ̸= 0. Logo, h(λν0 ) − λ = 0, ou seja, h(λν0 ) = λ, o que é uma contradição.
Observação 5.158 Notemos também que h(A) será limitado se, e somente se,
o conjunto {h(λν ); ν ∈ N} for limitado. De fato, se u ∈ D(h(A)) então
∞
∑
h(A)u = h(λν )(u, ων )ων .
ν=1
Observação 5.159 h(A) é positivo se, e somente se, h(λν ) ≥ 0, para todo ν ∈ N.
De fato, suponhamos inicialmente que h(A) seja positivo, isto é,
Então,
pois h(λν )|(u, ων )|2 ≥ 0 para todo ν ∈ N. Assim, (h(A)u, u) ≥ 0, para todo
u ∈ D(h(A)).
ν=1
CÁLCULO FUNCIONAL - RAIZ QUADRADA 387
Além disso,
∞
∑
h(A)u = h(λν )(u, ων )ων , para todo u ∈ D(h(A)).
ν=1
Demonstração: (i) Sabemos que D(h1 (A) + h2 (A)) = D(h1 (A)) ∩ D(h2 (A)).
Assim,
∞
∑
u ∈ D(h1 (A) + h2 (A)) ⇔ u ∈ H, |h1 (λν )|2 |(u, ων )|2 < +∞ e
ν=1
∞
∑
|h2 (λν )|2 |(u, ων )|2 < +∞
ν=1
∞
∑ [ ]
⇔u∈H e |h1 (λν )|2 + |h2 (λν )|2 |(u, ων )|2 < +∞.
ν=1
Portanto,
{ ∞
}
∑ [ ]
D(h1 (A) + h2 (A)) = u ∈ H; |h1 (λν )| + |h2 (λν )| |(u, ων )| < +∞ .
2 2 2
ν=1
Mostraremos que
ou seja,
{ ∞
}
∑
u∈ u ∈ H; |(h1 + h2 )(λν )| |(u, ων )| < +∞
2 2
= D((h1 + h2 )(A)),
ν=1
ou seja,
[h1 (A) + h2 (A)]u = (h1 + h2 )(A)u, para todo u ∈ D(h1 (A) + h2 (A)). (5.390)
(h1 + h2 )(A), portanto, basta mostrarmos que D((h1 + h2 )(A)) ⊂ D(h1 (A) +
h2 (A)). Com efeito, seja u ∈ D((h1 + h2 )(A)). Por hipótese, temos que u ∈
D(h1 (A)). Por definição, segue que
∞
∑ ∞
∑
|(h1 + h2 )(λν )|2 |(u, ων )|2 < +∞ e |(h1 )(λν )|2 |(u, ων )|2 < +∞.
ν=1 ν=1
Mas,
|h2 (λν )| ≤ |h2 (λν ) + h1 (λν )| + |h1 (λν )|, para todo ν ∈ N,
de onde resulta
|h2 (λν )|2 ≤ 2|h2 (λν ) + h1 (λν )|2 + 2|h1 (λν )|2 , para todo ν ∈ N.
Assim,
∞
∑ ∞
∑
|(h2 )(λν )|2 |(u, ων )|2 ≤ 2 |h2 (λν ) + h1 (λν )|2 |(u, ων )|2
ν=1 ν=1
∑∞
+ 2 |(h1 )(λν )|2 |(u, ων )|2 < +∞,
ν=1
e, portanto, u ∈ D(h2 (A)). Obtemos, desta forma, que u ∈ D(h1 (A))∩D(h2 (A)) =
D(h1 (A) + h2 (A)) e, consequentemente, D((h1 + h2 )(A)) ⊂ D(h1 (A) + h2 (A)),
conforme querı́amos demonstrar.
(iii) Mostraremos que h1 (A)h2 (A) ⊆ (h1 h2 )(A). Para isto, basta mostrarmos
que
D(h1 (A)h2 (A)) ⊂ D((h1 h2 )(A)) e [h1 (A)h2 (A)]u = (h1 h2 )(A)u, (5.391)
Assim, se u ∈ D(h1 (A)h2 (A)), temos que u ∈ D(h2 (A)). Por outro lado,
(∞ )
∑
(h2 (A)u, ωk ) = h2 (λν )(u, ων )ων , ωk
ν=1
∞
∑
= h2 (λν )(u, ων )(ων , ωk )
ν=1
= h2 (λk )(u, ωk ), para todo k ∈ N.
390 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Desta forma, se u ∈ D[h1 (A)h2 (A)] temos que u ∈ D[(h1 h2 )(A)]. Além disso,
∞
∑
[h1 (A)h2 (A)]u = h1 (A)[h2 (A)u] = h1 (λν )(h2 (A)u, ων )ων
ν=1
∑∞
= h1 (λν )h2 (λν )(u, ων )ων
ν=1
∑∞
= (h1 h2 )(λν )(u, ων )ων = (h1 h2 )(A)u,
ν=1
para todo u ∈ D[h1 (A)h2 (A)]. Pelo que precede fica provado (5.391).
(iv) Suponhamos que D((h1 h2 )(A)) ⊂ D(h2 (A)). Mostraremos a inclusão
D((h1 h2 )(A)) ⊂ D(h1 (A)h2 (A)). Usando este resultado e o ı́tem (iii) concluı́mos
que h1 (A)h2 (A) = (h1 h2 )(A). Com efeito, seja u ∈ D((h1 h2 )(A)). Logo, u ∈
D(h2 (A)). Pelo que já vimos no ı́tem (iii), temos que
Logo,
|h1 (λν )|2 |(h2 (A)u, ων )|2 = |h1 (λν )|2 |(h2 (λν )|2 |(u, ων )|2 = |(h1 h2 )(λν )|2 |(u, ων )|2 ,
q(λ) = a0 + a1 λ + · · · + ak λk ; a0 , a1 , · · · , ak ∈ R.
a0 I + a1 A + · · · + ak Ak ⊆ q(A).
ν=1
∞
∑
Tu = exp(λν )(u, ων )ων ; para todo u ∈ D(T ).
