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Estrategias Didaticas Com Alunos Autistas As Experiencias de Professores de Ciencia e Especialistas em Educação Especial
Estrategias Didaticas Com Alunos Autistas As Experiencias de Professores de Ciencia e Especialistas em Educação Especial
Estrategias Didaticas Com Alunos Autistas As Experiencias de Professores de Ciencia e Especialistas em Educação Especial
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1 Graduada em Ciências Naturais. Especialista no Ensino de Ciências e em Educação Especial e Inclusiva. Professora
na Secretaria Municipal de Educação de Bragança. Pará, Brasil. terezahelena00@gmail.com https://orcid.org/0000-
0002-8375-1680
2 Doutora em Recursos Biológicos da Zona Costeira Amazônica. Professora Adjunta na Faculdade de Ciências Naturais
Introdução
Dessa forma, o processo de inclusão educacional dos alunos com autismo exige
mudanças nas práticas pedagógicas, no currículo e no rompimento de atitudes
discriminatórias que têm dificultado a permanência destes no ensino regular. Assim, a
inclusão de alunos com TEA, também pode contribuir para uma melhoria dos aspectos que
envolvem conviver com as diferenças, trazendo para primeiro plano o respeito à diversidade
de diferentes formas de existir (MANTOAN, 2018).
1. Procedimentos metodológico
Quadro 1: Questões utilizadas para a coleta de informações com professores de ciências da natureza e
professores especialistas em atendimento educacional especializado-AEE
Professores de ciências da natureza Professores especialistas em AEE
2 Resultados e discussão
2.1. O que dizem os professores de Ciência sobre o trabalho com estudantes TEA
Dessa forma, observa-se que a presença de alunos com TEA tem se tornado cada
vez mais frequente. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais
(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 2018), entre os anos de 2017 e
2018 houve um aumento de 37,27% de alunos com TEA nas escolas comuns no Brasil.
Figura 1: Demandas para estímulos dos estudantes com TEA relatadas por professores e especialistas do
AEE no presente estudo. Prof- Professores, Esp- Especialistas em AEE
30
25
20
15
10
5 Prof (%)
0 Esp (%)
Figura 2: Estratégias de ensino utilizadas por professores de ciências com o tema “cadeia alimentar” em
turmas com alunos TEA no presente estudo
Construção de maquetes
Podemos observar nos relatos acima, que cada professor escolhe a estratégia
didática pensando em como aquele aluno pode se apropriar mais do conteúdo trabalhado,
por isso é tão importante o professor conhecer bem aluno também, pois no TEA há a
questão dos graus de expressão do transtorno.
Uma das alternativas destacada pelo prof. 11 foi o uso de um recurso que envolve
aspectos da rotina diária da criança. Assim, despertando um interesse maior e fazendo
ligação com a realidade, aproveitando o conhecimento que ele possui também. Segundo
VYGOTSKY (1991) o trabalho docente que parte da vivência do aluno proporciona novas
oportunidades de ensino (VYGOTSKY, 1991).
Por se tratar de um assunto facilmente visível, que permite trabalhar com situações
concretas e que possui relação próxima com o cotidiano, o conteúdo “A cadeia alimentar”
Foi pensada a confecção de uma árvore em que todas as partes (raiz, caule,
folha, fruto e flor) fossem passíveis de remoção, assim o aluno poderia tirar
e colar no local correto. Além disso, a estratégia flexível do material ampliou
as suas formas de utilização, sendo trabalhado pelo professor de diversas
maneiras. O outro material confeccionado teve como tema Os Animais, é
um jogo que possibilita à criança aprender enquanto brinca. Nesse caso,
pensou–se em uma roleta com imagens de animais que o aluno
costumava ver no seu dia-a-dia e uma base com placas removíveis,
com os nomes e imagens dos mesmos animais. A execução do jogo ocorre
da seguinte forma: o aluno roda a roleta e em seguida a mesma para em um
animal indicado pela seta. A tarefa do aluno é associar a imagem ao nome
e colar a placa no local correto. (CÉSAR et al. 2020, p.3)
Outro ponto perceptível no relato dos professores foi com relação às dificuldades
enfrentadas por eles, que embora não sendo foco deste estudo, não deixaram de
influenciarem na utilização e efetivação das estratégias didáticas em sala de aula.
