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'4. no serei o Uitimo, como sabe, a me regonjat fim, pensado e redigido.por vocé, 0 livro que nos falta oisa, € a Enciclopédia € outa, muito diferente, quas ma. Muito estimaria que vocé passasse de um plano e servisse a0 mesmo 0, antagonistas e rivais, dois aspectos, 0 “local” e o 0 a dais di 20 mesmo deus sob unis cia, ete, (eveane gue A bsrome ' (neeseve Sen yatoniza © pocurenie Mio 6. FEBVRE CONTRA A HISTORIA Fezia BR vey HISTORIZANTE (1947) * wirdv* Que G escoa N T0014 “\. Li com cuidado, @ natufalmente com interesse, 0 pegutny ivr ‘que meu vetho amigo Louis utilizando 05 lazeres forgados que Ihe dava o governo de Vichy, compas na solidao, longe de seus livros roubados © d¢ seus papéis dispersos pelos “ocupantes”, apenas com o apoio de sua experiéncia: a de um historiador que ndo parou de trabalhar desde 1900, ora por sua propria conta, ora provocando € ditigindo 0 trabalho dos outros: penso, naturalmente, nessa C et Civiisations” & qual se liga, a0 mesmo tempo em que 0 de Sagnac, seu nome. . Esse pequeno livro € intitulado por Halphen Introduction & His toire.! Mais que uma Introdugdo, porém, € antes urna Defesa da Derenaiva | zucrverhistéria 0 que ele empreende, "Nunca contestamas de mado tio vivo", coop JCM COPIADORA Professor: pasta n.0__SaG Quant. Recedido_ J/__/__ sev Pafer diz ele, “a utilidade dos estudos histéricos.. uma causa que por si mesma faz a sua defesa...” Ora, devemos crer que no € tanto assim; se fosse, os ataques ha muito ja teriam cessado Louis Haiphen hesita em justificar ou no uma tomada de posigio ha muito conhecida e sem mistérios. “De todas as fidelidades”, escreve 0 Gide dos Pretertos (p. 97), “essa por si mesma é a mais tola, jé que no é a mais espontinea.” Nada de mais espontineo, ¢ portanto de mais legitimo, que a fidelidade do historiador de Carlos Magno s suas préprias idéias. Assim como © encontramos em seu posto de honra, assim estava ele ao sair da Ecole des Chartres: 0 paladino convencido dessa forma de histéria que Henri Berr batizou de modo {ez como histéria historizante. A ela Louis Halphen consagrou sua vida. E se hoje ele nos oferece uma Introduction & Histoire, devemos compreender bem que nio & a Nao pretendo defender + Reproduzido de Feuvee, Lucien, “Sur une forine Uhistoice qui est pas ta notre L'histoire historisante.” In: Combats pour Histoire, Paris, Armand Coin, 1953. p. 114-18, Trad, por Maria Elisa Mascarenbas "Pacis, Presses Universitaires, 1946. J 104 universal Clio que ele oferece esse sacrificio — 4 Clio que abrir. sob de dobras de seu peplum todas as formas, todas as variedades, tor'as as Giversidades das escolas hist6ricas, assim como a Virgem Misrricor- diosa abrigava sob 0 seu. manto todos os representantes vilid:s da ristandade, Mais modesto, € mais orgulhoso, Halphen sé pef:a em tuma certa forma de histéria: a que ele cultiva; ¢ faz-nos,a ho ca de pensar que todos 65 a sevitamos como 2 tnica valida.) tntr tugio. gy Phistéria? Defesa da histéria? Nio. Arrazoado pela Histéria histo- Yi7 SEIN ae rsice we Porque enfim, os fatos... E a que denominam voc’: fatos? Que que eles sio dados 4 histéria como realidades substanciais, que 6 tempo esconden de modo mais ou menos profundo, ¢ que se deve simpmnte dsctetar,timpar © apeentar 3 hid 2% Noss GON" Ue Berthelot, exaltando a quimica logo apés seus primsires triunfos — yA a quimica, sua quimica, a nica ciéncia entre todas 38 ourtas, ditia ele rizante, aguela sobre a qual err escrevia, em 1911: “Existe uma forma gy gor torgulhosamente, aquela que fabrica seu objeto. FE nisso ele se enganavis de histéria que, bastando a si propria, pretende bastar tamlm a0 gout Porque todas a4 ciénciasfabricam seu objeto ‘conhecimento histérico.” Essa frase me satisfaz. Ela forma, por si se . ana . Gee ES 6, © relatério critico ivro de Louis Halphen. * ara nossos antecessores, para os contemporaneo. dos Aulard, sf, © telario etico do Thro de Lous Heipben a Jos Seignobas, dot Langlois, para esses homens aos qusis "n Cigncia Se impunha tanto (mas eles ignoravam tudo sobre a pritica das cién~ ais ¢ de seus métodos), para les era conveniente 2 concepgfa de que Eero! UM histologista € um homem a quem basta colocar seb scu micros- cpio uma limina de cérebro de rato: com isso cles logo apreendiam fatos brutes, fatos indiscutiveis, fatos “prontos”, se assim posso. dizer, depois, bastava arquivé-los nas gavetas. E um dom, ndo de Michelin, Eee FHBNCA har da propia naucera.