ν=1
Desta expressão vem que os {ων }ν∈N são os vetores próprios de T com cor-
respondentes valores próprios {exp(λν )}ν∈N . Consideremos β ∈ C tal que β ̸=
exp(λν ), para todo ν ∈ N. Então, o conjunto
{ }
1
; ν = 1, 2, · · · ,
[exp(λν ) − β]
é limitado, pois pelo fato de λν → +∞, quando ν → +∞, resulta que 1
[exp(λν )−β] →
0, quando ν → +∞, e, consequentemente, existe C > 0 tal que
1
[exp(λν ) − β] ≤ C, para todo ν ∈ N.
Assim,
[exp(λν )]2 exp(λν ) 2
[exp(λν )]2 |(Ru, ων )|2 = |(u,
exp(λν ) − β |(u, ων )| ,
2 2
ω ν )| =
| exp(λν ) − β|2
para todo ν ∈ N.
exp(λν )
Como λν → +∞, então exp(λν ) → +∞ e, portanto, exp(λν )−β → 1, quando
ν → +∞. Resulta que existe C > 0 tal que
exp(λν ) 2
exp(λν ) − β ≤ C, para todo ν ∈ N.
CÁLCULO FUNCIONAL - RAIZ QUADRADA 393
Logo,
∞
∑ ∞
∑
[exp(λν )]2 |(Ru, ων )|2 ≤ C |(u, ων )|2 < +∞, donde Ru ∈ D(T ).
ν=1 ν=1
(T − βI)R = I (5.395)
e definido por
∞ √
∑
S(u) = λν (u, ων )ων , para todo u ∈ D(S),
ν=1
isto é,
∞
∑ ∞ √
∑
S(u) = h(A)u = h(λν )(u, ων )ων = λν (u, ων )ων ,
ν=1 ν=1
Desta forma,
√
λ2ν |(u, ων )|2 = λν λν |(u, ων )|2 = λν | λν (u, ων )|2 = λν |(Su, ων )|, ∀ν ∈ N.
e, portanto, u ∈ D(S). Isto mostra que D(A) ⊂ D(S). Temos, também, que
Su ∈ D(S), pois, como já vimos acima
Logo,
∞
∑ ∞
∑
λν |(Su, ων )|2 = λ2ν |(u, ων )|2 < +∞,
ν=1 ν=1
T 2 ων = λν ων , para todo ν ∈ N.
√
|T ων |H = λν , para todo ν ∈ N. (5.399)
Temos
AT ων = T 3 ων = T Aων = λν T ων ,
logo T ων é um vetor próprio de A com valor próprio λν . Sejam ων1 , ων2 , · · · , ωνm
os vetores próprios de A correspondentes ao valor próprio λν . Temos que T ων é
uma combinação linear dos ωνk , ou seja,
∑
m
T ων = ci ωνi ; onde ci ∈ C. (5.401)
i=1
λk (T ων , ωk ) = λν (T ων , ωk ) ⇒ (λk − λν )(T ων , ωk ) = 0.
Observação 5.165 Notemos que para qualquer operador positivo de H que pos-
sua espectro discreto e um sistema de funções próprias que constituam um sistema
ortonormal completo de H, podemos definir sua raiz quadrada positiva. Faz sen-
tido, pois, falarmos em B 1/2 , posto que os valores próprios de B, τν = λν + α0
são positivos para todo ν ∈ N. Denotemos por V1 o espaço de Hilbert D(B 1/2 )
( )
equipado com o produto interno (u, v)1 := B 1/2 u, B 1/2 v , onde B é o operador
definido por
Do fato de B 1/2 ser positivo e auto-adjunto, decorre que (u, v)1 é um produto
interno em V1 . De fato, temos que B é tal que b(u, v) = (Bu, v), onde u ∈ D(B)
e b é coerciva. Logo,
∞
∑ ∞
∑ ∞
∑
|B 1/2 u|2 = |(B 1/2 u, ων )|2 = |(u, B 1/2 ων )|2 = τν |(u, ων )|2 = 0,
|{z}
ν=1 ν=1 ν=1
̸=0
∞
∑
|u|2 = |(u, ων )|2 = 0 ⇒ u = 0.
ν=1
CÁLCULO FUNCIONAL - RAIZ QUADRADA 399
Então, (u, v)1 verifica trivialmente as propriedades de produto interno, isto é,
1 1 1 1
||u||2 ≤ |b(u, u)| = |(Bu, u)| = |(B 1/2 u, B 1/2 u)| = ||u||21 ,
α α α α
ou seja,
1
||u|| ≤ √ ||u||1 , para todo u ∈ D(B), (D(B) ⊂ D(B 1/2 )). (5.403)
α
Por outro lado, pela auto-adjunção de B 1/2 e pela continuidade de b(·, ·), obtemos,
isto é,
√
||u||1 ≤ C||u||, para todo u ∈ D(B). (5.404)
400 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
De (5.403) e (5.404) resulta que em D(B) as normas ||·|| e ||·||1 são equivalentes.
Por outro lado, D(B) é denso em V , pois as combinações lineares finitas dos ων′ s
são densas em V e estas estão contidas em D(B) (veja proposição 5.148). Para
mostrar que V = D(B 1/2 ) será suficiente então mostrar que D(B) é denso em V1 .
Com efeito, seja u ∈ V1 tal que (ων , u)1 = 0, para todo ν ∈ N. Temos
e como estas normas são equivalentes em D(B) resulta que V = D(B 1/2 ).
Mostremos, agora, que D(A1/2 ) = D(B 1/2 ). De fato,
{ ∞
}
∑
D(A1/2 ) = u ∈ H; λν |(u, ων )|2 < +∞ ,
ν=1
{ ∞
}
∑
D(B 1/2
) = u ∈ H; τν |(u, ων )| < +∞ .
2
ν=1
Se u ∈ D(A1/2 ),
∞
∑ ∞
∑
τν |(u, ων )|2 = (λν + α0 )|(u, ων )|2 < +∞,
ν=1 ν=1
uma vez que
∞
∑ ∞
∑
λν |(u, ων )| < +∞ e
2
α0 |(u, ων )|2 < +∞.
ν=1 ν=1
Consideremos
0 < λ1 ≤ λ2 ≤ · · · ; λν → +∞.