Demonstrando o quanto é desafiador para o docente viver a experiência da inclusão
escolar, como podemos verificar abaixo:
“... foi um desafio com o aluno não somente ao assunto "Cadeia alimentar”
como os demais... Foi o primeiro aluno com essa deficiência que eu recebi
na minha sala de aula” (Prof. 25).
“Alguns métodos diferenciados para ajudá-lo. O grau de autismo desses
alunos era leve mais tinham dificuldades de aprendizagem e eram sempre
isolado. Sempre um grande desafio até porque a escola não tem SRM para
nos auxiliar com esses alunos e até mesmo atender o aluno TEA” (Prof. 17).
“Utilizei livros didáticos, imagens coloridas e colagem. O tempo de aula é
curto, e a escola não disponibiliza outro profissional para ajudar com o aluno
TEA, principalmente quando a sala de aula é superlotada. Fica mais difícil a
aprendizagem desses alunos” (Prof. 23).
“... como esses alunos autistas apresentavam dificuldades na leitura,
atenção procurei sempre trabalhar com algo para a melhor produção com o
assunto. O tempo das aulas é curto e muitas vezes não atingimos os
objetivos ...” (Prof. 26).
“... para se trabalhar com os alunos TEA, exige muita habilidade mais nem
todas com sucesso. Depende muito de cada aluno, o que dá certo com um
pode não dar certo com o outro ...” (Prof. 27).
2.2. As orientações dos especialistas para o ensino de ciências com estudantes TEA
Figura 3: Estudantes atendidos com TEA nos anos de 2018 e 2019 em Sala de recurso multifuncional- SEM
(em preto) e em Instituições de atendimento especial-IAE (em cinza) em quatro municípios do Pará, no
presente estudo
60
50
40
30
20
10
0
SRM SRM Santa SRMl IAE IAE
Bragança Luzia do Pará Salinópolis Bragança Parauapebas
Tal fato é um indício de que as práticas em salas de aulas possam estar contribuindo
mais fortemente para o trabalho destas demandas, quer pelas estratégias pedagógicas
empregadas, quer pelo contexto de interação grupal. Uma vez que, os relatos dos
professores estão dentro das orientações fornecidas pelos especialistas:
3. Considerações finais
Espera-se que este estudo contribua com outras pesquisas desta área,
proporcionando uma reflexão a respeito das estratégias inclusivas no Ensino de Ciências,
pois é por meio da reflexão de sua prática que o professor toma consciência de erros e
acertos, de conquistas e de superação dos desafios docentes em prol da construção de
uma sociedade com maior respeito pela equidade e educação para todos.
4. Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BOGÉA, T.P.; ARAÚJO, A.; SILVA, A.A.S.; MELO, J.V.; ROCHA, R.F.T.; SANTOS, L.L.P.
O jogo educativo “caça-piolhos”: Como prevenir a pediculose brincando. Revista de
Ensino de Ciências e Matemática, v. 11, n. 1, p. 189-201, 2020.
BRASIL. Lei Federal n° 12.764. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil. Brasília, DF. 2012.
BRASIL. Lei nº 13. 146. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), Brasília, DF, 2015.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Micro dados do Censo
Escolar 2018. Brasília, DF: MEC/INEP.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Micro dados do Censo
Escolar 2019. Brasília, DF: MEC/INEP.
MANTOAN, M.T.E. Inclusão Escolar: o que é? Poe quê? Como fazer? São Paulo:
Moderna, 2003.
MANTOAN, M.T.E. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo:
Summuus, 2015.
ORRÚ, S.E. Autismo, Linguagem e Educação: interação social no cotidiano escolar. Rio
de janeiro: Wak Ed., 2009.
SILVA, M. A. A. DA; FERREIRA, L. G.; SILVA, J. G. DA. A ludicidade e/ou lúdico no ensino
de Química: uma investigação nos trabalhos apresentados no Eneq. Revista de Ensino
de Ciências e Matemática, v. 11, n. 4, p. 39-57, 22 jul. 2020.
WALTHER-THOMAS, C.; BRYANT, M.; LAND, S. Planning for effective co-teaching: The
key to successful inclusion. Remedial and Special Education, v. 17, n. 4, p. 255-264,
1996.