-. Terfamos enfin surpreenido os nosoe jnmios mais velhos, 0s historiadores, dizendo-lhes que um histologista, Sev! CBSE, yerdade, fabrica inicialmente, com grande reforgo de técnicas deli- fois busca _cadas ede colorantes sutis, 0 prdprio objeto de suas pescusss « de suas hipéteses, Ele de certo modo 0 “revela”, no sentido forvgrafico do Ora, vejamos a Introduction @ (Histoire, de 1946. Trés capitulos méro00S 474 termo. Apis o que ele 0 interpreta. “Ler os seus cortes”, operacéo fundamentas no liveo: 1, O estabelecimento dos fotos; 11, A cvordena Fovyaan, Unan que RAO & simples. Porque descrever 0 que se vé ainda pode sé-lo, gio dos fatos; 111, A exposigéo dos fatos. A doutrina nio cuiou, a mamas Ver 0 que Se deve descrever, eis o que € assustador! Muito teriamos etna dovtrina das duas operagSes que constituem a Historia; ssabele- WTENMETcucpceendido aos nossos antepassados, definindo os f10s, como um cer inicialmente os fatos, colocé-los em seguida em agao. sim, se- fil6sofo contemporaneo, como “ganchos aos quais se“. duram as teo- gundo se diz, procediam Herédoto e Tucidides. E também Fustel ¢ J rigs". Ganchos que devem ser forjados antes de sen afixados na Mommsen. E assim todos nés, atualmente. Assim o creio, Mas esta- parede, Tratando-se de historia, € 0 historiador que os forja. Nao & belecer os fatos, e em seguida colocé-los em aglo: eis una dessas 150 ya! como ele diz, “o Passado”. Ou, por uma estranha tautologia, {6rmulas claras que deixam ansiosos, e estupefatos, todos o. espiritos te histéria”, 0gse° Que serd, com efeto, um historiador historizante? Hemi Berr, utilizando os termos de uma carta que 0 préprio Halphen esercvia em 1911, respondia em substincia: € um homem que, trabalhando sobre {ator particulates estabelecidos por cle proprio propde-se a ligar entre si = tai fotos, coordens-los e-em seguida (eu cito o Halphen de 1911), “analisr as modangas politcas, sociais ¢ morais qut 0s texios nos revelam em um dado momento”. As mudangas particulares, entenda-se, j4 que, para nosso autor, a histéria se define como uma ciéncia do particular. ? y jrontTNo “ . A ts Estéo vocés de acordo? Digam entéo que sim. Caxo contrario, xX (™ © (eActiscutam. Mas, por favor, nao silenciem sobre esse problema. Esse Histoire traditionnelle et la synthdse historique. Paris, Alcan, 19:1. 146 p. _, Problema pequeno. Esse problema capital. ‘A "Discussion avec un historien historisant™, que faz 0 fundo do -apitulo If, MeTO9IeO OE ja data de 1911, yee see Um particular que, tomado no interior de um mesmo circulo de civilizagio, VE aac) ie? car uma determinada época, asvemelharseda mutisimo com um ge'sl. Se dete | oe 7 todos nds aqui, que se chama a Aivtxia compared. Eis um primeito siléncio que nos separa, E quantas conseqiigncias! J& ouviram nossos antepassados repetirem: “O historiador nao A, Siew urmatem o ditcita de escolher os fatos. Qual direito? im nome de que DeScaigro i eso? iégica val wna geass ve Quedm ur asuo0de Seon DON, principios? Escother. atentando contra a “realidade”, © portanty contra a “verdade", Sempre a mesma idéia: os falos, pequenos cubos de imosaico, bem distintos, bem homogéneos, bem polidos, Um tremor de leira deslocou © mosaico: 0s cubos afundaram-se- no solo; retiremo-los , principalmente, procuremos ndo esquecer nenhum, Devemos =:co- ther todos. Sem escolha... 