402 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Assim, o conjunto
{ }
(Au, u)
; u ∈ D(A), u ̸
= 0 ,
|u|2
é limitado inferiormente por C > 0. Pondo-se
(Au, u)
α1 = inf , (5.407)
u∈D(A),u̸=0 |u|2
então,
(Au, u)
0 < α1 ≤ ; para todo u ∈ D(A), u ̸= 0, (5.408)
|u|2
ou seja,
ou seja
Como
{ } { }
||v||2 ||v||2
; v ∈ D(A) ⊂ ;v ∈ V ,
|v|2 |v|2
resulta que
α1 ≥ β. (5.410)
vν → v em V quando ν → +∞.
Como V ,→ H, temos
Sendo v ̸= 0, então |v| > 0 e, desta forma, existe ν0 ∈ N tal que para todo
n ≥ ν0 , tem-se
|vν |2 − |v|2 < |v|2 , isto é |vν |2 > 0, para todo ν ≥ ν0 .
e, portanto,
α1 ≤ β. (5.411)
{vν }ν∈N ⊂ V, tal que |vν | = 1 para todo ν ∈ N e ||vν ||2 → α1 . (5.413)
vµ ⇀ v1 fracamente em V. (5.414)
vµ → v1 forte em H. (5.415)
ϕ:R→R
||v1 +λv||2
λ 7→ ϕ(λ) = |v1 +λv|2 .
||v||2
ϕ(0) = ||v1 ||2 = α1 = inf .
v∈V,v̸=0 |v|2
Logo,
Como
então
ϕ′ (0)
λ((v1 , v)) + λ((v, v1 )) + λ2 ||v||2 − λ||v1 ||2 (v1 , v) − λ||v1 ||2 (v, v1 ) − λ2 ||v1 ||2 |v|2
= lim .
λ→0 λ + λ2 (v1 , v) + λ2 (v, v1 ) + λ3 |v|2
Por L’Hospital,
ϕ′ (0) = ((v1 , v)) + ((v, v1 )) − ||v1 ||2 (v1 , v) − ||v1 ||2 (v, v1 ).
ψ:R→R
||v1 +iλv||2
λ 7→ ψ(λ) = |v1 +iλv|2 .
então
||v1 + iλv||2 − ||v1 ||2 |v1 + iλv|2
ψ ′ (0) = lim
λ→0 λ|v1 + iλv|2
[ ]
−iλ((v1 , v)) + iλ((v, v1 )) + λ2 ||v||2 + iλ||v1 ||2 (v1 , v)
= lim
λ→0 λ + iλ2 (v1 , v) + iλ2 (v, v1 ) + λ3 |v|2
[ ]
−iλ||v1 ||2 (v, v1 ) − λ2 ||v1 ||2 |v|2
+ lim
λ→0 λ + iλ2 (v1 , v) + iλ2 (v, v1 ) + λ3 |v|2
Por L’Hospital
ψ ′ (0) = −i((v1 , v)) + i((v, v1 )) + i||v1 ||2 (v1 , v) − i||v1 ||2 (v, v1 ).
o que implica
Com efeito, à priori temos que a igualdade acima é válida para todo v ∈ V
tal que v1 ̸= −λv, para todo λ ∈ R (respectivamente v1 ̸= −iλv ). Porém, se
v1 = −λv para algum λ ∈ R∗ , a igualdade é trivialmente verificada pois
1 1 1 1 1
((v1 , v)) =− ((v1 , v1 )) = − ||v1 ||2 = − α1 = − α1 |v1 |2 = α1 (v1 , − v1 )
λ λ λ λ λ
= α1 (v1 , v),
||v||2
R(v) = , v ∈ V, v ̸= 0.
|v|2
V1 = V ; H1 = H e A1 = A,
V2 = V ∩ H2 . (5.422)
408 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Provaremos a primeira das relações posto que a outra é idêntica. Seja, então,
u ∈ H2 . Logo, (v1 , u) = 0. Agora, se w ∈ [v1 ] temos que w = βv1 , para algum
β ∈ C, e, portanto,
V2 é denso em H2 . (5.425)
vν → v em H. (5.426)
vν = P vν + (I − P )vν , (5.428)
P vν = vν − (I − P )vν ∈ V. (5.429)
P vν ∈ V2 . (5.430)
V2 ,→ H2 ,
comp.
e se v H, então
V2 = V ∩ H H ∩ H2 = H2 .
e, por conseguinte,
||v||2 ||v||2
α2 = inf = min = min{||v||2 ; v ∈ V2 ; |v| = 1}. (5.436)
v∈D(A2 ),v̸=0 |v| 2 v∈V2 ,v̸=0 |v|2
Além disso,
Agora como
α1 ≤ α2 (5.441)
FORMULAÇÃO VARIACIONAL PARA OS VALORES PRÓPRIOS 411
((v1 , v2 )) = 0, (5.442)
(v1 , v2 ) = 0. (5.443)
V3 = V ∩ H3 .
então
0 < α1 ≤ α2 ≤ α3 ≤ · · · ≤ αm , (5.445)
Construı́mos os espaços:
Por hipótese indutiva suponhamos que (5.444) seja válida para m ∈ N. Então,
do fato que
resulta que
Vm+1 = V ∩ Hm+1 .
Temos:
⊥ ⊥
Hm+1 = [v1 , · · · , vm ]H e Vm+1 = [v1 , · · · , vm ]V ,
⊥ ⊥
H = Hm+1 ⊕ Hm+1 e V = Vm+1 ⊕ Vm+1 .