1850 diziain nossos mestres, como se, apenps pelo fato do acaso que destiuiu um vestigio € protegeu outro in \oria nio € uma escolha. E se s6 existissem esses acasos? De fato, a historia & escolha, Nao arbitrdria. Preconcebida, isso sim. E isso ainda, caro amigo, esti a nos separar Hipéteses, programas de pesquisas, até mesmo teorias: sic coisas que procuramos em sua introdugdo — sem contudo encontrar. Ora, sem teoria prévia, sem teoria preconcebida, néo hé trabalho cientifico possivel. Construgio do espirito que responde & nosse neces- a teoria € a propria De uma cigncia que nao tem como allimo objeto descobrir Tess, mas sim possiilitar-nos a compreensio. Toda teoria é naturalmente fundada sobre este postulado de que a natureza € explicdvel. Eo 3omem, objeto da histéria, faz parte da natureza. Ele & para a histérie 0 que a tocha é para o mineralogista, 0 animal para 0 bidlogo, a estrela para o astrofisico: algo a ser explicado. A tornar compreensivel. E por- tanto « pensar, Um historiador que se recusa a pensar sobre 9 fato humano, um historiador que professa a submissio pura ¢ simples a esses faios, como se ndo fossem de sua fabricagio, como se ndo tivessem sido escolhidos por ele, previamente, em todos os sentidos da palavra “escalhido” (e eles no podem deixar de ser escolhidos wor ele) — & uma ajuda técnica. Que pode aliés ser excelente, Mas mac 6 um historiador sidade de compreendei E termino por meu grande agravo. Introducdo & Histéria, Méto- do da histéria, Teoria da hist6ria, Defesa da histéria... — Mas que € enfim a historia? ‘Hum nice dos nomes de autores no tiveo de Louis Halphen, um tes Yemunbo i sua mancca, —£ de se nolar que nele nfo figutem Camille Julian, nem Hensi Ptcane, nem Mate Bloch, nem Georges Lefebvre, nem todos aqueles ve. no conjuno, sf0. para n6e or hstoriadores, of verdadeiros is iadoes tee tenga Nio flo be Via: groan tem deve de sai a ‘histéria historizante. wee Metodico Gus, ca Nevwin osies foi mostrada e depois destruida,.. lance esta feito. A ustévia J falamos, neste momento, do fato do homem), jé que toda a his- Paros ” (#9 por que fazer histéria? E, portanto, que € a histéria? NONTAR Uma Vou dizerthe. Vocé recolhe os fatos, Para isso vooé vat 4 Arquivos. Esses celeiros de fatos. Li, basta vocé se abaixar para 12 HiS +0074 0eolhé-los, Encha com eles os seus cestos. Limpe-os bem ds poci Coloque-os sobre a sua mesa, Faga como as criangas, quando se sliver: tem com os “cubos” ¢ trabalham para teconslituir « bela imagem que também, Que mais quer voce? — Nada. A nio ser: saber por qué: Vocé nfo me responde? Enlao:eu me vou. Vocé faz-me lembrar Vensene ryiszgatSAs pobres pessoas a quem a Universidade, por wma deplorivel aber- X racio, confiava a larefa — entretanto uma das mais dificeis — de Iniciar nas mateméticas os pequenos “literatos” que éramos nés, nos bancos do sexto, do quinto e do quarto cléssico. Eles conseguiram brilhantemente impedir-me dz estudar matemética! & que cles a redu- iam a no sei que revelagio de pequenos processos, de pequenos arti- ficios, de pequenas receitas para se resolverem problemas. “Truqu:s” ‘como diziamos em nossa giria de estudantes, atualmente fora de uso. Mas ai est: os “truques” ndo me interessavam de modo algum. Davam-me “bons conselhos” para fazer alguma coisa, sem nunca ex plicar por que essa coisa merecia ser feita. Sem dizer como nem por que essa coisa havia sido inventada, Nem mesmo, enfirn, para que ser- via... — Para se entrar algum dia na Escola Politécnica? Mes a Politécnica néo é um fim em si. E desde esse tempo (pior para mim) eu jd tinha algumas exigéncias fundamentais do espirito... Entio, ram bem simples, Eu vollava as costas as mateméticas. E aqueles dentre os meus camaradas que ndo pediam tanto, triunfavam. A hist6ria historizante pede pouco. Bem pouco. Muito pouco para mim, ¢ para muitos outros além de mim. Eis toda a nossa critica mas cla é sélida, A critica de todos aqueles para os quais as idéias sio uma necessidade. As idéias, essas valentes mulheres, das quais fala Nietzsche, que no se deixam possuir pelos homens de sangue fe ra. JCM COPIADORA professor:_e Hideo = Pasta n.0__ Su G_ Quant. Recedido/ OO je

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