Consideramos, então
Existe vm+1 ∈ Vm+1 tal que |vm+1 | = 1 e αm+1 = ||vm+1 ||2 , (5.450)
Como
segue que
αm ≤ αm+1 ,
α1 ≤ α2 ≤ · · · ≤ αm ≤ αm+1 . (5.454)
((vi , vm+1 )) = 0; i = 1, · · · , m,
|vi | = 1, i = 1, · · · , m + 1. (5.457)
414 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
uma vez que a coleção {λν }ν∈N é constituı́da por todos os autovalores do operador
A. Também temos que
0 < α1 ≤ α2 ≤ · · · ≤ αn ≤ · · ·
0 < λ1 ≤ λ2 ≤ · · · ≤ λn ≤ · · ·
α1 = λ1 (5.461)
Lembremos que
então
ou seja
λm = R(ωm ). (5.471)
λ1 = min R(v).
v∈Vm ,v̸=0
e, portanto,
∑m ∑m ∑m ∑m
||v||2 (( ν=1 αν ων , ν=1 αν ων )) 2
ν=1 αν λν λm ν=1 αν2
R(v) = = ∑ m ∑m = ∑ m ≤ ∑ m
|v|2 ( ν=1 αν ων , ν=1 αν ων ) ν=1 αν
2 2
ν=1 αν
= λm ,
o que implica
sup ≤ λm . (5.474)
v∈[ω1 ,··· ,ωm ]
ou equivalentemente,
((e1 , ω1 ))x1 + · · · + ((em , ω1 ))xm = 0
.. ..
. .
((e1 , ωm−1 ))x1 + · · · + ((em , ωm−1 ))xm = 0.
Entretanto, o sistema homogêneo acima possui solução não trivial, uma vez
que o número de incógnitas m é maior que o número de equações m − 1. Isto
prova a afirmação. Resulta daı́ que w ∈ Vm e de (5.472) obtemos
R(w) ≥ λm . (5.476)
W = [ωα1 , · · · , ωαm ] ,
Mas, pelo fato de ωαm ∈ W , e, além disso, como R(ωαm ) = λαm , então o
máximo de R(v) em W é assumido e de (5.476) e (5.477) resulta que
e, desta forma
ou seja,
max R(v) = λm .
v∈[ω1 ,··· ,ωm ],v̸=0
Logo,
Temos:
||u||2H 1 (Ω) = a(u, u) + |u|2L2 (Ω) ≥ |u|2L2 (Ω) ; para todo u ∈ H 1 (Ω).
Donde:
||u||2H 1 (Ω)
≥ 1, para todo u ∈ H 1 (Ω), u ̸= 0,
|u|2L2 (Ω)
e, portanto,
||u||2H 1 (Ω)
τ1 = inf ≥ 1.
1
u∈H (Ω),u̸=0 |u|2L2 (Ω)
||u||2H 1 (Ω)
τ1 ≤ para todo u ∈ H 1 (Ω), u ̸= 0.
|u|2L2 (Ω)
FORMULAÇÃO VARIACIONAL PARA OS VALORES PRÓPRIOS 419
Em particular, se u é constante, não nula, então ||u||2H 1 (Ω) = |u|2L2 (Ω) pois
a(u, u) = 0,e, assim,
τ1 ≤ 1.
Desta forma,
τ1 = 1.
O objetivo deste capı́tulo é fornecer uma breve introdução às equações diferen-
ciais parciais lineares clássicas. Assumiremos que o leitor está familiarizado com
os elementos de topologia, cálculo diferencial e integral e teoria dos espaços de
Hilbert.1
Começaremos com uma pequena introdução aos Espaços de Sobolev. Em
seguida, resolveremos os principais problemas clássicos de Dirichlet e Neumann,
bem como as equações do calor e da onda.
O leitor pode completar essa introdução consultando, por exemplo, os seguin-
tes livros:
421
422 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Teorema 6.1
(a) L2 (O) é um espaço de Hilbert separável para o produto escalar definido
por ∫
(u, v)L2 := uv dx.
O
2 Sobolev 1935, 1936.
ESPAÇOS DE SOBOLEV 423
∂φ
∂i φ = , i = 1, . . . , N.
∂xi
Teorema 6.4
424 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Demonstração:
(a) Deduzimos da definição que H 1 (RN ) é um subespaço vetorial de L2 (RN ).
A aplicação linear
T u := (u, ∂1 u, . . . , ∂N u)
(b) Admitido.
Observações
• Notemos também que (un ) é uma sequência de Cauchy H 1 (Ω) se, e somente
se, (∂1 un ), . . . , (∂N un ) são sequências de Cauchy em L2 (Ω).
ESPAÇOS DE SOBOLEV 425
Integrando em C × C obtemos
∫ ∫ ∫ 2
2aN u2 dx ≤ N aN +2 |∇u|2 dx + 2 u(x) dx ,
C C C
temos, assim, a igualdade. Isso só é possı́vel se as funções 1 and u forem propor-
cionais.
Demonstração: Para qualquer ε > fixado temos que encontrar uma cobertura
finita
F = F1 ∪ . . . ∪ Fm
de F tal que
(∫ )1/2
|u − v|2 dx ≤ε
RN
para todo u, v ∈ Fi , i = 1, . . . , m.
Seja c uma constante satisfazendo ∥u∥H 1 (RN ) ≤ c para todo u ∈ F. Então,
fixemos um número pequeno a > 0, a ser determinado posteriormente em termos
de ε, e recubramos K por translações em número finito C1 , . . . , Cn do cubo C
da proposição anterior, sem sobreposição (ou seja, tendo interiores disjuntos).
Temos, então, para todo u, v ∈ F a seguinte estimativa:
∫ n ∫
∑
|u − v|2 dx = |u − v|2 dx
RN j=1 Cj
n ∫ n ∫
N a2 ∑ 1 ∑ 2
≤ |∇u − ∇v| dx + N
2
u − v dx
2 j=1 Cj a j=1 Cj
∫ n ∫ ∫
N a2 1 ∑ 2
= |∇u − ∇v|2 dx + N u dx − v dx
2 R N a j=1 Cj Cj
∫ ∫
1 ∑
n
2
≤ 2N c2 a2 + N u dx − v dx .
a j=1 Cj Cj
Schwarz obtemos
n ∫
∑ 2
|T u|2 = 1 · u dx
j=1 Cj
∑n (∫ ) (∫ )
≤ 12 dx · u2 dx
j=1 Cj Cj
∫
= aN u2 dx
RN
∫
≤ aN u2 dx + |∇u|2
RN
= aN ∥u∥2H 1 (RN )
xN < 0 ⇐⇒ h(x) ∈ Ω ;
xN = 0 ⇐⇒ h(x) ∈ Γ.
ESPAÇOS DE SOBOLEV 429
Teorema 6.10
(a) H 1 (Ω) é um espaço de Hilbert separável para o produto escalar
∫ ∑
N
(u, v)H 1 (Ω) := uv + (∂i u)(∂i v) dx.
Ω i=1
Demonstração:
(a) Podemos repetir a prova da parte (a) do Teorema 6.4.
4
Proposição 6.11 (Lions, Magenes–Stampacchia) Seja K uma vizinhança
compacta de Ω. Observe que a distância entre R \ K e Ω é positiva. Existe uma
N
P : H 1 (Ω) → H 1 (RN )
satisfazendo
Pu = u sobre Ω e Pu = 0 sobre RN \ K
6
Proposição 6.13 (Desigualdade de Poincaré-Wirtinger) Se Ω é conexo,
então existe uma constante c(Ω) tal que
∫ (∫ ∫ 2 )
u dx ≤ c(Ω)
2
|∇u| dx + u dx
2
Ω Ω Ω
• u ∈ H 1 (Ω),
• ∇u = 0 q.s. em Ω,
∫
• Ω
u dx = 0,
• ∥u∥L2 (Ω) = 1.
8
Teorema 6.15 (Teorema de Traço) Existe uma única aplicação linear limi-
tada
γ : H 1 (Ω) → L2 (Γ)
satisfazendo
γu = u|Γ
Como Γ é compacto, pode ser coberto por um número finito de tais conjuntos
abertos, V1 ,. . . , Vm . Escolha uma partição da unidade de classe C ∞ subordinada
8 Sobolev 1950. Em verdade, obtemos uma estimativa mais forte ∥u∥2L2 (Γ) ≤
C(Ω)∥u∥L2 (Ω) ∥u∥H 1 (Ω) para todo u ∈ C ∞ (Ω).
ESPAÇOS DE SOBOLEV 433
θi ≥ 0 para cada i,
θi se anula no complementar de um subconjunto compacto de Vi para cada i,
θ1 + · · · + θm ≡ 1 em Γ.
Então a função
∑
m
h(x) := θi (x)(x − yi ), x ∈ RN
i=1
N ∫
∑
= ∂j (hj u2 ) dx
j=1 Ω
N ∫
∑
= hj ∂j (u2 ) + (∂j hj )u2 dx
j=1 Ω
N ∫
∑
= 2(hj ∂j u)u + (∂j hj )u2 dx.
j=1 Ω
concluı́mos que
∫
u2 dΓ ≤ M0 ∥∇u∥2 ∥u∥2 + M1 ∥u∥22
Γ
( )1/2 ( )1/2
≤ M02 + M12 ∥u∥22 + ∥∇u∥22 ∥u∥2
= M ∥u∥H 1 (Ω) ∥u∥L2 (Ω) .
Definição 6.20 Denotaremos por H01 (Ω) o núcleo da aplicação traço γ : H 1 (Ω) →
L2 (Γ), ou seja,
∞
Exemplo 4: Temos, claramente, que Cc (Ω) ⊂ H01 (Ω).
Teorema 6.21
(a) H01 (Ω) é um espaço de Hilbert separável munido do produto escalar indu-
zido de H 1 (Ω).
Demonstração:
(a) Como um subespaço vetorial fechado de um espaço de Hilbert separável,
H01 (Ω) também é um espaço de Hilbert separável.
9
Proposição 6.22 (Desigualdade de Poincaré) Existe uma constante c(Ω)
tal que
∥u∥L2 (Ω) ≤ c(Ω)∥∇u∥L2 (Ω)
define uma norma em H01 (Ω), que é equivalente à norma usual, induzida de
H 1 (Ω).
bi < xi < bi + a, i = 1, . . . , N,
∥∇u∥2L2 (Ω) ≤ ∥u∥2H 1 (Ω) = ∥u∥2L2 (Ω) + ∥∇u∥2L2 (Ω) ≤ (1 + a2 )∥∇u∥2L2 (Ω) .
∂ α u := ∂1α1 . . . ∂N
αN
α = (α1 , . . . , αN )
ESPAÇOS DE SOBOLEV 437
( )′
6.1.5 Os espaços duais H 1 (Ω) e H −1 (Ω)
para todo u ∈ H 1 (Ω). Mais ainda, a aplicação linear e contı́nua φ 7→ φ|H 1 (Ω) é
injetiva posto que φ é contı́nua e H 1 (Ω) é denso em L2 (Ω). Portanto, podemos
identificar φ com sua restrição φ|H 1 (Ω) e, consequentemente, considerar L2 (Ω)′
como um subespaço vetorial de H 1 (Ω)′ .
Por outro lado, pelo Teorema de Riesz-Fréchet, podemos identificar L2 (Ω) e
L (Ω)′ por meio da identificação de cada f ∈ L2 (Ω) com a forma linear e contı́nua
2
Observações:
• Como Cc∞ (Ω) é denso em H01 (Ω), os elementos de H −1 (Ω) são determi-
nados por suas restrições à Cc∞ (Ω). Isto nos permite considerá-los como
distribuições.
( )′
• Elementos distintos de H 1 (Ω) podem ter a mesma restrição à Cc∞ (Ω)
posto que Cc∞ (Ω) não é denso em H 1 (Ω). Por conseguinte, os elementos de
( 1 )′
H (Ω) não são distribuições.
13 Schwartz 1952.
ESPAÇOS DE SOBOLEV 439
V ⊂ H = H′ ⊂ V ′
ℓ1 ⊂ ℓ2 = ℓ′2 ⊂ ℓ′1 = ℓ∞
Prove que
∥u∥∞ ≤ ∥u∥H 1 (R)
(uv)′ = u′ v + uv ′ .
Exercı́cio 6.2.7
A inclusão H 1 (R) ⊂ L2 (R) não é compacta.
Prove que
1
∥u∥2L∞ (a,b) ≤ ∥u∥2H 1 (a,b) + ∥u∥2L2 (a,b)
b−a
para todo u ∈ C ∞ ([a, b]).
ESPAÇOS DE SOBOLEV 441
Exercı́cio 6.2.10
Prove que H 1 (a, b) ⊂ C([a, b]), mais precisamente, prove que todo u ∈ H 1 (a, b)
possui um único representante contı́nuo ũ. Utilize este fato para mostrar que
sign ∈
/ H 1 (−1, 1).
Exercı́cio 6. 2. 11
Prove que todo u ∈ H 1 (a, b) é Hölder contı́nuo com expoente 1/2:
Exercı́cio 6.2.12
Prove que se 1/2 < p < 1, então a função u(x) := xp pertence à H 1 (0, 1), e
não é Lipschitz contı́nua.
Exercı́cio 6. 2. 13
Se u ∈ C 1 ([a, b]), então u ∈ H 1 (a, b), e sua derivada no sentido distribucional
coincide com sua derivada clássica q.s..
Exercı́cio 6.2.14
Se u ∈ C([a, b]) e se existem um número finito de pontos a = x0 < x1 <
· · · < xn = b tais que uj := u|[xi−1 ,xi ] pertence à H 1 ([xi−1 , xi ]) com u′j = gj para
i = 1, . . . , n, então u ∈ H 1 (a, b) com u′ = u′j q.s. em [xi−1 , xi ], i = 1, . . . , n.
Exercı́cio 6.2.15 A seguinte fórmula define uma extensão do operador P :
H 1 (a, b) → H 1 (R) no sentido da Proposição 6.11:
0 se x < a − 1 ;
u(a)(x − a + 1) si a − 1 < x < a ;
(P u)(x) := u(x) se a < x < b ;
u(b)(b + 1 − x) si b < x < b + 1 ;
0 si b + 1 < x.
Exercı́cio 6.2.16
Se a < c < b, então o delta de Dirac δc : H01 (Ω) → R, definido pela fórmula
δc (v) := v(c)
Exercı́cio 6.2.7. Fixemos uma função não identicamente nula u ∈ Cc∞ (R) que
se anula no complementar do intervalo [−1/2, 1/2] e, consideremos sua translação
un (x) := u(x+n), n = 1, 2, . . .. Então a sequência (un ) é limitada em H 1 (R), mas
não possui nenhuma subsequência de Cauchy em L2 (R), posto que a sequência é
ortogonal e, portanto,
∫ ∞ ∫ ∞ ∫ ∞
∥un − uk ∥2 = |un − uk |2 dx = |un |2 + |uk |2 dx = 2 |u|2 dx > 0
−∞ −∞ −∞
para todo n ̸= k.
logo
(b − a)u(x)2 − ∥u∥2L2 (a,b) ≤ (b − a)∥u∥2H 1 (a,b) .
Ao longo dos próximos cinco exercı́cios seja Ω = BR (0) uma bola de raio
0 < R < 1 em RN , N ≥ 2.
Exercı́cio 6.3.4
Prove que se N ≥ 3 e 1 − N
2 < α < 0, então a função u(x) := |x|α satisfaz
/ L∞ (Ω) e u ∈
u ∈ H 1 (Ω), mas u ∈ / C(Ω) para todo R > 0.
Exercı́cio 6.3.5
Prove que se N ≥ 3, então a função u(x) := lnln|x| satisfaz u ∈ H 1 (Ω)
/ L∞ (Ω) e u ∈
novamente, mas u ∈ / C(Ω).
Exercı́cio 6.3.6
Prove que se N ≥ 3 e u(x) := sin lnln|x|, então u ∈ H 1 (Ω) e u ∈ L∞ (Ω),
mas u ∈
/ C(Ω).
444 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Exercı́cio 6.3.7
β
Prove que se N = 2, 0 < β < 1/2 e u(x) := ln|x| , então u ∈ H 1 (Ω), mas
/ L∞ (Ω) e u ∈
u∈ / C(Ω).
Exercı́cio 6.3.8
β
Prove que se N = 2, 0 < β < 1/2 e u(x) := sinln|x| , então u ∈ H 1 (Ω) e
u ∈ L∞ (Ω), mas u ∈
/ C(Ω).
Exercı́cio 6.3.9
Prove a seguinte variação da desigualdade de Poincaré-Wirtinger: se Ω é co-
nexo, então existe uma constante c(Ω) > 0 tal que
∫ ∫ ∫ 2
c(Ω) u2 dx ≤ |∇u|2 dx + u dx
Ω Ω Γ
Exercı́cio 6.3.3. Cálculos explı́citos usando a expressão |x| = (x21 +· · ·+x2N )1/2 .
/ L∞ (Ω) e
Exercı́cio 6.3.4. Se α < 0, então limx→0 u(x) = ∞, portanto, u ∈
u∈
/ C(Ω).
Se α > 1 − N2 , então
∫ ∫
u + |∇u| dx =
2 2
|x|2α + α2 |x|2α−2 dx < ∞,
Ω |x|<R
/ L∞ (Ω) e u ∈
Exercı́cio 6.3.7. Se β > 0, então limx→0 u(x) = ∞, logo u ∈ /
C(Ω).
Se β < 1/2, então
∫ ∫
u2 + |∇u|2 dx = ln|x|2β + β ln|x|β−1 |x|−1 2 dx
Ω |x|<R
∫ R
= 2π r|ln r|2β + β 2 |ln r|2β−2 r−1 dr < ∞,
0
Definição 6.27 Por uma solução forte de (6.3) entendemos uma função u ∈
H 2 (Ω) satisfazendo a primeira igualdade de (6.3) em L2 (Ω) e a segunda no sentido
do traço em L2 (Γ).
14 Euler 1752, Laplace 1782 and 1787, Poisson 1813.
446 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
forma ∫
∇u · ∇v dx = f (v) para todo v ∈ H01 (Ω). (6.4)
Ω
Definição 6.28 Por uma solução fraca de (6.3) entendemos uma função u ∈
H01 (Ω) satisfazendo (6.4).
Teorema 6.29 Para qualquer f ∈ H −1 (Ω) dada, o problema (6.3) possui uma
única solução fraca u. Mais ainda, a aplicação linear f 7→ u é um isomorfismo
isométrico de H −1 (Ω) sobre H01 (Ω).
Demonstração: Da equação (6.4) decorre que u ∈ H01 (Ω) representa uma forma
linear limitada f em H01 (Ω). Concluı́mos aplicando o Teorema de Riesz-Fréchet.
Observação 6.30
• Uma solução fraca é forte se, e somente se, f ∈ L2 (Ω).17 A prova é fácil
em uma dimensão, mas delicada em em dimensões maiores: a regularidade
da fronteira Γ é crucial neste ponto. Temos, mais ainda, a estimativa
define uma norma euclidiana em H 2 (Ω) ∩ H01 (Ω) que é equivalente à norma
induzida por H 2 (Ω).
Definição 6.31 Uma solução forte de (6.5) é uma função u ∈ H 2 (Ω) satisfa-
zendo a primeira igualdade de (6.5) em L2 (Ω) e a segunda no sentido do traço
em L2 (Γ).
Esta fórmula possui significado mesmo para todo u ∈ H 1 (Ω) e f ∈ H −1 (Ω). Isto
nos leva à seguinte definição:
Definição 6.32 Uma solução fraca de (6.5) é uma função u ∈ H 1 (Ω) tal que
u = g sobre Γ, satisfazendo (6.6).
17 Schwarz 1870, Neumann 1870, Poincaré 1890, Hilbert 1899, Lebesgue 1912.
448 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
18 o expoente 1/2 pode ser justificado usando uma definição equivalente de espaços de Sobolev
via Transformada de Fourier. Veja, por exemplo, Lions–Magenes 1968–1970.
19 É de fato um espaço de Hilbert.
20 A segunda metade do teorema mostra que nosso problema é bem posto no sentido de
Hadamard.
PROBLEMAS ELÍPTICOS 449
Definição 6.35 Uma solução forte de (6.7) é uma função u ∈ H 2 (Ω) satisfa-
zendo a primeira equação de (6.7) em L2 (Ω) e a segunda em L2 (Γ).
Como esta fórmula faz sentido para todo u ∈ H 1 (Ω), temos a seguinte de-
finição:
Definição 6.36 Uma solução fraca de (6.7) é uma função u ∈ H 1 (Ω) satisfa-
zendo (6.8).
Observação 6.37
Teorema 6.38 Para toda f ∈ L2 (Ω) e h ∈ L2 (Γ), o problema (6.7) possui uma
única solução fraca. Mais ainda, a aplicação linear (f, h) 7→ u é contı́nua de
L2 (Ω) × L2 (Γ) em H 1 (Ω).
Demonstração: O lado direito de (6.8) define uma forma linear e contı́nua φ(v)
em H 1 (Ω) posto que
∫ ∫
|φ(v)| ≤ f v dx + hv dΓ
Ω Γ
≤ ∥f ∥L2 (Ω) · ∥v∥L2 (Ω) + ∥h∥L2 (Γ) · ∥v∥L2 (Γ)
( )
≤ ∥f ∥L2 (Ω) + ∥γ∥ · ∥h∥L2 (Γ) · ∥v∥H 1 (Ω)
ou seja,
∥u∥H 1 (Ω) ≤ ∥f ∥L2 (Ω) + ∥γ∥ · ∥h∥L2 (Γ) .
Observação 6.39 Mostra-se que uma solução fraca é forte se, e somente se,
f ∈ L2 (Ω) e h ∈ H 1/2 (Γ).
Definição 6.40
(a) Se a condição (6.11) não é satisfeita, então o problema (6.9) não tem
solução.
21 Na falta de conexidade podemos provar um Teorema mais geral usando tantas condições de
Teorema 6.42
(a) Existe uma base ortornormal w1 , w2 , . . . em L2 (Ω) e uma sequência λ1 , λ2 , . . .
de números reais positivos tendendo à infinito, tais que wn ∈ H01 (Ω) para todo n,
e
∫ ∫
∇wn · ∇v dx = λn wn v dx para todo v ∈ H01 (Ω), n = 1, 2, . . . . (6.13)
Ω Ω
(b) A sequência
1
√ wn , n = 1, 2, . . .
λn
é uma base ortornormal de H01 (Ω) para o produto escalar
∫
(u, v)H01 (Ω) := ∇u · ∇v dx.
Ω
Observação 6.43
Demonstração:
(a) Para qualquer f ∈ L2 (Ω) denotamos por T f a solução fraca do problema
de Dirichlet {
−∆u = f em Ω,
u=0 sobre Γ.
e
∫ ∫
((i ◦ T )f, g)L2 (Ω) = g(T f ) dx = ∇(T g) · ∇(T f ) dx,
Ω Ω
donde
((i ◦ T )f, g)L2 (Ω) = (f, (i ◦ T )g)L2 (Ω) .
6.5 Exercı́cios
Exercı́cio 6.5.1 Consideremos o problema de Dirichlet
{
−u′′ = f em (a, b),
u(a) = u(b) = 0.
{
−u′′ + u = f em (a, b),
u′ (a) = u(a) e u(b) = 0.
Exercı́cio 6.5.3 Adapte a teoria para resolver o seguinte problema com condições
de fronteira periódicas:
{
−u′′ + u = f em (a, b),
u(a) = u(b) e u′ (a) = u′ (b).
Exercı́cio 6.5.4 Fixemos três funções p ∈ C 1 ([a, b]) e q, r ∈ C([a, b]) com min p >
0. Solucione o seguinte problema:
{
−(pu′ )′ + ru′ + qu = f em (a, b),
u(a) = u(b) = 0.
Exercı́cio 6.5.1. Utilize a equação −u′′ = f para mostrar que u′ ∈ H 1 (a, b).
para toda v ∈ V .
Exercı́cio 6.5.3. Mostre, por meio de cálculo formal, que se u é uma solução
para alguma f ∈ L2 (a, b), então u pertence ao subespaço vetorial fechado dado
por
V := {v ∈ H 1 (a, b) : v(a) = v(b)}
Problemas de Evolução
457
458 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
e
∞
∑
u(t) = uj (t)wj , t ≥ 0.
j=1
Temos uj (0) = αj , para todo j, pela condição inicial u(0) = v. Além disso,
para cada wk fixo, deduzimos da equação diferencial e da condição de fronteira
de (7.1) que
∫
0= (u′ (t) − ∆u(t))wk dx
∫Ω
= u′ (t)wk + ∇u(t) · ∇wk dx
Ω
∞
∑ (∫ ) (∫ )
= u′j (t) wj wk dx + uj (t) ∇wj · ∇wk dx
j=1 Ω Ω
Teorema 7.3 Para todo v ∈ L2 (Ω), o problema (7.1) possui uma única solução.
Mais ainda, a função t 7→ ∥u(t)∥L2 (Ω) é não crescente e u(t) ∈ H01 (Ω), para
todo t > 0.
∑
Demonstração: Se v ∈ L2 (Ω), então |αj |2 = ∥v∥2L2 (Ω) < ∞. Como λj > 0
para todo j, segue que
∑ ∑
|αj e−λj t |2 ≤ |αj |2 < ∞
para todo t ≥ 0. Concluı́mos que a série (7.3) converge para cada t ≥ 0 para uma
função u(t) ∈ L2 (Ω). Isso prova a existência de uma solução. A unicidade é óbvia
pela própria definição.
INTRODUÇÃO AS EDP’s 459
Resta-nos mostrar que u(t) ∈ H01 (Ω) para cada t > 0 fixo. Para tal, é suficiente
provarmos que a série ortogonal (7.3) converge em H01 (Ω), ou equivalentemente
que
∞
∑
∥αj e−λj t wj ∥2H 1 (Ω) < ∞.
0
j=1
Observações:
• Podemos mostrar que u(t) ∈ C ∞ (Ω), para todo t > 0, mesmo que a função
(t, x) 7→ u(t)(x) seja de classe C ∞ em (0, ∞) × Ω.
e
∞
∑
u(t) = uj (t)wj , t ≥ 0.
j=1
e
∞ (
∑ )
−αj µj sin µj t + βj cos µj t wj
j=1
462 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
< ∞.
v(t, x) := u(−t, x)
INTRODUÇÃO AS EDP’s 463
também é uma solução. Esta reversibilidade no tempo implica que não existe
efeito regularizante aqui.
[7] N. Bourbaki. Topologie Générale, Livre III, Ch. 1,2 et 9. Herman, Paris,
(1953-1961).
465
466 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
[22] R. Dautray, J.-L. Lions, Mathematical Analysis and Numerical Methods for
Science and Technology (6 volumes), Springer, 1988.
[23] DiBenedetto, E., [1] Partial Differential Equations (2nd ed.), Birkhäuser,
2009.
[32] L. Hörmander, [1] Linear Partial Differential Operators, Springer, 1963, [2]
The Analysis of Linear Partial Differenetial Operators, (4 volumes), Sprin-
ger, 1983–1985, [3] Notions of Convexity, Birkhäuser, 1994.
[36] J.U. Kim. A boundary thin obstacle problem for a wave equation. Commun.
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[41] J. L. Lions, [1] Problèmes aux limites dans les équations aux dérivées par-
tielles, Presses de l’Université de Montreal, 1965, [2] Optimal Control of
Systems Governed by Partial Differential Equations, Springer, 1971, [3]
Quelques méthodes de résolution des problèmes aux limites non linéaires,
Dunod-Gauthier Villars, 1969.
[43] E. Magenes, Topics in parabolic equations: some typical free boundary pro-
blems, in Boundary Value Problems for Linear Evolution Partial Differential
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[46] P.A. Raviart and J.M. Thomas - Introduction à l’Analyse Numérique des
Équations aux Dérivées Partielles, Masson, Paris, 1983.
[50] Pazy, A., [1] Semigroups of Linear Operators and Applications to Partial
Differential Equations, Springer, 1983.
A ortonormal, 219
abertos, 98 completo, 219
aderência, 99 parcialmente ordenado, 23
aplicação rarefeito, 62
aberta, 73 totalmente ordenado, 23
contı́nua, 99
gráfico de, 76 D
derivada normal, 437
B Desigualdade
base de Bessel, 223
Hilbertiana, 183, 227 desigualdade
de Cauchy-Schwarz, 191
C de Minkowski, 192
complemento ortogonal, 231 de Poincaré, 435
condição de compatibilidade, 451 de Poincaré-Wirtinger, 425, 430
conjunto dualidade, 28
convexo, 30
das partes, 98 E
de categoria I, 62 efeito regularizante, 459
de categoria II, 62 energia, 461
de nı́vel, 40 espaço
elemento maximal, 24 com produto interno, 160, 193
indutivamente ordenado, 24 de Baire, 65
limitação superior, 24 de Hilbert, 194
magro, 62 dual algébrico, 13
ortogonal, 77, 219 dual topológico, 20
471
472 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
M P
Método ponto aderente, 98
da reflexão e truncamento, 430 Princı́pio da Limitação Uniforme, 66
multi-ı́ndice, 437 princı́pio do mı́nimo, 459
produto interno, 160, 193
N
projeção ortogonal, 256
norma(s)
prolongamento
do gráfico, 76
definição, 22
equivalentes, 76
por densidade, 87
O R
operador relação
acretivo, 292 de adjunção, 90
adjunto, 90, 236, 288, 290
S
auto adjunto, 290
semicontinuiade, 42
compacto, 240
solução
definido por terna, 318
forte, 447
domı́nio de um, 82, 283
fraca, 446, 447
extensão de, 283
soma direta, 233
fechável, 85
fechado, 83, 299 T
gráfico de, 82 Teorema
igualdade de, 283 1a Forma Geométrica de
imagem de, 82 Hahn-Banach, 36
Laplaciano, 437 a
2 Forma Geométrica de
limitado, 82, 283 Hahn-Banach, 37
linear limitado, 212 Alternativa de Riesz-Fredholm,
linear não limitado, 82, 283 272
domı́nio, 283 Arzerlá-Ascoli, 240
maximal monótono, 292 Banach-Steinhaus, 66
monótono, 292 da Aplicação Aberta, 73
núcleo de, 82 da Representação de
não limitado, 82 Riesz-Fréchet, 169
restrição de, 283 de Baire, 64
simétrico, 237, 290, 312 de Eberlein-Smulian, 152
unitário, 300 de Green, 437
474 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
475
476 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL